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Umbandas:

tradições, mito e tensões


ADILSON MENESES DA PAZ*
ANA CRISTINA MUNIZ DÉCIA**

Resumo: Este artigo se propõe à tarefa de compreender as forjas históricas que formam os
territórios religiosos das Umbandas, refletindo sobre os diálogos étnicos e culturais que se
desdobram na formação do campo Umbandístico. A paisagem dos manifestos religiosos do século
XVI ao século XX é o espectro que delineia resistências e cooperações, forjando uma ontologia
da umbanda que dialoga com uma diversidade de cosmovisões. Propomo-nos, ainda, a pensar
sobre as implicações da narrativa do mito de origem que se forja a partir de um discurso único,
georreferenciado no sudeste do país e protagonizado por Zélio de Moraes, em detrimento de outras
narrativas que estavam fora desse território hegemônico de produção de discurso. Portanto,
reconhecemos que um modelo único de narrativa mítica apaga as multiplicidades e plasticidades
que singularizam as Umbandas.
Palavras-chave: Religiosidades afrobrasileiras; Mito fundador; Umbanda.
Umbandas: traditions, myth and tensions
Abstract: This article proposes to the task of comprehending the historical influences that forge
the religious territories of Umbanda, pondering over ethnical and cultural dialogues that unfold
into the formation of the Umbandistic field. The landscape of the religious manifests from the 16th
to the 20th century is the specter which contours movements of resistance and cooperation, forging
an ontology for Umbanda that converses with a diversity of cosmovisions. We also propose to
think about the implication of a narrative of origin that states from a singular perspective,
georeferenced to the southeast of Brazil and having Zélio de Moraes as the protagonist, obscuring
other forms of narrative that happened outside that hegemonic territory of discursive production.
Therefore, we recognize that a single model of a mythical narrative erases the multiplicities and
perspectives that make Umbanda so unique.
Key words: Afrobrazilian religiosities; Founding myth; Umbanda.

*
ADILSON MENESES DA PAZ é Doutor pela Universidade Federal da Bahia e professor do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia.

**
ANA CRISTINA MUNIZ DÉCIA é Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia
e professora na Universidade Federal da Bahia.

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Introdução práticas, ritos, memórias e tradições vão
formar o campo religioso da Umbanda,
Neste artigo, nos propomos a
ou melhor, das Umbandas.
compreender as tessituras históricas que
formam os territórios religiosos das Nas trilhas das Umbandas
Umbandas, assim como pensar sobre as
A tentativa de compreensão dos
implicações da narrativa do mito de elementos embrionários dos territórios
origem que se forja a partir de um
das Umbandas nos remete às primeiras
discurso único, georreeferenciado no trocas culturais produzidas no hostil
sudeste do país, em detrimento de outras
território colonial brasileiro onde
narrativas que estavam fora deste
populações indígenas e negras, mesmo
território hegemônico de produção de
sobre o crivo da barbárie escravagista, se
discurso.
opuseram ao modelo civilizatório
Na busca de compreender o mito de europeu tecendo experiências religiosas
origem da Umbanda, evidenciamos a híbridas com vieses contestatórios.
forte presença da classe média, branca e
Segundo Silveira (2010), as mais antigas
espírita em seu esforço evolucionista e manifestações religiosas afrobrasileiras1,
racionalizador. A narrativa do mito de resultaram do diálogo cultural entre os
origem da Umbanda, tendo como indígenas Tupinambá2, capturados em
protagonista Zélio de Moraes, firma-se a terras brasileiras, e africanos
partir de um modelo organizador do escravizados trazidos do território de
campo religioso que minimiza as práticas Congo-Angola. Segundo Gomes e
mais africanizadas. Schwarcz (2018), que dialogam com
Em nossas discussões compreendemos Silveira (2010), ainda que a
que o mito da criação, que se propaga no historiografia brasileira evidencie
Rio de Janeiro, apaga as contribuições tensões entre africanos e indígenas,
afrobrasileiras e incidem na tentativa de pesquisas recentes revelam colaborações
controle sobre as práticas e cultos dos e trocas culturais entre estes grupos.
centros e terreiros. O modelo único de No século XVI, temos registros
narrativa mítica apaga as multiplicidades históricos das manifestações que ficaram
e diversidades que implodem nas conhecidas como Santidades, marcadas
práticas, ritos, e divindades que nascem pela forte presença indígena, mas contou
todos os dias nos Centros, terreiros e também com a participação de africanos
santuários domiciliares dos grandes (SILVEIRA, 2010), que se rebelaram
centros e periferias. contra a colônia Portuguesa e sua
O artigo contribui para visibilizar o perversa lógica de silenciamento das
conjunto heterogêneo de experiências culturas não europeias, perpetradas na
culturais e étnicas que se tecem no escravidão e pela catequização jesuítica
espectro histórico do século XVI ao com sua dominadora máquina de
século XX, firmando-se em paisagens evangelização. As Santidades ameríndias
que se manifestam em diferentes se insurgiram contra o modelo colonial
modelagens religiosas. Nesse sentido, as português em várias regiões do território

1 2
Entendemos como Miranda (2012) que o termo Os Tupinambá – uma das etnias indígenas
afrobrasileiro deve ser escrito sem hífen, pois as pertencentes ao grupo tupi-guarani que habitaram
duas descendências nos impregnam de parte da região da costa brasileira no século XVI.
experiências, lógicas e sentidos que se unem e
não estão à parte.

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brasileiro, difundindo-se não só entre os nas fazendas e nos engenhos, bem
indígenas, mas também, entre outros como nos colégios jesuítas.
grupos étnicos, como nos informa Prisioneiros de guerra do mesmo
Vainfas (1995): “Na verdade, a santidade inimigo, sofreram as mesmas
restrições e as mesmas punições,
não foi monopólio dos ‘índios cristãos’,
desenvolvendo uma forte
mas acabou vivenciada por ‘gentio solidariedade, quando então
pagão’, ‘negros da Guiné’, brancos, trocaram experiências rituais e os
mamelucos...” (p.158). indígenas transmitiram aos
As Santidades, movimento religioso com angolanos os segredos dos minerais
caráter contestatório, constituíram-se e flora brasileira. (SILVEIRA, 2010,
p.16).
como espaços de resistências e lutas
contra o colonizador, seja pelas suas Considerada como um movimento
ações de rebeliões e fugas empreendidas religioso com características
contra os engenhos e fazendas, seja pela anticolonialistas, as Santidades
sua reinventiva modelagem religiosa que firmaram-se como espaços de luta e
conciliava múltiplos universos culturais. cooperação afroameríndia que, em pleno
Para Cardoso (2013), as Santidades século XVI, forjou modos de resistência
protagonizaram a condição ativa do ao modelo ontológico, produzido pelo
indígena no processo de construção sistema colonial.
histórica, pois, “construíram mecanismos No século XVII, percebe-se a presença
de resistência adaptaram ritos, de práticas religiosas com diferentes
propagaram os seus símbolos e crenças matrizes culturais em vários lugares da
influenciaram outras culturas e grupos colônia, denominada de Calundus. Estas
étnicos [...]” (p.13). manifestações reuniam elementos da
As populações indígenas e negras foram religiosidade africana, indígena3, além de
submetidas às mesmas privações práticas e ritos católicos.
instituídas a partir de um poder colonial O Calundu colonial constituiu-se de um
que coisificava qualquer especificidade emaranhado de práticas de curas com
humana que não se identificasse com o grande influência das tradições da África
modelo civilizatório europeu. Para Central e Ocidental que, com o advento
Silveira (2010), embora fossem trágico da escravidão, foram
submetidos a condições de existência forçosamente recriadas no território
desestabilizadoras, africanos brasileiro. No novo território, essas
escravizados e indígenas Tupinambá experiências africanas adquiriram ritos e
forjaram laços solidários extremamente ritmos distintos, porém algumas
proveitosos, evidenciando as relações de peculiaridades permaneceram em parte
cooperação entre esses dois grupos significativa dos espaços de cultos, tais
étnicos. como: o fenômeno de possessão
As tradições orais dos angoleiros espiritual, a busca de curas de males
baianos confirmam tal materiais e espirituais e o uso
cumplicidade, ao preservar na instrumentos de percussão no culto
memória o fato de que escravos (SWEET, 2003; DAIBERT, 2015).
africanos conviveram com indígenas

3
Segundo Silveira (2010), no período colonial os indígenas identificados nos cultos advindos da
Calundus com influência ameríndia serão África Ocidental. A presença do Caboclo nos
encontrados nos cultos provenientes da área Candomblés africano-ocidentais da Bahia só
linguística Banto, pois não há elementos culturais aconteceu no início do século XX.

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Os Calundus tinham como características eficácia nos acolhimentos de uma série
essenciais a arte de adivinhação e a de questões e demandas negligenciadas
intervenção terapêutica sobre quem pelos poderes públicos oficias.
buscava por seus serviços. Parés (2007) Curandeiros, mães e pais-de-santo
nos traz esclarecimentos sobre a tornaram-se celebres não por
funcionalidade desses cultos: satanismo, charlatanismo ou
Essas práticas eram oficiadas por um cafetinagem, mas porque estavam
especialista religioso, às vezes com constituindo um poder público nas
um número reduzido de assistentes cidades em desenvolvimento, ao
que secundado, ou “incorporado” mesmo tempo legítimo e alternativo,
por “entidades espirituais”, em prestando à população urbana
muitos casos “almas de parentes”, serviços essenciais de que ela, de
interagiam numa relação outro modo, dificilmente disporia
interpessoal com o “cliente” ou (SILVEIRA, 2006, p. 243).
paciente, “dizendo venturas”, Os cultos dos Calundus dos séculos XVII
prescrevendo remédios ou fazendo ao XVIII, constituíram-se como espaços
curas, assim como “malefícios”
de saberes e práticas que, por sua oferta
(PARÉS, 2007, p. 115).
de serviços espirituais, desafiavam a
Nos calundus, os antepassados4 hegemonia das instituições médicas e
ocupavam lugar de prestígio e recebiam religiosas ao compor um outro modelo de
oferendas dos participantes do culto. Nos prescrever curas e livrar pessoas de
cultos, os espíritos dos antepassados, diferentes segmentos sociais de
através do transe, entravam em contato desequilíbrios materiais e espirituais.
com os corpos de seus sacerdotes que,
Em um primeiro momento, restrito nas
estimulados por cânticos e toques de
fazendas e senzalas e depois migrando
instrumentos incorporavam seus mortos
para os espaços urbanos, a presença dos
que, manifestos nos cultos, prestavam
Calundus revelava a tessitura da
consultas e indicavam curas a partir de
cosmovisão africana em contato com
ervas e raízes.
elementos indígenas e católicos que se
A presença dos antepassados nos cultos reinventavam a partir das memórias e
religiosos do Calundu atenuava as dores tradições encarnadas nos corpos de
e prantos das populações escravizadas e negros, negras e indígenas, que mesmo
também de colonos que buscavam nestes atormentados pela escravidão, forjaram
espaços as resoluções de problemas que suas crenças em um território hostil às
afligiam seu cotidiano. Quanto a isso, suas cosmovisões.
afirma Souza e Vainfas (2000, p. 23):
A migração para os espaços urbanos
“Os colonos recorriam aos feiticeiros não
trouxe transformações para os cultos dos
só para obtenção de favores especiais,
Calundus, pois diferentes das senzalas e
mas também, não raro, para contornar a
fazendas, os negros podiam assumir
ineficiência dos remédios de botica”.
mesmo sobre a égide da escravidão,
Conforme descreve Silveira (2006), os condições menos precárias de
Calundus e seus sacerdotes tornaram-se sobrevivência, possibilitando assim, a
importantes no período Colonial por sua realização dos cultos em moradias fixas5,

4 5
Segundo Daiberth (2015) os antepassados nos Segundo Parés (2007, p.116), o culto ou
Calundus são espíritos de parentes próximos que adoração de “ídolos” ou figuras com a presença
retornam para auxiliar seus familiares ou de altares implicava a necessidade de espaços
membros comunidade. relativamente estáveis para a prática religiosa.

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assegurando os altares de adoração, a adotando elementos rítmicos e
organização de calendários litúrgicos e a coreográficos da forma ritual
realização de festas sagradas. Os cultos africana, dando origem ao que na
dos Calundus territorializavam no espaço Bahia chamamos de candomblé-de-
caboclo; outros ainda priorizando
colonial a inventiva força das populações
tradições africanas, permeadas por
subalternizadas que, mesmo subjugadas elementos rituais cristãos, porém
pela trágica experiência da escravidão, também adotando tradições
firmaram-se nas suas crenças e em seus ameríndias, fazendo festas dos
antepassados, produzindo assim, Inkisses e dos Caboclos em datas
mecanismos de resistência e insurgência diferentes e dando assim origem aos
contra a barbárie à qual foram atuais candomblé-de-angola.
submetidos. (SILVEIRA, 2010, p. 44).
Os Calundus nas suas diversidades Em suas pesquisas sobre as religiões
ritualísticas preservaram os valores do afrobrasileiras, Silva (2005) nos afirma
continente africano no território colonial que no final do século XIX muitos
brasileiro, produzindo modos de elementos formadores do que se
significação e apropriação sobre a nova designaria Umbanda já estavam também
realidade. Além disso, teceu um conjunto presentes em práticas religiosas com
de símbolos e sentidos afrobrasileiros características banto, como é o caso do
baseados em laços de parentescos. Para culto da Cabula. Existem registros de seu
Silveira (2010), os Calundus nas suas culto na região do Espírito Santo e na
especificidades deram origem às mais Bahia, especificamente na cidade de
diversas tradições religiosas: Salvador, onde um dos seus bairros6, com
forte presença negra congo-angola, leva
[...] alguns como de Luzia Pinta,
misturando tradições africanas, o nome do culto religioso.
europeias e indígenas no mesmo A Cabula mesclava elementos da
ritual, dando origem ao que é religiosidade africana, indígena7, católica
chamado mais habitualmente de e do espiritismo. As cerimonias
umbanda; outros priorizando as religiosas da Cabula aconteciam com
divindades ameríndias, mas
maior frequência em áreas de florestas

Foi provavelmente a partir dessa tradição da naquela área, sendo suas matas utilizadas pelos
África ocidental, em oposição às tradições congo- sacerdotes quincongos.
7
angola, mais baseadas nas atividades individuais A presença dos elementos da cultura indígena
dos curadores-adivinhos, que se organizaram os nos cultos afrobrasileiros não foi evidenciada
primeiros calundus domésticos em “casas e pelos primeiros estudiosos das religiões africanas
roças”, com uma estrutura social e ritual mais no Brasil, pois autores como Nina Rodrigues
complexa, que poderíamos chamar de tipo (1988), Arthur Ramos (1934) e Edson Carneiro
“eclesial”. Silveira (2006) em suas pesquisas (1976) privilegiaram os cultos Jejes e os
sobre os Calundus nos informa que o antropólogo Iorubanos em detrimentos dos cultos Congo-
Parés em suas considerações negligenciou dados Angola, estes últimos ao chegarem no Brasil
empíricos, pois em Calundus de origem escolheram o Caboclo como representante do
congolesa e angolana já existiam locais fixos para espírito ancestral das terras brasileiras. Moura
a realização de rituais coletivos. (2004) em seu relato sobre a Cabula apresenta
6
O bairro do Cabula tem uma denominação de alguns nomes dos espíritos protetores que
origem africana. Segundo Santos et al. (2010, p. possuíam os cabulistas em seus cultos – Tata
210), [...] o termo Cabula vem do quincongo rompe-serra, Tata rompe-ponte, Tata flor de
Kabula, que além de ser verbo, é nome próprio, carunga, Tata guerreiro. O relato citado, no nosso
personativo feminino e também o nome de um entendimento, oferece elementos para aludir
ritmo religioso muito tocado, cantado e dançado, sobre a presença também dos caboclos na Cabula.
daí o bairro tomar o nome do ritmo frequente

91
dando a esta religião um caráter secreto e afirma Ramos9 (1934, p. 96-97): “Há a
misterioso. O caráter secreto da Cabula linha da Costa, linha de Umbanda e de
assegurou aos seus adeptos a vivência de Quimbanda [...], linha de Mina, de
costumes e hábitos não aceitos pelo Cabinda, do Congo, linha do Mar, linha
colonizador. cruzada (união de duas ou mais linhas)”.
Assim, também recebeu forte influência
Silva (2005, p. 106) traz informações
da doutrina espírita de Allan Kardec, que
valiosas para compreender a liturgia
chega no território brasileiro em meados
sobre a Cabula:
do século XIX. Para Giumbelli (1997) e
Na cabula [...] o chefe do culto era Ortiz (1999), as evidências destas
chamado embanda possível origem influências estão nas terminologias
do nome da religião que se formou usadas no culto da Macumba, “pai de
pela ação desses líderes ou se
mesa”, “médiuns” e “centros”.
confundiu com suas práticas. Cargos
e elementos litúrgicos da cabula Desse modo, a Umbanda se constituirá a
também preservaram-se na partir deste conjunto heterogêneo de
umbanda, como o de cambone, experiências culturais e étnicas que, em
auxiliar do chefe de culto ou a enba diálogo constante com os diversos
(ou pemba), pó sagrado usado para espectros religiosos no século XX, firma-
“limpar” o ambiente dos rituais.
se como unidade doutrinária-ritual nos
As práticas ritualísticas da Cabula, no discursos de intelectuais umbandistas,
final do século XIX, disseminaram-se assegurando assim, o status de religião.
também em uma outra religião
A construção do mito de origem
afrobrasileira: a Macumba. E, muitas
práticas ritualísticas da Cabula, como: os No século XX, esse conjunto
cantos preparatórios, palmas, uso de heterogêneo de experiências religiosas,
velas, incensos e o culto aos que será cunhado de Umbanda, começa a
antepassados, perpetuaram-se nas atrair um público oriundo da classe
práticas ritualísticas da religião citada. média. Ao se identificar com a
Para Silva (2005, p. 85), na Macumba, os especificidade desta modelagem
cargos de sacerdócio receberam as religiosa, com forte característica dos
mesmas denominações da Cabula, tais cultos africanos, essa camada social
como: embanda ou umbanda ou institui movimentos que reivindicam
quimbanda e os ajudantes do culto serão para o culto vigente o status de religião.
denominados de cambone ou cambono, Segundo Rhode (2009, p. 1): “a questão
porém seus cultos adquirem da origem é o campo de batalha onde se
características menos secretas, pois são define o começo de um fenômeno, o
praticados nos interiores das residências momento em que ele passa a existir
e se privilegia o culto aos espíritos enquanto tal e que, portanto, torna-se
familiares que se encarnam na umbanda8. visível, representativo”. Assim, as
narrativas das origens instituem o
A Macumba constituiu-se como culto de
exercício de produzir identidades e
possessão com influência de diversas
sentidos sobre o fenômeno religioso.
matrizes religiosas e falanges, tal como

8
Esse termo significa o cargo do sacerdote que entendimento dos cultos de procedência Banto,
chefia o culto religioso da Macumba (SILVA, porém reconhecemos que sua obra – O negro
2005, p. 85). brasileiro, traz descrições etnográficas
9
Vale ressaltar que não concordamos com o importantes sobre a Macumba.
posicionamento do autor no que tange ao seu

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Oriunda de uma tessitura forjada a partir que vão se identificando com as práticas
de diversos credos e matrizes, esse da Umbanda, instituindo assim novos
aglomerado de práticas que será cunhada rumos para sua estrutura religiosa.
de Umbanda desemboca no século XX Brown (1977) revela detalhes da
como espaços religiosos com cultos presença desse grupo nas práticas
diversos e segmentados. A rede de trocas religiosas africanas:
que se estabelece e da qual a Umbanda se Eram espíritas insatisfeitos e
produz ao longo do processo histórico entediados com o que consideravam
firma sobre ela uma série de variações ser uma ênfase doutrinária
doutrinárias dando a cada espaço de culto superintelectualizada do espiritismo.
a possibilidade de assimilar e recriar Isto os conduziu aos terreiros
novos símbolos e práticas. afrobrasileiros, situados nas favelas
ao redor das cidades (...) Estes
A Umbanda mais praticada, que se
umbandistas pioneiros ansiavam por
dissemina sem nenhum controle, é
localizar a origem da Umbanda na
essa – misturada, que não dá
respeitabilidade das grandes
importância à pureza, seja esta de
tradições místicas do mundo e
cunho moral com a pretensão de
encaravam como sua missão salvar a
impor códigos doutrinários, seja de
umbanda das influências negativas
caráter ritual. Através da
associadas ao seu passado africano,
representação das diferenças
purificando-a de suas práticas
religiosas como linhas possíveis e
africanas”. (BROWN, 1977, p. 33).
legítimas comandadas pelos
espíritos e orixás torna-se sempre Com a crescente participação da classe
possível para o umbandista compor, média na Umbanda vai se erigindo entre
somar, articular princípios diversos as federações umbandistas tentativas de
na sua prática. Cada uma dessas promover uma religião unificada em
influências imprime sua marca na oposição aos cultos das camadas
prática religiosa, dando um tom
populares que são compreendidas por
diverso à argumentação, direções
inusitadas a seus rituais, compondo,
estes grupos como práticas tomadas pela
em suma, padrões diversificados de dispersão e segmentação. Segundo
se praticar a religião. (BIRMAN, Birman (1985), enquanto as camadas
1985, p. 90). médias tendem a compreender
multiplicidade como fenômeno que deve
Entre o fim da década de 1930 e início da ser extirpado dos cultos umbandistas, as
de 1940, já existe um movimento10 camadas populares são exímios mestres
umbandista preocupado em produzir uma em assimilar novas influências.
hierarquia religiosa que teria como
missão disciplinar e normatizar os cultos Tomados pelas questões de legitimação e
umbandistas. Neste período, a Umbanda institucionalização da Umbanda,
vai absorvendo adeptos da classe média, intelectuais umbandistas e adeptos
pessoas brancas, espíritas kardecistas, oriundos da classe média impulsionaram
a construção de uma religião nacional
10
União Espírita de Umbanda do Brasil – perseguição policial, patrocinar cerimônias
´primeira federação umbandista fundada por religiosas coletivas, organizar eventos da religião
Zélio de Moraes e outros líderes da Umbanda. e, na medida do possível, impor alguma
Esta federação foi a principal articuladora do regulamentação sobre as práticas rituais e
primeiro Congresso do Espiritismo de Umbanda doutrinárias através da administração de cursos e
ocorrida em 1941. Outras federações surgem em da fiscalização das atividades dos terreiros”
outros Estados e tem como objetivo “fornecer (SILVA, 2005, p. 115).
assistência jurídica aos seus filiados contra

93
que adequasse a lógica de uma sociedade georreferenciada no sudeste do país, em
urbana, industrial, de classe, com as um Centro kardecista de Niterói na
práticas rituais afroindígenas (Oliveira, cidade do Rio de Janeiro e tem como
2008). protagonista o médium Zélio Fernandino
Os líderes dos movimentos de Moraes. Conforme a narrativa, Zélio
umbandistas, valendo-se então de de Moraes, egresso do espiritismo, aos 17
uma série de mecanismos (como a anos apresenta distúrbios de saúde que
publicação de livros e jornais, são compreendidos como problemas de
organização de instituições ordem psiquiátrica. Diante da ausência
representativas e a realização de de sintomas relacionados às questões de
congressos), empenharam-se em ordem clínica, encaminha-se o jovem
divulgar um “produto” religioso para um ritual de exorcismo com um
homogeneizado a tal ponto, que padre que também não traz nenhum tipo
pudessem se referir à “marca” de mudança para o quadro patológico12
umbanda sem provocar
que o acometia. Logo depois, Zélio foi
interpretações ambíguas frente aos
inúmeros produtos similares encaminhado a uma benzedeira que lhe
existentes no mercado da fé. [...] revelou ser sua questão de cunho
Como num processo industrial, a mediúnico. Diante das questões
padronização dos ritos e a misteriosas, Zélio é levado à Federação
codificação das normas que regem o Espírita de Niterói e logo é convidado
universo umbandista tornaram-se pelo dirigente a fazer parte da sessão.
então imprescindíveis para o Após o início da sessão, conforme relato:
gerenciamento do sagrado.
(OLIVEIRA, 2008, p. 103). [...] manifestaram-se espíritos, que
se diziam de pretos escravos e de
Inspirados pelos valores das teorias índios ou caboclos, em diversos
racistas, que também se faziam presentes médiuns. Esses espíritos foram
no início do século XX, os sacerdotes e convidados a se retirar pelo
intelectuais umbandistas tornam-se presidente dos trabalhos, advertidos
protagonistas das propostas de do seu atraso espiritual. Então o
embranquecimento racial, social e jovem Zélio de Morares foi
dominado por uma força estranha,
cultural advindas da Europa11. Neste
que fez com que ele falasse sem
período, percebe-se um esforço saber o que dizia. Zélio ouvia apenas
racionalizador que busca minimizar as a sua própria voz perguntar o motivo
influências consideradas primitivas sobre que levava os dirigentes dos
a religião umbandista. Como nos afirma trabalhos a não aceitarem a
Sá Júnior (2004, p. 60): “Seria preciso comunicação desses espíritos e
inventar a Umbanda. Essa seria porque eram considerados atrasados,
adjetivada de branca ou pura”. se apenas pela diferença de cor ou de
classe social que revelaram ter tido
A narrativa sobre o mito de origem da na sua última encarnação.
Umbanda firmada pelos interesses da
classe média se encontra

11
Para Ventura (1991, p. 54) “As teorias condutores da humanidade rumo ao progresso, à
científicas postulavam a evolução do ‘simples’ ordem e à ciência”.
12
(povos primitivos) para o ‘complexo’ (sociedades Não há consenso quanto ao quadro clínico que
ocidentais). Isso pressupunha que os europeus acometia Zélio de Moraes. “Alguns falam em
eram superiores racialmente e, em virtude dessa paralisia, outros numa série de crises semelhantes
superioridade, eram evoluídos científica e à epilepsia” (RHODE, 2009, p. 80).
tecnologicamente; por isso, deveriam ser os

94
(OLIVEIRA, 1985 citado por Pontualmente, às 20 horas, o Caboclo das
GIUMBELLI, 2002, p. 184). Sete Encruzilhadas tomou o corpo do
Naquele momento, os responsáveis pela jovem Zélio de Moraes e deu início a
corrente mediúnica tentam convencer o sessão.
espírito desconhecido a se afastar do [...] que se iniciava naquele
espaço doutrinário. Eis que recebem a momento um novo culto em que os
seguinte resposta do espírito: espíritos de velhos africanos, que
haviam servido como escravos e que
Se julgam atrasados esses espíritos desencarnados, não encontravam
dos pretos e dos índios, devo dizer
campo de ação nos remanescentes
que amanhã estarei em casa deste
das seitas negras, já deturpadas e
aparelho para dar início a um culto
dirigidas quase que exclusivamente
em que esses pretos e esses índios
para trabalhos de feitiçaria, e os
poderão dar sua mensagem e, assim índios nativos de nossa terra
cumprir a missão que o plano
poderiam trabalhar em benefício dos
espiritual lhes confiou. [...] E, se
seus irmãos encarnados, qualquer
querem saber o meu nome, que seja
que fosse o credo e a condição social.
este: Caboclo das Sete
A prática da caridade, no sentido do
Encruzilhadas, porque não haverá amor fraterno, seria a característica
caminhos fechados para mim. principal desse culto, que teria por
(OLIVEIRA, 1985 citado por base o Evangelho de Cristo e como
GIUMBELLI, 2002, p. 185). mestre supremo Jesus. (OLIVEIRA,
Durante a incorporação, um dos médiuns 1985 apud GIUMBELLI, 2002, p.
que tinha o dom da vidência, inqueriu o 185).
Caboclo das Sete Encruzilhadas o porquê O caboclo estabeleceu as normas em
daquela forma de falar, pois, enxergava que se processaria o culto: sessões
naquele instante características de um diárias das 20 às 22 horas, os
padre jesuíta. Segundo Oliveira (2008): participantes estariam
“Cabe lembrar também que o Caboclo uniformizados de branco e o
das Sete Encruzilhadas não era um atendimento seria gratuito. Deu,
espírito qualquer, segundo o mito, ele também o nome desse movimento
religioso que se iniciava; disse
fora o padre jesuíta Gabriel Malagrida13
primeiro allabanda (ou um dos
em reencarnações anteriores” (p. 4). presentes assim anoutou), mas
No dia 15 de novembro de 190814, na considerando que não soava bem a
residência da família de Zélio, no bairro sua vibratória, substituiu-o por
de Neves15, fizeram-se presentes aumbanda, palavra de origem
espíritas, familiares e vizinhos, além de sânscrita que pode se traduzir por
“Deus ao nosso lado” ou “o lado de
um público de desconhecidos.

13
Padre jesuíta italiano que após uma vida de destaque a figura de Zélio de Moraes como
dedicação missionária no Brasil sofre um referência para Umbanda após a década de 1960.
processo inquisitorial depois de divergir com as Para o autor a construção da anunciação da
posturas do governo português de D. João V Umbanda é uma construção tardia e “aponta para
(1750-1777). Segundo Assis (2017. p. 1) O padre um interesse pela fundação e pela origem de uma
jesuíta Gabriel Malagrida foi “sentenciado à religião quando a dispersão doutrinária e ritual e
morte num período de apenas dois anos (1759- a divisão institucional parecem se impor de modo
1761). [...] Condenado ao garrote vil e queimado inexorável”.
15
na Praça do Rossio, em Lisboa, Malagrida é Munícipio de São Gonçalo – região
publicamente supliciado em 1761”. metropolitana do Rio de Janeiro.
14
Segundo o pesquisador Giumbelli (2002, p.
189) os textos acadêmicos e umbandistas só dão

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Deus”. (OLIVEIRA, 1985 apud média, as referências europeias também
GIUMBELLI, 2002, p. 185). aparecem na presença de um espírito do
O mito da criação forjado por sacerdotes padre jesuíta Gabriel Malagrida e, por
e intelectuais umbandistas teve como último, a narrativa mítica da criação da
finalidade estabelecer um modelo Umbanda reproduz o olhar moralizante
organizador das práticas religiosas dessa das elites16 brasileiras que atribui a
religião nascente. Para Birman (1985, p. condição de atraso às religiões africanas.
93): “Em tal movimento predominava a A Umbanda, consolidada a partir do mito
intenção de fazer da Umbanda cristã a de criação demostrado acima, demarca as
única verdadeira e legítima, excluindo os narrativas de um grupo específico que
terreiros e centros mais africanizados”. trazia interesses e necessidades próprias
Ainda que o mito da criação, que tem para a religião que ora se constituía. Na
como protagonista Zélio de Moraes, busca de implantar o que se entendia
acolhesse/valorizasse as heranças como a “verdadeira religião”, os
africanas e indígenas em seus cultos, tal intelectuais umbandistas mostraram-se
acolhimento se dava a partir de uma receptivos às práticas africanas, porém,
modelagem evolucionista que buscava incidem sobre elas princípios e valores
afastar da religião nascente as práticas cristãos. Para Silva (2005), os
compreendidas como atrasadas. Segundo umbandistas retiraram as práticas
Isaia (1999), os intelectuais umbandistas consideradas bárbaras dos cultos
“valorizavam o índio e o negro como africanos, tais como: sacrifícios, uso de
importantes elementos formadores da álcool, danças frenéticas, uso de fumo e
nacionalidade, mas sob a ótica da etc. E além disso, buscaram estabelecer
evolução constante, capaz de suas origens nas grandes religiões
“aprimorar” o que de “selvagem” e milenares17.
“bárbaro” prendia-os a um passado
distante da civilização” (p. 105). É necessário relativizar o mito da criação
apresentado como único referencial de
O mito da criação ainda que tenha como regras e valores para a Umbanda, pois,
entidade referencial o Caboclo das Sete segundo Ortiz (1999), neste mesmo
Encruzilhadas (entidade espiritual que, momento histórico existem outros
no nosso entendimento, reúne as Centros com práticas muito próximas da
heranças indígenas e africanas, ou seja, o Umbanda de Niterói, como é o caso da
Caboclo e o Exu) traz demarcações claras Tenda Espírita Mirim, fundada no Rio de
da presença kardecista com matiz Janeiro, em 1924 por Benjamin
evolucionista no seu mito de origem, Figueiredo; o Centro Espírita Reino de
aqui a perceber: a Umbanda é anunciada São Jorge, fundado no Rio Grande do
em um Centro espírita, seu médium é Sul, em 1926, por Otacílio Chacrão, além
egresso do espiritismo, oriundo da classe de outros Centros e Terreiros de outras

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Segundo Isaia (1999, p.98) “[...] a elite la das religiões africanas. Dentre as
brasileira tentou impor sobre as camadas pobres comunicações apresentadas observa-se o trabalho
uma representação da realidade marcada pela sua de Batista de Oliveira, que afirma que a Umbanda
desvalorização. Desvalorização que deveria remontaria ao antigo Egito; e o de Diamantino
trazer consigo a aceitação do papel messiânico da Coelho Fernandes, que acreditava que a religião
elite, detentora de “legítimos” saberes e práticas era oriunda do lendário continente da Lemúria.
religiosas opostas à “superstição” e ao “atraso”. Segundo Fernandes, o vocábulo “umbanda” tinha
17
O primeiro congresso brasileiro de espiritismo origem no sânscrito Aum-Bandhã cujo o
de Umbanda, em 1941, trouxe explicações sobre significado seria “princípio divino” (OLIVEIRA,
as práticas da Umbanda nas tentativas de afastá- 2008).

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regiões do país que tiveram suas tentativa de crivar princípios para a
narrativas silenciadas pelos discursos religião nascente, privilegiaram-se
hegemônicos produzidos pelas interesses e noções ideológicas pelas
federações e intelectuais umbandistas. quais estavam imbuídos os intelectuais e
sacerdotes pertencentes à classe média
Considerações finais
em detrimento de princípios e valores
Diante do exposto, faz-se necessário oriundos das religiões afrobrasileiras.
afirmar que as Umbandas nascem de
multiplicidades de influências culturais A Umbanda forjada a partir das
narrativas de um mito fundador único
que se tecem a partir do exercício do
apaga as multiplicidades rítmicas e
diálogo com o diferente e da resistência
sagradas que emanam nos transes
às lógicas universalistas e hegemônicas
oriundos de corpos mestiços e negros
que incidem no apagamento do particular
fixados nas periferias, sertões e centros
que nelas (re)existem e produzem linhas
urbanos do território brasileiro. Os mitos,
de fugas18 que se reinventam em uma
os ritos, as divindades nascem todos os
pluriversalidade19 de narrativas, práticas
dias; assim, o uno e o estático implodem
e ritos.
diante da plasticidade e do diferente que
Nesse sentido, é preciso afirmar sua brotam de cada território sagrado das
inclinação à plasticidade, à abertura e à Umbandas.
pluralidade. As tessituras históricas e
embrionárias que constituem as
Umbandas escapam à modelagem única. Referências
Constituídas a partir de diversas razões BIRMAN. Patrícia. O que é umbanda. São
civilizatórias, as Umbandas entrelaçam Paulo: Brasiliense, 1985.
em sua unidade doutrinal diversidades BROWN, Diana. Umbanda e classe social. In.
que não se dissolvem, uma vez que sua Religião e sociedade. São Paulo, n°1:
disposição ao heterogêneo escapa ao HUCITEC, 1977.
apagamento do outro. CARDOSO, Jamile Oliveira Santos Bastos. Ao
som dos maracás e sob a fumaça do petum: as
Delinear uma origem única para a santidades de Jaguaripe e a “anticatequese”
Umbanda nos levaria ao insucesso, pois, no cenário colonial. In: II Simpósio
a sua diversidade e plasticidade nos Internacional de Estudos Inquisitoriais –
encaminha para a heterogeneidade de Salvador, setembro de 2013.
narrativas. Estas, se singularizam em DAIBERT, Robert. Calundus coloniais:
estruturas míticas de mulheres e homens reatualizações da religião dos Bantus na diáspora
que, no diálogo com os encantados, africana no Brasil. Estudos históricos. Rio de
Janeiro, vol. 28, n. 55. p.7-25, 2015.
produzem, inventam e recriam origens e
sentidos para o sagrado. Reconhecemos a DELEUZE, Gilles. GUATTARI, Felix.
PARNET, Claire. Diálogos. São Paulo: Escuta,
árdua tarefa de busca de legitimação para
1998.
produção de um campo religioso
instituindo um discurso identitário, ISAIA, Arthur César. Ordenar progredindo: a
obra dos intelectuais de Umbanda no Brasil da
porém, é necessário afirmar que na
18 19
A linha de fuga é uma desterritorialização. “O Tomamos aqui o conceito de pluriversalidade
Grande erro. O único erro seria acreditar que uma de Ramose (2011) por nos negarmos a pensar as
linha de fuga consiste em fugir da vida; a fuga Umbandas a partir de um modelo totalizante de
para o imaginário ou para a arte. Fugir, porém, ao produção de narrativa, modo de vida e culto à
contrário, é produzir algo real, criar vida, ancestralidade. Nesse sentido, reafirmamos a
encontrar uma arma”. (DELEUZE; PARNET, ideia de que não existe uma Umbanda, mas
1998, p. 40). Umbandas.

97
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