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ISBN: 978-85-65542-00-5 i ym) = licenciada em Ciéncias Fisicas e Biolégicas pela UNOESTE - Universidade do Oeste | Paulista, especializada em Educagao em j Satide Publica pela UNAERP de Ribeirao Preto - SP e Mestre em Educagao pela re Educacao em Saude: Formacao FCT/UNESP Faculdade de Ciéncias e i Pe) EYE tear tery Técnologia da Universidade Estadual i: | . criancas 5 Paulista. Atua no Setor de Agoes | ib y tenes ede Cake Complementares a Educagéo - SACE da Puy Eto tote Secretaria Municipal de Educagaéo de | hs Presidente Prudente como Educadora de Satide Publica. E uma das coordenadoras do | Grupo Gestor Municipal do Projeto Satide e CuO em =siro ame loc MMS ler Cole] (SE) Satide e Educagao. = GELSON YOSHIO GUIBU é professor | 0. oy assistente da area de Psicologia da Educagao A >| do Departamento de Educagao da Faculdade E * = de Ciéncias e Tecnologia da UNESP - — By hg t/a eT Cor tny tem mrss Cat inl Ccoam Cxeye Cel UL-eC0g | : NaS ESCoLAS do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre | i Jitnie ara beri a vile Educac&o Sexual, Sexualidade e Psicandalise | 3 e um dos coordenadores do Grupo Gestor | 4 Municipal do Projeto Sade e Prevengao nas :, Escolas, dos Ministérios da Saude e ] 4 Educagao. fone Prefeitura Municipal de Presidente Prudente Prefeito Milton Carlos de Melo “Tupa” ‘Vice Prefeito Mareos Vinha Secretaria Municipal de Educagio Secretaria: Professora Mestre Ondina Barbosa Gerbasi Secretéria Adjunta: Professora Mestre SGnia Maria Pelegrini Coordenadaria de Gestio Pedagégica Coordenadora: Profa, Vanda Aparecida Gianoti de Oste Departamento de Educagao Infantil Departamento de Ensino Fundamental ‘Setor de Agies Complementares a Educagio ~ SACE Educadora de Satie Piblica Profa, Mestre Selma Alves de Freitas Martin az Be ce Organizagio ¢ Coordenacio Prof. Mestre Selma Alves de Freitas Martin ~ SACE-SEDUC Prof. Mestre Gelson Yoshio Guibu ~Depto. de Edueagio FCT/UNESP Coordenadores do Grupo Gestor Municipal do Projeto SPE Apolo Memibros do Grupo Gestor Municipal do Projeto Saide e Prevengio nas Escolas, Parcerias Secretaria Municipal de Saide - Programa Municipal DST/AIDS ‘Secretaria Municipal de Assisténcia Social Secretaria Estadual de Educagto - Dirctoria de Ensino Regio de Presidente Prudente-SP Departamento de Educagao da FCTIUNESP Niielea de Ensino da FCT/UNESP ¢ Grupo de Estudos ¢ Pesquisas sobre Educagao Sexual, ‘Sexualidade ¢ Psicanalise da FCT/UNESP SELMA ALVES DE FREITAS MARTIN GELSON YOSHIO GUIBU (Organizadores) (as 2 danide Cot boule ae aged ows SY Apropo, ae Compodowt ee Kobathe— ae encoder. a PSL Cobaboramn Com Educacio em Satide: Formacdo para atencao as vulnerabilidades de criangas, adolescentes e jovens em espacos educacionais one aed Srr0 Yor Groban» ory gua ps pas eslwre “dias ve ua podized ere Deter a de> Kodattwr hy de Aim qnordee Abies Sao Paulo - Prefeitura Municipal de Presidente Prudente 2012 um trabalho de formagéo continuada junto aos profissionais da educagto ¢ da satide de duas escolas de um mesmo bairro; neste sentido, foi feito tum convite (que foi prontamente aceito) para uma escola municipal (séries iniciais do ensino fundamental) e uma escola estadual (séries finais do ensino fundamental e ensino médio), bem como para os profissionais que atuam nas equipes de Estratégia de Saiide da Familia da tegido do Parque Alvorada, zona leste da cidade, Este trabalho teve inicio em agosto de 2011" (com a participacdo de aproximadamente 60 profissionais), e pretende-se continua- Joao longo de 2012. No ano de 2011, além das agées supra-mencionadas, 0 Grupo Gestor Municipal do Projeto Saiide ¢ Prevengdio nas Escolas realizou 0 2° Semindrio do Projeto “SPE ~ Saiide e Prevengdo nas Escolas: atitude pra curtir a vida" e participou da organizagdo ¢ realizagio da 1* Conferéncia Municipal da Juventude”, no dia 19 de agosto de 2011, ¢ que contou com a participagao de aproximadamente 550 adolescentes e jovens de Presidente Prudente. Em 1] de novembro, foi realizado 0 Segundo Momento do 2° Seminério do Projeto “SPE”, coma tematica: “As (Im)Possibilidades de ser jovem hoje: o que eu tenho a ver com isso?”, ¢ contou com a participagao de ‘aproximadamente 300 pessoas (entre jovens e profissionais diversos). Desde 0 inicio, 0 Grupo Gestor Municipal tem trabalhado arduamente, por acreditar que Projeto Saiide e Prevengio nas Escolas, 20 propor um trabalho articulado de formagao dos profissionais da educago fe da sade, tem grandes possibilidades de desenvolver agées integradas ‘que possam levar a diminuiggo das vulnerabilidades (social, institucional ¢ pessoal) de criangas, adolescentes e jovens principalmente das populagées mais desfavorecidas do municipio de Presidente Prudente — SP. * Este trabalho vern sendo desenvolvido também a partir de subsidios fomecidos por pes- 4uisa por nés realizada junto a 158 professoras(es) da rede municipal de ensino de Presi- dente Prudente (cerca de 50% do total), acerca de temiticas relacionadas & sexvalidade. SEXO, SOCIEDADE E EDUCACAO SEXUALNO BRASIL A PARTIR DE UM ESTUDO HISTORIOGRAFICO. Regina Celia Bedin' Luci Regina Muzzeti® Paulo Rennes Marcal Ribeiro? A Historia da Sexualidade no Brasil comeca com os indios ¢ é documentada j4 na Colénia. Com a vinda do portugués e com os primeiros contatos entre duas culturas tio distintas, inicia-se uma troca de conhecimentos, valores, priticas, crengas que, a0 longo dos séculos da o formato ou configura aquilo que Parker (1991) chamou de cultura sexual brasileira. A carta de Pero Vaz de Caminha ¢ 0 primeiro documento escrito sobre 0 Brasil, mas, nfo s6 isso, E também um documento que registra ‘0s costumes sexuais observados pelos portugueses, um documento sobre sexualidade nas terras reeém descobertas que ¢ facilmente constatado quando sao descritas a nudez das indias e a surpresa dos descobridores ante ‘os costumes observados, sendo interessante destacar a comparagio feita a partir de entdo entre a Terra de Santa Cruz ¢ o Paraiso biblico do Génesis. Varios documentos do Brasil Coldnia descreveram os costumes e as priticas sexuais ento correntes, assim como as condvtas adotadas e os valores propostos pela Igreja Catélica. Hans Staden (1999), Jean de Léry (1980) e Gabriel Soares de Souza (1971) so os cronistas que cruzaram 0 sertéo e falaram sobre a sexualidade da Terra Brasilis. Manoel da Nobrega é 0 jesuita que escreveu vinte e seis cartas para smissivistas em Portugal cujo conteido versava igualmente sobre as priticas sexuais correntes no Brasil ¢ que cram consideradas destcantes ¢ contrarias ‘as normas da Igreja (SCALIA, 2009). Em uma delas, fala que * Pedagoga, Mestre em Educario Escolar intsgrante do Nicleo de Estudos da Sexua- lidade ~ NUSEX, na UNESP de Araraquara * Professora do Programa de P6s-Graduagdo em Educagao Escolar (Linha de Pesquisa “Senualidade, Cultura e Educagdo Sexual”) ¢integrante do Niicleo de Estudos da Sexu- slidade ~ NUSEX, na UNESP de Araraquara. 7 Professor do Programa de Pés-Graduagéo em Educagio Escolar (Linha de Pesquisa “Senualidade, Cultura e Educagio Sexual”) ¢integrante do Naileo de Estudos da Sexu- alidade ~ NUSEX, na UNESP de Araraguara {.] a gente da tera [os portugueses] vive toda em pecado mortal, endo hi nenhum que deixe de ter muitas negras {indies}, das quai estdo cheios de filhos,e grande mal. Nenhum deles se veio confessar ainda...(LEITE, 1955, p. 19). Em outra, diz que nesta terra hi um grande pecado, que é terem os homens, quase todos, suas negras [indias] por mancebas, e outras livres que pedem. fags negros [indios] por mulheres, segundo o costume da terra que 6 terem muitas mulheres. (LEITE, 1955, p. 29-30). As cartas registram queixas sobre a dificuldade da catequese devido & sexualidade exacerbada, com poligamia, nudez, no accitagio das repreensbes dos padres. Também os documentos da Inquisigéo fomneceram descri¢ao detalhada das préticas sexuais na Colénia. 0 Santo Oficio esteve presente no Brasil colonial na forma de Visitas Inquisitoriais, ¢ o padre responsivel pelos processos era chamado de visitador, que por sua vez era vinculado @ ‘um Tribunal. No caso brasileiro, 0 Tribunal do Santo Oficio iniciow suas atividades em 1579, ¢ as visitagdes inquisitoriais partiram do Tribunal de Lisboa, sendo que recebemos trés Visitas: a primeira em 1591/1595 (visitador: Heitor Furtado de Mendoga nas apitanias da Bahia ePernambuco); a segunda, em 1618/1620 (visitador: Marcos Teixeira, na Bahia); ¢ a tiltima visita em 1763/1769 (visitador Geraldo José de Abranches, no Grio-Pard ¢ Maranbio). Essas visitagées proporcionaram uma vasta documentagio: livrosde deniincias, de confissbes ¢ de ratificagbes, que sendo analisadas, catalogadas organizadas forecem informagdes sobre 0 cotidiano da sociedade colonial, € neste contexto, hd muitas anotagdes sobre as atitudes e comportamentos sexuais. Existia, é claro, uma ortodoxia catélica, ou seja, regras ¢ normas da Igreja que deveriam ser aceitas e seguidas. O estudo desses documentos ‘mostra como a sociedade colonial assimilava as determinagdes catélicas; ‘esclarecem quais as priticas e valores sexuais correntes; e apontam como foi forjada a cultura sexual brasileira. ‘Um escrivao acompanhava o visitador quando 0 mesmo percorria as localidades, ¢ registrava tudo que era informado a partir de uma série de quesitos de interrogalérios (heresias, blasfémias, bigamia, crime de solicitagao, sacrilégio, vingancas, incesto, bestialidade, etc.) ¢ 0 povo cra conclamado a nio s6 confessar seus pecados mas também a delatar amigos, vizinhos ¢ até parentes. Estes elementos so constitutivos da primeiia forma de educagio sexual no Brasil, ¢ 0s documentos da Coldnia seu primeiro registro. No entanto, nao obstante a existéncia de vasta documentago sobre costumes nna Col6nia ¢ até no Império, a sexualidade s6 adquiriré o status de objeto da ccigneia nas primeiras décadas do século XX, ainda que iniciada na segunda metade do século anterior. Alids, a propria ciéncia surge no Brasil apenas no século XIX, com a vinda da familia real portuguesa, Como explica Schwarez (2000, p. 23-24), ‘a montagem de uma rede de instituigdes de saber estavel no Brasil 6 bastante recente. Controlado pelos jesuitas, o ensino na Colénia Portuguesa limitava-se és escolas elementares, nfo existiam centros de pesquisa ou de formago superior. [..JSem entrar no mérito ddas medidas implementadas por D. Joo VI, 0 certo é que, com « chegada da corte portuguesa ao Brasil, inicia-se propriamente uma historia institucional local. Data dessa época a instalagao dos primeiros estabelecimentos de cardter cultural. Faculdades e museus, associagdes ¢ institutos até entio inexistentes, so criados ¢ vio constituir o alicerce da ciénecia e da pesquisa nacionais. Como escreveu Fernando Azevedo, 0 Brasil abandonava 0 “diletantismo © a improvisagio” (AZEVEDO, 1956, p. 367) para entrar na era do profissionalismo cientifico. E a era do Museu Nacional do Rio de Janeiro, do Museu Paraense “Emilio Goeldi”, do Museu Paulista, do Instituto Histérico € Geogrifico Brasileiro, da Faculdade de Medicina da Bahia e da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. No caso especifico da Sexualidade, as primciras pesquisas Cientificas foram oriundas da Europa, com Richard von Krafft-Ebing (1840- 1902) ¢ Havelock Ellis (1859-1939). Posteriormente, Sigmund Freud (1856-1939) elaborou sua teoria psicanalitica com base na sexualidade no desenvolvimento sexual. Estes autores tiveram suas obras largamente divulgadas no Brasil e, a partir deles, ja no inicio do século XX, muitos cientistas, médicos ¢ educadores brasileiros iniciaram estudos ¢ pesquisas Cujos temas versavam sobre sexualidade e educacao sewual Para Ribeiro (2009, p. 132), no final do século XIX, a Medicina B institucionalizou o saber sexual criando a Sexologia e estudando os desvios sexuais ¢ as doengas que teriam sua etiologia nas praticas sexuais consideradas inadequadas ou fora da norma. Era uma Medicina que lidava com a definigao,a identificagao, aclassificagdo € 0 teatamento dos aspectos patoldgicos da sexualidade E Loyola (1998, p. 46) diz que ‘osantrop6logoschamaram a atengtioparao fatode queasexualidade constitu o pilar sobre o qual se assenta a prépria sociedade e que, portanto, esta sujcita a normas; normas que podem variar de uma sociedade para outra, mas que constituem um fato universelmente ‘observvel, sendo o tabu do incesto a mais bésica e fundamental de todas, Assim, a sexualidade deriva do que é proibido e permitido, de modo com que, pelo viés da reprodugdo biolégica da espécie, cla participa da criagao da ordem social. Sdo dois contextos que se completa para a compreenstio de como o conhecimento sexual tomou-se objeto da Ciéncia, consolidando-se ¢ difundindo-se por meio de obras estudos ofic Ribeiro (2009, p. 131) entende que fa institucionalizagio do conhecimento sexual ocorreu quando ‘0s médicos claberaram, desenvolveram e se apropriaram de teorias ¢ idéias que foram consideradas “cientificas” ¢ capazes de dar a sustentagio que necessitavam para o seu discurso sexual normatizador, e quando as varias vertentes das Ciéncias Humanas passaram a considerar o estudo das atitudes © comportamentos sexuails como frea merecedora de reflexes c proposigao de teorias. Esta institucionalizacgo possibilitou o surgimento de varias obras que versavam sobre comportamento sexual e educagdo sexual. Autores como Carrara (1997), Carrara; Russo (2002), Ribeiro (2004) ¢ Reis; Ribeiro (2004) realizaram estudos sobre a historiografia da ‘educagdo sexual no Brasil ¢ verificaram que as primeiras décadas do século XX constituem o period em que a sexualidade © a educagdo sexual se destacam como campo do saber ¢ 0 mimero de titulos publicados € muito grande As obras do perfodo compreendido entre as décadas de 1930-50 com certeza influenciaram educadores e médicos que se formavam, que por sua vez formariam novos professores ¢ novos médicos, em uma corrente seqilencialmente cronoldgica até a década de 1960. Talvez possamos considerar este periodo como o momento em que o conhecimento sexual foi gestado ¢ amadurecido para ser posto em pratica nos aros 60. Em 1933 ¢ criado no Rio de Janeiro o Circulo Brasileiro de Educagio Sexual (CBES), por iniciativa do médico José de Albuquerque. 0 CBES ¢ o pioneirismo de Albuquerque foram responsiveis pela difusdo da educagto sexual, ¢ teve 0 mérito de debater temas szxuais em ambientes piblicos, em meios de comunicagao, em eventos cientificos e culturais e na ‘imprensa, além de fomentar a publicagao de diferentes abras. Até entio, nenhuma instituigao havia investido tanto na educagao sexual, e mesmo com a quantidade de obras e autores versando sobre o tema, nenhum atingiu a diversidade de José de Albuquerque. Vidal (1998) ¢ Reis; Ribeiro (2004) verificaram que 0 CBES foi responsavel pela edigdo do Boletim de Educago Sexual entre setembro de 1933 e outubro de 1939, num total de 47 nimeros; pela realizagdo da I Semana de Educago Sexual, em 1934, no Rio de Janeiro, da Semana Paulista de Educagdo Sexual, em 1935, em Sao Paulo; pelo oferecimento de palestras piblicas; ¢ pela publicagio de folhetos com temas sexuais distribuidos para a populacao. Ousado e pioneiro, José de Albuquerque defendia o divércio, considcrando o desquite preconceituoso e prejudicial & mulher; foi o autor da letra do Hino & Educagdo Sexual, gravado pela RCA Victor com miisica do famoso maestro Assis Republicano; instituiu o Dia do Sexo, comemorado pela primeira vez cm 20 de novembro de 1935*. ‘Como explicam Reis; Ribeiro (2004, p. 35), 0CBES foi uma instituigo com penetrago nos mais importantes eirculos intelectuais e politicos brasileiros das anos 30, © contrariamente idéia de repressio sexual vigente no periodo, resquicio do vitorianismo, péde difundir seu trabalho de orientar a populagio znas questoes de sexualidade de forms eficaa, Vale a pena Iembrar de José de Albuquerque e do CBES porque durante trés décadas esta associagdo e seu criador foram mentores de todo um trabalho de educagaio sexual e de sua propagacao e valorizagao nos ambientes social e escolar, de onde destacamos uma duradoura e atual opinitio, quando cle diz que ' -Atualmente essa data ji caiu no esquecimento. no ha educacdo completa sem educacio sexual, ¢ mostra-s¢ um ardoroso e enfatico defensor de sua aplicago, apelandopara um discurso insistente em que os aspectos positivos da educasio sexual so ressaltados, [..] e alerta 0 quanto sua falta é prejudicial edanosa aos individuos (REIS; RIBEIRO, 2004, p, 38. Sem contar com a frustrada tentativa de Victor Stawiarsky, que foi demitido do Colégio Batista, no Rio de Janeiro, em 1930 por tentar incluir educagdo sexual no curriculo dessa escola, as primeiras tentativas concretas bem sucedidas de implantaeao da educagio sexual nas escolas ocorreram nos anos sessenta em escolas do Rio de Janeiro, Sdo Paulo ¢ Belo Horizonte, descritas por Werebe (1977), Barroso; Bruschini (1982), Ribeiro (1990), Guimardes (1995), Figueiré (1995) © Gallacho (1995): Foram implantados programas de orientagio sexual em Belo Horizonte, em 1963, no Grupo Escolar Bardo do Rio Branco; no Rio de Janeiro, em 1964, no Colégio Pedro Alcantara, ¢ em 1968, ‘no Colégios Infante Dom Henrique, Orlando Rougas, André Maurois e José Bonificio;eem Sto Paulo,no Colégio de Aplicagz0 Fidelino Figueiredo, de 1963 a 1969, nos Gindsios Vocacionais, de 1961 a 1969, ¢ no Ginasio Estadual Ploricurricular Experimental, de 1966 a 1969 (RIBEIRO, 2004, p. 19-20) No entanto, com o Golpe de Estado de 1964, ho reerudeseimento da censura, a moral e os bons costumes passam a fazer parte da ordem do dia, liberdades sexuais sto associadas ao comunismo ¢, como analisam Barroso; Bruschini (1982, p. 23), “houve um retrocesso em matéria de educagio sexual que acompanhou a onda de puritanismo que invadiu o pais”. Por quinze anos a educagio sexual ficou estagnada, Se haviamos conquistado um ambiente propicio ¢ favorivel para o trabalho com sexualidade, prepatado paulatinamente desde a década de 1920, tudo cai por terra com 0 advento do Golpe de 1964. A intcrrupgao abrupia boicotou a continuidade de um trabalho que havia levado pelo menos 40 anos para ser consolidado. Nem com a abertura politica do General Emesto Geisel, a partir de 1978, que possibilitou que a educagdo sexual voltasse A tona nos projetos oficiais da Prefeitura Municipal de Sio Paulo (1978-1982) e da Secretaria de Educagao do Estado de Sio Paulo (1980-1986), foi possivel resgatar o trabalho iniciado, ¢ a educagao sexual jé estava sem a forga e a experiéncia alcangadas na década de 60. Softemos hoje os efeitos desta interrupgao, tanto que mesmo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educago de 1996 e o reconhecimento oficial por meio dos Parémetros Curriculares Nacionais (PCN) da importancia e necessidade da orientago sexual escolar, o pais ainda engatinha na drea, ‘Compensamos, no entanto, o atraso na implantagio da educacto sexual na escola, com 0 intenso, sério ¢ produtivo trablho de pesquisa realizado nas universidades, por meio de estudos e projetos de investigagao desenvolvidos nos Grupos de Pesquisa, que hoje sao bastante ativos, patticipativos e produtivos REFERENCIAS AZEVEDO, F. As cléncias sociais no Brasil. $40 Paulo: Melhoramentos, 1956. BARROSO, C.; BRUSCHINI, C. Educagio sexual: debate aberto. Petropolis: Vozes, 1982, CARRARA, S. Sexualidade ¢ sexologia no Rio de Janeiro entre ~ guerras (notas preliminares de pesquisa). Rio de Janeiro: Cadernos IPUB, 1.8, 1997, p. 113-128. 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Sao Paulo: VULNERABILIDADES Selma Alves de Freitas Martin? © Curso “Educagto em Satide: formagdo para atengao és vulnerabilidades de criancas, adolescentes e jovens em espacos educacionais”, como 0 proprio titulo sugere, foi pensado como um espago organizado para que profissionais de diferentes secretcrias da gestlo publica tivessem a oportunidade de discutir ¢ refletir sobre as vulnerabilidades vivenciadas pelo piblico atendido por cada segmentc, com a possibilidade de articulagio das politicas no atendimento aos mesmos, partindo do centendimento das diferentes situagdes, e de forma articulada. Nesse sentido, foi considerada a necessidade de uma discussto inicial sobre o significado do termo “vulnerabilidade”. O conceito de ‘vulnerabilidade tem sido uilizadopara orientar apes deprofissionaisde varias feas e esté relacionado ao esforco para superagio de priticas preventivas que nfio estejam levando em conta a situagao peculiar dos sujeitos. atendimento dado pelas escolas, servigos de satide e projetos sociais, no qual a equipe nao considera a situagdo peculiar de cada individuo, ouvindo-o e atentando para se perceber como uma dada situago pode ter acontecido na vida do sujeito, muitas vezes, pode no ter a efetividade desejada e passar desapercebido. Pois, muitas vezes, um acontecimento pode no ter sido programado enem ter sido em decorréncia de sua vontade pessoal, colocando-o numa situagio de constrangimento frente ao acontecimento sensagio de falha. Apresentamos o conceito cunhado por Ayres (2005), que nos mostra ‘que a vulnerabilidade diz respeito a um “Conjunto de aspectos individuais ¢ coletivos relacionados ao grau e modo de exposigdo & uma situagdo ¢, de modo indissociavel, ao maior ou menor acesso a recursos adequados para se proteger. Pinto (2009) simplifica 0 termo apontando que vulnerabilidade diz respeito a0 que nos tora mais préximos ou mais distantes do risco, considerando risco 0 fato de engravidar sem planejar, fazer uso prejudicial de drogas (Licitas ou ilicitas), de se contaminar com HIV, uma DST, ou de sofrer uma violéncia sexual, ‘A vulnerabilidade deve ser pensada em trés dimensOes: Individual > Professora da érea de Ciéncias, Especialista em Baducagio em Saide Pablica e Mestre ‘em Educagio, atua como Educadora em Satie Pablica na Secretaria Municipal de Edu- ccagho de Presidente Prudente-SP.

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