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(Copyright © by Luiz Pivio de Carvalho Costa, Georges Flexor, Raimundo Santos (orgs) ea, 2008 Direitos desta edigbo reservados & -MAUAD Eeitora Lids ua Joaquim Silva, 98, 5° andar emeo-eigio com a Eaitora da Universidade Rul (EDUR) ia BR 465, km 07. Sala 102 PL Projeto Gréfco: Niele de ArteMMauad Editors IMustragdo da $* Capa: Eduardo Ferrio Colaborapto: Pedro Ceminbs, Carla Verica do Nesiment, ; Teresa Pace CIP-BRASIL. CATALOGAGEO-NAFONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, 08.0276, cpp: 307.72 (cDu: 316.3455 @ Aniilise dos impactos regionais da reforma agraria no Brasil! Beatriz Maria Heredia* Leonilde S. de Medeiros** Moacir Palmeira*** Rosingela Cintrao**** Sérgio Leites**** Introdugio ‘Um grande mimero de pes: lado para a anise de suas condigdes internas,polticas a eles direcionadas e trajetérias dos assentados. Sao ainda poucds os estudos sobre o significado da implantago dos assentamentos rurais para as regides onde esto localizados. Esta é a preocupagiio cen- ral deste artigo, que buscou apontar os processos de mudanga por eles provocados no i lease Essas mudangas, para as quais 0 termo impacto pode ser excessivo, pois tende a Chamar a atengio para o mais visivel eespetacular, 68 se potencializam ao longo do tempo. Sua inte "escontextos (locas, regionais, nacionais), impedindo que se busque qualquer linearidade "esse processo de transformagio, Como resultados de mudangas de curto, médio e longo 20s, os efeitos da eiagdo de assentamentos fazem-se sentir tanto na vida dos assentados « dos projetos quanto fora deles. Longe de atribuir uma valoragio positiva ou negativa, afirmando sucessos ou fracassos da politica de assentamentos, procurou-se desenvolver ‘uma andlisevoltada & mensurago e qualificago das mudangas, buscando construr indica- dorese apontar elagées que refletissem o significado dessas experiéncias a partir da com- paragdio entre as situagSes atual e anterior dos assentados (tanto em termos objetivos quanto subjetivos), bem como entre as condigdes socioecondmicas existentes no assentamento & aquelas verifieadas no seu entorno. Além disso fi feita uma andlise dos efeitos resultantes, da ctiagio dos projetos nos niveis local ¢ regional [Em um sentido mais geval, discutir os impactos dos assentamentos significa aten- tar para uma multiplicidade de relagBes nas quais trajetérias diferenciadas implicam resultados diversos,impedindo qualquer procedimento apressado de generalizagto, Mai do que uma identificagao de impactos, trata-se de analisar os efeitos econdmicos, pol ticos e sociais dos processos de transformagio desencadeados pela criagtio de assenta- tmentos. Tais processos tém ritmos e intensidades varidveis ¢ incidem tanto sobre as familias dos assentados, como no entorno dos projetes Aspectos metodolégicos ¢ caracterizagio da amostra ‘A pesquisa tomou como foco algumas regides do pais com elevada concentragao de projetos de assentamento ¢ alta densidade de familias assentadas por unidade temtitorial, pressupondo que este procedimento traria maior possibilidade de apreensio dos processos de mudanga em curso. Tais regises passaram a ser denominadas man- chas e sua delimitagdo geogrfica nflo necessariamente coincide com outros recortes ‘ne mm UDA MPO NAA Bag 8 {o, identficadas pela légica da colonizagdo. A definigo de 1997 como éltimo ang contemplado dew-se pelo entendimento de que era necessério um tempo minimo de existéncia dos projetos para que se a que se pudesse observar os impactosgerados por ‘abela I apresenta alguns dados sobre a amostra ree Tabela 1: Caracterizasao geral das reas pesquisadas (manchas amostrais): regionais existentes (como, por exemplo,o do IBGE, govemos estaduais, Incra, movi- mentos sociais). O eritério para a sua definiglo foi a existéncia de um conjunto de os vizinhos com concentragdo relativamente elevada de assentamentos, tanto em miimero de projetos quanto em nimero de familias ¢ em érea ocupada, e com uma indica histrica, econémica, sociale organizativa comum. Foram selecionadas seis ‘grandes manchas, refletindo a diversidade da realidade brasileira: Sul da Bahia, Entor~ no do Distrito Federal, Sertio do Cearé, Sudeste do Pari, Oeste Catarinense e Zona Canavieira do Nordeste.? Dentro de cada grande mancha, foi selecionada uma mancha -omposta por um conjunto de municipios com as mais elevadas concentra partcipagdes da populacéo assentada em relago 4s populagées rural e urbane.? Nela foram aplicados questionérios ¢ elaborada uma anilise de maior profundidade. tuto Nacional de Col dos foram implantados pelo nizago ¢ Reforma Agr reriodo entre 1985 e 1997. Tomou-se como data inicial dessa periodizagao a ago do Plano Nacional de Reforma Agriria (PNRA), aie marcou uma diferenga em relagio ds politicas anteriores de assentamen- Os assentamentos a ° Se | ms cele | sk — a = ; : aeaal mare moss | a a r 536.2352 92 zoe Fonte: Listagens do Incra e dados da pesquise, Embora todas as manchas selecionadas apresentem concentragSesimportntes tan mento destacand-s tanto em nivel estado (mutes vezesreresentdo Proje ob anas ds asentaments existetes) quanto nacional, a parties dos Brojetos (ja em termos de rea ocupads se relies enas manchapesquiseda a indo diferen. ‘as regionais nas quais se inseze e& maior ou menor eapacidade orgaizativa dos assentados, fa hs com qu os efeiasprovocaes pela pesenga dos te Sejam bastante diferenciados. ovocados pela i sins de ass termos de familias assentadas) nos portante ressaltar que a amostiaé esta is Selecionados (anche a 0 ° ‘menos, da realidade naci i. Seansree ene (O surgimento das manchas e a territorializagio da reforma agriria ‘A-conformagiio das manchas, contrapondo-se & légica de desapropriagSes isoladas que caracterizam a intervengao do Estado na questo agra, jé por si, um aspect relevante das transformag6es que 0s assentamentos tém produzido no espaco regional (© Estatuto da Terra foi a primeira legislaglo a estabelecer uma sistemtica de inter- ‘vengioe de desapropriagio ca prever a indicasio de “éreas prioritiias de reforma agré- ria", mas elas nfo se tomarem realidade durante o perfodo militar. Uma perspectiva de alteragio desse quadro surgiu com a redemocratizaio, em 1985. A proposta de PNRA, pautada pelo Estatto da Terra, vsava o estabelecimento de zonas priortirias de reforma agréria. No entanto, a reagHo das forgas ant-reformistaslevou ao abandono dessa idéia. ai para frente realizaram-se desapropriag8es nfo planejadas que, embora bem mais fre- aqientes do que no regime militar, ocorreram na esteira dos conflitos e das mobilizabes sociais que, com o arrefecimento da represso, desenvolveram-se mais rapidamente. As medias que resultaram a ctiaglo dos assentamentos do periodo democritico, sem est rem orientadas para a realizago de uma reforma agriia “massiva", como exigiam os ‘movimentos de trabslhadores, mas adotadas sob pressfo destes, foram potencalizadas ” de desapropriagSes) ¢ por sua concentrapo nas regides em que os movimentos atuavam, mesmo nfo atingindo necessariamente éreas contiguas. A percepeo do sucesso do caminho adotado estimlou trabalhadores das cer- canias a seguirem na mesma linha, send feitas novas desapropriagdes, adensando-se os ‘assentamentos em determinadasdreas ¢ levando 0s movinentos a tentarem repetir @¢x- perigncia em outra tantas, Assim foram surgindo “reas reformadas" a posteriori ‘Acestreitarelagio entre as desapropriagSes eas iniciativas dos trabalhadores rurais ia quando so analisadas as informagGes sobre a existéncia iva do pedido de desapropriagdo. A quase totalidade dos s ) resultou de situagbes de conflito. Emn 89% dos casos, abalhadores e seus movimentos. Em itiva de desapropriagio partiu do Inera.* ‘eseus movimentos se evide tos e sobre a i sentamentos pesquisados (9 inieiativa do pedido de desapropriagto partiu dos apenas 10% dos assentamentos da amostra ai de coi Jas as formas assumidas pelas iniciativas dos trabathado- | res (As vezes envolvendo wma combinago ou mudangas delas ao longo do tempo mum 10 local), verifica-se, pela Ta smentos pesquisados re- sultaram de “ocupagdes do tera’ portan- te,estando na origem de quase um ergo (29%) dos assentamentos estudados. Tabela 2: Distribuigdo dos assentamentos pelas formas de luta utilizadas pelos trabalhadores, segundo as manchas (em niimero de projetos) Mancha [Resiséncia na tera [OcupacBo** [ours ***| Total (=100%) Sul da BA 5 (43%) sem | - 14 Serio do CE “4 (40%) 6 60%) 10 Entorna do DF 23496) 964%) | (am) | a4 Sudeste do PA 9 (90%) ra0% | - 10 Oeste de SC 16(64%) | 306% | 29 Zona Cenavieira Ne] 6 (24%) | 19(76%) 25 Total Gert 275%) | 59(64% | 60%) | 92 Fonte: Perfil dos Assentamentos - Pesquisa de campo ~ 2000. * Resisténcia na tera: inclu todos os casos de luta de trabalhadores rurais (moradores, parceiros, strendatirios, posseiros) para permanecerna terra onde trabalhavam efou mora ‘vam. Inui também os casos de “ocupapdes paulatinas”(quatto no Sul da Bahia e nove no ‘Sudeste do Para), que so silenciosas, via de regra por poquenos grupos de posseiros que ‘querem criar benfitorae ter, dentro de um certo tempo, o seu direito de posse reconhecio. [estes casos, os conflitos eclodem apenas quando a ocupasio é“descobert”,entrando em se is es massivas sua denominagao nos MST- Moviment das Trabathadores Rt ram para em algumas regides tem uma presenca mais importante que 0 MST. ros movimentos de luta pels terra ou mesmo para o movimento sindica, que io pertenceu aos trabalhadores © rs vim, cme ede tlre movment a camino __Anzlisando as manchas, vé-se que no Oeste de Santa C: lués transferéncias de populagdo promovidas pelo Inera, aimy tos passou pela ocupario de terras, As ocupagdes prevalect 1, com excepto de cia na terra nestas duastltimas manchas e das ocupagSes paula- Na mancha do Sudeste do Pa ‘mentos estudados surgiram de “ocupagdes pault sa era partu dos propos trabalhadores, O apoio de mediadores (sindicatos do traba- Ihadores rurais, Comissio Pastoral da Terra ~ CPT) s6 se tomou necessério quando surgi represiias dos propreiirios da tera, sob forma de ameagas, pressBes ou ‘oléncia direta de pistoleiros ou da policia. Esses conflitos, em geral, foram longos. Na mancha da Zona Canavieira do Nordeste, boa parte das ocupagdes (11 dos 19 ca- sos) esteve combinada com outras formas de lta, como a antiga resistencia de morado- res ou de pequenos parceiros e arrendatirios contra a sua expulsio das terras de enge- \dicagies (indenizagio trabalhista paga com ceessio de terra) de trabalhadores de p ‘um dos instrumentos desse luta generalizou-se nos anos 90, abrindo também a possibi- lidade de incorporar ex-trabalhadores da cana e desempregados vivendo nas pequenas cidades da regito. ‘Tabela 3: Distribuigdo temporal dos assentamentos dos municfpios pesquisados ‘segundo a data de sua criagio, por manchas (em poreentagens) gg| 2 | 3 ey 8, | fe reroto | ge | 8 | 88 | 5g gu | as ae) 3/8 | & a” | 85 Teesise | 25m | cow | 2am | 2106 sm | Se ssooiee[ ee [= | s* [ ee | 20m | ow | 2 weoise7| ore | som | 7% | 75% | som | am | 93% [cretais [caeow_[roose [ 200% [200% [soos | v00% | 200% Fonte: Listagem do Inera ~ 1999, 3s assentamentos estudados, como ja assinalado, foram eriados entre 1985 1997..No entanto, uma andlise da distribuicdo temporal da implantagdo desses projetos ‘mostra que ha variagGes importantes ao longo daquele perfodo: 25% dos projetos fo- ram criados no periodo 1985-89, apenas 8% no periodo 1990-94, e 67% no perfodo 1995-97 (cf. Tabela 3)" Essa variaglo pode ser atribuida, numa primeira aproximagio, as diferentes ori- entagies de agriria dos sucessivos govenos. A redugdo no periodo 1990-94 pode ser ex cia na terra (29%) € ocupagies (64% periodos de governo, pode estar circunserevendo tempos em que prevalece um ou outro tipo de conflito ¢ em que uma ‘ou outra forma de luta¢ hegeménica, reforgando as indicagbes de que as trabalhadores sio o verdadeiro motor das desapropriages. as dos Uma anélise mais detida das variagdes desse padrio geral em ceda mancka ppesquisada reforga tal perspectiva, A diminuigo do nimero de novos assentamentos no periodo 1990-94 é uma realidade em todas as manchas estudadas. A excegio é 0 Pari. O ‘aumento do niimero de assentamentos no periodo 1995-97 também é geral. A excegio & ‘Santa Catarina. O Sudeste do Paré ¢a iniea mancha em que se tem um aumento progres- sivo do nimero de assentamentos entre 1985 ¢ 1997, sendo esta uma tendéncia que atinge o estado do Paré como um todo e, mais amplamente, a regio Norte. O que parece estar ‘em jogo nesse privilégio & Amazénia é uma soma da pressio dos que lutam pela posse da terra com a velha idéia da colonizagdo como altemativa a reforma agriria (cultivada pelos governos militares ¢ por alguns ministros do perfodo democrdtica) ecom a perspec de bons negécios fundidrios, com a desapropriago pelo Incra, a prego de mercado (ou acima), de antigas reas piblicas adquiridas por valores infimos por particulaes. A concentragtio da criagio de assentamentos em Santa Catarina no primeiro peri- odo é 0 resultado das ocupagses massivas de terra no Oeste do estado levadas a cabo pelo MST e por alguns sindicatos de trabalhadores ruris, com apoio da CPT, quando do langamento da Proposta de PNRA. Essa mobilizago fez com que, nos dois primei- ros anos do governo Samey, esse estado, com menor concentragio fundiéria no pais, estivesse entre aqueles com maior nimero de desapropriages ¢ assentamentos. (Chama ainda a atengio a situagao singular da Zona Canavieira do Nordeste. Foco reconhecido de tens6es sociais desde pelo menos meados dos anos 50 e locus de atuan- tes movimentos de trabalhadores rurais, esta mancha teve um nimero extremamente | _baixo de. desapropriagdes e de assentamentos no periodo-1985-89. 0 grande-salto sé ecorreu depois de 1995. 0 fato novo, capaz de explicar essa distribuiglo no tempo, 6a tise sem precedentes em que mergulhou a agroindlstria canavieira a partir da segunda tmetade dos anos 80. Nos éltimos anos, mais de 15 usinas fecharam em Pernambuco sem saldar suas divas, inclusive as trabalhistas. As ocupagOes de tera, até enti pou 0 expressivas na regito, na esteira da atuapo do MST, tomnaram-seo instrumento de éspectficas que, nas manchas pesquisadas, levaram a uma concentragZo de projetos de assentamentos: a grande valorizagdo das terras ¢os fortes fluxos migrat6rios no Entomno lavouras cacaucira no Sul da Bahia, canavieira ne Zona algodoeira no Sertdo cearense (intensificadas pela ocorréncia de dade de reprodugo da pequena agricultura no sul do pais; a reendimentos patrocinadas pelo Estado no Sudeste do Pars. A concentragio regional de assentamentos é assim uma resultante objetiva das lutas empreendidas, que se tomam objeto de reapropriagdes ¢ racional diferentes atores. Nesses enfrentamentos, os movimentos de trabalhadores tém conse- ‘guido definir “éreas prioritérias” para as intervengdes do Estado e tém sido hegemOnicos no desenho de modelos de “assentamento”, vale dizer, de padrées de relacionamento las propostas dos movimentos, esto muito tura camponesa” do que daquilo que é social que, se nfo sio aqueles idealizados; mais proximos do que é valorizado pela propugnado pelos planejadores estatais A presenga dos assentamentos na dindmica social e politica regional 0s assentados e suas familias Grande parte da populaedo assentada jé vivia na zona rural da prépria regia antes de vir para o assentamento: mais de 80% da amostra originam-se do préprio municipio ou de municipios vizinhos de onde esté localizado 0 assentamento;' 94% deles jf tinham alguma experiéneia de trabalho na agricultura Quando se anatisao tipo de trabalho exercido imediatamente antes de vir para 0 assentamento, constata-se que 75% dos assentados estavam anteriormente ocupados idades agricolas, como assalariados rurais permanentes ou temporétios, possei- rceiros, arrendatérios, membros nfo remunerados da familia.” As ocupagées pre- inantes em cada mancha refletem claramente a problemiética agririadescrita ante- riormente. No Sul da Bahia, destacam-se os assalariados rurais permanentes (45% da populagao assentada), provavelmente ex-assalariados das fazendas de cacau, No Ser- to do Ceard, destacam-se 0s moradores (58%), relagdo predominante nas fazendas do sertdo, No Entorno do Distrito Federal ena Zona Canavieira do Nordeste, predominam assalariados ruras temporirios ou permanentes (mais de 40%), seguidos de posseiros! parceiros/arrendatirios, retratando uma populagio que vivia subordinada is fazendas. ‘Na mancka do Sudeste do Par8, predominam os membros no remunerados da fan (43%) e posseros (11%), indicando possivelmente que os assentados sejam parentes de posseiros em Areas de ocupaga0 mais antiga, Ja no Oeste de Santa Ca 44% eram parceros/arrendatrios ¢ 14% membros no remunerados da fami foes), refletindo a rise da agricultura familiar naquele estado. lago ao nivel de escolaridade dos responsiveis pelo lote, constata-se que, fundamental, da 8a série. sendo que 32% munca Esses dados sto seme! anos ou mais, 2% a freqtlentaram a juges e da populagdo assentada com 30 Os assentamentos vém possibilitando, portanto, 0 acesso a propriedade da terra para uma populaglo historicamente excluda e que, embora mantendo algum insersio no mercado de trabalho, o fazia em condigdes bastante instiveise prec As pessoas que passam a morar nos projetos de assentamento nio vém sozinhas: «maior parte dos responsiveis pelos lotes desloca-se para oassentamento com a fatni- Jia, Em termos gerais, os lotes dos assentamentos estudados seguem, em sua composi io, 0 padraio comum a agrc 3, sendo habitados por uma familia nuclear (pais, mies e filhos) que passa a ter no local uma importante fonte de trabalho ¢ condi- es de reproducao social e econdmica. pura far Em mais de 80% dos lotes vive filhos dos responsiveis, a maioria menor de 14 anos, com uma media em torno de trés flhos por f Uma parcela signifi dos lotes (24%) conta também com outros parentes, como pais/sogros, gentos/noras, i= iios/cunhados, netos ete, Eles, em geral, nfo viviam com a fa assentamento e foram sendo ineorporados a unidade doméstica," 0 que indica que os assentamentos vém atuando como mecanismos de recomposigdo das famil tribuindo para a reconstituigto de lagos familiares (antes desfeitos ou ameagados pela necessidade de deslocamento de flhos, pais, irmios, em busca de alternativas de sobrevi- ‘véncia) quanto funcionando como uma forma temporéria de amparo para familiares, O deslocamento para o assentamento no envolve somente familias isoladas (ou com agregaeio de outros parentes), mas grupos de familias aparentadas: 62% dos assen- ‘ados contam com familiares em outros lotes. Assim, os assentamentos também parecem ‘grupar (ou reagrupar) partes de comunidades, quando no comunidades intiras viviam na drea desapropriada, fo dk 5 além dep ai das relagdes existentes, acaba muitas vezes acarretando o rearranjo espacial de fam (com a formagio de novos lagos vicinais), provocando a convivéncia com pessoas pou- © conhecidas ou mesmo desconhecidas, proporcionando novas oportunidades de en- ‘ontro ¢ convivéncia e impondo novas formas organizativas, Os assemtamentos e sua organizagao interna A localizagio © 0 tamanho das dreas destinadas aos assentamentos rurais tém de aleats vez que resultam ds confltes que se vio manifestando e tra- etm, em algun grau, as marcas da estrturaagriria, Uma comparagio entre as, levando em conta a extensio das dre familia assentadas, eva-nos a distinguie de is dos projetos eo nimero locos. primeiro inclui o Sudeste do Pari, Entorno do Di 20 qual: to Federal e Serttio do iam tendencialmente associadas grandes extensbes de drea e grande ec ous nn, ao. Monon Moun Pt Ross Comes S001 sade de familias (mais de 60% dos projetos acima de 2,000ha ¢ acima de 50 familias). O segundo, compreendendo o Sul da Bahia e Oeste de Santa Catarina, com secentamentos tendencialmente associando pequenas extensbes de drea e poucas fami- tins (amaioria 6 menor que 1,000ha e er menos de 50 familias). © teresiro envolve & Zona Canavieira nordestina, na qual pequenas extensdes de drea esto ass tmuitas familias, traduzindo uma maior densidade demogréfica rural e urbana (mais de {60% dos projetos tém menos de 2,000ha e mais de 50 fami iadas a “A-frea média dos lotes € de 35,Sha no total da amostra, com grande variagao entre ‘as manchas, indo dos 7,8ha da Zona Canavicira do Nordeste aos 72,6ha do Sudeste do Para, Hé um corte nitido entre Sul da Bahia, Oeste de Santa Catarina e Zona Canavieira nordestina, com tamanho médio de assentamentos de menos de 2,000hs ¢ lotes menores ‘que 20ha,e Sudeste do Pari, Entomo do Distrito Federal eSertio do Cearé, com tamanho = médio de assentamentos superiores a 8.000ha c lotes, em média, com mais de 30ha. E ‘A organizagio espacial interna dos projetos parece seguir em geral um certo pa- tores familiares na regifio em que estio inseridos, mas nem por isso deixa de apresentar inovagies. ‘Na maior parte das unidades pesquisadas, a casas esto localizadas nos préprios Jotes. Em pouco menos de um quarto dos projetos, foram encontradas agrovilas (amsio~ ria no Sul da Bahia e na Zona Canavieira), geralmente coexistindo com formas de nucleago da populagdo anteriores ans assentamentos. Na mancha do Sertko cearense, cexistem comunidades (agrapamentos de tamanho variével de casas de assentados) com os rogados em tomo. As areas destinadas a pastagens mi . cago, que organiza aatividade eco- ‘némica de seus membros, 0 assentamento, no seu todo, tem uma cooperativa central que coordena essas associagSes. Na mancha do Sudeste do Pard, embora a maior parte & ocupasio das éreas provocot 0 surgimento c/ou expansio das casas esteja nos de povoados que, em alguns casos, estdo se tornando conseqéncia dele. Uma nova forma de organizagS0 so os micleos, divisbes politica” corganizativas intemas ao assentamento, propostas pelo MST, para discussto de pro mas e encaminhamento de demandas ao poder piblico. Na mancha da Zena Canavieira do Nordeste, sedes de antigos eng lugares de sociabi- ‘ANALIS 005 MPAETOS REGIONS DA REFORM AGRARIA NO BRAS Os assentamentos rurais estudados nfo alteraram radicalmente o quadro de con- centraglo da propriedade fundiétia no plano nacional, estadual, ou mesmo nas regives «em que esto inseridos, motivo pelo qual no se pode classficar a p sentosrurais como um profundo processo de reforma da estrutura fun [Nos estados abarcados pela pesqui a de asse ria, a comparago da drea total de todos assen- tamentos rurais implantados pelo Inera até 1999 (excluindo os assentamentos realiza~ os pelos governos estaduais) com a area total dos estabelecimentos agropecuirios estabelecida pelo Censo de 1996 mostra que, com excegiio do Pari, a participagio da rea dos assentamentos na drea dos estados oscila entre 0 © 5%. Tabela 4: Participagio da drea dos assentamentos na dea total dos estabelecimentos agropecudrios as vezes so coletivas. Nos s,€om pequenos centros CO- mnerciais e de servigos, aaindo outras categorias além dos préprios assentados. Na mncha catarinense, #s casas esto nos lotes € as comunidades (espécies de bairros rutais) seguem o padrio local e podem preexistr o assentamento ou formar-se come un | mucines ssuscs. | ghvoura venue | recsactam | atti | SMS rysepagae me | praca dex_| peru oe TTestersconetoe | SSPE S| FREE oS ater a panatee | pcltiactt eaevon ™ [am [aoe a wimwe fe caw |e ame mam = wean [am a mee Sacco [maa : xem =a nas = 3 9 ieee moroere | ase | anim ‘mae are ot es Hants sew | ara aw em Fontes: Listagem do Incra (1999), IBGE (Censo Agropecusrio, 1996). iados pelo Incraatéa conjunto dos mun a mancha ) cafes, cua poencaliag retaciont-se com a capacidade organizativa dos assent (! dos ¢ com a conjuntura politica local em que se inserem. ‘A fase inicial de chegada a0 assentamento (nos casos em que a populago nao vivia na rea) € bastante dificil, pois tudo no lote esta por fazer, 4+» pSTRATO DE AREA; busca idenificaraptcipago da ea total dos lotes dos assen- al dos estabelesimentos nas clases de tamentos pesquisados em relago & dr ins (segundo dados do Censo Agropecuério-1996). Utlizou-se a a do lote declarada pelos assentados para estabelecer os estratos de drea predomi ‘mancha, que foram: 0/4 20ha na Zona Canavieira; 0 a S0ha no Sul da BA, Sestto do CE ¢ Oeste de SC; 0 2 100ha no Entomo do DF e Sudeste do PA. tem grande importincia 0 acesso aos créditos de it ‘plo ov apo administrados pelo Ineta através de trés modalidades: fomento, itagio ¢ alimentagdo. Nos assentamentos estudados, verifica-se que 81% das fami- is foram atendidas com erédito-fomento, 72% com erédito-habitagdo e 74,63% com imentagio, o que revela um grau razovel de cobertura, No entanto, nas manchas amostrais estudadas, a relagdo entre @ rea dos as- sentamentos ¢ drea dos estabelecimentos agropecuérios nos municipios é signi cativamente maior, indicando um processo de territorializagdo da reforma agréria, Como se pode ver na Tabela 4, ha variagées importantes entre as manchas (e mes- mo entre os muniefpios que comptiem as manchas), indo de apenas 3,1% (dados de 1999), na mancha do Sul da Bahia, até 40,39%, na do Sudeste do Paré. Assim, se no plano dos estados o impacto é em geral modesto, nas dreas escolhidas tende a ser expressivoe, em alguns municipios, chega a ser muito grande, com erescimento significativo entre 1997 e 1999 ‘A ttima coluna da Tabela 4 refere-se a um exercicio aproximativo que busca éimensionaro impacto fundisrio nos municipios em relagdo s clases de rea nas quais. se inserem os lotes dos assentados. Neste caso, constata-se um impacto muito significa- tivo." Emalgumas manchas, como no Sertio do Ceard, no Sudeste paraense ¢ na Zona da drea dos assentamentos 6 maior do que érea ocupada mentos agropecusrios na época do recensea- ragdo ‘Noentanto, é necessério relativizar esses dados, em fungo do atraso na liberagao 0s, Se for considerada a data de criagdo oficial do projeto, os eréditos-fomen- dito-habitago levou mais de dois anos (28 meses em médi fase inicial e comprometendo a capacidade posterior das familias no desen de suas atividades.” ‘Quando perguntados sobre suas condigbes atuais de habitagio em relagao is ante- riores, 79% dos entrevistados consideram que houve melhora, com algumas variagBes regionais. Na média, 86 8% dos assentados apontaram piora. Uma avaliagSo do tipo de construgéo corrobora esta percepedo: 74% das casas dos assentados nas manchas pesquisadas sto feitas com tijolo ou bloco, sendo que, antes de serem assentados, esse indice nao passava de 39%. A liberagao dos créditos ¢ as mudangas no padrlo de habi- {ago implicaram também uma dinamizagto do comércio local (pela demand de mate- Tia) e no mercado de trabalho (ramo da construgdo ci fundiaria nos espag Com relago ao impacto demogrifico, embors a populagdo assentada nfo tenha arande peso sobre a popula total da regido como um todo, sobre a populagso rural dos municipios, em varios casos, seu peso ¢ significative, Uma inf com ressalvas, de que @ intensificaglo dos assentamentos tenba contribuido, senfo para ampliar a populagdo rural nos municipios analisados, pelo menos para estancat ios de menor porte populacional, a popullagio dos assenta nos érelativamente importante, mesmo quando comparada & populago urbana. ‘Quanto‘aoabastecimento de dua, a maioria dos assentamentos pesquisados apre- Senta fotes com problemas de falta de égua ou com égua de baixa qualidade. Em cerca 4: 46% dees, os informantes afirmaram haver lots com problemas de recursos hidricos Para a produ Avrede elétrica existe em 78% dos projetos, mas somente 27% deles sAo servidos 58 sua totalidade por ela. Em 66% dos casos estudados, a energia elétrica foi instalada 8p6s a constituicio do assentamento, ¢ em 53% das projetos onde ha energia, os entre- Vistados afirmaram ter sido necessiia reivindicag3o para obté-la, A telefonia piblica é pouco difimndida: somente Sienifica que qualquer emergéncia referente& sade ou funci % dos projetos a ‘Acesso a politicas piiblicas e condigdes de infra-estrutura Emtermos gerais, a € tempo, como em termos financeiros. relago as cidades com as quais os ‘camento em torno de uma hora, projeto (46% dos: centrevistados, em 70! hha inacessibilidade na época da chuva. mais quendo se consideram as vias pesquisados todos os lates so acessiveis durante 0 ano todo. Ass assentados esto sujeitos a dificuldades ‘va, tanto agravando as condigoes 5), ou parte de terra e parte de asi 10s casos as estradas nfo stio boas, sendo que em metade deles ‘As condigaes das estradas se agravam ainda 7 "* peedominam as estradas de terra até a entrada do (34%). Na avaliagio dos ternas: em apenas 18% dos assentamentos de circulagiio, em especial nas épocas de chu- de acesso a servigos de saiide e educagio quanto | _gerando dificuldades para « comercislizagio da producto. Com relagii ao transporte ct ‘observagies de campo indicam que, em sulos e maquin Jo, apesar do quadro geral de precatiedade, as ‘varios municipios, as das Prefeituras, tais como Onibus para trans- ‘a presenga de assentamen- 's¢ tratores, Também provocou mudangas em itinerdrios de Tinhas de Gnibus ea ampliagao dos servicos: {ernativos, como mototaxis ¢ caminhone- tes, provavelmente favorecendo também localidades vizinhas. tos inve fo que se refere & educagao, verifica-se ¢assentadas é com a exist2ncia de escolas para seus filhos. Em 86% dos proje- igados existem escolas, sendo que, em grande parte que uma das grandes preocupagées das eles, elas foram criadas depois de instalado 0 assentamento (84%). Essa elevada presenga de unidades de ensi- no parece ter sido produto da demanda dos assentados:em 71% dos casos houve neces sidade de reivindicagdes para a criagio sTRs), organizagbes nio-governament ‘mesmo na direpo das escolas entre 7 ¢ 14 anos, ¢ em tomo de 60% comparativa, feita pelos assentados ent com relagdo aos servigos de educago centr (0 quadro toma-se menos favorév projetos com escola apresentam salas multisseriadas e, ccem somente até a 4a série do ensino fundamental, Etn soment 8% série, Inexistem nos assentamentos estudados estabele~ éenicas. A conti cescolas, estas oferecem até a cimentas de ensino médio ou es relacionada com a oferta de as criangas em geral chegam até a fem apenas 28% estudam até a 7a ou 8a residéncia no assentamento parece ‘alta da populagdo em idade escolar a freqtenta: em torno de 90% das criangas de estabelecimentos escolares. As Prefeituras Js mantenedoras das escolas nos assentamentos (87% dos projetos) as de parcerias entre movimentos sociais (MST, (ONGs) e poder piblico na manutengdo ¢ favorecer a ida & escola. Uma poreentagem dos jovens entre 15 ¢ 19 anos. A avaliagio revistados, entre a situago indica que, apesar das d atual ¢ a anterior Indes, 70% dos tados pereedem melloras, o passo que 20% consideram igual € 9%, ior. quando se observa o nivel do ensino: 77% dos ‘em 73% deles, as escolas ofere- 9s com, jidade dos estudos parece estat jor do assent io: em 45% dos projetos, série, Nos projetos em q) deforma geral, 08 j j a ste gna so ee elt seroma of ie) este sentido, a educagio oferecida as assentados ainda é claramente insuficiente (em qualidade e grau de escolarizapo) tendendoareproduzir, em um padio superior, a8 debilidades de formagio da populaedo adulta, ramente ‘Chama ainda a atengao a presenga de programas de educaglo de jovens e adultos, ‘onstatada em 64% dos casos pesquisados, a maior parte delespatrocinados pelo Programa Nacional de Educagdo para Areas de Reforma Agritia| (Pronera)” ¢, em menor parte, por Prefeturas, sso vem permitindo que uma parcela da populago adults tena chance de ser alfabetizada no proprio assentamento: nos projets pesquisados 6% dos adultos acima de 40 anos freqlentavam a escola, Boa parte dos cursos € voltada somente para alfabetizagio, ‘com nfimero de salaslimitado, duragio curta e sem perspectiva de continuidade. No que diz respeito aos servigos de saide, embora a presenga de agentes de sat de, geralmente pagos pelas Prefeitura, sejasignificativa (78% dos projetos), ide salde existem em apenas 21% dos assentamentos pesquisados, 2 maioria porpressio dos assentados. Onde ha post de sade, raramente hi presenga regular de médicos.” Dada essa precariedade, os assentados procuram servigo de satide na sede do proprio municipio (em 92% dos projetos),em municipios vizinhos (4274) ou em cidades que sto pélos regionais (25%). os postos (Ou seja, acriagfo dos assentamentos, em especial quando envolve deslocamento de populagtio de ‘efpios/regises, implica forte pressio sobre 0s servigas de sade locais, sabidamente ja deficientes no que se refere a atendimento, ¢ tende a de- sencadear novas reivindicagdes ou a engrossar as jé existentes. Considerando-se adis- tincia dos assentamentos em relagao aos centros urbanos, a dificuldade das estradas e/ ‘ou acaréncia de transporte coletivo, a precariedade do atendimento a sate tem efeitos raves sobre a vida dos ass Associativismo e participagio politica ‘A precariedade identifiada com relaglo infraestroture,alinda as dificuldades de estabelecimento na terra eAquelas mais gerais de reprodugdo da agricultura familiar, faz com que a criagdo do assentamento, a0 invés de ser um ponto final de wm longo ida para novas demandas para sua viabilizaeao "Anova stuagdo abriga os asentados a vivenciar experiéncias que, asta situagdo de vida anterior, dfieilmente ocoreriam. Passam a orgaizar-se, proce rar os poderes piblicos, demandar, pressionar, negocia, enfim, um amplo espectro de atividades que 0s colocam frente ao exerciio da participagto politica. A pesquisa constatou que, nas dife ses manchas, a presenca dos assentamentos Provocou mudangas nas relagdes entre os trabalhadores que neles vivern ¢ as eutorida- ais, quer impondo aestas novas formas de atuagio, quer reforgando mec: isos. ‘As associag&es, presentes em 96% dos assentamentos pesquisados, sio a forma predominante de organizagao representativa dos assentados, Sua existéncia é pratica- ‘mente obtigat6ria, pois, como personalidades juridicas dos assentamentos, formalizam 05 contatos com organismos do Estado e outras agéncias, ‘Com menor freqiéncia, foram identiicadas, em alguns assentamentos, organiza- bes representativas eas. Constatou-se ainda, em algumas situapdes, a presenga de representantes dos traba- thadores assentados em 6rgios colegiados de gestdo municipal (Conselhos de Desenvol- Snide, Educagao, Agricultura), em Secretarias Municipais de Agricultura © como candidatos a cargos eletivos nas disputas locais (vereadores e prefeitos. Esses dados indicam que a experiéncia politica da luta pela terra (qualquer que tena sido sua forma) acabou por produzir liderangas, formas de representaco, um, aprendizado sobre a importincia das formas organizativas ¢ sobre sua capacidade de produzir demandas. Assim, a existéncia dos assentamentos, em alguma medida, modi- - local A presenga dos assentamentos na dinimica econdmica regional Possibilidades de trabalho ¢ geragio de emprego ‘Num cenirio em que se destacam a crise de importantes setores da grande agr cultura eas dificuldades na reprodugao da agricultura familar, ao mesmo tempo que hé um relativo fechamento do mereado de trabalho para os segmentos menos escolarizados dda populagao, em diversas manchas os assentamentos representam uma importante al-_ temativa de trabalho e acesso a tera d apontado, nas dreas pesquisadas a populagao assentada ¢ origina do io ou de municipios vizinhos, os responséveis pelos lotestém baixa escolar eenftentavam, em momento anterior, uma instvelinsergdo no mundo do ho ruraagricola. Com a criagl0 do assentamento, torna-se possvel para es suas estratgins de reprodusio familia ede sustento econdmico n0 , associando as atvidades ai desenvolvides virias outas, muitas dela ar cia do assentamento jor de 14 anos nos projetos pesquisados, 79% trabalh 10 lote e também fora dele, 1% somente fora do lote ¢ 9% Sam sen ge a dsclararem nto trabalhar, Ou sep, 90% dos assentados maiores de 14 anos trabalhe. le trés pessoas por lote, Dos que fiziam algum : 44% 0 faziam em carster eventual, 24% em carater temporitio © 31% de modo permanente. E interessante ‘observer ainda que trabalhavam fora do lote, 56% exerciamn earn itelindotrbalos to agricolas gras pea implantasio do projet (cons, trasdo de estradasc infta-estrutura coletivs professors, merendeit, agente de suide trabalhes coletivos, beneficiamento de produtos etc). : ue dos idades somente dentro do préprio as- Apesar de se configurarem nitidamente como geradores de emprego, os assent. mentos também esto syjetos&suida(temporitia ou defntiva) de pessows. 28% dag familias nos assentamentos das manchas pesquisadas ja ‘menor na Zona Canavieira nordestina, em toro As 15%) Das saidas, 42% sfo ocasionados pela busca de trabalho lou catra tone % dos lotes dos assentamentos pesquisedos (chegando a 60% no Ceard).” No tot perderam membros em fungio da busca de trabalho, A producao agropecuaria ee bastante grande a dversidade de produtos origindrio dos assetamentos. O us "o I apresenta, para cada mancha, os cinco produtos agricolas com maior porcen- og de produtores que planton, vendeu e que considerou importante na sett 1998) 53 Foam lies, indo ogc sind of he odor Sm maior patente Va da Produsdo (VBP) dos lotes.” , acme Quadro 1: Principais produtos vegetais cultivados na safra 98/99, segundo o néimero de assentados que produzem, vendem, a importancia atribuida e o Valor Bruto da Produgio, por manchas* considera importantes, embora com diferengas entre as manchas. Essa esco _yalor estratégico, pois trata-se de produtos a0 mesmo tempo facilmente com ce cruciais na alimentagao da familia. Na mesma diregdo, porém com menor relevancia, seguem inhame, banana e arroz. Complementarmente no sio despreziveis as culturas ceminentemente “comerciais”, como algodiio, cana-de-agicar, abacaxi e furno. . ces be Analisand a patcpasto dos diferentes produtosagropecurios no VI ' * Wl A indo, da criagto animal, apenas leite e ovos),” constata-se que as dez primeiras pos : i ay au gies (que representam 78% do VBP) correspondem a leite, mandioca, milho, feijgo, é i a ee ee eee er = presentam 48% do VBP eos cinco primeros, 61% oo — sacmean | Anticon | mento csc eo Com relagdocriagto animal, a Tabla apresenta a pauta dos produtos produzi- aoe sents dos, vendidos e considerados importants. sat Tabela 5: Produtos pecustrios produzidos, vendidos e considerados importantes plas familias assentadas, por manchas (em %)* Sar | eta eevee : ‘Scum nee ae ee ee ere eee |e —— sinew | tonmerervoen | me ¢ ¢ | -lele es Elelaldlalaldlalalé Beeleyeleye/ayeyale tee ta Te a ce ecatee "| ‘ccm prune fle a alec ‘er bana rt Q 2 : a aes are gt aes Eanes | Memonoesmaen see | tim | en ae SOR Od tonne | tate sont 2 | 63 Fonte: Pesquisa de Campo, 2000 (referent safra 1998/99) e PAM, IBGE, 1999. (*) Este quar foi montado tomando-se, para cada mancha, 0 cinco progutos com mi pprtcipagdo percental: de entrevstados que declararam produzir, de entrevistados que de~ clararam vender; de entrevistados que declararam considerar produto importante, Ctulas com um tragosignificam que no howve produto com paticipaso de pelo menos 1% do total ‘na tabela comrespondem ao total de entevistados da amostra. Além dos c produto a «de 83 assentados (5,3% do total) declarou outas cria 'sis coma abelha e pee. ** No caso da bovinocultura, objetivava-se saber se a producio mais importante era de te ou de co ‘Verifica-se que ndo ha necessariamente uma coi iam: porcentagem dos assentados entrevistados que declara ‘Vendem: poreentagem dos assentadas que delarara tet vendida algum animal no no anteio. cia entre 0 produtos mais esses € 05 pr 0 produtos de wr VBP. Milho, mandioca e feijio sio nitida- ivo mais generalizado e que um maior nimero de assentados TImportante: porcentagem dos assentados que declararam ser @ produto importante, No eso das aves, o percentul relativo & vend refere-se tanto A came quanto 80s Ovo. A ctiagdo de gado bovi te quanto de corte, destaca-se em pratica- todas as manchas, exceto no Sul da Bahia ¢ Zona Canavieira, sendo especial- ‘mente importante no Sudeste do Pari (venda de bezerros e produ de lete), Oeste de Santa Catarina e Entomo do Distrito Federal. A criagdo de aves destaca-se em niimero de produtores, mas parece ser destinada sobretudo para consumo (came ¢ ovos), a no nchas do Sudeste do Paré e do Entomo do Distrito Federal, nas quais tam- 40 comércio. A criagio de suinos é freqiente (com excegdo das man- ‘has do Sul da Bahia e da Zona Canavieira) e quase exclusivamente para consumo, Caprinos e ovinos aleangam alguma importincia somente no Sertdo do Ceard sernas O extrativismo tem importincia pontual em algumas manchas: piagava no Sul da Baia (onde 44% dos entrevistados produzem e vendem) ¢ erva-mate no Oeste catarinense (vendida por 14% dos assentados e figurando entre os produtos com maior VBP). Ainda com alguma importincia para venda aperecem a madeira em estacas no Sudeste do Paré (onde 17% declararam vender) c a lenha para carvio no Oeste Catarinense. Outros produtos extratives mencionados, com alguma importincie apenas Dara consumo ¢ com variagdes entre as manchas, sio lena, atgila, madeira em toras, (para cereas e construgdes) ¢ ervas medicinais Impactos na pauta produtiva local Um exereicio de comparago entre os dados de produgo obtidos pela pesquisa e (08 dados estatisticos secundirios pode dar alguma indicagao dos impactos dos assenta- ‘mentos estudados nos municipios onde se localizam.” iva aproximada da produgio dos assentamentos para o ano agricola 1998/98) ea produsao verficada nos municipios (pelos dados da PAM/PPM de 1999 & do Censo Agropecusrio de 1996), verifica-se que, de modo geral, os assentamentos equivocamente contribuem para diversificar as pautas de produtos agropecuérios, toduzindo novos cultivos inerementando sigificativamente a produgdo de alguns itens secundétios das pautas locais. Mesmo em relagdo a certs produtos jd tradicionais ipios, os assentamentos se destacam ta-doce, fumo, mamao ‘vos, pepino, quiabo e tomate (na comparagao com o 1996). Ne do Sertdo do Ceari, os assentamentos (23,7% da drea) Portante participaeo na produgto de ovos e, na comparagio com 0 Censo de 1996, mbém na de algodao. Nessa regio, porém, ndo tiveram maiores efeitos quanto & ‘enovagio da pauta produtiva regional. Na mancha do Entommo do Distrito Federal, que ocus apenas 5.4% da rea dos estabelecimentos agropecuirio, os assentamentosinto- aera culive de batat-dooeedestacaram-se n produgio de marauji, vos, srga ¢,sinda (aa comparagdo com 0 Censo de 1996), de ferinha de mandioea e mandicen, a mancha do Sudeste do Pari na qual os assentamentos ocupatn40,4% dare, destacon, se produsao de arrz, lite, ovos, soja, ainda (na comparagio como Censo), de sbbe, 1p, acerola, cana, cupuagu, fava, ger

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