You are on page 1of 6
928 Mundo rra brasileiro: enssios Costa, Gorges Flexor, Raimundo $ (Copyright © by Luiz Flévio de Carvalho Cost, Georges Fexon, ‘Raimundo Santos (og. et al, 2008 Direits desta edigio reservados & -MAUAD Buitor Lda (0—RJ— CBP: 20241-110 79.1422 — Fax: (21) 3479:7400, ‘wwwimauad.com.br em co-tigso ‘om a Fait da Universidade Rural (EDUR) Rovovia BR 465, km 07, Sala 102 PL CEP: 23890-000~ Seropéica ~ RJ ‘Tel: (21) 2682-1210 - Rs 3274 cdu@uti.be woreditora fs be Projeto Grfico: ‘Niele de Artesia Eaitora Mustragdo da #* Capa: Eduardo Feri Colaba Pedro Caminh, Cala Verbica do Nescimento, ‘Regina Cohen, Guilherme Mota Teresa Pai IP-BRASIL.CATALOGAGRO-WAFONTE Luiz Flivi de Carvalho Rio de Janeiro. ‘Mauod X ;Seropéi cpp: 307.72 (CDU: 316.334.55 As reunides em um assentamento rural como rituais! John Cunha Comerford* © assentamento da Fazenda Sio Bemardo?, no Norte Fluminense, foi eriado em 1987, a partir da transferéncia de parte das familias que haviam ocupado terras em umn ipio da Baixada Fluminense. Desde entao, a Associaglo dos Trabalhadores Ru- da Fazenda So Bernardo promove reunives (assembléias) semanais, alm de reu- nies, também semanais, do Conselho Fiscal. Reunir-se para discutirtomou-se um as- pecto importante e bem estabelecido da vida dos assentados ligados a essa associagaio, a0 contrério do que ocorre no caso de muitas outras associagées de assentamentos ruras, inclusive da outra associagdo existente nesse mesmo assentamento (e Associa «80 dos Moradores ¢ Amigos da Fazenda Sao Bemnardo)*. Além des reunises “rotinei- 1a, a Associago dos Trabalhadores promove ou apéia a promogio de outras reuni6es ‘no assentamento, como “cursos téenicos” promovidos por ONGSs ou pela Emater, reu- rides para “formagéo promovidas por organizag¥es como a CPT ou o MST, oureunises visando & organizagdo regional ou estadual dos assentamentos. A realiza- of de reunides & polos di 4 bathadores como importante indicagio do grau de organizagdo do assentamento (visto como um dos mais organizados do estado). Assim, acada semana, os ditigentes daAssociago se encontram para preparar urna Pauta de questdes (na reunio do Conselho Fiscal) que se considera devam ser discutidas coma comunidad, ¢toda semana uma parcela considerdvel dos membros da Associngo Seencontra na sede da entidade para a assembléia, em geral juntamente com assentados ‘Mento sio membros da Associago, assessores, técnicos do estado ou de ONGs, eventu- rente politicos, ou sinda dirigentes de organizagdes de trabalhadores (CUT, MST). ‘Toda semana, essas pessoas fazem uma oragdo (a reuniio € aberta com um Pai- Nosso),reatizam uma reflexdo em tomo de temas religiosos —geralmente relacionados a ‘Aninopélogo. Atualmenteé professor do CPDAJUFRRI. Jos Cum, Connon _ meemricaca core (2) ands guns dnd mesmn vw Oe i .96es prolongam-se muito sem ne- corn o cotidiano do assentamento (da comunidade) e desenvolvidos de mancira bastante ‘laborada por pessoas que sfo praticamente “especialistas” nesse tipo de reflexio-, ou- ‘vem os informes transmitidos pelos dirigentes ou de quem mais queira divulgar alguma informagao que considere de interesse geral,¢ Me reunies “ndo resolveram nada”, de que as dist shuma conclusto, ou, tadas.Aabservago case sempre comobor St jndependente dos resultados em termos das finale s 5 a eee aba por er una ie de fets soins relatives cratos, oréa fundamentais para o process e formato do gripe ¢ PALA indica a ents. Talvez por isso seja to importante man: reas eunides e sua freqiénca, apesar das relamagdes J #00 ja, etalver isso jude a expicar po que wa mesma pessoa pode, so mea fro, EAS aioe conservls poco produtives. Par melhor situa esses efios #8 Fever algumas consideragSes arons a respeito 60 assetamento¢ dos assentados .cutem os pontos ¢ pauta previamente definidos, procurando chegar a decistes a respeito de cada ponto através do consenso ‘ou do voto. Discutem assuntos como os “projetos” para o assentamento, a administra- 80 dos recursos comunitirios ~ caminhfo, televisio e video, trator, bois de trabalho, pasto coletivo para esses bois, sacolZo volante administrado pela Associaglo —, a ad- missto de novos sécios, as “vendas” de lotes, a atuagdo de cada assentado em relagioa 7 recursos obtidos através de projetos para 0 assentamento e, ainda, questBes como 0 apoio a candidatos nas cleigdes, apoio a outros acampamentos ¢assentamentos, formas «de mobilizagio e pressto para ar teivindicagbes da vida do assentamento. AS assem- Digias, que comegam no inicio da noite, com razodvel pontualidade, por vezes se pro- Tongam bastante noite adentro. Estas reunides semanais, além de reunir dirigentes e membros da Associag20, as 7 sentados e pessoas “de fora” - muitas vezes ligadas a organizagdes ou instituigSes impor- tantes para a vida do assentamento -, constituem também uma oportunidade para o en: ‘contro, pouco comum no cotidiano, entre aqueles assentados que nio tém grande proxi rmidade pessoal e até mesmo aqueles que, estando “rompidos” por um motivo ou outro, procuram evitarse. No caso das reuniSes menos “rotineiras”, como os cursos ou en ‘ros, hé uma oportunidade de encontro ndo s6 entre os assentados desse assentamento € pessoas “de fora” pertencentes a organizagdes como a CPT ou o MST, mas também, eventualmente, com assentados ¢ acampados de outras éreas do estado do Rio. ‘As fmias qu partisipam da ocopsio dete a Baixada Fuminenss 1986, fonmavem um cosjunto bastante heterogéneo €, #0 que tio indica tendencies dispersivo, ou seja, sem maiores laos cenquanto grupo, Sem caging si prevamente constitu, Muias das pessoas no se conhesiom, So 0 Ea ae pln Yai OO SO ea sr edurde qu prmaneces até tansferenca para o asentneny 10 shal possivel reconhecer um certo cleo de moradores ds wn determinado bairro ds f Zo, as pessoas riferia cpio da Baixada Fluminense onde foi ealizada a ocupaslo, as rain a cago thos foram padeiros, pedeiros, mestes-d-0br, perros de indies = ambulantes domestics, motoritas,assalariados que trabalhavam nos =" Tt tos agricolas de Itaguaf, ov, ainda, parceiros o¥ Peanenos propretésios em outras rei {es do estado ou do paist ‘retudo no caso das assembléias semanais. As questdesdiscuidas, os informes passados 1s posigées tomadas, os conflites as presengas eauséneias~tanto dos membros da Assor ciag&o quanto das pessoas “de fora” - so matéria de comentirio ¢ avaliagio para um, Conjunto mais amplo do que aqueles que esto imediatamente presentes na reunigo. A¢ longo da semana, opinides e questBes vlo se delineando, posigdes vio sendo tomadas colocagdes a serem feitas nas reuni6es vio sendo “ensaiadas”, tudo isso através de. -versas no sitio, na cidade, ou no boteco, de visitas ¢ “fofocas”, de discussGes entre gentes, de encontros entre igentes e assessores, técnicos, ou autoridades, ¢ assim por a dante, As reunides tamam-se talvez o principal “foco” da vida da Associagio. Os recursos econdmicasdisponiveis para cada familia eram, na €POS8 scene lo, bastante diversificado (ainda que semprereativamenteexiguos) continua sS00) atéhoje.A escolaridade € qu predomine primis. Asexperéncis thigragao oo um pont recrrents, mas também mito diversificadbs sais religiosas e as ex em rlagéo ao mundo da pots erm, a in ci mnizages como associagses de bai eee também nfo constitula um rento, Com a transferéncia “Tanto as asembliase reuibes do rotineiras” so promovidas sempre buscando “fins pr 8 pauta que ser discutia em assembéi; ou, ainda, com finalidades pedagbaica, d= transmissdo de cetes conteidos (no easo dos “cutsos"). Nem todos 0s fins pars 08 auais as reunides se colocam explictamente como “meios” so aleangados; elas tm tum grau de sucesso muito varidve, Ha reclamagGes rl reunives “nflo- ver e remeter outras também diversi vimentos de Igrea, sindicatos ou movimentos camponeses fator de aproximagdo entre os que se reuniramn No ass para o Norte Fluminense, acrescem-se a esse con r Griundas do préprie municipio onde estho assentamento, mas amen ras familias, heterogéneas jerogénco ov! smente freqientes — por ‘entre si: antigos “posseiros” (na verdade, arrendatérios) da fazenda Sao Bernardo, ‘alhadores dispensados pela usina de cana local, Funcionérios do Estado ou da Prefei ‘ura, e assim por diante. 4 Conversando com 0s assentados, pude perceber que ~ mesmo entre os que ha partcipado da ocupaco e passado por quase um ano de mobilizapdo ¢ acampamer ‘desenvolvendo uma certalinguagem comum e certas formas de convivéncia —havia uing cexpectativa mais ou menos generalizada de que, uma vez implementado o assentamento € recebidos os lotes, desapareceria a necessidade de mobilizagio ¢ organizasio coletiv via uma expectativa de que, uma vez recebida a terra, cada familia organizaria s ‘produgdo e, mais emplamente, sas relages com outras familias, om agentes do Est politicos, agentes religiosos, da manera que considera (ou consideravem) “natural” (0 “sonho" de ter um “pedago de terra” cortespondia, mais do que apenas a bus ‘de um posto de trabalho ou de um recurso “econémico”, & possibilidade de se colo ‘em condigdes mais favordveis para estabelecer uma certa organizaglo interna da fami lia (as relagoes entre o chefe de familia, a mulher ¢ os filhos) ~ para a qual o trab familiar na roca é um nticleo fimdamental de priticas e significados ~¢ estabel certo padrio de sociabilidade mais amplo (relagdes com amigos, parente importantes”) — para as quais o sitio é um espago fundamental, local de exerci ‘generosidade e hospitalidade, e garantia da possibilidade de controle sobre o pr ‘tempo € a propria produgio (aspectos fundamentais inclusive para melhor exereer} ‘generosidade e hospitalidade). Nesse caso, 0 acesso terra, para além do seu significa do estritamente “econémico”, tido de “desbloquear” certas possi de reproduzir um “saber-fazer” social (em especial, tudo o que diz respeito a “criar fillios no trabalho e no estudo” e A gestio da generosidade e hospitalidade, ou sj digbes em que muitos dos assentados viviam, seja na cidade, seja no campo. © que importa aqui enfatizar é que aquilo que tenderia a sur ‘com 0 acesso das familias aos lotes no era wim “grupo corporado” cujos I correspondessem aos aspectos geogrificos ¢ administrativos do assentamento 0. 4depertencimento a uma ou outra associago form: de redes sociais com limites variéveis, com lagos tanto “horizontais” (com quanto “verticas” (com pessoas de posigHo soci como parentesco, amizade, compacrio, relagdes de patronagem/clientelismo, afi des religiosas, ¢ com os “centros” dessas redes definindo-se em termos de difere critérios de prestigio socal, Redes desse tipo, de fato, surgiram ¢ esto presentes vigor na vida so eis no tempo, no colt cidem com os “Fazenda Sio Bernardo”. Essas redes, que agrupam 08 28820 de proximagdo ecriago de lagos, mas também afastamentos, tensdes ¢evitamentos, Mut tados de maneiras diversificadas, envolvem inclusdes e exclusbes; envolvem for + esses slo apatentemente “bs (0s afastamentos ¢ rompimentos sio ocasionados por fatos cotidianos,tais como problemas de fofocas” etc. Dificuldades como ‘mas, a partir do momento em que colacam em ques- tio a honra dos envolvidos, podem adqy a jodem dificultar sobremaneira a convivéncia ea ago conjunta dos moradores ea exis- séncia de uma associago na qual os assentados estejam de fato envolvidos. Além dessas tensdes derivadas da ndo-coincidéncia entre as redes sociais que _ _sentamento como um espago de disputas pela legitimidade dos drigentes ou liderancas dentre os assentados. Mas essas disputas remetem a campos mais amplos de Tutas. Po- dem-se pensar, por exemplo, as disputas relacionadas com a legitimidade da represen- taplo dos camponeses (envolvendo atores como a CPT, o Movimento Sem Terra, os sindicatos e centrais sindicais, ONGs, agéncias do Estado) ou, ainda, as disputas relaci- conadas com a gestdo da “agricultura” e dos assentamentos (onde aparecem as diferen- tes agéncias ¢ grupos do governo, tais como a Secretaria da Agricultura, a Emater, 0 Incra, a Cerj,¢ ainda ONGs voltadas para a prestagio de servigos para os agricultores! assentados etc). Os limites desses campos de disputa também nio coincidem com os limites da “Fazenda Sto Bernardo”, ;portante observar ainda que, nesse contexto, produzem-se discursos e con- ‘rovérsias em tomo do significado ¢ da importincia do assentamento ¢ do caréter dos " assentados. Discute-se na imprensa local e nacional, nos debates ‘enas conversas co também sto conheci tere cos locais ounio imidade dos assentados ou posseiras (como io). Alguns autores acusam os assentados de no ‘Vocapio agricola” e questionam o seu cardter de “trabalhadores rurais”,invo- ‘endo, com certafrequéncia, um supostofracasso econdmico desse e de outros assen- ‘amentos, riticando o earéter radical eilegal das agées de organizagées identificadas om os assentamentos, como © MST, ¢ assim por diante. Asreunides se colocam, portanto, nesse quadro mais geral, em que sobressaem as Ma Tetnineidéncias entre as redes de relagSes que se formam espontaneamente eo grupo *porado que dirigentes, assessores, téc 08 e membros da associagio muita vezes ‘quere . {een forma; aexitacia ipa pa egitimidade de represen 6 0 ss amplmente, ds assentdos eds tabahadores ris; ea produto de wn is 0 do legiimados do assentanent, dos assentads © dos seus dirgentes. ‘um prmeiro eftito das reunies deriva da propria freqiéncia com questo reali- zadas. E muito comum que dirigentes e s6cios da Associagio, bem como tEcnicos, ssessores, ¢dirigentes de organizap6es como o MST, enfaizem a sua importincia. Os membros ¢ dirigentes da entidade invariavelmente referem-se as suas reunides com ompulho, a freqléncia semanal das mesmas,e ao fato de serem reaizadas “sem falhas” evidente o valor da regularidade das reunides para a construgdo da imagem social da ‘Associagio edo assentamento e(conseqienternente) para aauto-estima dos seus mem- bros e diigentes. Além disso as reunides “ndo-rotineiras” realizadas no assentamento criam uma série de oportunidades para se falar da Associagfo e da vida associativa, produzindo um discurso sobre esses tease certas imagens recorrentes que vio g2- ‘shando reconhecimento social. Mais do que isso, as reunides so um momento em que se dé um certa jade” ~ através do agrupamento em um mesmo local ¢ em tomo das mesmas atividades ~ ao assentamento, & Associaglo, e mesmo a categoria mais gentrcas, como"os trabalhadores da Fazenda Sio Bemardo”e, ainds, 0 conjunto dos “alidos” ou “amigos” desses trabalhadores. As reunides ajudam a constr ‘uma ceta imagem do assentamento enquanto unidade social e uma imagem do contexto em que ele se inere. Poroutro lado, s pawas de questBes as discussdes, os informes, 0s momentos de reflexdo religiosa tém papel central no delineamento dos limites daquilo que diz, ou iio, respe comunidade, Temas como 0s cuidados de cada fami- tia com as mudas fratiferas recebidas através de um projeto acabam incorporados nas preocupasdes a comunidads”, envolvendo o prestigio do assentamento diante dos técnicos e éretios do Estado. A opgio de voto nas eleigBes municipais ou estaduais ‘Outros temas, como questies de limites entre vizinhos, bastante ‘yozes so culdadosamente deixados de fora das reunies pelos proprios ‘Mas podem, eventualmente, vir a ser incluidos. As fronteiras entre aquilo que diz. e aquilo que to diz espeito i "comunidade” so méveis,¢ 0s procedimentos de reunigo ~ laboragto da pauta, condusio das discussdes, presenga ou auséncia de reunitio ~ so fundamentais, no caso da Fazenda Sdo Bernardo, para orienta essa mobilidade. As Jém disso, nfo se apresentam em todos os seus momentos como uma esp ainda que os membros da Associagio e seus dirigentes gostem de enfatizar essa “unia que deveriatransparecer desses encontros*. Mesmo quando enfatizam isso, jé apontam para o fto de que essa “unido” se dS, apesar das “brigns” que neles podem ocorrer’. mo ‘A observagio desses eventos mostrou que eles envolvem, freqilente menos bastante tensos e conflitos mais ou menos abertos. Como seria, as, de se ; sre I a ‘geral tal como o apresentado mais acima. As forgas “centrifu- i a 230, como possivelmente no de grande parte dos crop rin ape er assentamento, Elas so uma arena importante para dar curso a essas dis; nutas © de tate Perotti stir aresmmses niceties mira mn ma nncoseiet ga” relativa de cada parte diante do “tribunal da opiniao pitblica”, ~ Mais do que isso, as reunites disputas ¢ conti rte iam “regras” especificas para essa “arena” de propria disposieao dos diferentes momentos na seq a seqténcia da sua programajoesabelece um cet contol, ua erate et semen en gue sabes 05 simbolos de unit (oragio, momento de reflexio religiosa, discur- 0s de abertura ¢ encerramento, ¢ assim por diante) e momentos em que os contlites e tenses podem ser colocados mais ou rtamente (discussto dos pontos de ‘mais ou menos abertamente (discus pauta, votagses), ‘ soon nan ds ene, no “fi” quam presents, por eenpl, un confi toc disuse termes “pesca, ou sj, quem procra resolve sus diverge ‘maneira que seria adequada “ ria pacw, mani qu eri adequda para esolver uma “questo de on, sera pain laments infliz quem fisse aso no momento da eflexto religios du asembein 00 lc encerramento de um curso Isso pode torn sew esvaziamento, a $0 aie promove o evento, em tenos ds “qustes da camuniade” ta om eas se contra conta em deteminado momesto, Ebi reras formas ou “costume "saree coloarem s quests pats, fre de falaradequads ao momento das ‘exes mansrasde demonstra sutlmente sua fore mesmo através de brinadiras las transgressdes das regras dis ar todo o evento “infeliz”, ocasionando 0 ; nares estabelecidas para 0 evento, como o tem {ft formas de protongaras discusses até qe aposiio do adverriotenhas ito desetstada Gndependentemente do cone “pritico” da dseusdo). Nese sentido, ‘cntumtagens age que dominr bem, que iverntemalizaoso proseinent de "unio ~ desde as formalidades até a retérica, em os, muito retérica, em especial a retéricareligi 0 'egitimads ness tipo de evento. " sacle Dessa maneira, a0 tra a a ra, ao transformar as tenses em discusstes piblicas, passiveis de {cin comentadas ¢ avaliads, a runides acabam se consttundo em um foco para a ruydo de uma forma de convivéncia articulada entre as fa a : : ‘no assentamento, Pra a construsiio do prestigio e da legitimidade dos dirigentes, bem como daqueles Jo Coe Comerone «que, apesar de seem “de fra’, tim importncia para vida do asentamenio ¢ a seceiagdo etém interesse nessas unidades sociais Ao mesmo tempo, elas acsbam Por arias nowos tipos de tensfo, ou colocar as tensBes em novos termos, tomnando-se, Por faso mesmo, cada vez mais necessiias. Uma reunio que acabe com uma certs ex tagto das tensbes ente dois grupos dentro da Assoviagio pratieamente eviden euessidade de que haja um préximo encontro em que essas tenses possam ser coloc dies "sob controle”, sob pena de dficultar bastante a convivéncis ea ago conjunta dos ssociados dali para frente. Um outro efeito “inesperado” das reuni6es € 0 fato de que ted nas meamas um conjunto de pessoas que, independentemente de suas aribuiges mina por se destacar. Acompanhiando as reunies promovir pereeber que hé um. formais de coordenagi das pela Associago 20 longo de cerca d conjunto de pessoas mais oumenos bem Go, delmitando o rumo dos eventos. Iss, até certo pono, independe dos cargos form i evidentemente, wma maior probabilidade de que quem desta cesses encontros so como um momento de “apresentagio pit {do tempo, uma parcela dos freqlentadores assume posiglo de “espectador”¢ outa, dde"centro das atenges", de “foc0" do evento sso acabe construindo uma certa ident cago entre a" AssorngBo" cess conjunto de pessoas que e destacam nas remites © ‘so presengas praticamente “obrigatérias” nas mesmas, ‘As remides, no caso de Sio Bernardo, fo um momento fundamental par @ surgimento de “figuras piblicas” no assentamento ~pess ruestOes e erar, em maior ou menor sucess peti a ‘Asus palavra passa a partir da “eaixa de ressonén veo oe eventos que estamos dscutindo ater um peso bastante grande, SHO pess0 possam a ser vistas como tendo um certo “don” pra. lideranga, numa opera de sentido sugerido por Mauss, 1974, em que o dominio sobre cettos procedimentas (no easo aqui enfocado, os procedimentos de reuni) ea perce Heete dominio pela opinio social tém um peso importante na construgao do prestisi do poder de um determinado agente ou categoria de agentes (no caso em foro, 2 ayase dirigentes das assentado e também os assesores de diversos ties) ‘Assim, procurei mostrar que as reunides, longe de serem apenas “meios natura! mente colocadas (resolver problemas, tomar de smente), podem ser analisadas come, para o desenvolvimento de dr esentando alguns dos pardmet® izamn esses dramas e demarcam uma destacando aspectos, simbolos e valores presentes nesse trabalho de claboragio simbélica sobre esses elementos estrturads em seqhéncias de procedimentos que so, em si mesras, signifieativs, Sthumsodo momento de coocartas80 © de disperse, da vericdade oe hmm, de go ede polarizapto (Tambiah, 198); afirmam ou colocam em questo 0 res daqueles que procuram se por em posi de destaque (Tambiah, 1985 e Bloch, lint um conjnto de pests com ous ein 0 up (ofan Mais do que apenas um meio para que o grupo reslva seus problemas ¢ tome suas decisbes, as reunses acabam se apresentando como umn momento importante a prépriaconstrasfo do grupo enguanto tl Referéncias bibliogréficas BLOCH, Maurice, Symbols, song, dance, and features of ati and Power. London: Athlone Press, 1989. In: Rituals, History COMEFORD, Jon Renoir sree de taslnors ris como frm de Shoe Deseo aeseata wo FPGAS Masa Nainal UFR, 196 DAMATTA Roberto. Cari mando eds: lg mando «ef pas wa isha oie sileiro. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1979. . COFTMAN, Erving A representa do ena ia cana Peal: Vos, 1995 LEACH, Edmund ivan nan. Prcedngs of he -Preeans ofieRoye tpg London, 1996. ne petdnrpoigie MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Sio Paulo: EPU/Edusp, 1974. ‘TAMBIAH, Stanley J. Culture, thought and social action: an anthropological perspective. Notas "Aigo ext pubicado en: Cai, Mai oe. Campo aber, rr Eade ‘Rio de Janeiro. Rio de Janeiro; Contracapa, 1998. " * ‘nome empregado pare o assentemento & fi As fami tada passaram ater um titulo de so de fe concesso de uso, pois a fazenda onde foi reali nto era de propriedade do Estado. Com isso, das cerea de 400 familias que chess Sco nn acstanen oO refit, que também era p jos no pertence a nenhuma ds 2B important 4 ‘glo deters na Baixada Fluminense para a configuraglo de laos e para a consirugfo de uma certa jar um terreno ft para pricltores” ~ primeico POLITICAS PUBLICAS, ESTADO E ATORES SOCTAIS

You might also like