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PIERR? BOURDIEL RAZO#S PRATICAS SOBRE A TEORIA DA AGAO PAPIR Wool 2 Ress Fk) 9woa de —_ SUMARIO Inces pos top omens sg Het Sate oe . PREFACIO A EDIGAO BRASLEIRA. . . . . 7 PREFACIO rT 9 1 ESFAGO SOCIAL E ESPAD Apéndive: A variante “Sov SIMBOLICO 13 a" © 0 capital poll 2 O NOVO CAPITAL 35 Apéndice: Espaco social e canpo do >eder ry 3. POR UMA CIENCIA Das OBRAS. 8 Apéndice 1: Ailusio biogréfica . . . "4 Apéndice 2: A cugla ruprora 83 4, ESPIRITOS DE FS“AD0: GENESE E ESTRU-URA DO CAMPO BLROCRATICO. 0 Apéndice: © espirto de faraita 4 ESPRITOS DE ESTADO (GBNESE E ESTRUTURa DC CAMPO BURDCRATICO Ten:ar persir o Estado é expor-se a assumir um rensament de Estado, @ apicar ao Eaado calegorias de pensamerto produzi- das © garuntidas pelo Esado ¢, portanto, a no compreender a verdaile mais funclamental do Estado." Essa afirmagac, que poce parecer tanto abstratz quante peremptoria. impor-se-4 mais natu- ralmente se, ac fim da demenstiagio, concorda:mos =m yeltar a esse ponto de fastida, 6 que muniziados com 9 conhecimerte ce do, © de produsir e impor de pensarienio izamos espontenzamente 4 todas as coisas do mundo, e 20 proprio Estado. ise € mostrar © perigo que sempre corenos de ser os por um Estado que acrecitamos Densar, gostaria de citir luna cenfréachproerdaenr Anse en junto de 199. n men regulamentado e regisred> € vestido € ciplomado € pervectido © deprimido, como todss 0s outros. Quando verros homers, co Estado, que, durante toca sua vida servem ? contra ni do excesso, "ma, corvém bem. a minhz intengic de vida niperbolica a0 Estado © a0 pensa~ rata do Esade, nunca cuvidamos ic serapre arrisca anular-se ao tomer proprio excesso. Entretan, é preciso levar a tio aplicar uma aspécie de mento de Bsaclo. Quende cemais. Mis 0 exagero li se rreal pers csforgam para pen: ikhem, per exemplo), € preciso tretar de colocar em qLestio todos os pressupostos ¢ tocas as fréconstrugies inscrius na redlidade que se i anilisar € no proprio pensament dos analistas, vel necessiro para romper com as prenogées € 08 pres com todas as tev jamat's colocadas come tas, 4 que edo insentas nas evidénciss da experigneia comm, com tado o substaio de impensivel subentendico no pensamzrto mais vigilante, é fre- epistemplégico verdaceire (ocderia m: to esses exemplos * moswar semo a critica “radi do INSEE (Institut National de la Stat ques), feitas em nome da toria marsista de dasses, pemitu a eccnomia de uma critica epistemolSgict dessas categorias ¢ do ato de categorizacdo ou de classiicagao, ou ainda, cemo a deniincia da ‘com a “burguesia’ mostrou clerarrente os efeitos de distorgées episiémicas inscxitss no “ponto de vista escolastco! s simbélicas sic, sem dtivica, equelas que, mais do que 9 ccnformismo moral, ofeadem 0 cenformism> l6gico, cesencaceando a repessio impiecos’ que stscita tal atentado contra a integridad= mental, Para mostrara que ponto € nezessiria edi (© pensamerte de Zstado, presente no mas pensarento, seria preciso analisar a batalha recentem na Franca, em plone guzra do Golfo, a propésito deste objeto 2 ruptura com de nosso 93 prodio de um trabalho de norma- rnce sertethante ao feito pelo Estado is. Ora, quando, em Um certo memento, 5, tenta como | foi 0 isto é, desfazer por deceto o que o Estado fizera por cecreto, imecliataments a revolta indignaca ce uma toa parte jcles que tém compromisso con a escrit, no sentido mais comum, mzs tarbém a0 sentido u izadlo eles escritores. E é satisfaxzo, adequacio perfeta enire as estruturas mer © as estruturas obj tuida nas mentes pela realidadle das coisas designadas pelas pal para aque- Jes que possusr 1 onografa a ponto de serem por ela possuidos, © ph toulmente abitiario de nénupkar tornouse the obviamente indissocidvel da flor que faz com que eles possim invosar, de boa fé, a natureze © © nana’ para denunciar une intervencio do ada a reduzir © arbi ue exbte Dara 0 aqueci- erte impensarets. Assim, por exemplo, se a menos tentativa de medifia: os program: interesses corporativos muito poderosos pprofessores envo vidos) est € também porque as coisas da cultara, particularme! © hicrerquias sociais a ehs associadas, sio constituidas como natareza pela acto do sale cue, instituindo-as ao mesmo tempo 15, confere ;odas as aparéncias do natural a (especiclmente 0s dos A divide radical Eno domo da produgic smibsl.ca que particukermente se faz sertir a influéncia do Estado: as admnistrazées publces e seus representantes sio grances produtores ce "probiemas sociais" que evaliar a proporsia, variével, sem chivida, ce um pafs para outa, fe conforms a épora, das sesqu:sas que tratam dos problemas do Estado, apresentadas de maneira mals cu menos cientifica). Mas a melhor prova do fats de qie o pensemento do pensador funcionirio & atravessado inteiramente pela repre: sentagic oficial do oficial ¢, sem duivida, a seducdo exarcida pelas presertagdes do Estado que, cono em Hegel, fazem da burocra- un “grupo universal’, doted> da innicio € da vontade de interesse universal ou, como em Durkhei © assunto, um “6rgio dz reflexto” € um instrumeno riconsl encariegado ce realizar o interesse gerél A dificuldice espedfica éa questio co Estado prende-se 29 faro de que, sob a aparéncia de Densit-lo, a msicr parte dos estudes consagridos 2 esse objetc, sobretndo en sua fese de construsoe consdlidagio, farticipam, de moo mzis cu menos eficxz € mais produzen no universo burocritico em vias de € frequentemente exquecide pelos melhores ola de Camb-idge) ch mesma, desde a origem, pare integran- te desse esforge de constucao da representagio do Estado que faz, parte da propria reclidade do Estado, Todos os probles dos respeito éa buroc: Eis porque € precso pedir hist6rie social chs ciéncies soctis que torre claras todas as adesOes inconscientes a> mundo social que a5 ciéncias soxiais devem a histéra da q resultado, probke ‘mos assim, especialmente, que a ciéncis social, na acepzto mode~ na do termo, nio é de modo nenhem a expresso direta das lutes sociais, como sugeriam aqueles que, para desacrediti-la, identifi cevamn sociologia e sociaismo; que ela € anies u proslemas que esses movimentos € encontra. seus primeiros refcrmadores, espécie de vanguarda escla que espera da “econe: ca) a solugic dos 96 de Estado (particulermaente deméma estatal podendo assegurar as cond¢des faveraveis a0 desenvclvimento de uma ciencia social relativamente inclependerte das forzas econém.cas, mas fortemer- te sabmissa as problemscicas estatais; por cutro lado, ¢ grat: de nos, por exemple) 2m relagio a esses movimentos, Abist5ria atesta que ¢s ciéncias sociais nZ0 podem aumentar indepencéncia em rehgdo as presses ca derianda social, io do Estado: assim fazendo, correm 0 sisco de perder idependénca em relagao a els, a menes que estejam prepa- radas para usar contra o Estado a li3ercade (relativa) que o Estado Ibes garante. A concentragao éo capitel bre férnula de Max Weber “0 que teivindica com sucesso 0 mo: db usc legitimo ca violénca fisica em um temit6ric: determinado”), 2v Estado $ um se (a ser deternnado’ que :eWvindica com sucesso 0 monopslio do uso legiime da violtne:a fisica e simbdlica em um t6rip determinado e sabre o conjunto da pepulagio correspon- dente, Se 0 Estado pode exercer uma violéneia simbélica é porqve 7 esiruturas, a irstituicao cue resuita ce uma onga série se com toda a aparéncia. do instiuida de ¢lico, concentragio que, en: © Estado come detentor de uma espécie de ‘com a constrgao dos diversos campos conesponclertes) leva, fato, 2 emergéncia de um capita. especifco, propriamene esata, 20 Estado exercer um poder sobre os diversos campos ferentes tipos especifcos de capital, especialmente sobre astaxas de cimbio eate eles (e, ccncomtantemente, sobre as relagdes de forra entre seus dectentores), Segue-se que a constnucio do Estico es poder, entenddo como 0 espaco ce jogo no interior do quall os detentores de capital (de ciferentes ‘ipos) lutam particularm pele pode: sobre o Estado, i806 : » poder sobre 05 diferentes ‘ipos de capital e sobre sua resrocucio {notacamente por meio da instita examiné-his uma a ura A concentregio do cepital de forga fisica fot privilegiada na maior pirte dos rrodelos de génese do Estado, desce os marxisias, inclinados a considerar o Estado como um simples érgio de ly. Dizer que as forgas de coergao (exército © im, € dizer Cue as instinuigbes com mandato progress.vaments separadas do mando ica ndo pode mais ser aplicada a «lo, com mandato especial part pouco dlesaparecer as nobreze em seu moropslo estatutério da funcao guerreira. (E. preciso reconhecer que Noibert Elias,a quem, especialmente entre 0 histcriadores, atribuise, de modo erréneo, deizs ou veses que sto parte de funco comum da scciologia, teve 0 mérito de © Estido 56 pode asseganr progressivamente 9 moncpélio da violéncia destituindo seus concorrentes internes dos contaposieres (principes) € a resistencias (dasses ‘As forcasarmadas diferencium-se, progressivamerte, ce do, como fergis militares, destnadas 2 zompetigo entre de oatto, como forgas pel bito dé: sociedad. Por conseguirte, no se poce escapar ch vinganga pessoal, rebba, readetia, cu da auictlefesa, Da © ato do justiceiro — Orestes sto. que © reconhe- exlo leva 1 esquecer eque é lembra ‘econdmico Ccriagio do merced> nacioraD. A cobranca de impostos pelo Estado dirdstico aplica-se drretamente ao corjunio dos ‘como 0 imposto fe-dal, apenas aos depend dsposas de guerra. Qs impe- io, atribuidos priero zo clbo por fcatva permenerte do Instaura-se assim, progressivamenie, uma logics econOmica «specifica, fundada so>re 9 inmpasto sem: contrapartida, a redistri- uicaa furcionando € de transformagio do capizal 4. CWA. Mller, Boscatingaadpesconshig.Chicige, The Uaivesty 3 Chico, 1980 101 eS, agertes de finan os cavaleitos teais, dos arqueiros te do Pago cu dos Guard:s de Corpos, consideradcs inataciveis em raza de sua pogr oficiais a emergéncia d> uma forma de nacior: provavel q de unificada pela submissio &s mass obtigigdes, clas mesmes impostas >eles prOprios impera- ios de defesa, F tamibém provivel que esia consciéncia “nacio- tenha se desenvolvitlo antes entre os membros das instituigses discuss sobre 9 impos- ‘0 Ce fat, sabemos que essas irstincias estio tanto mais dispostas 4 consentir nes impostes quanto mais esses Ihes sarecim motira- dos, nac pel idosclo principe, mas pelos imioresses do pats, na primeira linha los quais estao os imperativos de defssa do tertit6rio, O Estado irscreve-se progressivamen:e em umn ¢s32c0 que no € ainda esse expago naciona’ cue se tornasa em seguida, mis que jf se epresents como uma inshdrcia de soberania, por exemplo, como monopitio do direizo de imprimir moecas (9 deal ds principes fexcais ¢, mais tarde, dos reis da Franca era que ros lomfric se utlizasse apenas a sua ica sob Luis XIV), ¢ como suporte de uni valor simbélico transcendenve. fal econdmice vinculed> 4 instaura- io de um de txformagas (do Bere proprio 1compantado ca unificagao de mercado cakura. Assim, inuito cedo, os poderes piblicos reclizam pesquisas a respeito de estado dos recursos (per exemplo, desde 1194, a e despesa). O Estado concentra 1 inf 0, que analisa e ma unificacao tedrica Sitwanco-se simpkesmente per meio ca escrita, do ccnaecimente (por exemsto, com arcuvos) © de codificagdo ccmo unificacio cogniiva que $ EC). Por meio dos sistemzs de classifi- acho (especialmente de acordo con 1 idadle € 0 sexo) inscritos no imentos burocrétioas, das estruturas elemento funda di sociedace necional a educaczo univers © cever de fazer de consrugic do Estado-nigio. A ciiagio -ompanha 2 rei. re 98 interesses especificas dos juristas iacalados co Estado 2 que, como verenos, criam todo tipo de teorias legitimaoras, d= ILais o rei represenva o irteresse comum e deve a a, 1 cealeza restringe a competéncia das © processo de concestraréodo capital juridico acompanha 9 processo de diferenciazéo que resultoa na constituiceo de um fico atténomo. O corpo juudiciério organiza-se ¢ hierar- ‘com lugeres tenertes que s= iremevivels, que aos pouzes destituc thos, que passam a ter fungées puramente honorficas. No século XIV, temos do ério priblico, encarregado la perseguic20 por of m também procuradoces titula~ res, que gem em Seu none, e que. pouco a pouco, = tornam funcionirios: O decreto ce 1670 ercer orogressivartente despojou em provero das juriscligdes » provesso dle concert jurisdigdes eclesiis: -tabelecendo-se que os juizes cle apelagao sempre jaizes do rei. Em resumo, a competéncia delegada sobre uma certz. mnténcia (un territGria) toma o lugar da precedéncia ou la aucoridacte ciretamente exersida sobre as pessoas. En seguida, a constregio das estruturas jaridico-admi is do Estado acompaaha, na F trae ccnstrugaio centrolando rigorusamente sua prdpria reproducao, ¢ 0 ‘The Family-State compact provided a fermidable family autoority which infiuenced the stete morlel the saae time"? sforca-se que os empenha-s: em tora:-se serhor das grancies benesses eclesiisticas, das oxdens de cavala buigko de cargos miltares, de carges na corte e, por dltima sobretuco, cos titulos de ncbreza, Assim, poucs a pouce, consti- uma instdncia centra’ de nomeacao, VG. Ki jureza ou nascimerto, por afosico 105 nobres criados peb rei copée dluas vias de a senio © hereditariedide e 0 -econhecimento ptblico — pelcs $s robrese pelosplebeus; « segunca, legal, € oenobrecink pelo rei. Ambas as for ila no reconheciment dos pares e dos plebeu e defendida pelo desefio 2 a >10eza, pouco a poco, di pelo Estate, que, como uma moeda /0 escolar, tem valor 2m todos os mercailos controlzcios pelo Zsinic. Cero consequéncia, o reiconcentra cada capita. simb6ico (0 que Mousnier chama d> “as € seu poder de cistribuir esse capital sob a forma de rg0s ¢ de horrarias conce cas coma recampensis nic cessa de cvescer 0 capital simbalico ct ncbreza (hon, reputag), ue se «ase burorritica (60> a forra de editcs # de decretes que apencs reconhecem 9 consenso). Podemos ver um indicador diss nas ‘grandes Desquisas scbre a nobr oes entan em, conflito 2 vespeito ce quem ¢ verdadeimmente nobre). Como rostasefrenjate el gestton del Bat wader R Mouser es pM toned la Rance rots 580, _———— focorre com a nobreza toga lturel, estemos ‘ic cursus bononu cue deve sua posi¢i a seu cepital itd proximas da Iogica da nomeagzo estztal ¢ Em resumo, passanos de am ca: imeno coletvo, a um capital simbética akjetivada, coxilicado, delegad € garantilo pelo Bsteclo, burzera- ‘zado. As leis suntudies, que terciem a regulamentar de maneira “igorosamerte Hierarcui sbuigio de manifestagdes sim- deus, ¢ talvez sobresuse entre cs siferentes n’veis ca nobrezz, s30 un exemplo bem clao desse processo."*O Estado regulameita 0 uso de tecidos e de guarnigdes ce ow, pata e seda assim, garant= a aebreza contra a usurpagiio dos plebeus, mas, aomesmo tendo, exende © rforya seu coatcole sobre « hiererquia no interior da nobreza, O dedinio do poder de dstribuicio autOnonn dos seniiores tende a asiegurar ao rei o monopslio co enokrecimente © a wansformago progressiva dos carges, concebidos como recom- pensas, em posios de responsapilidade, que exigian competrcia 9-em um cursus benorum, evocetivo ce uma carreira burocritica, novas ordens de cavalari (knightnood), conferindo precedércas cerimeniais, nprieando petes (pee) e todos os detentores de funstes prslicas Pros 194 p29, é amerte, a nomeacio & um 2.0 misterioso, que obe- dece a ica semehante a ca magia, tal como a descreve Marcel Mauss. assim como 0 feiticeito mobiliza ‘o:lo o capital de Grengi acumulido pelo fencionamento co universo magico, 0 presidente da replica cue assira um dece’o de nonea¢io ou 0 médico que assina um atestade (de doenga, de invalidez etc) bikzam um capitel sinbélico acumulailc em toda a rede ce rclagies de reconhecimento, ccnstiusivas Co universo burecraticn. Quem atesta a velidadle do atestido? Aquele cue assinou o tila que licencia para atestas Mas cuem dew licenca a este? Somos Jevacos a uma regressic <0 infinito, a0 final da qua. °é preciso parar’ € podemos, como os tedlogos, escalher atribuir o nome de Estado ao ultimo Cou 2o primeiro) anel da longa cadeis dos atos oficiais de consagracio.”" ¥ ele que, agindo como ume espécie de banco de capital simbélico, gerunte tcdos €s atos de autoridack, ‘os arbitrérios, mas que nio sic vistos como tais, ato: de "impes- tura lepftima”, como diz Austin: © presidente da repablica € alguém ‘que se toma por presidente da repitblica, nas que, cliferercemente do Icuco que se tema por Napelelo, é reconhecide como auro%- zacoa faze A nomecgio ou © atestado pertencem & caregeria dos atos cu dscursos oficiais, simbolicamente eficiertes porque realizados em situagio ce autoridice, per pessoas au‘orizadas, “oficiais”, jindo ex officio coma detentores de um officium (publicum, de uma fungio ou de um cargo atrbuide pelo Estado: 0 veredito do juiz ou do professer, os frocedimentos de registro oficial, averigua- {es ou alas ce sesso, atos destnados « produzir um feito Je diteto, como 0s atos do estadlo civil, d2 nascimento, cisamento ou 0, 01 98 ates de venca, tem a casaci ortar ou de institaid, pela magi da nomeagao oficial, ume decharagi publica, cumprica nas fermas prescritas, pelos agentes autorizados A ‘ups. icator, partixlosetc.). Ao enun- etc a ser, 0 ser social que ele professar, de exerce: (por opesig0 iro poder criador, fe ditigidas contra ‘que autorize uma 0 homosse- iversilmente, 0 que pensar na forma de uravés de atos d2 consagrigio, as comemoragdes ou a canonizaglo escolar, para possa dizer, alterandoas palavris de Hegel, que “o .uizo do ue a publicecio, no se mento que tem como obj cl 6, até ertao, apenas para si mesma), Ba jortalidade que ele concece, legitima, que & prSpria e afirma, por exemplo, na pronulgagto de Estado pretende regulsmentar todas as fermas Pera compreender vercadeiramente © poder do Estado no que ele :emde mais expecifico, sto €, a foma particalar de eficacia, simbélica que dle exerce, ¢ preciso, com> sugeri em um artigo ji faz das relaghes de ferga smbélics, relagdes Je sentdo, -9e8 de conunicscio. As relagdes de ferga mais brut ssrutures Cognit princpios de visio e de di mundo social através de estruttres cogni (cdo, como ciz Durkheim; coisa em tradigdes te6cicas meis cu menes dlistanciachs), suscetf m aplicadas a tocas as coscs do mundo e, en de Saussure, ia Lebniz, das queis se pode tragar a génese social. Generazando a hipécese de Darkhe'm, segunilo a qual as sm a0 munilo urs dos grupos n pocemos supor cue, nas sociedades ciferen- stele Sede pode-htpor-¢-iordear-de-mede-ecivermh-2 fescala de um certo Ambito terstorial, estruturas cogntivas € de as, ou semelhartes, ¢ que €desse fato que deriva icc” @ um “conformismo moral” Cexpressces ce Durkheim), um acordo ticito, pré-reflexvo, imediato, sobre 0 lo Co muréo, que é o fundamento da exoeriéncia do mundo undo do senso comum”. (Qs fenomendlogos, que esda- receram essa expe © 0s etnometodslogos, que se atribuem 4 projete de descrevéla £0 oferecem os mocios de Uuncamerté: como ncipios Ce constugao da e de questionar a contribu, os pessiveis lterais los. A andlise da génese do Estado como findamento dos principios ce visio ¢ de divisio vigenes na permite compresrder tanto a élio. A wnifica- ‘gto ea universilizacio relativa, associada & emergéncia do Estado, tem como sontrapertida a moropelizagao por alguns dos re=ursos Uuniversais que ee produz, ¢ frocura. (Weber, como Elas depois ele, ignorou o processo de constituigic ce um capital estaal e © Frocesso de monopalizacio desse capil pela nooreza de Estado cue contibuiu part >roduzile, ou melhor, que se produziu como tal a0 sroduzi-lo.) Nas esse raonopslio do universal sé pole sex cbiido ao prezo de na submissio (pelo menos aparente) ac universal € de um reconhec versal dh representacic _unvversalisa de Comnacio, apresentaca como legtima, desinteres- sida, Os que como Marx, invertem a imagen ofial que @ burocracia pretende dar de si mesma e descreven os burocratas, como usurpadares do univers, agindo como preprietirios priva- dos de rezursos publicos, igncram os e’eitcs bastante reais de seferénicia obrigatéria zs valores de neualidsde e de devotumen- to desinteressado aobem piiblico que seiripée com forea crescen te a0s funcioniros do Estado 2 medi: que avanes a historia do Ingo trabalhe ée constragao simbélica ao final do qual ¢ inven: tada e imposta 1 seoresentz io eficial do Esado como lugar da universalidade e do servigo do interesse geral A monopolizacic do universal é de universil:zagio rea izado p uultado de um trabalho almen:e no irverior ico. Como mostra, por exempl>, da jundonemento desst instituicio estranha que cl le pessoas investices de una m. yades a transender seus es para yropostas universais —, as persoragens oficiais devem lha> sem cessar, senio punt sactifcar seu pont de vista culer ac "ponto de vista Ca sociedade”,a0 menos para consti- seu pont> de visti como ponto de vista legtime, mente recenherido como legitirro (o julgamerte coletivo poderdo apenas perceber € aprevar, no esfergo ca sassagem do pono de vists singular e egoisia do individu ao ponte de vsta do grupo, uma manifestigio Cereconecmerto do va e do pr6prio grupo como fundado- de todo val gen ce 1 a ought. Tsse implica que todos os universcs que perseguem }€ que as univer 808, omo 6 cimpo burcritico cue ex:gem com maibrinsistércin nnissic ao universe], so espacia mente favorives 4 obtenzA0, de ais Iucros. (© lucro ca univesalizagto €, sem divida, um dos motores historicos do progresse do universcl. Isso na medida em que favorece a cragio de universes nos cuais so reccnhecides, a0 menos verbalnante, valores uriversais (razAo, virtue etc.) © nos ta estraxézias 10 & regias univarsas € 2s estraturas cesses ente consagrades 20 universal. A visio soc olbgica nio pode ignerar a cisnda entre a norma ofical, tal como cenunciacle no direito acministrativo, e @ wealidade da prtica ac com todas #8 Lact ressz, todos os casos de“ ado privada do servigo public” (desvio de bers on servigns piblcos, comupgio ou tiico de inflvencia tole-ncias tem em tier poveito dz ressio, db dircito, Mas ea tampouce pole fedicr os ollos para os efeitos ca reget que exige que os agertes sacrfiquem seas interesses privados as cbrigagdes fungio Co funcicnario deve dedica- se asia func aos eletos do interesce pelo desinteresse e por tetks 2s forms de “hipoctisia pedosa” que a légica paradoxal do campo burocatico pod: estimular. APENDIC (© ESPIRITO DE FAMILIA A definigic dommante, legitima, da femilia normal (efiri- sic cue pede se explicta, como no direite, ou implcita, com, pot exemplo, nos questionirios de INED — ‘nstitur Nationae dues Démegraphiques — ou do INSEE dedicados 2 famtis), ‘apoia-se em uma constelicic de pelavras —casa, unicace domés- tica, house, Lone, bousebold — que, sob a aparéncia de descr=- vé-a, Ge fato constroem a realida:le social. De acordo com esia definigio, a familia € um conjunto de incividuos aparentades, ligedtos entre s por cliarge, casamento, filiaz20, ou, excepctonl- mente, por adbgao (parentesco), viverdo sob um mesmo teo (ccabitagio). Alguns emometodélogos chegam a dize: que o que accitamos como realidace € ums ficyao especialmente construida através do léxico que recebemos co mundo social para nomed-la Eles se referema “realidade” (0 que, de s2u rropsio porto de vist, tem seus probemas), pere objetar que umz série de grupos que esignamos cemo “famfias” absoutamente nic comespondem 2 10 dontinarte nos Estados Unidos ra atualidade e que a ‘experénda minoritéria em ‘serem casados, as fam etc” De fate, 1 que vivem juntos os casais casados aie asdear como natral, porque s apresen'a com a ou pelz disper- Jo." As forcas de fusic, essecialmerte as disposigdes éicas que 1m. 2 Hdentificago dos interesses partculares dos intividuos ‘com os interesses colesivos da familia, devem centar com as Foreas de fissio, iso €, ccm 0s iateresses des diferentes membros do jinadlos a aceitar ou menos capazes de impor sev pento de vist podemos dar con’ vicas das quais a Zanilia € 0 ‘sujito”, ‘como, por exempb, as “escolhas” em questoes de fecuncitlade, de educagaa, de casamento, de consume (especiamnente imobiliério) etc.,a nlc ser levinelo em conta a esruturs das relagoes de forea centre os membros do grupo familiar Funcionanco como campo (€, portantc, a histéra da qual esse estclo £0 resultado}, estrutura que estiri sempre em joxc nas Intas no interior dle campo dloméstica, Mas 0 funcicnaments dt unidade doméstiza como campo encontra seu limite nos efeitos da cominac que orientam a famia em direglo a Jogica do corpo podends ser um efeito da cominacic). masculina integracao Una das oerticulzrickdes dos cominantes ¢ a de possutrem, familias extensas (cs grandes tém familias grandes) e fertemente integracas, 4 que unidas mo apenas pe'a afiridade dos habitus, pela solidariedace des interesses, isto €, tanto pelo epi quunte Fara o captal, 0 capkal econtinico, evidertemente 42m 0 capital simbolicn (© nome) e sobretudo, talvez, 9 apt social (que sabernes ser a condigio eocfeito de ama gesta> wcedida do capita’ coletivo les membres da unkdade domés- 3). Nas corporagdes, 20r exemplo, a familia tem um papel rival, nio apenas na trarsnissi0, mes também na esto im6nio econdmico, espedamente através das igagoes de negocios que sto ta Fequéncia, igegbes As @ aperén: sentido de /ef) esti profurdameate ervolvida em nose visio cas sas doméstics € as nossas condutas mais orivadas cependem, nnesmas, de agées publicas, come a politica de hakitacio, ou, cis dretemente, a polfica da farntia.™ categorits de pensamerto do senso comum, incclcadas pela aga: do Esiado, os estctisticos do Estado conuibuem para reproduzr pensamerte estatzado que faz parte das concigSes de “uncions: ‘mento da familia, ess: realidade dita privada de crigem publica. 0 mesmo fazem esses magistradas ou 2sses assistentes soviais que, quando querem prognosticar os efeitos proviveis de uma sanzio ‘ou de um aumeno de pena, ou até evaliar a inportineic da peral atribuida a um jevem: delinquente, levam er conta, espontanea-| mente, certo niimero de inslicadores de conformidade a idea oficial de famili.”* Come em um Assim, a famifia € cetameate ama ficgio, um arteato social, ‘uma iusto 20 sentido mis comum do temo, mas uma ‘ilusio bem-fundementida’ jé que, produzia e repreduzida coma garan- i do Estedo, ea sempre recebe do Bxtado os meios de existire reulo, 1 categora nativa

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