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7°ano RUMOS DA Ensino Fundamental + Anos finais + 72 ano Componente curricular: Arte MARIANA LIMA MUNIZ Licenciacia em Teatro pela Real Escuela Superior de Arte Dramatico de Madri (Espanha). Doutora em Teatro pela Universidad de Alcalé (Espanha). Professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Autora de livro didatico de Arte. Altiz e diretora teatral MAURILIO ANDRADE ROCHA Estudos Avangados em Ciéncias Musicais pela Universidade Nova de Lisboa (Portugal) Pés-doutor no Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa € na Escola Superior de Teatro @ Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa (Portugal). Professor da Escola de Belas Artes da UFMG. Autor de livo didético de Arte. Misico. RODRIGO VIVAS Licenciado em Kistéria pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP-MG). Mestre em Histéria pela UFMG. Doutor em Historia da Arte pela Universidade de Campinas (Unicamp-SP). Professor da Escola de Belas Artes da UFMG. Diretor de Agao Cultural da UFMG. ‘Membro da Associagao Brasileira de Criticos de Arte. ANA CRISTINA CARVALHO PEREIRA Pedagoga formada pelo Centro Universitario de Belo Horizonte (UniBH) Mestra em Educagdio Tecnolégica (Linguagem e Cognigdio) pelo Centro Federal de Educacao Tecnolégica de Minas Gerais (CEFETMG), Doutora em Estudos Linguisticos (Gesto ¢ Cognigéio) pela UFMG. Professora da Escola de Bolas Artes da UFMG, Maitre, bailarina e coreégrata. SGo Paulo, 1° edi¢Go, 2018 sm Diresio editoriat Cerénciaeditoriat Geréncia de design eproducdo Edigio executive Projet gritico Fabricario limpressdo e Acabamento Em respite s0 meio ambiente 35 {othe deter fram produnds com Moras bias de roves de orestss ‘lantadas, com ongem crifad Rurnos da Arte7 (© Edicbes SM Ltd Todos 0s iritos reservados M. Esther Nejn Claudia Carvalho Neves André Menteire be Christina Spadaccin Edigho: Thais Ogassawara -Assistincia de edigdo: Marisa Nascimento Producto editorial: Tolet Editorial & Midas Digtais, Colaboracio técnico-pedagégiea: Renato Cardoso Manual do Professor Digital - Coordenagio: Eveise Bernardi [Assisténeias Victor Leite de Oliveira Giciane Munoz Melissa Steiner Rocha Antunes Jesiane Laurentino Jodo Brito Matheus Spada Za Simone Scaglione Alexander Maeda ‘Abril Comunicaptes SA. -CNP 44 597.062)0073-22, ‘Av, Olavano Aves do Lima, 4400 - Freguesia do 0 ‘Sto Paulo - SP - CEP 02808-000 Dados ntrnacionis de Catalogacio na Publicar (CP) i, (Cima rast Fumes dart ensno fundamental: anos nis: -ano/ arans ume Munieltall ed. S¥e Pau Eases Su 2018 utes autores: Mario Andrade Rocha, Reig Vins, Aang Grain Canalo Perea Ison re 95-410 21872taline) (SBN 70-95. 418.21919grofcean) 1. Ate Esiofndamental | Mun Marana Lia. 1 Rocha Maurie Andrade i Woe Resign” Perera on craina Canale se.2120 con-sas ines pra noe seri: SM Educorae Rua TenenteLycurgo Lopes da Cruz, $5 ‘Agua Branca 05036-120 Si Paulo SP Tel. 12111-7400 lcoessmegrupo-sm.com wc edieoessm.com.br rit ApresentacGo Carola} estudante, Nosso dia a dia esté repleto de desafios, que nos esiimu- lam a buscar solugées inteligentes e criativas para superdlos. A arte é uma érea espectfica do conhecimento que desenvolve a ctiatividade, a imaginagéo, a comunicagéo verbal e nao verbal e a habilidade de interagdo entre as pessoas. Por meio da arte, podemos encontrar formas diferentes de expressar comunicar nossas ideias, sentimentos e sensacées, utilizando, para isso, cores, texturas, linhas, gestos, palavras e sons Nesta colegio, vamos explorar as materialidades, técni- cas e processos criativos da arte por meio de experiéncias com 0 fazer aristico. Também vamos conhecer 0 contexto histérico, social e cultural das produgées artisticas contempo- raneas ¢ de outtas épocas no Brasil € no mundo, identifican- do as diversas matrizes estéticas e culturais que as compéem. Junio & produgdo e & contextualizagéo, vamos desenvolver a apreciagGo de obras produzidas tanto por artistas profissio- nais como por voc e seus colegas de classe. Dessa forma, trabalharemos a experiéncia prética em arte, o conhecimento sobre arte e a habilidade de apreciar manifestagées aristicas ‘em suas diversas linguagens: visual e audiovisual, cénica (Teatro, Danga e Circo) e musical Esperamos que © aprofundamento nesse universo da arte contibuc para a ampliagéo do seu olhar sobre a produgéo ar tistica da sua comunidade, do seu pais e do mundo. Também pretendemos que, a partir do contato com a arte na escola por meio desta obra, vocé vivencie o fazer artistico de forma con- textualizada, desenvolvendo habilidades que vao contribuir para 0 exercicio pleno da cidadania, para ume qualidade de Vide melhor e para a continuidade de seus estudos e posterior atuagéo profissional. Os autores t \ Conheca o seu livro Este € seu livio de Arte, € ele vai acompanhérlo durante todo 0 ano letivo. Vamos conhecélo? Pay E a 6 inate 7 Pret Abertura de Unidade CSS | Imagem e texto que inroduzem o ‘assunio de cada Unidade. Trocando ideias NNo inicio da Unidade, esta seg < pretende explorar suas opinides € conhecimentos prévios sobre os conteidos que sero abordados | Explorando Glossério | navrede Apecariaic | dodo de signiicado de | pesquisa pora | erecta | vce inane lavas dest informagdes na | 20 longo do texto | interes. Outras vozes Reportagens @ enevistas com artistas || para voc conhecer seus processos criativos, ‘opinies e rotinos, | Sego que hale de temas que | revelam como a | arte contibui para: | a construgéo de | um futuro mais democidlco, | sustentavel e | igualitri. NAO ESCREVA NESTE LVRO Méos & obra Sedo em que s60 propostas atividades pidticas relacionadas s diferentes linguagens atisticas. Atividades Seco de atividades aque vo aualiélo na compreenséo dos contetdos ttabalhados | invesigor novos cconhecimentos pora consti e criar em uma | alvidade envolwendo . género [choro], por sua personalidade ‘Acesso emf jul. 2018. @ %: ave Piscila Motos considera Chiquinha Gonzaga “uma mulher é frente de sev tempo"? BE Noor. 5 do CD de sudio, ovga ume comporicéio de Chiquinhe Gonzaga: « congo “O abre alas". Aproveite para conhecer a letra, apresentada a seguir. O abre alas O abre alas Que eu quero passar O abre alas Que eu quero passar Eu sou da Lira ‘Niio posso negar Eu sou da Lira Nao posso negar Oabre alas Que eu quero passar O abre alas Que eu quero passar i quem vai ganhar Rosa de Ouro E quem vai ganhar GONZAGA, Chiguina. © abre als. Discacle 75xpm, Odeon, GHG de OUFEE nome 1912. [Alewadacangdofei | do giupo camavalesco ‘ranserita pelos autoresdacolesse | do qual Chiquinho fazia parte. 20 NAO ESCREVA NESTE UVRO HRB © chorinho nas composicées de Villa-Lobos O artista brasileito Heitor Villalobos (1887-1959) era violoncelista de pro- fissGo. Apesar de ter se dedicado & masica de concerto, VillaLobos era também um frequentador das rodas de choro na cidade do Rio de Janeito, em que toca- va violdo. Viveu alguns anos na Franca, onde aprofundou seus estudos musicais, e também viojou por diferentes regiées do Brasil para conhecer as musicalidades € 08 insttumenlos populares locais Com os conhecimentos musicais que obleve em estudos, viagens e em sua pratica como insttumentista, Villa-Lobos conseguiy reunir em suas composi¢es de concerto, os géneros populares brasileitos, enite eles a modinha, o lundu e 0 chorinho. es UA 1 eR, FORO Icio o livio Choro e mmisica caipira pra conhecer um pouco mais sobre a histSria do chorinho. Veja a teferéncia completa do obra na segd0 “Para let, ouvir e ver", a0 final da Unidade, J ATIVIDADES Ne 1", de Villa-Lobos . A cangdo 'Carinhoso’, que v + Ouga a faixa 6 do CD, que contém uma gravagdo de trecho da misica "Chéros ouviu na faixa 4, e a composigao “Chéros N2 1 sGo exemplos do género choro, ou chorinho. Converse com seus colegas e seu(sval professor(a) sobre as semelhancas e diferengas entre as duas gravacées NAO ESCREVA NESTE LVRO 21 EXPLORANDO NA REDE Outros géneros musicais brasileiros ‘Além do lundu, da modinha e do chorinho, o Brasil possul uma grande vatiedade de géneros musicais de diversas origens, caracteristicas e lugares de pratica. Nesta se¢do, Woc8 vai pesquisar mals exemplos de géneros musicais brasleros. we. Dividamse em grupos de cinco estudantes e escolham um género musical brasileiro que nao foi estudado nesta Unidade, como 0 samba, 0 baido, xote elc. Voc’s po- dem também optar por um género que seja tipico de sua regido. Pesquisem artigos sobre as origens do género musical escolhido, mas especialmente busquem ouvir cancdes que revelem as suas caracteristicas musicais, como: © instrumentos utilizados; © formas de canto; * tematica das letras, Durante o pesquisa, fagam anotagSes e registrem as seguintes informagdes sobre o género musical escolhido: * A origem ¢ influéncias cultuais * As caracteristicas musicais. © Caso seja tocado em mais de uma regido: as diferencas e semelhangas musicais do género entre elas. © Mésicas e artistas que contribuiram para consolidar o género. © Trechos de letras ou de misicas gravadas que representem o género. © Se existem dangas ou movimentos corporais que acompanham tipicamente as cang6es. Com base na pesquisa realizada, o grupo iré montar uma apresentagdo sobre 0 g& nero musical para o restante da turma °e A apresentagdo pode conter carlazes compostos de fotos, desenhos, pequenos textos, que sintelizem aspectos importantes que vocés descobriram durante a pesquisa Levem gravacées de cangées do género escolhido indiquem as caratetisticas musi cais por meio da apresentagao delas. 8 ‘Apés a apresentagdo de todos os grupos, troquem ideias sobre como foi elaborar a pesquisa. As perguntas a seguir podem auxiliar na condugao deste exercicio: “Vocés ié conheciam os géneros musicois estudados por seu grupo e pelo restante da turma?", *O que acharam de mais injeressante nas pesquisas?", “Como esta atividade conti buiu para o seu conhecimento sobre géneros musicais brasileivos?” 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 *# Regido|6es} brasileirals) e ocasiées em que é tipicamente tocado. ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 t 22 NAO ESCREVA NESTE UVRO A Musica em manifestagdes culturais brasileiras Durante o século XX, 0 radio foi um dos principais meios de divulgago das misicas brasileiras. A tecnologia de gravagdo de discos também foi se aperfeigoando, fazendo com que a misica produzida e gravada pudesse chegar a varios lugares do pais. No século XXI, a intemet € os servicos de ‘Sireaming estao tomando a dianteira desse processo. Mas, poralelamente & produce industrial de Musica, com gravagéo de discos e divulgagdo via radios e internet, sempre pulsou misica feita local mente, muitas vezes vinculada a festejos ¢ rituais regionals, envolvendo dan: gas e mesclando culturas. S40 muitos os exemplos dessa producdo musical brasileira. Um deles 6 0 congado ou a congada, uma manifestaséo popular afrobrasileira repleta de cantos e instrumentos como violées, chocalhos, pan- deiros, recorecos, sanfonas e tambores. A congada esta presente em diversos 7 estados brasileiros: Minas Gerais, Paraiba, Maio Grosso, So Paulo, Pernam- buco, Goids, Parand, entre outros Essa tradigGo teve origem no Congo, pais localizado na costa oeste da Africa, e se inspira no cottejo em homenagem aos reis do Reino do Congo. Chegou co Brasil com os africanes escravizados, onde foi assimilada as ou tras manifestacées da cultura brasileira Desse modo, o congado mistura vérias religides e culturas diferentes em uma mesma fesiividade. Os congadeiros, como so chamados seus integrantes, expressam suc historia, sua cultura e suc religiosidade, mantendo viva uma tra digdo que & passada dos mais velhos aos mais novos, de geragéo a geragao. | ao mow syruse mcs NAO ESCREVA NESTE LVRO Streaming: tecnologia de fransmisséo instonténes de dodos de éudio © video através de redes. 1 Congadeiros tocam 0 reco reco, insrumento de percussdo que participa dessas manifestagées. Vila Bela da Sanfissima Trindade, Mato Grosso (wn, 2014. 2.0 tombor & um dos Principais instumentos focados no congado. Congade Rosa de Aibaia, Séo Paulo (SP), 2017. & MAOS A OBRA Instrumentos de percussao No congado, diversos instrumentos de percussdo participam da musicalidade que acompanha a manifestacdo, como o tambor e o chocalho. Eles produzem sons ao serem batidos com as méos ou baquetas, sacudidos ou martelados, podendo ser feitos de diversos materiais. Nesta se¢do, vocé aprenderé a construir dois insirumentos de percussdo de uma maneira muito simples. Etapa 1 - Chocalhos Materiais: + Frascos vazios de plésticos de diversos tamanhos * Papel Kall grosso * Grdos crus de arroz, G0 ou milho * Conetos hidrocor © Fitacrepe © Elasticos de borracha ° Como fazer: @ 12%¢ 05 froscos vazios de plastico e espere secor Coloque pequenas quantidades de gréos crus de arroz, feijéo ou milho denito dos frascos e feche com a prépria tampa. Experimente os sons, aumentando ou diminuindo a quantidade de graos dentro dos recipientes, até obter uma sonoridade que lhe agrade. @ Sele c tampa com a fitarctepe para evitar o vazamento, seoausesaware Outro opgéio, que gera uma sonoridade diferent, é selar « boca do frasco com 0 papel Kraft Coloque o papel sobre a boca e prenda-o com 0 elistico de borracho. Enfeite ou pinte seu chocalho e pronto. O seu instrumento esté finalizado e ja pode ser utilizado! Etapa 2 - Tambores Materiais: * Lata vazia de tamanho médio, _* Fita-crepe ou fita adesiva * Tesoura sem ponta como de biscoilos ou de finla. & Um pole pequeno de verniz _ * Joinais antigos * Papel Kraft grosso aiéxico e néo inflamavel * Lapis grafite preto © Pincel (Trincha} Como fazer @ ) 8 Pulsacao e andamento em Musica Muitas vezes, quando ouvimos ou cantamos uma midsica, nés a acompanhamos batendo palmas ou os pés no chéo. Quando fazemos isso, estamos marcando a pulsagdio, que é uma unidade ritmica regular que se mantém durante um trecho mu- sical ou por toda uma misica. A pulsagéio é uma caracteristica que pode variar de uma misica para outa, e até mesmo em uma mesma cangdo pode haver mudancas de pulsagdo. Também é possivel cantar e locar uma mesma misica em diferentes velocidades, de forma mais lenta ou mais tépida. O nome dessa caracteristica musical é andamento, que se refere, portanto, 4 velocidade com que uma misica & cantada ou tocada. Os termos técnicos em Musica muitas vezes sGo de origem italiona. Isso acontece, por exemplo, para denominar as variagdes que ocorrem, nos andamentos. Quando o andamento de uma misica aumentado, ou seja, quando a velocidade aumenia aos povces, dizemos que estamos accelerando ‘© andamento. Pode acontecer © contrério, ou seja, 0 andamento parte de uma velocidade mais rapida e vai desacelerando aos poucos. Nesse caso, dizemos que estamos rallentando o andamento. &% wrvivaves 1. A Marjada uma festa de heranga europeia e seu nome é derivado da palava “marujo", pois foi originada para celebrar as expedi¢des maritimas portuguesas nos séculos XVI e XVII. Quca a faixa 9 do CD, com a misica “Noite de lua", que é apresen- tada nas festas de Marujada, na cidade de Montes Claros, estado de Minas Gerais. Confira também a letra da cangéo a seguir Noite de lua Enoite de lua, lua ‘Vamos dar a despedida na deixa a viola chorar cravelha da viola E noite de lua, lua Pra quem mora perto é cedo deixa a viola chorar pra quem mora longe é hora Dominio piblico. Quca a faixa novamente e bata palmas ou os pés no chéo para acompanhar a pul: sa¢60 da misica. Utilize os instrumentos que vocé produziv na segdo “Mos 4 obra! para auxiliar na marcagdo da pulsa¢do. ‘Agora, vocé e a turma devem cantar « cangéo “Noite de lua” fentando variar 0 seu ondo- mento. Primeiro, cantem a misica seguindo o andamento que ouviram no faixa do CD de udio. Em seguida, cantem a cangée toda em andamento lento. Por fim, em andamento mais acelerado. Enquanto cantam, também batam palmas e os pés nas pulsagdes correspondentes. Depois, tespondam: As pulsagdes mudaram ou permaneceram as mesmas? 30 [NAO ESCREVA NESTE UVRO- ARTE DO AMANHA Uma festa para a paz Os membros da Associa¢éo Cultural, Recreativa e Camavalesca Filhos de Gandhy constituem um bloco de carnaval que existe ha mais de 70 anos na cidade de Salvador, capital do estado da Bahia. A misica que anima o bloco é 0 ijexa, ritmo afrobrasileiro com base na percussdo e nos cAnticos da tradi¢Go iorubd. © nome do grupo é uma homenagem ao ativista indiano Mahatma Gandhi {1869- -1948), conhecido por sua importante luta pela paz, pela igualdade entre os povos e pela nGo violéncia. Os colares azuis e brancos utilizados pelos integrantes do grupo so referén- cias a simbolos dos religiosidades de matriz africana = £& TN 4 | Bloco de Cornoval Filhos de Gandhy em Salvador, Bahia (8A), 2014. A preservagao da cultura dos afticanos e de seus descendentes no Brasil aconiece sob «@ forma da religiosidade, da Misica, da danga, da culindria, entre outtos aspectos cult tais. Dessa forma, além de defender suas identidades e sua liberdade, essas manifestacoes contribuem significativamente pora a construgdo da diversidade cultural brasileira Assim como outs blocos de carnaval, os Filhos de Gandhy movimentamn a economia nos meses anteriores co carnaval em Salvador. Os artesdos locais rabalham na confecséo NAO ESCREVA NESTE LVRO 31 de turbantes, colares ¢ broches. Hé também um aumento no comércio em geral, por conta da maior citculagao de pessoas, atraidas pelo turismo e pelas fesividades Os organizadores do bloco consideram que © principal objetivo do grupo & pregar a paz, recebendo pessoas de todas os religiées, condigdes sociais e elnias, para fazer uma grande festa no camaval da cidade i i ‘ 4 Bloco de Carnaval Filhos de Gandhy em Salvador, Bahia (BA), 2014 §\ trocanpo meas 1 Sa © Com conver nas perguntas @ seguir, reflta sobre 0 que foi abordado nesta Unidade ‘om seus colegas € ola) professor(a) a} Discuta as maneiras como 0 lundu, a modinha e o chorinho se relacionam em suas co- racteristicas musicais ¢ contextos histricos l b} Detalhe as caracteristicas das expresses musicais no Congado e no Toré. 32 [NAO ESCREVA NESTE UVRO oO ) EM POUCAS PALAVRAS ee Nesta Unidade, vocé aprendeu: * a valorizar a diversidade de géneros que consfitui a musicalidade brasileira * a reconhecer que esses géneros surgiram da mistura de varios culturas que formaram © povo brasileiro. * a conhecer as contribuigées da obra de Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga e Heitor Villa-Lobos para a musicalidade brasileira. * a construir insirumentos de percussdo. * a valorizar as caracteristicas de identidade cultural presentes na Congada e no Toré. * a explorar diferentes pulsagdes e andamentos em cangdes populares por meio de palmas, batidas de pés e de instrumentos musicais construidos por vocé. * sobre 0 bloco camayalesco Filhos de Gandhy e sua tradi¢do de celebrar a paz com base na cultura ioruba. PARA LER, OUVIR E VER Livros * Dicionério escolar afro-brasileiro, de Nei Lopes. Séo Paulo: Solo Negro, 2015. © livro apresenta verbetes que abordam biografias de personalidades afrodescen- dentes de destaque na vide brasileira, além de trator de temas como desigualdade social, escravidéo e racismo. * Choro e musica caipira, de Carla Gullo, Rita Gullo e Camilo Vannuchi. Sao Paulo: Moderna, 2015. O livro conta a histéria do chorinho @ da mésica caipira: suas origens, os grandes su- cessos e alguns dos principais compositores e intérpretes dos dois géneros musicais. cD * Sassariquinho: E 0 Rio inventou a marchinha. Biscoito Fino, 2013. CD. O album apresenta 28 marchinhas de carnaval, dentro da tradi¢ao musical iniciada por Chiquinha Gonzaga Audiovisual '* Caminhos da reportagem: Pixinguinha, ao mestre com carinho. TV Brasil, 2017, 52 min. Disponivel em: . Acesso em: 27 jul. 2018. O programa Caminhos da reportagem sobre Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, for ao ar em 12 de joneito de 2017, ano em que se completavam 120 anos do nascimento do composior. NAO ESCREVA NESTE UNO 33 ATIVIDADE COMPLEMENTAR: ARTES INTEGRADAS yy ‘axonmave oan at Y If J. BORGES © boi 6 uma figura central em muitos folgued6s da cultura popular brasileira, Eles costumam ocorter no perfodo juin ou fatale em varias localidades de muitos estados do pais. Nessas diversas manifestagées po- pulares, a representado do boi est associada a muitos simbologias. Sua vitalidade 6 uma constante dos feslejos, e ao seu entorno existe um conjunto de personagens e acées cujas referéncias remontam as matrizes culturais que formam a base da cultura do Brasil: a indigena, a europeia e a africana. Nesta Atividade complementar, vocé vai trabalhar com a temética des: sos manifestagdes populares brasileitas que se desenvolvem em toino da figura simbélica do boi, conhecer suas diferentes origens, experimentar brincadeira do Bumba meu boi e apresenté!a pora a comunidade escolar Ao final, voce faré com seus colegas ¢ ola} professorfa) uma reflexdo sobre todo 0 processo, desde a pesquisa, passando pela construgo do instrumento musical e dos aderecos e pelo ensaio, até a apresentacdo. Vamos lé? “4 | laud os ? popular com um tema tradicional espactico 0 um gtupo de pessoas uhino! referente ds | Festas que ocorrem de junho, Natali: refererte 4s fests d periodo que vai da véspera de Noial (6 de janeiro) } NAO ESCREVA NESTE UVRO CONHECER No Brasil, as manifestagdes da cultura popular que ocorrem em tomo da figura do boi so conhecidas pelo nome de brincadeiras de boi. As pessoas que participam dessas mani- festagées populares sGo chamadas de brincantes, pois, como o préprio nome [4 expressa, a brincadeira é uma caracteristica muito importante desses folguedos. As pessoas vestem roupas e acessérios confeccionados com muitas cores e diferentes texturas. O adereco no formato do boi 6 0 fantasia principal do folguedo, pois 0 animal & 0 protagonista da lenda popular que inspira a festividade. Na historia, um boi, o mais bonito de uma comunidade, volta & vida apés ter sido morto. Nos folguedos, os brincantes se rednem para celebrar a morte & a ressurteigdo do boi O fesiejo € realizado por meio da danga, do canto, da interpretacdo dos personagens que fazem porte da lenda e da construgdo de aderecos e fantasias Brincante vestindo uma fantasia de boi durante celebracéo do Boi pintadinho, Vitéria, Explrito Sonto (ES), 2012 NAO ESCREVA NESTE LVRO ‘am eco Estudos indicam que a origem desses folguedos seria europeia de- vido a representagao da morte e da ressurei¢ao de um boi em @UIOS portugueses e espanhdis. Porém, existem também pesquisadores que ite: encenacao teat inspirada nos saberes e considera tratarse de uma manifestacéo popular original do Brasil. | pa rligisidade Ela teria se espalhado pelas diferentes regides brasileiras, a partir popular de_ do século XVII, por meio dos movimentos de interiorizacdo, como as | hsloias com foe | ‘entradas © bandeiras con pore A origem de uma manifestacéo popular pode ser muito dificil de | elementos cémicos hy e dromaticos. Sua determinar, pois esses folguedos esto em constante mudanca. Cada S20" do getorto de brncaies acrescena lemons ov 0 resigiica, sem | Babe ned perder, no entanto, 0 respeito as tradicées de seus antepassados. No fitos coloridas. Tratase de um personagem das festividades do Bumba | para avancar polo meu boi do Maranhao, manifestagdo cultural declarada como Patrimé- | interior do territério, io Cultural do Brasil em 2011 pelo Instituto do Patrimonio Histérico e | brasileiro. Ariistico Nacional (phan) processo histérico de formacéo da cultura brasileira, 0 encontro das | SPaisoes matrizes culturais resuliou em combinagées particulares a cada regido | Conca ponuguesa do Brasil. Dessa forma, as brincadeiras do boi tém suas variantes re- | no periodo gionais, onde a festividade & realizada de acordo com a cultura local. | coli, sobretudo Cada regido apresenta sua forma de celebrar essa manifestagéo popu: | $n do vl lar. No regiéo Nordeste, por exemplo, um dos personagens dos folgue- | pelo ntsior do dos locais é a Burrinha. Na danga que se realiza entre os brincantes, territério brasileiro. @ Burtinha dé assisténcia para manter a roda do boi aoe Outro exemplo de personagem associado as brincadeiras de boi € | organizadas pelos | © Caboclo de fta. Seu traje se caracteriza por uma roupagem colorida | ptéptos colonos, | @ cheia de enfeites. © adereso principal é o grande chapéu rodeado de | Sobrehdo-e farir | mao IN SESH = x iE a © Caboclo de fita & um personagem do Bumba meu boi, no Maranhao, que danca e canta pela A Burinha um dos personagens annals ave a ressurreicéo do boi. Sdo Luis, Maranhao (MA), 2013. fazem parte da monifestacdo do Bumba meu boi ‘no Maranhao. © adereco que veste o brincante apa suas pernas e fica pendurado a seu corpo por uma espécie de suspensério. Séo Luis, Moranhéo [MA), 2013. NAO ESCREVA NESTE uVRO As brincadeiras de boi envolvem diversos aspectos sociais, histéricos, culturais e artisticos No campo da Arte, podemos destacar os elementos visuais, cénicos, musicais e corporais que compdem 0 folguedo. De acordo com a pesquisadora Maria Luiza Cavalcanti: A brincadeira [do boi] aciona diferentes linguagens expressivas: hapa nese iiisica [no conjunto de instrumentos, voz cantada e faladal; ha também osso wsacs bailados [nas coreografias especificas para personagens ¢ fases da brinca- | come sinénimo de deira}; ha também drama (nas sequéncias de agéo nas quais interagem Dara. Dramat neste s0, usado como sinénimo de Teatro, certos personagens da brincadeiral. | CAVALCANTI, Maria Luiza Viveiros de Castro, Tema ev | sobre a morte ea ressureiso do boi. Mana: estudos de antropologia social, Riode Janeiro, v.12, n. 1, 2006. p. 74. ante do mito: Além da Misica, de Danca e do Teatro, pontuados por Cavalcanti, os elementos visuais so muito importantes nas brincadeiras de boi. Os brincantes passam 0 ano inteiro costurando seus trajes, chapéus e demais aderesos para serem usados durante a fesia. Esses elementos variam de regido para regido e podem contemplar diferentes materiais: tecidos, penas, fitas, lantejoulas, palhas etc. E comum dessas manifestagSes culturais que seus brincantes caprichem nos trajes que vestem para representar os personagens da historia A riqueza na composi¢ao de elementos visuais e a atengdo dada para os detalhes na confeccGo das peas fazem dos trajes um aspecio imporlante para 0 processo de encenagdo do folguedo. E por se tratar de uma lenda que trabalho com um imagindio ldo forte como a temética da vida © da morte, os brincantes atuam com mais vigor nos papéis de seus personagens a partir do figurino bem represeniado, assumindo até mesmo um cardter mistico! Ss sobrenaturais, 00 ambiente espiivol. | xoure sacroeau Celebracao do Bumba meu boi. So Luis, Maranhéo (MA), 2013. Nas fantasias dos brincantes existe uma grande presenca de fitas, NAO ESCREVA NESTE LVRO O artefato do boi geralmente é feito de madeira leve, possui enchi mento de espuma e é coberto de tecidos e fitas. O brincante entra nessa estrutura e fica coberto por ela. Em algumas ocasides é possivel enxergar seu rosto, mas, na maioria das vezes, s6 seus pés ficam visiveis. Ele dan- 0 € pula com tanta intensidade que o piblico tem a impressGo de ver Um boi com vide propria. Na tradi¢éo do folguedo, o nome pelo qual se chama o brincante que movimenta a estrutura do boi é "miolo Os movimentos do boi podem ser acompanhados pelas teadas pelo som de instrumentos como os maracés, de origem indigena, e os pandeiros e famboresonga, de sonoridade africana O festejo segue uma ordem de apresentacéio em que para cada en: cenagdo do auto (preparagdo, aviso da chegada, morte, ressurreicdo encerramento} existem misicas e dancas realizadas de maneiras variados. Os passos dos brincantes, os rodopios e volteios do boi e a musicalidade das cangées expressam as simbologias de cada momento do festejo, com uma haste de madeira presa em seu inerioc Os eae a haste com um pedaco de pano umedecido, para frente e de modo que o som produzi seja semelhante ao ruido de um boi ot de uma ong SOE SCR, Fanlosias que representam o boi em folguedo conhecido como Boi de mamdo. Sao José, Santa Catarina {SC}, 2015, 38 NAO ESCREVA NESTE LIVRO As caracieristicas das brincadeiras de boi variam de localidade para localidade. Existem varia «Ges desses folguedos pelas diversas regiées do Brasil, inclusive em seus nomes, alguns exemplos sco: Bumba meu boi, no estado do Maranhdo, 0 Boi pintadinho, no Rio de Janeiro € no sul do Espirito Santo, 0 Boi calemba no Rio Grande do Norte, e 0 Boi de mamdo, no estado de Santa Catarina. Até dentro de um mesmo estado ou cidade, cada grupo de brincantes pode ter diferentes misicas, instrumentos, formas de dangar, personagens etc. No Maranhdo, por exemplo, o Bumba meu boi tem Varios solaques, ou seja, formas de expresso do folguedo. Veja alguns exemplos a seguir: ‘© Orquestra: sotaque em que o acompanha: mento musical & feito com instrumentos de sopro e corda, como banjo, saxofone e clo: rinete. Entre os personagens do sotaque de ‘orquestra esto os vaqueiros e os indios RNAS * Baixada: sotaque em que o acompanhamen to musical cadenciado e com instrumentos de percussdo. Também exibe a presenga do Cazumba, um personagem meio homem e meio bicho que se apresenta mascarado © personagem Cazumba. Brasilia, Distrito Federal (DF) * Costa de mao: solaque em que os brincan- | Si tes focam os pandeiros com as costas de suas mos, ® Matraca: solaque em que a misica 6 pro- duzida por instrumentos percussivos como a matraca ¢ 0 pandeirdo; Os tocadores de instrumentos ficam posicionados do lado de fora da danga, como se estivessem cercando a brincadeira. Tax OD WACO OED Matracas sendo iocadas por um grupo de brincantes do solaque Matraca. Matinha, ‘Maranhao (MA), 2013. Com suas diferen¢as e originalidades tipicas de cada re. ( . gido ov até dos grupos e cordées de um mesmo estado, o que | MBIEEEE insreno consnido | hé sempre de comum entre esses diversos solaques, bem como Sve produzem sons quondo $30 entre 0 Bumba meu boi do Maranhdo e outras brincadeiras de idos um contra © outro. boi no Brasil, é a figura simbélica do animal. Sua morte e sua PaindSIFBO! instrumento similar fessurrei¢Go representam renovacdo e vitalidade para diferen- °° Pandeiro, mas néo possui chapinhos de metal, e pode ter tes comunidades de brincantes. SSeS NAO ESCREVA NESTE LVRO 39 Nesta seg, vocé vai se reunir em grupo com quatro colegas para pesquisar brincadeiras de boi em diferentes estados do pais. Pesquise na internet, em livros, revistas e pergunte aos adultos do seu convivio se eles conhecem alguma brincadeira de boi. A pesquisa ser dividida em trés etapas, Etapa 1 - Levantamento de dados sobre as brincadeiras de boi pelo Brasil QP 1. A partir da pesquisa feita com base em consulta na internet, revistas, livros e conversando com seus familiares, levantem o maior némero possivel de brincadeiras de boi que ocorrem pelo Brasil. Em seus cadernos, anotem as principais informagées sobre cada um desses folguedos: Nome do folguedo; ‘Sua origem e historia; Influgncias culturais presentes nessa manifestacGo; Caracteristicas do folguedo; Regido e estado em que é praticado; £poca do ano em que é realizado; Fontes da pesquisa 2. Apés 0 levantamento, vocé e seus colegas de grupo deverdo escolher um folguedo para aprofundor a pesquisa Etapa 2 - Aprofundamento da pesquisa 1. Busquem informagdes mais detalhadas sobre a brincadeira de boi escolhida por vocés, com base nas fontes consultadas na internet e em material impresso para desenvolver a pesquisa Invistam também no levantamento de fotos, videos e audios dessa brincadeira, pois o partir desse material, o grupo poderd observar os movimentos de corpo, as can¢ées, as fantasias, entre outros elementos que compdem 0 folguedo. 2. O grupo vai montar um video sobre o folguedo e apresentard para a turma. Para isso, vocés devem primeiro estruturar um roteiro para o video: * Apresentem o folguedo escolhido pelo grupo. Lembremse de falar o nome pelo qual & conhecido, a regido onde se realiza e a época do ano em que se festeja. © Informem as principais caracteristicas especificas do folguedo com destaque para os elementos expressivos como: as toadas, os instrumentos, as movimentacSes dos corpos, a dramatizagdo, as vestimentas, os aderegos, entre outros. © Indiquem curiosidades sobre © folguedo e as fontes da pesquisa. Assim, vocés contri buem pora que outras pessoas possam buscar sober mais sobre essa brincadeira. lembre-se que um video dindmico necessita de um equilibrio entre o némero de imagens € trechos de audiovisuais e a quantidade de narracéo, ou seja, evite deixar a mesma imagem na tela por um tempo de locugGo muito longo. E recomendavel que o video néo ultrapasse trés minutos e que incorpore misicas dos folguedos pesquisados. Se possivel, pega ajuda a um adulto para enirarem em contato e entrevistarem uma pes- soa da comunidade que esteja envolvida com o festejo. Pode ser um brincante, um pes- quisador ou alguém que participe da organizagao do evento. lembrem-se de elaborar Perguntas para a entrevista e de registréla, para ser utilizada na montagem do video. Com base no roteiro estruturado pelo grupo, organizemse para fazer o video. Para isso, elaborem o texto sobre o folguedo com as informagées levantadas no item 1 desta etapa. Este texlo deve estar associado as imagens e aos videos sobre o folguedo. © grupo pode coplar por gravar a leitura do texlo somente com a voz dos estudantes ou registrar essa gra- vagao filmando 0 estudante que |é. O formato do video ¢ uma escolha do grupo, que pode se inspirar em formatos de programas de televisdo, telejornais, documentarios ou criar a sua propria linguagem, sempre considerando que a mensagem seja transmitida de forma clara para os estudantes dos outros grupos. Feita a gravacao, utilizem um programa de edi¢ao de videos para estruturar as cenas filma das na sequéncia correta, inserir 0 material de pesquisa coletado, cortar os erros e indicar ‘as referéncias consultadas. Caso tenham duvidas para editar 0 video, solicitem que ola) professor{a] auxilie seu grupo nessa atividade. E nao se esquecam de colocar seus nomes nos créditos de produgGo, roteiro e dirego da obra feita por vocés! As indicacdes anteriores sGo apenas uma sugestio de estrutura. Assim, vocés também po- dem elaborar o seu proprio roteiro, acrescentando outras ideias e enriquecendo o trabalho. Etapa 3 - Apresentacdo da pesquisa 1. Em sala de aula, vocés vao apresentar 0 video. Tragam 0 arquivo do seu grupo em um pendrive ou carléo de meméria e baixeo em um computador na sala de aula ou no labo- ratério de informatica. Exibam 0 video para a turma e, posteriormente, abram a oportunidade para que seus cole- gas fagam comentarios e/ou perguntas sobre o conteddo da apresentacao. Depois de assistirem aos videos dos grupos, debatam as diferengas e as semelhancas entre as diversas brincadeiras pesquisadas, destacando aquelas que mais hes chamaram a aten- G0. Lembrem-se de mencionar os diferentes elementos expressivos do folguedo, ressaltando uma misica, um passo de danga, um personagem ou um elemento visual marcante. Organizem junto com ofa) professorla) uma atividade para que os videos elaborados por vocés possam ser vistos por outros colegas da escola, familiares e as demais pessoas da comunidade escolar. Apés a apresentagéo dos videos, abram a atividade para as per guntas € promovam uma roda de conversa para falar sobre a experiéncia de pesquisar as brincadeiras de bei na cultura popular brasileira Vocé 4 aprendeu sobre as brincadeiras de boi e as festividades que as celebram nas di- versas manifestagées populares do Brasil. Nesta se¢Go, vocé vai explorar os elementos visuais, dramaticos, dangados e musicais do Bumba meu boi do estado do Maranhao, e vai construir alguns dos aderecos utilizados pelos brincantes para representar personagens tipicos dessa ma- nifestagéo popular declarada patriménio cultural do Brasil. Etapa 1 - Construindo os artefatos QB 1. Dividam a turma em quatro grupos de trabalho. 2. Cada um dos grupos formados ficara responsdvel por um dos seguintes elementos express vos do Bumlba meu boi: * Grupo A: Confecgtio da fantasia do Boi * Grupo B: Confeco da fantasia da Burrinha ‘© Grupo C: Confecgdo dos chapéus dos Caboclos de fita © Grupo D: Confecgto do tambor de onca Nos folguedos, os brincantes levam meses montando e confeccionando os artefatos. Para essa atividade, no entanto, o grupo vai montar suas versées mais simples. 3. Acompanhem 0 passo a passo da confec¢do do objeto pelo qual seu grupo é responsavel nos itens a seguir. Grupo A: confeccdo da fantasia do Boi © O grupo vai construir duas pecas. Uma delas compord 0 corpo do boi, e a outra repre sentard a sua cabeca. Materiais: Folha de papel Kraft Canetos hidracor (Dimensées: 1,5 m x 1,5 m) Cola branca e em bastéo Folhas de papel crepom Carolina Fitas de cetim de cores diversas (Medi- Caixa de papeléo pequena [Dimensdes da: 1,2 m de comprimento) ‘aproximadas: 10 cm de altura x 15 cm Purpurina e lantejoulas de profundidade x 15 em de largura] Tesoura escolar NAO ESCREVA NESTE LVRO Como fazer: 1. Na construgao do corpo do boi, dobre ao meio a folha de papel Kraft de acordo com o sentido indicado na ilustracdo a seguir: 2. Corte um dos cantos superiores do papel dobrado, como o indicado. 3. Desfaga @ dobro. Um semicirculo deve ter se formado no papel. 4. Cole um pedaco da fita de cetim ao redor do semicirculo, como demositado a seguir: NAO ESCREVA NESTE LVRO. 43 5. Utilize o papel crepom para recortar tiras de longo comprimento. 6. Cole as tiras recortadas e 08 pedacos das fitas de cetim nas laterais do papel Kral 7. Também decore o papel com purpurina, lantejoulas e desenhos feitos pelo grupo utilizando as canetas hidrocor. Apés essa etapa, 0 corpo do adereco do boi estard pronto! 8. Para fazer 0 rosto do boi, pegue a cartolina e se inspire nas fotografias que vocé observou nesta Atividade complementar para desenhar o formato da cabe¢a do animal, seus olhos, chifres, orelhas e focinho. 9. Recorle a cartolina ao redor do formato da cabega e do focinho do boi e decore 0 rosto do boi com purpurina, fitas e lantejoulas. 11. A fantasia agora esta completa! Grupo B: confeccdo da fantasia da Burrinha Materiais: * Caixa média de papeléo (Dimensdes © Lantejoulas, tampinhas de garrafa e ou- 50 cm de altura x 65 cm de profundi- tros elementos para decoragéo dade x 77 em de comprimento} Pistola e tubo de cola quente * Tipos variados de tecides (elgodéo, brim, poliéster,chita, entte outtos) em diversas cores * Tesoura escolar Garrafa PET Cartolina colorida . Como faz 1. Uiiizando « tesoura, corte @ retire a tampa e 0 fundo da caixa de papelao. NAO ESCREVA NESTE LIVRO 2. Com a ajuda doa} professor(a, utilize 0 tesoura para fazer dois furos em cada um dos lados mais compridos da caixa 3. Passe ume tira de tecido pelos buracos de um dos lados da caixa e amarre as pontas que ficaram voltadas para o interior. Faga 0 mesmo proceso com os outros dois buracos. Esse item visa garantir que seja possivel colocar os tecidos sobre os ombros de alguém, como se fosse um suspensério. Faga a cabeca da Burrinha com a garrafa PET, valorizando 0 focinho, os olhos @ as orelhas Para isso, dobre o gorrafa PET, deixando o seu gargalho para trés eo seu fundo para a frente. Passe a fila adesiva para fixar melhor a garrafa dobrada, conforme mostra a ilustra- Go a seguir 46 NAO ESCREVA NESTE LIVRO 5. Recorte olhos, orelhas e detalhes do focinho na cartolina e cole no rosto da burrinha, Voce pode também utilizar lampinhas da garrafa PET para fazer os olhos. 6. Faca um furo em um dos lados de menor comprimento da caixa de maneira que vocé consiga encaixar 0 bico da gorrafa PET nele. Caso seja necessério, firme o encaixe vilizando a cola 7. Decore toda a caixa com tecidos, lantejoulas, Jampinhas de garrafa PET e outros materiais. Depois dessa etapa, a fantasia de Burrinha estaré prontal NAO ESCREVA NESTE UVRO Grupo C: confeccdio dos chapéus dos Caboclos de fita Materiai © Chapéus de palha com abas © Grampeador e grampos grondes © Cola branca e em bastéio Fitas de cetim de varias cores Tecidos, lantejoulas, purpurina e outros elementos de decoragao Como fazer: 1. Dobre a aba da frente do chapéu de palha e, com a ajuda dola) professor(a], utilize o grampeador para fixérla na copa do chapéu. 2. Decore © verso da aba grampeada, ou seja, a parte que ficou visivel, com estrelas tecortadas de tecido e lantejoulas. 48 [NAO ESCREVA NESTE LIVRO Materiai: Grupo D: confecedo do tambor-onca Lata grande de leite em pd (com tampa de pléstico} Palito de churrasco Tesoura escolar Fita isolante Pedaso de pano de prato ou chéo Como fazer: 1. Pega cold] professorla] que retire 0 fundo de aluminio da lata com um abridor e que depois raspe a borda para que nao fique nenhum fragmento cortante. 2. Com 0 auxilio dola professor(a), pegue o palito de churrasco e faga um furo no centro da tampa da lata. NAO ESCREVA NESTE LVRO ao 3. Atravesse 0 palito de churrasco pela tampa, deixando a maior extensdo na parte interior da lata e somente uma pequena parte da ponta no exterior. 4. Em seguida, enrole a ponta do palito com a fita isolante, dando varias voltas. O objetivo é impedir 0 palito de entrar totalmente para dentro da lata. O[A) professorla) cortaré o exces: so do palito. 5. Segure a lata com uma mao e, tendo um pano tmido na outra mao, friccione com esta o palito para frente para trés, de modo a obter o som desejado. ' : : ‘ ' @ 6. Distibuom © compantihem os tambores produzidos com o restante da urma e ougam a faixa 10 do CD de dudio que contém uma melodia produzida pelo tambor de on¢a. Com a orientagdo de seulsua) professor(a), tente reproduzir esse som em seu instrumento. 50 NAO ESCREVA NESTE VO Etapa 2 - Cantando a toada @) 1. "Urrou do boi" é uma toada maranhense. Escute uma versGo dessa cantiga na faixa 11 do CD de dudio e procure aprender a letra: Urrou do boi ‘La vem meu boi urrando, subindo o vaquejador dew um urro na porteira, ‘meu vaqueiro se espantou, © 0 gado lé da fazenda com isso se levantou. ‘Urrou, urrou, urrou, urrou ‘meu novilho brasileiro Nilo: bezero que a natureza criou. COXINHO, Mestre, Urrou do boi. In: Grupo Sotaque do Pindaré. Burmba meu boi (LP). Fontana/Phonogram, 1972. 2. Depois de aprender a letra da toada, vocé e o restante da turma experimentardo cantéla sobre a versdo instrumental dessa cangdo, apresentada na faixa 12 do CD de dudio. Etapa 3 - Experimentacdo dos elementos dancados e cénicos Nesta etapa, vocés devem se revezar para experimentar as possibilidades cénicas e de movimento dos personagens: Boi, Burrinha e Caboclo de fita 1. Pesquise videos, na internet, de pessoas brincando o Bumba meu boi no Maranhao e obser ve a movimentagGo dos brincantes. Vocé vai notar que existem diversas formas de dancar e que nao hé uma coreografia tnica no Bumba meu boi, mas que é possivel identificar alguns padrées de movimentos como os indicados na tabela a seguir: Boi Burrinha_ Caboclo de fita: * Aproxima e afasta * Realiza giros em * Bate os pés ao ritmo da toada. sua cabega do tomno de si. * O corpo bolanga para frente e para publico e dos demais tras, de forma coordenada com a brincantes. batida dos pés. * Dé saltos. * As pisadas dos pés acontecem alternadamente: primeiro © pé direito e depois 0 pé esquerdo. BR 2. Dividamse em trés grupos para revezar a ulilizagdo dos aderecos e movimentacées ba- seada nas observagées dos videos e nas indicagdes da tabela. Cada grupo vai utilizar e compartilhar os adere¢os de um personagem entre si. Ao sinal dola) professorlal,os grupos devem mudar de personagem e adereso. @® 3. Aproveite esse momento para explorar os movimentos ao som da toada “Urrou do boi” apresentada na faixa 11 do CD de dudio. No caso do personagem Caboclo de fita, antes de realizar a experimentacGo com a toada cantada, vocés podem explorar bater os pés marcando as pulsagées da versdo instrumental da toada na faixa 12. Etapa 4 - Ensaio Agora que vocés jé conhecem 0 som do tamboronga @ os movimentos do Boi, da Burrinha e do Caboclo de fita, vocés véo preparar uma apresentagdo do Bumba meu boi para a comuni- dade escolar. Este 6 0 momento de ensaiéla (BP 1. Distribuam os papéis [(Cablocos de fita, Burrinha, Boi e tocador de tamboronga) do folguedo de acordo com o nimero de aderecos e tamboresonga disponiveis. Também escolham um puxador, ou seja, quem dard inicio ao canto da toada. 2. Rednam-se no espago onde serd realizada a apresentagdo e tragam os aderecos e os ob- jetos que criaram na primeira etapa. @ 3. Cucam novamente « toada “Urrou do boi na faixa 11 do CD de dudio. Relembrem a letra a melodia, os passos da danga dos brincantes do Bumba meu boi e o ritmo do toque do tambor-onga 4. Organizem e ensaiem a apresentagdo de maneira que cada elemento seja inttoduzido de cada vez. Por exemplo, em primeito lugar, o puxador canta todo 0 verso da toada. Em se- guida, o restante da turma responde em coro. Depois, enlia. 0 som do tambor de onga e a Burrinha © os Caboclos de fila comegam o dangar, Por fim, © Boi entra brincando com todos. Além desia sugestéo, a turma também pode elaborar outtas formas de realizar @ apresenia- G0 baseadas no conhecimento que vocés constuiram acerca do Bumba meu boi 52 NAO ESCREVA NESTE LIVRO Este é 0 momento em que vocés vdo apresentar a brincadeira do boi para seus colegas, professores e funciondrios da escola. 1. O péblico deve estar perto da apresentagdo do folguedo para que os brincantes possam interagir com os presentes. Lembremse de que 6 uma brincadeira e que a diversdo é muito importante! Nao € preciso que o folguedo dure muito tempo. Combinem um tempo que todos conside- tem adequado, e o[a) professor(a) sinalizaré o momento de ir preparando a finalizagao. ‘Apés a apresentacéo, conversem com 0 piblico sobre © processo de trabalho de vocés ‘como eles acharam que esse processo se refletiv na brincadeira de boi realizada. Anotem os comentarios do piblico para incluilos na avaliagéo que seré feita apenas entre a turma, Na préxima aula, sentemrse em roda e comentem a experiéncia de cada um durante toda a Atividade complementar, desde as primeiras informagées recebidas, passando pelas etapas de pesquisa, construgdo dos artefatos, experimentagdo, ensaio até a apresentagéo. Incluam as opinides do piblico sobre a apresentagGo na conversa, destacando o que vocé considera pontos positivos e quais elementos acredita que poderiam ter sido mais proveitosos. NESTA ATIVIDADE COMPLEMENTAR, VOCE: } * conheceu e pesquisou sobre as brincadeiras de boi no Brasil. | compreendeu 0 folguedo Bumba meu boi no Maranhéo. confeccionou artefatos de Boi, Burrinha e chapéus do Caboclo de fita. construiu um tambor de onga alternativo e experimentou tocéo, experimentou cantar a toada do “Urrou do boi”. dangou ao ritmo dessa toada como Caboclo de fita, Burrinha e Boi ‘apresentou a brincadeira do Bumba meu boi para a comunidade escolar. * avaliou o proceso e a finalizagao da atividade coletivamente. et a OY ee POPULARES Pew EP ee a Tp ile UNIDADE hur 2U por mei s apresenta diferencas climdticas, econémicas e sociais que con diversidade cultral maracatu rural, apresentada na foto que abre esta Unidad 5580 que exemplifica essa troca entre cultur pois foi stages populares, como (© Bumba meu boi e a coroaga © congado. Nesta Unidade, Dor eaariree ie conhe idade cultural se apresenta em mmorocaly rural, ‘Alianga, Pernambuco. (PE), 2015. REVA NESTE UVRO 56 0 Diferentes origens e Indigenas Wauré dangando e carregando ‘uma tora durante 0 Kuarup. Aldeia Piyulaga, Gaiicha do Norte, Mato Grosso, 2016, combinagées culturais nas dangas populares brasileiras ‘As dangas populares brasileira fiveram infuéncias de diversas matizes cut turcis, como a indigena, a aficana e a europea, Tais danas podem revelar «3 historias, os modos de ser, de viver e de ver o mundo de diferentes grupos cultuas. Essa diversidade também permeia nossas dangas devido &s variadas intersecgdes que ocorreram entre os matizes culurcis durante a hist6ria do Brasil Como foi visto na Unidade 1, 0 encontro cultural entre europeus e indige- nas ocorreu em terras brasileiros a partir do século XVI. Nosso territério j era povoado por varias etnias indigenas, com semelhancas e diferencas culturais, quando os portugueses chegaram. Tal encontro nao foi harménico e a impo- sigdo de valores europeus por meio da colonizagdo abafou e até eliminou ‘expressdes culturais de um grande nimero de povos indigenas. Um exemplo foi 0 trabalho missiondrio de jesuitas europeus em catequizar os povos nativos, sobrepondo a crenga crist ds tradigées religiosas das culturas indigenas. Alguns relatos contam que, para auxiliar nesse processo de catequese, 0 pa- dre José de Anchieta (1534-1597) inegrou a danga catira ou catereté, de origem indigena, a festas relacionadas aos preceitos da fé catélica No entanto, muitos povos nativos resistiram & dominagdo europeia e se~ guem praticando e preservando os seus modos de vida, rituais, crencas & dangas. Um exemplo é o ritual Kuarup celebrado pelos povos que habitam © Parque Indigena do Xingu, localizado no estado do Mato Grosso. Nesse longo e complexo ritual, que busca reunir todas as aldeias da localidade, a guns indigenas vdo para a mata e trazem toras de madeira que representom (os entes queridos falecidos naquele ano. Cada tora é enfeitada de acordo ‘com a pessoa homenageada. Durante o ritual, os indigenas recitam cGnticos, dangam, lutam e acendem uma fogueira, numa ceriménia tradicional de en- cerramento do luto. NAO ESCREVA NESTE UVRO Os sons e as maneiras de se mover nas dangas e brincadeiras dos diferentes povos indigenas in- fluenciaram na criagao de dancas como 0s cabodlinhos, reclizada durante o carnaval do estado de Pernambuco, e 0 siriri, tradicional- mente praticado na regio Centio- Oeste do Brasil Nos caboclinhos, a influéncia indigena esta presente nas vestimer tas utilizadas na danga, que sdo enfeitadas com penas. O propésito dessa danga é enaltecer a coragem @ 0 esphiito querreiro dos caboclos, fermo que designa a miscigenagao i : : i entre o indigena e o branco. | Grupo folclérico A Caboelinhos Unido Sete O sir & uma das dangas mais antigas do estado de Mato Grosso, | Flexas apresentando-se com registtos que indicam mais de 200 anos de pratica, Pode ser dancado | gm Nostré do Mato, por homens, mulheres e criangas, em duplas arranjadas em todos ou file | Pernambuco [PE], 2014 ras. A danga praticada por poves ribeirinhos e apresenta caracleristicas relacionadas as matiizes indigena, evropeia e africana As vestimentas dos brincantes (saia de éhitl rodada pare as mulheres e calga comprida e chapéu para os homens} e as cangdes - cantadas em. Phil pano de portugués com letras que falam da vida ribeirinha e das tradicdes religiosas Soecte = esto relacionadas & cultura europeia, mais especificamente dos port ee om cet gueses e espanhdis. As influéncias de origem ofricana séo percebidos pelo | cores fortes, com ritmo das cangdes, que 6 marcado por instrumentos de percussdo, como o uso frequent de mocho e o ganza. O siriri é tradicionalmente dangado com os pés descal Podkées floras, G05, € a inleragdo entre as duplas remete a brincadeiras. O culo & amiza- de @ ao respeito também fazem parte dessa manifestagdo cultural Grupo de siriri copresentandose em festival na cidade de Cuiabé, Mato Grosso (Mi), 2013. NAO ESCREVA NESTE IVRO 57 Estudiosos da danga referem-se ao siriri como uma variagdo regional do fandange, um conjunto de varios dangas trazidas pelos colonizadores ibéricos — portugueses e espanhdis — que foi difundido e assimilado de ma- neiras diferentes em diversas localidades do territério brasileiro. ‘Apresentacao da danca do fandango caigara em Paranagué, Parané (PR), 2010. Para alguns pesquisadores, as origens do fandango so europeias, 1a Peninsula Ibérica, por volta do século XV, Mas ha também estudos que sobre o fandango r 7 ] A Danga promovendo encontros Katherine Dunham (1909-2006) foi uma bailarina, coreégrafa, antropéloga e ativista negra estadunidense. Engojada politicamente, Dunham lutou contra esteredtipos raciais do negro e expressou constantemente sua identidade cultural em suas criagdes. Na década de 1930, ela colaborou para a ascenséo e a valorizagéio da danga negra profissional nos Estados Unidos, principalmente com sua companhia de danga composta exclusivamente de bailarinos negros & com coreogratias cujos temas abordavam a cultura negra Em 1951, Dunham visitou o Brasil com a sua companhia de danca. Apresentouse nas ci dades do Rio de Janeiro € Sao Paulo e, na ocasido, conheceu a brasileira Mercedes Baptista (1921-2014), bailarina do Teatto Municipal do Rio de Janeiro, a quem convidou a estudar e dongar na sua companhio. Depois de passar um ano tendo aulas e experienciando a danga moderna com Katherine Dunham e sua companhia, Mercedes voltou ao Brasil e reuniu diferentes artista negros, conec- tados de alguma maneira és dancas populares brasileiras. A partir de pesquisas e do contaio com festas, rituais e manifestagées religiosas afro-brasileiras e com base na experiéncia artis: fica que obteve nos Estados Unidos, Mercedes desenvolveu uma proposta propria de danca Com seu grupo Ballet Folclérico de Mercedes Baptista, a bailarina utilizou movimentagdes observadas em rituais do Candomblé e em outras dangas brasileiras. Dessa maneira, a pro- posta pioneira de danca de Mercedes Baptista gerou uma plataforma para o reconhecimento € a valorizacao de manifestacées afro-brasileiras e de arstas negros no Brasil que influenciam dancarinos e coreégratos até hoje. Abailarina Katherine Dunham em Mercedes Baptista em espetéculo apresentacio por volta de 1945. no ano de 1981. NAO ESCREVA NESTE LVRO & A organizacao das dancgas populares no espaco Como vooé observou anteriormente, as dancos populares podem se confi gurar como uma maneira de expressar as tradigSes, os costumes € as historias de diferentes povos. Essas dangas possvem movimentos corporais e exploram © espaco de varias maneiras por estar ligadas « diferentes aspectos cutis, tais ‘como religiosidade, festas, lendas, acontecimentos do cotidiano ou brincadeiras. Veja a seguir alguns exemplos de diferentes organizagdes que uma danga popular pede ter no espaco: * Solo: apenas um participante danga, ou, quando em grupo, um dos par- ficipantes se destaca para dangar sozinho, Na foto, o dangarino esta em momento solo, mas a dana do frevo também pode ‘acontecer em grupos. Recife, Pernambuco (PE), 2016. No samba de gafieira, © patticipantes dangam ‘em por enlacado, So Paulo (SP), 2018. [NAO ESCREVA NESTE UVRO 65

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