You are on page 1of 120
MINISTERIO DA EDUCAGAO E CUL1 INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS Ai rng SUMARIO I—Ixmmonvcto — Bdueagio, fenémeno eminentemente social. Escola, parte inerente do processo social total. O determinismo geogrifico, nas relagbes humanas. A escola primaria, na terra das sécas, alheia, inteira- mente, as causas e conseqléncias do flagelo climico, ‘A escola que conviria ao Ceara, por suas condigées fi- sicas, sociais e econémicas. A escola que Ihe serviria 9. 12 31 — Geogratia fisica do’ Nordeste Brasileiro. © “Poligono das Steas”. O Ceara, regiao caracteristiea do Nordes. te arido, Aspectos geogréficos e antropogeograticos + da “Terra do Sol”: solo, o regime de iguas, © clima, a flora, a fauna e a gente cearense. Zonas Fisfogrdficas. Incldéncia de fatéres eliméticos, na de- terminagio de uma ecologia sui generis, A escola que se plantov, na terra, desservindo ao homem. indices desoladores., Analfabetismo e pauperismo .......... TI —“A escola primirla, no Cearé, desde os seus primér- dios, segundo 0 estilo da epoca. O curricula escolar. © mestre da escola priméria : recrutamento, selecao, Preparo ¢ treinamento. A escola lterdria, de pura al. fabetizacio — Funcdo desintegradora da escola, que nao educa para o ambiente fisico social, onde ata TI- $0 IV — Segunda fase, na Histéria da Instrugto Pablica do E: fado. O que foi eo que tem sido a escola ce cnsino médio, no Ceara, Historia romantica da crizgio da Escola Normal, onde se vém preparando os rrofessé: Fes do ensino primario cearense, Figuras rare do movimento que culminou com a eriagio Instit''o de Edueagdo Justiniano Serpa — escol: - elaeio do preparo ¢ fe cultural da épeca A instrugdo pal ia, Eminente educad Sentido social de Ja influéneia ainda perdura. “Aspectos regionals da =scola Nova. Ade- sio do povo & Reforma, como s==sfagio a0 anselo ge- ral de modificacio, no sistema ac vida da comunidade \no da Independén- « Terra das Steas. VI — O espirito renovador da Revoluc: de outubro de 1930 imprimindo aspectos diferentes . escola tradicional. “Revitalizacio da “Escola Nova’. segundo as exigén- clas do meio fisico e social. A ~Zscola Ativa”, seus processos e métodos de ago em uma experitnela di- namizadora — Ruralizagio da esc-la, Impactos da re- novacio com a rotina — A Primelra Escola Normal Rural do Brasil VII — Vulgarizagao ca escola primiria aifabetizante. O en: sino nos municipios, segundo moles ditatoriais. Uma reforma do ensino normal, no pezel, com feicdo uni- versitiria. Universalizagio do éiploma de professor primirlo. A especializaplio do ersino, na escola pri- maria. Rumos desconcertantes, em obra destitulda de ‘Mlosofia © de planos .. soe VIII — Balango geral da situago do ensizo, no Cearé, atual- mente. Um belo capitulo de Cons:ituicio, Diferengas alarmantes da Lei com as realizacies priticas. A Es- cola Normal e a Escola Primfria, sinals de uma épo- ca. O professorado, nos quadros “racionais” da admi- pga cpesipeelninge aco udeamaeen a “politiea’” nos setores educacionals ..... "IX — Ensaio de uma nova escola, no preparo do professor » © primiirio, na terra, onde 0 povo, doente ¢ sem indis- ‘rla, precisa de alimento, de vestuirio e de habltagio. A Escola Normal de Juazelro do Norte: sua vida, sua obra, sua agio eivilizadora — Centros de Inteia. elo Profissionsl 3 Ligeiras notas estatistieas, sdbre > Ensino Superior sno Ceara I —'Em decorréncia de dados positivos, o que & licito afir- mare conctuir, no tocante & escola do Ceara 118133 133.154 154166 367212 213230 231.234 ‘minha parte, estou convencido de que a escola primdria ¢ a normal jamais teriam tido 0 poder de resolver os problemas (es da gente nordestina, no que ela tem de mais trigico em relacdo com @ sua economia ¢ 0 seu berestar; mas or. racionalmente, e ativadas, segundo pianos feitor com base @ da terra e do povo, para funcionamento adequado, consegiencias, yelo menos resuiltariam benéficas 2 vida da co. que, por fos ou por nefas, tem que viver, inghutavelmente, Georrentada © terra diferente das demais regides do Pais : @ ocorrés nento de wna mentalidade pr aista, dontrc dades fisicas © econdinicas 4 prio meio: b) @ pressdo couistrutiva cue edsa mentatidade, assim desenvolv da, poderia exercer s¢bre organizagées sociais, piiblicas © par ticulares, em proveito do grupo. Fauconnet, analisando a obra de sociologia pedagégica de Dur Keim, informava, com ezatiddo: — “Cada sociedade conatrél, para seu uso, um corto ideal de homem; ésse ideal 6 0 eizo educativo”. E citava 0 mestre: — “Para cxda sociedade, a edueagéo 6 0 meio velo qual ela prepara, na formocdo das criancas, as condicdes essen- ciais de-swa propria existéncia. Assim, cada-povo tem a educagdo que the ¢ propria e que pode servir, para defintla, da mesma forma que a organisagdo politica, religiosa ov moral”. Que escola tert sido essa que se deu ao Nordeste ¢, mui espe- clatmente, ao Cearé, terra de assinalados contrastes meteéricos © geo- gréficos, quando, ainda, hoje, © seu povo, ndo obstante 0 apreciavet nimero de escotas que the tém sito outorgadas, com indiscuttvel Onus para 08 cofres piiblicos, vive ac deusdari,ndo havendo logrado un- ca adquirir conhecimentos, para prever a calamidade ctfmica que, pe- riddicamente, a aftige, nem, ao menos, para, em épocas de abundan. cia, © que, freqiientemente, occ--e, prover, faradnicamente, os celei- P08 para og anos tormentosos Za miséria ? Indiscutivetmente, essa esc::: tem sido planta exética condusida de outros ambientes, som convizcrar-se 0 possivel, o timitado, 0 defi nido © 0 determinado pelas conzicces fisicus, sociais ¢ écondmicas do meio em que se tem evercido, é-xde 0 cariter infecundo que the tem 4 initil © ror véses, prejudicial, ssinalado a exist Nela ndo se ten aprendiz- ~wsz8, nem adquirido conhecimentos, seniio ido © ouvido paiavr Gissondncia com a reatidade, em duro ensino verbatistico ¢ livres, contréria aos interésscs dx gente ue continua, ma gtedet do ignorante © pobre, apesst di rita, atgnewen : ccssssssli iia haver meics de se montarem escolas ca Tomens. conforme 0 tipo de homens que essa terra quando oid demo: 7 wolo de fevtitidate » corpos do fortatesa in- des incriveis, espiritos pere- trato de terra da dita regiao é mais earacteris- -configuracio geogréfica, na sua climatologia, na ‘sua flora, na sua gente e na sua economia, que ¥ terra diferente, de gente diferente, na amplitude do vitério brasik Cré-se, em virtue dessa singularidade, Ibe caber, razoavelmente, uma escola copiada de regibes ‘sas, esquecidas a fisionomia fisiogrifica e antropogeografica, que Ihe sio peculiares. Procuraremos tracar, linhas abaixo, o seu perfil fisico, tropolégico, social e econdmico, para melhor anélise de sua cole : “... wn vaste territoire habité par une population ‘ve et énergique, dont il serait possible de tirer une grande partie quion ne le suppose généralement, non Temont en Europe, ou cet Etat est pour ainat dire ‘tu, mais sourtout au Brésit, ot te mot Coard évoque de’ sécheresse dévastatrice”. Assim o descreveu Paul Wallé, citado Por Tomaz Pompeu Sobrinho, no trabalho assaz conhecido — “O Cearé — As- pectos Fisiogréficos © Antropogeogrificos”. Encravado na regido Norte-Oriental, constitutiva do cha- mado Nordeste Brasileiro, é regido inter-tropical, de clima quen- te, guardando com os Estados que Ihe sio limitrofes — Rio Grande do Norte, Paraiba, Pernambuco e Piaui —, nao obstan- te as caracteristicas que lhe sio proprias, grandes afinidades, tanto do ponto de vista fisico, como social. O que particulariza, evidentemente, 0 Nordeste Brasileiro € 0 clima, ao qual corresponde um tipo de vegetacdo, propria dos lugares secos, que se chama catinga. Embora nao seja éste © tipo Unico de vegetacéo do Nordeste, 6, no entanto, 0 que predomina. Via de regra, ha, no Nordeste, uma estacéo séca, que dura 8 meses, de marco ou abril, até outubro ou novembre, No Cea- ¥4 essa estacio prolonga-se em épocas normais, de junho a ja- neiro inclusive. Néo é, propriamente, a falta de chuvas a causa das séeas nordestinas, esclarece 0 Professor Lindalvo Bezerra dos San- =5= caldas, E ajunta x mes. Me Noileste: chove em quantidade apreci: Perieane SF chuvas ciem, emt mesce ne He toner me, Sustementc, quando a evaporegee <' contra] Pst sumentar a desvantagens er ‘Sguas eontram um sok a8 retenha. caem, até im a do violentas, caus. pence Multas vézes desasironcs pare agricuttur de sen, Me: stiliza terrenos de vazanies Quando o do séc0 se protonga, mult, 28 vézes por anos. segui, Guess 0 fenémeno migratério des reuiradas, lerra, perdidas as Procurar outras | Porque, cessando © tis © ado, resolvem 4 séea termine, » assim que puder, oxi i5es, que se diferer 10 regime das aguas, px i essa: regi ras, pelo solo, pol | Botetim ceossiten ~16— 1) Com © Rio Grande do Norte: serras Apodl e Sto 2) Com a Paraiba: serra do Cachorro Marto. sua vez recebe 0 ienctra oe rica de circa de Ai economia désse municipio bascia. déstria extrativa do sal e da o 40 de algodio. Tem grandes quintes de ca amplos com plantagies de de acticar, de que se faz eas chaca afamada. E empério de comércio de exportaco, serve do por pérto de cabotagem, de onde saem muitos géneros : — Sal, céra de carnatiba, algodio, peles e artefatos de palha de carnatiba, a saber : us, estelras, cordas, abanos, vassoue Fas, cestos, urus, farnéis, bolsas, sacos etc. Sio célebres, no Pafs, as rendas ¢ labirintos do Cearé, feitos em Aracati. iros, coqueirais e terrenos Carnaubal © choupans de cabios>. A margem de um eérreso, (Coart Nao 6, dos municipios cearenses, 0 que mais sofre, em pe- todos de crises climicas, em virtude de sua proximidade do mar. As suas costas sdo piscosas e prestam-se as stias terras, admiravelmente, & agricultura, pois so as mesmas muito rie cas de humo depositado pelas fguas do Jaguaribe, durante a estacao das chuvas. A propésito, cumpre ass nicipio so muitas vézes ir altas, em alguns anos, qi qui, que as terras désse mu- las pelas enchentes do rio, tio am a populacio a abandonar iis tifieada do trabalho, em térno dés- da pesca, no mar e no rio, pois, & al- munea gua no Jaguaribe, que so. até 33 quilémetros a montante, po- em épocas de calamida- com professéres, que ape- contar, nao poderé nunca itéria tarefa. i da camatiba é excelen . Periodos de longa estiagem, quantidade Suficiente de Agua.no subsolo, para que posta Teter, nos teci- dos do organismo, o liquido indispensével & Sua) Subsisténcia, BRASIL Regio do Nordeste ‘a céra que impermeabiliza a superficie das félhas e im- ‘a evaporacao. por isso que ndo tém producto os carnaubais das re- ‘iumidas e frias, ou de alta pluviosidade. Nao precisando nio dao eéra, como os dos Estados centrais do Brasil, e Bolivia. ‘bacia hidrica de 92.792 km2, é o volume de , em metros cibicos, de 8.574.936.000m3. ‘éste, com o Banabuid, o maior afluente, sio os benefi- s maiores das riquezas que encerram as terras ubérrimas Jaguaribe. A céra de carnatba, o algodio, a criago de gados — bo- ‘vino, caprino e suino — formam o lastro sélido de sua Aracati, sede do municipio, dista da capital do Estado 159 sendo ésse percurso feito por estrada de roda- Partindo de Fortaleza, pela BR13, alcanca-se o lugar ninado Boqueiréo, depois de 111 quilémetros. Dai por durante os 48 quilémetros restantes, viaja-se em boa es- trada, construida pelo Es de piblico com a capacic A exceléncia das ter tempos. coloniais, a a Unica indistria explorada, no- tando-se, no sertéo, a prosperidade sempre crescente da cria cao de gados. Enorme quantidade de gado existe no territério do Ceara, informava-se ao rei de Portugal, em 1696. CCarnaubal atravessido por urs catrada do rodagem, ‘vim aapecto da tide Ait! do Nordeate + 0 exbloeo conde? em um jumento, com ‘angalia ¢ caguas (meio de transporte do pobre) algum produto de lavours, (Ceart) Em 1719, ja havia fazendeiros, nas imediacdes do Ic6 (mé- dio Jaguaribe), que possuiam 4.000 reses; e, no meado do sé- culo, era tamanha a prosucSo que, além das remessas para as feiras da Bahia e Pernambuco, se fundara em Aracati um pro- fuso comércio de carnes que perdurou até o fim do século XIX, (Joao Brigido — “Homens e Fatos”) Foi em Aracati que se inauguraram, queadas, hoje muito desenvolvidas, em alguns deraco, notadamente, 9 10 Brasil, as char- Estados da Fe- © mesmo Martim Soares Moreno, capitiomér @ ' nader (1621), que téo dedicado fot 20 Cearé, no nial, quanto José Martinlano de Alencar, na monarqula po séeulo XVI, movimentaram-se bandeiras, na i veu a0 govérno de Portugal » Vieram de Pernambuco muitas familias, -.. 8 terra 6 tanta @tHo boa para tudo quanto the gq laguaribe, onde estabeleceram currais e fa ‘mello, bem & que os Vassalos de ¥. Magd, se aproveney dela, Algumas sementes de Portugal que semecl masse: | Fo, as canas de acucar se dio espantosamente, As may BF cantutica, embora imperteita, da populacéo bovina do | @elras so multo boas, hi muitos algodoens, umas vacas ios, © as relacdes descritivas dos ‘que trouxe se dio notadamente, cavalgaduras e gado do, pela mesma maneira” : © desenvolvis As boas condicées da terra, _tagens. informava na segunda década “Relagio do Siaré”, falando da Soom criencia das terras, onde dera Inicio, com @ criacdo de gado cavalar, suino, caprino e aves do- 2 720 (Ceard) em st tem multo bon pédagoe de ferFa Para engenhos; ¢ muitas madeiras © que for necessério, para casa ¢ fuss fraldas, é mutto boas terras para € com as frutas © mariscos dos rios Se deitam se nao podem lev: se fazem que donde ‘antar; ali tive cabras que pa- loca, milho aburro, aboboras de sult, favas, batatas, Pepinos, couve; as castas, feljdes, james; di toda hortalica de ef, meloes, % muita quantidade de galinhas, etc’ Frei Vicente do Salvador escreveria, depois “Crlase na terra m Sortes, por serem engenhos de acta: Mandioca e batata doce, e onde 9, em épocas normais, os gados 0 e suino. rande rio cearense, (em Russas, existem 5.526.91: tes em Limoelro, 3.124.445; em Jaguaruana, 1,69 Morada-Nova, 1.139.654), ao passo que a crlacho se d ito gado vac ra Isto as terras me i. 2 peewauaueo =. 7 Da graduacio srsa8 Zonas, apresenta em todos os seus 9 munict, los quotas inferiores 30,01 %, em 1950", {ot muito acen. $0 %, em 1940, 1940, © 26.27 9, em 1849, e 2659, em de alfavetizagio que se micfpios", a) 80%, em 1950); Morada-Nova (32,06 se. @m 1950 e Solonépole (34,83 4, 41950). Foi pequeno 0 progress verificou para os restantes 4 mui — Gampre acentuar que a quota de alfabetiza “conjuinto, diminuiu, entre 1940, quando. © 1950, quando desceu ‘a 27,75 s~ #* ZONA FISIOGRAFICA: SERT. "AO DO SALGADO E DO ALTO JAGUARIBE ___ De litoral para o interior, as terras y | Nemente, acontecendo, como vimos, na ‘que, de 30 metros de ‘edo dessa zona, atingia 30,55 %, Alto-Jaguaribe, ‘algodao, com campos de criagio, Como no Baixo Jaguaribe, no ha serras, nessa zona, mas Pequenas elevacses que propiciam terras adequades agricul- tura e 4 criacdo, isentas de i é germinam, em abundancia, mi- D. abOboras © bananas; nas colinas, despontam » ni. fa jirema, mofumbo, marmeleiros, aroeiras, exc. Manicoba, Pinhao-bravo, capins Panasco e mimoso. E PBetoto a0 cststintco-nnatsta 8 yesetacio tiplea do sertfo, de solo duro e pedreg aparecem campos, ricos de Pastagens, que atraem re dois e carneiros. A cultura do algodao domina, nessa zona, assim eriaedo de gados. Florescem, em grande quantidade, essa zona, olticicas e mamoneiras, Arvores oleaginosas, sementes constituem, hoje, uma das fontes mais op Fiqueza do Estado. margens de outros rios, nas faldas das serras, t&o argiloso, e-até nos terrenos arenosos das | planta, mais ou menos bem, dando 1A de excele 2.191 25.192 7.142 30.208 ~ 81.755 35.097 . 41.922 O quadro rural, em referéneia & populacdo geral, € de 82 %, aproximadamente. Em todos os municipios desta zona avulta, de maneira notavel, a populacdo ruricola. S6 a cidade de Igua- tu, no municipio do mesmo nome, tem mais de 5.000 habitan- tes (10.063), o que corresponde a cérca de % da populacio de todo 0 territério municipal. elo que respeita 8s quotas de alfabetizagéo, vale dizer que a maior parte dos municipios da zona apresenta-se em niveis inferiores a 30 %. Dentre os 11 municipios, 2 mostram quotas inferiores a 20 %; 5 inferiores a 25%, e 2, a 30%. Sdmente 0s do Cedro (80,01 s) © 0 de Aurora (35,41 9) superam 30 ge. Digamos, logo, de passagem, que, dentre todos os munici- * pios do interior do Estado, foi Aurora, segundo 0 recenseamen- ‘to de 1950, o que apresentou mais alta quota de alfabetizacao (35,41 %). @ 32 ZONA FISIOGRAFICA : CARIRI ‘A.3¥ Zona Fisiografica abrange 11 municipios, todos adian- tados ¢ présperos, tanto do ponto de vista econémico, como cultural. Deve-se a sa economia, mais ou menos sélida, em conjunto, ao fato de estarem encravados, ou no vale que se es- tende ao pé da serra Araripe, umedecido, constantemente, pe- las guas que correm das diversas fontes desta, ou a circuns- taneia de ficarem na mesma serra, ou suas proximidades, sem- pre fresca, cortada de fildes digua que vém de suas encostas verdejantes, cobertas d> humo. a e se colhe, com abundancia, ¢ 0 ‘parte das populasdes dos Estados se, com resulta- regio. Nas épocas de calamidade climatérica Jevas de flagelados & procura de recursos all- inquestionavelmente, fertilidade, sem par, de © povoamento extraordinario da regifio. N&o hé Por certo, que para isso também contribuiram a no- i de ricas jazidas de ouro, ali existentes, surgida, nos pri- ‘tempos da colonizacio do Ceara, sonho bem cedo des- a das virtudes milagreiras de um sacerdote, cuja fama célere, em todo 0 Nordeste. No Cariri, cuja area 6 apenas de 6 © do Territério do Es- tado, acomodam-se 17 % da populacio déste, havendo, assim, ‘32 habitantes por km2, quando, em igual extenséo, para a area ‘estadual, a média é de 19. Assinale-se, desde logo, que das encostas da serra Araripe, alta, em alguns pontos de 1.000 metros, brotam 161 fontes, constituindo beneficio incalculvel, na terra das sécas, para a Populacdo que vive nas suas imediacgées. A chapada da mesma serra presta-se, admiravelmente, ao plantio da mandioca e de cereais diversos, bem como & criacéo de gados. A farinha, pro- duzida, no Cariri, em 740 aviamentos, abastece diversas locali- dades do Cearé e dos Estados limitrofes, particularmente da Paraiba. © pequizeiro, que para aquela gente pode ser considerado “Arvore da Providéncia”, constitui riqueza colossal. O fruto, ico de vitaminas, é sempre usado como alimento, especialmen- te pela populacéo pobre, nos anos de fartura, mas, de manel- ra particular, quando sobrevém as sécas. CeF-UFC Santanépole 480 Aratipe 550 Caririagu : 650 Jardim 700 Como se vé, Jardim, a cidade mais meridional do Estado, \ € a que fica em ponto mais alto, Situada em uma quebrada da serra do Araripe, goza de clima amenissimo, descendo a sua temperatura a 14°, em anos de bons invernos. Segue-se-The Ca- ririacu, a 650 m de altitude, com clima que desce a 10°, na época das chuvas. A sua temperatura normal varia entre 18’ e 25°. Dos 11 municipios da zona do Cariri, em 1950, 6 tém quo- ‘ tas de alfabetizacéo inferiores a 20% ¢ mais 3, além déstes, tém quotas inferiores a 25%. Excedem ésse limite as quotas os municipios de Crato (27,18 %) e de Juazeiro do Norte (80,30%). As cidades, com éstes mesmos nomes, sedes dos res- eetivos municipios, constituem as mais importantes aglomera- ‘¢6es urbanas da regido. De acérdo com o ultimo recenseamen- to geral, Juazeiro do Norte possuia 41.999 habitantes e Cra- j to 15.464 (IBGE — Estudo citado). + Juazeiro do Norte, apesar de ter trés quarts de sua po- pulacéo na cidade, sede do govérno local, é municipio essencial- mente agricola. Colhem-se, ali, por ano, milhdes de quilos de algodo, em caroco, e fazern-se milheiros de rapadura. O plan- tio de batata doce, mandioca e cereais realiza-se, também, em grande escala. Calcula-se, atualmente, a populacdo da cidade, em 60.000 habitantes. & a mesma o maior centro artezanal do Nordeste. Fabricam-se, em suas modestas oficinas, desde caleados e arte- fatos de ouro, cobre e prata, até relégios de carrilhao. Possui 135 ourivesarias, 98 oficinas de ferreiros, 125 fabricas de cal- sados e artefatos de couros. 150 movelarias e carpintarias, 50 teares manuais de fabricacdo de rédes, 42 latoarias ou ofici- nas de flandeiros, etc., etc., além de fabricas de beneficiar ar- | oz, milho e algodao. Foi ai que se plantot Rural de Juazeiro, a em 1934, a conhecida Escola Normal ais adiante, nos referiremos. 49 ZONA FISIOGRAFICA ; LITORAL “Na zona do litoral situam-se do. ‘nomia, & excecio do da capital, base snicipios, cuja eco- exploracéo do sal, da céra de carnaiiba, do algodio e dz mamona, So, como se depreende, por ésse rpido rerfil, notavelmen- , essa caracterizacdo pertence aos municipios de todo o Estado, embora a agriculture que “sles se exerga gire em térno mais de um produto que de outro. Se a extragio da e@ra de carnatiba é predominante no vale Go Jaguaribe, assim como © cultivo do algodio, nao deixam ésses produtos de apa- recer, em grande escala, fpios da z2na do litoral. Ali se cria, constituindo os rebanhos fonte apreciavel de renda; também se planta, naquela zona, milho, feiio e abébora; cé, pela mesma forma, obtém-se lucros estimiveis da cultura dés- ses produtos. La, é o rio Jaguaribe, com seus afluentes, o mais importante do Estado; céi, 0 Acarati, 0 secumio, em volume de Agua e em extensfic. As margens de um e outro, florescem car- naubais, algodoais, mamoneiras e viticicas. Entre os municipios da zona do litoral, ha alguns que pos- suem terras misturadas, arenosas, argilosas e pedregosas, pres- tando-se, por isso, a culturas diversas. No de Itapipoca, por ‘exemplo, vamos encontrar essa variedade de terras, sendo certo dizer-se haver, ali, litoral, sertio e serra, com a vegetagéo pro- pria a cada uma dessas divisées tipicas do Estado. Ha 10 municipios, no Ceara, onde a industria do sal afir- mavse, de maneira notdvel : 9, na zona agora estudada, mais © de Aracati que, embora banhado pelo Atlantico, fiea incluido na zona fisiogréfica do Baixo-Jaguaribe, dada a predomindncia désse curso digua na vida econémica do mesmo. Os municipios produtores de sal, na zona do litoral, sio : Acarai, Anacetaba, Aquiraz, Camocim, Cascavel, Caucaia, For- taleza, Granja e Itapipoca. Em Licania, cujas terras sio banhadas pelo Acarad, avul- ta a producio de céra de carnaiiba, de algodao, sementes de oi- 36— ticica e cereais. Pacajus, mais agricola que pastoril, cuida, peciglmente, da cana de agiear, de que se fazem rapadura aguardente. Uruburetama, que tem serra e sertéo, terras argilosas e pe dregosas, vive, sobretudo, da agricultura, cultivando algodio, mamona, cana de acticar e cereais. Cajueirais imensos e coqueirais vastissimos cobrem trechos de terras dessa zona, constituindo os frutos ti recursos inexauriveis para as populagées que a habitam. ‘Nao queremos deixar de fazer, aqui, referéncia & c da mandloea, que é larga e Iueratva, nessa zona, para 0 brico de farinha. ‘No municipio de Fortaleza mesmo, cuja ‘se, como é facil de averiguar-se, no comércio, da de géneros de exportacio, exploram-se sendo, também, extensos os seus coqueirais cajueirais. CEARA Estradas de Ferro ¢ de Rodagem Escala 1:2.500.000 SAT , No municipio de Fortaleza, além do principal centro ur- ‘bano da capital, encontram-se, ainda, dois centros demogrifi- premnnuess> ‘cos, com mais de 5 mil habitantes : o de Parangaba, com 24.459 habitantes, e o de Anténio Bezerra, com 6.122. Nos demais mu- 1 —39 — @ preponderante a populacio des importantes. Apend ¢idade ultrapassa © cifra de ‘habitantes). « nfo se encontran- > de Camocim, a res- 00 Sabitantes (8.299 5! ZONA FISIOGRAFICA ; SATURITE A 5. Zona Fisiogrifica do Estado, ou seja, a zona onde Prepondera a serra Baturité, conjunto orogrfico com 105 qui- lOmetros de comprimento, sdbre 46 de largura, ocupando. uma rea de quase 5.000 quilémetros quadrados, compreende 6 mu- hicipios importantes : — Aracoiaba, Batu: ‘aranguape, Pa- catuba, Pacoti e Redencio, todos. mais azricolas que pastoris. A serra Baturité, propriamente dita, tem uma altitude mé- dia de 750m, sendo seu ponto culminante o “Pico Alto”, com 1,155 m. Aliés, é essa a saliéncia mais elevada de todo 6 cha- mado Macico Nordestino. por efelto de agentes mecanicos. fe E nessa cinta que se desenvolve a melhor agricultura da zona. ‘© municipio de Aracoiaba, embora fique em terras de ser- to, goza dos beneficios da referida serra, de onde desce o rio, que Ihe deu o nome. Além désse curso dagua, tem 8 acudes cE Particulares e 1, pablico, Nas suas terras planta-se muito al- | _ gediio, e o seu carnaubal produz aprecidivel quantidade de céra. E Milho, arroz, feijéo e mandioca, de que se fabriea farinha, cons- tituem parcela importante da economia do municipio, bem as- sim a cana de aciicar, de que se faz muita rapadura e aguar- dente, A criacdio de gado também ai prospera. b () IBGE — Estado citago 40 — | Em seguida, vem Baturité, que tira 0 seu nome da pria serra, por onde se desdobra, na sua maior parte. As Aguas do Aracoiaba e do Putit, os cursos mais importantes de seu sistema potamogréfico, constituem elemento bésico de sua pros. peridade. E um dos municipios mais ricos do Estado, destru. tando, a0 mesmo tempo, da vantagem de ter, como Aracola. ba, terras de sertéo e serra. A cana de agiicar e 0 café sio a base larga de sua economia. Produz, igualmente, frutas em abundancia, que exporta para a capital do Estado. mais elevada, 0 de Maranguape (28,17 %). Os outros 4 muni- clpios desta z5na tem quotas de 20 2 25 %. Apenas 2 municipios tém quota de alfabetizacio, em 1950, 4 superior & de 1940. Nos demais (4) houve acentuada diminui- $40. A prépria quota do municipio de Maranguape era mais elavada em 1940, quando atingia 33,45 Se. No municipio de Pa- coti, onde também ocorreu forte diminuicéio, a quota de alfa- betizacdo passou de 26,88 %,, em 1940, para 21,66°%, em 1950. Encontram-se, nesta zona, duas aglomeracdes urbanas, com : mais de 5.000 habitantes. Uma delas esta situada no munici- pio de Maranguape. a cidade homénima, cuja populacéo de 5.412 habitantes corresponde a cérca de 13% da do respecti- vo municipio. A outra, situada no municipio de Baturité, 6 a a cidade do mesmo nome, euja populagio de 5.194 habitan- tes corresponde a cérca de 14% da do respective municipio. Prevalece, em todos os municipios, a populaeio rural. — (IBGE — Est. cit.), 6* ZONA FISIOGRAFICA : CENTRAL 7 "Estamos em pleno sertio, regio quente, de solo duro edregoso, com vezctacio rala e pouco densa. A altitude do sertao é baixa : de 200 e 300 metros, indo, em alguns lugares, pouco além de 400 metros. O sett solo mos. tra grande pobreza em matéria organica e umidade, sendo, po- rém, no mesmo elevado 0 teor de minerais. Durante 2 época das chuvas, a vegetacio ali é rica, luxu- riante ¢ coberta de flores; no vero, s6 existem arvores e ar- busts seeos, desaparecendo os capins, cipés ¢ trepadeiras, tudo comido pelo gado ou reduzido a pé e carregado pelo vento. A associacio floristica dominante nessa regiao & a catin- ‘8a, @ Unica compativel com as condicdes climo-edaficas do meio ‘Seografico. A vezetacio, nesse ambiente, quando chove, é exu- ts sesseseees berante; no vero, torna-se mesquinha e exangue. zona de Baturité, apresenta a quota mais baixa de al- Desenvolve--se e prosperam, nessa regio, de par com re edo, em 1950, o municipio de Aracoiaba (18,23 %), e a duzidas espécics arbéreas, muitas leguminosas, geralmente for- rere ging) ve: —2— =6= va ' rageiras. Gramineas de varias qualidade: também ai nascem, cobrindo os campos de excel ‘do também no- taveis, pela quantidade, a tio caracteristicas dos solos quentes ¢ si Grandes reba ai se espalham, vivendo a sélta e prosperndo, para enriqueci- mento de seus donos. 9s de bovinos, equinos. caprinos e ovinos No municipio de Boa Viagem, por exemplo, hé indimeras fazendas de criacdo, onde se fazem bons queijos ¢ excelente manteiga. Cultiva-se, também, nese municipig, com abundan- cia, @ mandioea, para o fabrico da farinhe, e zelam-se grandes plantagdes de mamona. Por suas terras, corre o riacho Boa Viagem, afluente do Quixeramobim, a que j4 nos referimos, quando falamos da bacia do Jaguaribe. Depois, vem Mombaga, distante do litoral mais de 500 qui- ‘ometros; vive da pecudria e da agricultura. Numerosos so 08 seus rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos, Banha-o 0 Ba- nabuit, afluente principal do Jaguaribe, Tratando-se de clima séco e quente, ai também prospera, admiravelmente, 0 algo- dio. Oiticicas e mamoneiras, plantas xeréfilas, déo-se muito bem nas terras de Mombaca, influindo, de maneira aprecidvel, na sua balanca comercial A zona que estamos a apreeiar compée-se de seis munici- pios, todos extensos, com grandes campos de criacéo e vastos tratos de terras, préprias para o cultivo de cereais. Além de Boa Viagem e Mombaca, temos Pedra Branca, Quixadé, Qui- xeramobim e Senador Pompeu. Quixada, onde fica 0 conhecido acude do Cedro, obra ci- elépica iniciada na monarquia e concluida em pleno dominio republicano, vive da agricultura e do pastoreio. Cultiva, em grande escale, 0 algodio, tendo muito boas fabricas para be- neficiamento désse produto. Faz manteiga ¢ queljo. A carnau- beira e a citicica, com a céra e a semente oleaginosa, respecti- vamente, constituem vigas possantes da economia do municipio. 44— Pedra Branca, embora possua rebanhos numerosos, é, pre- dominantemente, agricola. O algodio, a mamona e os cereals | constituem a base maior de sua economia. Ja Quixeramobim, banhado pelo rio que Ihe di o nome, apresenta-se, notadamente, pastoril. Nao obstante, a producdo Ge algodio, mamona, sementes e cereais constitui fonte de re- cursos financeiros para a sua populacio. Por iiltimo, vem Snador Pompeu, um dos centros mais flo- nescentes do sertéo cearense. Solo dadivoso, banhado pelo rio Banabuili, tem terras excelentes para 0 cultivo do algodéo, da cho é a ‘a da cidade de Quixada, com 5.417 habitantes, Sue MAPA PLUVIOMETRICO DO CEARA Escala 1:2.500,000 llacdo corresponde a 9%; da do municipio, em que esté “ocalizada. Nos demais 4 municipios nio se encontram azlo- Meracdes dignas de mencao. A populacéo -cesente no “quadro mural” de cada um déles corresponde a ms de 9 décimos da populacdo total respectiva. (IBGE — Fe: cit,), 7 ZONA FISIOGRAFICA : SERTAO CENTRO-NORTE Constituida de 11 municipios, a 7.» zone fita 16g0 a0 sul da zona do litoral, tendo a Oeste a de Tbiapabs © a Leste a de Ba. Devido & sua posicdo, participa de algumas earacteristi- as serranas, podendo ser, por isso, eonsiderado\¢omo uma tran. sigéo entre as zonas litordneas e serranas ¢ 6 sertéo. LA ex. Go as serras de Mervoca e Uruburetama, 43/elimasameno ¢ terras férteis, onde se desenvolve a agriculturay Os amunicl. Pios de Sobral-e Ttapagé, além da eriagéo, tornam.s8 eeonémi- camente notavels, pela cultura do algodae, milho, mandioca, fumo e cereais, Allés, em téda a zona, explora-se, abundantemente, a ma- mona, a oiticiea © a carnatiba. A Pecuaria desenvolve-se, de modo especial, nos mule: ios meridionais, como Santa Quitéria, Canindé, Nova Russas e Tamboril. Sobral é 0 centro mais desenvolvido da zona, por sua in- Gistria e comércio, sendo a cidade, sede do govérno local, 6o- nhecida pela antonomisia de “Princesa do Norte”, tal a. sua importancia social, no conjunto da vida do Estado. Além das "Aguas do Acarai, que, em épocas de excessiva phiviosidade, @lagam as vérzeas, conta 0 municipio com diversos acudes pi. blicos ¢ particulares, garantia de sobrevivéncla dos rebanhos, nas crises climicas que assolam, periddicamente, a reqio, 43 — Por ser um centro social adiantado (depois da nitis importante), com Aguas abundentes nos ntuitos, € 0 sistema de trar Competentes, com a educacio conveniente, para que se até desaparecam os efeitos das estiagens mais pro- § © calamitosas. luta a gente nordestina contra as incertezas des- do meio e ainda néo pereceu. £ isso testemunho de regional, baseada no que o ambiente tem de pré- ‘has dificuldades a vencer, nas vantagens a auferir, apre" —s0— dendo-se, sistematicamente, com processos educativos adequa- dos, como @rrancar da terra aquilo que ela pode dar, no pre- sente e no futuro, para o viver auténomo e feliz de cada um, no solo que Ihe serviu de berco. Isso pode ser conseguido, no dia em que a escola se tran formar, passando de agéncia de ilustracao a laboratério de ca- pacidades técnicas, ainda que rudimentares, para o trabalho construtivo. As distancias das sedes dos municipios estudados, para a capital, sio as seguintes Pentecoste Ttapagé 0... Canindé 7 Sobral Santa Quitéria == Massape .... Cariré Rerfutaba * Corea ‘Tamboril Novas Russas Sao estas as altitudes das sedes : SERRERRTERS F Sobral ‘Massapé Pentecoste Coreati Caninaé Rerlutaba Cariré Santa Quitéria Novas Russas Ttapagé ‘Tamboril Apenas um dos municipios da zona do Sertéo Centro-Nor- te apresenta quota ce alfabetizacao superior a 30%. Eo de Santa Quitéria, cuja quota atinge 32,76 %. Dos demais (10) 1 no atinge 20 ¢é, mais 4, alm désse, nao atingem 25“, fi- cando os 5 restantes entre 25 ¢ 30 ¢. SER59seneane =51= " Aglomeracio demo. € encontrada na ifiea de certa importaneia, nesta 7010 de de Sobral (22.628 habitantes). Nos municipios, prepondera, fortemente, a populacio ru- ral. (IBGE — Estudo citado). 8° ZONA FISIOGRAFICA; IBIAPABA ‘As serras, no Ceara, com as suas fontes e e6rregos pere- nes, mantendo vegetacio sempre verde, condigdes de clima ame- no, constituem verdadeiros ofsis, no meio adusto ¢ calcinaio da regido das sécas inclementes. Isso, acontece com as montanhas que atingem mais de 600 m de altitude, onde se tem formado uma vegetacio mais alta, de crescimento mais rapido, atingindo em alguns pontes © cariter de matas. f ‘gig 9b & indiscutivel o valor vantam, no meio da terra séca, do lugar a uma maior diversificacdo das cl vem-se, ali, com aprecidvels resultados, o café, a cana de aci- car, as hortalicas, as fruteiras, a batatinha ete. Com a cana de agicar fazem-se rapaduras e aguardente. 0 municipio de Ibia- pina, cuja sede fica a 875 m de altitude, vive da exploracao dés- sses produtos. Em plend coracao da Ibiapaba, monta-se Inhucu, hoje Gua- raciaba do Norte. A base da economia municipal ¢ a eana de acticar, de que se fazem doces afamados. Numa altitude de 550m, desfruta de clima invejavel, oscilando, durante todo o ano, entre 14° e 27°. E grande produtor de frutas e batatinhas. Ipu participa de terras no sertiio, As quais corresponde temperatura mais alta, propiciadora do cultivo do algodao, da a 3 a 4 4 (sail ‘templo do mundo. Tem ela 1.000 metros de comprimen- 30 de largura e uma cupola de 20. Encerra iniimeras salas, quais 12 muito grandes, e longos corredores, um dos quais encimado por uma abébada de 100 metros de altura. # ainda digna de registro uma grande pedra que, suspensa entre dois rochedos, eta sobreposta numa das quatro entradas da grufa que tem, segundo o mesmo professor Schwermogen, um sont me- tAlico, como se fésse o de um sino, podendo ser ouvido ao longe, Declarou aquéle sibio alemio que “nenhuma obra humana existe igual em importéneia, pois sua construc&o deve ter leva- do séculos, tendo exigido os seus trabalhos dezenas de milhares de operarios. (Apud Veiga Cabral — Corografia do Brasil — 28. edi¢ao, pég. 372). A “Gruta de Ubajara”, por sua grandiosidade e pelos as- peetos inéditos que proporciona aos curiosos, pode vir a se ain- da, devidamente apresentada, ponto de atracdo para turistas ¢ centro de convergéncia de sabios. © municipio é grande produtor de café, cana de acticar, cereais e frutas. Por ultimo, temos 0 Municipio de Vicosa do Ceara, que desfruta tédas as vantagens da situacdo, em plena Ibiapaba, ja em relac&o ao clima, j4 em relagio & producéo. ‘Vinhamos falando dos plantadores de cereais e chegamos aos organizadores de pomares. E em contacto com a zona da Ibiapaba que'sentimos téda a forea e pujanca, em potencial, ca economia do Ceard. Na cinta, nas matas e na chapada dessa serra, ‘opulenta e maravilhosa, pode-se criar uma eivilizacio. Apoiado nas suas serras, com as suas fontes, com o seu clima © a sua fertilidade, 0 Ceara n&o pereceu. © homem do sertdo, nas horas dramaticas de suas maio- res desgracas, sempre encontrou ali alento, para resistir, e es- perar, e sobreviver. As distanciss das sedes municipais para a capital si km 2 i a * 36 | | 354 356 ME... Searacista do Norte) As altitudes, em ordem crescente Ipu ° , ob Ipuelras Dh 238 ‘igosa do Ceara a4 gu 800 Ubajara 870 *Toiapina 85 Tehuga 933 Soaraclaba do Norte) © acing 2m, 8° Tapaba, como vimos, 6 constituida por 8 mu Micipios, 3 dos quais tem quotas de alfabetizac&o inferiores a 15%, em 1950, e outros 3, além dé: 20%. Os 2 sses, tim quotas inferiores Testantes sio os de Ibiapina, com 21,50 “%, © de 27,06 %, aumento da entre éles, por ter apre- aumento, o de Ubajara, cuja quota atingia, 7a Brimelra data, 20/48 %.' Nos demis (5) houve diminuleso, Em 3 désses a quota, 54 muito baixa, desceu a nivels proximoc 0 rinimo estadual. So os de Inhugu (18,22 %, em 1940, € |__ZAST , em 1950); S. Benedito (17,70 %, em 1940, e 136262, Gm 21950) © Vicosa do Cearé (16,53 %, em 1940, ¢ 13,02 Se, em 1950. __Apenas uma io desta zona ultrapassa a cifra de .000 habitantes. ry conte de Ipu, com 5.874 habitantes. (0 forte da populago da 8 Zona Fisiogréfica é rural, como, jallés, em tOdas as outras, mesmo na do Iitoral, onde ce acha © municipio da capital. » de passagem, que é a zona de Ibiapaba, dentre divide © Estado, a de mais baixa quota de alfa. betizagio. Também € cla a que reune, apenas, crag ‘ia Wepulacto do Estado, no conjunto das idades de 5 mais’ (8.21%, em 1940, e 7,96 %, em 1950). Nesta zona, a quota de alfabetizacéo baixou de 18 om 1940, para 17,08 %, em 1950, (IBGE — Estudo cltado)s = 9+ ZONA FISIOGRAFICA ; SERTAO SUDOESTE, Os do, ‘Campos te + eae cial, para a débil economia do Estado, sio pen de sua prosperidade. —s8— Independéncia, parte integrante do vale do Poti, tem alu- vides férteis, onde medram a carnaiiba, a mamona e a oiticica ¢ onde se plantam, para colheitas rendosas, em anos normais, mandioca, algodao e cereais. A viga mestra de sua cconomia, no entanto, a criacéo de bovinos, caprinos e ovinos, que, além da carne, fornecem peles e couros, ent grande quantidade. © seu rebanho de bovinos € de mais de 50.000 cabecas. A ativi- dade de sett povo emprega-se, ainda, em 50 fabricas de farinka © 20 engenhos de rapadura. Por fim Saboeiro e Taud, ambos beneficiados pelas aguas do Alto Jaguaribe, em pleno serto, com campos, os melhores talvez do Poligono das Sécas, para criacio. Possuindo aluvides de beira de rio, tém garantida a produgdo peculiar a ésses 60- Jos férteis, de que se pontilha todo o Nordeste; nas suas coli- nas sécas, vegetam e desenvoivem-se os espécimes arbéreos prd- prios dos planaltos sertanejos, menos espinhentos, todavia, que as caatingas. E 0 “habitat” de equinos, muares e caprinos, que ‘ai prosperam, de maneira fantastica. Tata, 0 maior municipio do Estado (quase 10.000 km2), tem mos seus dilatados campos mais de 90.000 bovinos, 15.470 vequinos, 85.200 ovinos, 156.000 caprinos, 6.960 muares e 14.000 muares. Sabociro, menor na sua extensio territorial, menos rico nos seus rebayhos, é, no entanto, produtor, em larga escala, de peles, couros, algodao, mamona e citicica. As distincias das sedes municipais, para a capital, em qui- lometros, de todavia, sfio as soguintes = 412 Independéncla ..... 348 Aatange « zona do Sertio do Sudoeste. como vimos, 5 mu Misipies, 4 dos quais apresentam quota de alfabetizacio inf Hor 2 25%, em 1950. O municipio restate 6 0 de Cratets, euja quota atinge 30,10“. Ssstamente neste municipio verifiea-sc forte aumento da Gioia entre 1940 (quando era de 22,77 <<) © 1950.. Também é Beenieedo 0 aumento verificado no municipio de Taua (19,28 «, _ Om 3840, -para 24,35 %, em 1950) e no de Saboeiro 16,73 %, y Para 20,01 %, em 1950). Um s6 municipio teve redu. "ida sua quota, o de Independéncia (22,64 y em 1940, para _ 18.12%. em 1950), napida andlise das diferentes Zonas Fisiografi- €m que nos esforcamos por fixar, no espirito do da habitabilidade da terra, pela fertilidade do do clima € producdo variada. compativel com farta, impée-se-nos tentar um escérco, essas condiedes, com 0 fim de determinar, Perturbadores de julgamento seguro, 0 qua- ‘Vamos colocar a escola, gue 0 povo dessa tico, empreendedor e pertinaz, tem tido, ma- equal a que the teria convindo e convém, Hozicos que a realidade fisiografiea do meio Que vimos ? 148.591 km2 de terras emolduradas Kahas, @ Leste, = Oeste e a0 Sul, tendo o Atlintico pels te. Dessas montashas, as mais altas nio atingem 1.200 algumas delas, hé fontes e riachos perenes que thes dio cura, vegetacéo duradoura e fertilidade inalterével, n-de 75 anos dio a média de 1.450mm. No inteior, a mé. de 1,000 mm. r Cariri, informa regitio, esta ‘correspondem 14 rios principais, sendo 6 da_vertente do Nor- ‘te, 1 da de Oeste e 7 da de Sudoeste, onde se encontra o Ja- be. A ésses sistemas de Aguas juntam-se 241 lagoas e mais de 1.000 acudes de capacidades diversas — desde 300.000m3 a "322. 200.000 m3, construidos, uns pelo Govérno Federal (57), Pitaos em cooperacio com 0 Govemno Federal (266), um ter- ‘grupo, em cooperacdo com 0 Govérno estadual (488) ¢ de 400, por iniciativa particular. O maior de todos é 0 General Sampaio", obra federal, no municipio de Canindé, da 7. Zona Fislogriifica, com a capacidade de 322.200.000 m3. A poptilagio do Estado é calculada, atualmente, em Indes de habitantes, dos quais 75 %, na zona rural. ‘Tomando por base 0 recenseamento de 1950, a populacdo de 10 anos e mais, num total de 1.827.717 (a do Estado, ha 5 anos, era de 2.695.450), assim se distribuia Agricultura, pecudia e silvicultura Indistria de transformacao Coméreio de mercadorias Coméreio de moveis e valores —mobilideios, eré ditos, seguros e capitalizagio Prestaglo de servicos ...... ‘Transportes, comunicagées, armazenagem Profisstes liberais ...... ‘Atividades-sociais ..-« ‘Administracdo pablica, legislative € jadicliria . ge8 BE, ¢ GaRBRRR BEE 6 1 0, Defesa nacional e seguranca .- 08 ‘Atividades domésticas nfo Temuneradas e ativi- dades escolares discentes ....... 855.445 ‘Atividades no compreendidas ‘nos ramos ante riores, atlvidades mal definidas ow nfo deca: radas 3 Condigées inativas rorat Das 79 cidades existentes, no Estado, ao realizar-se 0 re- censeamento de 1950, apenas 14 tinham mais de 5.000 habi- tantes, inclusive a capital. Duas sémente, das 310 vilas exis tentes, naquele tempo, possuiam populacdo superior a ésse nti mero. Assim sendo, ‘tinhamos.373 conglomerados “humano: com menos de 5.000 habitantes. Sobendo-se que. no interior do Pais, conjunto demografico de menos de 5.000 habitantes é de gente entregue a fainas agricolas, conclui-se, sem remissio, que © quadro rural da populacio, no Ceara, é superior a 80 %, 0 que estaria a determinar, irredutivelmente, uma escola de senti- do ruralista, que a existente, de pura ilustracio literarie, ins- pirada na vida urbana, é, na frase feliz de Lourenco Filho, ver~ dadeira bomba de sucgio das populagées do incerior para as 3— » para ais, onde angustiante to pauperismo, sociais das mais calamitos-~ “Alle se diz do Ceara pode apliear-se ac Bresil ‘cidades ¢ vilas, com mais de 5.000 hanitantes, sio as Fortalezs Bees 205.052 uazelze do Norte re Parangebs ‘vila) . 4.459 Sobral : Des rato 35.468 8 Iguatu 19.063 7. Aracati 8.952 s 3.299 9. Crateds : 7-30 40. Antonio Bezerra (vila) ee We Ipn e 5.874 12 Russas 3.531 13, Quixads 3.417 1 5.412 33. 5.194 16. Salvador Pompeu 3.158, A flora do Ceara, segundo as espécies ¢ utilidades princi- Pais, pode classificar-se em 9 grupos de plantas : I — Medicinals 12 Ml — Palmiferas -. 8 II] — De marcenavia 25 IV — Fibrosas .. c V — Amiliceas | 9 VI — De construcio . B ‘VII — Colorantes ..... e eS VIM — Oliferas, gomiferas, resiniferas © tere- Dintiferas 2.2... 4 1X — Prutiferas (00000111 ot ‘Importa conhecer-se a producdo do Estado, por que se ajuize, de maneira conereta, sbbre a fertilidade da terra. No ano de 1952 (ano de crise climica) foi a seguinte : (1) Ver “Amvérlo do Ceart” — msnan4 — Be volun, ies pn os semir ‘Rapadura 179.818.310,00 447.380 13.414.989,00 (267.748 ‘975.568,00 13.820.255, 19.743. 755,00 ce |S 4,834,002 148.487 807,00 2.535.300 20.297. 500,00 36.400 291.160,00 52.800, 429.900,00 324.100 142,090.00 ° 580,00 Cleo de algodao - 1.739.089 10.538.742,00 * Carvéo vegetal - 6.059.820 1.983.348.00 ‘Castanha de caju 1.149.650 $54.880,00 Paco-paco fibra ‘1.987 ‘215.067,00 M787 255.783,00 an cone er aan “rane ot sa | sass | ar.es.sit00 | | 8.211.308 | — | 180.512.700,00 \ a — | Bo7.s0r | 16-480-75900 MMs see PRODUCKO DE PESCADO eantaade | Vator Tots! i] illon crs Ges 68 — 2-A INSTRUGAO NO CEARA E SUA = EVOLUCGAO 1) FASE ‘Quem quiser saber como se iniciou, no Ceard, o ensino formal, pela escola, logo se convenceré que 0 marco primor- ial, nesse tentame, foi lancado pelos padres da Companhia de Jesus. ‘Sem diivida, devemo-lo, também, o trabalho inicial de ci- vilizagéo, a frades capuchinhos. vindos do Convento da Penha, quais, em 1730, tomaram a si a catequese das ‘indigenas espalhadas na zona do Cariri (Sul do Estado). ‘Nao obstante isso, patente est, pelos dados historicos mai seguros, a antecedéncia dos jesuitas, na obra educativa do povo cearense, © elemento militar e civil, que nos. vinha da Corte, domi- nado pela gandncia, nunca se preocupou com a instrucio da gente conquistada. Todo o seu empenho era dominar o selva- gem, escravizi-lo, apossar-se de terras e enriquecer. Foi em 1607, que vieram para o Ceara os primeiros dis- /)cipulos de Santo Inicio, mal sucedidos, em verdade, na mis- / so que os trouxera até cé. Eram os padres Francisco Pinto (e Luiz Filgueira. ‘A ésse tempo, nao havia ainda, no Ceara, aldeamento al- gum, com carter de organizacio definitiva. A populacio sel- ee ee ee a tinha vida ndmade e estava empenhada, de contin temerosas com os portuguéses. Por volta de 1637, chegaram os holandeses, que se hi ‘de Pernambuco; por sua vez, na terra que pisavam, tiveram outro empenho sendo o da conquista desta, com “as suas riquezas naturals. ___ Corriam as coisas assim, na terra drida e hostil do Cearé, ‘quando nela aportaram os padres Anténio Ribeiro e Pedro Pe- rosa. Até entéo, nada havia de instruc, e 0 trabalho dos mis- slondrios, dessa época até 1721, limitou-se a répidas tentativas de aldeamento, para a evangelizacéo. 'S6 désse ano (1721), em diante, com a vinda de mais je- ‘suitas de Pernambuco, intensifieou-se a tarefa do aldeamento, entrando os padres da Companhia de Jesus a ministrar os pri- ‘meiros ensinamentos de leitura e eserita. ‘Nao sabemos quantas escolas fundaram, quele tempo, sen- do certo, porém, que onde tivessem reunido os indios, davam- Thes conhecimentos praticos de lavoura, ensinavam-Ihes artes mecanicas e rudimentos daquelas duas disciplinas, _ Isso foi assim, até 1759, quando Portugal, oficialmente, ‘eriou duas escolas primérias, no Ceard : uma, na aldela de Cau- ‘eaia (hoje cidade do mesmo nome), com 142 discipulos de am- Ibos os sexos, alguns ja casados; e outra, na aldeia dos Paiacus (atualmente, cidade de Pacajus), com 29 meninos e 34 meninas. Bsse fato se prendia, naturalmente, & nova orlentaglo que tomava a politica da Cérte, com a influéncia, junto a0 trono, do Marqués de Pombal, que, pretendendo abater 0 poderio dos Jesuitas, onde quer que fossem encontrados, firmou substituir- Thes as atividades, no império portugués, em todos os setores de ordem civilizadora. # conhecido o Alvaré de 28 de junho de 1759, que’oficia- Tizou o ensino piblico, em Portugal e colénias, banindo as rega- lias educacionais dos jesuitas. Dai por diante a Metropole tomou a si o encargo da ins- Hiticho, em todos os dominios de Portugal, mas tio vagarosa —2— ** ‘Tomaz Pompeu, em seu “Dicionario Topogritico e tistico”, declara que, no principio do século XVII, 6s Jesulins eram os Gnioe encarregades de ensino —aeoee Aquiraz, Icb, Sobral e Vigosa. A Lei de 15 de outubro de 1827, a que J determinava no Art. 6 que “os professéres e escrever, as quatro operacées de aritmética pr | Mentos das respectivas cimaras, ou pelo cofre provincia: uando aquelas nao cheguem’’ Art 9° — As Camaras municipais devem essbel SPusartizo de postura;-cm que imponnam penas de familia, que esquecido de seu dever pare com seus 2. Thes, e do grande beneticio, que Ihes faz, man ‘educar, deixa de os mandar para as escolas pibiices pariculares, sem fustiticado motivo”, Quanto a castigos fisicos, 1é-se, com interésse, nos dias de © gue preceituava a referida Lei “Art. 10° — © Governo dard aos professdres as ins frusées para o regulamento das estolas, e sbbre o gue ful. far mals interessante ao mesmos professbres ¢ alunos, tanto que nio se exceda de quatro (4) bolos, diiriamen. te; nos argumentos de taboada o aluno dard um bilo no ‘outro, cada vez que errar”. O interésse do Presidente Alencar, pela questo do ensi- Manifestava, vez por outra, em atos oficiais, , NO ano de 1837, féz baixar instrucées para execucio da de 20 de setembro de 1836, saida sob sua ins- nessas “Instrugées” ressumbra dedieacio e zélo pela 4 educaco, ‘Método empregado era aquéle que perdurou por muito ‘entre nés, até dias j4 do século, em que vivemos. Pata se fazer idéia désses processos de ensino, citamos, i Feferidas instrucées, éste artigo : ““As tardes das quartas-elras de cada semana se em- Pregerio nas lictes e argumentos da Doutrina crista, como também nos argumentos de Silabas e Nomes; as se argumentario 0s ele- Mentos da gramitica da Lingua nacional", Bra a meméria a faculdade, a que mais se Fecorria; era Smo, em moda, que se alongou, durante um século bem Ras nossas escolas. SuECieMpenho désse Govérno patridtico que 0 Cearé possulu Eaese sentir até na Legislacdo das CAmaras municl- p interior da Provincia. _ erm ntci ‘Nas posturas da Camara Municipal de Aracati, naquéle ano, esta : "Os pais que fOrem pobres devem ao menos dar seus fihos tres vézes na semana As escolas ou particulares. tem convencldos que os mestres do 0 seu detletxs, serio multados em mil réis ou em dias de pristo”. . ‘Nas da Camara Municipal de Vicosa, Ié-se : “Todo pal de familia & obrigado a mandar ‘De tudo ressalta que havia uma escola priméria de elite, ‘Preparadora de alunos para os estudos clissicos, os quais deviam ‘tomar parte, possivelmente, nos negécios futuros da piblica dministracao oe Na Capitania e, depois, na Provincia, a massa de analfa- betos enchia o litoral e o sertdo. ~¥Em 1835, sendo entdo Presidente da Provincia o notavel cearense Pe. José Martiniano de Alencar, um dos heréis do mo- =e vimento revolucionério de 1817, em Pernambuco, a situagdo do ensino piblico, no Ceara, era a seguinte : — 29 cadelras, para o ensino de primeires letras (25 para meninos e 4 para meninas). — § cadeiras para o ensino de gramética latina (na Capi- tal, em Aracati, Sobral, Ic, Crato e Quixeramobim). — 3 cadeiras mais; com professores de Logica e Retéri- ca, Geometria e Francés, wares". Com José Martiniano de Alencar, segundo a Lei de 20 de a Na Capital... ‘6008000 bo Sobral, Ico ¢ Crato . ke so0gooo = ‘Densas vias e povoagoes ‘400000 © niimero de cadeiras, nesse tempo, tanto de instruc pri- ‘maria, como secundaria, era 0 mesmo. Revelando desvélo pelo ensino, ésse Presidente féz baixar ‘uma lei (a primeira na Provincia), espécie de Regulamentagio da Lei Geral de 1827, na qual se tratava da methoria dos venci- mentos dos professores, da inspeco escolar, da obrigatorieda- de da matricula, de horério, feriados, expediente, auxilio a alu- ‘nos pobres, castigos, prémios e exames. ~e_As matérias que se estudavam ainda eram as mesmas dis- eriminadas no Art. 6. da Lei de 1827 e em tudo se obedecia ‘ho conhecido método de Lancaster, 0 mais seguido e afamado do tempo. oa Do interésse tomado pelo Presidente Alencar, em relagéo a0 ensino, so indices, nessa Lei de 1836, as passagens concer. hentes aos alunos pobres e 4 obrigatoriedade da matricula : “Art. 8° — As Cimaras munieipais orcario a despesa anual que for necesséria para suprir com penes, papel, eanetas e dois unifsrmes de cir Aqueles alunos que ot seus pals os nio possam suprir, por sua reconhecida.po- breza, veriticandose esta por informacio dos professores @ Plrocos. “As despesas sobreditas se fario pelos endl = com ésse desamor pela educac&o do povo, o da aristocracia: as 7 aulas de Latim conti- 2 espalhadas (6 pelo serto); na Capital, no ano de 1842 ‘apenas uma cadeira de ensino primério, com uma de As de Filosofia, Ret6rica, Geometria e Francés, suprimidas em 1841, reabrem-se logo, no ano seguinte. Em relat6rio, cheio de observacdes curiosissimas, José Maria da Silva Bittencourt dizia, quanto @ instrugdo da Pro- —B— ciaj"em 1843, que existiam 44 cadeiras de ensino primario, sendo hecessirio criar-se mais uma, na Capital. ra também o seu antecessor. Dessas 44, cinco apenas etam para meninas, o que levou ‘© mesmo Presidente a declarar : “Releva dizer mais que 5 es- colas somente para 0 belo sexo me parecem poucas, a vista da erescida populacéo da Provincia. © nosso dever néo restringir ‘@ educago désses entes, cujos principios formam nossas al- mas. Seremos bons sempre que nossas mies forem inteligen- tes e virtuosas”. ‘Mostrando, como José Martiniano de Alencar, grande de- dicacao pelo ensino, Silva Bittencourt trata da criacéo de uma Escola Normal, onde se.forma o mestre. Fazendo referéncia a lei de 1837, revogada pela de n.’ 6 de 1840, declara : “Pedirvosia seu restabelecimento, de que tiraria a educacio literdria multas vantagens, se outros objetivos ‘menos importantes néo exigissem sacrificios secundérios, que vio pesar sébre o acanhado cofre provincial. Na Pro- vinela do Rio ée Janelro, uma escola dessas tem apresen- tado dtimos resultados. “Sébre um tal ensalo podieis moldar o que houvés- seis de fazer; mas esta Provincia no tem os grandes ren- dimentos daquéla e nio pode por enquanto fazer tio su- bidas despesas. Conviria talvez prinelplar desde $4, como se tem feito noutras Provincias, a buscar os meios de levar 8 efelto ésse estabclectmento, mandando & custa do cofre iblico dois jévens frequentar aquela escola, com a con- igo de se prestarem ao ensino de seus comprovineianos, € 86 entlo se poderia contar com hibeis professéres, que nem mesmo os examies garantem”. ¥Silva Bittencourt lembra ainda a conveniéncia de se reuni- tem, num 86 edificio, todos os professéres de ensino secundé- rio, formando um Lice ott Colégio de Humanidades. “A categoria'em que se acha o Ceard, diz éle, lhe nio permite deixar de acompanhar as outras provincias do Império na cerreira da civillzagho. Nao quereis, segura- mente, que a mccidade cearense vé beber em fonte alhela ‘sua necessiria Escola fizes Marinheiros © ENSINO NORMAL NO CEARA — . funda reais servicos Na citada Lei de 15 de outubro de 1827, existia a. prestou A instrucio. : ete etait OMRON ga ; Aisposic&o : Em 1875, instalou-se 0 Seminirio de Sio José do Crato, “As escolas sero de ensino ritmo, nas (© qual tem florescido, desanimado, desaparecido e ressurgido, provingas, © serio também nas cades, las em oiferentes épocas, Atualmente, atravessa fase de prospe- ~~ ridade. A ésse estabelecimento de ensino deve o Sul do Estado o preparo intelectual e moral de muitos jévens. Com 0 Semind- Hio de Fortaleza, ha concorrido, em larga escala, desde a sua fundacdo, para o desenvolvimento cultural do Estado. Estamos em 1880. # uma época de estagnagiio. O Liceu, em completa deca: déncia, tem uma matricula de 42 alunos, apenas. © professorado piiblico, sem estimulo, desce no concelto de todos, fazendo dizer 20 Presidente de entio que era preciso cuidar-se do preparo do mestre com a fundagio urgente de uma Escola Normal. Essa Escola Normal vem logo em 1884, imposta, clamos da consciéncia esclarecida de cearenses ilustres. +0 ensino, de 1881 em diante, parece que vai melhorar. ‘Tinha-se feito a reagio contra o Latinismo, extinguindo-se, pouco a pouco, as aulas de Latim, As restantes por falta de interésse. ‘“Nesse tempo, aparece um Regulamento de tante separando-se, preliminarmente, a instrugéo Pablica da directo do Liceu. Amaro Cavaleante, havia pouco chegado da Norte, assume a Diregio do Ensino Pablico. Parece que vai mudar, José de Barcelos, notdvel cearense, autoridade em tos pedagégicos, € mandado & Europa, para estudar os Novos processos de ensino, com o fim de instalar e dirigir a Escola N que se projetava Ficando sempre em vigor, no que concerne 20 preparo dos professjres, a Ici cle 15 de outubro, a que temos aludido, em 1837, 0 presiciente José Martiniano de Alencar sancionou a lei ne 91, de 5 de outubro, em cujo artigo primelro se lia “Fica_criada, tempoririamente, uma Escola Normal de primeifas letras, na Capital da Provineia, vencendo o professor 0 orilenado de 1:200$ ¢ seguindo em tudo o mé& todo de Lancaster”. Foi essa a primeira disposigao de lei que apareceu, no Cea rd, atinente a criacdo de uma Escola Normal. Firmemos bem © ano: 1837; e o nome do Presidente : José Martiniano de 2 Alencar. Estava em moda, nesse tempo, 0 método do educador in- glés e dai a sua preferéneia, ao se falar na criacéo de uma Es- cola Normal, na Provincia. Determinava a citada lei de 1837 que o presidente da Pro- vincia-mandaria engajar um professor, onde bem conviesse. ¢ Ihe marearia ajuda de custo, para a indenizacéo da despesa de viagem. Neremos, depois, que sé apés quase 30 anos (em 1866), foi satisfelta a aspiracéo do grande presidente, mandando-se fazer 0 engajamento de um professor, numa escola normal do pais, a fim de se habilitar, para a organizacéo da Escola Nor- mal do Ceara. ~ Esse professor foi José de Barcelos, a0 qual ficaria ligado, mais tarde, durante um quarto de século, o preparo dos pro- fessdres primarios do Ceara. {A mencionada lel de 5 de outubro, de 1837 anda dispunha {que a Escola Normal se estabeleceria na Casa de Ensino Mi- tuo e 0 govérno a forneceria dos utensilios necessirios. (Art. 3."). Logo que se abrisse a Escola Normal, o govérno marcaria um prazo suficiente a cada um dos professdres de primeiras le- tras, entio em exercicio, na Provincia, dentro do qual 0 mesmo se devia matricular, em a dita escola, para se aplicar nas ma- (fan. combecemos.ce progremen exigidos para essa, prova térias que na mesma se ensinassem, (Art. 42). habilitagSo; induzimos, apenas, como acima acentuamos, pelo Deixaria vga a cadeira 0 professor que no comparecésse, eesincObvignitataéodinen.ca’profeeetres primirios. ‘que dentro do przo mareado, ou que, no fim de um ano de ensino, Socks tanel:tahgen, seereeemtnan « niio-fdsse apsovndo em exame pitblico, perante o Presidente da —90- a Provincia, nus matérias que se the tivessem ensinado, ou que AO fizesse exame, salvo por mol ‘ow outro qualquer motivo ; |, que jamais poderia scr inaptiddéo ou omissdo. (Ar- “). E ssa lei foi susper Jneipo de 1840, prov €XCCucdo. . Temos que nfo apareciam, com facilidade, os candidatos &S brovas de habilitacio exigidas no Art. 7° da Lei de outubro e 1897, que mencionamos, acima, pois 0 Presidente Jos Mar- tiniano dé Alencar, tio justo nos nezécios do ensino, como no ‘Mais, teve que Wansigir e sancionar a Lei de 5 de outubro de 1837 (na mesma data em que criava a sua futura Escola Nor- mal) em cujo artigo 3° se 1é : tigg a pelo Art. 7° da Lei ns 195, de 9 de elmente por acarretar despesas a sua “De hora em @lante, s6 serio providas, na forma da lei de 15 de outubro de 1827, as cadeiras de primeiras le. tras das eabegas de comarca. Tddas as mais que se acham vagas, © as que para o fularo vagarem, serio providas independente de exame era forma da ef de 4 de junho de 1830, tendo os professores assim provides metade do ordenado, que se acha estabelecido para as mesmas cadei- Fas, © nesta disposiclio ficam compreendidas thdas as ca- deiras da Provincia criadas para meninas”. 20 austero presidente, naturalmente, por falta de candidatos AP tog para o magistério, transi rriava logo uma Escola sujeitando todos a estudo e exames especiais, e dimi- Mungo os vencimentos dos que preferissem ndo se especializar. Havia, sem divida, da parte do chefe do govérno 0 desejo Se methorar 0 professorado, dando ao mesmo conhecimentos COmpativeis com a sua alta missio. A disposicio da citada lei de 4 de junho de 1830 6 a pine: “Os professéres que sdmente se habilitaram ou se ha bilitarem com aprovacio, na forma das leis anteriores’ & de 15 de outubro de 11 ca de outros, em que ¢on- eorra a idoneldade ex: io provides, inter. a que os mesmos pro- ros y m com os exames bro de 1827, @, neste caso, serio, na conformidade delas, providos vitall- cciamente” ‘A idéia de uma escola, onde se preparassem os mestres ~ mesma se avolumando até a realizacdo final. No ano de 1843, em relatério apresentado & Assembiéia legislativa da Provincia, assim se expressava o Presidente José mas tinados agora a estudar 8 poderto ensinr, passados ‘2un¢ aos, e que a instruco tem ganho bastante incremene ——— uma concessio, em face do que se estabelece , Pe tindo-se qug “‘as escolas de primeiras letras, de meninas, das fora da Capital da Provincia, féssem providas em concu: so, perante o Juiz de Direito da Comarca, e uma comissio trés membros nomeados pela Camara municipal, precedidas perante a mesma. cémara as habilitagbes de estilo. O Juiz de Direito, presidente do concurso, convidava os pro- fess6res ou pessoas mais habilitadas par os exames, cabendo a nomeagio 2 Presidente da Provincia, de acérdo com a clas- sificacio. A Lei n.’ 507, de 24 de dezembro de 1849, estabelecia, perentoriamente, que “as cadeiras de primeiras letras seriam providas por coneurso, mandando o Presidente da Provincia emi todos os municipios publicar por editais 0 dia do concur- so. Era examinador 0 Diretor do Liceu, e assistiam a0 ato 0 Presidente da Camara, o Juiz de Direito, 0 Paroco e o Juiz de Paz da Capital, que tinham atribuicdes para fazer pergun- tas aos examinandos. © Presidente da Provincia, podendo, assistia & solenidade. Era assim que se aferia das habilitagdes de quem se des- tinava ao magistério primério. Estudo livre, sem preparagdo alguma para a profissdo de ensinar. Justificava-se, por isso, © apélo que vinham fazendo, insistentemente, os Presidentes da Provincia, todos os anos, no momento de se instalarem 0s trabalhos legislativos ordindrios. ‘Na Ultima fala do Presidente Fausto Augusto de Aguiar, vimos como 0 mesmo encarou o assunto, tratando ja da pré- tica dos futuros mestres, quando nfo fésse possivel dar-lhes a cultura geral. Embora se comecasse ja a ver a importancia do tiroci- nio, aparecia, no entanto, a indicacéo como uma providéncia urgente, substitutiva do plano de estudes mais amplo, no cur- so normal. A medida representaria uma fase de transigio, para chegar, mais tarde, ao ponto culminante da projetada escola de mestres, ‘© que disse o uitimo Presidente, expressava- Joaquim Vilela de Castro Tavares, no relatorio de “Em falta de uma Escola Normal, poder-seiam exi- gir dos candidatcs maisres provas de habilitario, fazen- doos freqientar 2lgum tempo a Escola de Ensino Matuo, ‘como mestres-adjuntos: mas para isso seria mister au- mentar os ordensdos. A erlaclo de alunosmestres, que ro dizer, de alurcs que, depois de prontos nas matéri do ensino primario, ficassem nas escolas, como “ tos". com alguma gratificagio, poderia darnos_mestres, senio completamente tons, ao menos sofrivels’. Neste passo, observa-se a importancia que se dava ao cha- mado ensino miituo, tio em moda, na Furopa, no século XIX no Brasil, igualmente. ‘© citado Thomaz Pompeu, Diretor de Instrucdo, em subs- tancioso relatério apresentado 20 Presidente da Provincia, em 1856, sdbre a maneira de se prepararem professéres, di ‘Gabe V. Excia. que dois sto os sistemas hoje ado- tados, na Europa, para preparar professdres : 0 alemio, de escolas normais, e 0 holandés, ott pritice, de alunos- mestres. O primeiro mio fol adotado, e com tazto, pela nossa lel, porque, além de ser mals complicado € dis- pendioso, nio tem dado bons resultados no Brasil. © segundo, como mals ffeil e econémico, fol adota- do na Corte e Provineiss, e para que tenha aqui execucio é mister dar maior incentive aos pretendentes”. No regulamento de 2 de janeiro de 1855, da autoria do mesmo Thomaz Pompeu, no Art. 29, prescrevia-se : “Ninguém sera admitido a exame, sem ter esiudado, pelo espago de um més, 0 modo pritico do ensino em alguma das escolas da Capital, que o diretor designar”. Mais tarde, em Instrugdes baixadas em virtude do citado Regulamento de 1855, preceituava-se, entre outras coisas, que © candidato ao magistério piblico primario devia habititar-se, perante 0 Diretor Geral, provando “estudo pritico por trés meses em alguma das escolas da Capital, designada pelo Dire- tor, com certificado do professor da escola. prati- ca, © pretendente, trés meses antes pelo menos do coneurso, requeria ao Direto e designasse uma escol foe seu tirocinio ca Os exames tinham lugar, piiblicamente, em ae las do Liceu da Capital, presididos pelo Diretor Geral, e ver~ savam sobre; Instrucdo moral ¢ religiosa, Leitura, Eserita, Gramatica, Aritmética, Geometria, Geografia, Histéria geral e Historia do Brasil. (Programa reduzido). ‘J& nesse tempo se aliava, como se vé, a pratica do’ ensi- no aos conhecimentos gerais das disciplinas curriculares. ‘Comeca uma segunda fase, na instrucio piiblica do Es- tado, respeito & formacio do professor, com a criacéo do cur- ‘@ profissio do magistério, ‘tem sido éste o grande empenho dos ‘como diz Cousin, do mestre e #6 do mestre depende a escola, ¢ professbres no se improv! am. £ 3s. Dols © alemio, de s. se, aqui e simples. adjun- e ser ainda, tuldo nas provin condigbe em falta das pt A escola ¥ to quanto vale 0 me na Praia um m da inst pritioa e estudos. P Fels péssimas se elas mio existissem”. Descobre-se, nessa maneira de falar, que a necessidade de uma escola normal se vai tornando imperativo de ordem moral muito sério, determinando, dentro de poucos anos, a inau- guracfio do desejado estabelecimento. Lafayette Rodrigues Pereira, Presidente da Provincia, em 1864, da, nesse sentido, um passo agigantado. A Resolucéo de Lei n.* 1.138, de 5 de dezembro daquele ano, assinada por ésse Presidente, & atestado indiscutivel dessa afirmacdo. No art. 6° da mencionada Resolucdo, determinava-se que “uma das escolas primérias da Capital ficaria elevada a escola de 2 grau, onde se ensinassem, além das matérias consignadas no art. 13, § 2° do Reg. de 2 de janeiro de 1855 (mais ou me- nos as matérias estudadas nas nossas escolas primarias de hoje) a pratica do ensino primario ou de pedagogia”. Os aspirantes ao magistério publico eram obrigados a pra- ticar nessa escola pelos menos 6 meses. Neste passo, lembramo-nos do que em 1929, num dos Congressos Nacionais de Educacéo promovidos pela A. B. Ex, sugeria Firminio Costa, eminente professor mineiro, relati- vamente & formacdo do professor rural. Pretendia o acatado mestre, nada mais, nada menos do que ésse tirocinio simples, pritico e réipido de alunes. que se tornariam mestres, conti- nuando 0 curso primério, para adquirir a pratica de ensinar. A idéia do prédio, onde funcionasse a Escola Normal, ou escola de mestres, vem de um dispositive dessa Lei de 1864, contido no art. *, que assim: dispunha : “O Presidente > Provincia mandaré construlr, nes ta Capital, uma csi para esta escola (a de Pritica Pe Gagégica) com eemodagbes necessirias, segundo o pla no dessas escolas em: Franca, a qual servirh de modélo grande sores te que 60 mesmo, senfo plor, que ‘para as outras que devem ser feitas nas diversas clda- des ¢ vilas da Proviscia”. | Bsse' mesmo Presidente, Lafayette Rodrigues Pereira, no de 1865, acentuas ee 0 estado do ensino popular, camente empregados para me- que podiam exigir, nesse as- jodestas. Referindo-se ao pro- fessorado fala, desoladamente. afirmando que; “poucas exce- ent&o Presidente da Provincia (0 mesmo Lafayette Pereira), 0 engenheiro José Pompeu d’Albuquerque Cavalean- te alude & construcio do prédio da “Eseola-Modélo", de que fizemos menc&o, em linhas anteriores, ao tratarmos da Lei ns 1.138, de 1864. © Diretor. das Obras Publicas, nesse relat6rio, escreveu : nizasse @ plano de orcamento da edifiexeio de uma para “Escola-Modélo”. Tendose -100— “© resultado seria conservar-se despovoada, porque 20s mocos pobres faleciam os meios de poder curséla, aos favorecides da fortuna mo convém proporse uma carreira que nio oferece futuro, “Acho, portanto, que a escola-modélo criada para nela fazerem seu tirocinio e obterem os conheckmentos pré- Brasil — 1865). O Presidente da Provincia, em relatério de 1866, assim se do t i he lH H i if Hi ‘i Hi it fe fe "No desconheco que em algumas provincias bal- daram-se inteiramente as esperancas, que se deposita- vam nessa fecunda instituicéo. “Estou, entretanto, convencido que devidamente or ganizada e completa por melo de medidas tendentes a : torné-la frequentada por alunos que se dediquem ao ma- \ gistério, ela muito pode concorrer para a desejada re- forma da instruct pablica na provincia. dadio José de Barcelos, 0 qual ainda ali se acha estu- . —103— @ando © método seziide na Escola-Modélo daquela ca ‘ BP) pita a quar consis ser uma das que mais tém medra ¢ do no Impézio. “A vista dos estudos feltos por ésse cldadio sobre @ste importente ramo do service publico, confio que-a instrucio pCblica na provincia colheri um resultado van- | tajoso da comissio, de que fol éle ineumbldo”. ESCOLA-MODELO “Acham-se prontas as obras grossds de pedrelro e a. coberta do edificio destinado A Escola-Modélo, cuja constructo foi autorizada pela lei n* 1.138 de 5 de de zembro de 2864. “Estas obras, executadas administrativamente, impor- taram ‘na quantia de 15:4669674, inclusive as duas pres ‘tag6es recebldas pelo engenhelro Herbster para as obras de carpintaria. " edificio. compée-se de um vestibulo, duas salas eum salio que tem capacidade para admitir cem alunos. “As obras de carpintaria foram contratadas com 0 engenhelro Adolfo Herbster pela quantia de 5:462$424, a ‘pagar vem :trés -prestagdes. Esto muito adiantadas, © ontratante.recebeu por conta 3:641§616. E | © portio e gradil de ferro para o muro de circuito do mesmo edificio foram orgados pelo engenheiro em ———— 1:1503800. “A tesouraria ‘provincial esti autorizada a fazer o respectivo contrato para a execugio dessa obra. 5 “Os servigos por fazer, tals como 0 embégo, Febdco ¢ outros, sfig"avaliados ‘pelo engenheiro em 8.402.454, “Para selaspego-vos que votels os fundos necessi- ros" Aprecie-se com que empenho j4 em 1866 se falava na, inauguracao de uma Escola Normal, no Ceara : ESCOLA DE PEDAGOGIA “Esta escola, eriada pela lei n° 1.188 .de 5 de dezem- bro de 1864, ainda nio poude ser inaugurada. “Nem © edificio, onde ela deve funcionar, esté con- i cluido, nem ainda nomeado o professor que a deverd i reger. 104 — Escola Normal, em que se habilitassem os candidatos © piiblico. x. Essa escola se constituiria de um curso de trés anos, ane- x0 a0 Licgu, onde se ensinariam as seguintes matérias : PORTUGUES (arilise dos cléssicos ¢ critica IMtertria) GEOGRAFIA E COROGRAFIA HISTORIA FILOSOFIA MORAL E RELIGIAO MATEMATICA ELEMENTAR FISICA ELEMENTAR E HIGIENE PEDAGOGIA TEGRICA E PRATICA. ‘A peda fundamental da Escola fol lancada a 2 de outubro de 1881, no govérno do Dr. Pedro Le&o Veloso, dando-se a inauguracio a 22 de margo de 1884. Era entio governador da Provincia o Dr. Sétiro de Oliveira Dias. prédio, onde ‘se inaugurou a Escola, é 2quéle onde atualmente se encontra a Faculdade de Medicina, na Praca José de Alencar, 0 qual tinha cho difereste da de hoje. “ Quando se instalou, ex 1884, no Cearé, a Escola Normal, a mao de José de Barcelcs, aquéle mesmo que estivera na Ba- hia e, depois, na Europa, estudando um tipo de Escola Normal para o Ceara e que foi, dentro de pouco tempo, nomeado pri- meiro diretor do referido estabelecimento de ensino. ‘Esse Regulamento de 12 de setembro de 1881, expedido em virtude de autorizagio contida na j4 citada lei de dezembro de 1878, continha um capituls sébre a Escola Normal, cuja pedra fundamental seria lancad= a 2 de outubro daquele ano e cuja inauguragao ainda s6 se feria a 22 de marco de 1884. Por ésse capitulo se regeu a escola de profess6res até 1886, quando entdo entrou em vigor o Regulamento que saiu das méos de José de Barcelos. em junho de 1885, um ano apés a fundagéo da Escola. Instalado 0 estabele: mestho sob a direcio do into de téenica de mestres, ficou spetor Geral da Instrugéo Pablica da 107 — do pass0u a ser dirigido, com relativa ‘se constituiria a sua alma e a sua José d= Barcelos, professor inteligente ¢ ss coevos. de St alterou em certo ponto a lei de em um ano apenas o preparo do mestre. Havia, ‘muita carénciz de professores, 0s candidatos as seguintes matérias : Anexas & Escola Normal havia duas escolas primérias, uma para cada sexo, onde se habilitavarh os normalistas nna pratica dos modos e métodos de ensino. ‘Chamamos, com empenho, a atencdo do leitor para @ exis- Frizemos logo que & caésira de pedagogia estava ligada a de metodologia, ambas sob a responsabilidade de. Saag celos, 0 intelectual que, naqueles afastados ‘thor désses assuntos, na Provincia. Sapo Tacols oneal can, Se Sa etre Dees: ° SS aie o cae sk ag naquele tempo, 20 candidato que tivesse feito, nas Hseolas Ane- xas, 0 tirocinio de um ano, a Insericéo, na época regulamen- tar, para exame das matérias do curso normal, embora néio ’ © tivesse freqiientado; sendo aprovado, obteria o diploma de habilitagao. —108— Nota-se bem que a pritica do ensino era 0 géncia,que depois se vem pr & margem, para ter teorismo, acompanhado de verbalismo desbragado. Ensaiados os primeiros passos, entrou depois a mal em marcha franca, com regulamento: préprio, tendo: Dava-se; pelo que lemos. pouca atencio aos fundamentos racionais da educagéo, haver:io omissio completa do estudo de biologid, anatomia e fisiologi Pudera! Se todo o estudo devia ser feito em dois anos, sem um curso preparatério co menos ! Corroborando o Regulan:ento de junho e no intuito de mo- ralizar-se a carreira do mestre, estava estabelecido na Let or gamentéria de 1885 que “sé seria nomeado professor piblico do ensino primério 0 individuo que tivesse feito na Escola Nor ‘mal o curso completo exigido para o magistério e provasse reu- nir em si os requisitos indicados no art, 170 do Reg. de 1881 (idade, sanidade e moralidade indiscutiveis). Essa disposicao foi repetida ipsis litteris no Reg. da Instru- io Piblica de 1887, art. 121. 3 Te ‘Chegamos ao ano de 1820. Temos 252 escolas primérias, com 9.100 alunos; 0 Liceu conta 208 alunos, e a Escola Nor- mal, 101. eta de pertia das cass densi; eam maiden © sem conférto, 6 0 mesmo. Todos os anos, nas mensagens dos Presidentes 8s Assemblelas Lezilativas, ha o relato triste daz condig6es das escolas, que se cham em prédios acanhados, im- préprios, sem méveis, sem cyarelhamento adequado a um en- ‘sino proveitoso. Quando se proclamot a Repiiblica, a situagéo do ensino pa- blico primario, no Ceara, era por demais desoladora. O gene- ral José Clarindo, em sua mensazem de 1891, confessava: “De 10 anos a esta parte, a instrs:io priméria, merecendo o mais acurado desvélo dos poderes piblicos e pesando, progressiva- mente, sdbre a massa contrituinte, esta, entretanto, mais re- traida que dantes. Enquanto 2 instrugdo primaria, estipendia- (@u Gincin moderna. « resssntinds-et, ean sua quast da pelo Estado, apresenta-ncs o entristecedor aspecto, a que de uma filosofia hoje obsoleta, nos principios, aludi, 6 de certo modo consc’=ior o ineremento que véo tendo ’ as escolas do ensino particuls Sdmente, na Capital, que con- ta 15 escolas piblicas, cam censino particular, com 1924 ag SE oe tricula de 1050, existem 11 de ‘esquecer, aqui, um acontecimento digno de instrucio do Ceara. , um grupo de empregados do comércio fun- de de classe, a que d& o nome de “Phenix fazendo acompanhar ésse fato da instalacéo de uma ara 0s seus associados. ¥ a atual “Escola de Comér- ‘modélo dessa Escola, muitas outras.se instalaram no interior do Estado. ‘@ Em 1890 2 Escola Normal teve novo Regulamento. Can Fp tinua 2 ser o seu diretor o professor José de Baroels. “4 Por ésse estatuto passa o curso normal a se realizar num trignio, havendo antes um curso de preparatérios de um ano, _ es matérias j& existentes acrescentam-se: na cadeira de ‘Histéria, instrucéo sivica; na de Ciéncias Fisicas‘e Naturals, hi eve, proporcionando-se ainda. sulas de: Caligrafie; ‘DevenBioy ‘Miisica vocal ¢ Prendas Domésticas. Spee Reectesiosto de 90; hetieniie mies ommee ésse Regulamento que o Curso da Escola Nar- por fim.néo s6.instruir os alunos, mas também exer na maneira natural de dar o ensino nas escolas pri- todo caso, a priitica de ensinar constituia o da ereea nfo sendo nunca pase pels Tape: cho, ivetsick ares Rocha, Jodo Paulo Barbosa e os drs. Agapito Jorge dos Antonio da Cunha Fontenelle e, no ultimo ano, Waldo valcante, homem culto e viajado. ‘Gress: pont, que a reforma wo deve ost de que nesse ano assume a dirctoria da Escola, numa. ri ue vai de 1896 a 1900. ‘Neste tempo, entram no curriculo do ensino

You might also like