You are on page 1of 40

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar

(Hospital Geral e Hospital Psi quiátrico) e das Clínicas Especializadas


GOVERNO FEDERAL REPRESENTANTE-RESIDENTE ASSISTENTE E
COORDENADORA DA ÁREA PROGRAMÁTICA Apresentação Geral
PRESIDENTE DA REPÚBLICA Maristela Baioni
Jair Messias Bolsonaro COORDENADORA DA UNIDADE DE PAZ
VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA E GOVERNANÇA Olá!
Antônio Hamilton Martins Mourão Moema Freire Bem-vindos ao curso de Tratamento da Dependência Química no contexto
MINISTRO DE ESTADO DA CIDADANIA GERENTE DE PROJETO Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas.
Ronaldo Vieira Bento Rosana Tomazini

SECRETÁRIO NACIONAL DE CUIDADOS


ASSISTENTE DE PROJETO A Dependência Química é definida como uma doença crônica, progressiva,
Aline Santana primária e fatal, mas é também, reconhecidamente, tratável. A complexidade
E PREVENÇÃO ÀS DROGAS
Quirino Cordeiro Junior do fenômeno da Dependência Química requer, em seu tratamento, estratégias
DIRETORA DE PREVENÇÃO, EQUIPE PROJETO EDITAL Nº 02/2021 igualmente complexas.
CUIDADOS E REINSERÇÃO SOCIAL PRESIDENTE - CEPP
Cláudia Gonçalves Leite Thiago Marques Fidalgo O profissional que atua na área da dependência química se depara com
COORDENADORA-GERAL FORMAÇÃO VICE-PRESIDENTE - CEPP constantes desafios dentro dos espectros psicológico, social e biológico –
Elis Viviane Hoffmann Andrea de Abreu Feijó de Mello dimensões que compõem a etiologia dessa doença, bem como devem também
COORDENADOR GERAL DO PROJETO refletir o processo de recuperação.
Cláudio Jerônimo da Silva
PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS
PARA O DESENVOLVIMENTO
COORDENADORA PEDAGÓGICA DO PROJETO Em uma doença em que a recidiva é a regra, não a exceção, cabe ao profissional
Clarice Sandi Madruga
(PNUD) atuante se instrumentalizar constantemente. Reunimos aqui um time único de
CONTEUDISTAS ESPECIALISTAS profissionais que atuam nas áreas da clínica psiquiátrica, clínica psicológica,
REPRESENTANTE-RESIDENTE Ana Paula Dias Pereira
Katyna Argueta André de Queiroz Constantino Miguel
pesquisa e ensino para trazer para você uma base de conhecimentos
Leonardo Gomes Moreira consistente e atualizada sobre a atuação no tratamento da dependência
REPRESENTANTE-RESIDENTE ADJUNTO
Carlos Arboleda
Maria de Fátima Padim química.
Ronaldo Ramos Laranjeira
Sérgio Marsiglia Duailibi
Susana Mesquita Barbosa Esperamos que o curso proporcione aos profissionais da Saúde um momento de
reflexão contínua sobre sua atuação nessa área, bem como o aperfeiçoamento
Todo o conteúdo do Curso Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas, da Secretaria
Nacional de `Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas, do Ministério do Estado e da
sobre técnicas, teorias e protocolos necessários para uma efetiva e eficaz
atuação nessa área.
Cidadania do Governo Federal 2022 e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, da Organização das Nações Unidas, está licenciado sob a Licença Pública
Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) que pode ser acessada em https://creativecommons.org/licenses/by-nc-
nd/4.0/deed.pt_BR

Bons estudos.
BY NC NO
Coordenação do Curso
voltar ao
sumário

MÓDULO 3
Bases Bioquímicas e Neurobiológicas do uso de Substâncias
Neste módulo iremos tratar da neurobiologia da dependência química: compreender
a atuação das substâncias psicoativas no sistema de recompensa, o mecanismo
de ação das diferentes classes de drogas e os efeitos e riscos das principais
substâncias (álcool, cocaína, maconha, entre outras).

Vamos compreender, também, sobre a ação das substâncias psicoativas e de que


forma estas desencadeiam a dependência química.

O conteúdo abordado aqui constitui o alicerce para a atuação no tratamento da


dependência química, conhecimento fundamental para profissionais que atuam em
serviços de saúde e assistência.

Bons estudos.

Autoria
Clarice Sandi Madruga
Katia Isicawa de Sousa Barreto
Guilherme Sabino de Godoy Filho

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
3
voltar ao

OBJETIVOS DO MÓDULO sumário

SUMÁRIO
UNIDADE 1 – NEUROBIOLOGIA E O SISTEMA DE RECOMPENSA CEREBRA...............................................................05
Princípios Básicos em Neurobiologia
O Lobo Límbico
1. Compreender sobre a
O Sistema de Recompensa e a Dependência Química
VARELLA, DRAUZIO. DEPENDÊNCIA QUÍMICA: NEUROBIOLOGIA DAS DROGAS | ARTIGO. DRAUZIO. DISPONÍVEL EM Neurobiologia da Dependência
O desenvolvimento da dependência química Química.

UNIDADE 2 – AS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: CLASSIFICAÇÃO, EFEITOS AGUDOS E CRÔNICOS........................12 2. Compreender sobre os


Substâncias Sedativas ou Depressoras do Sistema Nervoso Central neurotransmissores atuantes
ÁLCOOL no sistema nervoso central.
Substâncias Psicoativas Estimulantes do Sistema Nervoso Central
COCAÍNA / CRACK / NICOTINA 3. Entender a classificação e a
CIGARROS ELETRÔNICOS OU “VAPING” distinção das substâncias
ECSTASY psicotrópicas entre depressoras,
Substâncias Psicodistrópicas]
estimulantes e perturbadoras.
LSD (Ácido Lisérgico) / Maconha
Poder de Dependência e a Velocidade de Ação das Substâncias
4. Compreender sobre a velocidade
UNIDADE 3 – FARMACODINÂMICA (AÇÃO DA DROGA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL) DAS PRINCIPAIS DROGAS de ação e o poder de dependência
DE ABUSO.....................................................................................................................................................................29 das substâncias psicoativas.
Farmacocinética e Farmacodinâmica
Mecanismo de Ação do Álcool 5. Compreender o mecanismo de
Mecanismo de Ação da Nicotina ação das substâncias psicoativas
Mecanismo de Ação da Maconha no Sistema Nervoso Central.
Mecanismo de Ação da Cocaína e do Crack
Mecanismo de Ação dos Estimulantes do tipo Anfetaminas (ATS) 6. Entender sobre os efeitos agudo
Mecanismo de Ação da Classe das MDMA (Ecstasy) e crônico das substâncias
Mecanismo de Ação dos Solventes Inalantes psicoativas.
Mecanismo de Ação dos Alucinógenos
REFERÊNCIAS...............................................................................................................................................................37

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
4
voltar ao

1
sumário

UNIDADE 1
NEUROBIOLOGIA E O SISTEMA DE RECOMPENSA CEREBRAL
A Neurobiologia é um campo em constante crescimento nas precisamos entender os conhecimentos básicos que
Ciências Biomédicas vez que investiga o sistema nervoso. Tal interseccionam a neurobiologia e a neurociência, a fim de
Sistema é, por sua vez, um dos mais complexos da anatomia fornecer o alicerce necessário para a compreensão dos
humana. aspectos biológicos da ação de drogas e da dependência
química, o que nos permitirá abordar o mecanismo de ação
Enquanto a Neurobiologia dedica-se aos aspectos de diferentes tipos de drogas no corpo humano, seus efeitos
BIOLÓGICOS do sistema nervoso, sua irmã mais jovem, a e seus riscos.
NEUROCIÊNCIA investiga todos os demais campos da ciência
que orbitam o estudo do Sistema Nervoso, abarcando
estudos nos campos da psicologia (aprendizagem, memória, Princípios Básicos em Neurobiologia
comportamentos etc.), da medicina (compreensão de
transtornos psiquiátricos e farmacologia) e da biologia A compreensão dos aspectos biológicos do funcionamento
(aspectos moleculares, fisiológicos, anatômicos e do cérebro se divide em diferentes níveis desde o anatômico
bioquímicos do funcionamento do cérebro). até suas áreas e estruturas.
A Neurociência também pode abranger a robótica, a
linguística, as ciências cognitivas e qualquer área de A classificação mais simples de partes do cérebro é aquela
investigação que permeie aspectos do sistema nervoso que estabelece a separação entre “substância cinzenta” e
ou outro análogo. Para compreensão desses processos, “substância branca”. Essa classificação distingue a camada
Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
5
voltar ao
sumário

externa do cérebro (cinzenta), em que se tem uma maior


concentração de corpos celulares e dendritos da sua camada
interna (branca), onde prevalecem as fibras nervosas que são
os axônios dessas células, revestidos pela bainha de mielina
que permite a condução dos impulsos nervosos (chamados
neurônios).

Soma
Axônio

Sinapse

Bainha de mielina

Dendritos
Pela compreensão biológica, a Substância Cinza seria
predominantemente responsável pelo processamento,
enquanto a Substância Branca seria responsável pela
comunicação, levando os impulsos para a substância cinzenta
de diferentes áreas ou para o sistema nervoso periférico.

A compreensão das funções neurológicas também pode


partir da separação anatômica das diferentes áreas do
cérebro e seus circuitos. Nessa acepção, podemos perceber
como os processos mentais e comportamentos são
modulados por estruturas específicas.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
6
voltar ao
sumário

Torna-se ainda mais interessante compreender as áreas


classificadas quanto à sua funcionalidade, como é o caso da
separação do encéfalo em “Áreas Funcionais”. SAIBA MAIS

A seguir em linhas gerais, temos um descritivo simplificado No canal do Youtube “Minutos Psíquicos (Psychic Minutes) “
das principais áreas funcionais do cérebro: podemos encontrar diferentes vídeos sobre neurofisiologia,
anatomia e psicobiologia em uma linguagem acessível.
Assista o vídeo “Conheça os setores do Cérebro” e saiba um
pouco mais sobre esse fascinante assunto.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
7
voltar ao
sumário

Fonte: MINUTOS PSÍQUICOS. Conheça os setores do Cérebro.


Canal do Youtube Minutos Psíquicos. Texto e voz: André
Rabelo. Vídeo: Pedro Costa. Arte: Pedro Tavares (Xicão).
Música: Caio Costa. Disponível em https://www.youtube.com/
watch?v=bQvYZ0TkHjk Acesso em agosto/2022.

O Lobo Límbico
O lobo límbico refere-se a um grupo específico de estruturas
anatômicas definido por uma série de núcleos do sistema
nervoso central responsáveis pela interpretação de estímulos
e respostas emocionais: o Hipotálamo, o Hipocampo, a Trata-se de uma rede de circuitos evolutivamente muito
Amígdala. antiga vez que nela estão estruturas vitais para a formação
de memórias e para o processamento de sentimentos
Além destas três, outras estruturas estão associadas ao básicos como o medo e o prazer. Esta rede é chamada
Sistema Límbico: a Área Tegmental o Ventral, o Córtex Pré- também de Circuito do Prazer ou Circuito da Recompensa.
Frontal e o Núcleo Accumbens.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
8
voltar ao
sumário

a longo prazo, prós e contras, planejamentos e persistências.


O processo de maturação do córtex pré-frontal atinge sua
maturidade em torno dos 25 anos de idade.

Este circuito é composto por feixes de neurônios que partem


de núcleos do mesencéfalo (área mais central do cérebro) -
que são evolutivamente mais primitivas - responsáveis por
intermediar atividades essenciais para a sobrevivência da
espécie tais como comportamento sexual e alimentação.
Esses feixes de neurônios são projetados para regiões do
Essa demora na maturação das áreas responsáveis pelo
córtex pré-frontal, uma estrutura cerebral evolutivamente
controle inibitório de impulsos explica o fato de adolescentes
mais moderna, que tem o papel de interpretar e modular os
serem mais propensos a se expor e, consequentemente,
estímulos. A função do córtex pré-frontal é a de inibir nossos
serem um grupo de risco importante para o uso de drogas.
impulsos mais primitivos, promovendo o processamento do
controle de impulsos tais como avaliações de consequências

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
9
voltar ao
sumário

O Sistema de Recodmpensa SAIBA MAIS


e a Dependência Química Para saber mais sobre o circuito de recompensa do cérebro
O sistema da recompensa é responsável por processar todos e como este se relaciona com a dependência química,
os estímulos prazerosos que o ser humano experiencia. sugerimos a leitura do texto a seguir:
As Substâncias Psicoativas (SPA) ao serem consumidas
estimulam, direta ou indiretamente, este sistema de forma Fonte: VARELLA, Dráuzio. Dependência química: neurobiologia
muito mais intensa que os estímulos habituais a que somos das drogas | Disponível em https://drauziovarella.uol.com.
br/drauzio/artigos/dependencia-quimica-neurobiologia-das-
expostos em nossos ambientes, gerando artificialmente
drogas-artigo Acesso em maio/2022.
a sensação de prazer causada pela maioria destas
substâncias.
O desenvolvimento da dependência
A ativação intensa deste circuito forma um condicionamento química
poderoso baseado na recompensa, aumentando, assim, o
O uso contínuo de substâncias psicoativas causa um
impulso para a repetição do uso e, eventualmente, levando ao
desequilíbrio nas atividades cerebrais. Na tentativa de
abuso da droga.
retornar a esse equilíbrio, o circuito de recompensa sofre
alterações químicas e morfológicas que geram a tolerância
O uso regular de SPAs altera esse circuito tornando-o menos
ao efeito da substância psicoativa.
sensível, ou seja, estímulos que antes davam prazer perdem
sua importância. É por isso que muitas vezes dizemos que o
As alterações causadas pela estimulação artificial do
circuito da recompensa é “sequestrado” pelo uso de SPAs.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
10
voltar ao
sumário

sistema de recompensa para se adaptar ao uso contínuo


da uma droga pode ser compreendida como a manifestação
biológica dos transtornos de adicção, ou também chamados
“Transtornos por Uso de Substâncias” (TUS).

SAIBA MAIS
Para saber mais sobre a dinâmica da dependência química
no cérebro sugerimos a que assista o vídeo abaixo:
Fonte: Vídeo_ Mecanismo da Dependência Química no Cérebro. Canal Alila Medical Media Português.

Disponível em https://www.youtube.
Voz e Traduzido por: Thaís de Oliveira.

com/watch?v=6hK9PM1uM8U Acesso em agosto/2022.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
11
voltar ao

2
sumário

UNIDADE 2
AS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS: CLASSIFICAÇÃO, EFEITOS AGUDOS E CRÔNICOS
As substâncias psicotrópicas são as substâncias capazes de psicoativas. Elas podem ser classificadas por seu “status
atravessar a barreira hematoencefálica (barreira de proteção legal” (Lícitas ou Ilícitas), pelo “perfil do seu usuário”
do cérebro) e agir no Sistema Nervoso Central (SNC), (drogas para uso medicamentoso, recreativo, religioso ou
causando alterações no humor, na cognição, na percepção, performance cognitiva etc.) ou também pelos seus efeitos
na consciência e nos comportamentos. Essas substâncias predominantes no Sistema Nervoso Central.
atuam direta ou indiretamente junto aos receptores cerebrais,
provocando efeitos específicos. As SPAs podem ser classificadas em depressoras/sedativas,
estimulantes ou psicodistrópicas. As novas drogas sintéticas
Como explicamos na unidade anterior, as substâncias que, em sua maioria, são híbridas acumulam efeitos
psicoativas - também conhecidas como “drogas de abuso” - estimulantes e psicodistrópicos.
são substâncias psicotrópicas que agem especificamente no
Circuito da Recompensa do cérebro.

A ativação do Circuito de Recompensa (mediada


notadamente pelos neurotransmissores Dopamina e
Serotonina) leva à repetição do comportamento, promovendo
a compulsão para o uso e o abuso das substâncias.
Existem diversas formas de classificar as substâncias

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
12
voltar ao
sumário

CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS Cannabinnóides Maconha Alerações do humor e pensamento, fome,
(SPAs) DEPRESSORAS (SEDATIVAS) istabilidade, sedaçao
Fenciclidina Alucinações, amortecimento das extremidades,
CLASSES SUBSTÂNCIAS EFEITOS AGUDOS PRINCIPAIS (PCP) confusão mental e comportamento hostil
Morfina Ecstasy Euforia, alerta, hipertensão, alucinações, aumento

PSICODISRTRÓPICAS
Euforia, seguida por sedação, analgesia e Feniletilaminas MDMA na libido, hipersensibilidade tátil, alterações no
Opióides Heroína
depressão respiratória MDA pensamento
Codeína
SEDATIVOS

Triazolam LSD
Lorazepam Sedação, diminuição da ansiedade, depressão DMT
Benzo-diazepínicos Alucinações, alterações no pensamento,
Diazepam respiratória e perda de memória Psicodélicos Psilocibina
distorção da percepção do tempo
Valium Ayauasca
Sáovia Divinorum
Fenobarbital
Barbitúricos Euforia, alucinações, amnésia, retardo motor,
Pentobarbital Anestésicos
Ketamina GHB dissociação, analgesia e amortecimento das
Intoxicação, sedção, anlagesia e perda de Dissociativos
Álcool Etanol extremidades e alteração do ciclo sono-vigilância
memória
Tolueno
Euforia, tontura, dor de cabeça, intoxicação e
Inalantes Óxido nitroso
confusão mental
Poppers
CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (SPAs)
ESTIMULANTES
CLASSES SUBSTÂNCIAS EFEITOS AGUDOS PRINCIPAIS
Substâncias Sedativas ou Depressoras
SEDATIVOS

Cafeína Café Alerta, tremos


do Sistema Nervoso Central
Nicotína Tabaco Alerta, relaxamento muscular
Cocaína/Crack As substâncias depressoras são aquelas que desaceleram
ESTIMULANTES

Antefatminas
Estimulantes
(speed) Euforia, alerta, agitaçãi, hipertensão, paranoia, a atividade normal do cérebro. Sua ação no cérebro
Metanfetaminas inivição do apetite e perda de memória
MDPV gera uma inibição de sinais entre neurônios. As drogas
Mefedrona
depressoras produzem o efeito de relaxamento, calma e
CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS (SPAs) PSICODISTRÓPICAS sono. O representante principal desta categoria é o álcool,
porém também fazem parte dessa categoria uma série de

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
13
voltar ao
sumário

medicações sedativas ou ansiolíticas que são utilizadas


Álcool
para o tratamento de ansiedade e distúrbios do sono (Ex:
benzodiazepínicos como Valium®, Rivotril® e barbitúricos). Consumir bebidas alcoólicas é um comportamento
Seus efeitos a curto prazo incluem tontura, perda do balanço, comum na maioria dos grupos sociais. Este consumo
da coordenação motora e dos reflexos. A longo prazo, acarreta riscos diversificados desde danos para a saúde
depressores levam a uma ampla variedade de condições até consequências sociais, relacionados tanto à sua
mentais e físicas, afetando principalmente os sistemas capacidade de intoxicação (bebedeira) e propriedades
digestivo e hepático. aditivas (desenvolvimento do alcoolismo).

Todas as substâncias depressoras têm potencial de Recentemente, a Organização Mundial da Saúde (2022)
desenvolver dependência química. Os benzodiazepínicos determinou a extinção da noção de “beber saudável”.
estão entre as drogas prescritas mais usadas e abusadas Através de uma série de estudos foi verificado que por menor
no país e possuem alto poder de dependência, produzindo que seja a dose consumida persiste algum nível de risco,
rápida tolerância e sintomas de abstinência. A intoxicação tanto comportamental (beber e dirigir, por exemplo), quanto
por drogas depressoras pode levar a perda da consciência e fisiológicos (doenças do fígado e trato digestivo).
à morte por overdose.

SAIBA MAIS
Principais Substâncias Psicoativas Depressoras
Assista o vídeo “A Ciência do Álcool” e saiba mais sobre o
•  Álcool
mecanismo de ação do álcool no cérebro.
•  Benzodiazepínicos
Fonte: MINUTOS PSÍQUICOS. A Ciência do Álcool. Canal do
•  Barbitúricos
•  Opióides
Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
14
voltar ao
sumário

Youtube Minutos Psíquicos. Texto e voz: André Rabelo. Vídeo: EQUIPARAÇÃO DE INDICADORES DE BEBIDAS ALCÓOLICAS
Pedro Costa. Ilustração: Mateus Aviani. Música: Actually, Like
de Twin Musicom. Disponível em https://youtu.be/g-wvvYIFPr8 Garrafa
Cerveja:

Acesso em agosto/2022. 2 doses

1 Garrafa
Vinho:
DOSE 8 doses

Como medir o consumo de bebidas?


Garrafa
Destilado:

A forma universal e padronizada de medir o consumo de bebidas 32 doses

alcoólicas é em dose ou unidade, referido como “standard drink”


pela Organização Mundial da Saúde. Uma dose/unidade de O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD)
álcool é equivalente de 14 gramas de álcool puro. apontou um aumento significativo em diferentes indicadores
de consumo nocivo de álcool na população brasileira, em
Dependendo da concentração da bebida alcoólica, uma especial no que se refere ao comportamento de beber pesado
unidade pode estar contida em uma garrafa longneck de episódico, o chamado “beber em binge”.
cerveja (355ml), uma taça de vinho (148ml) ou em um copo
pequeno (martelinho) de destilado (44ml). GLOSSÁRIO

Beber Pesado Episódico (BPE) ou “Beber em Binge”:


consiste em beber em duas horas, 4 unidades de álcool
(para mulheres) e 6 unidades de álcool (para homens

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
15
voltar ao
sumário

Substâncias Psicoativas Estimulantes


do Sistema Nervoso Central
As substâncias estimulantes ativam a comunicação sináptica
gerando uma excitação do sistema nervoso central. São
drogas que tem um efeito euforizante de aceleração e são
utilizadas, também, para alívio de cansaço, permanecer
alerta e para supressão do apetite.

Seus efeitos incluem aumento da pressão e batimento


cardíaco e dilatação da pupila. Os efeitos subjetivos
desejados das drogas estimulantes são principalmente a
DESENHO OBSERVACIONAL TRANSVERSAL
euforia, o aumento da energia e sensação de confiança.
Efeitos Agudos Efeitos Crônicos As drogas estimulantes também podem gerar agitação
A curto prazo o consumo de bebidas O uso crônico causa problemas extrema e insônia.
alcoólicas gera alterações motoras, no fígado (hepatite alcoólica e
prejuízo na concentração, enrubescimento cirrose); no aparelho digestivo
da face, sensação de calor, fala (gastrite, pancreatite) e no sistema São drogas com alto poder de dependência, gerando
arrastada ou enrolada, raciocínio lento, cardiovascular (hipertensão e
perda de memória e de capacidade de problemas cardíacos), déficits de rapidamente tolerância e uso abusivo. Uso de altas doses
compreensão. Pode também causar dor memória e prejuízos cognitivos. A
de cabeça, mal-estar geral, formigamento embriagues expõe o indivíduo a uma
de qualquer estimulante pode levar a convulsões, ataques
e cãibras nos membros inferiores, série de riscos tanto comportamentais de pânico ou outros tipos de ansiedade, dor de cabeça,
náuseas, ansiedade, fraqueza e tremores. quanto fisiológicos. Sua overdose é o
coma alcoólico, podendo ser seguido dores de estômago, desencadear comportamentos
por parada cardíaca e morte.
agressivos e quadros psicóticos.
Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
16
voltar ao
sumário

Principais Substâncias Psicoativas Estimulantes: SAIBA MAIS


•  Cocaína
PSicose Cocaínica e Transtorno psicótico induzido por
•  Crack
substâncias/medicações:
•  Cafeína
•  Drogas Sintéticas da classe ATS (Estimulantes do tipo das
Algumas drogas possuem propriedades PSICOMIMÉTICAS,
anfetaminas)
ou seja, geram efeitos agudos de alterações da percepção,
•  Nicotina
(alucinações visuais ou auditivas) que mimetizam a psicose.
Essas substâncias são predominantemente da categoria
Cocaína das psicodistrópicas, porém, algumas drogas estimulantes
A cocaína é o princípio ativo extraído da folha da planta podem apresentar essas propriedades quando usadas em
chamada Coca (Erythroxylum Coca), que pode ter vários altas quantidades.
graus de purificação e modos de administração. Seu
consumo é geralmente feito por via aspirada, em forma de pó, O uso intenso de cocaína pode desencadear quadros
mas também pode ser diluída em água e injetada. psicóticos com alucinações semelhantes aos efeitos de
alucinógenos, o efeito pode combinar comportamentos
Efeitos Agudos Efeitos Crônicos agressivos e delírios persecutórios (paranoia) que podem
Além dos efeitos negativos agudos usuais Os efeitos a longo prazo são distúrbios de
perdurar por até meses após a interrupção de seu uso. Esse
(taquicardia, elevação da pressão arterial, sono, de humor e/ou ansiedade, prejuízo quadro é denominado “Psicose Cocaínica” ou “Transtorno
hipertermia, ansiedade, insônia, irritação, da memória, problemas cardíacos,
agressividade, redução do apetite, sangramento e lesão nasal (quando Psicótico induzido por cocaína”.
inquietação e pânico), a cocaína aspirada aspirada). O uso crônico também está
ou fumada no formato do crack pode relacionado ao desencadeamento
ainda desencadear sintomas psicóticos de transtornos psiquiátricos, como
transitórios. ansiedade e depressão.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
17
voltar ao
sumário

CRACK Administração: O crack é usualmente fumado em forma de


pedra com a utilização de cachimbos ou latas perfuradas,
O crack pode ser produzido tanto a partir do processo de podendo também ser misturado em cigarros com nicotina ou
purificação da cocaína em pó, quanto a partir de um processo maconha.
de adição de bicarbonato de sódio (ou outro elemento
equivalente) ao pó já purificado. A merla é uma variação
Efeitos Agudos Efeitos Crônicos
do crack, advinda também da pasta de coca, um produto
intermediário no processo de purificação da cocaína em pó, Os efeitos a curto prazo são: perda Os efeitos a longo prazo são danos
de apetite, aumento dos batimentos no sistema respiratório e cardíaco,
a partir das folhas da Coca. cardíacos, da pressão arterial e da desnutrição, disfunções sexuais e
temperatura corporal. Hiperexcitabilidade, transtornos do humor e ansiedade. O uso
irritabilidade, ansiedade e paranoia. frequente de crack também causa lesões
Embora tenha como substância psicoativa a própria cocaína, por queima da boca e gengivas, devido
ao contato direto com o cachimbo em
por ser ingerido de forma fumada, o crack tem um efeito alta temperatura

mais intenso que a cocaína aspirada, aumentando em


muitas vezes seu poder de dependência, fissura e os danos SAIBA MAIS
relacionados ao seu uso. Assista o vídeo “Cocaína, CRACK e Oxi” que traz um resumo
bem interessante sobre cocaína e crack, sua ação no
O padrão de uso de crack também se diferencia do da cocaína cérebro, seus efeitos e a dependência que ocasionam.
aspirada, gerando um uso mais frequente e compulsivo, Fonte: MINUTOS PSÍQUICOS. A Ciência do Álcool. Canal do
apresentando sintomas de abstinência específicos tais Youtube Minutos Psíquicos. Pesquisa, roteiro e narração:
como: fissura incontrolável, repentina e profunda depressão, André Rabelo. Vídeo: Pedro Costa. Ilustração: Pedro Tavares
paranoia, cansaço, irritação e agressividade. (Chicão). Música: Memory Rain - Yung Logos. Disponível em
https://youtu.be/xXb5KOfB6I0 Acesso em agosto/2022.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
18
voltar ao
sumário

charuto ou cachimbo. Pode ser absorvida ainda por meio


Nicotina da aspiração, no formato de rapé, ou ingerida, quando o
A nicotina é o princípio ativo principal do cigarro, uma tabaco é mascado no chamado fumo de rolo. Extratos de
substância extraída da planta “nicotiana tabacum”. O nicotina passaram a ser consumidos, atualmente, por meio
cigarro tradicional, comercializado legalmente, é composto de vaporizadores eletrônicos, chamados de “vaping” ou
além de nicotina por outras substâncias tóxicas tais como cigarros eletrônicos.
monóxido de carbono, amônia, cetonas, alcatrão etc. Tais
substâncias podem potencializar a absorção da nicotina, A procura por uso de tabaco está relacionado aos efeitos de
tornando seu poder de dependência ainda maior. Além disso, prazer, energia, bem-estar e melhora na concentração.
diversas substâncias potencialmente tóxicas também são
adicionadas com o intuito de acelerar o processo de queima. Efeitos Agudos Efeitos Crônicos

Os efeitos a curto prazo são: taquicardia, Os efeitos a longo prazo são: Irritação
elevação da pressão arterial, tremor, ocular, tosse, pigarro, dor de cabeça,
inquietação, ansiedade, redução do aumento de manifestações alérgicas,
apetite. Além de estimulante, a nicotina hipertensão arterial, menor resistência
tem outros efeitos agudos, como irritação física, disfunção sexual. A nicotina
nos olhos, manifestações nasais, tosse tem alto poder de dependência,
e cefaleia e aumento dos problemas especialmente por ser utilizada pela via
alérgicos e cardíacos. fumada. O médio e longo prazo, os danos
causados pelo cigarro são diversos,
desde desencadeamento de doenças
respiratórias e cardiovasculares. O
cigarro causa 30% de todos os tipos de
Plantação de tabaco. Foto: Markus Distelrath/Pixabay. câncer e 90% do câncer de pulmão

Administração: A nicotina é comumente fumada no formato O tabagismo está relacionado a muitas doenças: vários tipos
de cigarro, mas também pode ser consumida no formato de de câncer (pulmão, laringe, estômago, pâncreas, colo de

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
19
voltar ao
sumário

útero e mama, entre outros), doenças do aparelho respiratório à carência de documentos regulatórios, mesmo nos países
(enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, pneumonia) onde é comercializado legalmente, tais produtos podem ser
e doenças cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio, utilizados com uma variedade de substâncias potencialmente
aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses). nocivas, tal qual o cigarro tradicional.
Outras doenças como osteoporose, infertilidade na mulher,
menopausa precoce e complicações na gravidez também Os extratos vaporizados variam muito podendo também
são relacionadas à dependência do cigarro. serem a base para Tetrahydrocannabinol (THC) o canabinóide
principal da maconha.

Cigarros eletrônicos ou “Vaping”


Em sua versão original, tendo a base de nicotina, o extrato
Os Vaporizadores eletrônicos, conhecido também pelo seu pode conter concentrações de 6 a 18 vezes maiores que as
nome em inglês “Vaping”, são dispositivos alimentados encontradas nos cigarros convencionais, aumentando ainda
por bateria que permitem a vaporização da substância mais seu poder de dependência. Além disso, a nicotina do
depositada em seu conteúdo em diferentes potências. extrato é diluída em uma substância chamada propilenoglicol
Inicialmente os vaporizadores eram utilizados para auxiliar que quando é vaporizada transforma-se em formaldeído,
no processo de cessação do uso de cigarro ou como altamente carcinogênica, e a sua quantidade inalada chega a
uma estratégia de redução de danos, uma vez que não ser 15 vezes maior que em cigarros convencionais.
possuem alcatrão ou produtos da queima, como o monóxido
de carbono. Em 2019, a chamada Doença Respiratória Aguda Causada pelo
“Vaping”, ou EVALI (no inglês: “Vaping product use-associated
Embora a importação de cigarros eletrônicos seja ilegal no Lung Injury), passou a ser relatada nos Estados Unidos. A
Brasil, seu uso deste é constantemente observado. Devido enfermidade atingiu mais de dois mil usuários de vaping e foi

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
20
voltar ao
sumário

considerada a causa de quase 50 mortes no país. Estudos comercializados ilegalmente, inclusive no Brasil, e não existem
ainda estão sendo realizados para identificar qual dos estudos demonstrando seus possíveis efeitos deletérios.
inúmeros aditivos químicos é o responsável pela EVALI, sendo
o acetato de vitamina E, óleo utilizado para diluir o THC, a Fonte: Foto da autora de uma vitrine de tabacaria em SP com
substância mais provável segundo o CDC (Centro de Controle venda aberta de líquidos para cigarro eletrônico à base de
e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos). nicotina sintética.

Vaping Ecstasy
Como esperado, tais produtos evoluem a passos
O ecstasy é resultado de uma combinação de drogas
largos com a indústria introduzindo novos
sintéticas. Inicialmente os comprimidos continham
aparatos constantemente no mercado. Em
cerca de 20% do princípio ativo original: o MDMA (3,4
2020, dispositivos em cápsulas descartáveis
metilenodioximetanfetamina). Por ser extremamente difícil
(“disposable pod devices”) surgiram para driblar
de ser sintetizado e, consequentemente, ter um custo mais
regulamentações sendo comercializados como “dispositivos
alto, atualmente as pílulas de ecstasy raramente contêm
saborizados em cápsulas (Tipo JUUL)” em diversos países,
este componente, mas sim variações de anfetaminas,
que visavam inibir o seu crescente consumo por adolescentes.
metanfetaminas, outros estimulantes sintéticos como a
Após seu banimento, novos dispositivos apareceram no
maconha sintética e/ou alucinogênicos com ações mais
mercado agora oferecendo produtos à base de nicotina sem
amplas e, geralmente, mais neurotóxicas.
tabaco. Muitos deles se referem ao uso de nicotina purificada,
enquanto alguns afirmam usar nicotina não derivada
A adulteração dos comprimidos estimulou os usuários a
do tabaco, ou seja, sintética. Tais produtos estão sendo
procurarem o MDMA “puro”, mas este também é facilmente

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
21
voltar ao
sumário

adulterado por ser tanto utilizando em na forma de pó ou “O SAR é um arranjo interinstitucional criado pelo Governo
de cristais. Dados de apreensões advindos da Segurança Federal brasileiro para lidar com problemas originados pelo
Pública do Município de São Paulo mostraram que, no ano de desenvolvimento da Química no âmbito da oferta de drogas,
2016, nenhum dos lotes de comprimidos avaliados possuíam em especial o surgimento de novas substâncias psicoativas.
de fato, o princípio ativo MDMA. Dentre os propósitos do SAR, destacam-se a(o):

NÚMERO DE APREENSÕES NO PERÍODO


DE 01/01/2016 A 07/03/2016 1. identificação e classificação de uma nova droga,
inserindo-a na lista de substâncias proscritas ou
reguladas de um país;
2. identificação das alterações em substâncias
precursoras de drogas;
3. monitoramento, de forma rápida, de alterações
na oferta de drogas; e
4. informação/alerta aos órgãos competentes acerca
de alterações na oferta de drogas.”
Fonte: SAR, 2016.

SAIBA MAIS Fonte: BRASIL_MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA


PÚBLICA. Sistema de Alerta Rápido Drogas (SAR). Notícias.
O SAR, Subsistema de Alerta Rápido sobre o Uso de Drogas, Disponível em https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/sua-
vinculado ao Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre protecao/politicas-sobre-drogas/subsistema-de-alerta-rapido-
Drogas (SISNAD), foi criado em caráter experimental pela sobre-drogas-sar/subsistema-de-alerta-rapido-sobre-drogas.
Resolução n. 6, de 3 de agosto de 2021, do Conselho Acesso em ago/2022.
Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD).
Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
22
voltar ao
sumário

Acesse, também, os dois primeiros Informes do SARs para Substâncias Psicodistrópicas


compreender a questão das drogas no Brasil.
Os alucinógenos são substâncias que não necessariamente
1º Informe do Subsistema de Alerta Rápido sobre Drogas (SAR)
2º Informe do Subsistema de Alerta Rápido sobre Drogas (SAR) estimulam ou deprimem o Sistema Nervoso Central, mas
modulam diferentes circuitos cerebrais resultando em
alterações profundas no pensamento e na percepção dos
Formato/administração: Geralmente comercializado na forma usuários. Estas alterações levam a percepções distorcidas
de comprimidos. A inserção de ‘Logomarcas” nos comprimidos da realidade, afetando principalmente a percepção visual
é comum para marcar um lote específico. Também aparece na e a percepção do tempo.
forma de cristal, que pode ser triturado e aspirado em forma de
pó ou diluído e ingerido em água (“água batizada”). Dentre os efeitos apresentados são identificadas alucinações
olfativas e/ou auditivas. Entre seus efeitos subjetivos, não
A procura por uso de ecstasy está relacionada aos efeitos de é incomum a experiência de dissociação (se sentir fora do
bem-estar, euforia, alteração do pensamento, energia, aumento próprio corpo).
da sensibilidade corporal e da libido, empatia e desinibição.
As drogas alucinógenas tradicionais como o Ácido Lisérgico
Efeitos Agudos Efeitos Crônicos (LSD) e a Psilocibina (componente ativo dos cogumelos
Os efeitos a curto prazo dependem muito da Os efeitos a longo prazo são: danos mágicos) têm baixo poder de dependência, uma vez que não
composição consumida. Como geralmente dos circuitos cerebrais relacionados
trata-se de estimulantes potentes, observa-se a modulação do humor, levando a atuam no circuito da recompensa como as demais drogas de
como efeito: taquicardia, elevação da pressão sintomas de depressão, bem como
arterial, hipertermia, náusea, sudorese, boca possibilidade de desencadeamento de abuso. Sendo assim, não provocam a sensação de euforia
seca, exaustão, insônia, inapetência, ranger
involuntário dos dentes, tensão muscular, visão
transtornos de ansiedade e distúrbios do
sono. Complicações cardiorrespiratórias,
que grande parte das drogas apresentam, mas intensificam
embaçada, sensação de afeto, arrepios ou suores, convulsões; Seu uso continuado também os sentimentos já existentes no usuário, podendo, inclusive,
desfalecimento, fissura, ataques de pânico, leva a prejuízos da memória.
paranoia, agressividade e confusão mental.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
23
voltar ao
sumário

levar a experiências desagradáveis com tristeza intensa e Principais Drogas:


ansiedade.
•  LSD- Ácido Lisérgico
•  Psilocibina (presente nos cogumelos mágicos)
Popularmente acredita-se que as substâncias perturbadoras
•  DMT (componente ativo da Ayahuasca)
levam a experiências capazes de expandir a consciência,
•  Ibogaína
sendo a razão pela qual algumas destas substâncias são
•  25B-NBOMe
utilizadas em rituais religiosos (ex. da Ayahuasca utilizada em
•  PCP
cultos e celebrações).

A maior parte dos alucinógenos disponíveis são de origem


sintética e, muitas vezes, combinam os efeitos alucinógenos LSD (Ácido Lisérgico)
aos efeitos estimulantes, o que as tornam mais aditivas e O LSD é uma droga sintética, uma das mais potentes
perigosas, como é o caso das Feniletilaminas representadas substâncias alucinógenas conhecidas, e é derivada de um
principalmente pela substância 25C-NBOMe e suas análogas. fungo que cresce no centeio e em outros cereais. A ação do
LSD foi descoberta em laboratório, na busca por substâncias
Mesmo tendo um baixo potencial de adição, as drogas perturbadoras como analgésicas e anestésicas.
Ácido Lisérgico (LSD), a Psilocibina e a Ayahuasca oferecem riscos importantes
como desencadear quadros psicóticos (sintomas persecutórios ou paranoia,
principalmente). Além de alucinação, os efeitos agudos destas drogas também
Dada a complexidade de sua sintetização e seu custo,
são a tontura, náuseas, aumento dos batimentos cardíacos e pressão, encontram-se atualmente no mercado diversas substâncias
confusão, descoordenação motora e alterações abruptas de humor. Também com efeitos semelhantes que são comercializadas como LSD.
deve-se considerar a exposição a riscos devido a distorção da percepção da
realidade dos usuários.
Destaca-se que parte destas outras drogas são substâncias
híbridas possuindo, também um efeito estimulante, e
consequentemente, mais nocivas.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
24
voltar ao
sumário

Formato/administração: O LSD líquido é geralmente pingado Maconha


em uma cartela de papel (microponto) com alto poder de
absorção. Recortes deste papel são ingeridas (consumo A maconha é uma droga psicotrópica advinda de diferentes
sublingual). Também pode ser ingerido no formato líquido espécies da planta Cannabis, originalmente a Cannabis
(conta-gotas) ou misturado na composição de pílulas. sativa, a Cannabis índiga e a Cannabis ruderalis.
A procura por uso de LSD está relacionado aos efeitos de
alucinações visuais, auditivas e táteis, alterações/aceleração Os efeitos psicoativos da maconha são provocados pela
do pensamento, autoconhecimento. O LSD não causa a ação mútua de mais de 100 tipos de canabinóides, sendo o
sensação de prazer inerente à maioria das outras drogas, THC (Tetrahidrocanabidiol) o mais abundante e, também, o
ele apenas intensifica o estado de humor presente. principal responsável pelos efeitos psicoativos e os nocivos
da droga.
Pessoas sob o efeito desta droga podem se expor a riscos
pela distorção da percepção e desenvolverem uma má A alta demanda no mercado por uma droga mais potente
avaliação do ambiente externo. A droga também pode fez com que as diferentes espécies da planta fossem
desencadear quadros psicóticos. modificadas por técnicas de transgenia gerando centenas
de cepas com concentrações cada vez mais altas de THC,
Efeitos Agudos Efeitos Crônicos podendo ainda ser potencializadas por técnicas de plantio,
Os efeitos a curto prazo os efeitos Os efeitos a longo prazo são: colheita e secagem da planta (ElSohly et al., 2016).
são: pupilas dilatadas, falta de apetite desconhecidos. A existência dos
taquicardia, confusão mental, “bad- chamados “flash-backs” (reviver as
trip” (vivência negativa altamente alucinações posteriormente, mesmo sem Formato/administração: A maconha pode ser administrada
estressante), ansiedade, depressão, a ingestão da droga) é controversa.
paranóia. de diferentes formas, sendo por via fumada, vaporizada
ou ingerida. Diversas estratégias podem ser utilizadas

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
25
voltar ao
sumário

para sua administração, dentre elas: o “baseado”- cigarro O abuso e/ou dependência de maconha cresceu mais
enrolado manualmente-, cachimbos de água, narguilé ou rapidamete que as dependências de cocaína ou opioides
vaporizadores eletrônicos. Em regiões onde o comércio e na última década. O crescimento mais rápido de abuso de
o consumo são lícitos, observa-se uma enorme variedade maconha ocorreu em países desenvolvidos, como os países
de produtos comestíveis industrializados contendo da América do Norte, Europa e Austrália. O abuso de maconha
canabinóides, tais como cerveja, chocolate, doces etc. está diretamente relacionado ao preço acessível da droga
Diferentes formas de uso estão relacionadas às diferentes no mercado.
intensidades de efeitos e de danos.
Para saber mais sobre o abuso dessa substância, acesse o
A procura por uso de maconha está relacionado aos efeitos link.
de sensação de bem-estar, euforia, relaxamento, sensação
de insight intelectual e analgesia. Fonte: OMS. Fatos sobre abuso de substâncias. Alcohol,
Drugs and Addictive Behaviours Unit. Cannabis. Disponível
A dependência da maconha se manifesta de forma sutil, em https://www.who.int/substance_abuse/facts/cannabis/en
observando desmotivação crônica, apatia, fissura e Acesso em junho 2022.
transtornos de apetite, humor e ansiedade. Estudos têm
demonstrado que o uso precoce bem como o aumento da
concentração do THC está relacionado a maiores chances de
desenvolvimento de dependência química (Madruga, 2021;
Steiger, 2016; Weinstock, 2016; Wilson, 2019).

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
26
voltar ao
sumário

Efeitos Agudos Efeitos Crônicos


Cunnane, Fan, & Romero-Sandoval, 2020).
Sabe-se que o uso de variações com maior potência (maior
Os efeitos a curto prazo os efeitos Os efeitos a longo prazo são: ao baixo
são: alterações visuais e distorção da rendimento cognitivo e prejuízo da memória concentração de THC) está diretamente relacionado a
percepção de tempo, apatia e aumento (Fergusson, 2008), danos cognitivos
do apetite. irreversíveis quando usada precocemente
maiores chances de efeitos nocivos (Wilson, Freeman,
(antes dos 20 anos de idade) (Meier, 2012), & Mackie, 2019; Freeman et al., 2021; Seillier, Martinez, &
e quadros psicóticos transitórios e também
permanentes. Giuffrida, 2020).

Além disso, ressalta-se que as amostras de droga apreendida


A maconha moderna possuem concentrações ínfimas ou inexistente do
canabinóide CBD, conhecido pelo seu potencial terapêutico.
As recentes modificações em termos de potência da Os efeitos da maconha são extremamente variáveis, uma vez
maconha fazem com que se torne difícil a classificação desta que dependem não só das concentrações e balanço entre de
droga em termos das grandes classes de psicotrópicos seus dois canabinóides principais (THC e CBD) mas também
(depressores, estimulantes e perturbadoras), uma vez que, são influenciados pelo balanço destes com mais outros 60
dependendo da concentração do seu princípio ativo, o uso canabinóides também presentes na planta.
pode levar a efeitos sedativos (depressores), estimulantes e,
também, psicodélicos (perturbadores).

Análises da composição da droga apreendida nos


últimos anos têm mostrado um aumento significativo da
concentração de THC, que atualmente apresenta uma média
de 12%, comparado a 4% no início dos anos 2000 (Cash,

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
27
voltar ao
sumário

Poder de Dependência e a Velocidade Vias de administração que permitem que a substância seja
rapidamente absorvida e levada para o sistema nervoso
de Ação das Substâncias sempre terão um poder de dependência maior que as que
Primeiramente precisamos diferenciar o poder de dependência levam mais tempo nesse processo. Sendo assim, segue abaixo
de uma determinada substância e a vulnerabilidade em uma ilustração das diferentes vias de administração em ordem
desenvolver dependência que um determinado indivíduo possa crescente da sua velocidade de ação e consequentemente
possuir. A combinação destes fatores é que irá aumentar ou poder de desenvolver dependência:
diminuir as chances de a dependência química se instalar,
com seus mais variados sintomas e sinais.

É importante levar em consideração que o poder de uma


substância em desencadear dependência está mais
associado à rapidez que a substância age no cérebro do
que a forma pela qual ela atua.

Portanto, a via de administração, ou seja, a forma com que o


indivíduo utiliza a substância, é um fator fundamental quando
se avalia o poder de dependência de uma determinada droga.
O quadro abaixo apresenta a velocidade de ação de substâncias
psicoativas de acordo com a via de administração. Por exemplo,
substâncias ingeridas demoram de 20 a 30 minutos para ter
ação no cérebro, ao passo que substâncias inaladas/baforadas
demoram de 30 segundos a 01 minuto.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
28
voltar ao

3
sumário

UNIDADE 3
FARMACODINÂMICA (AÇÃO DA DROGA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL) DAS PRINCIPAIS DROGAS DE ABUSO

Farmacocinética e Farmacodinâmica
Na unidade anterior conseguimos compreender sobre o
conceito de neurobiologia, bem como compreendemos
sobre o Sistema Límbico e o Sistema de Recompensa. Agora
iremos avaliar como acontece a interação das substâncias
psicoativas no Sistema Nervoso Central (SNC).
Assim, precisaremos compreender dois conceitos:

Farmacodinâmica e Farmacocinética.
• A Farmacodinâmica consiste no estudo dos efeitos
bioquímicos, fisiológicos e moleculares das substâncias no
corpo, notadamente no que diz respeito a atuação com os
receptores cerebrais.
A maioria das substâncias psicoativas não agem apenas
• A Farmacocinética consiste na avaliação dos efeitos que o mimetizando neurotransmissores quando se conectam
corpo produz com a interação dessas substâncias, dentre eles, com os seus receptores específicos, mas agem, também,
o processo de absorção, distribuição, metabolismo e excreção. alterando os mecanismos de interrupção das sinapses.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
29
voltar ao
sumário

Mecanismo de Ação do Álcool O consumo regular leva a alterações desses sistemas


no sentido da busca do re-estabelecimento do equilíbrio:
de um lado uma diminuição da atividade (e produção) do
O álcool atua no receptor do neurotransmissor mais neurotransmissor GABA, já que o álcool age em seu lugar,
abundante no cérebro (GABA), proporcionando assim ações e por outro um aumento da atividade glutamatérgica, na
diversas no SNC, uma vez que é responsável pela modulação busca de contrabalançar a sedação excessiva provocada
de uma série de outros circuitos. pela conexão do álcool aos receptores inibitórios GABA. O
uso abusivo de bebidas alcoólicas gera um equilíbrio fictício,
Em virtude da alta solubilidade em tecidos adiposos, ou seja, que depende totalmente da ingestão da substância. Dessa
muito solúvel com células de gordura, a absorção do álcool no forma, a interrupção abrupta causa um desequilíbrio intenso
SNC se dá primeiramente pelo córtex pré-frontal, promovendo desses sistemas pondendo provocar a chamada síndrome
a inibição do sistema de controle inibitório promovido pela de abstinência alcoólica. A manifestação dessa síndrome
ação do neurotransmissor GABA. Sendo assim, o efeito de pode ser grave, uma vez que envolve a desregulação dos
desinibição do álcool está relacionado ao cancelamento dois sistemas mais importantes para o equilíbrio químico
da ação cortical de controle de impulsos no sistema da do sistema nervoso: o principal sistema inibitório (GABA) e o
recompensa, ativando, por sua vez, o sistema dopaminérgico. principal sistema excitatório (GLUTAMATO) .

Em contrapartida essa ação gera uma resposta do sistema


excitatório do cérebro, modulado pelo neurotransmissor
GLUTAMATO. Sendo assim, o álcool também tem atuação no
sistema glutamatérgico, proporcionando inibição das funções
excitatórias.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
30
voltar ao
sumário

diminuir a concentração de serotonina, diminuindo a resposta


de adaptações ao estresse ambiental.

Mecanismo de Ação da Maconha


A maconha possui mais de uma centena de princípios ativos,
canabinóides, os quais agem de forma coesa no sistema
nervoso, dependendo de suas combinações e concentrações.

Mecanismo de Ação da Nicotina A concentração destes canabinóides depende da própria


planta (cepa) e ambiente em que é plantada (luz, irrigação,
Os mecanismos de ação da nicotina também são variados.
qualidade do solo), bem como depende também do método
As ações da nicotina no sistema nervoso central são
em que posteriormente é cultivada (período de colheita,
intercedidas por receptores nicotínicos encontrados por todo
partes que é usada, técnicas de secagem, etc.). Os
o cérebro e na coluna vertebral. A ligação da nicotina com
canabinóides mais comuns são o Tetrahidrocanabinol (THC), o
esses receptores altera a liberação de dopamina no sistema
Canabidiol (CBD) e o Canabinol (CBN).
límbico, atuando em diversas regiões onde produz efeitos
variados, notadamente excitatórios.
No cérebro há os chamados receptores canabinóides,
proporcionando o sistema endocanabinóide de
A nicotina também estimula a liberação da noradrenalina,
neurotransmissão, o qual é composto por vários tipos de
responsável pela vigília e comportamento de busca. Estudos
receptores que geram efeitos diferentes cujo principais são:
mostram que está associada à liberação da serotonina no
aos receptores CB1 (maior concentração no sistema nervoso
sistema límbico. Entretanto, em outras regiões ela pode
central) e CB2 (sistema nervoso periférico).

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
31
voltar ao
sumário

A relação dos canabinóides da planta com os receptores De forma geral, observa-se que o THC é um modulador do
CB1 está associada aos efeitos psicotrópicos da maconha; sistema nervoso central, aumentando ou diminuindo as
já as associações com o CB2 estão mais concentrados no sinapses dependendo do tipo de neurônio que o receptor se
sistema nervoso periférico e nas células do sistema imune encontra. Por esse motivo que se observa a complexidade do
e sua ativação está possivelmente associada aos efeitos mecanismo de ação desta droga.
imunossupressores da planta.
Em concentrações mais baixas sabe-se que o THC tende
a estimular neurônicos serotoninérgicos (sensação de
prazer e bem-estar), mas, também, tende a inibir a ação de
neurônios dopaminérgicos, adrenérgicos e noradrenérgicos
(relacionados ao seu efeito de diminuição da motivação e
sedação). Todavia, estudos recentes têm mostrado que
a maconha de alta potência (maiores concentrações de
THC) tem maior efeito predominantemente estimulante,
aumentando seu potencial para o desenvolvimento de
transtornos psiquiátricos e dependência.

O THC, por possuir maior afinidade com os receptores CB1,


é responsável pela maior parte dos efeitos psicotrópicos, Mecanismo de Ação da Cocaína e do Crack
bem como seus efeitos nocivos. Assim, vale ressaltar que a
A cocaína tem ação estimulante e anestésica. O princípio
ativação dos receptores CB1 pelo THC depende notadamente
ativo da cocaína, também presente no crack, se liga aos
de sua concentração, bem como da combinação e
receptores de receptação do neurotransmissor da dopamina,
concentração dos demais canabinóides (efeito entourage).

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
32
voltar ao
sumário

resultando, assim, no bloqueio de receptação da dopamina.


Em virtude desse bloqueio, observa-se aumento da
concentração desse neurotransmissor e, consequentemente,
aumento das suas sinapses. Isso resulta no sentimento de
prazer e euforia.

A cocaína também se liga aos receptores que fazem a


receptação da serotonina e da noradrenalina. O bloqueio da
receptação da serotonina vai produzir efeitos semelhantes
à dopamina, no Sistema de Recompensa, enquanto a
noradrenalina irá ativar os instintos de fuga e luta, causando
agitação, ansiedade, aceleração respiratória e cardíaca,
aumento da temperatura e dilatação da pupila.

Este desequilíbrio é compreendido pelo cérebro como um


aumento dos níveis de dopamina e das outras catecolaminas.
Assim, por meio do mecanismo de feedback, o cérebro dá
instruções para a diminuição da produção e liberação desses
neurotransmissores. Com isso, será necessário aumentar
a quantidade de cocaína, para produzir os mesmos efeitos,
visto que o organismo está produzindo dopamina e as
outras catecolaminas em menores quantidades. É por esse

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
33
voltar ao
sumário

motivo que se observa o sintoma principal da síndrome de GLOSSÁRIO


abstinência desta droga é a depressão.

Falar sobre binge’s de cocaína.


Portanto, um ciclo se forma: o uso de quantidades cada vez
A tradução do termo “binge” é “consumo pesado episódico”,
maiores de cocaína é necessário para que o organismo entre
embora seja bastante comum o uso do termo no idioma de
em equilíbrio. Este ciclo ocorre gerando a tolerância e levando origem, o inglês.
aos chamados “binge’s” de cocaína.
O termo se refere ao consumo de qualquer substância de forma
intensa, repetitiva e em grandes quantidades, sendo assim, é
comumente usado para definir esse padrão de consumo para
alimentos ou drogas. Diferente da definição do padrão de uso
em binge de álcool seja precisamente definido, o binge de
cocaína não tem quantidades delimitadas, sendo normalmente
usado para o consumo de grandes quantidades de cocaína
por ciclos que podem durar horas ou dias. Cabe ressaltar
que, independente do desencadeamento da dependência da
droga, esse padrão de uso está relacionado a riscos, incluindo
depressão extrema, (que pode incluir pensamento e tentativa
de suicídio) bem como sintomas físicos da abstinência aguda,
como tremores, sudorese e fadiga extrema

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
34
voltar ao
sumário

O uso repetitivo da cocaína/crack resulta também na Mecanismo de Ação dos Estimulantes do tipo
neuroadaptação, uma vez que se observa a destruição Anfetaminas (ATS)
dos receptores (tanto de dopamina quanto de serotonina).
Essa categoria de substância é considerada relativamente
Esta regulação negativa acontece para contrabalancear as
recente e de difícil identificação. Isso ocorre porque
quantidades exageradas das substâncias e reestabelecer o
diferentes subtipos são sintetizados continuamente, gerando
equilíbrio.
componentes estimulantes semelhante ao das drogas
chamadas anfetaminas ou metanfetaminas.
Portanto, pode-se afirmar que o cérebro do dependente
de cocaína apresenta alterações nas concentrações de
A principal via de ação destas drogas é nos receptores
neurotransmissores e seus receptores, explicando a relação
de dopamina e serotonina, no circuito de recompensa. No
do uso com o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos,
entanto, uma das características desta classe de drogas é
especialmente quando se trata de uso precoce.
não ser específica em termos de sua ação, atuando também
na liberação de noradrenalina.
SAIBA MAIS
Estas drogas são consideradas extremamente potentes
A RELACAO ENTRE ÁLCOOL E COCAINA por agirem nos diferentes sistemas de neurotransmissão,
Veja esse vídeo com o Dr Ronaldo Laranjeira falando sobre as bem como por aumentarem diferentes formas de sinapses.
interações que ocorrem com o uso concomitante de cocaína Portanto, sua ação estimulante ocorre pela ligação direta
e bebidas alcoólicas e suas consequências. em receptores dopaminérgicos e também na inibição da
https://www.uniad.org.br/galeria-de-videos/alcool-e-cocaina
recaptação.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
35
voltar ao
sumário

Quando em doses mais altas, uma terceira ação destas neurotransmissores no espaço intersináptico, permitindo que
substâncias ocorre, uma vez que ela inibe a ação das mais neurotransmissores atuem na célula pós-sináptica.
enzimas que degradam a dopamina, deixando-a mais
abundante e, portanto, aumentando seu efeito.
Mecanismo de Ação dos Solventes Inalantes
Os solventes são substâncias que têm efeito bifásico
Mecanismo de Ação da Classe das MDMA
semelhante ao que ocorre com o álcool, ou seja, causam
(Ecstasy)
excitação inicial, seguido por depressão do funcionamento
O MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina) age inicialmente cerebral, o que dependerá da dose inalada.
na liberação de serotonina, através da ação dentro da célula
que incentiva o transporte deste neurotransmissor para ser Após a inalação, os solventes alcançam os alvéolos e
liberado na terminação sináptica. capilares pulmonares e são distribuídos pelas membranas
lipídicas do organismo. Praticamente todos os inalantes,
O MDMA também atua interferindo no estoque de com exceção dos nitritos, produzem efeitos prazerosos e
serotonina, fazendo com que haja mais quantidade deste depressores do SNC.
neurotransmissor disponível para liberação.
Embora seja mais seletivo que as anfetaminas, o MDMA O Tolueno, substância encontrada em produtos como tintas,
também atua de forma semelhante nos sistemas de liberação colas e removedores, age ativando o sistema dopaminérgico
de dopamina e noradrenalina. sendo responsável, portanto, pela sensação de prazer
associada ao consumo da droga, bem como a outros
Uma terceira ação do MDMA é inibir as enzimas do comportamentos naturalmente gratificantes como comer,
tipo monoaminas (MAO), que degradam o excesso de fazer sexo e saciar a sede.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
36
voltar ao
sumário

Por outro lado, os Nitritos, conhecidos também como Para refletir


“poppers” e atualmente fabricados com a finalidade de Pouco é conhecido sobre um fenômeno raro,
limpeza de roupas e utensílios e desodorização de ambientes, interessante e único dos alucinógenos,
produzem o efeito de dilatação e relaxamento dos vasos que é a ocorrência dos chamados
sanguíneos e são utilizados como drogas de abuso para flashbacks, denominação dada a
melhorar o desempenho sexual. recorrência dos sintomas de intoxicação
dias ou meses após o término da ação da
droga. É possível que este evento esteja relacionado com a
Mecanismo de Ação dos Alucinógenos sensibilização (tolerância reversa) extremamente duradoura
Os alucinogênicos possuem relações complexas com os com mecanismos semelhantes à formação de memórias.
sistemas de neurotransmissão. Muitas de suas interações
ainda não são completamente compreendidas, mas sabe-se
que o efeito alucinógeno parece estar relacionado à ativação REFERÊNCIAS
de receptores de serotonina em áreas relacionadas à
percepção visual e de outros sentidos, como audição e olfato. ABDALLA, R. R., MADRUGA, C. S., RIBEIRO, M., PINSKY, I., CAETANO, R., &
Há evidências também que estas substâncias não atuam no LARANJEIRA, R. Prevalence of Cocaine Use in Brazil: Data from the II Brazilian
National Alcohol and Drugs Survey (BNADS). Addictive Behaviors, 39(1), 297-
circuito da recompensa, ou seja, são substâncias que não
301.2014.
necessariamente geram a sensação de euforia e prazer.
Portanto, estas drogas possuem pouco potencial de gerar ALMEIDA, P. P; BRESSAN, R.A; LACERDA, A.L.T. Neurobiologia e neuroimagem
padrões de uso abusivo e dependência, mas apenas dos comportamentos relacionados ao uso de substâncias. In: LARANJEIRAS,
enquanto não sejam combinadas com outros princípios R. CORDEIRO, D. C. DIEHL, A. Dependência Química: Prevenção, tratamento, e
políticas públicas. 2ª ed. Artmed. 2018.
ativos, como os estimulantes, por exemplo.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
37
voltar ao
sumário

CASH, M. C., Cunnane, K., FAN, C., & ROMERO-SANDOVAL, E. A. Mapping FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ. III Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas
cannabis potency in medical and recreational programs in the United States. pela População Brasileira (III LNUD). Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da
PLoS One, 15(3). doi:10.1371/journal.pone.0230167. 2020 Saúde. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34614.
2015
DUMONT, I. P., & OLSON, A. L. Primary care, depression, and anxiety: exploring
somatic and emotional predictors of mental health status in adolescents. J MADRUGA, C. S.; PAIM, T. L.; PALHARES, H. N.; MIGUEL, A. C. et al. Prevalence of
Am Board Fam Med, 25(3), 291-299. 2012. and pathways to benzodiazepine use in Brazil: the role of depression, sleep,
and sedentary lifestyle. Rev Bras Psiquiatr, 41, p. 44-50, Oct 11, 2019.
ELSOHLY, M. A., MEHMEDIC, Z., FOSTER, S., GON, C., CHANDRA, S., & CHURCH, J. C.
Changes in Cannabis Potency over the Last Two Decades (1995-2014) - Analysis MASSARO, L.; ABDALLA, R.; LARANJEIRA, R.; CAETANO, R. MADRUGA, C.S.
of Current Data in the United States. Biol Psychiatry, 79(7), 613-619. doi:10.1016/j. Amphetamine-type stimulant use and conditional paths of consumption:
biopsych.2016.01.004 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26903403/ .2016. data from the Second Brazilian National Alcohol and Drugs Survey. Revista
Brasileira de Psiquiatria, 39, n. 3, p. 201-207, 2017.
FERGUSSON, D. M., & BODEN, J. M. Cannabis use and later life outcomes.
Addiction, 103(6), 969-976; discussion 977-968. doi:ADD2221 [pii]. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da
10.1111/j.1360-0443.2008.02221.x [doi]. 2008. Silva. Alerta á população sobre o cigarro eletrônico. Internet. 2017. Acesso em
03/05/2019, Disponível em: https://www.inca.gov.br/noticias/alerta-populacao-
FORMIGONI, M. L. O. S. et al. Neurobiologia: mecanismos de reforço e sobre-o-cigarro-eletronico
recompensa e os efeitos biológicos comuns às drogas de abuso. Curso EAD
SUPERA. Brasília, DF: MJC, 2017. Modulo 2, Capítulo 1, p. 13-27, 2017. NIDA (National Institute on Drug Abuse). Marijuana DrugFacts. 2019 Disponível
em: https://nida.nih.gov/publications/drugfacts/marijuana Acesso em: 28
FREEMAN, T. P., CRAFT, S., WILSON, J., STYLIANOU, S., ELSOHLY, M., Di FORTI, de janeiro de 2022.
M., & LYNSKEY, M. T. Changes in delta-9-tetrahydrocannabinol (THC) and
cannabidiol (CBD) concentrations in cannabis over time: systematic review NIDA (National Institute on Drug Abuse). Synthetic Cannabinoids. Disponível
and meta-analysis. Addiction, 116(5), 1000-1010. doi:10.1111/add.15253 https:// em: https://www.drugabuse.gov/publications/drugfacts/synthetic-cannabinoids-
pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33160291/. 2021. k2spice 2018.

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
38
voltar ao
sumário

REGIER, D. A., FARMER, M. E., RAE, D. S., LOCKE, B. Z., KEITH, S. J., JUDD, L. L., 1http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/cidadania/0022.html
GOODWIN, F.K. Comorbidity of mental disorders with alcohol and other drug
abuse: results from the Epidemiologic Catchment Area (ECA) Study. JAMA, http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/t_Tabagismo.pdf
264(19), 2511-2518. 1990
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pns_alcool_drogas.pdf
SEILLIER, A., MARTINEZ, A. A., & GIUFFRIDA, A. Differential effects of Δ9-
tetrahydrocannabinol dosing on correlates of schizophrenia in the sub- http://www.unodc.org/documents/data-
chronic PCP rat model. PLoS One, 15(3). doi:10.1371/journal.pone.0230238.
Disponível https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32163506 . 2020.

Steinberg L, Monahan KC. Age differences in resistance to peer influence.


Developmental Psychology. 2007;43:1531–1543

Meier, M. H. et al. Persistent cannabis users show neuropsychological


decline from childhood to midlife. Proc Natl Acad Sci U S A 109, E2657-2664,
doi:1206820109 (2012).

WILSON, J., FREEMAN, T. P., & MACKIE, C. J. (2019). Effects of increasing


cannabis potency on adolescent health. Lancet Child Adolesc Health, 3(2),
121-128. doi:10.1016/s2352-4642(18)30342-0 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
gov/30573419/

Burton, R., & Sheron, N. (2018). No level of alcohol consumption improves


health. The, 392(10152), 987-988. doi:10.1016/s0140-6736(18)31571-x

Au Yeung, S. L., & Lam, T. H. (2019). Unite for a Framework Convention for
Alcohol Control. The , 393(10183), 1778-1779. doi:10.1016/s0140-6736(18)32214-

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
39
voltar ao
sumário

Curso EaD Tratamento da Dependência EXPEDIENTE


Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar
Química no contexto Hospitalar (Hospital (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas

Geral e Hospital Psiquiátrico) e das CENTRO DE ESTUDOS PAULISTA GESTOR DO PROJETO


Marcello Renato de Souza
DE PSIQUIATRIA - CEPP
Clínicas Especializadas COORDENADOR GERAL DO PROJETO
Cláudio Jerônimo da Silva FACULDADE PAULISTA DE
CIÊNCIAS DA SAÚDE - SPDM
COORDENADORA PEDAGÓGICA DO PROJETO
Clarice Sandi Madruga DIRETOR GERAL FPCS
Nacime Salomão Mansur
CONTEUDISTAS ESPECIALISTAS
Ana Paula Dias Pereira GERÊNCIA ADMINISTRATIVA
André de Queiroz Constantino Miguel Daniela Junqueira Stefani
Kátia Isicawa de Sousa Barreto
Leonardo Gomes Moreira NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Maria de Fátima Padin
Ronaldo Ramos Laranjeira COORDENAÇÃO
Sérgio Marsiglia Duailibi Susana Mesquita Barbosa
Susana Mesquita Barbosa
EQUIPE
CONTEUDISTAS CONVIDADOS Bruna Veroneze Léo
Eduarda de Oliveira Barbosa Claudia Scheidt Guimarães
Gleuda Simone Apolinário Eudes Miranda Bomfim
Guilherme Athayde Ribeiro Franco Expedito Alexandre da Silva Neto
Guilherme S. de Godoy Filho Juliana Prado Ferrari Spolon
Homero Pinto Vallada Filho Maycon Anderson Pires Novais
Joselaine Ida da Cruz
Juliane Piasseschi de Bernardin Gonçalves PROJETO EDITORIAL
Mario Sergio Sobrinho Guerra Comunicação
Neliana Buzi Figlie
Paula Maria Greco Cipro
Quirino Cordeiro Junior
Rogério Adriano Bosso
Zila Van Der Meer Sanchez

Curso EaD Tratamento da Dependência Química no contexto Hospitalar (Hospital Geral e Hospital Psiquiátrico) e das Clínicas Especializadas
40

You might also like