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bezverooelz sence eat ea STHOTds-oneoy -srvaaa AORADECIMENTOS Hs alguns anos, na Universidade de Coldmbia, em Nova York, coordenei um semindri iniulado “Some Puzzles for Theory” [alguns Quebea-Cabegas paa a Teodia. Em torno de ua mesa, felemos alguns textos findadores da teria Ite ‘na, texos tio como dfinves eva aealiagao jé no nos Constrange mais. Postertormente, me Soxbonne, dediguel Un ‘nso a teora da ertura, Desta ve, dante de um pablico fnumeroso, forme necessi fazer un discuso mags sem ‘eauncir wns abordagem sporti, Ese lv & fro deswe trabalho, € agrdego aos esticanes que 0 tomaram possvel Desde a publeagto de La Trofme République des Ltres la Terceica Republica das Letras] (883), ertiearam-me wirias ‘eae 0 ft de haverinterompido a pesqusa no momento et que ela se tena interessante: espervam pelo fim da hist, ‘sa Quarta os uma Quinta Republica das Letras. Como des. ‘crever o momento em que hist terra fl substiufda pela worl, € como natat 0s episdos eguintes, sem que nosst opr historia intelecteal neles se integre? Para romper & fio tutsinal e pas fm 3s contovesias, decid escevee um ‘ne liv, Les Cing Paradaxes dela Modernté [Os Cinco Pare a Mosernidadel 1989), do qual este € também 3 continuagio. Sou rato a Jean-Lue Gaiboni, que me estou Sh cecreve-lo, asim como a Mare Escola, a Andre Guyaux, Pais Lombardo ea Syvie Threl-calleteas, que oreleram, Duis eshogas do Capitulo I foram pblicados com os tulos de “Allégore et Philologie" [Alegora e Filologial, em Anna Dol e Caria Locaell, Ed, Retort Interpretasione, om, lulzoni, 194, © "Quelques Remargues Sur la Méthode des Passages Palle" (Algumas Obscrvagdes sabre o Método ‘has Passagens Paraleas), Stud di Lteratura Francese, 0.22 1997, assim como uma le sive parla Powe, i Rentrera parla Fendt” Ixpulsem & stil pela Porta, eke Voltard peta Janell, teat 0 105, marco 1997, © un Tragmento ta Capitulo Vil “ante ewe and the Canon’ Sainte-Beuve e 0 Clone), der Language Notes CX, 1995, J terroncho ‘ert Naw nt 8 Te eps ten & m A hte trate do nr Inga mt ¢ prema ‘pune decease {ta a © cre a ina = tee ‘hr dee nn met de oe Tes leper Fao « ceri Nae aso ‘seve ei 2 lng did Dat msl om ent Ths de do cpt ‘re pon ‘nna tem, eto eae et © para 0 QUE RESTOU DE NOSSOS AMORES? ope Siren ino Demin da pbx to ao tons “pangs!” Parodiando uma célebre frase: “Os franceses nto tém a mente tedrica"Pelo menos até a explosio dos anos sessenta ‘ictenta, A teorla Utereia vveueatlo seu momento de gd, foo sa do prosélito the houvesse, de repent, permite ‘esata quase un séeulo de atraso Simo de segundo, Os ‘dos IteretosFranceses to conheceram nada semelhante wo formalism reso; 20 circlo de Praga, a0 New Crem ‘nglo-americano, sem falar da eslisicn de Leo Spitzer nem ‘Gn topologia de Emst Robert Curtis, do antipostviamo de lenedetto Croce nem da erica das varlantes de Glanfranco ‘Contin ov ainda da escola de Genera e da erica da cons ‘nein, ou mesmo do antteorsno deiberado de FR. Levis € ‘de seus dsefpulos de Cambridge. Par contrabalancar todos ‘ses movimentos originals e inluentes que ocuparam a pr tei metade do século XX na Furopa ema America do Nowe, 5 poderiamos ctr, na Panga, a "Poti" de Valery, segundo ‘© tuo da eitedra que oeupou no Colegio de Fanca (1936) ~efémera dlscplina, cujo progresso fo! loge Inerrompido. pela guerra, depois pela morte, etlver as sempre eng. tities Houre de Tare Pewee cle Tarbes), cle Joan Paha G94), tateando confusamente a defnigio de wma reterica ‘eral, alo instrumental, da lingua: esse “Tudo € retcries", ‘que desconstrugao deveria redescabsir em Nietsche, pot volta de 1968, O manval de René Wellek ¢ Austin Warren, Theory of Literature (Peoria da Literatvesl, publicado. nos Unidos em 1949, ‘dos anos sessenta), em expanta,japones, sano, lem, oreano, port, dinamanqes, ervcroat,greyo mesmo, sce eeu, meno, nian ea, mas no em anc ‘oma no qual 0 fol puieado em 1971, como Wal de La Theorie Litraie (N Teoria Literal, wt dos primcios da cole “Poeique", nas Eations dy Seu, Sem muna ter flo parte da colegto de bolo. Em 1960, povco antes de morer, Spitzer atu ese ara e ese solamentoFanceses a tres ‘toces: um velho sentimento de superioridade Higado a uma tealigao ieriia¢imelectual continua © eminente; 0 espinto eral dos estudos lteeios, sempee mareado pelo postismo lentifico do século XIX, 9 procura das eausas; 4 predom ‘nme da pra excoar de expicagio de texto, io de una ‘esrigho ancilar das formas Inerras, mpedindo o desen- ‘olvimenta le métodos formais mais solsticados, Acrescen- lara de bom grado, mas isso € evident, a auséncia de uma Tingdistica e de uma filosofia da lingsagem comparivels as ‘que invadiam as universdades de lingua stem ou inglest, Alesde Gotlob Frege, Bertrand Russel, Ludwig Wingenstein fe Rudolf Carnap, assim como fraca incidéneta da faciga0 Ihermendutiea tansformada, encanto, na Alemanha, inte: ‘amente, por Edmund Hussed e Mactia Heldegges im seguid, as cosas mudaram apidamente — als, come ‘cram a se mover, no momento em que Spitzer fazin aquele Ulagnéstco sever —, atl pono que, por uma muito euros reversio que leva 4 refer tea francesa vive, momen: taneamente, algada 3 vanguarda dos estudos ieririos no ‘mundo, um poveo como se tivésemos, até entdo,recuado para sitar melhor, a menos que wm tl fosso, subitamente Teanspost, tena permitide iavenar 2 pélvoea com umn in cnc © om ardor tas que dram a flusio le wm aean¢o, ‘durante exses minficos aos sestenta, que se estenderam, de fato, de 1963, fim da gucrr da Argel, até 1973, com opr aelzo choque petoeio, Por volta de 1970, a tori iterdes ‘estava no age exerla um inenso atativo sabre ox jvens {di minha gerago. Sob wiras denominagdes — "nova cr “poatiea’, “estrotalisno","semiologia" “eanatologia”—, ei bhava em todo seu esplendor. Quem viveu esses anos fee ficos 36 pode se lembrardeles com nostalgia. Uma cortente povlezosa arastava a todos nds Naquele tempo, a imagem do ern, expan pel on, secon, pe ‘ofan Tose no ¢ as, exstaente,o qua. A teria iio ullse,vatfonenrse em nto, mons pen Maen Suge, reqdenemene to dda quanto a expr (eens acter qe ela sacs eno, enepament. Aca (Ege rc cian desi xc dees eon. iia (ited jvem ascii ambos e ataente do fia do eect, ea toe ti Mp dis. Depot do frees dos amos sexenta a anos in eee eis renee n= aa pasar oss ho emai ds frm noe da extalade as eagles ec to conocer tres desrvavnetios na Panga Sera» caso de cna acre da ster sobre o extudos frances, {nus loa eter mo tena comseguid abla er profi TRaL2 poms dary rovisoramente? A exliacso — Sela Geet parece niente, po anova eis, seer tena dread os mio da vel Sorbonne, esate solamente aa Eacagao nacional, soberido sara secu. Tae” po so then a ea reset gi Empossivel, ho, pasar nam eoncuno sem “Wine atin suts eo pepo a naratloga, Un “tt gue apa ders peo de texto gue fet Soe nbe é homo ou heterodepenc, “single a tettive, de Mocaliagao tntema” ou eters” alo & Sty sin como or ence dung sorta de una hipdlage, saber a data de nascent Moi. Para comprcendcr 9 sngulriade do nsino see da penta a Fangs € preciso te sempre em pee pendcia hioic d universidade em Feag80 meno de ads de proenores 0 ensino sec Beis Peomo se nos tvesemon roid antes de 1980, de tt equ tet como apt eon 2 pe vie. dn poco de podca ede naratologa para explicor BPR pA vn rfc, asim como aguas geaeDe8 Sos te. de Gost aso vose i eee wena aguas reels, wugues © atl pata itrnon concurs, O mals eareo estou dade puMfumeceu uma ceria clenla Je aporo 2 sucrossinta Seoueagto de exo toot fo, a Panga, ui foo de pal Mfie.. ave lanes formulva em 1989 —"a nova eer detetornsoe cosa"! — parce nto ter so ealada, Osteo dos ane tevsentsestena a term sucetores O pros they fot eanonizato,o que nto €4 melhor fonma de mater vee tia una obra, Outros midaram ese cregarum stb sito dstncados de seus prineltos amores alguns, ome ‘Tevetan Todorov ou Genet, oienamae pas ies oes ssises. Matos volaranse pars a velba Nts tees ele ‘és da redescobera de manuscitos, come revels smd ty erica dia genta A revista Podiqu, que exe da, Publics essenctmente exerci de epiganos 0 mesine op «i com titrate, outa into poe, sempre elec, acothendo o maxis, a socologi 4 picandlne eons Acomodou-se e no € mais 0 que era: esta tsim come todos 8 seculas ters exo a, come toes a apa clades convivem na univeriade, aun eat sete noontysecompariaentada, inotensiva, sper os aap 2 hor cena, smo ltereanblo com eras capes ‘em com o unc a no ser por interme deses cata sue vaguelam de uma dsiplina a ou, Nao ests mais eva de as outa dsipinas,na media em que ato € mats ol «ve diz por que «como seria nccesnio coder a Hersurs ual € pertngncia 3 provocaio tual estado nein Ors, aaa subs nese papel, ls, no mas etd A cori vol, como tuo, ees problemas sero ee cobetos no dae que a lanorincls for Wo andes co Produsii ted." Phitppe Soller anunciaa ene etome desde 1980, x0 refaciar 3 reeigio de. Toric dscns {Teoria do Conjuttol ~ambicow volume pubiado dane ost que esmv a mao debe cu fecal ia matemitieas ~ cao uni, tlver com Um song de “terorismoinleaa”~omo Sole econhecesposeriog mente a asian de Michel Pouca Roland hase, ‘Heques Det, Jla Kristeva e todo 9 gupo de Te Qual smelhor dt tora eno no sc apie. A ears cate de ‘vento em popa, diva vontade de vive. “Desens tee art no seats na vs, hava decretado Lene © Love Althusser invocavi- pars denominar "Teor a cokeie gee aera Macey pb a 1 tenn 9%, cn a ge Pas Pecan Tor i eo oe as as, Ti ee tare eo kt 6 (on, pn onder es ch a en Sas psi age Cn ose come mee pln “om hei pce aco sigan te eu rn re nb ~ 4 tan tempo mn’ fot ta ode e908 (ore hj famous ing pol Mins peloton sores on ‘TEORIA E SENSO COMUM Um balango, um mapa, d teri terri sera, enretanto, concebivel Fd que forma? Nao seria esse un projto sbortad Se, como afm Pal de Man, “9 prisipal interese coco da teoriahterdsa consiste na imposslidade de sua dfingno"? ‘A teoria no poderia entio, ser apreenlia senio gragas a ‘um tooria negativa, segundo 0 modelo deste Deus escon: ‘ido do qual somente uma teologia negatva pode falas 1650 ‘significa stuar 0 horizoate alto demas, ou longe demas 35, ainidades, alls reais, entre a teoea teria € 0 nilismo, A “worl mio pode se rei a uma ténics nem a uma pedagonia “Tela venue sua alma nos vademécum de eapas eoloidas expostos nas visins das liveaias do Quast Latin —, mas isso nao € motivo para fazer dela uma metafisica nem uma mistca. Nao a tatemos como uma rligito. A teora htersla ro teria sendo um “nteresseterico" No, se estou cero 0 sugerie que ela € também, avez esencalinete, etic, ops tiva ou potémica Porque mio & do lado teérico ou teolépico, nem do lado patio ou pedagogic, queateota me parece placipalmente Interessamtee autétiea, mas pelo combate froze vvificante ‘que empreende conta as Ideas preconcebidas dos estos Ierdrios,« pela resiteneisigualmente determinada que 35 ‘das preconcebidas Ihe opdem. Esperariamos,tlver, de ui halango da teora teria, que depois de ter oferecido sua prépria definigio de Inerstura, como definigio contestivel Trraucse, na verdad, do prineto lugarcomum teri: O que € 2 kena” —, depols de ter presiado una ripida Thomenagen is eorasiteririasantigas, medievase lssicas, desde Aristcles até Bateux, sem eaquecer uma passagem plas poeticas to-oeidentis,arolase as diferentes escolas {que compariharam a atencio teériea no século XX: Forma Tismo risto, esrturalismo de Prag, New Cres amercano, fenomenoiogi alema,pscologia genebres, marxismo items ‘onal, estuturlisme péssteuturalisme franceses, herme neutica,psicanalise, neomarxismo, femiaismo ete Inimeros ‘manuals $40 assim: ocopam os professors e wangollzam os ‘estudantes, Mas eslarecem um lado mito acessérlo ctor ‘Ou até meso a defoimam, pervertem-ns; porque © que a ‘aracerza, na verdad, € Jostamente 0 conto do ecetsmo, seu engafsmento, sia i polemica, assim como os mpanses ‘que esta Uma a Teva sem que ela se d2 conta Os e6ricos ‘Gio impressio, muias vezs, de fazer eens mato sensatas ‘ontra as posigdes de seus adversirios, mas visto que estes, ‘conforudos por sua boa consléncia de sempre, no renunclam € continuam a matraquear 0s tedrios se poem também eles 4 falar alto, defendem suas propriasteses, ow antiteses, até 0 ibsurdo,e, asim, alam a s mesos dante de seu ras fencantados de se verem jstiicados pela extwagincis da Posie adverse Basta deta falar nt tedrien €contentaese ‘em ftertompé-o de ver em quando com un “AR” um pose ‘Quando enti no sesto ano do pequene lieu Condoreet, nosio velho prfessor de latimefances, que er também pre Feito de sua cidaderinha na Bretanh, perguntava-nos a cada texto de nossa anologia: "Como voces compreendem essa passagen? O que 0 autor quis dize? Onde ests belers do ‘eso ou da press? Em que a vsdo do autor € orignal’ Que Tigao podemos rar dao" Acrediamos, durante um tempo, que steoria Iter tvesse banido para sempre ess questes laneinantes. Mas a respostas passam e a8 pergantas perma ‘necem, Estas sto mals ou menos as mesmas. Ha algumas que no cessam de rept de geragao em gordo. Colocavam se antes da teora,j se colocavam antes da histéeia Iter, © ‘se colocam ind depois da teoria, de manera use identi, 2 tl poato que nos perguntamas se existe oma Disra da ‘rea Hees, como existe uma histéria da Filosofia oo dt Tingtistca, ponada de eragbes de conceltos, como 0 agito ‘90 6 complemento. Na critica, os paradigmas nio morrem hanes, juntamse ns 20s oon, coexistem mals ou menos [eficamentee gam idefnidamente com as mesmas noses ogoes que pertencem 2 linguagem popular. Esse @ um ‘los motivs,talvez 0 principal motive, da sensacao de repe tick que se experiment, ineviavelmente, dante de umn quid Iistéeo da crea terra: nada de nove sob © so. Ea eos, pssise o tempo tentando apagar terms de uso corente: erat, autor, tengo, seni, interpretag,eepreseniago, conte, fund, Valor, orginalidade, historia, influénca, periodo, eslo te. Eo que se fex também, durante muito Tempo, em logs ecomva-se aa linguagem cotdiana ema ‘elo linguistic dotada de verdade. Mas 2 lgca formal rouse depois. teen Iterina nao eonsegui desembaracar se ‘d inguagem cevrente sobre a literatura, dos ledores dos amadores. Assi, quando a tora se fast, as vas nogtes ssuryem intocidis, F por seem “nature” ou “sensatas" ‘que aunt nao escapamos delat realmente? Ov, como pens the Nan, € porque s0 desehimos ressir & teora, porque ‘wor fo mal, contra nosis Hhsbes sobee lingua © & subjetividade? Paderiamos dizer, hoe, que quate ninguém fol tocido pela teal, o que tlver soja mais confotivel nto, no reaia mais nada, ov apenas a pequena peda soain ae descr? No itermente, Na fare Aare, pos vl ‘de 1970, x tara ens um contndacuno que puna em queso 4 presmissas da critica tradicional, Objetiovdade, gosto ‘lareza, Barthes asim resumen Cigue e Vr Ceitiea ‘© Verdidel, em 1966, ano magico, os dogmas do “suposto ‘entico™ universtirio, © qual ele queria substitvie por uma “esencia da lara. 4 teora quando as premisss do dis- ‘curso corrente sobre literatura no 40 mas aceitas como ‘evidentes, quando s80 questionids, expostas como cons tagdes histricas, coma convengces. Hm seu comego, fm ‘bém a histéria Iter se funda nun teora, em nome ‘qual eliminou do ensino lterieio a vel tetrica, mas essa teoria perdeu-te ou eduleorowae A medida que a hist ie rca fo se identifcando com a instivigao escolar e universi- tina, O apelo teria €, por definicio,opostivo, até mesmo subversivo einsurrecto, masa fualdae da tora 6a de ser transformada em método pea istiuicao academies, de set recuperada, como diiamos. Vinte anos depois, 0 que st preende, talvez mais que o conflito violento entre a histria a teota ler, € a semelhanca das perguntas levantadas or uma e por outa nos seus primordos entsiastas, sobre- tudo esa, sempre a mesma: °O que é literatura” Permanéncia das peeguntas, conteadicio efraglidade das respostas: dai resulta que Sempre perinente partir das rogdes populares que a teoria quis anular, at mesmas que voltaram quando a teoria se enfraqueceu, 8 fim de nao 36 Fever as respostas opostivas que ela propos, mas também tentar compreender por que essasrespostas nao resoveramn ‘de uma vez por todas a5 velhas perguntas.Talvez porque a teoria, a eusta de sua uta contia a Hidea de Letna, tenha levado seus argumeatos longe demas e eles tela se ol tado contea ela? A cada ano, diante de novos estadantes, € preciso recomecar com as mesmas figuras de bom senso € Ulehés iepninives, como mesmo pequews dimers de enigmas ov de lugares comuns que balizam 0 dscutso cor Fente sobre a Ieraturs, Examinael alguns, os mals rei teates, porgue é em tomo deles que se pode constuir una apresentagio simpaica da teora ltrdela com todo 0 vigot ‘de sua just cera, ca mesina maneiea como ea os combateu PEORIA E PRATICA DA LITERATURA Algumasditngdespreliminares so indspensivels, Prime ramente, em diz tearla —e sem que sejt preciso ser mar ‘sta — pressupoe wma peti, ow uma prix, dante da qual &teoria se coloca, ov da qual ela elabora uma teoia. Nas fuas de Genova, algumas slastazem este lett: “Sala de Teoria.” Nao se fiz af teora da Meratura, mas ensinase 0 codigo de tnste- a tora €, pols, o cédigo oposto diego te veiculos, € 0 codigo da dire. Qual € porto a diego, ‘50a pica, que a tora ds Herts eos, fo 6, organiza Imai do que regulamenta? Nao €, parece, a propia teatora (ou a atvidade teria) — a teora da ltertuta no ensina s esrever romances como a retérea oulcoraensinava a falar fm pablico e insta na eloguéncia —, mas sto os esudos Inerdrios, ito 6,4 histrta Iera e a critica Meri, ou sind a pesquis teri, No sentido de eiigo,diditia, ox melhor, deonologa da propria pesquisa litera, a teora da Itertura pode parecer tina disipina nova, em todo caso ulterior ao nascimento da pesquisa Heres no Séeulo XIX, quando darelorma dis univer $dades européis,e posterormente das americans, segundo ‘modelo germanico Mas sea palavea€ elativamnente nova, 8 cola, em sl mesma, é relatvamente antiga odes dizer que Platte Asstelesfaziam toda da te ratura quando elasieavam os gneras trios na Repbica ‘Cha Patca, eo modelo de teoria da Merstura ainda €, hoje, pura ngs, a Ptioa de Avsteles, Platdo © Aritees faa tee pore se nteresavam pelts ators gers ot! mesmo tiniveras plas consaes Ierirlascontdas nas Obras pat ‘lites, eto, por exemplo, os goneos, a8 foams, os mods, ts figuras Se els e ocupavam de obras indivi (Mada, © Baipo Ren ea como itstagbes de categonas geal. Fazer Teoria da literatura era interessarse pela erates em geral, sle'um ponto de vista que almejava o universal Mas Plato © Aristteles no fiziam teoria de erature, pols #pritica que queriam codificar nto era o estudo lite. iri, ou a pesquan Teri, tsa iteraurs em 3) eas, roctravam formulae grumdtcis presrtivas da Weratur, tao omativas que Mato querla exclulr of poctas da Cilade, ‘Aualnente, embora rate da erica du postin, e revalorine sua tadigdo antiga e clisic, areola da lteratua nto é, em princpio, normativa, Deseritva, a teoris da literatura €, pois, moderna: supde a existéncia de estudosIerros, instaurados no século XIN, a ppanir do-romantismo, Tem una relagio com a flosoia dt IMeraeura como ram da estética que feflte sobre anatureza © fungio da arte, a definigio de belo © de valor. Mas a teoris da literntura nao ¢ filosofia da Iiertar, no € expe: ‘ulativa nem abstrata, mas anaes ou topic: seu objeto S80 ff discursos sobre a Iteraturs, a caica ea histia tra, {que ela questiona, problematiza,e cujispriticas organiza. A ‘eoria da literatura nao € 2 policia das letras, mas de cera forma sva epistemologi [Nem nesse sentido ¢ verdadeiramente nova, Lanson, 0 fundador da histéria teria francesa, na vida do sceulo XIX pio XX, jd diia de Ernest Renan de Ele Faget, os crticos Iteririn que 0 precederam — embors Faget Fosse ‘eu contemporineo nt Sorbonne, Lnsono jlgiva ultapas Sado —, que nao tahun “eoda litre”? ra uma mania poli de thes dizer que, seus olhos, eram impressionists € impostotes, no salam © que fariam, flavathes rigor, fespinto centico, modo. Quanto a Lanson, este pretendia ter una teoria, © que mostra que histria terri e teora flo sa Incompatves. (© pelo cota tesponde necessatamente @ wa inteng20 polemics, ou opositiva (rte, no sentido etimoldgico do fermo)-ateoriacontradiz, poe em diva a pti de outros # ot acrescensar aqul um force terme A teoda epee, conforme © uso marsista, mas mio apenas marisa, desis ‘ogdes: 0 temo Meola. Ene a priticae a teora, esas ‘nstalads a Weologia. Uma teoria dina a verdad de ma prs Uc, enuncaa stas condicoes de possible, enguanto ‘login faria sen lear essa priica com uma mens tira, simular suas condigBes de possibldade. Segundo anson, ais hem recebido pelos markisas, seus vais N20 tinham teoria, sna ideologas, isto, ides preconcebidas ‘Asso, a teria rea a pitica que ua atetrics ov ant- teéricaeAgindo assim, cia inst como bodes expisteros Tanson, que pensava possi, com aHilolog eo positivism rico, umn teorla lida, entegava-se 30 humanismo teadiclonal de seus adversiron (homens de cultura ou de bom oso, burgueses). A teoria se opt ao senso comum. Mais Fecentemente, depois de una volla da espa a teoda dt literature levantouse 20 meso tempo conto post nt hist era (representado por Lansor) e conta a sinpatia ‘a erica lterdria (que hava slo representa por Faget), fesim como se levantou contra a assocaglo frequente dos dois (primero o positismo ra histria do texto, depois © humanism na interpretagio), cea ocome aos austen lor fos que, depos de um estudo mincioso das fontes do romance fde Prevost, passim sem problemas # julgamentos sass obre a realidade psicoldgia c sobre a verdade humana de Manon, como s0 la esivesse a nosso lado, uma jovem de Resumamos: 4 teora conteasta com a prtica dos estudos Imerrios, isto é, a cstea e a histéla lterieas, ¢ analisa essa pritica, ov melhor, ssi priticas, desereveas,toxna texplictos sus presspostos, enim eto ener € separ, ‘iserinina). A teora Sela, pos, numa primeira abordagen 1 erfica da rie, 8 metacrca colocam e en pos ‘oma linguaigem e metalaguagem que fla dessa lingsgem, tama linguagem e 2 gramaflea que descrve sew funcloni- ‘ento). Tata-se de uma conscéneia critica Coma eli da ‘eologia Iteriia), uma rellexso Meri (uma dobra eric, ‘uma se consciousness, ou umaautoeerencialiae), 908 feses que se referem, na reailade, modermidade, desde Baudelaire ¢, sobretudo, desde Mallee Aptesentemos logo o exemplar emprequcl uma série de smo que comm dines mest, ou labo mello praia dees conceivos nas contents, par alcangn es Consigncia etica que acompasha a teoi:Meratura, depois fenicaIerrtave bistra teria, cuj dingo & enunclade pel teora, Deiemos a iterators para 0 proxima capil & ‘Craminemos mais de perto os dot ules termor, ‘TEORIA, CRITICA, HISTORIA Por enti Iter comprcero um discus sobre a obras IMerdvias que acento a experincia da letra, que desereve, Imerpreta, avalla sent e cefeo que as obras exercen sobre 0s (bons) letores, mas sore letores no necessaria- ‘mente culos aem profsionals- A cic aprela, jul procede ‘or simpata Cow antipatia), por Mdeniicagio ow projesto: seu Iga ideal ¢ 0 sl40, do qua simyprensa€ uma metamortore, ‘nto a nversdade; sua primeiea Forma € a conversagao, Por historia Iterdra compreendo, em compensagao, um iscurso que insite nos fatoes exeviones 8 experiencia da Teiura, por exemplo, na concepeio ou na tansmiso das ‘obras, em outs elementos que em perl mo lteressim 20 ‘o-especaisa, A hstrla ltrs ¢ 4 disciplina aeadém {que surgi ao longo do século XIX, mats eonhecia, lis, ot © nome de filelogia, Scholarship, Wissenschaft o pesuis, AAs vezes opdeme crtca ¢ histria Iiterrias como im procedimento inrinseco e um procedimento extinseco: a Cees lida com 0 testo 4 historia com 0 context, Lanson. fbservava que se faz histriaIiterria' partir do momento femque seIé o nome do autor na capa do ro, em que se J. so texto um minimo de contexto. A critica Inerdria enuncia, [roponigces do tipo “A € mas belo que, enquanto hstria IMerdniaafema: °C deriva de D.” Aquela vss a aval o texto, esta a explicit. | teoria da literatura pede que os pressupostos dessas afmagies sam expictados.O que voce cham de Mert? ‘Quals S20 seus eiterios de valor’, perguntara ela 20s eicos, pois tudo vai bem ene letores que compartham das mess ‘ormas que se entendem por meas palaves, mas, se M30 € © caso, a crea (a conversa) transforma ogo em dilogo Se surdos. Nao se trata de reconeliarabordagens diferentes, ‘mas de compreender por que clas so eferentes. (© que woot chama de Iterator? Que peso woo? atrbul a ‘suas propriedades especais ou a seu valor especlaP,pesgua- {acl 2 weoria 20s hstoviadores, Una vex reconhecda que oa {textos literitios possvem tagosdstnvos, voc® os rata como documentos histricos,procutando neles sas eausasFactuas ‘ida do autor, quadro social ¢ cultura infengdes ttestadan, ontes. © parsdoxo sala 2 olhos: voce explica pelo contexto ‘um objeto que the Interessa precisamente porque escapa a ‘esse content e sobrevve ele ‘Ateorla protests sempre contra o implicto:incmods, cla 4 0 proteus (o potestanic) da velha escosicn, Hla pede ‘conta, no aol #opiniao de Proust em Le Temps Reronvy 2 tennessee 0 Tempo Redescobertl, pelo menos naquilo que diz respeito 308 estos ltriris: "Lima obra onde hi teora € como um ‘bjefo-no qual se deixa a marea do prego.” A teora quer ‘hero prego, No tem nada de abstrito, az pergioss, aquelas perguntas sobre textos particulares com os qua historia ores e cricos se deparam sem cesar, mas cas respostas ‘io dadas de antennio. A teorlalembra que ests perguntas So problemas, que podem ser responilidas de diversas rmanciras la € relatvsta ‘TEORIA OU TEORIAS "Empreguel, até aqul, a palavafeora no singular, como se 56 houvesse uma teora, Ora, todo mundo jf onvi fala que 1h teria teria, a teora do senor flano ce tl, a teoria da senorafulana de al. Ent2o, a teoria ou 38 eorts seam ‘um pouco como doutrinas ou dogmas eetticos, ou ideologas. 1 tata teorias quanto teérices, como nos dominios em que « experimentagio & pouco pratcvel. A teora 240 € como 8 Sigebe ou a geometta: 0 profesor de teoria ena Sua tor ‘que Ihe permite, como a Lanson, pretender ques outs a0 ‘ém nenhuma. Perguatar-me-o: qual €2 sua tori? Respon sderel-nenhuna. Eé isto que da medo: gosaiam de saber ‘qual €3 minha doutina, ae que € precio abrgar a0 longo Aleste iv. Hstejam trangalos, ou ainda mais preocupados. Eu nto tenho fe —o proterous é sem fee sem eh, €0 eterno advogado do dlabo, ou 0 diabo em pessoa: Forse fu nom pensart cb’ oko fist! Como Dante he faz dizer, “Talver ‘no pensasses que ey fosse wm legion" Info, canto XX¥I, 122-123) —, nenhuma douti, senao a da duvidahiper bolic diane de todo dscurso sobre a Iterana, A teria da Meratuea,vejoa como uma attude analiticae de apo, uma prendizagem etiea Cred. um ponto de visa metaeieo ‘Visindo interrogar, questionar os pressupostor de todas at rica reas (em sentido amplo, Que se” perpétwo. Hvidentemente, hi teorias particulares, opostas, diver ientes,conlliantes — 0 campo aime, € polemico —, mas fio vaaos aderit a esta ou Aquela Leos Yams ene de tmanelraanalhiene eéiea sobre a Werstura, sabre o exude lero, ou se, soe todo discus — eco, hisrico, eco wr respelio da erator. Teatemon ser menos ingens ‘Ateoria da Itertura€ una apreiiagem ca mdo-ngenuidade “Em matéia de cates rir, esrevia Jalen Gracg, "todas as palavas que conduzem a cieyorts so armada" ‘TEORIA DA LITERATURA OU TEORIA LITERARIA ‘Uma outa pequena distingopreiminar: Fae, nos dios parigafoe, de tora da lterania, ike tora lied Seria Perinente ess dstingto? Segundo, por exemplo, © modelo {ha Distoria da erature ds bisa err siese erst 4 andlise, 0 quadro da Iteraturt em oposigio 2 csipina ‘olga, como o manual de Lnson, tse dela Litérare Prangaise Mistéria da Literatura Pancesa, de 1898, frente 9 Revue d'Histoire Linérare de la France, frag em 1894). A teoria dt hteratura, como no manual de Wellek e Warren que {ez 0 titulo em inglés, Theor of literature Teoria da Liters tora) (1049), € geralmente considerada un ram da lteratura eral e comparada: design a rellexao soe a concgdes erator, dt crica Meriria da historia Iterdct; € a eres Gr crtia, ov 3 metacetia, A teoria litera € mais opositva ese apresenta mais como ‘uma erica da ieolgia,compreendendo a erica da eos dda eratra:é ela que afi que temos sempre via feria © ‘qu, se pensamos mo ta, € porque depentdemos da teora Alominante num dado Ivgat e um dado momento. A teors Inerinia se endica tambem com formalin, desde os forma sts eusos do inicio do século XX, marcsdos, na verdad, pelo maraismo. Como lembrava de Man, a tora irda pass 2 exist quando a abordagem dos textos Iteriros no € mais Fundada em conskderagoes nao linghisueas, considers es, por exemple, histones ov exeicas; qvando o objeto de dsciseto ‘no € mals 0 sentido on 0 valos as modaldades de prodea0 de sentido ou de valor® Ess dias descrgbes da teora Ite Flea (erica da ideologa,andise inghisticn) se fortslecem ‘mutuamente, pois a erica da ideologia € uma dendnela da Hlyso lingdisiea Ga idea de que a Lingua a literatura s20 ‘videntes em si mesimas)a eoriaterdra expe 0 edigo e & Infelizmenc, essa distingao (teoia da Ineratura veesus teona iterana), lara em ingles, por exempo, fo! ablteraca tem Fanots:o lio de Wellek © Waren, Theory of Uiterature, fol waduzido —tardainene, como dissemos — com o uiulo 1a Theorte Literate ery 1971, enquanto a antoogia dos forma las russos, de Tevetan Todoroy, foi publica, alguns 10s antes, pelo meso extor, com otulo Théorie de fa Lteature (966) preciso sxaminar ese quasma para melhor nos site Como i se ter compreendido,uizome das das tres ‘a teodia da lteatura a reflexdo sve 48 nog erin 08 principio, os entrios: da teora lterira: a erica a0 bom senso Hleririo a releréncia 20 formalismo. Nio se tat, pois, de fornecersecitas. A teora nao € 0 método, a técnica, ‘© mexerico. Ao conto, o objetivo €tomnar-se desconsiado tle todas a reeias, de desfazerse deas ela rflexo. Minka Imencio na €, oranto, em absoluo, felitar as cosas, mas ser vigilante, suspeltos, eatin, em poveas palavas:eitco ‘ou lOnico, A teria € una escola de onl, A LITERATURA REDUZIDA A SEUS ELEMENTOS Sobre que nodes exercer,agurar nosso esptito ees? A relagao entre a tera € o senso comum é natralmente conf toss. E, pois, o discurso corente sobre a iteratura, desig rando os alvos da teoria, que permite coloear melhor 3 teria 2 prova. Ora, tao discurso sobre a lkertur, todo estado Teri est sujet, nasa base, a algumas grandes quesies, ‘sto ¢, 4 um exame de seus pressupostos relativamente 3 um pequeno nimen de nogoes fundamentais. Todo diseuso sole erat assume posko — implicitamente o mas das ‘eaes, a algunas vezes explictamente — em eagle a esas pergaas,cuj conjuto define uma cerca dela de trata 0 que € ler? Qual é a rela entre Meru © autor? (Qual €a relaco entre Iiteratura erealiade? (Qual € relaao entre erature let? (Qual 64 relate entre eeatue e linguagem? ‘Quando falo de um lve, consieu0 forcosamente hipéteses sobre esas definigdes, Cinco elementas sao Indispensivels que aj Breratua: wm ator, wn tere, um letor, uma dae wm referent ‘so aevescenaria duas questes que no se suse ext Fen mesmo nivel e que dem espeito,precsamente, Dlsiruse 2 erica que hipéteseslevantamos sobre a tans. Tormicio, o movimento, «evolugio Inertia, e sabre o valor, I oriinaidade, 2 pertinénca tera? Ou ainda: como com Peendemos a radigto Iterin, tanto no seu aspecto dina fio (a sea) quanto no sev aspecto esto (0 valoe? Hoss sete questbes encabegam cada capitulo do mee li i Ileranuras0 autor, 0 mundo 0 ler, 0 ete, a Bistrtae {0 talor—, 208 quale del thus inspieados no senso comury, fois ¢o etemo combate ene a tora eo senso comim oe I eoria seu sentido. Quem abe um Livro tem estas nogdes ‘om mente Reformulados umm pouco mais Teoseamente, 05 ‘qvatto peimeiros ttulos poderam ser os sequintes:Iiterarie- she, intengio,representagio,recepeto. Em relagio aos tes itis — esto, sto, valor —, parece que nao hd mosvo pura dsinguie fala dos amadores da clos profssionas: uns ‘Cteos recone 3s mestiae paws ara cada pergunta, gostria de mostrar a vaciedade de respostas possivel, nao tanto © conjanto daquelas que foram ‘laas na historia, mas das que se fazem hoje! 0 pojeto mao & ‘de uma hisria dele, nemo de um quadro ds dournas Terdrias. A teora da literatura € uma ligao de relativism, mio de pluralismo: em outas palavras, varias respostas 580 possivels, lo compossveis;aceitvels, ado compativels: a0 Inwes de se somarem numa visso total © mais compet, elas se excluem mutuamente, porque nto chamam de itera, ‘mio qualiicam como leva a mesma cols: alo Visim @ Aiferentes aspects do mesmo objeto, mas a diferentes bjetos. “Antigo ou modemo, sincronico ou diacronio, inne 08 ‘exurinseco: no € possival tudo 20 mesmo tempo. Na pesquisa Tera, mais € menos", modvo pelo qual devemos escolher. ‘Am disso, se amo a literatura, minha escolha fi fol feta Minhas decisOes Merrias dependem de normas extraerd. las — ies, existencais —, que regem outros aspectos da Por outro lado, esis sete questoes sobre a tieratura 0 so Independentes, Rorman um sistema. Eas outras paves, 2 resposta que dou a uma delasrestinge as opges que se shrem para responder 3s ours per exemple, se acento © papel do autor, € possvel que nie dé tanta importincia & Tinga se insisto na eraredade, mnimiza 0 papel do ler, se destaco a determinagao hist, diminao contribu do genio ete. Esse conjunto de escoltas ¢ solidi. E por Isso que qualquer questao pemite uma entada saisfitocta zo sistema, © sugere todas te outras. Usa tna, inten, por exemplo, talver sejasuficente, para titar de todus elas F por iso também que a adem de andlise desas questdes 6, no undo, indiferente: poderse tr ma carta 40 seas ‘seguir psa. Escolh pereod as hundamentando-me noma hierrquia que eoresponde, tambem ea, a0 senso com, 0 ‘qual, em relagto& teratura, pensa mais no ator do que no Tetor, na materia mais do que na miner, ‘Todos os lugies da teora seo assim visitados, salvo, tlver, 0 neo tatremos dese queso beevemente, quando Falarmos da recepe20), porque o genero nto fl uma causa ‘élebre di tora litera ds anos essena.O nero € ua -generlidade, a mediagdo mas evcente ene & ob ind ‘dvale a Iteratura. Ora, por um lad, teria desconfla das cevidéncias, por outro, visa 08 universal, saa lista tem qualquer coisa de provocaedo, visto que ‘nla constam,simplesmente, as vel negra da teoia Ite ‘ria, moinhos de vento conta os quais ea se esfalfo pars forjar concetos salutares. Que nao se ¥ela a, entetanto, ‘enkiuma alicia! Invent os iniigos dt tora parece: me ‘melhor, © nico meto, em todo o caso 0 mais econmico, ‘le examinslos com confianga, de wagar seus pass, teste ‘nha sa enerla ornla viva, asim como ainda € ins pensivel, depois de mais de um século, descrever arte Imovlera atavés das convengdes que a negaram, afin, alvez sejanos levados a cence eo amp Iie- rivio", apesa ds dfeencas de posigo ede opin, as vezes ‘exacerbadas, para além dis quereas intermindvets que 0 snimam, repose sobre um caajunio de pressupostos © de ‘rengas panlhadas por todos, Pltrs Bourdieu jlgava que 1 poses asus com sept 2 ate © A Metra A LITERATURA (0 estudos lero fala ds Ieratura das mais diferentes ‘mancras. Concordam, eneetanto, sum ponto: diane de todo festudo Iertio, qualquer que sia seu objetivo, a pimeka ‘questo a ser colocad, embora poco toric, € da defini ‘ele forece (ou te) de ova cat © tent Ierrior © ‘Ive torn esse estudo Herdrio? Ou como ee define se qual. ‘Sadesitenriae do texto Mtondrio? Numa pala, que € pata fle, explicta ou implicamente, a literatura? Cenamente ssa primeira questo nto € independente das que se seguiio. Indagaremos sobre seis outros termos ot ‘ogdes cu, ais exitamente, sobre a ela do texto trio com seis outta aogoes: a intencio, a realdade, a recepcio, A lingua, s historia e 0 valor. Essa sis questOes poderiam, Portanto, ser reformoladas, acrescentando-se a cada uma © epiteto lero, 0 que, infelizmente, 28 complica mas do que 25 simplifies: © que ¢ itencio litera? (0 que ¢ realidade bterila? © aque € recepgolitersta? © que ¢ lingua hersia? © que € hiséria erin? (0 que ¢ valor ltecivio? On, emprega-se,fequentement, 0 adjtivo Menino, assim como 0 substntvo fteratura, como se ele no levantasse problemas, como se se acreditasse haver win consensa sobre © que € literirio € o que nto 0 €. Arstteles,entetanto, 8 observava, no inicio de sua Poetica, a inexistencia de um termo genérico para designar 20 mesmo tempo os dislogos scerlticos, os textos em pros eo verso “A arte que usa peas 2 Tinguagem em prosa Ou vesos [J ainda nao secebeu un home até 6 presente” (1447228409). Hi © nome e a coisa ae | in. (© nome Haruna, certamente nove Gat do ina do sécuto XIX; anterormente, a dteraa,conforme a etimologis eam ss insrigoes, eset, a erudigto, ou 0 canhecimento das Tetras; ainda se diz “€Iteraur), mas fxo no resolve 0 enigma, ono prova a exténia de numeroxos textos intulados Qutst.ce que Ar10 que Ere! Tost}, 1898), “Qu Estee {Que la Potsier 10 que Poesia] Jakobson, 1933-1939, (Gu asrce que ia Limeraure? (0 que E Literatura} (Cartes Du Bos, 1938, Jean-Paul Sartre, 1947) Atal ponto que Barthes renonciou 1 uma definigio, contentando-e com esta brine deira “A lheratura € aquilo que se ensina, © ponto final.” Fo! uma bela tutologia. Mas pode-sedize outa colst que ‘no “Literatura € Ikeratura?, ov seja “Literatura € 0 que se cama aque agora de lteratun” 0 fidsofo Nelson Goodman (1977) propos substiuir a pergunta °O que € ate” (What is at?) pela pengunta "Quando é arte” When i ar) Nao seria ‘becersri fazer mesmo com Ieratura?Afinal de contas, exisem multaslinguas nas quals 0 temo leratua é ita ‘ivel, ox nio existe wma palavea que the seja equvalente ‘Qual 6 esse campo? Essa categoria, esse objeto? Qual 6a sun *iferengaespectfica”” Qual € a sua natureza? Qual € a ‘2 Fangio? Qual € sua extensio? Qual sua compreensio? & recessriodefinir ieratura para definie 0 estudo lterieo, ‘mas qualquer definigao de Ineaturs n20 se torna 0 enunciado ‘de uma noma exalted? Nas vars nics encotri-s, {eum laa, a estate Lerarurae, de outo, a estante Feed, ‘de um lad, vos para a escola e, de outo, los para 0 lane, comose a Lteyatua esse a Rego entediante, 2 Fedo, 4 Ieraura dived Sela possvelultapassar esa clasii ‘ago comercial epriien? 'A aporia resulta, em divide, da contradigio ene dois Pontos de vista possveise igualmente legimos; ponto de vista contextual (histrico, psicolégic, sociolégio, insti ‘onal e panto de vista tetualCingbistico)-A hers, a ‘ estudo lneririo, esta sempre imprensada nee dss aor dagens iredutiveis: uma abordagem istrict, no sentido Amplo (o texto como documento), una abordage hing tie ( tex como fato da lingua, a literatura como ame da Tings) Non anos essen, uma nova quere entre anos fermodeenes despertou a velha guera de teinceitas cate Setinigho tern de Ieratur, acetvels as da, mas abs Tmitadas, Genet, que fuga “oa” a pergunta “0 que €ent> tua?" ela é mal eolocada — suger, ntretant, stingir tls egies tertoscompementares um rine contain, panto pelas convengOes, logo fechado — wm soneto, ont Fomanee pertencem de deo Meratura, mesmo que nig Uielets re um exime condictona logo abet dependente {Te uma apreciag revogavel —a inelusto, na Iitertura, dos Penscesensamentosl de Pascal on de Lt Sorter (A Feit cil de Michelet depend dos indivkluos © das epocas* Descrevamos literatura sucessivamente: do ponto de vita ta extensdo eda comprocnado, depois da func eda forma, ‘ev sepia, a forma do comtidoe da forma da expres ‘Reancemos dissociando,seguindo o metodo ania da deo tomia platniea, mas sem demasiadasiusdes sobre nosis ‘Shances de sucesso, Como a questo “O que & litera” & {holdvel dessa maneira, 0 primeigo capitulo ser o mais ito Alene Tiveo, mas todos os capitals seointes contingas poses de uma definigo satisfaéea de eras, [A EXTENSAO DA LITERATURA No semigo mas ampl, ier toque € meso (on means anasto ote oss es ee tetsu se aa ets on 3: ei sma, Ea scope sarerponsc nx ic Sethe qu compen a es wk autor quis dizer, ou se podemos subé-4o fazendo um esforo —e se ato 0 sabemos porque mo fizemos esforgo sufciente —, mio € preciso Interpretaro texto. A explicago pela Intengo tena, pois, & eres herria inl (ero sonho da histria Meri). Alem disso, a propea eoriatrna-se supéua se 0 sentido € incen- Clonal, objetivo, histrico, nto ha mais necessidade nem da fries, nem tampouco da erica ca cries pars separa 0 feticos. asta tabalhae mais um pouco e terse a Solu. A intencio, ¢ mais ainda o prdipsio ator, ponta de partis habitual da explicapio ltrira desde 0 sel XIX, const tuiram o Iigar por exceléncia do conto ent os antgos (a

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