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Contabilidade

Agropecuária
Professor Ivã da Cruz de Araújo
Diretor Geral
Gilmar de Oliveira

Diretor de Ensino e Pós-graduação


Daniel de Lima

Diretor Administrativo
Eduardo Santini

Coordenador NEAD - Núcleo


de Educação a Distância
Jorge Van Dal

Coordenador do Núcleo de Pesquisa


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UNIFATECIE Unidade 1
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Secretário Acadêmico Centro, Paranavaí-PR
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UNIFATECIE Unidade 4
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Paranavaí-PR
FICHA CATALOGRÁFICA (44) 3045 9898
FACULDADE DE TECNOLOGIA E
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
Núcleo de Educação a Distância; www.fatecie.edu.br
ARAÚJO, Ivã da Cruz de.

Contabilidade Agropecuária. Ivã. da Cruz de Araújo.


Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 70 p.
As imagens utilizadas neste
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária livro foram obtidas a partir
Zineide Pereira dos Santos. do site ShutterStock
AUTOR

Professor Ivã da Cruz de Araújo

● Especialista em Gestão de Pessoas (Faculdade de Tecnologia de Curitiba –


FATEC).
● Bacharel em Ciências Contábeis (UNESPAR).
● Bacharel em Administração (UNIBF).
● Professor Conteudista EAD (Faculdade de Tecnologia e Ciência do Norte do
Paraná - Unifatecie).
● Professor de Graduação nos cursos de Ciências Contábeis e Administração
(Unifatecie).
● Membro do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do curso de Ciências Contábeis
(Unifatecie).
● Atuou como Professor na Faculdade UNIBF nos cursos de Ciências Contábeis,
Administração e Marketing.
● Atuou Professor conteudista no EAD da Uningá;
● Atuou como Elaborador de questões para o Grupo Kroton.
● Sócio na empresa Instituto de Qualificação Profissional (IQP).
● Possui experiência na área de Administração, com ênfase em Ciências Contá-
beis, atuando principalmente nos seguintes temas: custos, métodos de custeio
por comportamento, encargos, produção e rotatividade.

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5935171746600396


APRESENTAÇÃO DO MATERIAL

Seja muito bem-vindo(a)!

Prezado(a) aluno(a), é com grande prazer que convido você a descobrir nesta
disciplina uma Contabilidade Linda, como gosto de chamá-la e sou apaixonado.
Como você já deve saber, a Ciência Contábil é uma ciência vasta, podendo ser
aplicada em todos os tipos de entidades. A partir de agora vamos caminhar juntos pela
disciplina de Contabilidade Agropecuária e descobrir um mundo contábil voltado para o
agronegócio.
Na Unidade I você aprenderá o conceito de agronegócio e as características das
propriedades e empresas rurais, ampliando seu conhecimento para que, na Unidade II,
possa entender como funcionam as culturas temporárias e culturas permanentes. Em se-
guida, ainda na Unidade II, trataremos dos redutores do ativo não circulante: depreciação,
exaustão e amortização.
Na Unidade III você verá que a pecuária possui características peculiares e conhe-
cerá os sistemas de produção e reprodução, tipos de pastoreio, atividade de cria, recria
e engorda do gado, a divisão dos rebanhos em categorias, forma de contabilização dos
custos e apuração do resultado.
Para finalizar, na Unidade IV você verá um modelo básico de plano de contas apli-
cado às empresas rurais e aprenderá sobre o Imposto Territorial Urbano (ITR).
Fica aqui o meu convite para que você amplie seus conhecimentos contábeis e
cresça pessoal e profissionalmente utilizando esta ciência fantástica.

Muito obrigado e bom estudo!


SUMÁRIO

UNIDADE I....................................................................................................... 6
Conceitos Básicos do Agronegócio

UNIDADE II.................................................................................................... 22
Contabilidade Agrícola

UNIDADE III................................................................................................... 44
Contabilidade Pecuária

UNIDADE IV................................................................................................... 69
Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural
UNIDADE I
Conceitos Básicos do Agronegócio
Professor Ivã da Cruz de Araújo

Plano de Estudo:
• Conceitos e Definições de Agronegócio.
• Caracterização de propriedades e empresas rurais.

Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o agronegócio no Brasil.
• Compreender os tipos de propriedades e empresas rurais.
• Estabelecer a importância do agronegócio e sua relação com a Ciência Contábil.

6
INTRODUÇÃO

Olá!
Essa unidade foi planejada e preparada cuidadosamente para que você conhe-
ça os principais conceitos e definições da Ciência Contábil no campo da Contabilidade
Agrícola. Você verá também as principais características das propriedades e empresas
rurais, assunto de grande relevância para a compreensão desta área fantástica da Ciência
Contábil. Ressalto que conhecer tais conceitos e definições preparará você para que os
conteúdos seguintes, abordados nas demais unidades desta obra, fiquem mais claros e
sejam melhores compreendidos. Não deixe ler com atenção e se aprofundar no assunto.

Boa leitura e bons estudos!

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 7


1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE AGRONEGÓCIO

O agronegócio é a expressão criada para representar a fusão da agricultura e/ou


agropecuária e o negócio.

Figura 1 - O Agronegócio

Fonte: o autor.

O Brasil é um dos maiores produtores de alimento do mundo e tem no agronegócio


um importante setor da economia com grande participação no Produto Interno Bruto (PIB)
O clima no país favorece a produção de alimentos e, aliado a isso, o investimento
em novas tecnologias faz do setor um grande mercado lucrativo. Conhecer esse mercado e
como a contabilidade é aplicada ao setor é de suma importância para você, futuro contador.

1.1 A Contabilidade de Agronegócio


A Ciência Contábil, como você já deve saber, é composta por diversos campos de
estudo, como:
● Contabilidade comercial;
● Contabilidade de Custos;

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 8


● Contabilidade tributária;
● Auditoria;
● Perícia Contábil;
● Contabilidade Gerencial;
● Contabilidade de Agronegócio.

Como você pode notar a Contabilidade estudada de forma genérica possui diversas
nomenclaturas, dentre elas a contabilidade de Agronegócio, se o campo de estudo forem
as empresas rurais. Pode-se ainda encontrar denominações ainda mais específicas como:
● Contabilidade Agrícola;
● Contabilidade da Pecuária;
● Contabilidade da Zootécnica;
● Contabilidade Agroindustrial.

Talvez você viva em uma região cuja atividade rural não seja tão explorada como
em algumas regiões do Brasil, porém conhecer estas atividades, bem como as empresas
que as praticam funcionam, permitirá a você, além entender a contabilização no agronegó-
cio, compreender a ligação da área rural com a economia do País.
Convido você a ler com atenção os tópicos a seguir e conhecer os principais con-
ceitos ligados à Contabilidade de Agronegócio.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 9


2 CARACTERIZAÇÃO DE PROPRIEDADES E EMPRESAS RURAIS

As empresas rurais são aquelas que exploram o cultivo da terra, criação de animais
e/ou a transformação de produtos agrícolas. Nesse momento você já deve ter entendido
que uma empresa rural explora a capacidade produtiva do solo a fim de satisfazer neces-
sidade humanas.

Conforme Crepaldi (2012, p. 1), “a agricultura representa toda a atividade de explo-


ração da terra, seja ela o cultivo de lavouras e florestas ou com a criação de animais, com
vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer as necessidades humanas”.

As empresas rurais dividem-se em três grandes campos de atividade:


● Atividade Agrícola;
● Atividade Zootécnica;
● Atividade Agroindustrial.

2.1 Atividade Agrícola

Trata-se da exploração do solo com a finalidade de plantio e produção vegetal.


Segundo Crepaldi (2012), a atividade agrícola está relacionada à produção vegetal, sendo
dividida em dois grandes grupos: cultura hortícola e forrageira e a arboricultura.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 10


A cultura hortícola e forrageira relaciona-se:
● aos cereais, como feijão, soja, arroz e milho;
● às hortaliças, como verduras, pimentão, tomate;
● aos tubérculos, como batata, cenoura e mandioca;
● às fibras, como o algodão, forragens e flores.

Já ao campo da arboricultura relaciona-se:


● o florestamento;
● os pomares;
● os vinhedos;

2.2 Atividade Zootécnica

Trata-se da criação de animais para serviços de lavoura, consumo doméstico ou


para fins industriais e/ou comerciais. Alguns exemplos:
● Avicultura (criação de aves);
● Cunicultura (criação de coelhos);
● Pecuária (criação de gado);
● Piscicultura (criação de peixes);
● Apicultura (criação de abelhas);
● Entre outros pequenos animais.

Aqui, vale ressaltar que o Brasil possui grande participação na pecuária mundial,
sendo que o país possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo. Crepaldi (2017, p.3)
diz que “Pecuária é a arte de criar e tratar o gado”.

2.3 Atividade Agroindustrial

Já parou para pensar que muitos dos alimentos que você consome precisam de
vários processos e procedimentos até chegarem à sua casa, para, então, irem para sua
mesa? Veja o exemplo do café, antes de chegar a sua mesa, passa por vários processos,
dentre eles a colheita, secagem, torra, moagem e preparo. Esse processo de beneficiamen-
to ou transformação denomina-se atividade agroindustrial.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 11


A atividade agroindustrial, portanto, tem como sua principal função o beneficiamen-
to ou a transformação de produtos agrícolas (arroz, soja, café) e transformação zootécnica
(mel e laticínios), como, por exemplo:
● Transformação do produto agrícola a conserva de frutas, a moagem de trigo e
de milho, a debulha de milho, a moagem de cana-de-açúcar para produção de
açúcar mascavo, melado e rapadura, a moagem de grão, transformando-o em
farinha ou farelo.
● Transformação de produtos zootécnicos como laticínios (queijo, manteiga e re-
queijão), casulos de seda, mel acondicionado em embalagem de apresentação,
produção de adubos orgânicos, sucos de frutas acondicionados em embalagens.
● No caso de produtos florestais: produção de carvão vegetal, produção de lenha
etc.

2.4 Atividades não Consideradas como Rural

A Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 14 de março de 2017, em seu artigo 150


especifica as atividades não consideradas rurais:
I - a industrialização de produtos, tais como bebidas alcoólicas em geral,
óleos essenciais, arroz beneficiado em máquinas industriais e fabricação de
vinho com uvas ou frutas;
II - a comercialização de produtos rurais de terceiros e a compra e venda de
rebanho com permanência em poder da pessoa jurídica rural em prazo infe-
rior a 52 (cinquenta e dois) dias, quando em regime de confinamento, ou 138
(cento e trinta e oito) dias, nos demais casos;
III - o beneficiamento ou a industrialização de pescado in natura;
IV - o ganho auferido pela pessoa jurídica rural proprietária de rebanho, entre-
gue, mediante contrato por escrito, à outra parte contratante (simples possui-
dora do rebanho) para o fim específico de procriação, ainda que o rendimento
seja predeterminado em número de animais;
V - as receitas provenientes do aluguel ou arrendamento de máquinas, equi-
pamentos agrícolas e pastagens, e da prestação de serviços em geral, inclu-
sive a de transporte de produtos de terceiros;
VI - as receitas decorrentes da venda de recursos minerais extraídos de pro-
priedade rural, tais como metal nobre, pedras preciosas, areia, aterro e pe-
dreiras;
VII - as receitas financeiras de aplicações de recursos no período compreen-
dido entre 2 (dois) ciclos de produção;
VIII - os valores dos prêmios ganhos a qualquer título pelos animais que par-
ticiparem em concursos, competições, feiras e exposições;
IX - os prêmios recebidos de entidades promotoras de competições hípicas
pelos proprietários, criadores e profissionais do turfe;
X - as receitas oriundas da exploração do turismo rural e de hotel fazenda.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 12


2.5 Ciclo Operacional

O ciclo operacional compreende o período da compra do estoque até a venda


das mercadorias e produtos. Segundo Oliveira e Oliveira (2017, p. 45), no agronegócio “a
maioria das atividades tem duração menor que um ano. Contudo é comum na atividade
rural ciclos operacionais maiores que esse espaço de tempo como na pecuária de corte,
produção de búfalos, plantação de eucalipto e florestamentos em geral”.

Oliveira, G., e Oliveira, G., (2017, p. 46) afirmam que:


O conceito de ciclo operacional pressupõe a quantidade de tempo decorrido
e não datas iniciais e finais. Portanto, contas do ativo que se transformam em
caixa dentro de n meses/anos do ciclo operacional são classificadas como
circulante. Quando se afirma que as contas do ativo circulante são aquelas
que se transformam em caixa dentro do exercício social subsequente, tem-se
como premissa que o balanço é encerrado no “último dia do ciclo operacio-
nal” e que exercício subsequente terá exatamente a quantidade de tempo
deste ciclo. (OLIVEIRA, D; OLIVEIRA G, 2017, p. 46).

2.6 Ano Agrícola x Exercício Social

O exercício social é o período em que as empresas encerram suas demonstrações


contábeis. A maioria das empresas comerciais, industriais ou de serviços encerra seu exer-
cício social anualmente em 31 de dezembro. Aí surge a dúvida: quando é o término do exer-
cício social das empresas rurais? Coincide com o ano civil, como nas demais empresas?

De forma geral, as empresas optam pelo mês de dezembro considerando redução


ou interrupção das atividades, o que também facilita o inventário de mercadorias. No caso
das empresas rurais, o Ano Agrícola é influenciado por variáveis peculiares ao tipo de ati-
vidade explorada, fugindo à regra geral há pouco mencionada, seguida pelas empresas
comerciais, industriais e de serviços.

Nas empresas com atividades agrícolas, o exercício social segue o Ano Agrícola, ou
seja, o período em que se planta, colhe e comercializa a safra. Nas empresas com atividade
de pecuária, o nascimento do bezerro encerra o Exercício Social. Crepaldi (2017) sugere
que, neste caso, o bezerro é como se fosse o fruto na atividade agrícola. Há empresas,
por exemplo, que planejam o nascimento dos bezerros para um determinado mês, quando,
portanto, encerram seu Exercício Social.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 13


Numa empresa rural com mais de uma atividade, a dificuldade aumenta e geral-
mente considera-se a atividade com maior representatividade na receita. Veja um exemplo:

Quadro 1 - Exemplo de determinação do exercício social na atividade Rural

Fonte: o autor.

Considerando o produto de maior receita, a empresa encerrará suas demonstra-


ções contábeis em outubro (31/10), data em que a Laranja, sua atividade com maior receita,
encerra seu ciclo operacional (compra até a venda).

Porém nem tudo são flores e a empresa rural tem um outro problema para resolver.
Ela precisa cumprir obrigações fiscais, o que a obriga a elaborar demonstrações contábeis
coincidentes com o ano civil (01/01 a 31/12). Dessa forma, a empresa rural precisa cumprir
a legislação fiscal e, para fins gerenciais, elaborar um balanço com base no ano agrícola.

2.7 Forma Jurídica: PF x PJ

Assim como em outras atividades na área rural, é possível exercer as atividades


como pessoa física ou como pessoa jurídica. A pessoa física é a pessoa natural, ou seja,
ser humano cuja vida termina com o falecimento. As pessoas jurídicas são pessoas cons-
tituídas por lei para uma finalidade específica e com personalidade distinta daquela que a
constituiu. Elas geralmente denominam-se empresas e podem ter fins lucrativos ou não.
Empresas com fins lucrativos:
● Empresas comerciais;
● Indústrias;
● Prestadoras de serviços.

Empresas sem fins lucrativos:


● Cooperativas;
● Empresas com cunho religioso;
● Associação filantrópica;

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 14


● Associação de pais e mestres;
● Associação de produtores;
● Associação de Moradores;
● Demais associações

Marion (2017 p. 7) afirma que:


No Brasil prevalece a exploração na forma de pessoa física, por ser menos
onerosa que a de pessoa jurídica, além de proporcionar mais vantagens de
ordem fiscal principalmente em relação a pequenas atividades. As pessoas
físicas tidas como pequeno e médio produtores rurais não precisam para fins
de imposto de renda, fazer escrituração regular em livros contábeis e podem
utilizar apenas um livro caixa e efetuar a escrituração simplificada. Todavia,
as pessoas físicas tidas como grande produtor rural serão equiparadas às
pessoas jurídicas para fins contábeis devendo fazer a escrituração regular
por intermédio de profissional contábil qualificado, utilizando como base o
método das partidas dobradas (lançamento a débito e a crédito simultanea-
mente). (MARION, 2017, p. 7).

Veja que, por uma questão lógica e prática, muitos produtores optam pela atividade
como pessoa física. Vale lembrar que esta opção é para os empresários rurais de pequeno
e médio porte. Tal conceito é determinado com base na receita do produtor, cujo montante
é fixado pela legislação do imposto de renda.

O Código Civil define como empresário aquele que exerce profissionalmente ativi-
dade econômica organizada, o produtor rural, desta forma, também pode ser chamado de
empresário conforme as seguintes formas jurídicas:
● Autônomo: será assim chamado o produtor sem registro na Junta Comercial.
● Empresário Individual: se inscrito na Junta Comercial, o que não é obrigatório.
● Sociedade Empresária: Sociedade Limitada ou Sociedade por Ações, inscrita
na Junta Comercial.

2.8 Tipos de Investimento e Associações

De acordo com Marion (2017), na agropecuária é possível identificar dois tipos de


investimentos: Capital Fundiário e Capital de Exercício.

Capital Fundiário é aquele que cuja possibilidade de retirar da terra não existe,
como, por exemplo: terra, edificações cultura permanente, pastos etc. Capital de Exercício
é o instrumento essencial para que o negócio funcione. Podem não se destinar à venda
(permanentes) ou serem recursos financeiros que serão transformados em dinheiro ou

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 15


consumidos a curto prazo. Exemplos: tratores, equipamentos, animais de trabalho, gado
para reprodução etc.

Desses dois tipos de investimentos surgem formas de associações, como:


● Arrendamento: quando o proprietário aluga seu terreno (capital fundiário) para
uma outra pessoa exercer atividade de exploração agrícola, pecuária ou agroin-
dustrial.
● Comodato: quando o proprietário cede suas terras para outra pessoa exercer
atividades rurais sem receber nada em troca por isso.
● Condomínio: copropriedade cujos proprietários compartilham dos resultados
das atividades lá exercidas. Entende-se como resultado lucros e prejuízos.

2.9 Ativo Biológico

Sabe-se que o ativo representa o conjunto de bens e direitos de uma entidade.


Ele se divide em Ativo Circulante e Não Circulante, sendo este último dividido em quatro
subgrupos:
● Realizável a longo prazo;
● Imobilizado;
● Investimentos;
● Intangível.

Quero apresentar a você, no último tópico deste conteúdo, o conceito de Ativo


Biológico, que você provavelmente não viu em outras disciplinas. O comitê de pronuncia-
mento contábil, em seu pronunciamento de nº 29, definiu o Ativo Biológico como animal e/
ou planta vivos.

O quadro a seguir apresenta exemplos destes ativos, os produtos agrícolas oriun-


dos destes ativos biológicos, bem como os produtos resultantes do processamento após a
colheita.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 16


Quadro 2 - Ativos Biológicos

Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009).

SAIBA MAIS

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, em seu pronunciamento CPC29, traz alguns


conceitos interessantes e que precisam de atenção.
Produção agrícola é o produto colhido de ativo biológico da entidade. Ativo biológico
é um animal e/ou uma planta vivos. Transformação biológica compreende o processo
de crescimento, degeneração, produção e procriação que causa mudança qualitativa e
quantitativa no ativo biológico. Despesas de venda são despesas incrementais direta-
mente atribuíveis à venda de ativo, exceto despesas financeiras e tributos sobre o lucro.
Grupo de ativos biológicos é um conjunto de animais ou plantas vivos semelhantes.
Colheita é a extração do produto de ativo biológico ou a cessação da vida desse ativo
biológico.

Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2009).

REFLITA

A contabilidade no Brasil é reconhecida como ferramenta gerencial ou simplesmente


uma mera formalidade exigida pelo fisco?

Fonte: o autor.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 17


CONSIDERAÇÕES FINAIS

No final desta unidade quero relembrá-lo(a) que você viu que a Contabilidade de
Agronegócio possui critérios e procedimentos muito peculiares às atividades rurais. O
exercício social, que dita o tempo em que as demonstrações contábeis são elaboradas,
precisa de atenção especial quando se trata de uma empresa rural, devido às dificuldades
em combinar exercício social com ano agrícola, principalmente nas empresas com mais de
um tipo de atividade econômica.
Agora que você já conhece os tipos de atividades, as formas como o empresário
pode exercer sua atividade rural, bem como as parcerias que ele pode firmar ao utilizar o
capital de exercício e/ou seu capital fundiário, está preparado(a) para novos conteúdos que
aprofundarão seus conhecimentos contábeis em Contabilidade de Agronegócio.
Vale lembrar sobre a amplitude de informações que a Ciência Contábil acumula e
deixar claro que as normas devem ser consultadas sempre que necessário.
Até a próxima unidade!

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 18


LEITURA COMPLEMENTAR

No Brasil a agricultura familiar tem grande participação na produção de alimentos.


O artigo a seguir apresenta informações sobre esta prática. Não deixe ler!

Agricultura Familiar
Agricultura Familiar é a principal responsável pela produção dos alimentos que
são disponibilizados para o consumo da população brasileira. É constituída de pequenos
produtores rurais, povos e comunidades tradicionais, assentados da reforma agrária, sil-
vicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores. O setor se destaca pela produção de
milho, raiz de mandioca, pecuária leiteira, gado de corte, ovinos, caprinos, olerícolas, feijão,
cana, arroz, suínos, aves, café, trigo, mamona, fruticulturas e hortaliças.
Na agricultura familiar a gestão da propriedade é compartilhada pela família e
a atividade produtiva agropecuária é a principal fonte geradora de renda. Além disso, o
agricultor familiar tem uma relação particular com a terra, seu local de trabalho e moradia.
A diversidade produtiva também é uma característica marcante desse setor, pois muitas
vezes alia a produção de subsistência a uma produção destinada ao mercado.
A Lei 11.326, de 24 de julho de 2006, define as diretrizes para formulação da Política
Nacional da Agricultura Familiar e os critérios para identificação desse público. Conforme
a legislação, é considerado agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que
pratica atividades no meio rural, possui área de até quatro módulos fiscais, mão de obra
da própria família, renda familiar vinculada ao próprio estabelecimento e gerenciamento do
estabelecimento ou empreendimento pela própria família. 
O Censo Agropecuário de 2017, levantamento feito em mais de 5 milhões de pro-
priedades rurais de todo o Brasil, aponta que 77% dos estabelecimentos agrícolas do país
foram classificados como da agricultura familiar. Em extensão de área, a agricultura familiar
ocupava no período da pesquisa 80,9 milhões de hectares, o que representa 23% da área
total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros.
De acordo com o levantamento, a agricultura familiar empregava mais de 10 milhões
de pessoas em setembro de 2017, o que representa 67% do total de pessoas ocupadas
na agropecuária. A agricultura familiar também foi responsável por 23% do valor total da
produção dos estabelecimentos agropecuários.
Conforme o censo, os agricultores familiares têm participação significativa  na
produção dos alimentos que vão para a mesa dos brasileiros. Nas culturas permanentes,
o segmento responde por 48% do valor da produção de café e banana; nas culturas tem-
porárias, são responsáveis por 80% do valor de produção da mandioca, 69% do abacaxi e
42% da produção do feijão.

Fonte: Brasil (2019).

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 19


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Contabilidade Rural. Uma abordagem Decisorial
Autor: Sergio Aparecido Crepaldi
Editora: Atlas
Sinopse: Essa obra é destinada ao ensino da Contabilidade Rural.
Para atender a esse propósito, reúne pelo menos as características
básicas: é didática, no sentido de tornar facilmente assimiláveis
os fundamentos teóricos e as bases operacionais dos processos
descritos, dentro de uma abordagem atual, prática e objetiva.
Inicialmente, mostra que a Contabilidade Rural tem a responsa-
bilidade de fornecer informações que possibilitam o planejamento
e controle de futuras operações. Evidencia que para cada tipo de
exploração de atividade rural é preciso um sistema adequado de
custos, que, após coletados todos os dados necessários para cada
tipo de custo, são levados para os controles de produção. Traz os
cuidados que devem ser tomados nos registros de custos para
não distorcer os dados que irão servir de subsídios à tomada de
decisões e análise da eficiência das atividades.
Em resumo, o conteúdo desta obra é o seguinte: Agricultura - ne-
gócio, contratos rurais; Administração Rural Moderna - conceito,
estrutura da organização; Controle Gerencial; Importância da
Contabilidade Rural - finalidades; Operacionalização contábil na
empresa rural - custos, despesas, fases das culturas; Gastos
Pré-operacionais e Tratamento Contábil na Exploração Agrope-
cuária - aspectos fiscais; Depreciação, Exaustão e Amortização na
Agropecuária; Cálculo do custo de Produção na Empresa Rural;
Planejamento Contábil na Empresa Rural; Contabilidade da Pe-
cuária - método de custo, custo histórico; Custos e Resultados na
Avicultura; Fluxo de Caixa e Análise Econômico-financeira na Ativi-
dade Rural; Análise das Demonstrações Financeiras; A Informática
na Agropecuária.
Livro-texto para a disciplina CONTABILIDADE RURAL/CONTA-
BILIDADE AGROPECUÁRIA/CONTABILIDADE AGRÍCOLA do
curso de graduação em Ciências Contábeis e Engenharia Agro-
nômica. Por seu cunho atual, prático e objetivo, é recomendado
como manual de consulta para administradores e engenheiros
agrônomos bem como para empresários rurais, e principalmente
para os contadores envolvidos no processo de contabilização das
atividades agrícolas e pecuárias.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 20


FILME/VÍDEO
Título: Interestelar
Ano: 2014
Sinopse: Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas
naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar
possíveis planetas para receberem a população mundial, possibili-
tando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey)
é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que
pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway),
Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em
busca de uma nova casa. Com o passar dos anos, sua filha Murph
(Mackenzie Foy e Jessica Chastain) investirá numa própria jornada
para também tentar salvar a população do planeta.

UNIDADE I Conceitos Básicos do Agronegócio 21


UNIDADE II
Contabilidade Agrícola
Professor Ivã da Cruz de Araújo

Plano de Estudo:
● Culturas Temporárias e Culturas Permanentes.
● Depreciação: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização.
● Amortização: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização.
● Exaustão: Conceito, Métodos, Cálculo e Contabilização.
● Contabilização e Apuração do Resultado: CPC 29.

Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar os tipos de culturas.
● Compreender os conceitos, métodos, cálculo e contabilização de depreciação,
amortização e exaustão.
● Apresentar a forma de contabilização e apuração do resultado das culturas
temporárias e permanentes.

22
INTRODUÇÃO

Olá!
Essa unidade foi elaborada para você compreender os tipos de culturas existentes.
Após entender as particularidades contábeis que cada cultura exige você verá os conceitos,
métodos e a contabilização de depreciação, amortização e exaustão, itens importantíssi-
mos e que exigem atenção especial. Por fim, será apresentada a forma de contabilização
e apuração do resultado com base no pronunciamento do Comitê De Pronunciamentos
Contábeis (CPC 29).
Vale lembrar que na unidade anterior você aprendeu conceitos importantes do
agronegócio, principalmente a definição de Ano Agrícola e Exercício Social e já está prepa-
rado(a) para seguir se aprofundando em contabilidade de agronegócio.

Boa leitura e bons estudos.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 23


1 CULTURAS TEMPORÁRIAS E CULTURAS PERMANENTES

O tipo de cultura existente na propriedade dita os procedimentos contábeis a serem


seguidos. Com relação à Contabilidade Agrícola temos dois tipos de cultura:
● Cultura Temporária;
● Cultura Permanente.

1.1 Cultura Temporária


A cultura temporária é basicamente aquela em que, após a colheita, o replantio é
necessário. Nesse tipo de cultura o período entre o plantio e a colheita é curto ou médio,
geralmente inferior a um ano.
Marion (2017, p. 17) diz que culturas temporárias são “aquelas sujeitas ao replantio
após a colheita. Normalmente, o período de vida é curto. Após a colheita, são arrancadas
do solo para que seja realizado novo plantio”. Exemplos:
● Soja;
● Arroz;
● Feijão;
● Milho;
● Abacaxi;
● Cana-de-açúcar;
● Mandioca;
● Legumes.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 24


Quanto a contabilização, Crepaldi (2012, p. 109) apresenta características deste
tipo de cultura:
Os custos na cultura temporária serão contabilizados em uma conta do Ativo
Circulante com o título de Culturas Temporárias. Esses custos podem ser:
sementes, fertilizantes, defensivos, mão de obra etc. acumulados até o tér-
mino da colheita. Após o término da colheita, o saldo da conta de Culturas
Temporárias será transferido para a conta de Produtos Agrícolas, na qual
serão somados posteriormente à colheita os custos para deixar o produto à
disposição para venda. Ao ser vendido o produto, transfere-se o valor corres-
pondente ao volume vendido de Produtos Agrícolas para a conta de Custos
de Produtos Vendidos, sendo assim, possível calcular o resultado apurando-
-se o lucro bruto. (CREPALDI, 2012, p. 109).

Note que a separação de custos e despesas se faz necessária e segue o mesmo


esquema utilizado nas indústrias quanto ao custo ligado ao processo produtivo, e os gastos
sendo classificados como despesas assim que o produto estiver pronto para venda. No
caso da cultura temporária, os gastos serão classificados como Custos da Cultura até a
colheita. Assim que o produto estiver disponível para venda, os gastos serão classificados
como despesas.
Marion (2017, p. 17) sugere a utilização da conta Cultura em Formação para apro-
priar os custos da cultura:
Esses produtos são contabilizados no Ativo Circulante, como se fossem um
“Estoque em andamento” numa indústria. Dessa forma, todos os custos serão
acumulados numa subconta com o título específico da Cultura em Formação
(arroz, ou trigo, ou, alho ou cebola, ou...) da conta “Culturas Temporárias”. Os
custos que compõem essa rubrica são: sementes, fertilizantes, mudas, de-
marcações, mão de obra, encargos, energia elétrica, encargos sociais, com-
bustível, seguro, serviços profissionais, inseticidas, depreciação de tratores e
outros imobilizados da cultura em apreço. (MARION, 2017, p. 17).

1.2 Cultura Permanente


A Cultura Permanente, segundo Crepaldi (2012), é aquela que não é sujeita ao
replantio após a colheita, já que permite mais de uma colheita ou produção e possui vida
útil acima de ano. Geralmente é atribuído o período mínimo de quatro anos para a cultura
permanente. Exemplos:
● Café;
● Laranja;
● Seringueira;
● Limão;
● Cana-de-açúcar;
● Silvicultura (essências florestais, plantações arbóreas);
● Frutas arbóreas (maçã, pera, jaca, uva, jabuticaba, goiaba).

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 25


Com relação aos custos, Marion (2017, p. 20) apresenta as particularidades de tipo
de cultura:
No caso da cultura permanente, os custos necessários para a formação da
cultura serão considerados no Ativo Não Circulante – Imobilizado. Os princi-
pais custos são: adubação, formicidas, forragem fungicidas, herbicidas, mão-
-de-obra, encargos sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e
terras, seguro de cultura, preparo do solo, serviços de terceiros, sementes,
mudas, irrigação, produtos químicos, depreciação de equipamentos utiliza-
dos na cultura etc. (MARION, 2017, p. 20).

Como já mencionado, a Cultura Permanente deve figurar o Ativo Não Circulante


– Imobilizado, visto que sofrerá depreciação ou exaustão para apropriação destes custos
para a colheita do ano. Dessa forma, todos os gastos utilizados para formação da Cultura
Permanente devem ser lançados na Cultura Permanente em Formação (Imobilizado), e
dentro dessa conta utilizar subcontas para especificar o tipo de cultura: guaraná, café etc.
Perceba que aqui a formação é da Cultura Permanente e não da colheita.
A partir do momento em que a Cultura estiver formada, transfere-se o saldo da conta
Cultura Permanente em Formação para a conta Cultura Permanente Formada. Doravante,
os gastos serão acumulados para apuração do resultado da primeira produção/colheita e
não serão mais registrados no Ativo Não Circulante – Imobilizado.
Sendo assim, os gastos, tais como mão de obra, encargos sociais, produtos quí-
micos, custos com irrigação, entre outros utilizados na Formação da colheita serão acu-
mulados na conta Colheita em Andamento do Ativo Circulante. Vale reforçar que aqui se
acrescenta o custo com depreciação ou exaustão da Cultura Permanente Formada. Fique
tranquilo(a) que nos próximos tópicos a depreciação a exaustão serão melhor explicadas.
Após a colheita cria-se a conta Produtos Agrícolas, também do Ativo Circulante,
que receberá o saldo da Conta Colheita em Andamento, bem como os gastos necessários
para deixar o produto pronto para venda, como, por exemplo, o acondicionamento dos
produtos em embalagens. Conforme o produto for sendo vendido, transfere-se o valor da
Conta Produtos Agrícolas para a conta Custo dos Produtos Vendidos, que será utilizada
para a apuração do resultado da colheita.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 26


2 DEPRECIAÇÃO: CONCEITO, MÉTODOS, CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO

2.1 Conceito de Depreciação


Os bens utilizados nas atividades e na manutenção da empresa rural, que servirão
por vários ciclos operacionais, devem ser depreciados para que a redução do valor corres-
pondente seja incorporada aos custos dos produtos. Esses bens estarão registrados no
Ativo Não Circulante Imobilizado ou Intangível.
A lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações – em seu art. 183, conforme redação
dada pela lei 11.941/2009, obriga que a diminuição do valor dos elementos dos ativos
imobilizados e intangível seja registrada na conta “depreciação, quando corresponder à
perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda
de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência”.
O quadro a seguir apresenta alguns detalhes sobre depreciação, amortização e
exaustão, estes serão abordados nos tópicos seguintes.

Quadro 1 - Terminologias e Aplicação de Redução do Imobilizado e Intangível

TERMINOLOGIA APLICAÇÃO EXEMPLOS


Equipamentos, Máquinas, veículos,
Depreciação Bens Corpóreos
Cultura Permanente
Exaustão Recursos Naturais Exauríveis Reservas Florestais, Petrolíferas
Amortização Bens Intangíveis Marcas e Patentes, Contratos
Fonte: o autor.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 27


2.2 Métodos, Cálculos e Contabilização
Há várias maneiras de calcular a depreciação, porém algumas são pouco utilizadas.

2.2.1 Método linear ou método de linha reta


Nesse método utilizam-se taxas anuais com base na vida útil do bem, considerando
que ele fornecerá benefícios iguais em cada período.
Por exemplo:
Imagine uma empresa que adquiriu um bem com vida útil de 4 anos por 400.000,00
e não possui valor residual.

Taxa: 100% = 25% ao ano.


4 anos

Depreciação 400.000,00 x 25% = 100.000,00 ao ano

Ou então:
Cota de Depreciação: 400.000,00 = 100.000,00 ao ano.
4 anos

O valor residual é o valor que o bem está valendo ao final dos 4 anos de utilização.
Caso o bem tenha o valor residual, basta reduzir do total e aplicar a taxa de depreciação
apenas na diferença.
O Comitê de Pronunciamento Contábeis, em seu pronunciamento CPC 27, define
valor residual de um ativo como “o valor estimado que a entidade obteria com a venda
do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e
condição esperadas para o fim de sua vida útil”.
Exemplo:
Custo do Bem – Valor Residual = valor depreciável

2.2.2 Método da soma dos dígitos dos anos


Conforme Crepaldi (2012, p. 133),
Este é um método de depreciação acelerada que leva em consideração não
apenas a obsolescência, mas também o incremento de utilização de um ativo
no início. No início da vida de um ativo, o consumo é provavelmente maior
do que o consumo em outra época. Isso é atribuível a menor quantidade de
avarias e menos necessidade de manutenção. Quando o ativo ficar mais ve-
lho, a probabilidade de menor utilização é maior e os custos de manutenção
maiores, o que resulta em o ativo tornar-se menos produtivo com o passar

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 28


do tempo. Assim, esses fatores fornecem a base para maiores débitos de
depreciação quando o ativo é novo e menor nos últimos anos. (CREPALDI,
2012, p. 133).

Exemplo: Imagine uma empresa que adquiriu um bem com vida útil de 5 anos por
R$ 90.000,00 e não possui valor residual.
Como são 5 anos: 1+2+3+4+5 = 15

Quadro 2 - Cálculo Depreciação

Valor do
Ano Fator Bem Quota
1º 5/15  x R$ 90.000   = R$ 30.000,00
2º  4/15 x R$ 90.000   = R$ 24.000,00  
3º  3/15 x R$ 90.000   =R$ 18.000,00 
4º  2/15 x R$ 90.000   = R$ 12.000,00 
5º  1/15 x R$ 90.000   = R$ 6.000,00 
Fonte: o autor.

2.2.3 Unidades produzidas e método das horas trabalhadas


Nesse método considera-se a vida útil do bem em horas ou em capacidade produtiva.
Considere uma máquina adquirida por R$ 200.000,00, possuindo vida útil com
uma capacidade produtiva estimada em 1.000.000 de unidades. Sabendo-se que produzirá
200.000 unidades por ano, calcule a depreciação de cada ano. A máquina tem estimativa
de operar 20.000 horas, utilizada na razão de 4.000 horas por ano. Não considere valor
residual.

Em função da capacidade produtiva:


Valor do bem: R$ 200.000,00
Produção total estimada: 1.000.000 unidades
Depreciação por unidade produzida: R$ 200.000/1.000.000 = R$ 0,20 por unidade
Quota anual: 200.000 unidades x R$ 0,20 = R$ 40.000,00

Em função das horas estimadas:


Valor do Bem: R$ 200.000,00
Horas estimadas: 20.000
Depreciação por hora = R$ 200.000 / 20.000 = R$ 10,00
Depreciação anual = R$ 10,00 x 4.000 = R$ 40.000,00

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 29


2.2.4 Contabilização da depreciação
Para registrar os valores de depreciação apurados, utilizam-se as contas Deprecia-
ção (Custo ou Despesa) e Depreciação Acumulada (Ativo Não Circulante – Conta Redutora):
D – Depreciação (Conta de Resultado)
C – Depreciação Acumulada (Redutora do Ativo)

Balanço Patrimonial
Ativo Não Circulante
Bens Depreciáveis R$ 400.000,00
(-) Depreciação Acumulada (R$ 100.000,00)

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 30


3 AMORTIZAÇÃO: CONCEITO, MÉTODOS, CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO

3.1 Conceitos, Métodos e Cálculo


A amortização deve ser aplicada na recuperação de capital aplicado na aquisição
de contratos. Dessa forma, como afirma Marion (2017), a amortização ocorre para os casos
de aquisição de direitos sobre empreendimentos de propriedade de terceiros.
O autor cita como exemplo os casos de aquisição de direitos de extração de madeira
de floresta pertencente a terceiros ou de exploração de pomar alheio por prazo determina-
do, por preço pré-fixado. A exceção, prevista na legislação brasileira, é que se a floresta
pertencer a terceiros, mas for explorada em função de contrato por prazo indeterminado,
caracterizam-se as quotas de exaustão e não de amortização.
A principal diferença entre depreciação e amortização é que essa é aplicada sobre
bens físicos e de propriedade da empresa rural, enquanto esta é aplicada sobre direitos
com prazo limitados.
Exemplo:
Considere uma empresa que adquire o direito de explorar um pomar de goiabas por
4 anos pelo valor de R$ 40.000,00.

40.000,00 = 10.000
4 anos

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 31


Exemplo de Bens Amortizáveis:
Benfeitorias em bens de terceiros com cláusula de ressarcimento que devem ser
registradas no Ativo Imobilizado. Direitos classificados no Ativo Intangível:
● Concessões públicas: estradas, ferrovias, telefonias;
● Direitos autorais;
● Direitos de uso de marca;
● Contratos de exploração de florestas de terceiros.

3.2 Contabilização da amortização


Para registrar a amortização:
D – Amortização (Conta de Resultado)
C – Amortização Acumulada (Redutora do Ativo)

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 32


4 EXAUSTÃO: CONCEITO, MÉTODOS, CÁLCULO E CONTABILIZAÇÃO

4.1 Conceito, Métodos e Cálculos

Exaurir quer dizer esgotar, portanto a exaustão está relacionada com a perda de va-
lor dos bens e direitos do Ativo pela exploração, sendo ela a extração ou o aproveitamento.

Crepaldi (2012) afirma que na exaustão a empresa registra, anualmente, a diminui-


ção gradativa do valor de aquisição do bem (jazida, lavra ou reserva florestal), em função
da quantidade extraída, avaliados pelo custo de aquisição corrigido na conta Exaustão
Acumulada.

É válido lembrar que Recursos Florestais próprios de frutos sofrem depreciação, já


as florestas de terceiros para corte ou de fruto sofrem amortização, porque, neste caso, o
que se amortiza é o contrato (direito de uso), e florestas próprias de corte sofrem exaustão,
uma vez que serão esgotadas.

Bens exauríveis são Recursos Minerais e Recursos Florestais. A quota anual de


exaustão é definida com base no tipo de recurso.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 33


4.1.1. Recursos minerais
Considera-se o prazo de exploração previsto ou através da divisão da extração
anual pela capacidade.

Exemplo:
Calcule o prazo de exploração de uma jazida (local com itens de exploração mine-
ral) adquirida por R$ 1.200.000, com mais R$ 800.000,00 gastos para viabilizar o início da
exploração, que será de 40 anos.

100% = 2,5% ao ano


40anos

2.000.000 x 2,5% = 50.000

ou
Total a exaurir: 1.200.000 + 800.000 = 2.000.000

2.000.000 = 50.000,00
40 anos

4.1.2. Recursos florestais

De acordo com o art. 328 do RIR/99, poderá ser computada, como custo ou en-
cargo, em cada período, a importância correspondente à diminuição do valor de recursos
florestais resultante de sua exploração.
O cálculo para floresta plantada será, portanto, através da capacidade total, ou
seja, número de árvores extraídas dividido pelo número de árvores existentes no início do
período de apuração.

Número de árvores extraídas no período = taxa de exaustão


Número de árvores existentes no período

Para florestas naturais, o cálculo será pelo percentual entre os recursos florestais
extraídos no período e o volume dos recursos florestais existentes no início do mesmo
período.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 34


Área explorada no período = taxa de exaustão
Área total dos recursos do período

4.2 Contabilização da Exaustão


Para contabilizar a exaustão, utiliza-se uma conta de resultado e uma conta redu-
tora do ativo:

D – Exaustão (CR)
C – Exaustão Acumulada (redutora do Ativo)

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 35


5 CONTABILIZAÇÃO E APURAÇÃO DO RESULTADO: CPC 29

5.1 Esquema de Contabilização da Cultura Temporária

Figura 1 - Esquema de Contabilização - Cultura Temporária

Fonte: o autor.

Note que a conta Cultura Temporária absorve todos os gastos até o final: a colheita.
Quando, então, o saldo desta conta será transferido para a conta Produtos Agrícolas que
receberá os custos que ocorrerem após a colheita, mas que são necessários para que o

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 36


produto fique pronto para venda, como, por exemplo, gastos com o acondicionamento dos
produtos colhidos.
Após o produto estar pronto para venda, os gastos passam a ser classificados
como despesas. Estas, por sua vez, irão para contas específicas que posteriormente serão
encerradas para apuração do resultado exercício.

5.1.1 Lançamentos contábeis na cultura temporária


Pela formação da colheita
D – Cultura Temporária (arroz, soja etc.) - Ativo Circulante
C – Caixa, Fornecedores, depreciação acumulada

Pela colheita (Produtos Colhidos)


D – Produtos Agrícolas (Ativo Circulante)
C – Cultura Temporária (Ativo Circulante)

Pela Venda
D – Caixa, Bancos, Clientes (Ativo Circulante)
C – Venda de Produtos Agrícolas (Conta de Resultado)

Pela Apuração do Resultado


D – Custo dos Produtos Vendidos (Conta de Resultado)
C – Produtos Agrícolas (Ativo Circulante)

5.1.2 Lançamentos contábeis na cultura permanente


Os lançamentos contábeis na cultura permanente são:

1º - Formação da Cultura: registram-se os gastos com a formação da Cultura Per-


manente na Conta Cultura Permanente em Formação (Ativo Não Circulante - ANC)

D – Cultura Permanente em Formação (ANC)


C – Caixa, Fornecedores etc. (Ativo Circulante - AC)

2º - Término da Formação: transferem-se os gastos da conta Cultura Permanente


em Formação para Conta Cultura Permanente Formada, também do Ativo Não Circulante.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 37


D – Cultura Permanente Formada (ANC)
C – Cultura Permanente em Formação (ANC)

3º - Período de Formação do Produto: cria-se a Conta Colheita em Formação (Ativo


Circulante).

D – Colheita em Formação (Ativo Circulante - AC)


C – Caixa, Fornecedores, Depreciação Acumulado

4º - Término da Colheita: após o término da colheita transfere-se o saldo da Conta


Colheita em Formação para a Conta Produtos Agrícolas (Ativo Circulante).

D – Produtos Agrícolas (AC)


C – Colheita em Formação

5º - Venda dos Produtos.

D – Caixa, Clientes etc.


C – Venda de Produtos Agrícolas – café, laranja

6º - Apuração do Resultado

D – Custo dos Produtos vendidos (Conta de Resultado)


C – Produtos Agrícolas (AC)

Vale reforçar que gastos que acrescentam vida útil à cultura ou que beneficiam
mais de uma safra devem ser imobilizados para serem depreciados. No caso de empresas
com mais de uma atividade os custos indiretos devem ser rateados.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 38


SAIBA MAIS

No caso da Cultura Permanente há produtos que não passam pelo estágio de cultura
em formação para cultura formada, uma vez que, no momento de considerar a cultura
como formada ela é ceifada como ocorre geralmente com as culturas de cana-de-açú-
car, palmito, eucalipto, pinho entre outras que são cortadas para brotarem novamente.

Fonte: Marion (2017, p. 20).

REFLITA

Você acha que a cultura permanente dá mais trabalho para sua contabilização ao ponto
de justificar o desinteresse por parte do empresário rural nesta área da Ciência Contá-
bil?

Fonte: o autor.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 39


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vimos os tipos de Cultura, conhecendo as


característica da Cultura Temporária e da Cultura Permanente. Você pôde ver que ambas
possuem procedimentos contábeis diferentes e que exigem cuidados específicos para que
a contabilidade rural exerça sua função gerencial e fiscal. Com relação aos bens e direitos
registrados no Ativo Não Circulante, Imobilizado e Intangível aprendeu que as reduções
podem ocorrer através de depreciação, amortização e exaustão, bem como os conceitos,
métodos e forma de contabilização de cada um destes itens.
A partir de agora você está preparado(a) para seguir se aprofundando na contabi-
lidade rural. Convido você a seguir em frente e conhecer, na Unidade III deste material, a
Contabilidade da Pecuária.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 40


LEITURA COMPLEMENTAR

Veja a seguir a estimativa de vida útil de alguns equipamentos, implementos e


construções rurais:
● Paredes de tijolos, coberta de telha: duração de 25 anos e taxa de depreciação
de 4% ao ano.
● Parede de madeira, cobertura de telha: duração de 15 anos e taxa de depreciação
de 6,7%.
● Cercas de arames: duração de 10 anos e taxa de depreciação 10% ao ano.
● Cerca elétrica: duração de 10 anos e taxa de depreciação 10% ao ano.
● Tratores de roda: duração de 10 anos e taxa de depreciação 10% ao ano.
● Adubadeira: duração de 8 anos e taxa de depreciação 12,5% ao ano.
● Café: duração de 20 anos e taxa de depreciação 5% ao ano.
● Banana: duração de 08 anos e taxa de depreciação 12,5% ao ano.
● Laranja: duração de 15 anos e taxa de depreciação 6,67% ao ano.

Fonte: Marion e Segatti (2012).

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 41


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Contabilidade Rural
Autor: José Carlos Marion
Editora: Atlas
Sinopse: Este texto, utilizando-se de uma abordagem atual, práti-
ca e objetiva, vem preencher uma lacuna na bibliografia de Conta-
bilidade Rural no Brasil, e atender a necessidade de um texto com
conteúdo programático adequado ao ensino e à prática profissio-
nal. Em primeiro lugar, trata da Contabilidade Agrícola, em que são
destacadas as diferenças básicas na contabilização das culturas
temporárias e permanentes, bem como é analisado o tratamento
contábil que deve ser dado ao desmatamento e preparo do solo
para o cultivo. Um dos pontos altos aqui abordados é o tratamento
da depreciação na agropecuária. Além disso, o autor introduz um
plano de contas para empresas agrícolas e faz comentários sobre
o funcionamento das principais contas. Em segundo lugar, discorre
sobre a Contabilidade de Pecuária e trata pormenorizadamente do
método de custo, do custo na pecuária, bem como do método do
valor de mercado. Em terceiro lugar, trata do Imposto de Renda
aplicado à atividade rural.
Em resumo, o conteúdo deste livro é o seguinte:  conceitos bási-
cos da atividade rural: agrícola, zootécnica e agroindustrial; ano
agrícola X exercício social; forma jurídica de exploração na agro-
pecuária; fluxo contábil na atividade agrícola: culturas temporárias,
permanentes, correção monetária; novos projetos agropecuários
e gastos com melhorias; depreciação na agropecuária; casos de
exaustão e amortização; planificação contábil e operacionalização
do plano de contas; inventário periódico e permanente; sistema
auxiliar de contas; contabilidade da pecuária; classificação do
gado no balanço patrimonial; métodos do custo X método a valor
de mercado; Imposto de Renda - pessoa jurídica.  
Livro-texto para a disciplina CONTABILIDADE RURAL/CON-
TABILIDADE AGROPECUÁRIA/CONTABILIDADE AGRÍCOLA
do curso de graduação em Ciências Contábeis. Pela atualidade
dos assuntos tratados, é recomendado como manual de consulta
para contadores, envolvidos na contabilização e preparação da
documentação para o Imposto de Renda, e outros profissionais
que exercem atividades agropecuárias.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 42


FILME/VÍDEO
Título: Cavalo de Guerra
Ano: 2012
Sinopse: Ted Narracot (Peter Mullan) é um camponês destemido
e ex-herói de guerra. Com problemas de saúde e bebedeiras,
batalha junto com a esposa Rose (Emily Watson) e o filho Albert
(Jeremy Irvine) para sobreviver numa fazenda alugada, proprieda-
de de um milionário sem escrúpulos (David Tewlis). Cansado da
arrogância do senhorio, decide enfrentá-lo em um leilão e acaba
comprando um cavalo inadequado para os serviços de aragem nas
suas terras. O que ele não sabia era que seu filho estabeleceria
com o animal uma conexão jamais imaginada. Batizado de Joey
pelo jovem, os dois começam seus treinamentos e desenvolvem
aptidões. Mas a 1ª Guerra Mundial chegou e a cavalaria britânica
o leva embora, sem que Albert possa se alistar por não ter idade
suficiente. Já nos campos de batalha e durante anos, Joey mostra
toda a sua força e determinação, passando por diversas situações
de perigo e donos diferentes, mas o destino reservava para ele um
final surpreendente.

UNIDADE II Contabilidade Agrícola 43


UNIDADE III
Contabilidade Pecuária
Professor Ivã da Cruz de Araújo

Plano de Estudo:
● Sistemas de Produção;
● Pastagem;
● Tipos de Pastoreio;
● Alimentação Suplementar;
● Reprodução;
● Especialização das Propriedades Pecuárias;
● Divisão do Rebanho em Categorias;
● Cálculo do Custo do Bezerro;
● Contabilização e Apuração do Resultado: CPC 29.

Objetivos de Aprendizagem:
● Conceituar Pecuária;
● Compreender a pastagem, tipos de pastoreio, alimentação suplementar;
● Conhecer processos como reprodução, Divisão dos Rebanhos;
● Aprender a calcular o custo do bezerro;
● Entender a contabilização e apuração do resultado.

44
INTRODUÇÃO

Olá!
Na unidade anterior você conheceu a Contabilidade Rural voltada para agricultura,
agora é hora conhecer como utilizar esta área da ciência contábil ligada à pecuária. Essa
unidade foi elaborada para que você entenda a pecuária e seus processos, tais como a
produção, a reprodução, os custos do bezerro e a apuração do resultado. Conhecer estes
processos, bem como entender como a contabilidade trabalha com a pecuária, ampliará
seus conhecimentos contábeis enriquecendo ainda mais sua formação acadêmica e pro-
fissional.

Boa leitura e bons estudos.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 45


1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Ao ouvir a palavra gado você, se não trabalha nesta área, provavelmente deve
associar a boi ou vacas. Porém gado são animais criados em campo para serviços de
lavoura, consumo e para fins industriais e/ou comerciais, tais como:
● Bovinos: bois, vacas;
● Caprinos: bodes, cabras;
● Equinos: cavalos, asnos, zebras, pôneis;
● Ovinos: carneiros, ovelhas;
● Muares: burros, mula;
● Bubalinos: búfalos.

Marion e Segatti (2012) referem-se à pecuária como a arte de criar gado. Explicam
que os bovinos, também chamados Gado Vacum, servem às seguintes finalidades: traba-
lho, reprodução, corte e leite. Utilizaremos neste material os bovinos como exemplo.

Os sistemas de reprodução do bovino são divididos em:


● Extensivo;
● Semi-intensivo;
● Intensivo.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 46


1.1 Sistemas de Reprodução Extensivo
O sistema de reprodução extensivo caracteriza-se por processos mais simplifica-
dos, em que a Unidade Animal (UA) por hectare (ha) é menor.
Para Marion e Segatti (2012 p. 6), nesse sistema de reprodução
Geralmente os animais são mantidos em pastos nativos ou cultivados na de-
pendência exclusiva dos recursos naturais. Este sistema caracteriza-se por
baixa lotação variando de 0,4 a 0,8 UA/ha/Ano, em áreas contíguas sem
planejamento adequado de lotação e disponibilidade de forragens. O ma-
nejo sanitário baseia-se simplesmente em calendários oficiais e vacinação
da região em está inserida a propriedade. O manejo zootécnico é ausente
ou pouco presente, não se preocupando com o suprimento de forragem no
período adverso do ano(seca). É um sistema utilizado ainda em áreas re-
cém-desbravadas, onde a produção de forrageira exerce forte pressão sobre
recursos naturais. (MARION; SEGATTI, 2012, p. 6).

1.2 Sistema de Reprodução Semi-Intensivo


Com relação ao Sistema de Reprodução Semi-intensivo, Marion e Segatti (2012)
explicam que a falta de inviabilidade técnica e econômica do sistema extensivo, devido a
degradação das forrageiras ou pastagens, obriga o pecuarista que pretende manter-se na
atividade a implantar forrageiras que sofrem pastoreio racional através de subdivisões das
pastagens, levando a uma maior capacidade de suporte por unidade área, chegando até a
4,0 UA/ha/ano.
Nesse sistema as pastagens/forrageiras recebem normalmente corretivos de solo
(calcário), adubação química. Além de um manejo mais adequado do rebanho, exige vaci-
nas obrigatórias entre outros processos, como vermifugação, mineralização e acompanha-
mento zootécnico do rebanho.

1.3 Sistema de Reprodução Intensivo


Esse sistema, devido ao aumento da população e redução da área útil, com o intuito
de obter maior produtividade e rentabilidade aliadas à tecnologia, exige maiores cuidados.
Marion e Segatti (2012, p. 7) explicam que este sistema consiste
Na formação de pastagens artificiais adequadamente adubadas e até irriga-
das, com forrageiras adequadas à região, propiciando a divisão dos pastos
para o estabelecimento do rodízio (permite repouso e recuperação das pas-
tagens). Na melhoria tanto das condições de alimentação (arraçoamento, sal,
minerais etc.), associando pasto + suplementação, ou pasto +confinamento,
como da ordem higiênico-sanitária, o que foi possível pela redução da dis-
tância entre o curral e o rebanho. Na introdução de novas raças produtivas,
adequadas à região, em substituição aos gados nativos. (MARION; SEGAT-
TI, p. 7).

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 47


2 PASTAGEM

A pastagem é o local onde o animal pasta e come ervas não ceifadas. Divide-se
em:
● Pastagem natural;
● Pastagem artificial.

2.1 Pastagem Natural


Também denominado pasto nativo, a pastagem natural é aquela cuja área não
foi cultivada, mas é possível o aproveitando do potencial da natureza e geralmente não
apresenta problemas com erosão. São exemplos de pastagens naturais:
● Campos;
● Capins Naturais.

2.2 Pastagem Artificial


São áreas cultivadas que exigem preparo do solo para que sirvam para criação
de animais. As principais forrageiras utilizadas nos pastos artificiais são as gramíneas,
leguminosas e cactáceas.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 48


3 TIPOS DE PASTOREIO

O pastoreio é a forma como o pecuarista controla a utilização do pasto, inclusive


planejando número de cabeças por hectare. Basicamente há dois tipos de pastoreio: o
rotativo, que funciona como sistemas de rodízio, e o pastoreio contínuo.
● Pastoreio Rotativo: nesse tipo de pastoreio é feito um rodízio para manter o
pasto em repouso para que ele se recupere e seja, posteriormente, aproveitado
com qualidade nutricional. Divide-se a área em partes menores para que o
rodízio destas áreas seja implantando.
● Pastoreio Contínuo: esse tipo de pastoreio consiste em deixar o gado no mes-
mo pasto permanentemente.

Em ambos os tipos de pastoreios, geralmente, há um controle para separar os ani-


mais em lotes de acordo com suas categorias, como, por exemplo, vacas de cria, animais
para engorda etc.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 49


4 ALIMENTAÇÃO SUPLEMENTAR

Basicamente, o objetivo da alimentação suplementar é fornecer para o gado nu-


trientes necessários para seu crescimento saudável. Esses nutrientes, tais como proteínas,
minerais, vitaminas e carboidratos, melhoram a produtividade dos bovinos durante o perío-
do de seca.
No período de seca as pastagens crescem com baixos índices nutricionais, o que
requer suplementação para não prejudicar a qualidade do gado.
Conhecer as melhores estratégias para manter, com menor custo possível, uma
boa alimentação para gados de corte e de leite é extremamente necessário para o empre-
sário rural. Este, por sua vez, deve procurar informação especializada e tomar medidas que
melhor se enquadrem em sua propriedade e produção, principalmente por haver diversas
variáveis que influenciam em cada caso, como, por exemplo, a diferença de climas nas
regiões do país.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 50


5 REPRODUÇÃO

Parte fundamental também na pecuária, a reprodução consiste em multiplicar a es-


pécie através de manipulação planejada. Buscar conhecimento para aprimorar técnicas de
reprodução deve ser uma constante do empresário rural, que deve sempre buscar melhorar
a qualidade e rendimento das próximas gerações.

5.1 Métodos de Reprodução


De acordo com Marion e Segatti (2012), os métodos de reprodução mais encontra-
dos são:
● Seleção: trata-se do acasalamento de bovinos escolhidos dentro do plantel,
considerando suas características raciais, produtividade etc., visando a melho-
ria da qualidade nas gerações vindouras.
● Consanguinidade: tendo como objetivo o aprimoramento de uma raça, faz-se o
acasalamento de animais com alto grau de parentesco, como pai-netas, filho-
-mãe etc.
● Cruzamento: reprodução entre animais da mesma espécie, porém de raças
diferentes.

5.2 Formas de Reprodução


Há três formas utilizadas para reprodução, sendo a monta natural livre a mais utili-
zada. Crepaldi (2012, p. 231) afirma que há três formas:

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 51


A Monta Natural Livre é mais a usada; nela, o reprodutor permanece o tempo
todo com as vacas. Neste caso, a perda de cio é menor pelo fato de o próprio
macho identificar as fêmeas (vacas e novilhas) nesta fase. A relação de touro/
vaca é menor (um touro para 20 a 25 vacas) pelo possível desgaste ocasio-
nado por sucessivas montas numa vaca em cio; por este motivo são pouco
utilizados animais de alto valor genético nesse tipo de manejo.
[...]
Monta Natural controlada ou inseminação artificial é o sistema em que a vaca
observada em cio é levada ao reprodutor ou inseminada. As vantagens deste
tipo de manejo são de poder-se anotar corretamente as datas da cobertura
ou inseminação artificial, possibilitar maior controle de infecções relacionadas
à reprodução, de melhor aproveitamento de um bom reprodutor, graças ao
aumento da relação touro/vaca. Como desvantagens, verifica-se a neces-
sidade de mais e melhor mão de obra e perda de cios por deficiência na
observação deste cio.
[...]
A monta natural parcialmente controlada é o sistema em que o reprodutor
permanece junto com as vacas certo período do dia. É também um sistema
de manejo que se aplica a gado de leite, uma vez que por ocasião das or-
denhas, pela manhã e à tarde, o reprodutor é então colocado junto com as
vacas. Facilita a identificação de cios feita pelo próprio reprodutor e não per-
mite seu desgaste, uma vez que, após uma ou duas montas, a vaca em cio é
separada do reprodutor. (CREPALDI, 2012, p. 231).

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 52


6 ESPECIALIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES PECUÁRIAS

A especialização das atividades pecuárias possui três fases principais que são
executadas individualmente ou em combinações.
● Cria;
● Recria;
● Engorda.

A cria é a produção principal, o bezerro é vendido após o desmame. Geralmente


a matriz produz um bezerro por ano e o desmame ocorre num período igual ou inferior a
12 meses. A recria consiste em, após desmamar o bezerro (entre 13 a 23 meses), produzir
e vender o novilho magro para engorda. A engorda é a atividade que, a partir do novilho
magro, produz o novilho gordo para venda.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 53


7 DIVISÃO DO REBANHO EM CATEGORIAS

A divisão do rebanho segue critérios como idade, peso e sexo e facilita a forma
como o rebanho deve ser manejado, bem como interfere no controle da pastagem.

7.1 Classificação por Idade


O rebanho é dividido em:
● Bezerro;
● Novilha: antes da primeira parição;
● Vaca – Matriz: após a primeira parição;
● Novilho: estágio do desmame;
● Boi: bovino adulto castrado;
● Garrote: macho inteiro não castrado;
● Touro: reprodutor.

7.2 Classificação Contábil do Gado


O Parecer Normativo nº 57/76 do Fisco indica a classificação a ser utilizada para o
Ativo Imobilizado:
Podemos considerar como integrante do ativo imobilizado as contas a seguir
indicadas, tendo em vista o disposto no art. 241 - RIR/75, Decreto 76.186/75,
verbis: “Integram o ativo imobilizado, para os efeitos de correção monetária,
os bens que se destinem à exploração do objeto social ou à manutenção das
atividades da pessoa jurídica.”

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 54


2.1.1. Gado Reprodutor, indicativa de touros puros de origem, touros puros
de cruza, vacas puras de cruza, vacas puras de origem e plantel destinados
à inseminação artificial;
2.1.2. Gado de Renda, representando bovinos, suínos, ovinos e equinos que
a empresa explora para a produção de bens que constituem objeto de suas
atividades;
2.1.3. Animais de Trabalho, compreendendo equinos, bovinos, muares, asini-
nos destinados a trabalhos agrícolas, sela e transporte.

Quanto ao Ativo Circulante, o parecer diz que devem ser classificados neste grupo
animais pequenos destinados à revenda ou para consumo e gados. Exemplos:
● Aves;
● Gado bovino;
● Suínos;
● Ovinos;
● Caprinos;
● Coelhos;
● Peixes.

Vale reforçar que na pecuária o período de curto e longo prazo é definido com
base no ciclo operacional da atividade. Desta forma, e seguindo a Lei 6.404/76 (Lei das
Sociedades Anônimas), o curto prazo leva em média três a quatro anos.
Para evitar o trânsito entre Ativo Circulante e Ativo Não Circulante desnecessariamente
deve-se confirmar a real capacidade de reprodução do animal para, só então, reclassificá-lo
como imobilizado. Até esta confirmação este permanece no Estoque - Ativo Circulante.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 55


8 CÁLCULO DO CUSTO DO BEZERRO

Como você já sabe controlar os custos de qualquer empresa, qualquer processo ou


atividade é de suma importância. Na pecuária esse controle também se faz necessário, o
que exige planejamento e muito controle.
O método de custo é definido por Crepaldi (2012) como o método que considera,
para efeito de registro, os valores de aquisição ou de produção. Já o método de valor de
mercado considera o preço de mercado do plantel, reconhecendo-o sempre que houver
ganho econômico, uma vez por ano, considerando que o rebanho cresce naturalmente.
Para fins didáticos, no próximo tópico você verá como contabilizar pelo método de
custo, porém não deixe de ler nos livros sugeridos o método de contabilização pelo método
de mercado.
Os principais Custos do Rebanho em Formação são:
● Salários e encargos sociais;
● Manutenção e conservação;
● Combustíveis;
● Energia Elétrica;
● Seguros;
● Depreciação de Instalações;
● Depreciação e exaustão de pastos bem como de outros ativos;
● Serviços profissionais;

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 56


● Fretes;
● Peças de Reposição;
● Manutenção de cercas;
● Depreciação de matrizes;
● Depreciação de reprodutores;
● Materiais de inseminação;
● 13º Salário;
● Férias.

Cabe à Contabilidade avaliar os gastos e classificá-los como custos ou despesas.


Um bom plano de contas é de suma importância para auxiliar na contabilização desses
gastos. Os gastos com administração da empresa (fazenda) podem ser, por exemplo, lan-
çados como despesas, já os custos podem ser diretos, quando de fácil identificação com o
produto, ou indiretos, quando houver a necessidade de rateio (divisão dos custos indiretos
entre os produtos).
A empresa pode ainda adotar a departamentalização e dividir as contas em depar-
tamentos de serviços que acumularia os gastos com Assistência Técnica e Almoxarifado e
Departamento Produtivo para, por exemplo, os processos de cria, recria e engorda.
Marion (2017) afirma que o método de custo assemelha-se ao mesmo aplicado à
empresa industrial, sendo que todo o custo da formação do rebanho é acumulado ao plantel
e registrado no Estoque - Ativo Circulante (Ativo Biológico). Quando o estoque for vendido
ocorrerá a baixa, debitando-se o Custo do Gado Vendido.
Crepaldi (2017) menciona o Sistema de Custeio por Absorção como método de
apropriação dos custos, que segue quatro passos:
a) Separação dos gastos do período e classificação em custos e despesas.
b) Classificação dos Custos em diretos e indiretos.
c) Apropriação dos custos diretos aos produtos.
d) Ratear e apropriar os custos indiretos à produção.

A importância de separar custos e despesas é que as despesas irão diretamente


para o resultado (Demonstração do Resultado do Exercício), enquanto os custos serão
apropriados aos estoques. No próximo tópico você verá a contabilização deste processo e
ficará ainda mais claro porque classificar os gastos em custos e despesas é tão importante.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 57


9 CONTABILIZAÇÃO E APURAÇÃO DO RESULTADO: CPC 29

Prezado(a) aluno(a), como você sabe a Ciência Contábil tem como principal obje-
tivo fornecer informações para tomada de decisão, estudando e controlando o patrimônio
das entidades. Na empresa rural, os processos, embora um pouco diferentes, utilizam os
mesmos princípios contábeis aplicados nas empresas comerciais e industriais.

9.1 Contabilização pelo Método de Custo

Como você viu no tópico anterior, esse método consiste em acumular os custos de
formação do rebanho na conta Estoque – Ativo Biológico – Ativo Circulante, que, por oca-
sião das vendas, é baixado e levado ao resultado como Custo do Gado Vendido, apurando
o lucro no momento da venda.

Considere uma empresa que no ano X1 apurou os seguintes fatos:


a) Nascimento de 12 bezerros: 6 machos e 6 fêmeas;
b) A empresa possui reprodutores no valor de R$ 4.800,00 e matrizes de R$
4.000,00.
c) Custo com rebanho no período no valor de R$ 12.000,00, sendo:
● Salário dos Vaqueiros de R$ 5.000,00;
● Rações de R$ 3.000,00;
● Manutenções de R$ 2.000,00;

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 58


● Depreciação de Matrizes e Reprodutores de R$ 1.000,00.
● Exaustão de pastagens no valor de R$ 1.000,00.

Considere que esses custos já estão registrados em contas específicas e que falta
apenas serem transferidos para a formação do rebanho.

Teríamos então:

Pela Formação do Rebanho:

D – Custo do Rebanho em Formação (AC) R$ 12.000,00


C – Salário dos Vaqueiros R$ 5.000,00
C – Rações R$ 3.000,00
C – Manutenções R$ 2.000,00
C – Depreciação de Matrizes e Reprodutores R$ 1.000,00
C – Combustíveis R$ 1.000,00

D – Bezerros de 0 a 8 meses (AC)


C – Custo do Rebanho em Formação R$ 6.000,00 (AC)

D – Bezerras de 0 a 8 meses (AC)


C – Custo do Rebanho em Formação R$ 6.000,00 (AC)

Note que o custo unitário do bezerro seria de


R$ 12.000,00 / 12 = R$ 1.000,00.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 59


No Balanço Patrimonial teríamos:

Quadro 1 - Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial
Ativo 31/12/x0 31/12/x1
Ativo Circulante    
Ativo Biológico    
Bezerro de 0 a 8 meses 0 6.000,00
Bezerra de 0 a 8 meses 0 6.000,00
     
Ativo Não Circulante    
Imobilizado (Ativos Biológicos)    
Reprodutores 4.800,00 4.800,00
(-) Depreciação Acumulada   (600,00)
Matrizes 4.000,00 4.000,00
(-) Depreciação Acumulada   (400,00)
     
Total de Ativos Biológicos 8800 19.800,00
Fonte: o autor.

Essa mesma empresa no ano X2 apresentou os seguintes fatos:

a) Nascimento de mais 12 bezerros: 6 machos e 6 fêmeas;


b) Custo com rebanho no período no valor de R$ 24.600,00, sendo:
● Salário dos Vaqueiros de R$ 8.600,00;
● Rações de R$ 8.000,00;
● Manutenções de R$ 4.000,00;
● Depreciação de Matrizes e Reprodutores de R$ 1.000,00.
● Combustíveis no valor de R$ 3.000,00.

A contabilização dos custos seria igual, porém teríamos um custo unitário calculado
considerando novos bezerros:
R$ 24.600,00 / 24 bezerros = R$ 1.025,00

Agora temos dois processos que precisam de atenção:

A conta Custos do Rebanho em Formação estará com Saldo de R$ 24.600,00.


O Saldo das Contas de Bezerros de 0 a 8 meses e Bezerras de 0 a 8 meses será
transferido para contas Novilhos de 9 a 18 meses e Novilhas de 9 a 18 meses

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 60


C – Bezerras de 0 a 8 meses
D – Novilhos de 9 a 18 meses ........... R$ 12.000,00

C – Bezerras de 0 a 8 meses
D – Novilhos de 9 a 18 meses ....... R$ 12.000,00

Temos, então, o Custo do ano X2 e o nascimento de mais 12 bezerros que precisam


ser contabilizados. É preciso, portanto, apropriar o custo unitário de 1.025 por cabeça para
os bezerros que já são novilhos e também apropriar os custos para os bezerros nascidos
em X2.

Referente X1: 12 cabeças de R$ 1.000,00 cada + (12 x 1.025) = 24.300,00


Referente X2: 12 cabeças x R$ 1.025,00 = 12.300,00
Total do Rebanho: 36.600,00

Quadro 2 - Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial
Ativo 31/12/x0 31/12/x1 31/12/x2
Ativo Circulante      
Ativo Biológico      
Bezerro de 0 a 8 meses 0 R$ 6.000,00 R$ 12.150,00
Bezerras de 0 a 8 meses 0 R$ 6.000,00 R$ 12.150,00
Novilhos de 9 a 18 meses 0   R$ 6.150,00
Novilhos de 9 a 18 meses 0   R$ 6.150,00
       
Ativo Não Circulante      
Imobilizado (Ativos Biológicos)      
Reprodutores R$ 4.800,00 R$ 4.800,00 R$ 4.800,00
(-) Depreciação Acumulada   - R$ 600,00 (R$ 1.200,00)
Matrizes R$ 4.000,00 R$ 4.000,00 R$ 4.000,00
(-) Depreciação Acumulada   - R$ 400,00 (R$ 800,00)
       
Total de Ativos Biológicos 8800 R$ 19.800,00 R$ 43.400,00
Fonte: o autor.

E assim sucessivamente.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 61


9.2 Contabilização da Morte de Bezerros
Considere ainda o exemplo citado no tópico 9.1, porém no ano X3.
● nasceram 20 bezerros, sendo metade machos e metade fêmeas.
● morreram 10 bezerros, no início de X3, referente ao lote de bezerros de 0 a 8
meses.
● o custo do rebanho em X3 ficou em R$ 40.000,00.

Para fins de avaliação, o custo unitário dos bezerros de 0 a 8 meses no início de


X3 é R$ 1.025,00. O custo dos bezerros mortos totaliza R$ 10.250,00 e será tratado como
perda do período (irá direto para o Resultado).
Veja como o custo deve ser calculado:

Ref x1: 12 cabeças


Ref x2: 12 cabeças
Ref x2: (10 mortes)
Ref x3: 20 cabeças
Total: 34 cabeças que receberão custos.

R$ 40.000,00/34 cabeças = R$ 1.176,47 (custo unitário a ser apropriado ao rebanho


vivo).

Referente X1: 12 cabeças de R$2.025,00 cada + (12 x 1.176,47) = R$ 38.417,64


Referente X2: 2 cabeças x R$ 1.025,00 + (2x 1.176,48) = R$ 4.402,96
Referente X3: 20 cabeças x R$ 1.176,47 = R$ 23.529,40
Total do Rebanho: R$ 66.350,00

9.3 Resultado
Considere um rebanho com custo unitário de R$ 14.000,00 e com preço de venda
da cabeça por R$ 20.000,00. A empresa vendeu um boi.

D – Caixa
C – Venda de gado ..... R$ 20.000.00

D – Custo do Gado Vendido


C – Bovinos para Corte (Estoque – Ativo Circulante) .... R$ 14.000,00

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 62


Quadro 3 - DRE

Demonstração do Resultado do Exercício


Receita Bruta R$ 20.000,00
(-) Custo do Gado Vendido (R$ 14.000,00)
Lucro Bruto R$ 6.000,00
Fonte: o autor.

9.4 Rebanho Transferido para o Imobilizado


Quando o touro e/ou a vaca forem transferidos como reprodutores, devem sair do
Ativo Circulante e serem registrados no Ativo Não Circulante – Imobilizado. Nesse caso
começarão a sofrer depreciação. Os reprodutores são depreciados em oito anos e as ma-
trizes, em dez.

SAIBA MAIS

Veja a seguir as principais forrageiras utilizada nos pastos artificiais:


● Gramineas: capim, clonião, mombaça, tanzânia, brachiaria, capim, pangola, tifton,
coast cross entre outros.
● Leguminosas: alfafa, soja perene, siratro, guandu, leucena, aracleis, amendoim for-
rageiro.
● Cactáceas: palma, mandacaru, xiquexique.
● Outras: mandioca, batata-doce, cana-de-açúcar, silagem de milho etc.

Fonte: Marion e Segati (2012).

REFLITA

Você acha que o consumo de carne bovina causa problemas ao meio ambiente?

Fonte: o autor.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 63


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prezado(a) aluno(a), chegamos ao final de mais uma unidade capítulo desta fasci-
nante busca por conhecimento em contabilidade rural. Nesta unidade você pôde conhecer
como funciona a pecuária e seus processos, entender as formas de reprodução dos ani-
mais na pecuária, bem como entender como a contabilidade registra estas informações. A
partir de agora, depois de conhecer a forma como os custos são calculados, bem como o
resultado é apurado, você está pronto(a) para seguir adiante e se aprofundar ainda mais
neste ramo da contabilidade.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 64


LEITURA COMPLEMENTAR

A empresa rural pode expandir seus negócios incluindo atividade complementa-


res que podem acrescentar resultado interessantes em seus negócios. O artigo a seguir
apresenta informações sobre o manejo de desejos animais e sua utilização para melhoria
econômica da empresa.

Tecnologias a serviço da sustentabilidade e rentabilidade da produção pecuária.


Manejo de dejetos animais ajuda na mitigação dos Gases do Efeito Estufa (GEE) e
melhora a economia da propriedade rural

Sustentabilidade e produtividade são os principais objetivos da atividade pecuária


moderna. Pesquisas científicas e o compartilhamento de experiências tem levado produto-
res do País a adotar métodos e técnicas que aumentam a produção, diminuem a emissão
de Gases do Efeito Estufa (GEE) e ainda geram economia para as propriedades, principal-
mente pelo recolhimento de dejetos para a geração de energia elétrica.
O estudo promovido pelo Projeto “Pecuária de Baixa Emissão de Carbono: geração
de valor na produção intensiva de carne e leite”, como parte do Plano de Agricultura de Bai-
xa Emissão de Carbono (Plano ABC), coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento com apoio do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
(IICA), sublinhou pelo menos três métodos para que se aproveite os dejetos em função da
sustentabilidade da propriedade.
A primeira sugestão do estudo são os biodigestores, que a partir dos dejetos pro-
duzem o biogás, rico em CH4 e com alto potencial de combustão. O biocombustível, como
também é chamado, pode abastecer redes elétricas e a sua produção reduz a emissão do
poluente CH 4 na atmosfera.
Os biodigestores são equipamentos que permitem a degradação da biomassa
residual sem que ocorra qualquer tipo de contato com o ar. A digestão anaeróbica propor-
ciona condições para que sejam multiplicadas alguns tipos de bactérias que aceleram a
degradação dos dejetos.
“Esse método representa uma das formas mais eficazes para o tratamento dos
efluentes da produção bovina confinada. E tem ainda como vantagem o fato de reduzir odo-

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 65


res e agentes patogênicos que poderiam ser transmitidos pelo dejeto”, explica o consultor
do Projeto e médico-veterinário, Fabiano Coser.
Ainda segundo o consultor, o biogás produzido nos biodigestores pode seguir di-
ferentes rotas de aproveitamento. O uso direto do biogás na geração de energia térmica
pode representar uma alternativa econômica para, por exemplo, a secagem de grãos, o
aquecimento de ambientes (principalmente na avicultura e suinocultura), o aquecimento
da água para o banho ou para lavagem das instalações, e também no fogão doméstico ou
industrial. No entanto, a rota menos sustentável é a queima via flare, que contribui para a
mitigação do aquecimento global, mas não gera valor econômico direto.
Segundo determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), é legal
gerar a própria energia elétrica e fornecer o excedente para a rede de sua localidade. A
concessionária permite a micro e minigeração distribuídas de energia elétrica a partir de
fontes renováveis ou cogeração qualificada. Assim, os produtores podem aliar economia
financeira, com a consciência ambiental e a autossustentabilidade.

Separação de dejetos
Antes de depositar os dejetos em qualquer sistema, no entanto, é preciso fazer a
separação física para garantir eficiência no processo de decomposição e até a vida útil do
mecanismo. A separação de fases permite que o processo de degradação dos efluentes se
torne mais eficiente, com mais produção de biogás, por exemplo, o que vai aumentar a pro-
dução de energia, mais rápido, com menor tempo de retenção hidráulica e mais econômico,
já que necessita de biodigestores com menor tamanho para um mesmo número de animais.
No tratamento de dejetos de bovinos por meio de digestão anaeróbia, a etapa de separação
dos dejetos é imprescindível para o bom funcionamento do sistema.

Compostagem
A segunda tecnologia destacada pelo documento é a compostagem dos dejetos.
Trata-se da decomposição biológica aeróbia controlada da matéria orgânica que vai resultar
em um produto estável semelhante ao húmus.
Os benefícios e vantagens da compostagem dos dejetos incluem redução da matéria
seca, geralmente entre 50% e 75%, reduções do volume de dejetos de até 85%, transporte
mais fácil e barato do composto gerado em comparação aos dejetos brutos, formação de
um produto estável que pode ser utilizado como adubo, a diminuição de odores, moscas e
patógenos e o processo simples que não necessita de alta tecnologia.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 66


“A automação do processo de tratamento dos efluentes da bovinocultura acelera o
processo, diminuindo consideravelmente o tempo de estabilização do material, ou seja, o
composto fica pronto mais rapidamente. O controle da temperatura e do teor de oxigênio do
material, com revolvimento diário do composto, garante adequada oxigenação no interior
das leiras”, esclarece Coser.
A compostagem mecanizada detém vantagens muito similares às do sistema de
compostagem via compost barn, pois permite o constante revolvimento do material e me-
lhor controle sobre o processo.

Bi fertilizantes
O terceiro ponto levantado no material divulgado como técnica para reduzir o vo-
lume de dejetos e aumentar a produtividade e mitigar os GEE, é o uso dos biofertilizantes,
que são obtidos durante o processamento dos dejetos nos biodigestores e nos sistemas de
compostagem ou compostagem mecanizada. “Quando finalizado o processo de composta-
gem, seja ele mecanizado ou não, a substância produzida já estará pronta para ser utilizada
na propriedade como fertilizante orgânico para lavouras ou pastagens”, informa Cleandro
Pazinato Dias, consultor do Projeto e médico-veterinário. O biofertilizante resultante irá
reduzir os custos com adubos comprados. “Além disso, poderá ser vendido, tornando-se
uma outra fonte de renda para o produtor”, reforça Dias.
O biofertilizante apresenta alta qualidade para uso agrícola, sua matéria orgânica
contém teor reduzido de carbono (em decorrência de sua perda na forma de CH4 e CO 2) e
alto teor de fósforo. Outra vantagem é que apresenta maior grau de absorção de nutrientes
pelo solo devido ao seu avançado grau de decomposição.

Fonte: Brasil (2018).

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 67


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Contabilidade da Pecuária
Autor: José Carlos Marion e Sonia Segatti
Editora: Atlas
Sinopse: Este livro uniformiza os procedimentos contábeis em
relação às operações efetuadas pelas empresas pecuárias, consi-
derando alguns princípios de contabilidade, de grande relevância
para a Contabilidade da Pecuária, bem como para as disposições
do Imposto sobre a Renda que lhe são pertinentes. Propõe um
modelo contábil atual, demonstrando a situação real das empresas
para os usuários da Contabilidade, sem ferir princípios contábeis e
fiscais, e apresenta um Plano de Contas com as particularidades
das operações realizadas pelas empresas pecuárias. O texto con-
juga três variáveis: fazer com que os relatórios contábeis sejam
úteis para as tomadas de decisão, desenvolver o processo con-
tábil alicerçado na moderna teoria da Contabilidade e considerar
as disposições fiscais relativas à pecuária. São propostos também
dois modelos de apuração de custos, considerando a correção
monetária dos custos históricos; bezerros a nascer; custo do
bezerro nascido; depreciação do touro, matriz e pastagens; custo
do gado no momento da venda; custo do gado morto ou desa-
parecido etc. Os aspectos fiscais são ressaltados e comentados.
Foram pesquisadas, por exemplo, as vantagens da constituição de
uma atividade agropecuária na forma de pessoa física em relação
à pessoa jurídica, e desenvolvidos exemplos de tributação em
ambas as formas de apuração (pessoa física e jurídica). Modelos
de coleta de dados são sugeridos, bem como mapas de planeja-
mento do rebanho em relação à pastagem e de movimentação do
rebanho nas diversas categorias.
Obra recomendada para a disciplina CONTABILIDADE AGROPE-
CUÁRIA dos cursos de Ciências Contábeis. Manual de consulta
para profissionais que exercem atividades pecuárias.

FILME/VÍDEO
Título: Cowspiracy
Ano: 2014
Sinopse: A pecuária pode ser considerada uma das indústrias
mais destrutivas do planeta. Ela é responsável pela emissão de
mais gases que causam o efeito estufa do que a indústria de
transportes e gera intensa destruição dos recursos naturais do
solo. O documentário mostra a descoberta das verdades sobre a
pecuária e o medo das organizações ambientais em falar sobre o
assunto.

UNIDADE III Contabilidade Pecuária 68


UNIDADE IV
Contabilidade Gerencial e Declaração
do Imposto Territorial Rural
Professor Ivã da Cruz de Araújo

Plano de Estudo: ● Declaração do Imposto sobre Pro-


● Planejamento na Atividade Rural; priedade Territorial Rural;
● Controles para a geração da informa- ● Distribuição da Área do Imóvel Rural;
ção; ● Distribuição da Área não utilizada na
● Fato Gerador do ITR; Atividade Rural;
● Imóvel Rural Imune; ● Cálculo do Valor da Terra Nua;
● Contribuinte do Imposto Territorial ● Característica Específica da DITR
Rural; para a Atividade Pecuária;
● Responsável pelo Crédito Tributário; ● Apuração e Contabilização do Impos-
● Domicílio Tributário; to Territorial Rural.

Objetivos de Aprendizagem:
● Entender a importância do planejamento rural;
● Compreender formas de controles e geração de informações para tomada de decisão;
● Compreender as formas de tributação e suas particularidades rurais.

69
INTRODUÇÃO

Olá!

Nas unidades anteriores você conheceu as particularidades das culturas tempo-


rárias e permanentes. Já entendeu que contabilidade na pecuária possui procedimentos
peculiares e que exigem conhecimento contábil de diversas áreas, entre elas a contabili-
dade comercial e a contabilidade de custos. Agora, nesta unidade, você aprenderá sobre o
planejamento e a tributação aplicados à contabilidade de agronegócio.
Por fim aprenderá que contabilidade de agronegócio pode e deve ajudar os empre-
sários rurais com informações importantes, seguras, confiáveis e tempestivas para tomada
de decisão.

Boa leitura e bons estudos!

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 70


1 PLANEJAMENTO NA ATIVIDADE RURAL

Quando se fala em planejamento na atividade rural, além dos controles já conhe-


cidos e também abordados em outras áreas da contabilidade é preciso saber que um bom
planejamento requer informações tempestivas e seguras. Conhecer a propriedade e o
produto a ser desenvolvido é extremamente importante para que bons resultados sejam
alcançados, porém há vários outros itens que precisam ser analisados:
● Definir objetivos bem definidos, como, por exemplo, aumentar a produtividade;
● Conhecer as informações contábeis da empresa;
● Estabelecer metas para custos e despesas;
● Conhecer o calendário de cada atividade da empresa;
● O solo é um dos componentes mais importantes para o meio de produção rural.
É a base do processo produtivo, necessitando, portanto, de cuidados especiais;
● O uso de insumos agrícolas sem desperdícios;
● Um bom controle de estoque;
● Medidas para controle de pragas;
● Utilizar a tecnologia;
● Atualize seu planejamento sempre que necessário.
Como você vê, muitos itens precisam ser analisados para que um planejamento
seja realizado, aumentando, assim, a produtividade, qualidade e, consequentemente, os
resultados da empresa.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 71


2 CONTROLES PARA A GERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Ter informações seguras e confiáveis facilita a tomada de decisão, aplicar a con-


tabilidade gerencial na empresa rural permite controles mais efetivos, bem como fornece
informações importantes para empresário. Conhecer itens como margem de contribuição e
ponto de equilíbrio do produto favorece a criação de metas e objetivos mais claros.
A margem de contribuição é o que sobra das vendas para pagar os gastos fixos,
portanto, através desta informação é possível, por exemplo, identificar o produto que mais
contribui para empresa gerar bons resultados e conhecer, desta forma, qual produto deve
ter sua produção e vendas intensificados.
O ponto de equilíbrio apresenta a partir de que momento a empresa passa a gerar
lucro, dando perspectivas dos resultados, antes mesmo das demonstrações contábeis
estarem disponíveis.
Vale lembrar que na ciência contábil um bom plano de contas permite registros que
fornecerão informações detalhadas para a empresa. Na empresa rural, embora o plano de
contas tenha a mesma finalidade que nas empresas industriais ou comerciais, ele possui
características peculiares devido às atividades exercidas.

2.1 Plano de Contas


A seguir um modelo de plano de contas com as principais particularidades exigidas
para atividades rurais. Vale deixar claro que muitas contas comuns não foram incluídas,
visto que o objetivo aqui e demonstrar um exemplo para empresas rurais.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 72


Quadro 1 - Ativo Circulante

ATIVO CIRCULANTE
1. Disponibilidades 6.1.4. Novilhas de 13 a 24 meses
1.1. Caixa Geral 6.2. Rebanho bovino para corte
1.2. Bancos c/ Movimento 6.2.1. Gado de engorda
2. Clientes 6.2.2. Touros descartados
2.1. Duplicatas a Receber 6.2.3. Matrizes descartadas
3. Créditos Diversos 6.3. Rebanho bovino em trânsito
3.1. Títulos a Receber 6.3.1. Reses em trânsito
3.2. Empréstimos a Receber 6.3.2. Reses a classificar
3.3. Adiantamentos 6.3.3. Reses em pastagens de terceiros
3.3.1. Adiantamento de Salários 6.3.4. Reses em confinamento
4. Impostos e Contribuições a Recuperar 6.4. Rebanho de equinos
4.1. ICMS a Recuperar 6.5. Rebanho de ovinos
5. Aplicações Financeiras 7. Estoques
5.1. Certificados de Depósitos Bancários 7.1. Estoques de produtos agrícolas
6. Rebanhos 7.1.1. Arroz
6.1. Rebanho bovino em formação 7.1.2. Soja
6.1.1. Bezerros de 0 a 12 meses 7.2. Estoques de sementes
6.1.2. Bezerras de 0 a 12 meses 7.3. Almoxarifado
6.1.3. Novilhos de 13 a 24 meses 7.4. Insumos para a pecuária

Fonte: o autor.

Quadro 2 - Ativo Não Circulante

ATIVO NÃO CIRCULANTE


1. Realizável a Longo Prazo 3.4. Bens Móveis
1.1. Títulos da Dívida Agrária 3.4.1. Caminhões
 2. Investimentos 3.4.2. Tratores e Retroescavadeira
2.1. Empresas Controladas 3.4.3. Móveis e utensílios
2.2. Empresas Coligadas 3.5. Rebanhos
3. Imobilizado 3.5.1. Reprodutores
3.1. Terras 3.5.2. Gado
3.1.1. Terras da Granja - Fazenda 3.6. Matrizes
2. Pastagens 3.6.1. Gado
3. Edificações da produção pastoril 3.6. Semoventes de Produção
3.1. Mangueiras 3.6.1. Gado leiteiro
3.1.1. Balança 3.7. Depreciação e exaustão
3.1.2. Currais 3.7.1. (-) Depreciação acumulada
3.1.3. Confinamentos 3.7.2. (-) Exaustão acumulada
3.2. Edificações da produção agrícola 4. Intangível
3.2.1. Silos e Secadores 4.1. Fundo de Comércio Adquirido
3.2.2. Depósitos 4.2. Bens Incorpóreos
3.3. Construções residenciais 4.2.1. Marcas e Patentes
3.3.1. Residência sede 4.2.2. (-) Amortização Acumulada
3.3.2. Residência de funcionários
Fonte: o autor.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 73


Quadro 3 - Passivo e PL

PASSIVO NÃO CIRCULANTE


1. Empréstimos e Financiamentos
2. Patrimônio Líquido
2.1. Capital Social
3. Resultados Acumulados
3.1. Lucros a Destinar (Conta Transitória)
3.2. (-) Prejuízos Acumulados
3.3. Resultado Parcial do Exercício
Fonte: o autor.

Quadro 4 - Receitas

RECEITAS
1. Receita de Vendas 4.1. Variações Monetárias Ativas
1.1. Pecuária e outros animais 5. Variações Cambiais Ativas
1.1.1. Venda de gado 5.1. Empréstimos
1.2. Produtos pecuários 6. Outras Receitas Financeiras
1.3. Produtos agrícolas 6.1. Juros de Aplicações Financeiras
1.3.1. Arroz 6.2. Aluguéis e Arrendamentos
1.3.2. Soja 6.3. Parcerias agrícolas
2. Deduções da Receita Bruta 6.4. Serviços veterinários prestados
2.1. Vendas Canceladas 7. Reversão de Provisões
2.2. Devolução de Produtos 8. Contas de Apuração
2.3. Devolução de Mercadorias 8.1. Exercício agrícola
3. Impostos e Contribuições s/ Vendas 8.2. Exercício pastoril
3.1. ICMS 8.3. Exercício
4. Receitas Financeiras 8.4. Lucro do Exercício
Fonte: o autor.

Quadro 5 - Custos e Despesas

CUSTOS DESPESAS
1. Custos de rebanhos 4.3 Outros
1.1. Custo do rebanho bovino 3.1. Despesas de Pessoal
1.1.1. Aquisição de gado 3.1..1. Ordenados, Salários e Comissões
1.1.2. Transporte 3.1..2. Férias
1.1.3. Mão-de-obra na aquisição e marcação 4. Despesas c/ Fretes
1.1.4. Alimentação 4.1. Combustíveis
1.2. Custo do rebanho equino 4.2. Manutenção de Veículos
1.2.1. Aquisição 53. Outras Despesas
1.2.2. Transporte 5.1. Depreciações e Amortizações
1.2.3. Mão-de-obra na aquisição e marcação 6.4. Tributos e Contribuições Federais
1.2.4. Alimentação 6.5. Tributos e Contribuições Estaduais
2. Custos de culturas agrícolas 6.6. Tributos e Contribuições Municipais

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 74


2.1. Custo da cultura de arroz 6.7. Multas Fiscais
2.1.1. Sementes 6.8. Juros s/ Tributos e Contribuições
2.1.2. Adubos e defensivos 7. Materiais e Suprimentos
2.1.3. Mão-de-obra de plantio 8.1. Material de Escritório
2.1.4. Transporte plantio e colheita 9. Despesas Financeiras
2.1.5. Mão-de-obra de colheita 9.1. Juros Passivos
2.1.6. Irrigação 9.2. Despesas Bancárias
10. Provisões p/ Perdas e Ajustes de Ati-
3. Variações por perdas vos
3.1. Variações nos rebanhos 11. Baixas do Ativo Não Circulante
3.1.1. Norte de gado bovino 11.1. Baixas de Investimentos
3.3. Variações nas culturas 11.2. Baixas do Imobilizado
3.3.1. Perdas na cultura de arroz 12. Contas de Apuração
3.3.2. Perdas na cultura de soja 12.1. Exercício agrícola
4. Outros custos 12.2. Exercício pastoril
4.1. Depreciações 12.3. Exercício avícola
4.2. Manutenção de máquinas e equipamen-
tos 12.4. Prejuízo do Exercício
Fonte: o autor.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 75


3 FATO GERADOR DO ITR

O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) é um imposto federal confor-


me a Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, art. 1º; Decreto nº 4.382, de 19 de setembro
de 2002; Regulamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (RITR/2002), art.
1º; Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, art. 1º.
Tem como fato gerador, conforme a legislação mencionada, a propriedade, o do-
mínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município,
em 1º de janeiro de cada ano.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 76


4 IMÓVEL RURAL IMUNE

Antes de verificar os casos de imunidade ao ITR você precisa saber a diferença en-
tre empresa imune e isenta. A imunidade é determinada pela Constituição Federal, que não
permite a tributação do que estiver relacionado. A isenção ocorre através de leis ordinárias.
Enquanto na imunidade o fato gerador não ocorre, na isenção há o fato gerador, porém o
ente competente dispensa a cobrança do tributo.
De acordo com Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002,
imóvel imune, ou seja, que não está sujeito ao recolhimento de ITR, é:
I - a pequena gleba rural, desde que o proprietário, titular do domínio útil ou
possuidor a qualquer título a explore só ou com sua família, e não possua
outro imóvel;
II - os imóveis rurais pertencentes à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios;
III - os imóveis rurais pertencentes às autarquias e às fundações instituídas
e mantidas pelo Poder Público, desde que vinculados às suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes; e
IV - os imóveis rurais das instituições de educação e de assistência social,
sem fins lucrativos, desde que vinculados às suas finalidades essenciais.
§ 1º Pequena gleba rural é o imóvel com área igual ou inferior a:
I - cem hectares, se localizado em município compreendido na Amazônia
Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;
II - cinquenta hectares, se localizado em município compreendido no Polígo-
no das Secas ou na Amazônia Oriental;
III - trinta hectares, se localizado em qualquer outro município.
§ 2º As regiões e os municípios a que se refere o § 1º estão relacionados no
Anexo I a esta Instrução Normativa.
§ 3º Sujeita-se à incidência do imposto a pequena gleba rural que tenha área
explorada por contrato de arrendamento, comodato ou parceria.
§ 4º Para o gozo da imunidade, as instituições mencionadas no inciso IV do
caput devem prestar os serviços para os quais houverem sido instituídas e

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 77


os colocar a disposição da população em geral, em caráter complementar às
atividades do Estado, sem fins lucrativos, e atender aos seguintes requisitos:
I - não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a
qualquer título;
II - aplicar integralmente, no País, seus recursos na manutenção e desenvol-
vimento dos seus objetivos institucionais;
III - não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços pres-
tados;
IV - manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros re-
vestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão;
V - conservar em boa guarda e ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da
data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas recei-
tas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer
outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial;
VI - apresentar, anualmente, declaração de rendimentos, em conformidade
com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal (SRF);
VII - assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda
às condições para o gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão,
cisão ou encerramento de suas atividades, ou a órgão público; e
VIII - outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o
funcionamento das entidades a que se refere este parágrafo.

A lei menciona ainda a isenção dos impostos para:


I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, ca-
racterizado pelas autoridades competentes como assentamento, que, cumu-
lativamente, atenda aos seguintes requisitos:
a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;
b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites da pequena
gleba rural, fixados no § 1º do art. 2º; e
c) o assentado não possua outro imóvel;
II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, titular do domínio
útil ou possuidor a qualquer título, cuja área total em cada região observe
o respectivo limite da pequena gleba, fixado no § 1º do art. 2º, desde que,
cumulativamente, o proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor a
qualquer título:
a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros; e
b) não possua imóvel urbano.
§ 1º Sujeitam-se ao pagamento do ITR os imóveis rurais que tenham áreas
exploradas por contrato de arrendamento, comodato ou parceria.
§ 2º Entende-se por ajuda eventual de terceiros o trabalho, remunerado ou
não, de natureza eventual ou temporária, realizado nas épocas de maiores
serviços.
§ 3º Para fins do disposto no inciso II do caput, deve ser considerado o soma-
tório das áreas dos imóveis rurais por região em que se localizem, o qual não
poderá suplantar o limite da pequena gleba rural da respectiva região.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 78


5 CONTRIBUINTE DO IMPOSTO TERRITORIAL RURAL

O contribuinte do ITR é o proprietário do imóvel rural, o titular ou possuidor a qual-


quer título. Enquadra-se aqui, portanto, o usufrutuário por ocupação autorizada ou não pelo
poder público.

Não se enquadra como contribuinte do ITR o arrendatário, comodatário ou parceiro


de imóvel rural explorado devido a contratos de arrendamento, comodato ou parceria.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 79


6 RESPONSÁVEL PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

A Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002 cita como


responsável pelo crédito tributário:
O sucessor, a qualquer título, nos termos dos arts. 128 a 133 da Lei nº 5.172,
de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional (CTN), exceto nos
casos de:
I - aquisição de imóvel rural pelo Poder Público, pelas suas autarquias e fun-
dações, e pelas entidades privadas imunes;
II - desapropriação de imóvel rural por necessidade ou utilidade pública ou
interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, seja ela promovida
pelo Poder Público ou por pessoa jurídica de direito privado delegatária ou
concessionária de serviço público.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 80


7 DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO

O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel, sendo


vedada a eleição de qualquer outro.
No caso de imóvel rural com área em mais de um município deve-se considerar
domicílio tributário aquele onde está a sede da propriedade. Caso não exista, considerar
aquele onde está a maior parte da área da propriedade.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 81


8 DECLARAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL

A cada ano o sujeito passivo deve apresentar, conforme modelo aprovado pela
Receita Federal, a Declaração do Imposto Sobre Propriedade Territorial Rural (DITR) para
cada imóvel. Enquadra-se aqui o contribuinte isento ou imune.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 82


9 DISTRIBUIÇÃO DA ÁREA DO IMÓVEL RURAL

Conforme Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, con-


sidera-se área rural utilizada pela atividade rural a parte da área aproveitável do imóvel que
no ano anterior tenha:
Art. 17. Área efetivamente utilizada pela atividade rural é a porção da área
aproveitável do imóvel rural que, observado o disposto nos arts. 23 a 29, te-
nha, no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador do ITR:
I - sido plantada com produtos vegetais;
II - servido de pastagem, nativa ou plantada, observados, quando aplicáveis,
os índices de lotação por zona de pecuária a que refere o art. 24;
III - sido objeto de exploração extrativa, observados, quando aplicáveis, os
índices de rendimento por produto a que refere o art. 26 e a legislação am-
biental;
IV - servido para a exploração de atividade granjeira ou aquícola;
V - sido objeto de implantação de projeto técnico, nos termos do art. 7º da Lei
nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993.
Art. 18. Observado o disposto nos arts. 23 a 29, considera-se utilizada pela
atividade rural a porção da área aproveitável do imóvel rural que, no ano an-
terior ao de ocorrência do fato gerador do ITR:
I - esteja comprovadamente situada em área de ocorrência de calamidade
pública decretada pelo Poder Público local e reconhecida pelo Governo fede-
ral, da qual tenha resultado frustração de safras ou destruição de pastagens;
II - tenha sido oficialmente destinada à execução de atividades de pesquisa e
experimentação que objetivem o avanço tecnológico da agricultura;
III - tenha permanecido em descanso para a recuperação do solo, desde que
por recomendação técnica expressa, constante de laudo técnico;
IV - tenha sido ocupada com pastagens ainda em formação, às quais não se
aplicam os índices de lotação por zona de pecuária a que se refere o art. 24.
§ 1º Para fins do disposto no inciso I, o estado de calamidade pública deverá
ter sido decretado no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador do ITR.
§ 2º A área destinada a descanso para a recuperação do solo deverá ser
passível de comprovação em procedimento fiscal.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 83


Caso ainda não declarado pelo alienante, o adquirente deve informar na declara-
ção a efetiva utilização da área adquirida no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador.
Entende-se como alienante aquele que transferiu o domínio ou a propriedade.

9.1 Área Tributável


Conforme Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, con-
sidera-se área tributável:
Art. 9º Área tributável é a área total do imóvel rural, excluídas as áreas:
I - de preservação permanente;
II - de reserva legal;
III - de reserva particular do patrimônio natural;
IV - sob regime de servidão florestal ou ambiental;
V - de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declara-
das mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem
as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e
de reserva legal;
VI - Comprovadamente imprestáveis para a atividade rural, declaradas de
interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual.
VII - cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio mé-
dio ou avançado de regeneração;
 VIII - alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétri-
cas autorizada pelo poder público

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 84


10 DISTRIBUIÇÃO DA ÁREA NÃO UTILIZADA NA ATIVIDADE RURAL

Conforme Instrução Normativa (IN) SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, con-


sidera-se área rural não utilizada aquela que:
Art.30. Corresponde ao somatório das parcelas da área aproveitável do imó-
vel que, no ano anterior ao de ocorrência do fato gerador do ITR, não tenham
sido objeto de qualquer exploração ou tenham sido utilizadas para fins diver-
sos da atividade rural, tais como:
I - áreas ocupadas por benfeitorias não abrangidas pelo disposto no art. 16;
II - áreas ocupadas por jazidas ou minas, exploradas ou não;
III - áreas imprestáveis para a atividade rural, não declaradas de interesse
ecológico por ato do órgão competente;
IV - a área correspondente à diferença entre as áreas declaradas como servi-
das de pastagem e as áreas consideradas como servidas de pastagem para
fins de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, observado o disposto nos
arts. 24 e 25;
V - a área correspondente à diferença entre as áreas declaradas de explora-
ção extrativa e as áreas consideradas como de exploração extrativa para fins
de cálculo do grau de utilização do imóvel rural, observado o disposto nos
arts. 26 e 27.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 85


11 CÁLCULO DO VALOR DA TERRA NUA

A base de cálculo do ITR é o valor da terra nua tributável. Valor de terra nua é o
valor de mercado do solo bem como sua superfície, incluindo-se florestas naturais, matas
nativas e pastagens naturais

Exclui-se do valor da terra nua as construções, suas benfeitorias, culturas perma-


nentes e temporárias, pastagens cultivadas e florestas plantadas.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 86


12 CARACTERÍSTICA ESPECÍFICA DA DITR PARA A ATIVIDADE PECUÁRIA

12.1 Índice de Lotação por Zona de Pecuária

Na pecuária há de considerar o índice de lotação por zona de pecuária que mede


se a quantidade de animais por hectare está condizente com a capacidade de alimentação
da área, ou seja, é número mínimo de cabeças que precisam ser mantidas no pasto, mede,
portanto, a eficiência na exploração da atividade.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 87


13 APURAÇÃO E CONTABILIZAÇÃO DO IMPOSTO TERRITORIAL RURAL

13.1 Apuração do ITR

A base de cálculo do ITR é o valor de Terra Nua tributável (VTNt). Tal valor é obtido
pela multiplicação do VTNt pela alíquota correspondente, considerando a área total e o
grau de utilização. O grau de utilização é a relação percentual entre área efetivamente
utilizada e área aproveitável do imóvel rural.

VTNt = Área tributável x VTN


Área Total

Grau de Utilização = Área Utilizada na Atividade Rural


Área Aproveitável

Cálculo do ITR = VTNt x Alíquota

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 88


13.2 Alíquota do ITR

Quadro 6 - Alíquotas do ITR

GRAU DE UTILIZAÇÃO (%)


AREA TOTAL DO IMÓVEL
Maior que Maior que Maior que Maior que
(em hectares)
Até 30 30 até 50 50 até 65 65 até 80 80
Até 50 1,00 0,70 0,40 0,20 0,03
Maior que 50 até 200 2,00 1,40 0,80 0,40 0,07
Maior que 200 até 500 3,30 2,30 1,30 0,60 0,10
Maior que 500 até 1000 4,70 3,30 1,90 0,85 0,15
Maior que 1000 até 5000 8,60 6,00 3,40 1,60 0,30
Acima de 5000 20,00 12,00 6,40 3,00 0,45
Fonte: Brasil (2014).

13.3 Exemplo de Cálculo do ITR


Considere uma empresa rural que tenha:
● Área total de 250 hectares;
● Área tributável de 200 hectares;
● Área Aproveitável de 180 hectares;
● Área utilizada na Atividade Rural de 150 hectares;
● Valor da Terra Nua: R$ 1.500.000,00.

VTNt = Área tributável x VTN


Área Total

VTNt = 200 x 1.500.000,00= 1.200.000,00


250

Grau de Utilização = Área Utilizada na Atividade Rural


Área Aproveitável

Grau de Utilização = 150 x 100 = 83,33%


180

Como o grau de utilização é de mais de 80% e a área total é de 250 hectares, a


alíquota, conforme tabela, será de 0,10.

ITR = VTNt x Alíquota


ITR = 1.200.000,00 x 0,10 = R$ 1.200,00

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 89


13.4 Contabilização do ITR
Utiliza-se uma conta para registrar a obrigação e outra para registrar a despesa.

D - Imposto Territorial Rural (Conta de Resultado)


C - ITR a recolher (Obrigação – Passivo Circulante)

SAIBA MAIS

QUAL A DIFERENÇA ENTRE PROPRIEDADE E POSSE?


Propriedade é o imóvel rural com registro em cartório. Há dois tipos de posse: a posse
a justo título quando a pessoa tem um documento que pode ser levado a registro ou
posse por simples ocupação quando o documento não tem validade para ser registrado
no cartório de registro de imóveis.

Fonte: Brasil (s.d.).

REFLITA

Você acha justo a cobrança de Imposto Territorial Urbano (ITR)?

Fonte: o autor.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 90


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim da última unidade deste material. Nele você
aprendeu que o plano de contas utilizado para empresas rurais segue o mesmo modelo
de planos de contas utilizados em empresa comerciais e industriais, porém com contas
diferentes e necessárias para registrar as atividades rurais. Viu também como funciona a
distribuição de terras, bem como pode aprender sobre o Imposto Territorial Urbano (ITR),
conhecendo suas características e exigências cobradas pelo fisco.
A partir de agora você já conhece as principais características da Contabilidade
Agropecuária, porém há muito ainda a aprender. Por isso, continue se aprofundando neste
universo contábil e seja um(a) excelente profissional.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 91


LEITURA COMPLEMENTAR

O artigo a seguir apresenta informações sobre a agricultura familiar ligada ao


cooperativismo. Entenda mais sobre esse assunto e aumente seu conhecimento sobre as
empresas rurais.

A Nova Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo

A Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) foi criada em 2 de


janeiro de 2019, pelo Decreto n° 9.667, com a transferência das competências da Se-
cretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), até então
da Casa Civil da Presidência da República, para o Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).
Em sua estrutura organizacional estão o Departamento de Assistência Técnica e
Extensão Rural (Dater), o Departamento de Cooperativismo e Acesso a Mercados (Decam),
o Departamento de Estruturação Produtiva (DEP) e o Departamento de Gestão do Crédito
Fundiário (DGCF).
Cabe ao órgão formular as diretrizes de ação governamental para a agricultura
familiar, o pequeno e médio produtor rural e o cooperativismo, além de planejar, fomentar,
orientar, coordenar, supervisionar e avaliar, no âmbito do Mapa, atividades relacionadas
com assistência técnica e extensão rural, cooperativismo e associativismo, agroextrativis-
mo e infraestrutura para área rural.  
A SAF tem o compromisso de implementar ações com foco no fortalecimento do
agricultor familiar e do cooperativismo, na promoção do desenvolvimento sustentável, na
garantia da segurança alimentar e na geração de emprego e renda no meio rural.
Uma novidade é a incorporação da temática da agricultura urbana e periurbana
(AUP), que trata da produção de alimentos em áreas ociosas da cidade ou de seu entorno,
por meio de hortas comunitárias, escolares e medicinais. A SAF trabalha na articulação e no
diálogo entre diversos parceiros para a estruturação da Política Nacional de Agricultura Ur-
bana e Periurbana (PNAUP). O objetivo é promover essa prática nos municípios brasileiros,
de forma a ampliar a oferta de alimentos de qualidade e mais baratos, visando à segurança
alimentar e nutricional, em especial junto aos grupos de maior vulnerabilidade social, à
geração de renda e o encurtamento das cadeias de produção, distribuição e consumo.

Fonte: Brasil (2019).

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 92


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
Título: Contabilidade Rural
Autor: Deyvison de Lima Oliveira e Gessy Dhein Oliveira
Editora: Juruá
Sinopse: A presente obra tem por objetivo discutir os procedimen-
tos para a mensuração de ativos biológicos e produtos agrícolas
pelo método a valor justo. Visa atender, principalmente, a gradua-
ção em Ciências Contábeis e Administração. Dado o processo
de convergência do Brasil às normas contábeis internacionais, a
discussão de procedimentos para elaboração de demonstrações
contábeis nas atividades agrícola e zootécnica com base no valor
justo é tema ainda não abordado nas principais obras de Contabi-
lidade Rural e Contabilidade do Agronegócio no Brasil.
Com a edição do CPC 29, o ativo biológico e o produto agrícola
passam a ser avaliados pelo valor justo menos despesa de ven-
da, em lugar do custo histórico de formação ou aquisição. Pelo
pronunciamento, o que era regra (mensuração pelo custo) agora
passa a ser exceção, sendo a mensuração pelo valor justo menos
despesa de venda a regra atual para aqueles ativos.
Acompanham a obra exercícios práticos que contribuem para a
fixação dos conteúdos exigidos pelos currículos das instituições de
ensino, bem como elucidam e exemplificam pontos das normativas
contábeis específicas – a exemplo do CPC 29. Na mesma linha,
o manual do professor (com respostas dos exercícios) facilita a
escolha de atividades a serem aplicadas em sala, em trabalhos
avaliativos etc., tendo em vista o grande número de exercícios dis-
poníveis. Por fim, os modelos de prova facilitam e reduzem o tem-
po utilizado pelos professores em cada etapa da(s) disciplina(s),
considerando que o manual apresenta inclusive as respostas das
provas.
Além dos cursos de graduação e especialização em Ciências
Contábeis e Administração, a obra também se aplica aos cursos
das áreas de Engenharia (de Produção, Florestal, Agronômica,
Ambiental, da Pesca etc.), Comércio Exterior, Agronegócio, dentre
outros. No campo profissional, a obra é referência para contadores
em empresas de contabilidade, contadores autônomos e contado-
res internos nas empresas rurais (fazendas etc.) e/ou agroindus-
triais.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 93


FILME/VÍDEO
Título: O Contador
Ano: 2016
Sinopse: Desde criança, Christian Wolff (Ben Affleck) sofre com
ruídos altos e problemas de sensibilidade devido ao autismo.
Apesar da oferta de ir para uma clínica voltada para crianças es-
peciais, seu pai insiste que ele permaneça morando em casa, de
forma a se habituar ao mundo que o rodeia. Ao crescer, Christian
se torna um contador extremamente dedicado, graças à facilidade
que tem com números, mas antissocial. A partir de um escritório de
contabilidade, instalado em uma pequena cidade, ele passa a tra-
balhar para algumas das mais perigosas organizações criminosas
do mundo. Ao ser contratado para vistoriar os livros contábeis da
Living Robotics, criada e gerenciada por Lamar Blackburn (John
Lithgow), Wolff logo descobre uma fraude de dezenas de milhões
de dólares, o que coloca em risco sua vida e da colega de trabalho
Dana Cummings (Anna Kendrick).

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 94


REFERÊNCIAS

BRASIL. Cadastro Rural. 190 – Qual a alíquota utilizada para cálculo do ITR? 2014. Disponível
em: http://www.cadastrorural.gov.br/perguntas-frequentes/itr/calculo-do-imposto/190-2014-qual-a-
-aliquota-utilizada-para-calculo-do-itr. Acesso em: 24 fev. 2020.

BRASIL. Cadastro Rural. Perguntas Frequentes. Disponível em: http://www.cadastrorural.gov.br/


perguntas-frequentes/itr/calculo-do-imposto/@@perguntas_frequentes_tema_view. Acesso em: 24
fev. 2020.

BRASIL. Decreto º 3.000, de  26 de março de 1999. RIR/99 - Regulamenta a tributação, fiscaliza-
ção, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza.
Disponível em: http://www.normaslegais.com.br/legislacao/tributario/decreto3000.htm. Acesso em:
13 abri. 2020.

BRASIL. Instrução normativa RFB nº 1700, de 14 de março de 2017. Dispõe sobre a deter-


minação e o pagamento do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro líquido
das pessoas jurídicas e disciplina o tratamento tributário da Contribuição para o PIS/Pasep e da
Cofins no que se refere às alterações introduzidas pela Lei nº  12.973, de 13 de maio de 2014.
Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idA-
to=81268#1706802. Acesso em: 13 fev. 2020.

BRASIL. Instrução normativa SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002. Dispõe sobre normas de


tributação relativas ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural e dá outras providências. 2002.
Disponível em: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idA-
to=81268#1706802. Acesso em: 13 fev. 2020.

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União:
seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8, p. 1-74, 11 jan. 2002.

BRASIL. Lei. nº 6.4040, de 15 d novembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Dis-
ponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 17 abr.2020.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A nova Secretaria de Agricultura


Familiar e Cooperativismo. 2019. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/
agricultura-familiar/secretaria-de-agricultura-familiar-e-cooperativismo. Acesso em: 24 fev. 2020.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Agricultura Familiar. 2019. Disponível em: https://www.gov.br/


agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-familiar/agricultura-familiar-1. Acesso em: 13 fev. 2020.

BRASIL. Ministério Da Agricultura. Tecnologia a serviço da sustentabilidade e rentabilidade da


produção pecuária. 2018. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustenta-
bilidade/plano-abc/projeto-pecuaria-abc/arquivos/46-tecnologias-a-servico-da-sustentabilidade-e-
-rentabilidade-da-producao-pecuaria.pdf/view. Acesso em: 16 mar. 2020.

BRASIL. Parecer Normativo CST nº 57 de 30 de julho de 1976. Para apuração dos resultados
anuais o rebanho existente na data do balanço deverá ser inventariado ao preço corrente do mer-
cado ou pelo preço real de custo quando a organização contábil da empresa tenha condições
de evidenciá-lo. 1976 Disponível em: https://www.normasbrasil.com.br/norma/parecer-normati-
vo-57-1976_92376.html. Acesso em: 23 fev. 2020.

COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico CPC 29. Ativo Bio-


lógico e Produto Agrícola. 2009. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/324_
CPC_29_rev%2014.pdf. Acesso em: 12 fev. 2020.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 95


COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento técnico CPC 27. Ativo Imo-
bilizado. 2009. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=58. Acesso em: 12 fev. 2020.

CREPALDI, S. A. Contabilidade Rural: Uma Abordagem Decisorial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MARION, J. C. Contabilidade Rural. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

MARION, J. C.; SEGATTI, S. Contabilidade Rural. 10. ed. São Paulo. Atlas, 2012.

OLIVEIRA, D. de L.; OLIVEIRA, G. D. Contabilidade Rural: Uma Abordagem do Agronegócio Den-


tro da Porteira. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2017.

UNIDADE IV Contabilidade Gerencial e Declaração do Imposto Territorial Rural 96


CONCLUSÃO

Prezado(a) aluno(a),
Chegamos ao fim da Disciplina de Contabilidade Agropecuária. Neste material bus-
quei apresentar para você informações importantes referentes à Ciência Contábil quando
aplicada à atividade rural.
Na Unidade I você pode ver o conceito de agronegócio e as características das pro-
priedades e empresas rurais, assunto importantíssimo e de muita relevância para introduzir
as unidades seguintes.
Na Unidade II você foi convidado a conhecer os tipos de culturas existentes nas
empresas rurais entendendo seu ciclo operacional e suas particularidades contábeis. Nesta
unidade também você aprendeu os conceitos, métodos, cálculos e a forma de contabiliza-
ção de depreciação, amortização e exaustão.
A pecuária foi apresentada na Unidade III, em que você conheceu os sistemas de
produção, tipos de pastoreio, formas de reprodução, atividade de cria, recria e engorda
do gado, bem como a divisão dos rebanhos em categorias e forma de contabilização dos
custos e apuração do resultado.
Para finalizar, na Unidade IV você conheceu um modelo básico de plano de contas
e entendeu as características do Imposto Territorial Urbano (ITR).
Como último recado, quero dizer a você que a Ciência Contábil é uma ciência vasta
e que requer muito estudo. Mesmo quando aplicada em áreas especificas, como a Contabi-
lidade Agropecuária, é importante manter a busca constante por conhecimento, sobretudo
por ser praticamente impossível abordar todas as suas particularidades em apenas uma
obra.
A partir de agora você está pronto para seguir adiante se aprofundando de forma
crítica e profissional nesta Ciência que é fantástica.

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado.

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