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Dados tmternacionais de Catalogacio na Publicagie (CIP) ibliowcirs Responsive: Denise Mari de Andrade Sousa ~ CRB 10/060 Pale Penna, Maura Cansttuinde 0 primero peojeto de pesquisa ‘miisica / Maura Renna, ~ Porto Alegre: Sulina, 2015, 1835p. ISBN: 978-85-205.0734.6 1. Resquiss Acaitmica ~ Msi. 2, Metadologis ~ Pesquisa 3, Educagde ~ Pesquisa 4, Educagio Musical = Besquisa f. Talo, COU; 371,124 78 CDD: 780 Todas 08 direitos desta edic8o s80 reservados para: EDITORA MERIDIONAL LTDA 1 CONHECIMENTO, CIENCIA, PESQUISA: discutindo nossos pressupostos' ‘Antes de pretender discutir a elaboragéo de um projeto de pesquisa, é importante compreender como o campo cientifico se caractetiza ¢ como se diferencia do conhecimento cotidiano e do senso comum. Apenas sobre essa base serd possivel fundamentar tuma proposta académica de pesquisa que possa contribuir para a formagao consistente do pesquisador. Assim, este capitulo visa discutir essas nogdes basicas, que constituem nossos pressupos- tos, procurando destacar as diferengas entre as concepgdes de ciéncia e de pesquisa que se originam nas ciéncias da natureza € aquelas que buscam atender & especificidade das ciéncias huma- nas, com especial énfase nas abordagens qualicativas Conhecimento cotidiano e conhecimento cientifico Para iniciar nossa discussio, vamos pegar um enunciado corrente, que talver ja tena sido dito por alguns leitores deste {Este capitulo vetoma (eelabora) parte da dscusio apresentads no artigo “A pesq 4 inlfca esa pitca ma tea de educaso musical, publicado na coletinea: QUEL ROZ, Las Ricardo Silva (Org) Bdueagde musical: tps coments epespectivas. Tose Pessoa: Edtora da UFPE, 2013, B texto: “Sempre chave no feriado”. Esta afirmacao expressa clara- mente um conhecimento do senso comum, um conhecimento do cotidiano, derivado de nossas experiéncias de vida, incluindo nossa frustrag’o quando um passeio de feriado é “estragado” pela chuva ~ apesar de, na verdade, nunca termos feito um estu- do sistematizado a respeito. No senso comum, portanto, basta que 0 conhecimento seja teil ou tradicionalmente aceito para ser considerado valido. © conbecimento ciensifico, por sua vez, é “urn tipo especia- lizado de conhecimento”, que tem caracteristicas préprias, pro- cedimentos ¢ criérios especificos para garantir a sua validade. A ciéncia € um corpo de conhecimentos sistematizados, formulados mesédica ¢ racionalmente, ou sea, a ciéncia € um tipo especializado de conhecimento que, em cons «ange interrogacio de seu método, suas origense seus fins, procura obedecer a principio vilidos vigorosos, alme- jando, especialmente, coeréncia interna e sistematicids- de. (Sett, 2004, p. 13) Entéo, se quiséssemos de fato realizar uma pesquisa cienti- fica sobre a chuva nos feriados, ela se iniciaria pela nevessidade de definir com clareza as nogées envolvidas: + De que feriado estamos falando — estadual, municipal, na- cional, leivo/escolar, 0 dia imprensado entre um feriado nacional eo final de semana? + O que consideramos como ehuva no feriado? Qualquer go- tinha de chuva, em qualquer momento do dia ou da noi- te, configura que “choveu” no feriado? Ou seré adotado algum critério minimo para poder dizer que “choveu” no feriado? E qual critério seria esse: seria indicado em “tempo a ee de chuva” (duracéo) ou “quantidade de chuva” (milimetros cibicos)? Seria imprescindivel, ainda, delimitar o espaco geogrifico los na cidade x ou no objeto de nossa pesquisa: chuva nos fet estado . Com base nesta delimicacio, entio, seria planejada uma coleta controlada de dados, pois nao bastaria uma dinica ¢ rpida observacio isolada, em um s6 ponto do territério, para vetificar a incidéncia de chuvas nos feriados, Seriam necessitias diversas observagées e medicées (da duragio ou da quantidade de chuva, conforme o ctitério adotado), realizadas com regu- laridade ¢ abarcando diversos pontos do territério delimitado, para que se pudessc, com base numa anilise sistematizada de todos os dados coletados, chegar a uma conclusao. E, certa- mente, a conclusio de uma pesquisa cientifica assim concebida snio chegaria a uma afirmagio como a que apresentamos inicial- mente, com alto grau de generalidade e imprecisio; isso quer dizer que dificilmente seria possivel afirmar que “sempre chove ou nao chove”. Uma concluséo mais provivel seria aproxima- damente nos seguintes termos: “na cidade x, durante 0 periodo {y (determinado ano, por exemplo), houve incidéncia de chuvas (conforme definicio preliminar) em ¢antos % dos feriados na- cionais”. ‘A pesquisa sobre a chuva nos feriados é, sem diivida, uma situagio hipotética e “brincalhona’, apenas para exemplificar algumas caracteristicas do conhecimento cientifico em contras- te com o conhecimento do senso comum ~ 0 carstersistemati- zado, metédico e racional da ciéneia, como indicado por Setti (2004, p. 13) em citagio anterior. No entanto, para a realizagéo de uma pesquisa cientifica,cabe, ainda, avaliar sua viabilidade ¢ relevncia, E para cornar tal pesquisa viéve, seria possivel comar como base dados (de cunho documental) coletados sistemati- % camente por érgios dedicados 20 monitoramento do clima ¢ & previsio do tempo. Dados desse tipo permitem indicar a proba- bilidade de incidéncia de chuvas, o que pode, por exemplo, sus- tentar estratégias visando 0 desenvolvimento do turismo, como no caso do “seguro sol”, promovido pela Secretaria do Turismo do Governo do Estado do Ceard Por outro lado, 0 conhecimento cientifico & necessaria- mente reflexivo, ou seja, ele constantemente questiona 0 seu proprio método, suas origens e seus fins, procurando garantir a sua validade (Serti, 2004, p. 13-14). Neste sentido, Karl Po- pper,fildsofo da ciéncia, considera como caracteristicaessencial c determinante do conhecimento cientifico 0 principio da refiu- tabilidade (ou falseabilidade}: {© mérito central da cigncia nio & colocar hipéteses que sio confirmadas pelos dados empirics colecionados enquanto “provas’, mas 0 de propor hipéteses que pos- sm set refueadas por esses dados. Nowtros termos, uma ‘eoria cientiica €aquela que contém afirmagées (hipste- ses) que podem ser testadas e, eventualmente, contra tadas pelos fats, AfirmagSes imumes a testes e, poreanto, sompre verdadeiras nao servem para informar qualquer coisa sobre a realidad, A maior consequéncia dessa con- cepeio é que as teoriasciemtificas devem ser consideradas hipéteses constantemente submesidas a testes, sobre as qusis no se pode afirmar jamais que estejam, definiiva- 370 Seguro Sol wna eanigia do Gaver do Esto, deteavolvida por mei da Secreta ria do Torso (St) [| qu tem «objetivo de divalgarepromovero destino Csi” na bisa esas (SETURICE, [2009], Em sua quar edo, em 2011, ssn aso promaio- tal pon ae denoniada Gasol de Sl Cee", tendo segura a quer comprar coe dete die de drain, com vagem ene 1 de agora 30 de dese de 2011 ‘qu, em cx acs par mats de das hos, ene 1 Brae 16 bors, «plo menes es hs de edi, cet tem dito a ono pas de viagn™(SETURICE, 2011 ~ ao ost w mente, provadas ou que sejam, incontestavelmente, ver

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