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Edicao. ne * Edigdes IBAMA Revisio Alexandre Morales Auristela Webster Enrique Calaf Maria José Teixeira Projeto gréfico e diagramagio Denys Marcio Copa Fatima Feijé Denys Marcio ‘Catalogacao na Fonte Centro Nacional de Informagio Ambiental D451 Desewoivimanto sutenkivel a irsiucionalimago de um enaceto / Marcos Nobre, Mauricio de Carvalio Amazonas, organizadaces: contibulg8o de Marcos Nobee, Mauricio de Carvalho Amatanas. Roland daha, Andreas Sieh, Gilberto Tadiea Lima, — Braslla : Ed. (BAMA, 2002. itp 5 Bem 7 Inet bibllogeaia . (aN | Dieweadamen austria 2 Desewvolvmente econterio. 3, Enema vtec — COU (ed) 502 38 contradigées”, de apontar fraquezas e imprecisées, ja foi trilhado ¢ no trouxe resultados analiticos sighificatives. Dai a idéia de entender co conceito de DS simulianeamente como veiculo de um acordo politico minimo em torno dos termos em que iria se dar a institucionalizagéo de ambito global da problemética ambiental e como ponto de partida da disputa politica a ser travada nos limites por ele tragados. O conceito de DS, como veremos, esta longe de eslabelecer um campo “neutro” de disputa politica. Mas é justamente a sua vaguidao que permitiy 0 engajamento por parte dos mais diferentes atores na disputa. Disputa para decidir exatamente “o que é” 9 desenvolvimento sustentavel. esta hist6ria que pretendo contar a partir de agora. Capitulo 1 “Crescimento econémico” versus “preservagio ambiental”: origens do conceito de desenvolvimento sustentavel O surgimento da problematica ambiental na década de 1960 tem a sua especificidade: a idéia de que, no caso da utilizagao dos recursos naturais, perseguir egoisticamente os proprios interesses no conduz utopia liberal do erescimento incessante da riqueza nacional, mas sim a catéstrofe sem volta da destruicao do planeta. Nao éde suirpreender, portanto, que tal tematica traga consigo, inicialmente, uma semelhanga de familia com as posigdes expressas por Thomas Malthus nos primeiros anos do século XIX. Foi assim que, 2 partir dos anos 1960, a problemdtica ambiental surgiu acoplada & discussdo sobre 0 crescimento demografico e suas mazelas. O ano de 1968 foi marcado pela publicagao do best-seller de Paul Ehrlich, The population bomb (Ehrlich, 1968), ¢ pelo polémico artigo de Garrett Hardin, “The tragedy of the commons” (Hardin, 1968), trilha que seria seguida, quatro anos mais tarde, pelo influente The limits to growth (Meadows et al., 1972). Talvez 0 artigo de Hardin tenha tido mais influéncia nas discusses, nao apenas pelo seu cardter inaugural (foi apresentado como conferéncia no congtesso da Sociedade Americana para 0 Progresso da Ciéncia de dezembro de 1967), mas também porque generalizou o argumento da “expioséo demoarafica”! numa metéfora de tocante singeleza e manifesta brutalidade ideolégica. Escreve Hardin: “A tragédia das areas comuns se desenvolve da seguinte maneira: imagine um pasto aberto a todos. E de se esperar que todo boiadeiro v4 tentar manter tanto gado quanto possivel nas reas comuns, Um tal atranjo pode funcionar de maneira razoavelmente satislatéria por séculos em virude das guerras tribals, das invasdes a terras alheias e das doengas, que mantém os niimeros de homens ¢ bestas bem abaixo da capacidade de suporte da terra, Por fim, entretanto, chega o dia do ajuste de contas, ou seja, 0 dia em que 0 t80 desejado objetivo da estabilidade social se toma realidade [.... Como um ser racional, todo boiadeiro busca maximizar seu ganho 1. Cada homem esté encerrado num sistema que 0 compele a ‘aumentar seu rebanho sem limite — em um mundo que ¢ limitado. A ruina é o destino ao qual se langam todos os homens, cada um perseguindo o seu melhor interesse em uma sociedade que acredita na liberdade das dreas comuns. Liberdade em uma érea comum iraz | ruina para todos” (Hardin, 1968: 1.244). E evidente que a “singeleza” dos “argumentos” de Hardin nao poderia sustentar por muito tempo o revival malthusiano — por assim dizer — daqueles anos. O marco nesse sentido é, sem divide, The limits to growth. Esse livro pautou em boa medida as discussées da década de 1970 e, mais importante, a primeira Conferéncia da ONU sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo no mesmo ano de 1972. Um dos entrevistados por Peter Moll para 0 seu liveo sobre © Clube de Roma — patrocinador do estude coordenado por Dennis Meadows —, Saul Mendlovitz, diretor do Instituto de Politica Mundial, ligado & ONU, pode nos dar uma idéia do impacto da publicagéo de The limits fo growth. Apesar de nao sustentar nenhuma posigdo neomalthusiana ou similar — como, sob muitos aspectos, pode- se afirmar de Limits — Mendlovitzafitma que o livro “mudou a maneira como olhamos 0 mundo”, pois tornou dara que “temos de comecar a colocar novas questées sobre a natureza e a validade do crescimento & da industrializagéo” (Moll, 1991: 121). Noutros termos, pademos dizer que Limits introduziu a finitude na discusséo econémica de uma nova nao apenas aduziu as problematicas da poluigdo e da perspectiv utilizagao de recursos naturais finitos como variaveis fundamentais do Processo econémico e social, mas também popularizou, de maneira antes impensada, a questio ambiental. Anovidade do estudo da equipe de Meadows frente ao modelo malthusiano classico esta em ter produzido um modelo matematico que tratava simultaneamente cinco diferentes varidveis: industrializagdo (crescente}, populagae {em rapido crescimento}, ma- nutrigao (em expansdo), recursos naturais néo-renovaveis (em exting&o) e meio ambiente (em deterioragao) (Meadows et al., 1972: 21). Uma outra diferenga importante esta em que, qualquer que seja © cenério futuro simulado, a situagao encontrada seré sempre a de catastrofe: mantidas as atuais tendéncias de crescimento para todas as varidveis, “os limites ao crescimento neste planeta serao alcangados nalgum momento nos préximos cem anos, O resultado mais provavel sera um declinio sabito e incontrolavel tanto na populagéo como na capacidade industrial” {p. 23). Nao é de se espantar, porianto, que tantos estudiosos do tema aproximem essa tentativa neomalthusiana do préprio Marx (por exemplo, Motl, 1991: 130s): afinal, nao se encontra em Malthus um colapso do sistema. E como se pudéssemos dizer que a introdugao da finitude no modo de produgio de mercadorias (que funciona baseado numa falsa infinitude} s6 possa significar catéstrofe. dé € possivel vislumbrar aqui o apelo que ter anos mais tarde ‘9. conceito de “desenvolvimento sustentavel” (DS), tal como elaborado. em Our common future, ou Relatério Brundtland (WCED, 1987). Sua 2 Além de uma repercussic inlensn e prolorgada nos meios de comunieagSo do mundo toda, vale lembrar também como indicador que Limits vendeu somente na Europa 4 mihises de pias alé c nal dos anos 1970 e § muboes de cépias até 1989 (cf, Mel, 1991: 104), Por outro lado, cabe lembear wmibém que lo urse publcazae prelminar de uma pesquisa em anciamento, A publcagao contendo as analises computadoizedas completas 9 veie & luz um ano depois sob tule Tha dynamics of grouth mn afnke world te qlee finite wor] (cf. Mall, 1993. p. 105- 106}, Dois elementos merecerm sar ressallados aqui. Emi primeira liar, titulo de estudo completo presta homenagem a Jay Forrester, cuje World dmamics, publcado em 1971, lornecou ‘5 instrumentos teéricos ¢ téenicos (princizalmente computacionas} para a ceallzagao do stud, Em segundo lugar, a décsio de publicar um estudo ainda em andarnenio deve-se & brelensdo dos memtros do Clube de Roma lespecialmente dz Aurelio Pecteih de pautat 0 ‘acontto da‘ ONU sobre Melo Ambiants quc ocorat no mesmo ano Ga publicagso de Limits, rm 1972. Sobre a innoriarcia do elementn “nublicilaris” do lio ver adiante. [ Neste sentido, podemos comegar pelo exame da seguinte passagem de Limits: “E poss{vel alterar essas tendéncias de crescimento [das variaveis do estudo] e estabelecer uma condigao de estabilidade ecolégica e econdmica que seja sustentéuel no futuro” (Meadows et al, 1972: 24, grifo meu). E evidente que 0 adjetivo “sustentavel” ainda nao tem o sentido que Ihe sera atribuido quinze anos depois. Mas nossa pergunta tem de ser: como “sustentdvel” pode vir a assumir o papel eo significado que tem hoje no debate ambiental’? Para tanto, precisamos lembrar as reagdes provocadas pela publicagao de Limits, bem como 0 impacto que teve sobrea Conferéncia do Meio Ambiente de Estocolmo. A reagao dos economistas do “mainstream” foi padrao, mas nem por isso desprezivel: nada mais nada menos do que o Prémio Nobel Robert Solow! se incumbiu mais uma vez de afastar os maus pressagios malthusianos, ou, como o exprimiu um livro da mesma época, “a sindrome do juizo final” (Macidox, 1974). John Maddox, editor da revista Nature a partir de 1966, sugere que © florescimento do movimento de defesa do meio ambiente naqueles anos finais da década de 1960 e iniciais da década seguinte teve como um de seus importantes pontos de consolidagao a chegala do bomem & Lua, que “produziu nas pessoas que ficaram na Terra a vivida impressio de sua precdria posigéo num sistema solar bastante inéspito” (p. 33}. Solow (1973: 45) acentua a imporléncia dessa sensacao de “juizo final” provocada pelo “susto tecnolégicc” pata garantir que o crescimento econémico pode e deve prosseguir até $ Qpuames aqui Do néo seguir de pesto 0s passos do “movimento ambientata’, embore soja Ppotentes fun importincia e influgncla no processo que ‘entarcos desezever Dee Gerla forma, tal ‘val de analise permanece piesiupests aul, bam como a trabalho que, a0 nosso ver, melhor © fapresenla: 0 lwo de John MeCorrick (1992), “um estudo de como & por que o estado e a ondigio ds mete ambiente foram tansformados de um tema ysivado er: tema pubico™ Pare MeCormick, 0 “velcule ative dessa kansformacao foi um movimento de masee popular. A medida que es preocapagces privadas se tomnavam publics, os esorcos desse maienenlo se refltiam crescentemente aa legelogao, a0 pala nibice, na ciagso e operagio de organo ariblentals piblies, e nas mucauigas dos valores socals, ecanémicos @ pallies” (>. 18) “Cf Solow, 1973 ¢ 1974, Para uma andlle aca da pasigio de Solow, consular 6 Pere B, cesta publicaao. HE 52 “o dia do juizo final’. Para Solow (1974: 10), a matéria-prima pode “ser substituida por outros fatores de producao, particularmente por meio do trabalho e do capital reprodutivel”®, Assim, podemos entender 0 ataque de Hans Magnus Enzensberger (1974) como uma tentativa de desmascarar o cardter ideolégico da segunda premissa do Relatério do Clube de Roma, qual seja, a de que a estrutura econémica, politica e social permaneceria a mesma no longo prazo, Para Enszensberger, certamente ha “fatores ec okigicos cujo eleito € global; entre eles as mudangas macrocliméticas, @ poluicdo por elementos tadioatives ¢ venenos na atmosfera e nos ceanos. Como mostra © exemplo da China, nao sao estes fatores abrangentes que séo decisivos, mas as varidveis sociais. A dostriicéo da bumanidade nao pode ser considerada um proceso puramente natural. Mas o alerta no ser dado pela pregacao de cientistas que apenas revelam sua cequeira e fragilidade no momento em que ultrapassam os estreitos limites de suas préprias dreas de competéncia especificas” (p. 31}. Entretanto, este diagnéstico de Enzensberger 0 obrigava também a assinalar a “posicao social” da problematica ecolégica naquele momento do. desenvolvimento capitalista: “No final das contas, é fécil entender que a classe trabalhadora preocupa-se pouco com problemas ambientais gerais e esteja disposta apenas a tomar parle em campanhas em que se trata de melhorar diretamente suas condigées de vida e de trabalho. Na medida que pode ser considerada uma fonte de ideologia, a ecologia é uma questo que diz respeito & classe média. Se representantes declarados do capitalismo monopolista se tornaram seus porta-vozes — como no caso do Clube de Roma —, | Nido se pode deixar de observer, entretanto, que 2 problemética ambienial daqueles acios enconirou muito pouea ressonancia ra tora ecanrrca e no mundo aescémica 2 ela vinculado A alirazio desve qundro deve-se em grande parte & consiugan de concelto de "desenvohamento ssientivel” que perseguroos aqui, Sobre a interface "desenvelvimento sustenvellecenmtia neodsssca”, ver ainda o Pare Ie sobre a relagao mas gerald eoria ecanomica netclcce com a problemélice ambiontal, Amazonas, {994 (sobre a Importinsia ce Sal-aw neste contexte, ver espedistmente p, 615s 9153), O estado mals completo sobre toma gue conheg> permsneoe sande erate Oholeache Okonomle, Ineiam und Nar in der Neola ch 3S WM: isto se deve a razées que pouco tém a ver com as condigées de vida da dlasse dominante” (p. 10)°. A posigéo de Enzensberger no difere essencialmente da resposta marxista padrdo, para a qual o livro da equipe de Meadows “visava quebrar a resisténcia da classe trabalhadora & autoridade””. oo Se se pode falar de uma reagao conjunta dos paises do Tereeiro Mundo, é somente no sentido de que ela combinava elementos das duas reagdes que nomeamos acima ¢ que exemplificamos por meio das posigées de Solow e Enzensberger. Em todo caso, tratava-se de rejeitar veementemente qualquer proposta de “crescimento zero”, seja por representar uma ago imperialista dos paises centrais, seja por partir do ero de que o desenvolvimento econémico seria a causa dos problemas ambientais. Como exemplo de uma dessas posigoes podemos lembrar trecho de documento produzido pela Comisséo Intemaciona! Oi no contexto da Conferéncia de Estocolme: “Rejeitamos vigorosamente modelos de estagnacao preparados por certos alarmistas ocidentais, ecolégicos, industrializados e fas de computador; ¢ afirmamos que considerar a manutengao do crescimento econémico ‘como per se responsdvel por males ambientais equivale a um diversionismo que desvia a atengao das reais causas do problema, que repousam na motivagio para o lucro dos sistemas de produgio no mundo capitalista. De forma similar, afirmamos que o nivel de consumo {a afluéncia) per se nao é causa dos problemas ambientais” (apud Moll, 1991: 119)8. Seja como for, uma mudanga de posi¢ao do bloco Tal come no caso dos economists neoslssicos, também a posigao des srariias diante do ‘questo ambiental rd se alerar racicalmerte & parts do linal da désada de 1979. com ‘Singimento de poderosos mocimentes socias vinclaios & causa eooi6alca. Sobre iso, ve, enlee ‘uas publicagoes, os artigos de Juan Martinez ier, Peter lets, Slefarie Schulz ¢ Hatt Brertel ne volume indigpensével oxgerizado por Frank Beckenbach (1992). Nao & possivel feniveianic, passat por alto a extca cetivira de Michael Redciit (1987): “a observagto de [Enaenrberges de que movimentos socials burquoses passaram a 32 inleestar pelo meio ambiente somente quando a6 dasses médias lotam afetzlas de manoira adveusa esconde tanto quanto Tovda, Pocerse ia igualmenle argumentar que or merslstas no so Inloressatam pelo meio lemblente 2 ale se tomar uma quelie ap debate poifoo burqués" (9.50) CL. National Caucus of Labor Committees, Blueprint jor extinction. Nova York, NCLC, 1972, epud McCormick, 1992: 94. Nese contexte, abe mencionar, 20 debete da perlode, oquela que é provavelmente a vers80 mais refletida da pesigao lerceito-mundista: 2 dos anteres reunitos em temo do chamado Chute de Berloche, A esse respeito, consular, ente outros, Herere etal, 1976, SU 3 de paises agrupados sob © rétulo de “Terceiro Mundo’ s6 se verificaré em 1982, na sesso especial do Unep em Nairobi, dedicada a fazer um balango dos dez anos decomidos descle a Conferéncia de Estocoime. &, como veremas, esta mudanga de posigao ¢ estratégica para entendermos a consolidagao mundial do conceito de “desenvolvimento sustentével”. Lida na chave de Limits, esta breve teferéncia aos paises do Terceiro Mundo é suficiente para entender que 0 né néo estava apenas ria disputa acerca do conceito empregadode “desenvolvimento” mas também naquele “alto grau de agregago dos dados” do Relatério do Clube de Roma, que, na verdade, escondia profundas diferengas e variagées locais, mas, principalmente, escondia 0 confit Norte-Sul, seus pressupostos e implicagées, Dessa constatagao surgiram, de um lado, a Dedlaragio de Cocoyok {1974} ¢ 0 Relatério da Fundagao Dag-Hammarskjéld (1975), e, de outro, o conceito de “ecodesenvolvimenta” (1973 em diante}. © conceito de “ecodesenvolvimento” foi formulado primeiramente por Maurice Strong, primeiro diretor-executivo do Unep e que, posteriormente, viria a integrar a chamada Comissao Brundtland. Em sua formulagao mais geral, o conceito se vincula a um principio da welfare economics (cf. Riddel, 1981). Trata-se de estabelecer que 0 bem-estar aumenta quando melhora o padiao de vida de um ou mais individuos sem que deceia o padrao de vida de outro individuo e sem que diminua o estoque de capital natural ou o produzido pelo homem (cf. Harborth, 1993: 26). Na Proposta do Unep de 1975 enconttamos a seguinte formulagao do “ecodesenvolvimento”: “Desenvolvimento em. niveis local e regional |.,.] consistentes com os potenciais da area envolvida, dando-se atengao ao uso adequado e racional dos recursos nalurais ¢ a aplicagdo de estilos tecnolégicos” (apud Reddlift, 1987: 34). Dai que para Sachs (1986) 0 ecodesenvolvimento teria mais chances de florescer primeiramente em paises do Terceiro Mundo, Harborth (1993: 27) retomaas “linhas mestras do ecodesenvalvimento” na verso de Sachs; satisfagdo das necessidades basicas com a ajuda de bases de recursos proprias, sem coplar os estilos de consumo dos paises industrializados; desenvolvimento de um ecossistema social satisfatério: solidariedade prospectiva para com as futuras geragées; medidas para poupar recursos naturais e o meio ambiente; participagao dos interessados (sob a égide da self reliance de Ghandi e Nyerere}; programas educacionais de apoio e acomparhamento. tel \ Entretanto, nao se pode falar de uma identidade completa de ‘posigées, mesmo no paradigma do ecodesenvolvimento. Mesmo sendo comuns © apelo eo respeilo a realidade e as tradi¢ées locais (principios ‘que remavam contra a comente naqueles tempos, diga-se de passagem), bem como a “confianga nas proprias forcas” contida na self reliance, a proposta original do Unep, por exemplo, era bem mais limitada do que © conceito proposto por Sachs. Para Ignacy Sachs, “as estrututas internacionais, bem como o comprometimento moral, tém de ser radicalmente transformados” (Redciit, 1987: 35). E a Declaragio de Cocoyok e o Relatério Dag-Hammarskjold nao faziam sendo vincular ainda mais enfaticamente o tema do poder ao problema ecolégico, apontando para os impasses entre meio ambiente ¢ desenvolvimento sob 0 capitalismo, um motivo que ja havia surgido na prépria Declaragao de Estocolmo®. Como quer que olhemos para o debate ambiental da década de 1970, 6 inevitavel a constataco de que as balizas tebricas da discusséo eram dadas pela pergunta sobre a relagio entre desenvolvimento ¢ meio ambiente, A posigao tradicional diante do problema, representada principalmente pelos economistas do mainstream, era de que © problema simplesmente nao existia. As respostas marxistas mais elaboradas procuravam desvelar o caréter ideolégico da questao, o que tinha por conseqdéncia uma desqualificagao do problema e nao 0 seu verdadeiro enfrentamento. ‘Tanto 0 neomalthusiano — por assim dizer — The limits to growth quanto 0 Relatério Dag-Hammarskjéld afirmavam o caréter contraditério da relagdo entre desenvolvimento: {entendido como “erescimento econdmico” ou “crescimento no consumo material”) meio ambiente (entendido como “estoque de recursos naturais” e como “capacidade de absorgao do ecossistema humano"). O primeiro, para concluir pela necessidade do “crescimento zero” e da compreensio do “desenvolvimento” como desenvolvimento social e ndo como * Como exewe Guy Covoelle 11993: 108), "a Declaragso de Estocolme, em muitos de seus prinepins, dei transpirar a sia de que as necessidades do desenvolvimento © as da protegso te meio ombiente no seam sempre compaives” a 5S “erescimento econdmico”. O segundo, para demonstrar a necessidade de os produtores terem e controle da propriedade dos meios de produgdo (apud Harborth, 1993: 33). Eo paradigma do ecodesenvolvimento procurava responder & questo posta por Maurice Strong: as necessidades bésicas de todos os homens podem ser satisfeitas ser que 0 “limites exteriores” sejam aicancados? Em outros termos, tratava-se de perguntar se 0 pressuposto da escassez, classico na leoria politica e atacado pela primeira ver de maneira severa por Marx, ganhava ou ndo novas forgas cam a entrada em cena da variével meio ambiente. Pois os “limites exteriores” significavam a superagao da capacidade de absorgéo de um ecossistema humano ou a sua perda de equilfbrio a médio ou a longo prazo. Neste contexto, a posigdio dos paises do chamado Terceiro Mundo, embora diversificada, era unnime na rejeigho da imposigao de limitagées ao crescimento econdmico. Do ponte de vista diplomatico, nao havia meio de se chegar a algum acordo intemacicnal de carater global que fosse consistente!”, Simplesmente porque a posigao mesma do problema impedia qualquer acordo. E a equacéo era bastante simples: se hd contradicao entre desenvolvimento capitalista (no sentido de “crescimento econémico”} e meio ambiente, ndo ha por que defender © capitalismo. Se ndo ha contradigao entre os dois termos, nao ha por que impor restrigbes & ulizacéo dos recursos naturais. JA se indicou neste texto que a posigdo dos paises do "Terceiro Mundo ird se alterar na sesso especial do Unep em Nairobi, em 1982. Mas para chegarmos 1d é preciso antes passar por mais um marco na discuss4o ambiental: a publicagéo World Conservation Strategy, de 1980, da Intemational Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN}. 0 marco nesse sonido parneo ser © Acerdo de Protagio da Cusnadia de Ozénio (ou Arorde de Viena}, de 1985. A ele sequlu-se o importante Protocolo de Montreal ce 1987. Examinandin 05 diveros accides intamacionals de covio ambiente até 3969, Valkmar Heetieidentfizou apenas ‘quate de fate elewvos: a Convenséo sobre 0 Dursping (Landes. 1972}, 0 Acordo de Prolegso Contra @ Poluigao dns Mares por EmbareagSes {Marpol, 1973 e 1978], a Conlerdncie sohae os Dreitos dos Mares {ONU, 1973-1982} e A clados Acoida Ue Viena @ Protocolo de Montreal Ie Hane, Veteliang der Reduktionspfichten. Berm, 1989, wien. coud Simonis, 1996: 174) Para uma andlse mais pormenorizada do sentido geral esses acordos, ver o canjunio da artigo de Simoni (1996). Br Nao se sabe ao certo quem primeiro utilizou a expressao “desenvolvimento sustentavel”. Alids, na linha em que estou arqumentanda, isto nde ¢ tao importante quanto apresentar 0 pracesso de transformagao dessa palavra em princ{pio discursivo e de acao de aceitagéo universal, De qualquer modo, parece razoavel supor que a expressao tenha sido pela primeira vez empregada no Simpésio das Nagoes Unidas sobre as Inter-relagdes entre Recursos, Ambiente e Desenvolvimento, que teve lugar em Estocolmo em agosto de 1979, ‘casio em que W. Burger apresentou um paper intitulado A busca de padrées sustentivels de desenvolvimento. Mas 0 conceito s6 adquire proeminéncia quando da pretenséo do World Conservation Strategy (WCS) “de alcangar o desenvolvimento sustentavel por meio da conservagao dos recursos vivos” (apud Lélé, 1991: 610). Os pontos mais intrigantes do volume publicado pela IUCN estao no seu relativo descompromisso com as quest6es postas pelo debate ambiental da década de 1970. Como escreve A. Khosla, © livro “restringiu-se aos recursos vivos, centrando o faco principalmente na necessidade de manter a diversidade genética @ processos ecolégicos”, sendo “incapaz de lidar adequadamente com questées controversas ou delicadas — aquelas referentes & ordem politica e econémica mundial, guerra e armamento, populacdo e urbanizagao” (apud Lélé, 1991: 610). E, como. observou O. Sunkel, o WCS ignorou o fato de que, “se se trata de perseguir um estilo sustentavel de desenvolvimento, entao tanto 0 nivel como particularmente a estrutura da demanda tém de ser fundamentalmente alterados” (apud Lélé, 1991: 610). O que era a primeira vista um recuo incompreensivel tornou- se uma grande jogada estratégica, se pensarmos que abriu caminho para acordos fututos de importéncia. Ao estabelecer um vinculo mais frouxo entre ecologia ¢ desenvolvimento econémico, ao deixar em suspenso as questées politicas e institucionais, 0 WCS afastou @aatamente o que emperrava qualquer avango negociado. Com isso, veio para o primeito plano a necessidade de preservar, de conservar, de maneira que, ao retornarem as velhas questées (crescimento ‘econémico, desigualdades sociais, instituigées politicas internacionais etc.), elas viriam reorganizadas segundo esse ponto de vista, abrindo caminho para “desenvolvimento sustentével” tal como seria definido ia 55 depois pelo Relatério Brundtland. Isto explica por que o Unep, logo apds a publicagéo do WCS, “esteve na linha de frente para articular € popularizar 0 conceito” (Lélé, 1991; 610)". A IUCN foi provavelmente a primeira a dar & nogao de sustentabilidade a publicidade devida e a infroduzir 0 conceito nas plataformas politicas internacionais (Moll, 1991: 211). Neste sentido devemos entender as palavras pioneiras de Asit Biswas (1980: 9), em seu artigo “Sustainable development”, sobre os dois grupos antagénicos, “preservacionistas” e “desenvolvimentistas”: “comumente, um grupo afirma categoricamente que ‘small is beautiful’ e 0 outro grupo esta Iqualmente convencido de que ‘big is magnificent’. A coisa importante alembraré que ‘srnall” pode ser ‘beautiful’ e ‘big’ ‘magnificent’ somente sob certas condigées”. Este encaminhamento resultou numa virada na atitude dos paises do Terceiro Mundo diante da problematica ambiental na sesso especial do Unep de 1982 em Nairobi. No lugar da rejeigao da perspectiva de “crescimento zero” de Limits to growth, no lugar da tejeicao da problematica ambiental como insoltivel no quadro do modo de produgao capitalista, alcangou-se um acordo com 0 apoio dos paises em desenvolvimento para um conceito diferente de desenvolvimento que levasse mais a sério as questes ambieniais. Foi naquela sessao especial do Unep que os participantes decidiram propor Assembléia Geral da ONU 0 estabelecimento da Comissio Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED}, a chamada Comisséo Brundtland, que iria publicar seu relatério cinco anos depois (cf. Moll, 1991: 120) \ Oru, de sun pare, 6 permite intedutis o elemento fundamanial da discusséo; 0 DS fassim fame todas as proposas de conceit ambienlasclobals cue o precederam) era 0 cantorchele de una estralégia de instucionataagae da probematica ambiental que pretncha simaneamente Jevar @ quesiao ambienial & condlebo de Issue de primeira arandeza na agenda politica intesnacional e fazer com que proocupagtes ambientas passassem 2 enformar foltias publeas dle variadas espécles om todos os nivals de docs Esta prema fundamental do presente texto seté explciada e talada na préxime captilo. 39 dim Maclveill, secretario da Comissac Brundiland, recapitulou 05 elementos desse percurso num artigo de 1989 (MacNeill, 1989). MBie do texto é 0 de que os estéxtaes de capital ecoldgica estéc senda consumidos mais rapidamente do que sua capacidade de regeneragaog ‘Wis o crescimento econdmico pode ser reconeiliado com a preservagag do meio ambiente>Este mote estaria na base da deciséo da Assembléia ‘Geral das Nagées Unidas de 1983, que decidiu pelo estabelecimento da Comissio Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, com 23 comissarios de 22 paises, que contava com uma sélida maioria de paises em desenvolvimento (p. 105). Para MacNeill, o maior ¢ mais urgente problema, especialmente no que se referia & Africa e & América Latina, era a divida externa {p. 106-107). O problema da divida “tem de ser resolvido antes que se possa esperar de tais paises que dirijam sua atengéo para a agenda urgente da pobreza e dos problemas interligados do decinio econémico e ecoldgico” — problema cuja solugdo era dificultada pela propria légica dos planos de alivio da divida, que impunham condigdes que impediam a devida consideragao dos elementos sociais ¢ ambientais em causa (p. 112). Entende-se, portanto, por que, na apresentacao do Relatério perante a Assembléia Geral da ONU, a presidente da Comisséo, Gro Harlem Brundtland, tenba caracterizado o conceito de “desenvolvimento sustentével” como um conceito “politico”, um “conceito amplo para progresso econémico e social” (Environmental Policy and Law ~ EPL, 1987: 222). Temos aqui, de um lado, uma estratégia de instilucionalizayao da problemdtica ambiental e, de outro, uma alianga com os paises em desenvolvimento, Sob 0 primeiro aspecto, o do projeto de institucionalizagao da problemética ambiental, Brundtland afirmava que o primeiro momento desse projeto ja fora conquistado: “A idéia de sustentabilidade e as questées interligadas do meio ambiente e do desenvolvimento elevaram-se agora ao topo da agenda politica intemacional. Nossas preocupagdes comuns quanto ao futuro podem ctiar 0 impulso para uma transfor maga”. Mas, em 1987, restava ainda por realizar a segunda etapa do projeto, vale dizer, 0 processo de institucionalizacao propriamente dito, o que Brundtland expressava da seguinte maneira: “Nosso relatério tem por objetivo aumentar o nivel de conscientizagao dos gavernos, agéncias de auxilio e outras que se ocupam com o desenvolvimento, quanto a necessidade de integrar consideragées ambientais no planejamento e nas iomadas de decisao econémicas em todos os niveis”. Veremos nos préximos capitulos como tomaram forma depois: Ge 1987 o processo de definigéo das amamras institucionais resultante da Rio-92 (Capftulo 2) ea subsegiiente discussdo em torno do conceito de “desenvolvimento sustentavel”, marcada pelas exigéncias proprias da operacionalizagao do conceito em marcas institucionais jé definidos {Capitulo 3). E interessante notar desde j4, entretanto, que esse processo ira trazer a tona cisGes que estavam latentes no Relatdrio e no projeto de institucionalizagao que o enformou. Eo caso, por exemplo, da diviséo. enire abordagens “técnicas” e “normativas", que, apresentada de maneira ctua, significa que o ponto de visa “vencedor” no processo de institucionalizagao se valeu dos imperativos técnicas necessarios & implantagao do DS, enquanto 03 pontos de vista minoritérios tiveram. de buscar forgas numa “mudanga de consciéncia”, em imperativos éticos capazes de subverter as regras do jogo estabelecidas. Tais elementos “tecnicos” ¢ “normativos” encontram-se amalgamados no texto do Relatério Brundtland, unidos, por exemplo, no “processo de tradugéo do apelo para o desenvolvimento susientavel em ago concreta” (Brundtland, 1991; 34) ¢ na célebre preservagao da possibilidade de as geragdes futuras atenderem a suas préprias necessidades, presente na definicao de “desenvolvimento sustentavel” do texto do Relaté De qualquer maneira a forga do Relatério Brundtland residia justamente na vaguidio com que propunha © conceito de “desenvolvimento sustentdvel”. Na avaliacdo de Harold Brookfield (1988: 128), Our common future foi “intencionalmente um documento politico, mais do que um tratado cientifico sobre os problemas do mundo. Apesar de aceitar acriticamente um grande numero de afirmagées mal-fundamentadas entre outras bem-embasadas, o relalério ésensato em muitas das questées politicas basicas [...]. Nao é, portanto, de surpreender que a parte mais forte do Relatério resida em sua proposta detalhada de transformagao legal e institucional, tanto nacional como internacionalmente. estate imperfeite como relatério ambientat, “@ uma importante coniribuigéo para a politizacéo dos problemas ~Aitibientais e sua inter-relacdo com problemas de desiqualdade, pobrezaye ® politicas de comércio internacionais”.¢ Isto significa, portanto, reforgar a importancia da alianga com 08 pases em desenvolvimento nesse processo, que sera decisiva no proprio encaminhamento da Rio-92 e nes debates ali travados. A +1 BB “tradugao do apelo pata o desenvolvimento sustentavel em acao conereta” nao significava apenas a construgéo de uma “verdadeira cooperacao global”, mas também, e principalmente, o estabelecimento dos “mecanismos necessarios para as transferéncias financeiras € tecnolégicas necessarias para combater a degradacdo ambiental ¢ a pobreza no Texoeiro Mundo” (Brundtland, 1991: 34). Portanto, nao é de surpreender que, quando da apresentacdo do Relatério Brundtland & Assembléia Geral da ONU, o entao dirigente do Mavimento dos Pafses Néo-alinhados, ¢ presidente do Zimbabue, R. Mugabe, tenha afirmado que a defesa do desenvolvimento sustentavel feita pelo Relatério nao era substancialmente diferente das reivindicagées apresentadas hd muito pelos pafses em desenvolvimento (Environmental Policy and Lau, 1987: 224), pois “dividas debilitantes, taxas de juros elevadas, fluxos financeiros interrompidos e termos de troca adversos nao oferecem ‘0s paises em desenvolvimento sendo as poucas opgdes de usar sua base de recursos além do limite, enquanto sua capacidade de enfrentar questées ambienlais permanece baixa” (p. 222). Deste modo, temos de entender o conceito de “desenvolvimento sustentével” ndo como uma relormulacdo dos termos em que se colocava a questéo ambiental na década de 1970, mas como uma resposta precisa Aquela questao, vale dizer: desenvolvimento no sentido de “crescimento econémico”) e meio ambiente (no sentido de “estoque de recursos naturals” e de “capacidade de absorgao do ecossistema humanc") ndo sao contraditérios, Se o Relat6rio Brundtland. partia do pressuposto de que “existem limites ditimos” para a utilizacao dos recursos naturais (WCED, 1987: 45), também aceitava que os recursos naturais disponiveis s40 suficientes para satisfazer as necessidades humanas no longo prazo, desde que adequadamente utilizados e gerenciados, Como escteveu O'Riordan (1993: 37), a “sustentabilidade” foi utilizada “como termo mediador para langar uma. ponte entre ‘desenvolvimentistas’ e ‘ambientalistas’”, sendo que o conceito € “deliberadamente vago e inerentemente contraditério, de modo que corentes sem fim, de académicos e diplomatas, podiam assar muitas horas confortaveis tentando defini-lo, sern sucesso". Nao se trata, entretanto, de qualificar-se mais © conceito de “desenvalvimento sustentével” como embuste, como a citagao isolada desta passagem de O'Riordan pode dar a entender. Mas, como vimos, am #2 O'Riordan aponta na diregao certa. Como formulou a resenha do Relatério Brundtland feita por Ian Burton (1987: 26-27}, em contraste com as discussdes da Conferéncia de Estocolmo em 1972, diferenternente das teses de Limits, em que o préprio crescimento eta 0 problema, “o Relatorio Brundiland advoga 0 crescimento, De fata, ele vé 0 crescimento ‘como uma necessidade urgente se se trata de reduzira pobreza e minimizar 0 impactos ambientais”. O problema é saber como essa transformacao {oi possivel e quais os seus pressupostos ¢ conseqiténcias. Pensamos que 0 ponio de partida pata tanto pode bem ser a seguinte passagem de Hans-Jiitgen Harborth (1993: 47-48); “Quem Ié pela primeira vez esse telatsrio depara mais cedo ou mais tarde com formulagdes vagas ou recomendagées no univocas que podem dar margem a imitagées. Mas antes de pdr de lado o Relatorio que tanto fez pela propagagao do conceito de desenvolvimento sustentavel, & aconselhavel dar uma olhada na histéria da sua génese”. E, muito embora a ‘historia da génese’ do conceito de DS apresentada aqui ndo seja a de Harborth, pode-se utilizar palavras dele para retomar — negativamente — o percurso. O Relatério Brundtland apresenta, no seu conjunto, andlises e recomendages que nao contém “nada de revolucionério ou de totalmente utépico. Nao sdo propalados nem a self-reliance nem um abandono da sociedade do crescimento” (Harborth, 1993: 59). Dieutras palavras, € 0 mosmexque dizer-ndo somos partidarios das posicGes anticapitalisias-da-Declaragdo dé ‘Caeayok ou do Relatirio Dag-Hammarskjéld de 1975; ndo esposamos, apteses de um “ecodesenvolvimento” que enfatiza mais 0 confitto Norte- Su do que as possiveis complementaridades das realidades dos dois hgnnisférios", e, por fim, no defendemos de modo algum a tese da necessidade de um “crescimento zero", pois @ solugdo dos problemas esta num crescimento ordenado e no na auséncia de crescimento. 1-7 preciso lambrar aqul que as exlicas do Relléro &s imposizbes macroecendmicas glebnis nue esto na hase de process de degradagao arabienial s80 cxlcas a um determinads modo fe finctonamenio de instuicées come o Banco Muncial eo FMI. principaimente em relagéo a0 vies devedares do Terceio Mundo. Os programas de austvidade Impostos a esses palses wat, bloqaeando 9

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