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Uma erenca desse tipo, as vezes numa variants cristianizada, as vezes sob forma radicalmente secular, desenvolven-se na autoconsciéncia do homem moderno ao longo dos ois titimos séculos ¢ alimentou nossa fé em nds mesmos como uma civilizagao reformadora, capaz de atingir objetivos morais mais elevados que qualquer época anterioz. Os estupendos esforgos humanitérios dos séculos XIX e XX, o5 grandes movimentos de reconstrucéo politica depois das guerras, principalmente o sonho de uma nova ordem ‘mundial acalentado por Woodrow Wilson, foram alimentados e sustentados por ela, Nossa crescente incapacidade de nos agarrar a ela cria em nossa ivilizagio algo como uma crise espiritual. Essa {6 6 parte do legado do Tluminismo, mesmo quando Ihe feltavam 03 termos que Ihe dessem sentido. Kant conseguiu ao menos oferecerthe wma base clara, ainda que frégil, na concepedo de um agente racional muménico, A virada expressivista Qui ant apresenta uma forma de intemalizagao modema, isto é um modo de encontrar o bem em nossa motivagao interior. Outra se manifesta com a familia de idéias do final do séewlo XVITT que representa a natuteza como fonte interior. Estou falando de idéias que surgem com Sturm und Drang alemao e continuam se desenvolvendo 4 partir de entéo durante 0 periodo romantico, tanto inglés como alemio. Rousseau é, natwalmente, 0 ponto de partida, e sua primeira articula: sao importante talvez aparega na obra de Herder; depois, 6 retomado ado $6 por autores roménticos, como também por Goethe 2, sob outta forma, por Hegel, e torna-se uma das correntes que constituem a cult ra moderna. A fllosofa da natureza como fonte foi crucial para a grande reviravoll do pensamento ¢ da sensibilidade a que nos referimos como “romantis tanto que é tentador identificar uma com a outa. Mas, como mostra a meng: 4 Goethe © Hegel, isso seria simples demais. Minha afirmacdo é que a descr: da natureza como fonte foi uma parte essencial do repertério conceit que 0 romantismo surgin e conguistou a cultura ¢ a sensibilidade em A palavra tem uma quantidade assombrosa de definigdes; e alguns chy, 4 duvidar da existéncia de tal fenémeno unificado, em oposigao nera confusao conceitual oculta num tinico term! HA realmente uma definicdo popular do que é romantismo, que parece bastante desconectada de qualquer doutrina relativa & natureza Vé 0 mo- ‘vimento como uma rebeliao contra a construcdo de normas neocldssicas na arte, principalmente na literatura. Contra a énfase classica no racionalismo, na tradigio e na harmonia formal, 05 romanticos afirmavam os direitos do individu, da imaginacdo e do sentimento. Ha um bocado de verdade nes- sa descricdo, principalmente quando aplicada a onda de romantismo fran. és do comeco do século XIX. Na Franca, a influéncia do neoslassicismo sempre se manteve forte, ¢ foi necessdrio um movimento revolucionario para desalojé-lo. Se definimnos o romantismo dessa forma, sua relagio com as flosofias dda natureza como fonte poderd ser formulada com clareza, Essa nogao de uma Voz ou impulso interior, a idéia de que encontramos a verdade dentro de , em particular, em nossos sentimentos — esses foram os conceites cruciais Que justificavam a rebeliéo romntica em suas yérias formas, Eram indis. pensdveis a ela. E por isso que Rousseau 6 to freqientemente 0 seu pomto de partida. As yezes, a voz om impulso interior 6 visto como algo particular dda pessoa; é a vor do self isso talvez fosse mais comum entre escritores franceses como Lamartine on Musset, que procuravam em sta poesia dar expressio auténtica a sens sentimentos. As vezes, também 6 visto como 0 ‘mpulso da natureza em nés, como a ordem maior em que estamos inseridos. Esse foi o caso de alguns escritores ingleses, como Blake e, de outra manera, também de Wordsworth”. Mas essa idéia foi muito mais elaborada na Alemanha, 4. Ver A. 0. Lovejoy, “On the Discrimination of Romantcisms", em seu Essay in the ess, 1948, A Titeratura que procure sua coletinea do mesmo titulo, Londres, Macmillan, 1979; e também René Welle, “The Concept of Romanticism in Literary Histon”, em Concepts of Criticism, vd. Stephen Nichols, Jc, New Haven, Yale University Press, 1963, Tintern Abbey” Te Took on nature, not asin the our OF thoughtless youth; but hearing oftentimes The sil, sed music of humanity a na, thowgh of ample power To chasten and eubdve. Aad I have elt me with the joy a sense sublime intefused, OP something de iedariedade, passando por todas as coisas. “Siche die ga frsse Anaogie der Scipfing. Alles flit sich und snes Gch, Le walle ze Leben” (Veja a natureza como wm todo, observe a grande anal 4a criaglo, Tido sente a si mesmo ¢ a seu igual, a vida reverbera pa vida 0 homem é a cristira que pode tomar consi deo e dari io. Sua vocago de “epitome e administrador da criacdo’ o artes at Gottes in tile ebenden der Schépfung, nack dem Masse es thn veruandt ist wade” (Qu ele se tome oGrgio sensorial de seu Deus en ods os seres vivos da criagao, segundo a medida de sua relagio com ele"). €o quatro adotado pelos escritores alemaes da década de 1790, por exemplo, Hlderlin, Schelling e Novalis’, Essa filosofia da natureza como fonte parece essencial ao romantismo, mas a reciproca nao é verdadeira. Ela pode continuar moldando a visao de ‘escritores, mesmo depois de terem deixado o romantismo — definido com en a ee ee ae te ar an ehapeeas eter gente eres : morada é a luz de séis poentes/E 0 occano redond ¢ 0 See sania |Empfinden der menschlichen Seele, em Herders: ‘Samulche Werke, ed. Bernard Suphan, Coleridge, que foi muito influenciado the Lamp, Oxford, Oxford University Press. seuellante a da grande ccrrente mas 4 realidad na qual estam: m wad Stein, Gestie und Life nicht a sm nenlice verschieden lamp Menschsit und it ce nist ein Blaser Nervenhaotem in dem amend ‘den sich Rreveen?” Citada om Furst, Romantic in Perspective, p. 84 igdo da ordem cléssica — para tras. Esse foi 0 caso he’ exemplo, e de Hegel® faa ES Be ‘Todos esses escritores véem os seres humanos res inseridos ordem natural mais ampla, concebida muitas vezes como uma ordem providencial, coma qual devem estar em harmonia. Nesse sentido, concordam inteiramente ova °o deismo anterior. E de fato, para os escritores alemies, Shaftesbury foi com freqiiéncia uma fonte importante, assim como Rousseau. Ao falar da natureza como foute interior, quero chamar a atengéo para a diferenga sult 1nas importante, em relagdo as visdes anteriores que ex: 0 rousseauniana de que nosso acesso a esse ordem é basicame A ordem providencial defsta mostrava a vida ht alizagoe: a mostray mana ¢ suas realizagdes cotidianas ‘marcadas como significativas, de modo que tanto chegar a essas realizagSes para si proprio como garanti-las para os outros ax imporidncin muito grande e era fortem: pelo plano divino, Conseguimos apreci ido e' vino. ( "axergamos a ord das coisas ¢ inferimos sua origem divin: T sua Be da sentido e Justifiea nossos sentimentos morais, se estes figuram em nossa teoria (lembremos que nao figuram, por exemplo, na variante lockiana), Nas visdes que pretendo considerar a a q igora, a percepodo desse signifi sons Een es ari en Sn me nossa. Propria realizagao natural ¢ da solidariedade com nossos ‘semelhantes nas realizagoes deles. Essa é a voz da natureza dentro de nés. Em seus principios externos, as doutrinas Fz 10s ext 5 podem parecer iguais. Herder, por exemplo, delendia idéias sobre a ordem natural como algo harmonioss ¢ providencialmente criado que nao esiavam muito em choyue com as de . Pode parecer que $6.0 modo de acesso a verdade lou; que a alteragao é no sent visio menos intelectual, que |a nao se apcia tanto em provas da cao divina a partir de um designio mas pode, em vez disso, fundamentar tudo na conviceéo interior’ sumin uma ‘alorizado como algo endossado interior. Nao podemos concebé-la como uma mensagem tanto pela prova teleol6gica externa come pela intuicao interior. Aqui, o meio esta integrado & mensagem: os que no apreenderam 6 significado das coisas internamente, os que s6 tém um entendimento frio ¢ exterior do mundo como providencial, nao compreenderam de fato coisa alguma, Podemos pensar na mudanca nos seguintes termos: toda teologia inclui uma no¢o de como podemos entrar em contato com Deus ou com seus designios; uma mudanga radical desta tltima doutrina corresponde a uma alteragdo de nosso entendimento de Deus ¢ também da criacdo. Isso é mais evidente ainda no fato de que a oposigao entre o entendimento fro e exterior e a apreenséo interior das coisas foi polémica para essas teo- ria, Blas seguem Rousseau ao propor a visio dos dois amotes: a vor interior nosso modo de acesso, mas podemos perder o contato com ela; ela pode ser abafada em nés, E 0 que pode abali-la é justamente a postura desprendida da razo calculista, a visto da natwreza a partir de fora, como uma ordem mera mente observada. O parentesco com teorias anteriores da graca € evidente. A natureza aparece como umn reservatério do bem, do desejo inocente ou da be- nevoléncia e do amor ao bem. Na postura de desprendimento, estamos fora de sintonia com ela, separados dela; ndo podemos recuperar 0 contato com ela. Nesta postura podemos acreditar, como o naturalismo iluminista, que todas as pessoas tém motivagdes semelhantes, que todas desejam igualmente a felicidade ¢ que o que importa é quanto nossa busca dela € esclarecida ou equivocada. Mas, na verdade, nossa vontade precisa ser transformada; e a Uinica coisa que pode fazer isso é a recuperagao do contato com o impulso da natureza dentro de nés. Precisamos nos abrir para o élar da natureza em nés, como tems de nos abrir para a graca de Deus na teoria ortodoxa. Aqui ha algo mais que uma analogia: ha também uma fliagéo, B, de fato, uma teoria da natureza como fonte pode ser combinada a alguma forma de fé exist, seguindo o precedente do deismo em que a relacio de Deus conosco passa phincipalmente por sua ordem, como podemos ver em Rousseau e, mais ‘nos roménticos alemaes, Assim, na “Ode a Alegria” de Schiller, a gran corrente de vida que fini através da natureza, revigorando-nos e devol -nos & fratermidade, é saudada primeiro em uma imagem bastante reude, schiner Gitterfurken, Tockter aus Elysium”. Mas, depois, tod: fa de maneira a pressupor um pai amoroso: “ber feraam St Vater wohmen”: bem de acordo com o deismo ti passagem de uma visio ortodoxa para rizada dessa religito da natureza péde ser feita por meio de uma série de estagios intermediarios quase sem se pereeber a ruptura. Mas é evidente que agora uma passagem era possivel, e mesmo facil Alguns teérioos aderiram as doutrinas ortodaxas bésicas, ou pelo menos defstas, sobre o mundo como criaedo providencial, Jé procurei mostrar como até mesmo esses casos uma mudanga sutil, mas importante, j4 havia sido introduzida. Mas depois que se admite que acesso ao significado das coisas é interior, que ele 6 é apreendido de forma adequada interiormente, é possivel soltar sem problemas suas amarras das formulagdes ortodoxas. 0 primordial é a voz interior ou, segundo outras variantes, 0 élon que percorre a natureza e emerge ‘inter alia na vor interior. A ortodoxia é crivel, para aqueles que acreditam nela, como a melhor interpretacio possivel dessa vor ou élan. Essa é, em todo 0 caso, a ldgica defintiva de uma teoria da natureza como fonte interior, mesmo no tendo sido inteiramente apreciada em seus primérdios. Deus, entéo, deve ser interpretado segundo o que vemos em atividade nna natureza e encontrando voz dentro de nés. Uma passagem para uma espécie de panteismo ¢ facitima, e & 0 que vemos na getacao romantica com ‘9 jovem Schelling, por exemplo, e, mais tarde, numa outra forma, com Hegel. Essa passagem podle ir mais longe e levarnos para fora das formas propria. ‘mente cristas, até chegarmas a uma visao como a de Goethe, por exemplo, wi se refletiam nas difundidas invocagées de Spinoza no Podemos ir ainda mais além e, por fim, chegamos perto de participar das exploragdes do naturalismo que esbocei no capitulo anterior: o signi- das que emerge de nossa natureza fisica e de nosso ligacao intima entre materialismo ¢ postura desprendida, A filosofia da natureza como fonte, embora vi elém do deismo de Shaftesbury e Hutcheson, harmoniza-se obviamente com esses autores em sua critica de Locke e da teoria extrinseca. Harmoniza-se com eles ao ateibuir ¢ positivo ao sentimento na vida moral. E por meio de nossos chegamos as verdades morais mais coragao é a chave do mundo da sensagies “podem e devem ser atuant wvado, pois este nasceu de todas elas € 56 pode viver nelas”. Wordsworth com Aristoteles que “a poesia & 0 mais filaséfico de todos os textos. 9€a verdade, nao individual e local, mas geral e ativa: nao apoiada em (estemunho extemo, mas mantida viva no coragao pela paixaio; que é sua propria testemunha”. De fato, essa filosofia da ao sentimen centralidade sem precedentes, Nessa perspectiva, uma parte essencial viver deve consistir em estar aberto para o impulso da natureza, estar nizado com ela e nao desligado dela. Mas isso € inseparavel do modo c ame sinto, do fato de ou ter sentimentos de determinado tipo. Em si isso contitui novidede, Poderiamos até afirmar que as teorias iluministas é que excepcionais ao fazer a obrigaedo moral resid tio exclusivamente nas agies © exciuir completamente a motivagdo, como discuti na Parte T. Para Aristé ‘eles, a virtude consistia em ter disposigao para fazer o hem voluntariamente. Para Plato, ¢ para a teologia crista, o amor ao Bem ou a Dens esta no proprio centro do bem viver. A exigéncia dessa nova filosofia, de que eu entre em sintonia com o impulso da natureza, podria ser vista apenas como mais uma exigncia de amor: agora a natureza que fala através de mim ¢ 0 bem que deve ser muiido, Mas ha algo diferente de todos esses precedentes na filosofia da natureza como fonte. Bla dé valor a nossos sentimentos por si mesmos, por assim dizer. define certas motivagGes como virtuosas levam a realizar. Est4 mais diretamente ‘nteressada no que sentimos quanto ao mndo € quanto & nossa vida em geral. Isso constitu a analogia com o amor ao Bem de Plato. Mas, 20 con- ‘tario deste iltimo, 0 que se requer nao é 0 amor a um objeto transcendente, e sim determinada forma de experienciar nossa vida, nossos desejos e reali zagées comuns ¢ a ordem natural maior em que estamos inseridos. Estar em sintonia com a natureza é vivenciar esses desejos como ricos, plenos, signi- ficatives — responder a corrente da vida na natureza. & realmente wma questao de ter vertos sentimentos, assim como de ter certs objetivos ou de fazer certas coisas, A diferenga com Aristételes ¢ esta: 03 *sentimentos” valorizades pela so definidos segundo o modo de vida ow as ages a 0 para a natureza como fonte poderiamos dizer que o ago € definido pelos Sentimentns. Certos sentimentos, como edo de unidade com nossa esp uma reagio de alegria reverncia diante do espetaculo da natureza selvagem, sio to fundamentais — ou mais — para definir o bem viver quanto qualquer ago. O bem viver 6 antos. E por primeiras formulagées influentes de Rousseau, encontrou seu lugar natural nas filosofias da natureza como fonte. A diferenca em relago ao modelo platénico é que, aqui, os “sentimentos” S4o definidos pelo objeto transcendente do amor, o Bem. Podemos acreditar que € possivel chegar a uma descriedo desse objeto independentemente de jossos sentimentos, embora o objeto corretamente compreendido deva inspirar nosso amor e admiragdo. Mas definimos o que é a natureza como fonte 20 articular aquilo a que ela nos inclina. Se pensamos na natureza como wma forgay como um élan que percorre o mundo e emerge em nossos impulsos interiores, se esses impulsos sao parte indispensével de nosso acesso a esa forga, entio 86 potemos saber o que ela é articulando o que esses impulsos nos levam a fazer. E essa articulagao deve ser feta, em parte, em termos de sentiment, como vimos. Assim, uma vez mais, nossos sentiments sao partes integrantes de nossa definico mais original ¢ primordial do bem A primeira diferenca citada acima, em relacéo a0 modelo atistotélico, dd origem a outra passagem, aniloga a que se afasta da teologia ortodoxa, Se o bem viver é definido em parte segundo certos sentimentos, entio ele também pode soltar suas amarras ¢ alaslarse dos cddigos éticos tradicionais, Em Prineipio, 0s sentimentos apropriados so definidos em grande medida em ‘congruéncia com a ética da vida cotidiana e da benevoléncia, de acordo com 4 teoria do senso moral. A benevoléncia e a simpatia sao vistas como naturais, 44a mesina forma como o eram os limites tradicionais a realizagdo sensual por, xecisava ser estendido de acordo com as supostaments novas descabertas & vapacidades da era das Luzes. As raizes no puritanismo explicam esse ‘mélgama peculiar de radicalismo, reforma social e rigorismo moral que era ‘pico dos movimentos de lingua inglesa. O sucesso da abolicao nos Estados vin muilas das pessoas que dela participaram trabalhando mais tarde cembriaguez ¢ desordens Sisicas gerais como elementos que os novos tempos Contudo, além disso, 0s movinnentos nos mostram algo do relacionamento complexo e bidirecional entre fontes morais cristas e secularizadas, De um ado, a forga propulsora tanto do movimento antiescravagista britanico como do abolicionismo norte-americano era religiosa. E de fato dificil imaginar esses movimentos alcangando a mesma intensidade de compromisso, a mesma determinagdo indomével ou a mesma disposi¢ao a0 sacrificio nas sociedades de lingua inglesa da época fora desse modo religioso. Embora fossem de modo geral contra a escravidao, muitos dos filésofos brincavam com teorias racistas. Hume, por exemplo, julgava que os negros fossem inferiores. O reconhecimento de fais diferengas raciais parecia apenas mais uma maneira de destronar a Biblia a fim de abrir espago pura a ciéncia empitica. Isso ndo teve no momento conseqiéncias préticas importantes e parecia motivado apenas como uma demonstragao antirista. Foi mais tarde, no século XLCe no comego do século ificisno vei 1s monstros reais, que tem sido foram os figis que se sentiram chamados a unidade da raga humana. E foram os cristaos usa abolicionista em ambos 0s lades do Atlantico. a forgapropulsora Os movimentos em si, contudo, podiam ser oportunidades de heterodoxia, senio de secularizacio. [sso se devia em parte ao fato de agueles que nele se engajavam ja terem freqiientemente tido coallitos com sews proprios corre- ligionarias mais cautelosos ¢ conservadores, eles mesmos muitas vezes em posigtes de poder. Para as pessoas profundamente envolvidas na eruzada, 0 anticscravagismo era essencial ao cristianismo, ¢ qualquer negociagdo era ‘raigao, Assim, a reticéncia on condenagio dos pederes estabelecidos levavam unitas vezes 0s abulicionistas comprometidos a se rebelax De fato, estava em ago uo interior das Igrejas algo da mesma dialética ‘que originalmente ajudara a gerar o uminismo desorente. Em uma perspectiva calvinista, uma identificagao demasiado grande com a causa poderia levar a0 cxro papista de buscar a salvacio nas obras. Ne perspectiva de wm abolici comprometido, qualquer coisa aquém do compromisso total signific corda. As duas vis6es difcilmente poderiam coexistir. Mas, 2 propo 10, Ver ibid, p. 232. |. Ver Stephen Jay Gould, A false medida do homem, Sio Paul, Mi wucepedo hiperagestinista passou 3 ser aceita como def a, a ser geralmente aceita de que a dedica » Nessa mesma medida as iprometidas com a causa podem sentirse forgadas a abandonar 0 cristianisino ortodoxo pela prépria forga desse compromisso, 0 paradexo & que wm impulso ¢ uma visio religiosos possam as vezes impelir as Bessoas a deixar a crenga religiosa Algo dessas presses pode ser visto na eazreira do ministro abolicionista norte-americano Henry Clarke Wright. “Cristo é o Principe dos reformadores im como 0 Principe da Paz”, afirmmou ele. Mas sentia-seultrajado nna escravidio e sua persegnicio a iio comecon a evoluir rurmo a concepgies mais fratado intitulado: “A Biblia, se Oposta a lade Auto-Evidente’, E declarou: “Em espirito estava mais perto do reino das céus que 0 clero com a eseravi 1 opasicio mutvamente coope- tianismo hiperagostinista fortalece as credenciais morais sua vez, aprofunda az desconfiangas dos figs hipe- forma secular. Algo semelhante a essa polasizacio nisino francés. E essa passagem tem sido visivel des. 4e entdo entre ctistaos socialmente comprometidos — como o testemunham tmissiondrios da China de nossa época que acabaram se ‘tomando comunistas. Algo muito importante aconteceu no séeulo XIX quando esces reformadcires & outros cruzaram as fronteiras da crenca. Mas seria um erro pensar nisso como parte de wm movimento uniforme, continuo e unidirecional rumo 2 “se. © impulso inicial na base da reforma tinha um cunho profin damente religiose, ¢ algo dele permanece, Nao sé porque isso pode, de certo Imedo, sactalizar a causa secular, mas também porque oimpetorelgioso pode estar muito evidente outra vez em ondas posteriores de reforma que so em certo sentido, herdeiras das antigas cruzadas anliescravagistas; como obser, ‘vanes trum der coo William Jennings Bryan no final do século e, de manera ainda mais marcante, no movimento dos diveitos civis na década de 1960, em ue minisirs assumiram grande papel de lideranga e cuja principal figura fol Martin Luther King. Mesmo nama Gra-Bretanha muito mais seculaizada, 0 lider da Campanha pelo Desarmamento Nuclear era até recentemente um religiosa nessas causas que exigem profiudo compromisso moral. 22.2 Ainda assim, algo importante e irreversivel ocomreu de fato na xitima parle do séonlo XIX com a ascenséo da descrenca nos paises anglosaxdes. Foi naquele momento que eles passaram de tun horizonte em que a crenea em situagdo atual em que o teism: s40 ontologicamente diversific a Sto cots 20 Vice 9 Tenia 2 Boia i era. nos Estados oie io eine rte primeira parte do séoulo, a tendéncia ali recuara fortemente mumo a ortodoxia — os evangélicos da Seita Clapham aan verdad, parte desse movimento — ¢ o deismo sain um pouco da moda. Quando a maré da ortodoxia reflu outza vez na itima parte do século, ela vai além do deismo. 0 ateismo ou “agnosticismo” passou a ser uma opgao. 0 exame dessa mudanga da forma como ovorre na Inglaterra e na América ‘oe iis nies eta atl Paini serge aul alg as moana rengios que earn na bse do Thmbismo dese, ‘como descrevi no capitulo 19, E, como eu disse entio, nossa compreensio. natureza moral dessas reacBes € tollada pela noo disseminada de que a pera da crenca religiosa foi, censio da “ciéncia” ou do de ss povlem ser combinadas. Leslie Stephen, uum dos grandes e Stain, sustentava ua idéia parecida com esta. Jul- sgava que um tipo de racionalidade cientifica tem de acabar vencendo. “Se a raga alapta-se gradualmente a seu ambiente, deve-se seguir que as rans da raga gravitam na dire da forma na qual a mente se tora um reflexo acurado do universo extemo.” A religiio deve, em iltina andlise, definhar Max cs tak reomheds ue res foes astra ea joge “Prd, srandes forcas podem agir devagar; e ¢ somente depois de muitos distirbios oscilagées continuas que o mundo ¢ la verdade, esas duas explicagées, chamemo4las de institucional, podem ser combinadas com facilidade, visto partilharem cer. Premissas, Isso se torna mais claro quando as exami larizacao” num sentido “ito, isto €, nao toda a mudanga de perspectiva que estamos tentando oxpliar mas a Imudanca que tro tantasfacetas da Vda social do ambito |S instituigées eclesidsticas nos iiltimos séculos: tudo isso transfor nossa vida. Nao podiam deixar de mudar a maneita como vemos as coisas, ‘Mas © que é questiondvel ¢ a tese de que sejam oondigbes suficientes para 4 perda da crenga religiosa. 0 fato de terem ou nio esse resultado tem de depender das outras coisas que esto acontecendo na cultura: 9 significado da renga religiosa, a natureza das possiveis alternativas a essa eronga, as tenses 4 que ela estd sujelta. A correlagdo simples que estd por tris da explicaglo institucional talvez j4 esteja sendo refulada & medida que essas mudazicas seciais esto se estendendo para além do Ocidente ¢ produzindo diferentes conseqiiéncias em outras partes. O que tomaria verdadeira a correlacdo simples? Se a {4 religiosa { como alguma renga usr particular cujanatireca cmtoncaestveece apenas anascarada por certo ¢ de prdticas, ela cairia em com a pas sagem destas © com sua supera¢do por outras, como talvez tenha acontecido com certas crengas particulares sobre vinculos magicos. Esta é, entio, a pressuposiodo que com freqiiéncia est na base da explicacdo institucional, ‘Mas isso é quase exatamente o que pressupde a explicagio cientificista: © é por isso que ambas se dio bem. Pederiamos formular a siluapio da seguinte ‘maneira. Toda explicacao institucional de wma mndanca de perspectiva precisa ser suplementada por alguma explicacdo do ambiente cultural. A premissa cientificista simples de que a religiéo perde espaco diante da racionalidade clentifica é 0 que cumpre o papel de pano de fundo para a explicagdo institu- co Se isso nao ¢ ertvel, precisamos de alguma coisa para pér no lugar Porém, por mais grosseira que seja, a tese cientificista ganha credibilidade a partir do drama real que se desenrolou na era: ‘dina Hams 1H Lean Stop, Bole Tee 1902, 1, 17. ms a (6, Fossa perspectiva da relagio entre crenga e descrengs gua inglesa ainda é mnarcada por essa batalha fundadora e, em clos, obscurecida por nossa compreensio errinea dela, A batalha por causa da ciénoia foi deveras concreta, Grandes avaneos fam no século passado em nossa compreensdo da geologia, particular a imensa idade da terra e, o que é ainda mais significative, em nossa -censiio da biologia. Neste itimo caso, a possibilidade de uma explicag2o funda, mesmo que mecanicista, abre-se para os fendmenos da vida. Desen- volve-se ui novo sentido da natureza que habitamos como sendo imensa em ‘vdrias dimenses: nao 36 no espago, mas também no tempo e, indo mais Ion- fe, na dimensdo de sua microconstitnicdo, A nova perspectiva do tempo & a nova direco na biologia combinaram-se no explosive impacto da publicagio da teoria de Darvin em 1850. Isso contina em nosso século com o impacto uw tanto paracide das teorias de Frend meio século mais tarde. Darwin teve conseqjiéncias devastadoras para a crenga por causa das estruturas inielectuais em que a [@ fora forjada, principalmente, mas nao exclusivamente, em paises protestantes. Nos dois séculos precedentes, tinha hhavido um imenso investimento no argumento a partir do designio como prova certa da existéncia da divindade. Vinos como isso era central para o defsmo, mas velo a afetar praticamente todas as tendéncias na Tgreja. Mesmo uma figura hiperortodoxa como Cotton Mather pode primérdios do século XVIII, que “um SER que tem d a it¢ mesmo 0 Criador © Govemador de toda Mat 10" que 0 “Atetomo esta agora para sempre nulso do Mundo", Ao mostrar como po: etia haver designio sem um Autor, Darwin abrin uma imensa lacuna em todo esse modo de raciocinio. Coniribuiram para a vulnerabilidade a deriva namo ao literalismo biblico nas Igrejas protestamies ¢ a crucial importancia apologética dada aos mila: gres de Cristo como prova de suas credenciais, que Locke e outros haviam enfatizado, Esses e outros fatores fizeram certas descobertas da ciéncia nove contista parecer profundamente contrarias a fé evista, de uma maneira que do parece tio evidente hoje, Essas foram circunstaneias agravant toda a explicagao para essa certeza de coliséo final, era ainda mais forte entre os descrent 1S. Citado em Tamer, Without God, p. 57 formular algum credo sejam arbitraveis dessa Sprio cienti ficismo exige um salto de f ness Oanone cent 0 qne impele essa fé € sua propria visio moral. Ches sa fé -gamos aqui mais Perto de um quadro no distorcido do grande drama vitoriano da descrenca Nao a simples substi perspectiva moral Tado dela como alt Essa perspectiva é da nao-ciéncia pela cigncia, mas uma nova io dence areditar om algo i ois ideals fluem juntos para d este principio. O primeta €0 da iverdaderarinal astoespunstvol ue discuti muitas vezes nestas paginas. Temos obrigagio de formar noseas opinides com base nas evidéncias sem prestartibuto a nenhuma antoridade. < de heroismo da descrenga, a profunda sai spiritual de saber que se conirontow a verdade das caisas, pot mais s © sem consolo que ela seja. . Esse tema se repete constantemente nos escrtos do periodo, Samuel Prinam, un exministo, estava pronto a encararo “abismo infito” em que a lnnmanidade acabard desapsrecendo sem um tinico “Bo de esperanga’" A sali o eile: “Que fagueza, que faba do eligio dant dese i je nao queria conversa com esse “gito da eianga com annie’ ssa “setimentalidade de covante"" “No mesmo momento sea © homem reconhece o mal de seu destino, nesse mesmo momento a grandeza do seu ser se manifesta. Porque ele pode amar; ele pode suportar; ele pode perecer sem tenor.” F 0s vitorianos freqientemente se referiam a “vislidade” roquerida para enfienlar a verdade mua e emva!, Se nao se podia acreditar, entio a honestidade exizia que se dlzesse is:0. Aqui, 08 agnésticos mostraram sua filiagdo do cristianismo evangélion, Stephen # Feeders ples de nossa posteridade venha a ser, desde que se atenham nio fingir acreditar naquilo que nao tém razo para acreditar porque esse fingimento pode ser vantajoso para eles, nao terdo atingldo as regives mais profiandas da imoralidade™®, Uma ética desse tipo pede algo como o cientiticismo, uma fronteira nitide se tem boas razdes para acreditar e o que esta além desse limite. em que as questées mais importantes estivessem de fato cercadas cde mstério solaparia essa conclamagio moral clara. Idealments, precisamos de principios claros, como os do método cientifico, que possam separar o joie do ‘igo entre as crencas que tentam se aninhar em nossa mente. Esse sentido perfeitamente claro da fronteira entre 0 permnissivel ¢ 0 néo permissivel & ‘oulra marca poderosa de seu legado evangélico. A epistemologia e 0 fervor moral se apéiam mutuamente, ‘A ética da crenga esta vinoulada por meio da ciéncia a uma terceira grande forga, a exigéncia da tenevoléncia. Tal como mo caso do Tumiis- mo deserente, & i vitorianos ao progresso give e, portanto, a melhoria humana, tradigao que remonta a Bacon. rirada da religiéo para a ciéncia nfo 36 assinalou uma maior pureza de espiri aior virilidade como também as alinhou com as exigéncias do de enfrentar o universo no-sagrado podia ser pensada como um sacrificio que os agnésticos se dispunham a fazer em Mas palavras de um descrente morte-ameri ensinou-os “a perder de vista de avango da raga humana’. Ed © Tluminismo destrente, muitos cultuaram a nogdo de que enfrentar 0 universo sem Dens liberava em nts reservas de benevoléncia, Nas palavras de outro norte-americano, “no momento em que se perde a conflanga em ‘Deus ow na imortalidade no universo", a pessoa s¢ toma “mais autoconfante, sua “filosofia grandiosa” nosso fardos na marcha mais corajosa e mais solicita para ajudar onde 36 a aj possivel"#, Alguns desses temas aparecem juntos numa oo a nmovente declaragdo de uma carta de Thomas Huxley. Ele fala de sua juveniue imoral e posterior teforma ¢ pergunta o que produziu isso: “A esperanca da imortalidade ou da recompensa futura?” Isso nao teve a minima importancia: “Yo, posso Ihe dizer exatamenle o que estava em agéo. Sartor Resorts 4 completa anséncia de telogia. Em segundo lugar, a ciénia e sets todos Seramme orefrigério de um espago independeate da aurrdade ed tea, En cco Inge o anor me tro tecrptve a ana concep de sndade fe satus Bua € deco ipreso mh um pind seo de ‘Trata-se de uma instigante moralidade alternativa que abriu brecha na religido vitoriana. Nao foi alguma incompatibildade ree logica entve cigncia e fé, mas essa imperiosa exigéncia moral do. nic acreditar que levou muitos vitorianos a sentir que tinham de abandonar, mesmo que pesarosamente, a fé de seus pais . A ilusdo do cientificismo nao era forte s6 por causa do camy partion an as Seen no oe ces yao a também gerada pela propria ética da crenga, como tentei mostrar. Isso nos empwra para uma ou outra variante do cientificismo e, assim, tende a obseurecer suas proprias motivacées mais profundas. Estas ainda estio mais ow menos na superficie nas obras dos fundadares, e é por isso que vale a pena voltar a eles. Porém, para muitos de seus ‘seguidores do século XX, alquee reconhecimento da dimensio moral foi inteiramente euprimido, 238, Neste capitulo, estive me concentrando em desenvolvimentos om Sando, mas esse vincuto entre atefsma e benevoléncia humanista foi tomado ainda mais explcito por certos pensadores continentais. Na verdade, ido com por Feuerbach, 0 homem tdos os seus tesouros a Deus; ao tornarse ste, a seen trata feta om 148, °0 pop de mews eet palestras, € transformar homens de tedlogos em ant ingos, de wofistas cm fltnteee de candidatos ao depois em estudiosas a map niche rapier aoe Um exemplo marcante ¢ o sociobidlogo Edward 0. Wilson. Em sew Da rnatureza humana, o cientificismo praticamente engoliu a moralidade; de fato, G.nos oferecida uma explicagdo crassamente redutiva desta iltima. A selegao natural desperta certas propensoes a reagir, certas “intuigdes", que sfo “em larga medida inconscientes e irracionais". “Como todas as pessoas, o¢ filésofus avaliam suas respostas emocionais pessoais 4 varias alternativas como se consultassem um oraeulo oculto, Esse oréculo reside nos coutras emocionais profuundos do cérebro, mais provavelmente no sistema limbico...As resposias emocionais humanas ¢ as pratioas fticas mais gerais nolas baseadas foram programadas num grau substancial pela selegio natural ao longo de milhares de geragies.”? Ou: “0 comportamento humano — assim como as capacidades mais profundas de resposta emocioual que 9 impelem e orientam — € a técnica tortnosa por meio ‘a qual o material genético humano tem sido e ser mantdo intacto, A moralidade ado tem ontra fungdo fltima demonstravel”™. ‘ima posigio redutiva desse tipo é, naturalmente, insustentvel mum sentido mito profunda; quer dizer, ninguém poderia de fato viver com base nela ¢, assim, a melhor deserigdn disponivel daquilo por que de lato vivemos mio ‘pode deixar de ser diferente. Isso aflora perto do final do ivro, em que Wilsom, ‘com sublime indiferenga & inconsisténcia, apresenta sua visio moral. Ble se ‘sonfessa profundamente comovido pela “épica evolutiva” e, em particular, pela ‘extraordinaria historia da ascensao do homem por meio da engenhosidade da perspicaz razio instrumental. 0 que inspira respeito pelo homem nao ¢ apenas seu sucesso, mas o fato de cle ter alcangado esse sucesso por meio da ampliagio de seu conhecimento ¢ do alargamento de sua visio. *O verda deiro espirito prometéico da ciéncia significa libertar o homem ao Ihe dar conhecimento e alguma medida de dominio sobre o ambiente fisico.” Esse maior conhecimento ¢ visio podem, por sua ve2, transformarlhe as aspiragées. Ele constroi uma concepedo geral que vincula sua trajetiria passada com o futuro a que aspira, A era cientifica, tendo repudiado os tmitos tradicionais da humanidade, “consteéi a mitologia do materialismo cientifco, guiada pelos vecurs0s corretivos 40 método cientifien, aplicada com apelo preciso e deliberatamente afetiva a 28. On Human Novae, Cambridge, Massachnsets, Harvard University Press, 1978, pp. Para fazé-lo com sucesso, temos de nos libertar de nossas lealdades ¢ apegos particulares ¢ provincianos; devemos ser capazes de ver a n6s ‘mesmos como parte do quadro mais amplo. “Annalureza binmana nos inelina aos imperativns do egoismo e do tribalismo, Mas vda do curso emt Jongo prazo da evolurgo dev nt aprec diam ter sobre, les podria sah Bane” de ison incorpee alguns dies que estve desecevend, wolve 9 ato de termos a coragem ce nos distanciar da perspectiva limitada, do mito Hsonjeiro ou consolador, para ver a longa batalha pela scbrevivencia uum todo e, entlo, ser movidos a ir além do egoisme estreito a fim de 2 maioves alturas. B uma espécie de liberdade anto-responsai soendéncia da partiolaridade, que esta na hase de nossa e Jevsamos cata visio moral adeno coreg deisel ssa “grandeza” de Wilson também traz 30 prim Alo que os itorianosdenominavan a “vided que nos onasia enn ‘ara verdade tem também outro lado. Nao transtendemos apenas nosso 'menso desejo do conforto e seguranca; também nos elevamos acima de nossa rerapectiva estreta e podemos incorporar o todo. E tamanho o assombro de ficamos plenos diante disso que podemos dar um passo paca fora de wos 30s propos interesseslimitados. Hé algo na ética moderna da razio ceatiica Jue esta em continnidade com o estoicismo anterior e ressoa com temas jd svocados por Descartes™. Bertrand Russell 0 aticulou em nosso século. Em ‘A Escéacia da Retigio’, ele distingue duas naturozas nos seres humanos ama “particular, finta, autocentrada; a outra, universal, infnitae imparcial”. \ parte infinita “brilha imparcialmente’ . Tmuscando sempre 0 que vontade, visa simplesmente ao hem, sem terior faz com que en goste do que age sem lita dade & das leis do movimento & do agir da ma 560 imazinar Deus no pleno de confit. Pot isso, pre pareor-neesseacialmente paix, confit, raiva; moments deste a si meses. Un Dens tem de ser calmo como o de da natureza, Tudo isso ¢ antobiografia, no flosotia™ 0 que acontecen as culturas anglo-saxas na crise vitoriana de fé foi que, pela primeira vez, havia & disposigdo um horizonte moral alternative & crenga em Deus. Desde entio, crenca ¢ descrenca existem em vontraste ¢ tensao ima com a outra, e as duas vém a ser ptoblematicas devido ao fato de exis- tirem nesse campo de alternatives, como eu disse antes (capitulo 18). Nenhuma. elas pode beneficiar se da seguranca incontestada que a {6 religiosa desfratou nia época anterior. AS ‘morais podem ser buscadas nao so em Deus, ‘como nas duas novas “fronteiras”: a dignidade vinculada a nossas capacidades (em principio, apenas as da raz4o desprendida, mas agora ineluindo também a imaginagao criativa); ¢ a8 profundezas da natureza interior € exterior jentifica da. (@es)orenga é 86 wma maneira pela qual essas podem servirnas de recursos. Havia também a gama de posiges advindas do romantismo, Estas podiam oferecer seus préprios cami- ios para a descrenca, mas os que as pervorriam tinham uma atitude deveras critica diante do cientificismo, 0 movimento de afastamento do teismo foi “A batalha interminavel intercr: eis por qne mais gradual aqui, passando por uma série de posigdes intermedisrias e, em alguns casos, nao totalmente consumadas. Ralph Waldo Emerson pairou sobre 4s fronteiras em que tefsmo, panteisme e nio-eismo se encontram. Mas, quando as pessoas seguiam de fato esses caminhos, 0 que agia sobre elas nao eram tanto as dificuldades com a ciénei. também tenha tido um papel nesse periodo, mas algo in natureza como fonte que o romantisto Ihes legara ( nos casos de Emerson ¢ Amold, por meio da influéncia de Coleridge). Goethe deu a isso a articulacdo mais influente. Foi o sentido de que o ideal da integridade expressiva era mais compativel com a perspectiva “paga” dios antigos que com as aspiragSes transcendentes do cristianismo. A identi ficagao dos gregos com a unidade harmoniosa foi um dos grandes temas om Ronald Clase, Bertrand Russell, Londres, Cape, 1975, p. 190 om ibid, p74,

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