You are on page 1of 12
wy 2594-407X Uma revisio bibliografica da pedagogia vocal do canto lirico Heliana Farah! Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade de Bologna (Itélia) helianafarah@musica.uft.br hutps://orcid.org/0000-0002-1903-0504 Resumo: A importincia de uma revisio bibliografica da pedagogia vocal do canto lirico reside no fato de sua metodologia preterir a busca de um ideal estético em detrimento de uma técnica fisiologica que Ihe de suporte. No entanto, o érgio mais importante no canto, a laringe, funciona “num nivel abaixo da conscigneia”: se no ha garantias que uma ago fisiolégica pretendida seja realmente executada, o referencial estético pretendido ganha relevo, sendo imprescindivel a andlise de obras de cunho tanto fisiolégico, fonético e acistico, quanto tratadista ¢ de depoimento, no sentido de dar visibilidade ao papel da estética nessa area pedagégica. Palavras chave: Pedagogia vocal do canto lirico; Técnica e estética vocais; Referencial bibliografico. A bibliographical review of the vocal pedagogy of classical singing Abstract: The importance of a bibliographic review of the vocal pedagogy of classical singing lies in the fact that its methodology renounces the quest of an aesthetic ideal in favour of a physiologic technique of endorsement, But the most important vocal organ, the larynx, works “below the level of consciousness”: if there are no warrants that a physiological move is actually done, the aesthetic reference takes prominence, and the analysis of physiological, phonetic and acoustic works must run in parallel with treatises and testimonial works, so as to emphasize the role of aesthetic in this pedagogical area Key-words: Vocal pedagogy of classical singing; Vocal aesthetic and technique; Bibliographic reference. Una revis jon bibliografica de la pedagogia vocal del canto lirico Resumen: La importancia de una revision bibliografica de la pedagogia vocal del canto lirico reside en el hecho de que su metodologia preterir la biisqueda de un ideal estético en detrimento de una técnica fisiolégica de soporte. Sin embargo, el érgano mas importante en el canto, la laringe, funciona “aun nivel bajo la conciencia'": sino hay garantias que una acci6n fisiolégica pretendida sea realmente ejecutada, el referencial estético aspirado gana relieve, siendo forzoso el andlisis de obras de cufio fisiolégico, fonético y acistico como tratadista y de testimonio, en el sentido de dar visibilidad al papel de la estética en esa area pedagégica Palabras clave: Pedagogia vocal del canto lirico; Técnica y estética vocales; Referencias bibliograficas. ' Desde 2009 ¢ professora assistente da Escola de Misica da Universidade Federal do Rio de Janeiro ¢ se encontra como Professora Vistante da Universidade de Bologna (Itslia) 2017/2019, Doutorana em Musicologia pela UFRI (inicio em 2016), Mestre em Miisica pela UFRI (2010), Bacharel em Misica (Habilitagdo Canto) pela UFR (2010) e Bacharel em Economia pela PUCRI (1992), Fez a diregio cénica de quatro éperas, foi editora convidada da Revista Brasileira de Misica v.30, n,2,p. 1-164, Jl Dez. 2017 epublicau “Metiforas eterminologia vocal: hipteses para uma leitua critica” (2017), “pera - o resgate da emogao" (2013), “Técnica vocal antiga nos coros religiosos - Um estudo da vor de alto"(2008) e com MuriloN. Almeida “A estitica da misica vocal do sécalo XIX: uma visio hstoricamente informada” 2010) Interliidio: Revista do Departamento de Educagdo Musical do Colégio Pedro Il - Ano 7,n. 11 = 2019 El Uma revisdo bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico Introdugio A importincia de uma revisdo da literatura sobre a pedagogia vocal do canto lirico? reside no fato de sua metodologia nunca ter se assentado explicitamente na busca do ideal estético de emissio vocal corrente, preferindo reclamar como método, a cada novo referencial, uma técnica’ fisiolégica que Ihe desse suporte. A pedagogia vocal lirica tende a concentrar-se em ages fisiolégicas' cujo resultado sonoro é teoricamente previsivel, ndo na investigagao de um timbre vocal que se aproxime do ideal estético almejado empregando para isso os meios a seu dispor. As poueas obras em portugués sobre canto litico carecem de relevancia para um estudo sério da pedagogia do canto lirico, sendo, dessa forma, a revisio aqui proposta util também para direcionamento de pesquisas na drea, As obras analisadas no presente artigo si de cunho tanto cientifico, fisiolégico, fonético ¢ actistico, quanto tratadista e de depoimento®: essas iiltimas duas categorias sfio necessdrias por mostrarem a grande variedade de experiéncias e sensagdes possiveis e validadas. Como diz. Richard Miller (1926 — 2009) (2006a, p. 200), nao podemos nos contentar somente com nossas proprias sensagdes e com os contatos humanos que tivemos ao longo da vida esses, por mais diversificados que sejam, sio obviamente restritos. 6 mais rico procurar em todo tipo de literatura porque, como explica William Vennard (1909 — 1971) (1967, p.160)’ em Singing, the mechanism and the technic, 0 6rgio mais importante no canto, a laringe, funciona “num nivel abaixo da consciéncia”, teoricamente s6 acessado por imagens sugestivas ou indiretamente por 6rgdos como boca ou lingua. Como nio ha garantias que uma agdo fisiolégica pretendida seja realmente executada, © referencial estético pretendido ganha relevo destacando seu papel também na area pedagégica, 2 Canto lirica é aquele supostamente empregado nas composigdes do repertério dito erudito,clisico, ou ainda da misica de arte ocidental 3 Téenica vem do prego “techne”, ou arte, mas jé na Made Média tinha um sentido de método: ages nevessévias para atingir um ebjetivo “Anatomia & 0 estudo detalhado das partes estruturais que formam os organismos. Fisiologia, por outro lado, é a eigneia que trata com as fungGes e processos dos organismos vivos. Sob orisco de demasiada simplificagdo a primeira lida com @ estrutura das virias partes de um sistema ¢ a segunda com a interagdo entre aquelas partes.” “Anatomy isthe detailed examination ofthe structural make-up organisms. Physiology, on the other hand, isa science dealing with the functions or processes of living organisms. At the risk of oversimplificatin, the former deals with structure of the various parts of 4 given system and the later with the interactions of those parts.” (DORSCHER 1994, p. xv) Todas as tradugdes sio da autora * Existe a literatura de tratados, como o de Pier Francesco Tosi (1653 - 1732), ou de Francesco Lamperti (1813 - 1892), uma literatura que é exclusivamente de depoimentos: livros nos quais eantores (um ou virios) contam suas proprias vvidas e explicam como era a técnica fisiologica por eles wtilizada, © “No teacher of singing has personally experienced all the possible forms of uncoordinated function that are exhibited daily in every active studio. In attempting to communicate impressions, instincts and sensations through impressionistic, Instinctive, and descriptive language, the teacher may not communicate the concrete information that the student requires.” (MILLER, 2006a, p. 200) ‘There is the underlying difficulty of the fact that the vibrator, doubiless the most important element of the voice, Junctions below the level of consciousness and must be controlled indirectly through the resonators and by means of resonance imagery” (VENNARD, 1967, p. 160) ducago Musical do Colégio Pedro Il - Ano 7, n. 11 = 2019 Interliidio: Revista do Departamento de Uma revisdo bibliogritica da pedagogia vocal do canto lirico Claro que nao hé a pretensdo de esgotar a bibliografia de técnica e estética vocal do canto lirie mas apontar marcos e tendéncias dentro dessa literatura. Os primérdios da Histéria da Pedagogia da Técnica e Estética Vocais A genealogia da pedagogia da estética e técnica do canto lirico estende-se em uma linha que comega no Século VII de nossa era. Apesar de a pedagogia vocal dar énfase A parte fisiolégica, Sundberg (1936 -) (1987, p.132)*, discorrendo sobre como como um bom professor de canto se guia pelo som que ouve para sugerir ao aluno como encontrar a fonagdo justa, certifica, que na verdade, 0 ensino do canto lirico se guia pelo timbre vocal. O cientista escreve 0 que cantores, professores, pesquisadores e tratadistas talvez no tenham coragem de dizer: se o som guia a pedagogia vocal, 0 ideal estético almejado ganha um enorme status. Um dos primeiros a escrever sobre estética vocal foi o padre ¢ estudioso espanhol Isidoro de Sevilla (560 — 636) em dois textos: Etymologiae e De Ecclesiastics Officiis. Ele fala sobre o solista a0 cantar salmos: “Uma voz perfeita é aguda, doce e clara: aguda que alcance notas agudas, doce que - 2000, o espirito dos ouvintes fique envolvido, e clara que encha os ouvidos.” (SEVILLA apud DY! p. 166)°, que segundo Dyer, pare: I ver uma voz préxima ao tenor lirico. sronymus de Moravia (? — 1272), um frei dominicano tcheco, distinguia trés vozes (apud DYER, 2000, p. 169)'°: a de peito (pectoris), a de garganta (guttoris) ¢ a de cabega (capitis) Hieronimus dizia que nenhuma dessas trés vozes deve ser unida uma 4 outra; a voz de peito é usada para as (notas) de peito ¢ assim por diante, Acrescentava que todas as vozes tiravam seu vigor da voz de peito (HIERONYMUS apud DYER, 2000, p. 169)!', dai preferia 0 canto no registro do meio, desaconselhando usar notas muito agudas. E importante a leitura atenta das palavras de Hieronymus, Na verdade, por unir ele no quer dizer igualar: cada timbre referente a um registro vocal é usado * “The reason that good singing teachers manage regardless oftheir own sex and the sex ofthe students may be that the teachers tend to pay more attention to voice timbre than to the underlying articulation, An efficient voice teacher may try to develop a “free” tone in the student, which probably means a tone relieved of those characteristics that a listener ‘would associate witha person in vocal distress. Then, the student has to find, in a more or less intuitive way, the ype of phonation and articulation which satisfies the teacher.” (SUNDBERG, 1987, p. 132) ° A perfect voice is thus high, sweet and clear: high, $0 that it might soar up to the highest pitches; clear, so that it might {ill he ears; sweet, so that the spirits of the listeners might be charmed (ISIDORO apud DYER, 2000, p. 166) "™ Na verdade, estava se referindo a registros vocais. Explicagdo até hoje incontestada de registro: “Par le mot registre, nous entendons une série de sons consécutfs et homogénes allant du grave a l'aigu, produits par le développement du méme principe mécanique, et dont la nature differe essentiellement d'une autre série de sons également consécutifs et homogenes, produits par un autre principe mécanique. Tous les sons appartenant au méme registre sont, par conséquent, de la méme nature, quelles que soient dailleurs les modifications de timbre ou de force qu'on leur fasse subir” (GARCIA, 1847, Vol. 1, p.6) ' “None of these [voices], therefore, isto be joined to the other in chanting, but the voice ofthe chest for the chest[tones}. of the throat for the throat {tones), of the head for the head [tones]... all voices draw their vigor from the chest [voice] (J not 190 low, which isto howl, nor too high, which is to shout” (HIERONYMUS apud DYER, 2000, p. 169) Interliidio: Revista do Departamento de Educagdo Musical do Colégio Pedro Il - Ano 7,n. 11 = 2019 Uma revisio bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico apenas para aquele registro. Pode parecer uma discussio apenas técnica, mas & na estética da desigualdade dos registros que se baseia seu discurso, © abade francés Sao Bernardo de Clairvaux (1090 — 1 ) (apud DYER, 2000, p. 174)!” encorajava seus colegas a cantarem sem preguiga, sono ou tédio ¢ a “ndo cantar pelo nariz com tom afeminado, mas trazer a tona a ressondneia viril e vozes com afetos adequados ao Espirito Santo”. O documento Jnstituta patrum de modo psallendi sive cantandi (12??) (ANONIMO apud DYER, 2000, p. 171)'°, dos monges cistercienses, também se destina aos salmos corais ¢ presereve uma “voz estivel, ndo muito volumosa, numa tessitura moderada, sem pressa; mas inteira, viril ¢ viva”. Este documento elenca os defeitos estéticos de som qualificando a voz afeminada como 0 menos desejado entre eles: “Isso ndo poderia ser aceito nos solistas (...) nem tolerado no canto coral”. O De modo bene cantandi (1474) do padre alemao da diocese de Speyer, Conrad Von Zabern (2 - 1482), (apud DYER, 1978, p. 219) ' teve um importante papel na histéria, pois é 0 primeiro manual dedicado 4 técnica vocal, segundo Dyer!’, que o traduziu e estudou (1978), Esse tratado & escrito para cantores de coros de monastérios, no solistas, trazendo informagGes importantes sobre a estética daquele periodo. © autor aparentemente era contra o que hoje se chama de belting: levar a vvoz de peito o mais agudo possivel sem quebrar; entdo, propde uma passagem suave entre os registros, permitindo a mudanga de qualidade sonora entre os registros vocais. As boas qualidades do canto para Zabern incluem: afinagao, ritmo, tessitura média para que todos possam cantar, ritmo que reflita © sentimento das palavras, canto com piedade, mas sem demonstrages de polifonia ou de melodias seculares, ¢ a voz sem os dez defeitos que enumera, Entre esses defeitos se incluem: 0 “h” aspirado, © falsete ea imitagdo de mulheres, a imitagdo de animais e 0 uso de forga (apud DYER, 1978, pp. 209 - 210). O Tratado de Zabern traz pistas de que a técnica vocal com abaixamento de laringe ja era usada na época, se bem que desaprovivel: ele fala mal dos cantores que usam sua voz plena nas notas altas (...). (ZABERN apud MCCLINTOCK, 1994, p. 15; ZABERN apud DYER, 1978, p. 219)'°. "© (.2 neither singing through the nose with effeminate lisp, but Bringing forth with virile resonance and affection voices worthy of the Holy Spirit’ (BERNADO apud DYER, 2000, p. 174) " “with an even voice, at steady tempo that is not excessively drawn out, but at a moderate pitch, not too quickly, but with a full, virile, lively and precise voice (...). It was unacceptable from solo cantors (...) nor could it be tolerated in choral singing.” (ANONIMO apud DYER, 2000, p. 171) "4 “it would be mistaken to attempt to imitate [the organs] diversity by uniform use of the voice” ZABERN apud DYER, 1978, p. 219) 'S DYER, op. cit "A particularly striking crudity is that of singing the high notes with a loud tone, indeed with full lang power. And truly, if there is a person who, by nature has a heavy trumpetlike voice, it makes a great disturbance in the whole choral song ‘and appears as though the voices of several oxen were mixed in the with the choir. And I have also heard in a Collegium that singers with full. heavy voices seream on the high tones from pleasure of strength. (..) The low notes are to be sung. entirely by the chest, the middle ones with moderate strength, the high ones with a soft voice. And the changes from one 10 the other must be gradual{..). (LABERN apud MCCLINTOCK, 1994, p. 15) "Let him who wishes to sing flawlessly never again presume to sing with a full and strong voice in the upper register, for this disfigures the chant, pointlessly Interliidio: Revista do Departamento de Educagdo Musical do Colégio Pedro Il - Ano 7,n. 11 = 2019 Uma revisdo bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico Em 1496, 0 compositor ¢ tedrico italiano Franchinus Gaffurius (1451 — 1522) (apud JANDER, 2009)"”, em sua Pratica musicae, abomina o vibrato exagerado vozes gritadas. Jé Ludovico Zacconi (1555 — 1627) (apud MILLER, 2006b, p. 204) '8, em seu Pratica di musica utile et necessaria si al compositore per comporre i canti suoi regolatamente, si anco al cantore (1592), recomenda o vibrato: ele deve ser suave ¢ agradavel ¢ ajudar nas ormamentagdes, devendo ser sempre usado. Na Renascenga, até 0 fim do Século XVI, a miisica vocal raramente passava do limite do pentagrama, Os tratadistas distinguiam dois registros: o de peito ¢ o falsetto. As vezes, se falava de registro de garganta, O mé (MAFFEI apud MACCLINTOCK, 1994, p. 34)'*, em sua carta Discorso della voce e del modo ‘0, filésofo ¢ misico napolitano Giovanni Camillo Maffei (15? - 1564) d’apparare de cantar di garganta (1562), diz: “j4 que a voz mais grave excede e engloba todas as outras, ela deve ser considerada a mais perfeita, mais nobre e mais generosa”. Ele faz também uma referéncia a uma voz metaforicamente chamada de “preta”. Penso que essa alusdo A voz “preta” poderia ser uma referéncia a técnica de laringe baixa: “voix sombrée”™". Se isso puder ser confirmado, 6 talvez a segunda alusdo a técnica de laringe baixa”!, O Canto Lirico Solo: os primeiros séculos O compositor ¢ cantor italiano Giulio Caccini (1551 — 1618) (CACCINI apud WISTREICH, 2000, p. 180), em seu tratado de 1602, Le Nuove Musiche ressoa os antigos com algumas alteragdes: “Deixe que 0 cantor escolha um tom em que seja capaz de cantar em voz plena e inteira evitando o falsetto, ¢ no qual no precise trapacear nem usar de forga”. Caccini (1602, p. 56)" recomenda a transposigo para o melhor tom do cantor e usa a expresso “voz plena”, como Zabern. Ele parece ser o segundo a sugerir 0 abaixamento da laringe, semelhante a técnica vocal atual e, quem sabe, em weighs down and fatigues the singer, makes him hoarse and consequently useless for singing.” (ZABERN apud DYER, 1978, p, 219) "1-"(.) Singers should not produce musical tones with a voice gaping wide in a distorted fashion or with an absurd powerful bellowing (..)” (apud ANDER, 2009) 8 “Tremolo should be used slight and pleasing: (..) it should always be used since use converts into habit (..)itfacilitates the undertaking of passaggi (ornamentation) ” “Since the low voice exceeds and surpasses and embraces all the others, it must be considered more perfect, mare noble and more generous.” (MAFFEL apud MACCLINTOCK, 1994, p. 34) 2 “[don't want to speak ofthe voice called “black” by metaphor.” (MAFFEI apud MCCLINTOCK, 1994, p. 41) 2A primeira sendo Zabern, ® “Let him choose a pitch at which he is able to sing in a full and natural voice, avoiding the falsetto, and at which he does not have to ‘cheat’ or at least use force’. (CACCINI apud WISTREICH, 2000, p. 180) ® ‘He {Caccini] makes the proviso that ths is straightforward [choose a pitch] if one is singing alone (...)if'singing in company, the simplest resolution of register problems isto sing another part” (WISTREICH, 2000, p. 180) Interliidio: Revista do Departamento de Educagdo Musical do Colégio Pedro Il - Ano 7,n. 11 = 2019 Ei Uma revisdo bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico continuagao as ideias de Maffei e contrérias as de Zabern (NEWTON, 1984, p. 109). A diferenga das necessidades vocais pode ser observada na comparagio entre o prologo da épera Orfeo, de Monteverdi, com arias de A. Scarlatti, como “Se Florindo é Fedele” ou, mais acentuadamente, na obra vocal de Handel ou Vivaldi — com o desenvolver da coloratura, a partir do fim do século XVII, a necessidade de agilidade pode tet preterido a técnica de abaixamento de laringe. George Newton (? — 1993) (1984, p.23)°5 fala que o ideal estético vocal para Claudio Monteverdi (1567 — 1643) seriam vozes wagnerianas*®, Newton explica sua teoria pela semelhanga da linha melédica vocal na misica dos dois: os ariosos. Caccini foi uma grande influéncia em sua época, reverberada pelo fato de sua filha, uma grande cantora, ter também propagado suas ideias, Foram observadas recomendagées ao livro de Caccini em pelo menos outros dois autores da época (MCCLINTOCK, 1982, pp. 163 - 171): no tratado de Michael Praetorius (1571 — 1621), Syntagma Musicum (1619), eno de Marin Mersenne (1588 — 1648), Harmonie Universelle (1636). Bénigne de Bacilli (1625 — 1690), cantor e professor de canto francés, (BACILLI, 1668, p 3) com o seu tratado Remarque curieuses sur l'art de bien chanter (1668), aborda 0 assunto do vibrato ao qual ele chama de “cadence”: ele era indispensdvel para uma voz ter beleza, além de clareza ede dogura. Apesar de ndo haverem deixado tratados escritos, dois nomes so importantes por terem sido considerados fundadores, no Século XVIII, de tradigSes de canto: Francesco Antonio Pistocchi (1659 — 1726), de Bolonha, e Nicola Porpora (1686 — 1768), de Napoles. Nesse mesmo século, na Franga, Jean-Baptiste Bérard (17-2), cantor © professor de canto, publica o seu L’Art du Chant (1755) (MILLER, 2006b, p. 209), no qual advoga a regido inferior das costelas abertas no controle respiratério, O maior embasamento tratadista do Século XVIIT comega com a obra do professor de canto Pier Francesco Tosi (1653 — 1732), em seu Opinioni de’ cantori antichi e moderni 0 sieno osservazioni sopra il canto figurato (1723), que foi traduzido para o inglés pelo musicista Emst Galliard como Observations on the Florid Song (1742), traduzido ¢ comentado para 0 alemao pelo te6rico J. H. Agricola como Anleitung zur Singkunst (1757). Tosi (1723, p. 11) comega seu tratado elogiando Zarlino que, durante o periodo da Camerata Fiorentina, travou embate intelectual com Galilei sobre a forma ideal de canto e sobre o que teria precedéncia: a Palavra, como na tradigao Aristotélica ou a Miisica, como na tradigdo Madrigalista, 2 “Although Zacconi (1592) speaks of the voce mezzane as a bridge, it is clear that Caccini (1602) is willing to lose a little in range in order to preserve naturalness. Before the end of the seventeenth century, with the ascendency of the castrao, the intensity dramatic style of the early Baroque had disappeared, and once again the chief objec ofthe teacher was to blend the swo basic voices and thereby increase the range.” (NEWTON, 1984, p. 109) 2% “There are passages in these operas, especially those by their greatest master Monteverdi, which in their melodic lines, their highly charged chromatic harmonies, seem almost to presage Wagner” (NEWTON, 1984, p.23) * Richard Wagner (1813 - 1883) Interliidio: Revista do Departamento de Educagdo Musical do Colégio Pedro Il - Ano 7,n. 11 = 2019 Ea Uma revisdo bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico 0 notavel professor do terceiro quarto do século XVIII na Itélia, Giambattista Mancini (1714 — 1800), se destaca como grande tratadista e publica Pensieri, ¢ riflessioni pratiche sopra il canto figurato (1774), no qual enumera ¢ clogia os grandes cantores do passado. Tosi ¢ Mancini tém grande preocupagao musical com a correta execugdo dos ornamentos. Tosi, no apogeu da Opera Séria, e Mancini, quase no fim desse periodo, assinalam uma outra espécie de preocupagao vocal em relago 4 era que havia comegado insipiente com as primeiras éperas comerciais de Veneza, em 1637. Na Itdlia, 0 virtuosismo, a extensdo, os ormamentos, a dindmica, enfim, tudo que pudesse assombrar 0 ouvinte da épera séria era bem-vindo, até mesmo os castrati. A extenso das vozes se amplia consideravelmente e forgosamente ¢ hé a necessidade do uso de mais de um registro vocal. Segundo Wistreich (2000, p. 186), a estética vocal desejada de entdo diferia consideravelmente da atual. Nao havia necessidade de igualar o timbre da voz em toda extensio; a énfase era na clara diferenciagdo de registros, que se uniam sem quebras, mas nao ¢ igualavam, A modificagdo acistica de vogais nao era permitida’’: os cantores deveriam trabalhar com vogais puras em toda a extensdo. Para executar as coloraturas (passaggi e accenti), tio comuns até o Romantismo, existia uma técnica essencial: a “disposig’o” que Wistreich (2000, p. 187)** descreve ser uma técnica da época de rapido controle da glote para notas répidas © muito precisas, contréria & técnica vocal modema que depende do abaixamento da laringe. O Canto Romantico 0 Século XIX se abre com uma orquestragdo cada vez mais densa ¢ maiores teatros, exigindo mais volume dos cantores. © gosto popular vai-se alterando e passa paulatinamente a rejeitar a voz dos castrati. O grande evento desencadeador na mudanga da técnica vocal foi o “dé de peito” em 1837 do tenor Gilbert Duprez na épera Guillaume Tell (1829), de Gioachino Rossini (1792 — 1868), em Paris”. A técnica de laringe baixa ¢ dado o nome de voix sombrée™, pois, com o abaixamento da laringe, ha a consequéncia fisiologica do escurecimento (modificagdo) das vogais. O grande efeito dessa modificagao fisiolégica, além do aumento de volume e projegdo aciistica da voz, é a sensagZo de virilidade passada nas vozes masculinas: uma busca de ruptura definitiva com a estética dos castrati; a téenica de laringe baixa foi consequéncia de uma busca por maior volume ¢ virilidade, nao » Como acontece em fungdo do mecanismo de abaixamento da laringe. % “Disposition is a certain facility in the performance of everything having to do with singing. It has its location in the throat...a certain imperceptible repetition of notes” (BACILLY APUD WISTREICH, 2000, p. 187) % Antes dessa data Giacomo e Giovanni David, pai e filho, j& chegavam ao sol 3 com laringe baixa (ROSSELLI, 2000, pp. 98). Domenico Donzelli iria até o lé 3 com registro de peito (NEWTON, 1984, pp. 205, 206) ® DIDAY, PETREQUIN, Mémoire sur une nouvelle espéce de voix chantée (1840) ducago Musical do Colégio Pedro Il - Ano 7, n. 11 = 2019 Interliidio: Revista do Departamento de Uma revisao bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico a causa, O tedrico dessa mudanga é o espanhol Manuel Patricio Rodrigues Garcia (1805 — 1906), pai da laringoscopia usada até hoje"!. O novo ideal estético es imulou uma forma de uso diferente da voz, favorecendo o surgimento ou resgate de nova téenica vocal. Garcia, em Mémoire sur la Voix Humaine (1840) € em Traité Complet de l'art du Chant (Vol.1 1840, Vol.2 1847), analisa os registros vocai © ataque do som com o golpe de glote ¢, pela primeira vez, a tentativa de igualamento de registros como ideal estético. Também trata das modificagdes das vogais usando termos como voce aperta/chiusa ¢ copertura. Foi professor, entre outros, de Jenny Lind (1820 — 1887) Mathilde Marchesi (1821 — 1913), esta iltima também autora de um tratado de canto: Bel Canto: Theoretical and Practical Vocal Method (1897). Pode-se dizer que a técnica vocal de laringe baixa contemporanea descende do pensamento e obra de Garcia. Apés Garcia, como € de se esperar em periodos de transigio estética, como essa do bel canto™* para 0 Romantismo, hi a coexisténcia da antiga e da nova escola por um perfodo de tempo. Um dos primeiros a se destacar na produgdo de tratados de canto dessa nova estética é Luigi LaBlache (1794 ~ 1858) com Méthode de Chant (1888) (MILLER, 2006b, p. 207). Também proeminente ¢ A Treatise on the Art of Singing (c.1860), de Francesco Lamperti (1813 ~ 1892) traduzido por J. C. Griffith, em 1877. Chamava ao controle da respirago para 0 canto de “lotta vocale”: hoje seria chamado de appoggio. Segundo Miller, Lotta Vocale & um termo usado, pelo menos, desde Farinelli em seus exercicios com Porpora, Seu filho, Giovanni Battista Lampertti (1839-1910), deixa influéncia em pelo menos trés outros autores: William Earl Brown (18? —?), William Shakespeare (1849 — 1931) e Herbert Witherspoon (1873 — 1935) (MILLER, 2006b, pp. 207-209). alemao Julius Stockhausen (1826 ~ 1906) foi aluno de Garcia, mas adaptou sua técnica & estética germanica, na qual o timbre mais fechado & mais valorizado que o chiaro-scuro italiano. E importante salientar que como Manuel Garcia tem uma importincia impar no cendrio musical vocal do s culo XIX, seu tratado é interpretado de varias formas, validando as mais contraditérias € antagénicas estéticas e téenicas de canto (MILLER, 2006b, p. 210). O Século XX A virada do século XIX para o XX é de mudanga estética. Alguns tedricos que se destacaram foram Emil Behnke (1836 — 1892), com The Mechanism of the human voice (1880), ¢ Voice, Song + Um texto em portugués que coloca em paralelo Tosi, Mancini e Garcia & a tese de mesttado PACHECO, Alberto José Vieira. Mudancas na pritica vocal da escola de canto italiana: uma andlise comparativa dos tratados de canto de Pier Tosi, Giambattista Mancini e Manuel P. R. Garcia. 2004. Dissertagao (Mestrado) — Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas. 3% Apesar de se usar 0 termo "Bel Canto", no contexto da histéria da épera, para designar principalmente as obras de Rossini, Donizetti e Bellini, em relago 4 técnica vocal ele contempla 0 periodo da épera séria, ou alto barroco € classicismo, até a nova estética roméntica, Interliidio: Revista do Departamento de Educagdo Musical do Colégio Pedro Il - Ano 7,n. 11 = 2019 Uma revisdo bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico and Speech (1897); Enrico Delle Sedie (1822 — 1907), que escreveu Arte ¢ filosofia del canto (1876), e L’estetico del canto ¢ l'arte melodrammatica (1886), os quais foram unidos no Complete Method of Singing (1894); e. B. Warman (1847 ~ 1931), que escreveu The Voice: How to train it and care for it (1889). Nessa época, dois cientistas, um psicélogo ¢ outro médico, escreveram obras que tiveram grande peso para a nova estética e pedagogia do canto litico. O médico foi Henry Holbrook Curtis (1856 — 1920), com Voice Building and Tone Placing (1896). Curtis, além de inaugurar 0 uso das sensagdes sinestésicas na pedagogia vocal, preconizava o inverso de Garcia: trazer 0 registro leve até o limite inferior. O psicélogo foi Edward Wheeler Scripture (1864 — 1945), autor de Thinking Feeling Doing (1895) ¢ The New Psychology (1897) que estudou as sensagdes cinestésicas. Tiveram admiradores entre cantores, sendo uma delas Lilli Lehman (1848 — 1929), famosa pelo seu “capacete” de sensagio de colocagao da voz. em fungdo da frequéncia, descrita em seu livro Meine Gesangkunst (1914), Outro foi o francés Jean de Reszke (1850 — 1925), principal caso clinico de Curtis, o qual, apesar de ndo haver deixado escritos, teve um ex-aluno, W. Johnstone-Dougl: ideias no artigo The Teaching of Jean de Reszke (1925) (MILLER, 2006b, p. 214), A literatura em lingua inglesa se consolida no século XX. William Earl Brown transmite as , que perpetuou suas ligdes de seu mestre Lampertti, em Maxims of G.B. Lampertti (1931), uma obra de grande influéncia, Os outros alunos de Lampertti so William Shakespeare (1849 — 1941) (homénimo do dramaturgo), com 0 seu The Art of Singing (1921) e Herbet Whiterspoon (1873 — 1935) que escreveu Singing (1925) (MILLER, 2006b, p. 212), Se destacam também Douglas Stanley (1890 ~?) com The Science of Voice (1929) ¢ 08 trés livros de seu aluno ¢ contestador Cornelius Reid (1911-2008): Bel Canto: Principles and Practice (1950), The free voice: A guide to natural singing (1965), ¢ Voice: Psyche and Soma (1975). Estes dois autores enfatizaram prineipalmente os varios registros vocais. © ramo da literatura que associa a técnica vocal as descobertas nos ramos da fisiologia, acistica e fonética & inaugurada em 1967 com os livros de William Vennard (1967) e Ralph Appleman (1967). 0 livro de Vennard foi a maior influéncia no canto do Século XX, fato que Miller (2006b, p. 213) admite a contragosto, O cantor e professor de canto Vennard em muito adianta 0 que © cientista Sundberg vai explorar e provar com maior consisténcia cientifica, embora, ao contrario de ‘Sundberg, integrado 4 pedagogia vocal. J4 Appleman trata separadamente da parte da cincia e da parte do ensino do canto sem integri-las e seu interesse & a fonética. Richard Miller, a partir de 1977 até 2006, traz enorme contribuigdo para a literatura vocal de estética norte-americana, e seus livros talvez apontem para um ideal estético internacional que se faz mais presente a partir da 2* Grande Guerra. Miller faz sua fama com um livro de 1977, no qual compara a técnica ¢ estética das escolas nacionais inglesa, italiana, francesa ¢ alema. Seus livros, Uma revisdo bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico apesar de terem um rigor cientifico, sdo tratadistas. Em 1987 é publicado o livro de Sundberg, que continua uma base sélida cientifica sobre a qual a teoria sobre canto Ifrico modemo se referencia, Um livro pouco creditado, mas de uma extensdo ¢ profundidade impares, é Principles of Voice Production (2000) de Ingo Titze (1941 —), apesar de, como toda a produgio de Sundberg, se assentar em conhecimento que, as vezes, remonta ao século XIX. Pode parecer absurdo que os paradigmas da 4rea, como fisiologia e actistica para o canto lirico, tenham bases tio remotas, porém & oportuno lembrar que 0 estudo da ciéncia por trés do canto é perverso. Nao é possivel a constatago dos movimentos laringeos ou diafragmiticos a olho nu e as técnicas para visualizagio sio invasiva: & muito dificil cantar normalmente, sendo submetido a esses exames. Hi ainda os periddicos: o Journal of Singing, da National Association of Teachers of Singing (USA); 0 JASA, da Acoustical Society of America; ¢ 0 Journal of Voice, da The Voice Foundation and the Intemational Association of Phonosurgeons, os dois titimos com énfase na voz falada. ‘Segundo Richard Miller (2006b), que expressa 0 senso comum no meio do canto lirico, as pesquisas da vocalidade lirica que utilizam como objeto de estudo estudantes e profissionais no renomados thes tira parte da validago das conclusies. Aclamado nos Estados Unidos dentro da literatura mais recente, The Function Unity of the Singing Voice (1994), de Barbara M. Dorscher (1922-1996) é inexpressivo. James McKinney (1921 — 1998) que, antes de mais nada, agradece os ensinamentos de Vennard, tem um excelente capitulo em classificagao vocal no seu livro The Diagnosis & Correction of Vocal Faults (1994). Sao tratadistas tanto Clifton Ware, que escreve Basics of Vocal Pedagogy (1998), quanto James D. Deree, com Singing in the 20" century (2005). Na literatura de depoimentos se destaca 0 livro mais autobiogrifico de Enrico Caruso (1873 — 1921) com Luiza Tetrazzini (1871 — 1941), On the Art of Singing (1909), e os de entrevistas com cantores I icos famosos na qual se enumeram os de Harriette Brower (1869 - 1928), Vocal Mastery (1917), de James Francis Cooke (1875 — 1960) Great Singers on the art of singing (1921) e de Jerome Hines (1921 2003) Great Singers on Great Singing (1984), E devida uma mengo ao livro sobre a historia da estética vocal Sonority in Singing: a historical essay (1984), de George Newton (? — 1993). Pode nio ter sido a primeira publicagao preocupada com o som da voz cantada ao longo do tempo, mas certamente ¢ a de mais fBlego. Depois dele se seguiram alguns artigos e livros como os de Mauro Uberti, John Poter, Joseph Dyer, Richard Wistreich James Stark e Martha Feldman. No entanto essa literatura da histéria da vocalidade & por demaii insipiente devido a dependéncia de fontes primarias escritas ¢ a dificuldade de compreensdo do significado de época dos termos relacionados ao canto. Uma revisdo bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico Consideragées finais A revisdo bibliografica aponta varias mudangas estéticas que previam ou nao pedagogia vocal com bases fisiolégicas. Uma mudanga estética parece preconizar também uma variagao fisiolgica do uso da voz, apesar de muitos afirmarem que, pelo fato de a laringe estar abaixo do nivel da consciéneia, seu controle no ser vidvel conscientemente, Um exemplo da importincia do conhecimento ¢ levantamento bibliografico relacionado ao canto lirico pode ser averiguado pela constatagdo que o uso de metiforas no canto ¢ o inicio da pedagogia vocal com sensagdes sinestésicas terem ocorrido apenas na virada do Século XIX para o XX. Poderiamos hipotetizar que isso teria sido em fungdo exatamente da mudanga estética vocal amplamente registrada nos documentos fonograficos. As sensagdes sinestésicas sempre foram presentes no canto lirico, afinal davam nome aos registros vocais com essas: registro de peito, de garganta, de nariz e de cabega. Mas os tratados, de modo geral, nao fazem referéncia a esse conceito to importante na pedagogia do canto litico a partir do século XX: de “sensagdo de colocagdo da voz”. Poderiamos conjecturar uma mudanga estética e técnica que estaria subliminarmente presente na bibliografia desde 0 infcio desta transformagao de forma indetectada. Referén: BACILLI, B, Remarques curieuses sur l'art de bien chanter, Patis, 1668. Disponivel em: . Acesso em: 15 jan. 2009 CACCINI, Giulio. Le Nuove Musiche. Florenga: Apresso i Marescotti, 1601. Disponivel em: . Acesso em: 23 jun. 2010, DORSCHER, B. The Functional Unity of the Singing Voice. The Scarecrow Press, Inc. New Jersey: Metunchen, 1994, DYER, Joseph. The voice in the Middle Ages, In: POTTER, John (Ed.). The Cambridge companion 10 singing. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. DYER, Joseph. (1978) Singing with Proper Refinement from "De Modo Bene Cantandi" (1474) de Conrad von Zabern - Early Music, Oxford, Vol. 6, No. 2 (Apr. 1978), pp. 207-227. Disponivel em: . Acesso em: 10 mar. 2009, GARCIA, M. P.R. Traité complet de l'art du chant en deux parties. Paris: E. Troupenaz ¢ cie, 1847. JANDER, O. Singing. Grove Music Online, Disponivel em: . Acesso em: 20 fev. 2009 MACCLINTOCK, Carol. Readings in the History of Music in Performance. Bloomington: Indiana University Press, 1994, Uma revisdo bibliogrifica da pedagogia vocal do canto litico MANCINI, Giambattista. Riflessioni pratiche sul canto figurato. Viena: Nella Stamparia di Ghelen, 1774. MILLER, Richard. The Singing Teacher in the Age of Voice Science. In: SATALOFF, Robert T (Ed.). Vocal Health and Pedagogy: Science and Assessment. San Diego: Plural Publishing, 2006a. MILLER, Richard. Historical overview of vocal pedagogy. In: SATALOFF, Robert T (Ed.). Vocal Health and Pedagogy: Science and Assessment. San Diego: Plural Publishing, 2006b, NEWTON, George. Sonority in Singing - A Historical Essay. New York: Vantage Press, 1984. ROSSELI, J. Grand Opera: Nineteenth-century revolution and twentieth-century tradition, In: POTTER, John (Fd.). The Cambridge companion to singing. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. SUNDBERG, J. The Science of the Singing Voice. Dekalb: Northem Illinois University Press, 1987. TOSI, Pier Francesco, Opinione de’ cantori antichi e moderni, 0 sieno osservazione sopra il canto figurato, Bologna: Lelio dalla Volpe, 1723. VENNARD, William. Singing — the mechanism and the technic. Revised edition, greatly enlarged, New York: Carl Fisher Inc, 1967. WISTREICH, Richard, Reconstructing Pre-Romantic Singing Technique, In: POTTER, John (Ed.). The Cambridge companion to singing. Cambridge: Cambridge University Press, 2000 Texto recebido em: 14/03/2019 Texto aprovado em: 07/05/2019

You might also like