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2sitt2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. Perspectivas OBSERVACAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZACAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO PARA APLICACAO DOS METODOS PARTICIPANT AND NON-PARTICIPANT OBSERVATION: THEORETICAL CONTEXTUALIZATION AND GUIDE SUGGESTION FOR METHODS APPLICATION OBSERVACION PARTICIPANTE Y NO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZACION TEORICA Y SUGERENCIA DE GUION PARA LA APLICACION DE LOS METODOS Marcio Lule Marietto profmarcioluiz@uol.com.br Instituto Politécnico de Leiria, Brasil OBSERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO PARA APLICACAO DOS METODOS Revista Ibero Americana de Estratégia, vol. 17, nm. 4, pp. 05-18, 2018 Universidade Nove de Julho © Este trabalho esté sob uma Licenga Internacional Creative Commons Atribuigdo- NaoComercial-Compartilhamento Pela Mesma Licenga, Recepgdo: 19 Marco 2018 ‘Aprovacio: 15 Julho 2018 DOI: hetps://dol.org/10.5585/ ismv1714.2717 Resumo: (Cbjetivo do estuco: Fornecer expicacbes sobre os métodos, sugerir um rateiro, no exaustivo, © exemples de utlizagdo dos métodos na etapa de colets de dados para estimular a utlizacio dos métodos. Metodologia/abordagem: RevisSo teérica sobre os métodos; Proposta de roteiro de procedimentas para etapa de coleta de dados; Exemplos empiricos de aplicagao do método. Principais resultados: Localizagio contextual e longitudinal sobre a evolugio do método e 0 lemprego da TI na observagao ndo participante; caracterizagao dos tipos de pesquisadores; detalhamento didético por meio de roteiro (passo a passo) para utilzasao dos métodos; exemplos empiricos para faciltar a compreensao de utlizagso dos métados; Contribuigdes tebricas/metodolégicas: A principal contribuido fol a proposi¢ao de um roteiro {passo a passo) para orientar e estimular os pesquisadores a utilzarem os métodos; A contribuigdo te6rica deita-se sobre a distinggo do método de observacao participante sobre o pressuposto da etnografia, além da caracterizagSo do método de observagso ndo participante com auxilo da Tl. Também, contribuimes tipificando e apontando competncias esperadas dos pesquisadores no papel de abservadores. Relevancia/originalidade: Proporcionar um roteiro didético, técnico e detalhado aos esquisadores da drea de Estratégia como Prética e/ou Estudo Organizaciona's de aplicacao hitps:twwredalye.orgjournali33121331258758002!imi) ane 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. de ur métado que ainda & pouco utlizado, mas que é central nas perspectivas futuras de anélises qualitativas da érea, Resumen: (Qbjective: Our objective was t provide explanations about methods, and to suggest a non-exhaustive road map with examples methods at the data collection tage of the research, in order to encourage the use of methods. Methoc: Theoretical review on methods; proposition ofa road map of procedures {forthe data collection stage: empirical examples of method application, Method: Theoretical review on methods; proposition of a road rap of procedures for the data collection stage; empirical examples of method application, Method: Theoretical review on methods; proposition of a road map of procedures for the data collection stage; empirical exarnples of method application. Main results: We found contextual and longitudinal location on the evolution of the method and the use of IT in non-participant observation. We also identified a characterization of the lypes of researchers, didactic detail by means of a script (step by step) in methods use, and empirical examples to understand the use of methods, ‘Theoretical / methodological contributions: The main contribution was the proposition of a script (step by step) to guide and stimulate the researchers to use the methods. The theoretical contribution is based on the distinction of the method of participant observation fon the assumption of ethnography, besides the characterization of the method of non: participant observation with the help of IT. Also, we contribute by typifying and pointing out the expected competencies of the researchers as observers. Relevance / originality. This work provides didactic, technical and detailed guide to researchers in Strategy as Organizational Practice and / or Study area, applying a method that, is stil ttle used but wnich is essential to the future perspectives of qualitative analysis. 9 Proporcionar expicaciones sobre los métodos, sugerir un guion, no exhaustive, y ejemplos de utilzacién de los métodos en la etapa de recoleccién de datos para estimular la Ublzacién de los métodes. Metodologia / enfoque: Revisién teérica sobre los métodos; Propuesta de plan de procedimientos para la etapa de recoleccién de datos; Elemplos emplricos de aplicaci6n del método. Principales resultados: Localizacién contextual y longitudinal sobre la evolucién del método y el empleo de la TI en la observacién no participante; caracterizacin de los tipos de Investigadores; detallado diddctico por medio de un itinerarlo (paso a paso) para la utilzacion de los métados; ejemplos empiricos para facltar la comprensién de la utilzacién de los métodos; Contribuciones teéricas / metodolégicas: La principal contribucién fue la propuesta de un itinerario (paso a paso) para orientar y estimular a los investigadores a utilizar los métodos; La contribucién teérica se acenta sobre la dlstincién del método de observacién no participante sobre el presupuesto de la etnogratfa, ademés de la caracterizacién del métedo de observacién no participante con auxilo de la TI. También, contribuimos tipificando y apuntando compecencias esperadas de los investigadores en el papel de observadores. Relevancia / originalidad: Proporcionar un itinerario didéctico, técnico y detallado a los investigadores del rea de Estrategia como Practica y / 0 Estudio Organizacionales de aplicacién de un método que aun es poco utilizado, pero que es central en las perspectivas futuras del andlsis cualitativo del area. 1 INTRODUCAO No contexto brasileiro a método de observacao participante é utlizado com frequéncia nas cléncias da sade e na sociologia, A Administracao de Empresas, com prevaléncia nos Estudos Organizacionals e na disciplina de Estratégia como Prética, esto iniciando a aderéncia 3 técnica, todavia, no Brasil, os estudos ainda so escassos. No contexto Internacional, nas ultimas décadas, o impacto da Tecnologia da Informagao (Tl) tornou possivel o estudlo das caracteristicas da vida social por meio da utliza¢do de gravagdes de video (observacdo nao participante). Esta ascensdo do uso da observacao participante e no particpante esta mudando as ciéncias sociais, em especial os achados cientficos na ‘Administragio de Empresas (LeBaron, Jarzabkow'ski, Pratt & Fetzer, 2018). hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi ana 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. Os métodos de observasdo participante © nao particpante esto se tornando uma ferramenta de pesquisa priorizada por multos pesquisadores no campo dos estudos organizacionals, Contudo, a utllizagio destas técnicas ainda so escassas e a técnica de observacdo com o auxilio de video é relativamente nova no campo (LeBaron et al, 2018). Este artigo tem como objetivo fornecer explicagdes sobre os métodos, sugerir um roteiro, ndo exaustivo, e exemplos de utlizaco dos métodos na etapa de coleta de dados para estimular a utilizasao dos métodos. A.escassez de estudos com estes métados na area de Administragao de Empresas fez com que utlizassemos alguns pouquissimas estudos disponiveis no campo no contexto nacional e internacional. Os estudos que serviram de base foram escalhidos por se tratarem dos estudos mals recentes e relevantes a0 campo, Eventualmente, para uma melhor contextualizacdo da etapa de coleta de dados das técnicas, principalmente na elaboracae do rotelro (guide) e nos exemplos,utlizamos, também, estudos de outras dreas. Os exemplos de aplcagao da etapa de coleta de dados foram rigorosamente transcritos n3o demandando nenhuma andlise de nossa parte. Ressaltamos que nossa intengo é a proposta de um roteiro somente para a etapa de coleta de dados. Um roteiro para a contextualizacso da etapa de andlise de dados das técnicas demandaria outro estudo devido as suas caracteristcas, complexidade e extenséo, Este artigo divide-se na explicagéo do que é 2 observa¢do participante. Em seguida adentramos @ evolugao tecnolégica do método © 3 observagso nao participante. Apés, fomentamos a tipificagio e as competéncias esperadas do observador que culminam na sugestdo de um roteiro de aplicago para a etapa de coleta de dados. Finalmente, disponibilizamos, como exemplos, alguns estudos que utlizaram os procedimentos de cobservacdo patticipante e nao partcipante 2.0 QUE E OBSERVACAO PARTICIPANTE Iniciamos as explicagSes sobre © método com uma contextualizagio teérica para tentar dirimir uma frequente confusio que ocorre com estudantes e pesquisadores: a diferenca entre etnografia e observa¢do participante - ambas multas vezes so tratadas como sinénimos, © que € incorreto. De forma genérica e no exaustiva Angrosino (2009) enfatiza que “etnografia significa literalmente a descricio de um povo". A proposta esta no estudo de _grupes organizades, na coletividade de individuos em determinado arranja social. A pesquisa busca absorver as pecullaridades culturals desta comunidade por meio da apuragao dos processos de interac social. Para esta absorsio tentam.se sistematizar os comportamentos, costumes, crengas, além de outras dimensdes e elementos culturais compartilhados pelos individuos. De forma mais abrangente, a etnografia - do grego ethos (cultura) + graphe (escrita) - & parte integrante da etnologla. A etnografia prevé diversos métodos como, por exemplo, escavacSes arqueolégicas que podem tentar revelar dados etnogréficos de culturas ancestrais; entrevistas em profundidade para reconstrucao de memoria histérica; andlises documentals histéricas; semistica; andlise de aiscurso © contetido, entre outros métodos, além da prépria observacao participante. ‘A observacao participante & um métade qualitative com ralzes na pesquisa etnogratica tradicional. © termo foi usado pela primeira ver pelo antropélogo social Malinowski na ddécada de 1920 e a abordagem foi posteriormente desenvolvida pela Escola de Chicago sob a lideranga de Robert Park e Howard Becker (Given, 2008;Mack, Woodsong, Macqueen, Guest & Namey 2005). Essa abordagem permite 20 pesquisador (Neldworker) utilizar o contexto sociocultural do ambiente observado (0s conhecimentos sacialmente adquiridos compartihados disponiveis para os participantes ou membros deste ambiente) para explicar 0s padrdes observados de atividade humana. Ou seja, consiste na inser¢ao do pesquisador no interior do grupo observado, tornando-se parte dele, interagindo por longos periodos com 0s sujeitos, buscando partilhar o seu cotidiano para sentir 0 que significa estar naquela situaglo (Marietto & Sanches, 2013; Given, 2008; Queiroz, Val, Alves e Souza & Vieira, 2007; Van Maanen, 1973), 0 objetivo da observacao participante é produzir uma "descrigdo densa” da interag3o social fem ambientes naturais. Ao mesmo tempo, os informantes s4o incentivados a usar sua propria linguagem e canceitos dirios para descrever 0 que esta acontecendo em suas vidas esperande-se, que no proceso, emerja uma imager mals adequada do contexto de investigag3o como um sistema social descrito a partir de uma série de perspectivas dos participantes (Marietto & Sanches, 2013). Outro objetivo € obter uma compreensio profunda de um tema ou situacdo particular por melo dos significados atribuidos ao fenémeno pelos Individuos que o vive e experimentam, Em geral, a observacdo participante ocorre em ambientes comunitarios ou em locals que se acredita ter alguma relevancla para as questdes de pesquisa. © método € diferenciado porque o pesquisador se aproxima das participantes dda pesquisa em seu préprio ambiente. Assim, de um modo geral, o pesquisador envolvido na hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi ane 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. observacio participante tenta aprender como & a vida de um "native", mantendo-se, Inevitavelmente, um “estranho" (Mack et al, 2005), (© método de coleta de dados na observagio participante consiste na participagio do pesquisador nas atividades cotidianas relacionadas 2 uma érea da vida social, a fim de estudar aspectos de vida por meio da observagao de eventos em seus contextos naturals (Given, 2008). © pesquisador, na observacio participante, coleta dados por meio da participagdo na vida cotidiana das pessoas que ele ou ela estd estudando. A abordagem est hha interagio cotidiana envolvendo conversas para descobrir as interpretagdes dos participantes nas situagSes que esto envolvides. O método é especialmente adequado para © estudo de fenémenos sociais sobre © qual pouco se conhece e onde o comportaento de Interesse no esta prontamente disponivel para visualizacdo publica, Portanto, os pesqulsadores buscam compreender 0 fenémene por meio da observagdo por si sé, ou ‘abservando e participando, em diferentes graus, nas atividades diarias da comunidade, grupo ou contexto estudado (Given, 2008; Mac An Ghail, 1994). 0 método completo de observagao particpante constitui uma estratégia de campo abrangente na medida em que “combina simultaneamente a andlise de documentos, entrevistas aos participantes e informantes, a participacao direta, a observagdo a introspeccio", Exemplificando, normalmente, os pesquisadores da rea da antropologia combinam seus dades com notas de campo, bservacio testernunhal, Informacdes obtidas a partir de informantes, entrevistas informais f descrigdes dos “nativos” ou informantes. O pesquisador emprega miltiplas e sobrepostas, estratégias de coleta de dados a serem totalmente engajadas em experimentar (sentir ou vivenciar) © arranjo contextual (2 participaso), enquanto que, ao mesma tempo em que ‘observa conversa com outros participantes sobre o que esté acontecendo (Patton, 2002), 3 EVOLUGAO TECNOLOGICA DO METODO E A OBSERVACAO NAO PARTICIFANTE Como observamos, o método tem suas ratzes no final do século XIX e inicio do século XX. A humanidade e, consequentemente, as sociedades evoluiram, Na esteira da revolugso Industrial criararn-se novas aspectos socials, come por exemplo, a vida inserida na sociedade das organizagdes. Estas organizagdes, de cunho capltalsta ou no, nos proporcionaram, avangos tecnolégicos ao mesmo tempo em que iniciaram novas demandas por estudos sociais. Em geral, as organizacbes s80 compostas por inter-relacées socials individuais © -Brupals complexas disrias e suas atividades laborais (formals e/ou informais) esto inseridas fem um amblente altamente técnica e institucionalizado (Marietto & Serra, no prelo) Os procedimentos pautados na observacio participente e utilizados nas pesquisas organizacionais buscam captar 0 ambiente técnico e institucional do fenémeno em: observacio, Assim, o como fazer a pesquisa etnogréfica no campo organizacional tende a tensejar uma sérle de processos e Instrumentos de coleta de dados tidos, talvez, como modernos. Estes instrumentos © processos estdo a revella dos cadernos, penas e lapis pitorescos utilzados por Malinowski ou Frans Boas, entre outras tantos pesquisadores em seus apontamentos sobre suas observacoes. Anteriormente, © pesquisador ere obrigado a fazer uso excessive de suas capacidades de memoria e memorizacéo, pols os amblentes investigados tendem a ser dindmicos e, multas vezes, a mio que escreve tende a ndo acompanhar a velocidade dos acontecimentes forganda © pesqulsader a fazer uso de sua meméria na reconstrugao dos fatos para suas anotagdes. Memoria esta que, por vezes, oderia falhar (Marietto & Sanches, 2013; Geertz, 1993} Alualmente, de forma diferente do passado, o pesquisador pode se utllizar da Tecnologia dda Informagso como principal ferramenta para impor 0 rigor e veracidade dos dados coletados e, posteriormente, analisados. Esta utilzacdo da TI na observagdo participante esta sendo tratada na literatura como Observag3o Nao Participante (Non-participant Observation) (LeBaron et al,, 2018; Marietto & Maccari, 2015; Liu & Maitis, 2014; Liu & Maitis, 2010; LeBaron 2008; Caldwell & Atwal, 2005), 0 pesquisador deve se valer de ferramentas primérias de pesquisas como gravadores em dudio e/ou video, além da utlizagio de outras formas eletrénicas para as notas como laptops, notebooks, celulares, entre outros, Quiros aparatos eletrénicos como ferramentas secundarias de pesquisa também podem ser utlizados para a complementag3o das notas de campo. Instrumentas como videotelpes, audioteipes, fotografias, além de documentos que podem ser coletados no campo como brochuras, reportagens, panfletos, arqulvos, documentos institucionals, cartées de visita, reportagens, acesso a sites entre outros tantos. Porém, ressalta-se que estes servem como complemento, pois a principal atengdo recai sobre a interago pessoal do pesquisador com os individuos, -Brupo € contexto técnico institucional encontrado no ambiente de pesquisa (Le2aron et al, 2018; Marietto & Maccari, 2015; Liu & Maitls, 2014; Liv & Maiti, 2010; LeBaron, 2008; Caldwell & Atwal, 2005; Samnra-Fredericks, 2000), ‘A Observag3o Nio Participante com 0 uso da TI tende a diminulr diversas limitagBes do método de Observagao Participante. Diversas inferéncias de limitagoes quanto ao método hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi ana 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. que poderiam ser feitas em relac3o 0s dados coletados tender a se desmancharer 3 medida que a TI ajuda na triangulagéo da originalidade dos fatos, Em poucas palavras, as restrigdes e limiagées da utllzagdo do método de Observacso Participante na coleta & andlise de dados primarios podem ser sumarizadas como a dificuldade em delimitar geograficamente ¢, muitas vezes, socialmente 0 individuo ou grupo a ser estudado, Eventualmente, os individuos ou grupos podem nao estar localizados geograficamente © socialmente nos mesmos ambientes dificultando a generalizagao dos dados colhidos, uma vez que © pesquisador nao pode estar presente em todos os ambientes ao mesmo tempo. Outro ponto é a dificuldade que se apresenta quando a lingua nativa diferente da lingua do pesquisador que, naturalmente, devera aprender para que se possibilite uma interagao adequada. Em consequéncia, com o aumento das possibiidades capacidades de gravagao © Uso de equipamentos eletrdnicos muitas restrigGes como vieses interpretativos ou a auséncia de possibilidades de se verificar se 0 que foi realmente apurado ou falado no campo foi realmente elucidado sio eliminadas (LeBaron et al, 2018; Marietto & Maccari, 2075; Liu & Maitls, 2014; Liu & Mails, 2010; LeBaron, 2008; Caldwell & Atwal, 2005; Samra-Fredericks, 2000), Contudo, a principal limitago, de todas as pesquisas de cunho observacional, permanece: a propria apresentagdo do trabalho. Aleitura que o pesquisador far da realidade contextual sera sempre sobre os ombros dos outras (Geertz, 1993) e somente estes padem atribuir 0 verdadelro significado da realidade vivenclada por eles. Consequentemente, pode-se inferir que 2 transcriggo da experiéncia, seja para o texto ou para outro tipo de instrument eletrénico, ou Bo, tende 2 uma dupla limitagéo: a) a de ndo se alcancar o real significado do fendmene de andlise sobre a perspectiva do individuo ou grupo observado; e b) a de no ser possivel transcrever, gravar ou repassar todo 0 significado © aprendizagem obtides no momenta da pesquisa no campo a0 plblico interessado. Ista se deve pela limitagso condicionads pelo momento e 3 poténcia instantanes do acontecimento factual, ou pela limitag3o do pesquisador em interpretar e repassar as nuances factuais em sua forma de potencialidade instant&nea (Sarnra-Fredericks, 2000; Geertz, 1993). Porém, a utiizaco da TI hha observagio née participante proporciona maior rigor a andlise e aos resultades da observacio. A possibilidade de poder ver e rever repetidamente e cuidadasamente o evento possiblita 20 pesquisadar identifcar padres de interaco que fornecem uma base robusta para origor empirico. 4 TIPIFICACAO E AS COMPETENCIAS ESPERADAS DO OBSERVADOR: SUGESTAO DE UM ROTEIRO DE APLICACAO PARA A ETAPA DE COLETA DE DADOS Optamos por adaptar a tipologis de Gold (1958) mediante a inteng30 do grau de envolvimento que 0 observador pretende tomar no decurso da pesquisa em campo. Esta Uipificacdo torna evidente a diferenca entre observador e participante durante o processe de coleta e analise de dados, Participante Completo - 0 pesauisador entra no ambiente sem revelar qual é o seu objetivo ‘ou mesmo sua Identidade verdadelra tentando tornar-se um dos membros rotinelros do ‘grupo mantendo-se como um ebservador disfarcado, Seu interesse clentifico & completamente desconhecide do grupe. © pesquisader € de certa forma, forcado a desempenhar um papel condlzente com a estrutura social do grupo. Por exemplo, um pesquisador que pretende abservar as interacbes socials de uma torcida de um time de futebol interage com 3 mesma na forma de torcedor © nao se identifcando como pesquisador. Ressaltamos que, eventualmente, e observadas as regras éticas de cada Srea do conhecimento, aproveltando-se da TI gravacées nio reveladas podem ser realizadas neste tipo de pesquisa. Contudo, ressaltamos a consulta rigorosa as regras de procedimentos @ticos de cada area do conhecimento, uma vez que existern variagdes de permissao deste método dentro das diversas areas do conhecimento, Participante corro Observador = neste contexto © pesquisador negocia e obtém um consentimento prévio do grupo para poder observa- los e realizar 0 estudo. Ou seja, o grupo esta lente da sua presenca e seus abjetivos, e com o passar do tempo tende a ser “aceito’ pelo grupo. Com o aumento da confianca 8 pesquisa tende a se desenvolver com mais, eficdcia. Com exemplo, temos o estudo de Marcon # Elsen (2000) relatado abaixo. Observador como Participante = Neste caso, 0 observador tern envolvimento minimo no contexto social estudado. Existe algum tipo de conexio com grupo ou contexto, mas 0 observador no é naturalmente ou normalmente parte do ambiente social. Em geral, como exemplo, temos as pesquisas organizacionais, onde, muitas vezes, o pesquisador identificase como tal, contudo apenas observa o andamento das rotinas laborals sem envolver-se diretamente nas mesmas. Exemples referem-se a observacées feltas nas dreas operacionals, das organizagBes (produc) ou nos acompanhamentos de reunides do alto escaléo. hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi sine 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. Observador Completo - 0 pesquisador néo participa de nenhuma forma do contexte social do grupo. 0 pesquisador que opta pela observacao no participante com 0 auxilio da TI Inclu-se neste tipo. Como exemplo, observam-se estudos na drea da psicologia e psiquiatria fem que se abservam 0 comportamento social de criangas interagindo através de um vidro espelhado. Em outro ponte temos as gravacdes em video e 4udio de reunides no alto escaldo das empresas para posterior andlise Adaptamos, também, a lista de Queiroz et al, (2007) sobre algunas das competéncias & habllidades esperadas do pesquisador para a realizacio da observacdo participante ¢ no participante. Sugere-se que caso 0 pesquisador nao atenda a (no maximo) dois dos quesitos abaixo opte por outro método ou solicte a ajuda de um pesquisador mais experiente na rea de observacio, Ser capaz de estabelecer uma relagdo de contianga com os Sujetos; Ter senstilidade para pessoas e seus comportamentos isicos piquicos soca Ser um bor ouvint; Ter conhecimento profundo dos procedimentos éticos ern sua rea de pesquisa; ‘Ter boa capacidade de memoria mesmo utiizando recursos de Tt Ter famillaridade com as questes investigadas como preparagio teérica sobre o objeto/fenémeno de estudo ou situacao que ser observada; Possuir amplo conhecimento da amostra para delimitacso fisica, geogrstica e social: Possuir amplo conhecimento dos riscos fisicas, psiquicos e socials que a imers3o em campo pode proporcionar e preparar-se cuidadosamente para evita-os;, Ter flexiblldade para se adaptarasituacbes inesperadas, No ter pressa de adquirr padres ou atribuir significado aos fendmenos observades; se utllzar recursos de I ter profundo conhecimento técnico sobre 0s mesmos; Elaborar um plano slsteméticoe padronizado para observagdo e registro dos dados; Possuir planos de conteng3o para eventualidades inesperadas durante a abserva3o ou no uso dos recursos de TI (quando for o caso}; Ter habilidade em aplicar instrumentos adequados para a coleta e apreensio dos dades; Verificar e controlar os dados observados; Ser rigoroso nas anotasées,tipificaco e contextualizacio dos dados observados; Ter conhecimento profundo em métodes de pesquisa complementares 3 observagio {endlise de documentos, anslise de conteddo, anélise de discurso, entre outros) para a validacao e rigor das andlises; e Capacidade apurada de interpretacio para relaclonar os conceltos e teorlas cientificas aos, ddados coletados. A tipificagao e as competéncias esperadas do pesquisador forneceram os elementos para 3 sugesto de um roteiro, no exaustivo, para operacionalizacio da etapa de coleta de dados do método. Nao existe, ainda, um consenso entre os autores mais relevantes na area da pesquisa qualitativa sobre um roteiro pré-estabelecido para os procedimentos operacionais, na observacio participante e no participante, O ambiente e mesmo a disponibilzaco dos grupos ou situagdes a serem observadas padem variar de forma bastante extensa. Desta forma, utilzamos os prescritos de Marietto © Maccari (2015); Liu e Maitis (2010); LeBaron (2008); Queiroz etal, (2007); Valadares (2007); e Mack et a, (2005) para compor e propor um pequeno rotelro de preparagdo e realizagdo da observagdo participante e no participant. A intengio ¢ tentar auxliar o leitor em suas futuras incursdes a campo. Entretanto, deve-se observar que & apenas uma proposta generalista, urna vez que podem existr variagSes de procedimentos dependendo da especficidade dos contextos, ambientes e/ou grupos a serem observados, ‘Antes de ir a campo: Determine © propésit gerais da pesquiss; dda atividade de observagao relacionando-os com os objetivos hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi ane 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. Determine a(s) populagdo(Ges), (5) delimitacSo(Ses) ffsica(s) © socialis) 3 serfem) observadas) Analise a acessibilidade da(s) populagao(6es), o(s)local's)€ o(s) contexto(sjerm que voce gostaria de observé-los Tente definir qual tipo de observador vacé pretende enquadrar-se para desempenhar as observacies; Se a opgdo for pela observacao nao participante, estude com profundidade e rigor quais aparatos tecnolégicos melhor se adaptam ao contexto da pesquisa; Investigar antecipadamente os possivels locals para a observagao; Selecione o(s) contexto(s), hora(s), data(s) e antecipe-se quanto tempo voce iré coletar ddados de observaco em cada incursso; Pense em coro vocé val apresentar-se, inclusive er termos de aparéncla, e como vocé val explicar 0 seu propésito de pesquisa para os outros, se necessario; Planeje antecipadamente como vocé pretende tomar riotas e apurar os contextos socials durante a atividade de observacio (utlizagdo de recursos audiovisuais - se possivel & necessério} Tenha em mente o ponto exato (tempo em campo versus quantidade de dados) de encerrar a observacao (participante ou no) em campo; Crie planos de contengéo para eventuais impossibilidades de observacéo sujeitas a0 local fisico, com os individuos ou com os aparatos tecnolégicos (se for o caso); Em Campo Tenha cautela ¢ polide2 a0 aproximar-se do(s) individuo(s) e/ou grupo a ser observado; Se for © caso, informe e negocie sua entrada e permanéncia em campo, seja como observador patticipante ou nao partcipante; Na observagae participante & preciso ter sensibilidade sobre quando perguntar e quando ‘no perguntar. © ideal é no perguntar nada e evitar interferéncia, Interferéncia ou perguntas devem ser o ultimo recurso; ‘As entrevistas formals devem ser evitadas; O procedimento & de observagdo © ndo entrevista, Para entrevistas existem métodos especiicos; Tome notas detalhadas de todas as situagdes que vocé considera relevante para seus objetivos de pesquisa, Identifique claramente © contexto social dos individuos observados (ex: chefe; proprietério; familiar, entre outros), Este detalhe terd forte impacto ne momento da analise dos dados; Se necessario, possivel e dentro do pressuposto ético recorra a TI (gravadores de audio e som) para auxillar na obtencio das notas de campo; ‘As notas de campo devem incluir relatos de eventos, como as pessoas se comportam e reagem, o que foi dito na conversa, quem disse, onde as pessoas foram posicionados em Felac30 a0 outro, suas idas e Vindas, gestos fisicos, suas respostas subjetivas e todas as utras informagées e observagées necessérlas para tornar a histéria da experiéncia de bservacdo completa. Elas devern ser marcadas com posigies temporais no caso de spravagbes, Notas de campo devem ser escritos de forma discreta durante a observac3o participante u apés a atividade, dependendo de onde voce vai e quanto tempo vocé participa Se for importante para a pesquisa destaque e contextualize as notas que possuem comportamentos nao verbais No caso da observagao com utlizagao dos recursos de TI instale-os e teste os equipamentos de forma antecipada Durante a instalago e teste dos equipamentos procure as posigSes fisicas mais, vantajosas para as gravacées; hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi ma 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. Na observagao nao participante, depois de ligados os equipamentos, tente nao interferir no processo de gravacio durante o periodo de abservacio; Na observago nao participante mesmo que © equipamente, por alum motivo, pare de funcionar ou tenha algum tipo de problema, sugere- se que 0 pesquisador nao invada o ambiente no momento do acontecimento dos fatos, A simples invasio para, eventualmente, reposicionar, religar ou até mesmo tracar uma bateria pode interferir no contexto ambiental dos fatos e gerar desagrado e desconfianga do(s) individuals) e/ou grupo: Arrotina do observador serd fundamental para gerar confianga na populagio estudada, Sabe- se que os individuos ¢/ou populagdes tender a adaptar seus comportamentos quando tem ciéncia que estéo sendo observados. A presenca rotineira do pesquisador, a0 longo do tempo, tende a desencadear o comportamento natural dos observados; Imediatamente, logo apés deixar 0 Campo ‘Sempre planeje um tempo para revisar e cexpandir suas notas logo apés o retorno do campo; Seja qual for 0 caso, as notas devem ser expandidas (tratadas analiticarnente mediante os objetivos da pesquisa) 0 mais répido possivel antes que os detalhes contidos em su meméria se percam, Existem recomendagées que o tempo maximo deve ser de 3 horas apés deixar 0 campo para iniciar a revisdo e andilse das notas; No caso de utilzagao de gravadores visuals ou de voz, sempre que possivel,reveja a ravacio imediatamente apés o termino e realize notas temporais categorizando os perlades de acordo com suas necessidades de pesquisa; Transcreva e digitalize o quanto antes as gravagSes incuindo marcos temporais e as notas cde comportamentos no verbais; Digite suas notas no computador utllizando 0 formate padrio que voce pretende usar na apresentagao e andlise de seus dados; Se necessério utilize softwares (por exemplo, AtlasTi - ver Costs € Itelvino, 2018) para ajudé-lo na organizagao de suas notas e procedimentos analiticos, independente do tipo de observacio; Sempre que possivel, para um maior rigor e confiabllidade da pesquisa, realize a triangulagao dos dados obtides em campo por meio de outras fontes que comprovern os fatos apurados, Procure utilzar documentos, atas, matérias de jarnais, entrevistas e/ou conversas com outros pesquisadores e/ou especialistas do mesmo assunto, entre outras formas, COptamos por adaptar a tipologia de Gold (1958) mediante a intengdo do grau de envolvimento que 0 observadar pretende tomar no decursa da pesquisa em campo. Esta tipificagao torna evidente a dlferenca entre observador e participante durante 0 processo de coleta e andlise de dads. "Notas de campo devem ser escritos de forma discreta durante a observacio participante ou apés a atividade, dependendo de onde voce vai e quanto tempo vocé participar; Se for importante para a pesquisa destaque e contextualize Se for importante para a pesquisa destaque e conte) comportamentos nio verbais; lize as notas que possuem No caso da observagao com utilizagdo dos recursos de TI instaleos e teste os equipamentos de forma antecipada; Durante a instalagdo e teste dos equipamentes procure as posigSes fisicas mais vantajosas para as gravacGes; Na observacio no participante, depois de ligados os equipamentos, tente nao interferir no processo de gravacdo durante o periode de observacio; hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi ana 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. Na observagao nao participante mesmo que o equipamento, por algum motivo, pare de funcionar ou tenha algum tipo de problema, sugere-se que o pesquisador no invada 0 ambiente no momento do acontecimento dos fatos. A simples invasio para, eventualmente, reposicionar, religar ou até mesmo trocar uma bateria pode interferir no contexto ambiental dos fatos e gerar desagrado e desconfianca do(s) individuo(s) e/ou grupo; Arrotina do observador seré fundamental para gerar conflanca na populacio estudada Sabe-se que os individuos e/ou populagées tendem a adaptar seus comportamentos quando ‘tem ciéncia que estio sendo abservades. A presenca rotineira do pesquisadar, ao longo do tempo, tende a desencadear o comportamento natural dos observados; Imediatamente, logo apés deixar 0 Campo Sempre planeje um tempo para revisar e expandir suas notas logo apés o retorno do campo; Seja qual for 0 caso, as notas devem ser expandidas (tratadas analiticamente mediante os objetives da pesquisa) 0 mals rapido possivel antes que os detalhes contidos em sua rmeméria se percarn. Existem recomendagdes que tempo maximo deve ser de 3 horas apés deixar 0 campo para iniciar a revisdo e andlise das notas; No caso de utilzac3o de gravadores visuals ou de voz, sempre que possivel, reveja 3 -gravacio imediatarnente apés 0 termino e realize notas temporals categorizando os periodos de acordo com suas necessidades de pesquisa; Transcreva e digitalize o quanto antes as gravagdes induindo marcos temporais ¢ as notas cde comportamentos no verbais; Digite suas notas ne computador utllizando a formato padrio que voce pretende usar na apresentagao e andlise de seus dados; Se necessério utilize softwares (por exemplo, Allasti - ver Costs © ltelvino, 2018) para ajudé-to na organizagao de suas notas e pracedimentos analiticos, independente do tipo de observacio; Sempre que possivel, para um maior rigor € confiabllidade da pesquisa, realize a triangulagao dos dados obtidos em campo por meio de outras fontes que comprovem os fatos apurados, Procure utilizar documentos, atas, matérias de jornals, entrevistas e/ou conversas com outros pesquisadores e/ou especalistas do mesmo assunto, entre outras formas, 5 ALGUNS EXEMPLOS EMPIRICOS Nesta seco sumarlzamos alguns estudes que utllizaram os procedimentos de observagie participante e no participante. O objetivo & demonstrar aos estudantes e pesquisadares a forma de operacionalizacio dos métodos de coleta de dados em campo. Embora, nosso foco seja a Administragao de Empresas, iniciamos com a aplicag3o em cutras dreas pare demonstrar que 2 operacionalizagao dos métodos # muito semelhante, independente da area do conhecimento. Assim, por conveniéncia e restricdo de espaco, oferecemos dois exemplos de observagio participante em outras areas do conhecimento e dois exernplos de observacio no participante na area de administragio de empresas. A principal sugestao deita-se na intengao de que para total compreensio dos contextos de operacionalizacéo os estudantes e pesquisadores devem consular as obras em seu inteiro teor, Ressakamos que este artigo tem o objetivo de fornecer um guia para a coleta de dados por melo da observacio participante e no participante. Para explicar os procedimentos de andlise dos ddados seria necessirio outro estudo, A citncia da sade em suas diversas éreas como enfermagem, nutricio, medicina, saude pablica e coletiva, satide mental, entre outras se apresentam como grande utilzadora e beneficlrias da observagSo participante em seus estudos, Os resukados produzidos so relevantes para 0 conhecimento, pols possuem alto rigor e conflabilidade em seus métodos de coleta ¢ andlise de dados. Um exemplo desta apropriac3o encontra-se no trabalho de Marcon (1989, que teve por objetivo compreender o periodo de gestag3o 2 partir da percep¢ao das mulheres em estado de gravidez, Posteriormente, Marcon « Elsen (2000) publicaram: "Estudo qualitative utilzando abservacio participante - andlise de uma experléncla”, As pesquisadoras descrevem os principais aspectos relativos 4 experiéncia em desenvolver um estudo que utilzou como método de coleta de dados 2 observac30 participante. 0 artigo evidencia as estratégias utlizadas na aproximagdo com os informantes, © processo de decisdo utlizado e os sentimentos experimentados ao longo do estudo. Deve se notar, nas citagGes diretas abaixo, 0 rigor a0s pressupostos conceltuais e técnicos relativos a0 método da observacao participant adotados pelas pesquisadoras, hitps:wwnredalye.orqjournalis312/331259758002/niml ona 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. © papel adotado durante toda @ coleta de dados foi o de observadora e participante, variando de observadora como participant e de participante como observadora (Pearsall, 1965), Minha participacao fo! do tipo conhecida (Lofland, 1971) pelos observados, ou seja, as _gestantes que compuseram a amastra foram informadas sobre o estudo e concordaramn em participar do mesmo; e a funcéo cientifica de minha presenca foi dada a conhecer a todos os elementos do servigo, Os dados foram coletados no periodo de outubro de 1986 a julho de 1987, diariamente e no mesmo dia e local no qual a assisténcia era prestada, utlizando como estratéglas observasso, entrevistas e consuka a dacumentos (prontuatlos das clientes). (.] ‘Ao final, 0 perfodo de dois meses correspondeu as fases 1 e 2 da observacio participante e, portanto, da coleta de dados. Durante esse per‘odo, procurel fazer contatos informais com todo 0 pessoal do servigo @ também com algumas gestantes. Pude, ainda apresentar formalmente & enfermeira a proposta do estudo e explanar informalmente sobre meus objetivos aos outros membros da equipe de sadde, [..] No inicio, sentia-me bastante deslocada e tinha a sensagio de estar sendo avaliada tanto pelas pessoas do servigo como pelas clientes. [..] Além disso, como no inicio ficava do lado de dentro do balcio, para bservar como as mulheres eram recepcionadas no servigo, sentia-me muito mal em ficar all sem fazer nada, principalmente quando acontecia de ficar sozinha, pois as mulheres chegavam e, sem dizer nada, estendiam seu cartdo de identificaggo em minha diresao. [J Quando comecei a observar a pré-consulta (na metade da terceira semana no campo), jé me havia habituado a observar e jé ndo me sentia to ociosa. Sé comecel a ajudar nesta tarefa porque achava que, assim, haveria maior aproximago com a funcionaria responsavel por esta atividade e com a prépria enfermeira, a quem, 8s vezes, eu ajudave. [..] a0 final do primeiro més no campo, considerava que meu grande problema era apenas com a tenfermeira, com quer nic estava conseguindo manter uma relaso amigével, pols ainda no havia descoberto uma forma de nes aproximarmas, o que fazia com que a relacao profissional se tornasse distante e impessoal.[..] No inicio da observaco dessas atvidades, 2 enfermeira dava-me a impressao de estar se sentindo avaliada, pols, depois que 2 cliente safa, ela ficava se justficando, dizendo que nao dava para fazer isto ou aquilo, por este ou aquele motivo. Eu também, de certa forrna, vvia me justificando, pois sentia necessidade de comentar somente colsas especificas da cliente, na tentativa de demonstrar que meu abjetivo do era avalié-la. Avs pouces, nossas conversas, além de se tornarem mals frequentes, foram extrapolando os temas referentes & profissdo.(IVarcon & Elsen, 2000, p. 638-639). Na antropologia Branislaw Malinowski utilzou a observacio participante para os estudos sobre os aborigenes australianos na obra “Os Argonautas do Pacifico Ocidental” em 1921 Outro exemplo de estudo antropolégico que utilizou a observagao participante encontra-se nos estudos de Margareth Mead sobre as Tribos em Samoa (Coming of Age in Samoa) em 1928. Todavia, a observacao participante expandiu-se para outras areas das Cléncias Sociais, como por exemplo, a Sociologia, onde Valaciares (2007) descreve, sucintamente, 0 estudo de William Foote Whyte "Sociedade de esquina: a estrutura social de uma érea urbana pobre © degradada": Originalmente publicado er 1943, um classico dos estuds urbanos 0 texto é no apenas atual pela tematica que aborda a juventude, a organizacso social das gangs e dos bairros pobres-, mas taminém um lvro fundamental para aqueles que fazem trabalho de campo nas tldades,realizando 0 que os norte-americanos denomninam anthropology at home. € também de grande importancia para os sociélogos urbanes que cada dia aderem mais aos métodos dualitativos e aos estudos de caso se interessam pelo tera das redes sociais, da juventude, da politica locale da terrtorializagéo da pobrezo.(..) Wiliam Foote Whyte, flho de classe média alta norte-americana, pesquisou nos anos de 1930 uma rea pobre e degradada da Cidade de Boston, onde morava. Conhecido coma um dos shims mais perigosos da cidade e sobre © qual circulavam varias idéias preconcebidas e estigmatizantes, 0 bairro italiano é ppouco a pouco “desbravado” pelo aprendiz de pesquisador que apenas o conhecia por “ouvir dizer’. Ao mesmo tempo em que se insere na localidade e vai redefinindo os abjetivos de sua pesquisa, dé tropecos no convivio com os moradores, aprendendo a pensar e a refletr sobre 2 natureza de suas relagdes com 08 informantes, Aos poucos val sendo aceito, muda-se inclusive para Cornervil, mas se dé conta de que fundamental poder contar com um intermeaidrio para realizar sua observacio. “Dec”, termo que define um informante-chave, simboliza esse mediador, que garante o bom acesso 3 localidade e/ou a0 grupo social em estudo. Desempenha também 0 papel de conselheiro e "protetor’, defendendo 0 ppesquisador contra as internpéries @ os imponderSveis préprios 30 trabalho de campo. Ap6s tr8s anos de convivio e familiaridade com 0s diferentes grupos informal e institugBes que atuavam e estruturavam a rea (clubes socias, centro comunitéro, organizagées informais etc), Foote Whyte deixou o bairro para dedicar-se 8 difcl tarefa de recigr sua obra, Saida dificil e dolorosa para 0 abservador partcipante, mas faciitsda pelo fato de o jovem pesquisador mudar-se para Chicago, onde se inscreve como aluno de doutorado na Universidade onde Rabert Park havia bem marcado sua passagem. (Valadares, 2007, p-152 153). hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi son 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. ‘A expansio da utllizagdo dos métodos de observagdo participante nas Ciéncias Sociais também atinglu a Administragao de Empresas, Para exemplos de trabalhos que utlizaram este métado sugerimos abservar estudo de Yen-Tsang, Dultra- de-Lima e Presto (2073). Os autores realizaram uma analise bibliométrica de ckagdo e cocitagio em estudos de etnografia nna area de Administracio de Empresas. Embora, nem todos os estudos citados pelos autores tenham utlizado 0 método de observacao participante, existe no artigo um verdadeiro “cardépio" de estudos na drea de Administracéo que podem ser consultados. Em outro ponte, a disciplina de Estratégla como Pratica junto a area de estudos organizacionais utiliza com frequéncia 0 método de observac3o no participante. Um exemplo encontra- se no estudo de Liu © Maitls (2014). As autoras utilizaram a observacao. do participante para coletar dados ern uma empresa produtora de jogos virtuais (games) de médio-porte localizada na regio aeste do Canad, A intengao das autoras fel de apurar como. as dindmicas emocionais des membros do alto escaldo da empresa afetavam os processos de claborag3o das estratégias. Para uma melhor compreensio da descrigao do procedimento & nna possibiidade de que algumas palavras possam ndo possuir uma traducdo fiel a0 Portugués optamos por manter as citacGes no idioma original. Os leitores devem se atentar a este exemple na direcao de uma das sugestées do roteiro acima, onde as autoras realzam © procedimento de observagSo no participante © apés realzam as entrevistas. Ou seja, Fessalta-se que © procedimento de observacio, participante ou no, no compreende entrevistas ur primary data collection method was non- participant observation (Gold, 1958). Over a period of three months, one author attended nine weekly meetings, which were all the ‘meetings held in this period of time, as a non-participant observer. She audio and video recorded each meeting and had the audio files transcribed. Video recording is a relatively new method in strategy research, allowing the capture of the ricra-behaviours and interactions that are the stuf? of strategic practice johnson et al, 2007), including fleeting, nuanced, and rich emotional expressions (Cohen, 2010), [.J In this paper we use data from seven meetings. We have excluded one in which the recording technology failed, and one attended by a consultant because It was not a ‘norma’ meeting. At the end of the observation period, one author also interviewed each of the team members, asking for their reflections on the team and the meetings she had attended. The same author had also attended meetings of other teams in the organization over several months and had interviewed many of their members, which deepened our understanding of the organization and game Industry more generally. Our analysis focuses on the dynamics between team members in the meetings, but we drew fon the interview data and this author's broader knowledge of the organization in order to supplement and clarify our observational analyses. (Liu & Malis, 2014, p, 208) Outro exemple de utilzagso do método de observagdo no participante na area de ‘Administrago de Empresas, novamente em Estratégia como Pratica, encontra-se no estudo de Marietto (2014) e Marietto e Maccari (2015). © estudo foi conduzido dentro de um Pressuposto metodolégico multimodal de coleta e analise de datos (Streeck, Goodwin & LeBaron, 2017), Uma das etapas foi realizada por meio de observa¢ao n3o participante. O objetivo do estudo foi a de analisar como os atores socials (consultores externos © proprietérios) de uma Holding brasileira de grande porte interagiam recursivamente com os elementos estruturals, em suas praticas ldrias e espaco- temporalmente localizadas, na formag3o das Estratégias Empresariais. Abaixo, cisponibilizamos excertos com suas respectivas marcagGes e transcrigGes que servirar para posterior analise. Neste estudo realizaram-se duas gravagdes de Sudio e video de duas reuniées formals por lm integrante presente ern ambas as reuniges que envolveram os proprietarios da Holding e © conselho consultivo na sede do grupo. Estas reunides tinham o Unico objetivo de debater agbes estratégicas de mécio e longo prazos para a sobrevivéncia da Holding. As reunides foram gravadas com espaco temporal de aproximadamente um més, sendo que a primeira reunido resultou em 3 horas e 36 minutos de gravacao e a segunda reuniao em 2 horas e 21 minutos. (Marietto, 2014, p.67), hitps:twwnredalye.orqjournalis312/331259758002/himi ane 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. Ee met come [es ee Marietto (2014); Marietto e Maccari (2015) RTC Eas saan A a, AIR ‘Soteges ttn (CEE: tsmiabng 9 CEE tay 9 ce ce Marietto (2014); Marietto e Maccari (2015) Marietto (2014) 6 CONCLUSAO Concluimos que com a demanda maior por estudos qualitativos na area de Administragdo de Empresas 0 método de abservacio participante vers ganhando espaco, ainda que de Torma acanhada. A capacidade do método em demonstrar detalhes de relagées socials entre individuos presentes nas organizaGes parece ser altamente eficaz. Mesmo assim, os estudos que utlizam este método ainda 80 escassos, principalmente no Brasil método de observacio participante passou, e esta pasando, por um periodo de incrementasgo tecnolégica que culmmina no desenvolvimento do método de observagdo ndo participante, © pesquisador pode se valer de gravacGes em video e dudio para ampliar a eficécia e 0 rigor das observacSes. © pesquisador, também, deve ter em mente que mesmo cam os adventos tecnolégicas o métoda de observasso particpante € puro e Unico, Em outras palavras, poder-se aglutinar outros métodos (entrevistas, andlises de documentos, andlises de contetido, entre outras) para triangulaco dos resultados ou mesmo para aprofundar as andlises, mas serdo outros métodos e nao pertencer ao exercicio da observacio. hitps:twwnredale.orgfournali3312133125@758002!imi sana 2siiv2022 14:08 OASERVAGAO PARTICIPANTE E NAO PARTICIPANTE: CONTEXTUALIZAGAO TEORICA E SUGESTAO DE ROTEIRO P. © roteiro proposte tem 0 objetiva de estimular a utilizag#o do método, Embora o roteiro ofereca apenas a fase de coleta de dados, pudemos concluir que o pesquisador deve realizar lum preparo detalhado e minucioso antes de ir a campo. Os exemplos oferecidos demonstraram a riqueza dos detalhes coletados. Por outro lado, demonstraram, também, as competéncias e habilidades que os pesquisadores devem possuir para operacionalizar as ‘técnicas em campo. Para estudos futuros sugerimos complementar este roteiro com uma proposta de roteiro sobre a fase de anélise de dados nos procedimentos de observasio participante e no participante, Referéncias ‘Angrosino, M. (2008), Etnografla e observacao participante: coleg3o pesquisa qualtatva Porto Alegre: Bookman Editora, Caldwell, K, & Atwal, A. (2005). Non-participant observation: using video tapes to collect data in nursing research, Nurse Researcher (through 2013), v.13,n.2, p.2-54, Costa, P., & Itevino, L. (2018). 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