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CHRIS BROWN * KIRSTEN AINLEY iE ae COMPREENDER AS RELACOES INTERNACIONAIS ‘TRADUCKO A PARTIR DA 4+ EDICKO [EACLINGUA INGLESA REVISTA E ACTUALIZADA ANA SAMPAIO gradiva 1 oligo Mango de 2012 ‘Dept egal 34113872012 BEN 979896164652 eradiva ior Gauensr Vine Visive-nos na Internet ‘wwvugeadiva.ps 10 A politica internacional da identidade Introdugao (0s dois préximos capitulos propdem uma abordagem & teoria das Relagdes Internacionais um'pouco diferente dos nove capi- tulos anteriores. A énfase continuard a ser colocada na teoria, a0 desenvolvimento de uma compreensio conceptual do tema, ‘mas contexto deixart de estar to dependente do desenvol vimento do préprio diseurso como nos capftulos precedentes. aqui em diante, a forga motriz vird dos acontecimentos do mundo real mais do que da academia. Provavelmente, foi sem: pre isso que aconteceu na teoria das Relagies Internacionais, tas aqui a rclacio entre teoria e pritiea seré muito mais clara, AAs prioridades destes dois capitulos sio definidas pela politica internacional desde a década de 1980 e serdo facilmente reconhe- civeis tanto por profissionais como por académicos, ¢ tanto por ‘membros informados do piblico, eomo por estudantes das cite Os dois aspectos da politica internacional contemporanea sobre os quai estes capitulos incidiio podem parecer & primeira vista apontar em direcgées diferentes © contradizerse: mutua- mente, Neste caso, as primeiras impresses poderio estar correctas, Poder-se-d aqui invocar wma velha anedota relacionada, com a mi recepgio da televisio nos seus primérdios: ndo vale a pena tentarajustar o stu televsor, a evlpa & da realidade, Nao ha ‘qualquer garantia de que as caracteristicas mais relevantes das felagGes internacionsis contemporiness constituam tm conjunto coerente. Por um lado, vivemos num mundo que muda a um ritmo sem precedentes, por outro lado, vivemos nium mundo cujas instituiges bésicas sio herdadas de outra época. Em taiscircuns- incias, seré de esperar uma certa dissonincia, As caracterisicas dissonantes das relagSes inteenecionais contempocineas que ‘sero analisadas neste capitulo sio, em primeiro hagas a ascen- Go da politica de identidade, ou seiz, a ceescente relevancia sla nacionalidade, da etnicidadee da religio e, em segundo lugar, 8 crescente importincia do individuo enquanto actor interna sional, expressa através do sistema intemacional dos diceitos hhumanos ¢ da mudanga de conceitos no direito internacional. Os grupos e os individuos no se consolidam necessiria facil ‘mente pata apresentarem uma explicagio harmoniosn de como ‘© mando funciona, mas estabelecem claras relagdes entte si, Con- frontados com as exigéncias, por vezes inoportunas, da lealdade {de grupo e com os petigos do poder incontralado, nio € de admirar que certos individvos tenham procurado reforgar a suas PosigGes através da nogio de direitos humanos tniversas, Simul- tancamente, a crescente relevancia dos direitos poderd set vista por alguns como o reflexo de ui desafio externo que exige uma lealdade de grupo reforgada. Ha aqui uma dialéctica complexa em jogo © é dificil identiicer um caminho claro através das di versas contradigées. © capitulo 11 analisaré a ascensio do individuo como actor intesnacional, enquanto este capitulo se centraré na nova politica se COWPREEWDER AS RELAGOES HNTERNACIONAIS internacional de identidade. Uma maneira de enquadae esta dl tima questio € interrogarmo-nos se existe hoje um modelo de Politica © do processo politica que possa razoavelmente set visto ‘como universal, pelo menos no sentido mais vasto de que a maioria dos paises acabari por gravitar para cle, Fazer esta pergunta, actualmente, é suscitar uma resposta negativa imediata. Apesat da disseminagao da globalizacio e do aparecimento de uma vex tara dos direitos humanos», ou ralvez por isso mesmo, & ness ‘momento claro que as forcas politcas impulsionadas pelo nacie nalismo, pela etnicidade e pela eligi sio extremamente pode ‘osas €acmam como um contraponto importante a estas catego: ras universas. Todavia, ainda ha uma geracio ndo seria deseabida Presumir que 0 motivo dominance da politica do séeulo xx1 se 8 uniformidade e no a diversidade. A mudanga de um press posto de uniformidade para um de crescente diversidade ¢ as ‘mplicagées desta mudanga para a politica internacional sio wna ‘maneirs de olhar para o tema deste capiculo, Antes de embarcar nessa andlise,valerd a pena notar que esta nio é simplesmente luma pergunta virada para 0 futuro — tem também a ver com as ‘origens da ordem internacional contemporinea. Vivemaos hoje ‘num mundo em que quase duzentos Estados sio membros das Nasées Unidas © em que a comunidade internacional tem de inclu evistios, magulmanos, budistas, hindus e judeus, assim ‘como milhdes de pessoas sem Gliagio religiosa, Todas as Fasas ¢ etnias tém o diteito de integrar esta comunidade internacional E, no entanto, as insttuigdes e préticas fundamentais da comic nidade internacional, o Estado soberano, a diplomacia eo digeto internacional, si0 produto de uma zona especifica do mando, de tum pattiménio cultaral espeeifico — a Europa, ov, mais conere tamente,a parte da Europa cujo patriménio caltucal foi moldado pelo eristianismo catéico e pelo Império Romano do Ocidente, O contraste entre a especificidade cultural da actual orem incer nacional ¢ a diversidade cultural dos seus membros consttuiré 0 ppano de fundo para a andlise que se segue. A politica nas sociedades industriais E verdade que esta diversidade poder estar em declnio e, na ‘éeada de 1970, parecia de facto que os pases capcalitasindustriis vangades se tinham estabilizado numa espécie de padrio comum eterminado pelo proprio processa de industilizaglo, A maior pare das sociedades industrias tinha passado por uma fase nacio ralista, um periodo de consirusdo nacional, mas na maioria dos «casos 6 nacionalismo jf nao era a forca dominante na politica ingerna, embora pudesse ser ainda determinante em certasregides. Em muitos patses europeus, a identidade politica estivera no pas: sado associada & religiio, mas, mais uma ver, estas associagies sstavam na goneralidade a desaparecer Assim, por exemplo, 08 partidos democratat-cristios do pés-guerra tornaram-se paeti- ddos conservadores moderados, jf sem a base da Igreja Catdlica, fenguanto aa Gei-Brotanha a’ associagio entre anglicanismo € conservadorismo e entre nfo-conformismo (dissidéncia da Tereia, Anglicana) e radicalismo, embora ainda estacisticamente signfi- ‘ativa, perdeu muita da sua forca. Os poucos lugares, como a Irlanda do Norte, onde as identidades azcional e religiosa se reforgavam mutuamence pareciam ser a excepcio mais do que @ regra. Em alternativa, a politica girava em tomo de nogdes como xesquerda» e diceitas, progressismo e conservadorisme, que essencialmente se relacignavam com questdes econdmicas em particular, com relacdes de propriedade. A maior parte dos pafses industriais avangados tinha partidos politicos que diziam repre- sentar os interesses da indisteia, do comércioe das classes médias «© partidos que diziam representar os intezesses do trabalho ore aizado. Fstes partidos funcionavam num mundo de pluralismo social transversal que impedia que a divisio entre eles se extee- ‘masse, Dependendo da sistema de votaglo e da estrutura social, era possivel encontrar sistemas multipartidérios, onde diferentes interesacs eram representados por diferentes partidos, sistemas bipartidésios, onde esses dois partidos resulravam eles préprios 4e coligagdes de intereses. De qualquer modo, a politica no ue [COUPREENOER AS RELAGOES NTERWACIONAIS ‘mundo industrial avangado tornou-se uma questio de compre misso, ajustamento e adaptacio. Em contraste com 0 passida imediato, havia muito poucos movimentos politicos de: massis ‘ou partidos cujos objectivos envolvessem uma mudange social ‘ou econémica em grande escala. Mesmo em Franca ou em Ii lia, onde tinham sobrevivido grandes partidos comunistas, ester ‘inham em grande medida perdido 0 interesse na revolucio, Este € um breve retrato de como a politica era concebida nc mundo industrial avangado, mas o pressuposto geral era que 0 ‘mundo em desenvolvimento ira, a longo prazo, seguir 0 mesmo camino. O sistema internacional em que estas novas nagOes tinhar: rnascido ou, no caso de regimes mais antigos que nao tinltam side submetidos a um dominio imperial directo, no qual inham agora sido integradas, era claramente entopew nas suas origens © ‘expectativa era que essas nagoes se adaptariam a ele, tornando-" se, por sua ver, pelo menos em rermos politicos, bastante mais ceuropeias. Todas as nogbes de construgio do Estado e da nacio «todos os modelos de desenvolvimento partiam basicamente do pressuposto de que 0 objectivo do exercicio era tomer 0 mundo no industrial muito parecido com o mundo industrial. Saber se isto poderia ser conseguido dentro de sistema capitalista era uma ‘questo preocupante — os estruturlistas» que analisimos nv capitulo 8 consideravam que nto, mas a maiotia das alternti ‘vas a0 capitalismo parecia cada vex mais implausivel, Os exten dos modelos de desenvolvimento capitalists tinham em mente algum tipo de altemativa marxista, mas o8 regimes marxisis existences pareciam alternativas cads vez menos vidveis 20 Oc dente capitalista. Nas décadas de 1940 e 1950, muitos observe dores acreditavam genuinamente que os métodos de planeamento ‘comunista tinham resolvido os prablemas colocados pelo padi de ciclos especulativos e recessivos habicualmente observado no capitalismo, mas na década de 1970 tornou-se progressivaments ‘mais dificil acreditar que assim era de facto, Os regimes do so- cialismo real» ndo estavam, manifestamente, a proporcionar 6: sucesso material que se podia encontrar no Ocidente capitalist, Nem sequer era possivel argumentar que essas sociedades eram socialmente mais justas do que as suas congéneres no Ocidenter nas décadas de 1970 e 1980, a toervel repressio da era do tota- litarismo estalinista podia ter jd passado, mas a liberdade pessoal ta ainda muito limitada e os regimes eram amplamente vistos polos seus prdprios eidadaos como pouco legitimos, De qualquer modo, durante a década de 1980 e 1990, os regi ‘bes comunistas europeus cafram e foram substituidos por sistemas politicos que aspiravam a ser semelhantes aos sistemas politicos do mundo capitalista avangado. As razdes para este colapso sio complexas e inevitavelmente controversas, O impacto da pressio ocidental, sobretudo norte-americana, a dindmica interna de um ~ processo de mudanga,cujo controlo se perdeu, o papel desempe- " ahedo por certos individuos (Mikhail Gorbatchev, 0 papa Joao Paulo I, Ronald Reagan} o papel das ideas: a lista de candidatos 0 lugar de principal agente da mudanga é longa e o debate pros: | seguiri, mas © ponto fundamental é que o comunismo enquanto sistema de poder se desmoronou, Nio se dew, todavia, o tipo de convergéacia entre o Leste © 0 Ocidente que muitos tinham vati sinado como resuleado provivel da Guerra Fria. Em vee disso, 0 Jesteadoptou as ideias do Ocidente. A importincia deste facto foi imediatamente sublinhada por alguns dos mais argutos pensadores da época. Um texto fundamen: ‘al nesta matéria € 0 «O Fim da Histériae, um ensaio muito mal compreendido do fildsofo e snalista politico norte-americano Francis Fukuyama (1989). Tratava-se de uma andlise heyeliana das consequéncias do fim ca Guerra Fra, que captou temporaria- mente o Zeitgeist”, provocon um enorme interesse nos meios de comunicagdo e levou & publicagio de um livro muito importante: © Fim da Histéria e © Uhimo Homem™ (1992), Nesse livro, im lamfo, no onal: splito da pcs. (do) 2 The End of History and the Last Mam 20 aga ingy palin em Pocrgl com ot seferid, pla Grad sm 982. (NT) Fukuyama defende, essencialmente, que, a0 vencer 0 comunissio soviético, a democracia liberal eliminou o seu tiltimo adverszia sétio em maréria de concepgio da forma como uma sociedade industrial avangada poderia ser governada, No inicio do sSeulo a democracia liberal surgiu como uma combinagao de economia de mercado, instituigdes representatives, primado do dlrcito ¢ ‘governo constitucional, Desde entao, houve diversas tentativas de ‘ultrapassar esta formula, mas todas clas falharam. A autoceact tradicional, 0 capitalismo autoritétio, 0 nacional-socialismo ¢ 0 fascismo, todos perderam as suas gueeras contra as democracse liberais. © inimigo mais poderoso (e também um dos primeira) do liberalismo foi o sociaismo marxista, que defendia que ss liberdades oferecidas pelo liberalismo eram insuicientes e posi ser transcendidas, afirmando, especificamente, que as liberdade Politicas eram postas em causa pelas desigualdades econémicase {que as formas de gerir a sociedade industrial sem recorrer «0 ‘mercado ¢ através do regime de partido Gnico e nie do gover representativo eram vives. + ‘Os acontecimentos da década de 1980 vieram demonstra? ie | cesta pretensio nio era verdadeira, As sociedales do «sox! | real» provaram ser incapazes de acompanhar as sciedades 301 talistasliberais no fornecimento de bens de consumo ¢ 05 soi cidadios mostraram-se cada vex menos dispostos a aceter cue regime de partido nico pudesse subsituir um governo gensinic = ‘mente representativo. Estes regimes acabaram por entear colapso e foram substituldos por sistemas politicos que sio, rs ‘menos em principio, democratas liberais. Fukuyama descreve 4 vitéria destes princfpios como «a fim da Historia», recorrendo = categorias hegelianas que sugerem que o triunfo do sliberaliso ‘equivale ao firme estabelecimenta da Ginica espécie posse! liberdade humana. Uma ver que a «Histria» trata da forma ‘edo desenvolvimento da liberdade humana e uma ver que ess tarefa esté agora conclaida, a «Hlistéria» acabou (na verdace Hegel acreditava que a Historia cerminara em 1807, por ss) vivemos hé mais de dois séculos numa épaca pie histérica). Este sipo de linguagem hegeliana é calvez ingelize certamente desmo- tivador. A questio fundamental & que Fukuyama defende que nio "ino presente e, mais importante, aZo havers no futuro} qualquer slterative. sistemdtica a0 liberalismo: os tegimes no liberais persstrio numa base ad boc, contingente, sem serem capazes de ‘oastituir um desafio coerente 20 liberalismo. f preciso notar ‘que esta ndo & a posiglo triunfalista que muitas vezes se consi- ddera — Fukuyama lamenta 0 sorgimento de uma politica em que todas as grandes questées foram resolvidas. [A Histéria acaba, segundo Fukuyama, mas isso no significa ‘gue no aja acontecimentos furaros. As relagSes internacionais “prosseguirio, mas deixario de envolver as grandes questbes, que estdo agora resolvidas. Outros defendem que, embora as “telagdes internacionais prossigam, isso acontecerd numa base iferente. A tese da «paz democritica» afirma que os Estados lsmocréticos, embora sejam em geral tio propensos a guerra Hepner ‘due jd encontrimos no capitulo 4, no contexto de ise mais abrangente sobre a relagio entre estruturas onais ¢ internacionais, mas que pareceu assumir uma nova ‘levincia na era p6s-Guetca Fria, Grandes projectos de investi- io des décadas de 1980 ¢ 1990 coasideraram que 2 hipétese Adebase era invulgarmente «lidar —o que quer dizer qu, inds- endentemente da definigio de democracia que se utilize © de como a guerra é explicada, o resultado € em grande parte 9 ‘teimo, As democracias constitucionalmente estéveis no entram eu {guano of outros Estados em guesras com ndo-democracias — e, a umas com as outras, embora possam envolver-se tanto jarante o processo de democratizacio, a generalizagio essencial poder no ser valida, o que ni deixa de see preocupante. Clara juente, quanto mais sofisticados ¢ sensiveis forem os indicadores, © sais provavel & que haja excepses menores, au «quase fala oto Thes chama Russecr (1993), a esta proposigio e poders ou COMPREENDER AB RELAGOEE INTERNACIONAIS acontecer que a afirmagio peremptéria de que as democracias ‘munca entraro em guerra mas com as outras nfo se mantea, ‘Ainda assim, estudos sugerem que a proposigdo geral é talvez 4 hipétese empirica mais bem fandamentada que as Relagdes Inter nacionais contempordneas tém para oferecer, Uma hipétese estatsticamente bem fundamentada nfo € 9) ‘mesmo que uma explicagio. Como explicamos a paz democritiet Russett prope duas expicagoes possveis.Primeira, hi o mod ‘normativo-cultural. Nas democracias estaveis, os decisotes espe ‘am conseguir resolver 05 conflitos internos através do compro ‘misso e sem recurso & violéncia ¢, hipoteticamente transports ‘fo essas expectativas para as suas negociagies com deco de outras democracias estaveis que tm mecanismos igualinec rio violentos de resolugio de conflitos. Inversamente, 0 decsore de sistemas néo demoersticos sio mais propensos a recorcer 3 ameaga de violéncia, ea usi-a, na resolucio de confics interna © € também provavel que essa atitude alastre para o nivel ins nacional. Sabendo isso, e para evitarem abusos, as democraci ‘adoptam normas nfo democriticas quando lidam com nio-demc= cxacias. Um segundo modelo salienta os factores estruturai -insttucionais. Os sistemas de controlos e equilibrios ¢ neces sidade de gerar aceitagio por parte da opiniao publica retards. io a decisio de recorrer& violéncia em grande escala e redurisio 4 probabilidade de que uma tal decisio seja comada, Revos= ccendo isso, os dirigentes de outros Estados democriticos al) receiam ataques de surpresa e permitem 0 recurso a métodos di resolugio pactfica de conflitos. Pelo contririo, os dirigentes d Estados ndo-democréticos sentem-se menos’ constrangides ppodem mais facilmente desencadear violéncia em grande esc, ‘Conscientes de que os dirigentes dos Estados democriticos ‘ém esta opcio, podem sentirse tentados a abusar de algo gu vem como uma fraqueza —mas,cientesdisto, os dirigents di democracias podem deixar de lado as restigées insiucionals ‘quando lidam com nio-democracias, «fim de evitarem tais ab 40s. Estes dois modelos nio sio as vinicas explicagdes que se ‘podem apresentar para a paz democrstica — embora outras expli- agdes, como a de David Lake (1992), se aproximem de uma oa ile outra— e nenhum deles ¢ intsiramente auténome. Como _Rossetr observa, as normas estéo subjacents as insituigese sio De qualquer modo, aquilo que € surpreendente nesta tese é 0 snoio que ela dé (ou, pelo menos, dew) ideia de que poderia ser ssivel uma ordem mundial universal, liberal einternacionalisa. Na perspectiva de 1989, parecia que a hst6ria dos confits ideo- Ijeos estava a chegar ao fim e, sendo pouco provavel que os ora dominantes Estados capitalisas liberals se envolvessem em “conflitos violentos uns com os outros, no era descabido espe- ‘rar que surgisse uma era de relativa paz ¢ seguranca. Em ver © disso, 0 periodo desde 1989 assistiu, como € sabido, 20 recru- descimento de identidades politicas baseadas na etnia © na reli- io iso no aconteceu apenas no mundo em desenvolvimento. | Aesperanga num novo tipo de relagdes incernacionais p6s-1989 " viu-se, em grande medida, reduzida a nada. © que aconteceu € perqua? oliticas de identidade pés-1989 |A maioria dos regimes pés-comunistas da ex-Unitio Sovitica 15 da ex-Jugoslivia declarou a sua determinagio de se tora 30 as suas populagGes frequentemente di jam, regimes «no ius, © que pata estas significava o tipo de sistemas politicos “plaralisas que se podia encontrar na Europa Ocidental. Alguns {eles tiveram um relativo sucesso nesta missio. Fm 2004, a Polénia, a Replica Checa, a Fslovéquia, a Hungra, a Eslovénia tas Replicas do Balico aderisam A Unio Europeia como membros de pleno direto, eujos sistemas politics tinham passado 0s testes necessérios. Embora um pouco menos plausivelmente, 4 Bulgiria a Roménia entraram em 2007. A Uceinia € tambein tum caso de sucesso relativo, mas nouttos Iugares © quadro tein sido menos animador. A Federagio Russa sobreviveu como tegin presidencial quase democritico, mas com muitos confitos & 0s violentos entre as suas repiblicas do Sul. Por outro lado, os novos Estados a sul da Rissa, surgidos apés o colapso da Unio Sovittica, virem-se dlacecados por conflitos nacionais, tnicos ¢ teligiosos. Nos Balcis, das reptblicas que resultaram da Fedess so Jugoslava, sé a Eslovénia tem tido alguma paz, enguanto + Groicia, a Bosniz-Herzegovina e 0 Kosovo tém sido palco de trandes contfitos que envolveram a ONU, a Unido Europeia © 2 NATO. Mestno na Republica Popular da China, onde surgiu sina forma de «estalinismo de mercado» baseada em formas de ec noma capitalista combinadas com um firme regime de partido ‘nico, o nacionalismo continua a ser uma questo grave na regio do «Faroeste» chinés de Xingiian, com a sua populagio uigue mugulmana, € no Tibete. Além disso, apesar de una perseguisio feroz, movimentos religiosos como o Falun Gong continvsi = see uma ameaga latent, -Muitos dests conflitos énicos/nacionais podem ser vstos como a ressaca de uma era anterios, tendo sido efectivamente preser vados pelo comunismo. © tipo de conflitos nacionais qus, noe tras regides da Europa, foram resolvidos pelo fancionamento de regimes pluralistas, na ditadura comunista, acabaram por f scongelados». Recorrendo a uma metéfora comum, embora sin pouco desagradavel, enquanto no Ocidente as divisies étnicas foram sendo saradas pela necessidade sentida pelos difere srupos de cooperarem no processo politico, no Leste, divstes semethantes foram simplesmente cobertas com a ligidura do regime autoritisio comunista — quando se reirow a ligadura, 29 feridas ressurgiram, por sarar e j@ uleeradss. Além disso, hi caracteristieas do comunismo e do nacionalismo que tornam ce Jativamente simples que dirigentes comunistas se convertam et irigentes nacionalistas (como aconteceu to frequentemente nos Baleas e talver de forma mais marcante na Crodcia, onde um sesistente comunista do tempo da guersa, Franjo Tudjman, recor eu a simbolos fascstas dos tempos da guerra para ascender a0 poder, 0 que é mais ou menos 6 equivalente a um sionista adoptar 4 sudstica como simbolo). Ambas as doutrinas envolvem pensar em termos monoliticas (de classe ou de nacdo}, 0 que poe em causa a legitimidade dos grupos intermédios e teansversais que fazem funcionar o pluralism, e ambas apresentam razBes apa- sentemente convineentes para passarem por cima dos direitos individuais em nome da coletividade (Puhovski 1984), ‘Tudo isto poderd ser verdade, mas nio explica a razio pela qual a década de 1990 assstiu também 20 ressurgimento deste ‘ipo de politicas na Europa Ocidental, A excepgio do conflito na Irlanda do Norte, que se tornon ligeiramente menos violesto, ‘outcos conflitos no Ocidente baseados na identidade mantive. zam-st e multiplcaram-se, como & exemplo a forma mais vira- Jenta de regionalismo em Itilia, demonstrada pela ascensio da Liga do Norte. Mais geralmente, na maior parte destas socieda- des surgiram conflitos em eorno da imigragio, dos refugiados © dos requerentes de asilo, e esses conflitos foram cada vez mais enquadrados em termos religiosos e énicos, com particular refe- ; ‘éncia aos problemas levantados pela integragio de um grande ero de mugulmanos nas sociedades ocidentais. Paralelamente «estes contlitos, surgiu em muitos paises industriais evangados uma estratégia de prevengio de conflitos baseada na politica da ‘multieuleuralismo e nos direitos dos grupos. Enquanto a politica 4a soviedade industrial descrta na primeira seegio deste cap tle procurow atenuar os conflitos criando grupos sobreponiveis, sta nova politica pressupée a existéncia numa determinada sociedade de uma multiplicidade de grupos cuja identidades no se ateraro com o tempo. O etos desta politics é que 0 comflita pode ser evitado se se reconhecer que cada grupo da o seu con- ‘ribueo distintivo para a sociedade em geral (Kynlicka 1995). Os Pa COUPREENOER AB RELAGOES INTERNACIONAIG igualititios ¢ socialstas da velha guarda lamentam este desenvol- vimento (Barry 2000). Voltando 3 questio mais geral, 0 ressurgimento da politics de identi também ndo se confinow & Europa ow A Eurasia, Uma earacte ristica interessante da politica desde a década de 1980 tem sido © crescente mimero de pessoas que adaptaram uma identdade politica com base na religiZo e, em particular, aos movimentos ‘eligiosos «fundamentalists». Este convenientetermo tem conots 8es cristis um pouco enganadoras, mas o fendmeno dos mori mentos religiosos radicais est muito difundido, A ascensio do islamismo radical é agui um ponto de referéncia dbvio. As poli: as islamitas extremistas t2m sido uma ameaga paca a maior pare dos sistemas politicos de maioria muculmana desde meados da década de 1990 eo terrorism islémico tornou-se uma das grandek preocupagses em todo © nnundo. Os acontecimentos de 11 de Setembro de 2001, nos EUA, sio apenas a manifestasio mais extrema desta questo. No entanto, os movimentos hindus radicss ‘ém sido igualmence importantes no seu contexto, exercendo uns sande influéncia em termos da redefinigio da politica de cerca de um sexto da humanidade na India; e convém no esquecer que a ascensio do cristianismo fundamentalista nos EUA esti a tet lum grande impacto nesse sistema politico. Neste ikimo caso, hi Implicagdes muito directs na politica externa. © apoio dos cristios evangélicos a Isracl com base na ideia de que 0 estabelecimeno do Fstado de Isael ¢ um precursor do Segundo Advento, acresce- tou um novo factor & relagio americano-érabe-istalita, que « poderé tomar ainda mais dificil de geriz. Do mesmo modo, nt América Latina, tem sido notéria desde a década de 1980 a ascensio do protertantismo evangéico como um verdadeiro des fio & Igreja Cat6lica Romana. Entretanto, em Africa, proseegie a disputa entre missiondvios erstos eislimicos, mas uma cara teristica interessante desde a década de 1990 tem sido a erescerte Importincia politica da fetigaria e de outeas cxengas religiosss ude nio se baseou apenas nas etnias ov no nacionalismo auimistas tradicional, que sen mostrado surpreendentemente capanes de se adaptar evolusio das condigdes dos seus seg dors FE importante notar que, quando analismos « ascensto de movimentos religiosos deste tipo, estamos a observa um fenémeno «ue 6 simultaneamente interno e internacional. Consideremos, por exemplo, a referida ascensio do crtinismo protestants evangs- ico na América Latina: ela é 0 resultado claro do muito bem financiado trabalho missionério dos evangtlicos nort-amecca 10s, mas reflect igualeatecertascaracterincas das sociedades Jocais em questio. Notas, por exemplo, que em muitas destas sociedades 0 protetantismo € partcularmenteatractivo para as rmulheres, pois € alegadamente menos tolerante para com a vio- lencia domestica ea embriaguez masculinas do que o caolicismo teadcional, Acontece também que, & medida que 0 erstianismo catsico se foi tomando mais de esquerda nessas sociedades, a diteia politica se aproximou dos evanglicos. A questo & que ot ives ineemo e iternacional interagem e no podem set fall sente separados. O mesmo se aplica, com ainda maior cla- rex, 3 ascensZo do isl radical € manifesta aimportincia do dinheiro saudita no financiamento de uma educagdo isamica buseada numa versio particular e bastante austera do islto, ¢ spuposcalicas como a Al Qaeda funcionam claramente como Jnstinigdes nfo governamentas intemacionas (embora de um tipo particular, pés-modcene, como zedes sem winaestrutara de comundo hicrérquica formal), masa verdade € que o impacto destes movimentos interzacionais depend eambén das condigbes Tocas. Os atacivos do slo radical na Ge-Bretanha com Franga devem muito ao sensimento de alenagio experimentado pela juventude magulmana nesses pats. Aguilo que a Al Qaeda ¢ outros grupos intenacionais menos dics proporcionam a esses jovens € wma focma de dar sentido & sia sitnagio que & superior 1 proporcionada pela sociedad dominante ou por redes mocul- smanas mais antiga. Analopamente, 0 atractivo do iso radial lem paises como a Indonésia reside na sua aparente oferta de ums alternativa a cormupeio das elites locas, Ness situagies, hi sempre uma dialética entre o internacional e o nacional Em suma, Fukuyama poders ter razio em pensar que ni i ‘no horizonte uma altemativa sistemtica & democracia libs! (e nenhum dos movimentos acima referidos oferece 0 tipa de conceito de sociedade sistemtico e globalmente relevant, car terfstico da ideologia comunista), mas 6 nimero de alternativas io sistemécieas, locas e particularistas € muito surpreendentec fo pode ser justficado apenas em termos do impacto de curto 1prazo do fim do comunismo, Parece estar de facto a emergit un ‘novo tipo de politicas, com implicagies consideriveis para as relagbes internacionais. Globalizagao e sociedade pés-industrial (Os nacionalisas e os centesreligiosos mais fervorosos expican ‘0 seu empenhamento em termos simples. No primeiro caso, a nag (ou emia) & considerada um fenémeno preexistente:é, para « simplesmente, um facto que 0 mundo é constitaido por nagces ‘que determinam a identidade politica dos seus membros e, un ‘vez isto reconhecido, ¢ natural (para o nacionalista) que ceca um de nés oriente a accio politica para a «sua» nagio ou 0 «seis ‘grupo éinieo. Segundo esta explicacio, o chamado ressurgiment das polticas nacionalistas é @ mera reafirmagio de uma verdade ‘que ideologias como comunismo e o liberaismo tentaram ex cobriz. As pessoas com preocupagées religiosas assumem ums perspectiva semelhante: a verdade sobre o mundo & revelads plo Aleorio ou pela Biblia (ow pelas escritaras hindus, ete). Ess livros dizem-nos como proceder em relacio a0 peéximo, creat & no crente, © aquilo que sera preciso explicar seri a eazio pes ‘qual a maior parte das pessoas néo segue a palavra de Deus ¢ 230 ‘ inverso, Mais uma ver, a crescente importincia da rligito si pode ser explicada em termos de factoressociai, mas apenas nos seus prépriostermos, que perderam o reconhecimento de legitimi- dadecom as politcasseculares do Tluminismo e do pés-Huminismo os itimos dois séculos, mas cuja relevancia esté constantemente 2 ser reafirmada pelas testemunkas da f6. Tal como os cientistas sociais, os alunos de Relagées Internacionais poder querer con estar estas autopercepeses. Afinal, a0 contririo das pretenses os nacionalistas,€ praticamente impossivel identificar quaisquer ‘caracteristcas objecivas de uma nagio e, a0 conteivio das preten- ses dos fundamentalisas religiosos, & manifesto que as sagradas tscrituras em que eles se basciam no se auto-interpretam —a | palavra de Deus nunca surge com toda a clareza. F, todavia, importante reconhecer que as interpeeragées que os cientistas sociais propdem para o ressurgimento da politica de identidade nio sio as que 0 individuos envolvides normalmente aceitariam, Nio somos obrigados a accitar as explicagdes dos crentes, mas temos a obrigagso de procurar ndo ser paternalists, jastificando as suas crengas, Ainda assim, e tendo em conta esta reserva, & possvelidensificar uma explicagio clara para o ressurgimento da politica de identidade ou, melhor ainda, uma familia de explica- tas & uma reacgio as novas forgas sociaislecon6micas! ‘poliicas convenientemente resumidas no termo «globalizagio» principal argumento é simples: globalizagio cria porencial- ‘mente um mundo ‘uniforme com padises globais de consumo € produsio, que gradualmente eliminam as diferengas entre povos ® sociedades — Ienta mas firmemente, vamos todos acabando por fazet 0 mesmo tipo de trabalhos, vestic o mesmo tipo de roupas, omer 0 mesmo tipo de alimentos, ver 0 mesmo tipo de progea- nas de televisio, etc. Todavia, as pessoas precisam, aparente- mente, de dar sentido as suas vidas, tanto quanto precisam de bens matetiais. Costumavamos interpretar 0 nosso mundo social peeisamente através do tipo de diferencas que estio agora a ser tliminadas ou atenuadas. Os esterestipos nacionais eram (e por vvezes ainda sio) uma ilustragio grosseira deste ponto — muito poucos ingleses alguma ver usaram chapéus de coco e 0 rosbife sempre foi caro; a hoina eta igualmente pouco comum em Fraaga «© dieta local ndo consiste em pernas de #3 ¢ caraebis—, mas 0 sentimento de que os ingleses eram genuinamente difeeeates dos franceses, grosseiramente expresso nessas caricaturas, estava arteigado em ambas as sociedades e consticula uma parte impor ‘ante das suas respectivas autopercepsdes. Na medida em que a8 ‘marcas globais eliminam as diferengas —as tshirts, as calgas de ganga c os hambirgueres so universelmente consumidos taat2 por ingleses como por franceses —, muitos sentem que algo de importante se perdeu. Este sentimento pode criar a base socal para uma reacgio a favor de uma versio exagerada da diferena ‘© € aqui que a nova politica de identidade se revela, garancindo ‘que no somos um mero produto de marcas globais, mas que ppodemos controlar 0 nosso destino, afirmande-nos come crise Hos, escoceses, siques ou outra coisa qualquer, Benjamin Barber capta bem esta atitude no seu liveo com 0 titulo divertido, mas enganados ikad vs. MeWorld (1996). & pa lavra MeWorld (mundo da McDonald's) 6 uma mancira intess sate de exprimir a ascensio de uma wniformidade pouco imagi nativa e algo insipida, mas ad & um termo menos bem excohi dado que as suas conotagbes islamicas poderio limitar a sus aplicabilidade — efectivamente, Barber pretende que esta palavra resuma todas as reacgées 20 MeWorld, seja qual for 0 noss) credo ou localizagio geogrifica. Os seus «jihadists» poderin ‘Ho facilmente ser americanos ou indianos como sauditas ov ieaniax ‘nos, rist0s ou hindus como xiitas ou suntss. O ponto fundamen: tal € que a globalizagao cria os seus proprios anticorpos. As pes- seas nfo querem tomar-se pegas de uma maquina global e, por isso, procuram maneiras de se afiemar. Por vezes, isso envolve adcrit a movimentosglobais contra o globalismo, redefinido coma scapitalismo global» para os objectives da campanka antigloba ragl0, Outras vezes, alguns individuos e geupos, confrontados ‘com 0 desafio da homogencizagio das forges externas, respondem ‘om um regresso a origens — nacionais ou religiosas — ou, pelo menos, a uma versio expurgads das origens que imaginam pos- ‘ir Deve dizerse que, frequentemente, essas origens sio preset- vadas ou propagadas pela prépria tecnologia que alegadamente as ameaga: a televisio por saélte ou a Internet so agora ampla- mente uilizadas por grupos nacionalistas ¢relgiosos. Enquanto, ‘antigamente, as comunidades da didspora se afascavam das suas culturas de origem, frequentemente exagerando algumas caracte~ risticas e arenuando outras (de tal modo que, por exemplo, 0 sdublinense médio teré actualmente muito pouco em comum com um bostoniano de origem irlandesa,cujos antepassados deixararn 8 sua terra natal no tempo da Grande Foe}, as comunicacdes ‘ctuais entre a nova e a velha patria slo tla ficeis que este tipo de fosso jf no surge to facilmente, No entanto, provavelmente Dorgue aso tém de softer as consequéncias disso, as disporas vientam-se mais frequentemente para uma politica de identidade radical do que os seus parentes que ficam na tetra-mife. De qual- quer forma, o fosso entre uma reaceio nacionalista e uma reacgio ‘ntcapialista ao McWoeld & por vezes muito esteito. F notével ‘oniimero de personalidades famosas que parecem transpor este fos, sendo 0 caso clissico © do agricul francés José Bove, be se tornouw quase uma marca global a partir da soa oposicio 40 McDonald's em Franga, mas cuja politica pessoal se dedica a eoteger os interesses dos agricultores franceses, que frequente- mente se op6em sos interesses dos agricultores de Africa ou da Asia. Ne nova politien de identidade, os velhos intereses econd- ‘nicos sio minimizados —Bové opde-se a0 McDonalds e isso basta para a coligagio antiglobalizagio, Seti razodvel sugerie que parte da razio pars o ressurgimento 4a politica de identidade reside nesta oposigio entre o global « local, mas poder haver também outeas causas mais profundss, tspecialmente no que toca 20 mundo pés-industrial. Como obser. ‘ios, aquilo que consideramos politica moderna girava em torno Ado processo de produsio assumindo a forma de uma competiio pela distibuigio dos lucros dos sumentos de produtividade que ‘8 industrializagio capitalista gerava. Nessa competifo, 0s dire tos dos proprietécins contrastavam com as necessidades dos pobres 0 poder do voto scabava por se ver confrontado com 0 poder do dinheito e do capital. A politica pés-modeea, correspondente ‘0 prindustralismo, nfo assame esta forma, em grande parte porque as oposigbes que moldavam a velha politica deixacam de cexistir da mesma forma politicamente relevante. Naturalmence continua a existir no mundo industralizade avangedo um grande aniimero de pessoas pobres (sobrerudo, se a pobreza for definda ‘em teemos relativos, como em iltima andlise tei de ser), mas «las no trabalham no tipo de empregos em que a sindcalizayio € relativamente fécil. Também ado esto desempregadas nem foram empurradas para 0 limiar da miséria e o potencial apoio 4 partidos extzemistas, Pelo conteitio, atenclem telefones em cx ‘os de atendimento oa trabalham em hamburguerias, ganhande 6 suficiente para sobreviverem mas nao para conquistarem gra de posigio na sociedade. Refia-se que, frequentemente, esas ‘pessoas nio sio cidadios do pals, mas imigrantesilegais ov ta balhadores estrangeiros, que, mesmo quando rém direico de vot, rormalmente ado partieipam nas eleigdes —alifs,« percentagen. do eleitorado que efectivamente vota tem vindo a reduziese er todos os paises industriais avangados. ‘Os partidos politicos de esquerds que nido reconheceram esta smudanca e que fentaram mobilizarse pastindo da velha base Anterior, normalmente, perderam terreno, enquanto aqueles que souberam redefinirse — os Novos Democratas, de Bill Clintox, ‘os Novos Trabalhistas, de Tony Blais, assim como outros grupos dda de om mundo wnido pela globalizagio, (19936). Com efeito, Huntington fornece uma explicacio statist, mas ainda assim realist, do mundo, que constitu um complemento interessante a caixa de ferramentas conceptual da ‘eoria contempordnea das relagdesinternacionais. Aliés, 0 ataque a0 World Trade Center, em Setembro de 2001, pareceu a muita ete justifear © seu pessimismo, © profundo sentimento de solidariedade para com a populago de Nova Torque que s fun dw por toda a Europa contrastou vivamente com as eenas de regozijo na Palestina ea satisfagio geral expressa em ruas.e baza- res de outras partes do Médio Oriente, O artigo original de Hun- tington foi amplamentereferenciada e até republicado no Sweday ‘Times de Londres (14 de Outubro de 2001), onde foi descrito como ssinistramente presciente>. Por outra lado ainda, hs quem, arguments que o trabalho de Huntington cortespondew a wma temtativa de identificar um nova «outa» para substituir @ com nism soviético € que o desejo de ver o mundo nestes termos oa COUPREENOER AE RELAGOEE ITERNACIONAIG contribuiu até para aumencar as tensGes que estiveram na origera ddo 11 de Setembro (Connolly 2000), ‘Uma das razdes para a generalizada rejeigdo académica da tese dde Huntington é que, embora nio sendo estatista, ela continua a ser espacial/errcoral, A sua metifora dominante é a das «linhas de falha» entre civilizagies, mas essa nog tem dois problemas primeito, minimiza 0 ponto até ae qual as principaislinhas divin asso obra recente dos seres humanos —na antiga Jugoslvia, por ‘exemplo, as crises recorrentes da década de 1990 devem mais 20 @xito de Slobodan Milosevic na mobilizagio de apoio politico ppara a causa nacionalista da Grande Sérvia do que a diferencas micas e religiosas, em grande medida espiias, e menos ainda a divisdeshist6ricas que remontam a Idade Média ou antes. Essas diferencas e divisdes existem certamente e sempre existram, mas 8 sua importincia politica actual resulta mais de contingéncias do ‘que de algum processo inevitivel. Na realidade, Huntington tem em excessiva conta as auto-interpretagies dos nacionalistas. Em segundo lugar, e bastante mais importante, a ngd0 «tectonica» de 30 nfo reconbece sulicientemente 9 ponto até 20 qual e5 esto ja interpenetradas. O chogue de cvilizagses, se € que exise efectivamente, poderd tio facilmente assumir a forma da politica de identidade, do multiculturalismo e do seco nnhecimento nas principas cidades do mundo, como a forma de ‘hoques violentos nas chamadas slinhas de falha». Os problemas dle policiamento em Londres ou Los Angeles si0,felizmente, mais ‘aracteristicos deste tipo de polticas do que a violéncia no Kosovo ‘ou na Chechénia, por mais terivel que ela possa se. Pluralismo e sociedade internacional (© trabalho de Huntington poder ser mais bem compreendido enquanto reacgio a dois corpos da teoria das Relagies Interna- ‘ionais: por um lado, © wabalho dos relistas elissicos e dos neo- -realistas que defendem que, de uma mancira ou de outta, 0 Estado continua a estar no centro das RI ¢ continuard a actuar fm termos de racionalidade fins-meios; por outro lado, 0 tra balho dos te6ricos da globalizagio, que antevéem 0 advento de ‘um mundo sem fronteiras, no qual as estruturasjuridicas deixa- so de ser dominadas pelo Estado, Com alguma plausbilidade, Huntington argumenta que ambas as visdes estio erradas, mas ambas captam um aspecto da ordem mundial emergente —os realistas tém razio 20 afirmar que o conflito entre grupos val ‘continuar a ser uma caracterstca escencial desta order, enquanto 10s «globalizadoress tém razio em duvidar que o Estado continue a sero mais imporzante actor nese conflto. O conllto persstcé, ‘mas seri entre civiizagdes, a menos que 0 Ocidente desista da ‘sua tentativa de impor os seus valores ao resto do mundo. Nesse ‘aso, poder existr alguma base para um modus vivendi, ainda que um pouco desconfortavel 'Na verdad, ha um conjumto de trabalhos que se aproxima de abordara questio que Huntington coloca, mantendo wma inclina- ‘io estatista—nomeadamente, 0 trabalho da Escola Inglesa € dos te6ricos da sociedade internacional, anaisido no capitulo 3, ‘no contexto da critica construtivista a0 neo-reaismo. Como ent observmos, os autores da Escola Inglesa centram-se mais nas ‘categoria estaais do que nas subestarais ou nas universais, mas, 420 contratio dos neo-realista, defendem que quando os Estados ineragem podem formar uma sociedade, uma relagéo regida por normas e cujos membros acitam que tim pelo menos responsabi- lidadeslimitadas entre sie para coma sociedade no seu conjanto, Estas cesponsabilidades slo resumidas nas priticas tradicionais, do direito internacional e da diplomacia. A sociedade internacio- fal que estes autores descrevem era, pelo menos nas suas origens,, tum fenémeno decididamente europeu, mas hi pelo menos das tazdes para pensar que poderé também funcionar num mundo em grande parte no europeu. Primeira, embora o mundo moderno seja incontestével e crescentemente multicultural em termos sociais, como vimos, a invengdo ocidental do Estado-nacio reves lou ser extraordinariamente atractiva para muitas euleueas dife- rentes — mesmo sociedades que so muito eriticas de nodes ale- gadamente ocidentais (como os direitos humanos) sio fortes promotoras da nogio igualmente ocidental do Estado soberano. ‘Quer seja porque as unidades politicas terrtoriais soberanas respondem efectivamente a uma necessidade ou porque, dada 4 ordem existent, so mais ou menos inevitiveis, 0s Estados: snagies parecem ser desejados em toda a parte —pelo menos, pelas elites politicas. A tnica regido do mundo onde esta institu ‘20 std sob séria ameaga por parte de uma forma alternativa de ‘organizagio politica é no seu lugar de origem, a Europa Ociden- tal, sob a forma da Unido Europeia. ‘Uma raxio mais determinante para @ poss novbes de sociedade internacional num mundo multicultural é que, sob certos aspectos, a légica da ideia € precisamente a sua ‘capacidade de lidar com a diversidade cultural. Um autor impor relevincia das tante nesta matéria é Terry Nardin, euja explicagio sobre a socie- dade internacional como «associagio préticar exerceu grande influéncia (Nardin 1983). O argumento que Nardia defende é que, a0 conteario de uma cassociagio intencional>, como a NATO. fu OMG, erguida em torno de um projecto concreto (a defess colectiva ou a expansio das trocas comerciais} © que pressupie 4 esiténeia de objectivos comune entre os seus membros (que aderisam voluntariamente 3 organizagio em questio}, a socie dade inwernacional é uma categoria abrangente, cujas priticas 3 urorizadas em todos os Estados, precisamente porque 10 env: vem objectivos comuns nem um projecto conereto. © nico objectivo comum ¢ viver em conjunto, em paz € com justiga, € neste contexto justiga é uma nogéo procedimental mais do que substantia. f evidente que, se estas distingdes forem vilidas, as corigens das priticas da sociedade internacional no sistema Estados europeus serio irtelevantes para a sua autoridade 10 século xsi. Estas peiticas sio autorizadas precisamente porque io privilegiam qualquer conctito de «Bem» ¢ isso significa que estio idealmente adaptadas a am mando em que se encontram ruitas e varindas pratices deste tip. Testa concepeio «pluralisa» de sociedade internacional rece- bbeu muita atengd0 nos iltimos anos, sobretudo através de um importante livro de Robert Jackson (2000), e parece, & primeira vista, propor uma maneica de lidar com a nova politica de iden- tidade que g, sob certos aspects, superior ao apelo de Huntington, «um modus vivendi enteecivilizagies, ou 8 frequente sugestio de {que o mundo se deveria envolver num dislogo entre cvilizagbes fem grande escala, a fim de resolver as suas diferengas (Parekh 2000). Em vez de se basear na nocio difusa e questionavelmente cssencialista de scivilizaglo», a explicagio pluralista baseia-se ‘numa instituigio —o Estado — que & concreta e amplamente aceite. Ainda assim, 0 pluralism parece efectivamente excluit a propria nogdo de um sistema internacional de diteitos humanos (sera dificil defender que o respeito pelos diceitos humanos € uma pritica necesséria a sociedade internacional a0 mesmo nivel da imunidade diplomética, por exemplo) ¢ muita gente poders mostrarse relutante em abandonar por completo esta nogio, tembora esteja ciente da forma como a prossecusio dos direitos humanos universais poderd efectivamenteeriaro tipo de chogues ‘que Huntington descreve. Ha aqui um dilema genuino, para 0 ‘qual 06 teéricos «solidaristas» da sociedade internacional, em particular Nicholas Wheeler e Tim Dunne (Whecler 2000; Dunne e Wheeler 1996), propuseram uma resposta, seu argumento & que, embora ums sociedade internacional constitua uma ordem politica racional para a humanidade no seu conjunto (dado que os problemas de escala impossbilitam 0 governo global, as leis perdem a sua eficécia & distincia © a tirania € menos provavel, se a sociedade politica ocorrer a uma «scala humana), o derradeiro objecto reference da sociedade inter nacional devers ser os seres humanos individasis e no os Esta- ddos enquanto tal. O telos da sociedade internacional no é sim: plesmente preservar uma multplicidade de Estados separados, ‘mas sim, em ima anise, promover o desenvolvimento humnano, Assim, embora os teéricos da sociedade internacional desde Grotius, Pufendorf e Bruke até Bull e Nardin tenham argumen- tado que este objectivo é mais bem conseguido através de uma sociedade de Estados soberanos juridicamente auténomos, 05 dliteitos soberanos no podem ser usados para justificar uma conduta que claramente impede o desenvolvimente human, como as violagdes em grande escala dos direitos humanos. Deve notar-se que esta versdo soldarista da sociedade interna sional nao pode alastarse muito do pluralismo mais normalmente sssociado ideia de uma sociedade de Estados, sem perder contacto com a tadigio no seu conjunto, As violagbes graves dos direitos humanos podem ser consideradas como uma versio modema das ‘violages graves da dignidade humana», justfiand uma inter vengio externa por parte de quem quer que seja que as possa impedi, mas iso esta muito lenge da nogo cosmopolita de que 4s norms universais em todos os dominios da vida humana devem ‘ltrapassar 0 nivel local. Os partidos da idela de uma socieclade de Estados poderio concordar que ha algumas coisas que nio ddevem ser toleradas, mas abordam as questBes de uma perspectiva diferente dos activstas dos direitos humans e as aliangas ent estes dois grupos serdo sempre difces e instiveis. A explicacio solidarista da sociedad internacional equivale a reimaginar aquilo que uma sociedade de Estados envolve, ou sea, a uma alteracio imais do que a uma altemnativa as expli ‘questdes serio abordadas com mais pormenor no capitulo 1. es plucalistas, Ese Conelusiio Resumindo un bastante complexa: no séeulo. x estamos a assistir ao advento, tanto a nivel internacional como a nivel interno, de uma nova politica de identidade, Uma caracte je da vida do século xs em muitas das sociedades industriais avangadas € a procura de respeito © aprego por parte de grupos de um tipo ou outro que consideram ter sido marginalizados « subvalorizados pela cultura daminaate, patrareal, hetetos sexual e branca, O «multiculturalismo 6 uma sespasta a esta situagio, tal como a politica que se baseia na unio dos fragmen- tos de uma «Coligagio Arco-fris» que contestara 0 statu quo etm nome de todos os grupos oprimidos. © problema com esta siltima estratégia € claro, Embora cada um dessesfragmentos se oponha 4 cultura dominante, isso ndo significa que as suas exigéncias sejam compativeis umas com as outzas. Os nacionalistas quebe- ‘quenses negam sistematicamente que as nages indigenas possam ter o dircito de se separar do Quebeque, enguanto os represen- ‘ances da cultura popular dos negros norte-americanos, como 08 autistas de rap, dfundem sistematicamence atitudes mis6ginas € homofébicss. A educagdo «multirreligiosa» nas escolas tenta incutir 0 respeto por todas as religides, mas embora alguns cris: ios liberais possam fica satsfeitos com a ideia de que a sua fé uma entre muitas possibilidades vidas, néo ha muitas outras religies que assumam uma aticude tio descontraida em relagdo 8 verdade dos seus dogmas. Se internamente a questio resi no desafio de lidar com a mudanga de uma politica baseada em categorias universas para uma politica baseada na identidade, nivel internacional, os problemas foram gerados no sentido oposto, Como os tebricos ‘da sociedade internacional defenderam, a velha ordem internacio= nal bascava-se numa sética de coexisténcia», em que as diferen- «2s politica, sociais e culturais eram preservadas, s¢ io valor zadas. Esta ordem enfrenta cada vex mais desafia de movimentos, ‘que procuram impor normas comnns 4 nivel mundial, de uma maneira mais evidente no que se refere aos direitos humanos A politica internacional deste processo, que tem progressivamente tentado formar 0 individuo, e nfo 0 Estado, o centro do direito internacional, sera o tema do préximo capitulo, Leituras complementares | ‘A globalzagdo, a Esclaingless ea tose da paz demeerdtion 280 ‘eferenciadas, espocivamonia, nos cepituoe 9,3 @ 4 dest Ino. Raymond Gar, The Goa! Transéan:Amencay Sov! Relators aa the Eres afte Cols Var (7994) @ Den Obercote, The Tur How ‘he Cold War Came oan (1001) ebo sta toreasartos etre © fin da Queta Fla, Sobre o signee mas vaio desta acorters ‘ment, ver Michael Hogan (ed), The End ef ha Cais War eating and Impicatons (1982) e Alex Danchev (ed), Fin Da Sita. The ‘Mesnng ofthe Twentieth Century (1995) A obra do Cynthia Eice The Morning Aer: Sorua! Pots atthe Enc of the Cod Wa (1903) lamoem coleea esse scontacimertoa a porepestva. Richard Ned Leow @ Thomas Fisse-Kapoon (ed) tamara) Reations Teory and ie End of ine Cold War (1905)— parte do qual fe pubicasa ra ‘evista inemaina’Crganzaton, vel. 4, Primavera 1996 @ 3 mahor colscines sobre este tena. 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