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HM IAD IER (ti Este livro tem como objectivo introduair de maneira Cee eae Pr eran interessado em geral a Teoria da Reséncia e Ligacdo. 0 primeiro capitulo destina-se a introduzir em termos Fc eR Cerca en a en ae a ee cry ee oe ee cL Ene ee a ‘eriores consideraram essas questdes, bem coma o tipo de reocupacdes e problemas que levaram ao abandono des. leet Enron rea Sheen ree caer ee a itulos 2, 3.¢ 4 apresentam o esqueleto geral de qualquer ea ee ene em termas dos desenvolvimentos recentes). Os capitulos 3 CER Racecar cae a oe an ‘eitos da gramética generativa elaborados durante os anos 70 (no ambito co modelo conhecida como Teoria Standard Alargada) ¢ que servirdo de fundamento a TRL; por ou GO dese eer a ees nec ca er ee re tal pitulos apresentam as nocdes essenciais da TRL., formam ease a dois cursos de nivel médio sobre modelos recentes da era. Ce ee Ce Cee volvimentos mais recentes da teora, alguns deles ainda em A en ed ON eer eat te San existe wma polémica bastante considerdvel entre os gene. nae Ean ee pes ‘técnico, sendo essencial dominar bem os capitulas anterion res antes de proceder & sua leitura. Estes capitules pode- CR a Rene aoe a tae Te i Seed 3 ! ous? eared Teoria da Gramdadtica. A Faculdade da Linguagem Eduardo Paiva Raposo Fi CAMINIO | 2 eee eng i ‘ série LINGUISTICA — cr Maria Raquel Delgado Martins Capitulo 1 A lingua como sistema de representagio mental 1. Introdugaio [Neste capitulo, procuramos caracterizar as questdes de fundo (em par ticular, questdes de natureza epistemol6gica) que 18m definido o programa da gramética generativa, independentemente dos mecanismos técnico-teéricos propostos no ambito especifico da investigacdo sobre a estrutura das Kinguas humanas. Insistimos ém particular na natureza «mentalista» da teoria, isto 6, na concepgio de que 0 seu objecto de estudo consiste num sistema de regras e principios radicados em ultima instincia na mente humana, e no em propriedades absolutas das expressbes linguistcds consideradas em si estas, ou consideradas como um aspecto particular do comportamento humano independente das propriedades mentais subjacentes & sua produ- fo ¢ compreensio. Esta preocupacio da gramética gencrativa com o aspecto psicolégico da linguagem, ¢ sobretudo com o problema da aquisicao da linguagem (em aikima instancia com 0 seu aspecto biol6gico), mio aparece apenas com a TRL; pelo contrério, tem estado no centro das preocupacdes de Chomsky (€ de outros generativistas) desde os seus primeitos trabalhos, como se pode ver, por exemplo, pela data de publicagao da célebre recensdo critica de Chomsky (1959) @ Skinner. (1957), um trabalho sem diivida tio revolu- cionério no impacte que teve no desenvolvimento das ciéncias da cogni- G40 € dos estudos sobre a aquisigao da linguagem como Chomsky (1957) © foi relativamente A érea dos estudos gramaticais. & no entanto na TRL ‘que se toma possfvel (talvez pela primeira vez) ancorar mais solidamente 1a teoria gramatical as investigagdes relativas & aquisicao e desenvolvimen- to da linguagem na crianga, através do modelo de (se afgue imeor, Zadw), Opondo-o a0 temo clingua-E> (de «lingua exterarizader). que sfere 9 conjnta 4 eases © expressies determinadas pela Lingual O objecio de exudo da oromanes senerava ¢ a lingua, ado a lingus-E, Para mais detalhes sobre esa dooiomis conten ‘ual, ver Chomsky (19860, 21-16; 19886, 389.590). © empreendimento generativista atribui um lugar central & questio (2), tanto do ponto de vista floséticolepistemolégico como do ponto de vista da teoria gramatical propriamenie dita. Em particular, 0 cuidado atribuido a imeracglo enue (I) ¢ (2) & a pedra-de-toque da gramética generative: qualquer proposta relativa a0 tipo de conhecimentos iniciais que a crianga traz para 0 processo de aquisicio tem de poder explicar adequademente 0 carieter dos conhecimentos aduiridos elativamente « uma lingua particular; e inversamente qualquer proposta uanto a0 carécter dos conbecimentos sobre uma lingua particular tem de ser compativel com os coahecimentos iniciais da crianga e com o facto de a aquisiclo ¢ o desenvolvimento dessa Kingua~ setem fetos a partir dos conhecimentos iniciis. Por outras palavras: nein todas as graméticas que descrevem adequadamente os dados de uma lingua Particular sfo psicologicamente possiveis. E necessério, para além disso, {que possam ter sido desenvolvidas pela cxianga com base no sistema de aquisigao inicial [Nas préximas secp¥es, abordamos os problemas levantados por cada uma estas questdes com mais ou metis pormenor consoante se inserevam ou io nas preocupacdes centrais deste Livro. Como © nosso objectivo central €a apresentagio de uma teoria lingu‘stica que serve de guia 2 elucidagio dos problemas (1) ¢ (2), & a estes que dedicamos mais espago, especial- ‘mente & questio central (2). Coméeamos portanto com algumas’ observa ges sobre (1), (3) e (4), para nos ocuparmos a seguir mais longamente de), 4. A gramética como sistema computacional . © primeiro feixe de problemas leva ao desenvolvimento da gramética de uma lingua particular, isto é, de um modelo que represente’o sistema de conhecimentos particular do falante, eapaz de explicar as suas intuigdes sobre a forma e a significagao das expresses linguisticas, nomeadamen- fe se so ou no admitidas pela sua lingua (isto €, se so aceitiveis ou indo) (). As investigages dos generativistas (sobretudo nos filtimos 20 anos) mostraram que a gramética,interiorizada consiste por um lado num , neste caso particular as frases de uma lingua (') Em sfntese, 0 estudo da competéncia enquanto puro sistema de conhe- cimentos mental implica que o linguista proceda a uma abstracgao das diversas varidveis em jogo nos actos de fala concretos, ou seja, implica que 0 objecto do seu estudo seja «um fulante-ouvinte ideal, sitvado numa comunidade linguistica completamente homogénea, que conhece 2 sua lingua perfeitamente, e que, 30 aplicar 9 seu conhecimento da lingua quma per- formance efectiva, nio é afectado por condigdes gramaticalmente irrelevan- tes tais como limitagdes de meméria, distracgSes, desvios de atencZo e in- teresse, © erros (casuais ou caracteristicos)». (Chomsky (1965, 3), citado da tradugio pormuguesa, p. 83) (®) 6. A realizagao fisica do sistema da competéncia Enguanto sistema mental, a lingua tem necessariamente um suporte material no cérebro humano. A questo (4) tem a ver com a relagdo lingua- -cérebro, em particular com os mecanismos neuronais que suportatn 0 co- nhecimento gramatical: Pouco teremos aqui a dizer sobre esta drea da in- vestigagao, a qual, se bem que estzja sinda numa fase prematura, tem sido objecto de esforeos renovados no Ambito do interesse crescente pelas cién- cias da cogniggo em geral. Estes estudos, escusado seré dizé-lo, terlo de pér em jogo uma colaboragio estreita entre linguistas, psicdlogos, patolo- sistas da fale e neurologistas, os quais, com base em resultados pelo menos parciais obtidos pelos linguistas relativamente as questdes (1)-3), podero investigar 08 mecanismos fisicos especificos que esido na base dos diver- 08 sistemas da competéncia e da performance. Uma érea privilegiada nesta investigagio € 0 estudo das afasias, em particular o estudo do modo se- (Chomsky (19884) coloca igualmente entre as questes de (3) 0 problema da pro daugdo de linguagem, que considera no entanto o seu aspecto mais mistriaso © sobre 0 ‘gual © pensamenio ccntifico pouco ou nada tem a dizer. Ene os problems levantatos pela produsio enconiram-se 0 uso crstiva © inovador de Hinguagem, ito 4 a possbill= ‘dade de pronunciarmos pensamentos que nunca exprimimos ou ouvimos antriormente, 2 liberdade’ ds linguagem relatvamente 2 esimulos extemos ou intemos (por exemple, 56 tenbo fome, nio digo necessariamente tenho fome!),c 2 sua adequscio (salve casos pa- ‘oldpicos) as situagoes discursivas. Critrios deste tipo eram frequentemente adantados pelos Cartesianos para a potulagdo da nopio de winenter, oposta& ogo de scorpo como (7) Para uma discusso das confusbes meiodoléyicas e conceptuis quo a distneso ‘competécinferformance tem susctado ma lingusticacontemporines, ver Newrneyer (1983) En lectivo como o conhecimento gramatical é afectado por tipos diferentes de lesdes cerebrais (*) ‘A possibilidade de sucesso te6rico na caracterizacao neuronal detalha- da do sistema gramatical levanta a questo do estatulo epistemolégico dos conceitos utilizados pelo linguista na caracterizacio desse sistema, em Particular, se estes conceitos devem ou nfo ser substitufdes pelos do neu- rologista no momento em que este seja capaz de oferecer uma caracteriza- 40 igualmente detalhada e profunda em termos de oélulas, neurénios, ete A questio mais geral que se coloca € de saber se o estudo da mente — entendida como um conjunto de sistemas cognitivos — deve ou no ser reduzido ao estudo do cérebro no momento em que os neurologisias tiverem um conhecimento completo do modo como 06 sistemas fisicos su- ortam 0s varios sistemas mentais. Como o assinala Chomsky (1988a) (€ outros cientistas da cognigao relativamente aos seus dominios particulares), 6 pouco provavel que a com- reensio dos fendmenos linguisticos possa ser stingida sem referéncia a ‘noses especificaimente gramaticais. como Frase, Grupo Nominal, Grupo Verbal, pronome, anéfora, ligacdo, etc. Q mesmo se passa, de um modo ‘mais geral, relativamente aos restantes sistemas cognitivos da mente hu- mana. Os dois tipos de estudos — da mente e do cérebro — sein diivida ue se complementam, mas situam-se em planos diferentes da realidade, sem que nenhum se possa reduzit 30 outro, A mente, nesta perspectiva, € © conjunto das propriedades abstractas dos sistemas fisieos do cérebro, & 8 compreensio destas propriedades passa necessariamente pelo uso de con- ceitos (em particular 0 conceito de representaedo) independente dos me- canismos materiais postulados-ao atvel do oérebro. 7. A questo da aquisigao da linguagem Como menciondmos acima, a questiio central do programa de investi- Bago da gramética genecativa € sem diivida (2), ow seja, o problema de saber como € que a gramatica se desenvolve na mente do sujeito falante, © em que base. Por outras palavras, & a questéo da aquisicso da lingua. gem, que foi, ¢ continua a ser, uma das questées mais debatidas na historia (C9 A invesigngéo das relagdes linguactrebro tem anlecedentes importantes (que remontam 20 séevlo Xn) no estudo das localiza cerebais de aspecios dierencagos a linguagem (por Broca e Wernick, entre outos). Broce fol o primeio a apesentar gridénia experimental de que lingua se situs dominantsmene no demise esque do eére m do pensamento filoséfico e linguistico ocidental (integrada ou no no am- bito mais vasto do debate epistemolégico sobre a aquisigio do conhecimen- to em geral) (* © problema central nesta questo € © do papel espectfico da mente humana neste processo. De um lado situam-se aqueles que acreditam ser © desenvolvimento lingufstco (e @ aquisigéa do conhecimento em geral) basicamente determinado por causas externas & mente humana, concreta- ‘mente pelas experiéncias ¢ interaceées da crianga com o meio ambiente No caso da linguagem, o meio ambiente é representado pela fala das pes. soas que convivem com a crianga, e pelas inleracgées linguisticas em que 4 crianga intervém. Segundo os defensores desta posigdo. a linguagem é essencialmente uma questao de aprendizagem, no sentido especitico de aqui- sigdo pela mente, através de priticas adequadas, de um sistema exterior & cla. Segundo o psiedlogo B. F. Skinner, por exemplo, a aquisigao de uma lingua consiste fundamentalmente numa aprendizagem de hébitos de «com- portamento verbal» attavés de processos de observagio, memorizacdo, ge- neralizaso indutiva, associacto, ete. Esta posigio, por outro lado, realea © papel do ensino explicito ¢ da prética como sendo essencial tanto na im lantaglo como ma soldificago dos conhecimentos adquiridos. Finalmente, © papel da mente humana em todo este processo € diminuto. Quando muito, 48 mente possui principios de inteligéncia extremamente gerais, que supor” tam a capacidade de efectuar generalizagbes e associagSes (na drea da lin- ‘guage e do conhecimento em geral), mas no existem princfpios ou es- truturas especificamente dirigidos para a aprendizagem das lingua, Diferentes verses desta posico t€m sido defendidas ao tongo da histéria 40 pensamento epistemot6gico(filosofico cientifico) ocidental, constituin- do aguilo a que € usual chamar a tradicéo empirista (da filosofia, psicolo- sia ou lingufstica). Na psicologia do século XX, estas ideias foram defen- didas explicitamente pelo behaviorismo Norte-Americano e, relativamente 8 aquisicao da linguagem, especificamente por Skinner (1957). Para a tradig2o racionalista, na qual Chomsky se inscreve (e da qual & sei diivida 0 expoente maximo na psicologia © na linguistica do século XX), a mente humana desempenha um papel fundamental na aquisigio da linguagem. Segundo esta perspectiva, as propriedades centrais da lingua- gem sio determinadas por principios e estruturas mentais de contetido es~ Pecificamente lingufstico, as quais funcionam como uma espécie de «plan- ta» arquitectonica no processo de aquisigao, dirigindo 0 desenvolvimento 9 Sobre os tipioos desenvolvidos nesta e tas sepuints secgdes, ver, entre outros, Baker (1979), Glitman e Wanner (1982), Chomsky (1985: 1972; 1985b, 1988, 19886) Cook (1988), Aitchison (1989) © Lightoot (1989). 3 linguistico num sentido predeterminado. Estas estruturas mentais pertencem cxclusivamente & espécie humana ¢ so geneticamenie determinadas, ot seja, radicam na organizagdo biolégica da espécie, Segundo esta concepglo, ad- Quirir uma lingua € mais uma questio de maturagdo e de desenvolvimen- 0 de um «6rgio» mental biolégico do que uma questio de aprendizagem (no sentido gue explicitémos ats). A este conjunto de principios e esiru- furas mentais especificamente lingufsticos, Chomsky (1966b) chama Me- canismo de Aquisigdo da Linguagem (em Inglés, «Language Acquisition Device», usualmente abreviado em «LAD»). Nos modelos linguisticos pro- ostos pelos generativistas, o LAD recebe 0 nome de «Gramética Univer- sal» (abreviamos em UG, do Inglés «Universal Grammar), ‘A concepgao racionalisia niio nega o papel do meio ambiente na aqui- siglo da linguagem. Em primeiro lugar, a fala das pessoas que rodeiam a cianga e as suas experiéncias verbais so determinantes para iniciar o fun- cionamento do mecanismo de aquisicao, sem no entanto determinar as ropriedades finais atingidas pelo sistema gramatical. Ou seja, sem estar imersa nam ambiente lingufstico, uma erianca nfo aprende a falar (), Em segundo lugar, os meios linguistico, emocional ¢ educativo sao factores que deierminam o grau de desenvolvimento da linguagem pela crianga sem que isso signifique, de novo, que determinam a direc¢io do desenvolvimento ‘0u 0 contetdo final do sistema (* (0) Nto'€ 56 0 meio ambient lingukico que € determinants a0 desenvavinents di tinguagem (ou no desenvolvimen des os capes ntlectanis de ume eu G2) 0 ello, a esabliade emocional © saide fea sto ondgoes anita io Inporanes como 2 imercyso vera Exes times tm sig iafltnente sofas els casas mario lant doe ov pints as da sn ve, Pare os casos mais em estdados no fib da psclogia oa Ingustion manera Co cas ‘de Genie), ver Curtiss (1977). ee ue (Chomsky (19886, 502) of como exemplo 0 stescimento de uma flor. um 9x0 cesso sem diva genedcunentedearminado, © deenolvimen ial engi pla Nor epende croilmente dos cudados cont gue € tad enor estes lo Ponsa ace 2 curs epic do rescnerta ou osu eld nal no qe epee carers pares door amps panamor set uo ems ‘Estas obsorasSes ttm comoqencas inpoanes ratamene a elborsSo de curios esolaes apoprads pars © deenvlvineno 4a inguagem nas cares oe, feimos 0 terao sdetmslvimemon 90 emo aprentzagem eis motes sponses to text), Os tages feos Aromas sencava deine pepectve peougopca ath thindohe a dia e qu a cpaccaeslnguicas se cesenvovem opr st esas ¢ no necesita de euiadosesoaes (00 out) revels gnorncia eu dsoneafe, No {xtteno opsto, lei de gue 0 descvsvinent das cps Ugur da cn. Ge pase pola apredizagem fora gral, en paar de ua Peuogencs fcoorava reduzda a uma anise ds exresses efor. repevena na Pood Se 36 [Existe um aspecto, no entanto, em que o «meio ambiente» linguistico determina de um modo dbvio:o contesido parcial daquilo que ¢ aprendido: se uma cringa cresce numa comunidade lingufstca em que se fale o Japonés, por exemplo, a lingua que aprende € o Faponés ¢ mio 0 Portugués, Volta: ros mais a frente (aquando da discussio da nogdo de parémeto) a esta observagio trivial mas to imporante na determinagio das caractersticas exacias do modelo de aquisigo subjacente a0 desenvolvimento da lingua- gem. 8. O problema da projecgtio © problema da aguisicfo’ da linguagem pode ser teoricamente coloce- do do seguinte modo: ual € aretagio que existe entre os «dados primétios> 4 que a erianga fem acesso durante 2 fase de aquisigao da linguagem (0 Seu meio ambiente lingustico) eo sistema de coshecimentos final que ca- ructeriza a competéncia Linguistica do adulto (incluindo os seus juizos de ‘ramaticalidade e as suas intuigdes fonoldgicn, sintéticas e semnticas)? Baker (1979) chama a esta questio 0 «problema da projecgio», na medi- da em que implica uma projecgio quanitava e qualitaiva dos dados primdrios (aecessariamente fvitos e consistindo em expressdesrelativmente Simple) sobre o conjunto infinito de expressbes da lingua, Isto significa {que a erianga adquire a partir de uma experiénciafinita um sistem de com- peténcia que se aplica sobre um conjunto infinilo de expresses e que in- Corpora propredades complexas (nomeadamente recursivas, ver o capitulo 2.5) que os dados primérios ceriamente néo exigem. Em resumo, o siste- ima da competéncia final (a gramtica do adulo) € quantitativa e qualitati- ‘amente-rauito mais complexo do que o sistema simples necessério para Caracterizar 0s dados primérios partir dos quas o sistema final € adgui- rio. Colocado nestes termos, 0 problema da squisigio leva logicamente & conclusio de que existeum mecanismo mental inato de agusigdo que medeia cfeitos absolutamente nefasoe ¢ revel wma incompreensdo total tanto dos fundamentos bisicos da gramitica generative como do proceso de aquisicio © desenvolvimento da linguagem pela criaaga, Tal como uma flor, oma crianga procisa de um meio ambiente rico que ihe pernta desenvolver so méximo a8 sas potenclaidades lingusicas (isto 6 Drecina de letra, de conversapi, de pritica da excita, etc). A ima coisa que a cian Ge necesita € que Ihe ensinem a extrtura da soa lingua. Essa esta, ela propria en Ennega-se dea desenvolver sem necessidade de insricfo,e de um modo muito mais rico, fofisteado eanticulado do que aqulo gue & proposto por quslquer tori lingustien actual. incluindo © TRL. entre 0s dados primirios © a gramética final, ¢ que procede & projeccdo quanttativa ¢ qualitaiva que caracteriza o sisteme final. Em sintese, a inaa que gua ¢ acteminn agusigdoe desenvolvimento da linguagem 9. Os dados primérios ¢ a nfo existéncia de informacdo negativa no proceso de aquisicao , Alguns estudos recentes sobre a natureza dos dados primarios © 0 seu papel na aquisigdo e desenvolvimento da linguagem apoiam a tese de Choms- ky sobre a pobreza dos estimulos iniciais ¢ a necessidade de postular, um ‘mecanismo mental inato de aquisigéo. Estes estudos mostram que o meio ambiente linguistico de uma crian- ‘ga tipica durante a fase de aquisicao é essencialmente formado por expres s6es gramaticais.da lingua, e que € com base nesta informagao positiva que a crianga desenvolve uma gramética interiorizada ("*). Por outro lado, yA uno de saber 0 ads pimkos cont gunn ext weg seroler'eaipanaens ¢ oie de data 8 Henao liguc. Nose tiene ins pjesma su uy, Oa Sletten ns smite ent na plate ceri de mods appa saps pong a en ar ata capa seo desaotnent (con gle ena fa € there) Fav une tee vas pgs ne ce pebcns ometaene «et de ue fe tpo-de fh uo Pune pu's uo). ner lesan © Winner (1982) © Newnnyer (58), aqullo a que 0s psicdtogos e os linguists chamam informagdo negativa, ou seja, informagéo sobre as expressBes inaceitaveis da Iogua, desempe, aa um papel milo ow diminuto no processo de aquisgie: 2s criancas tipicamente ndo rezebem instrcio gramatical, quer sob a forma de core. 20 de esos quer sob a forma de expicacdes explicita (ver Baker (1999), Cook (1988), Lightfoot (1989) e os tabalhos sobre psicalogia do desent volvimento da linguagem af citados) (), Como Lightfoot (1989) o ass nala, a ring do é um «pequeno linguste» constuindo a sua gramdtica com base simultaneamente em informapses sobre expresses gramaicals © nao gramaticais (*). Uma das quesides mais prementes postas pelo problema da. aguisigio 6 entdo a de explicar como € que o sistema final incui o conhecimento de que determinadas expressées ou frases si inaceitéveis, ou seja, como & que acrianga deseavolve o conhecimento essencialments negative de que tal ou tal expressio nio existe na sus lingua ou no pode ter uma deter minada significagio a priori logicamente possivel. O' problema pode ser sucinlamente earactetizado do seguinte modo: a partir de informasto uni. camente positiva a crianga desenvolve toda uma série de conhecimentos negativos sobre a lingua, Quais sio entio,os mecenismos de aguisiga0 que permitem este processo? O modelo empirista de aquisgdo nfo parece te Instrumentos suficientes para responder a esa questio: néo se entende bem como & que a generalizacao ansl6gica permite a construgio de um conte. cimento negativo a pant de informag3o unicamente postva (ver 8 seogto Seguinte para alguns exemplos conoreios). Para 0 modelo ecionatsta, pelo contririo, este tipo de processo nfo ¢ problemi, reforgando a corey, so de Chomsky de que os estimulos iniciais da erianca vio pobress, 2 de que apenas um mecanismo inato suficentensente complexo pode expli, car & aquisicéo © desenvotvimento da linguagem (), 6) comes pels pis, por exempo, in que ocora durante «poset de pre sizagem tee sae a sr sobe ¢afequagio do concious crane ee inte uss dicursiva, mens soe forma granada enpetses Ea cece aso, conecsopaece np fr Om eco dese sobre rum do pases de ne, lzager (oitas veces a cana coriiss pura © simplemente igns a coos consnus sisematicaneate fer mesmo eno, att alums oben, elope oe corre forma ow as fanas some) (©) Nem os dos pinatios du enanga se caconeam onanizads em pardigmss cl ror ¢ amumados como OF do lings S €. predils ara formapo de hips 2) Cook (1988) mostra igualente que of dacs prindrios tm Ge abedseé + uma cxletcia de siorniade. Por exampo, se & camegie pels pas pace pedcumbens no process de prenizagem de algunas crangas. mar € totainente teas ne ns de caus cians © se ambos on gp nue spotnadanate sen yen % 10. Alguns exemplos concretos: aspectos sintécticas e seminticos da forma se Para tornar mais concreta a discuss das duas titimas secgGes, ilus- tremo-la com algumas propriedades da sintaxe do Portugués relacionadas com a forma se, mostrando quio impiausivel étentar encontrar a sua origem na experiéncia linguistica priméria da crianga durante a fase de aquisicio. Em Portugués, bem como nas outras linguias Roménicas, morfema se tem duas fungdes (entre ovtras no pertinentes para esta discusstio): de pronome «anaférico> reflexivo ou reefproco (tomando a sua referéncia de outro Grupo Nominal (NP) presente na oraciio) e de «pronome impessoal> com referencia indeterminada («arbitririay, na terminologia da TRL) e sig- nificago préxima da. do pronome indefinido alguém. No exemplo (9). 0 ronome se tem uma interpretacdo primariamente anaférica (tecfproca); no exemplo (10), pelo contrétio, a sua interpretacao é primariamente «arbitrériaw (9) Nesta penitenciétia, os presos agridem-se frequentemente (10) Nesta penitenciéria, agridem-se os presos frequentemente. Abstraindo das expresses auverbiais mesta penitencidria © frequen- femente, 0 exemplo (9) recebe primariamente a interpretacio anaférica reciproca «para cada par {x, y) do conjunto dos presos, x agride y (po- dendo x=y)> (a imterpretacao Teflexiva scada membro x do conjunto dos presos agride x» embora gramaticalmente possfvel, € pragmaticamente menos normal); e 0 exemplo (10) recebe a interpretagio «um conjunto de pessoas indeterminadas (alguém) agride os presos», em que o pronome se cores- onde ao sujeito da oragdo, ou seja, ao Agente da aogdo de agredir, como © NP os guardas na expressio nesta penitencifria, os guardas agridem 0s presos frequentemente). "Se chamarmos si Mento para este ft, o8 flats do Portugués cia Hoga fle a utile lo pode dap da eomsego de um modo Cri. qos mas levanads pon expense uformiade € fo Ot range d'un dada comma Ingo deenvolerem stan Sats cope toc ingtea mito semelaies guano ao seu eacogo qualade, ma ra rem Capen inca deen mo dann ho so ngs’ mas tank soil, Cah, acl ¢ cua Get Comat (5) pa a fra ico dene prolema). Camo a passage de Cok (88 1 geno pate ser une ar melo Sees sie» autho So lg svat sn ins ape to be cel the ssn oF emma! competence isan cont of ay human ci lene ny man guage, wher Se reconhecem (embora talvez de um modo nfo tio imediato) que a forma se em (9) pode possuir igualmente uma referéncia indeterminada «arbitréria», sendo a expresso nesse caso parafrasedvel por «quanto aos presos,alguém 0 agride frequentemente nesta penitencidis», em que de novo se comes- ponde 20 sujeito (ao Agente) da oragdo (). Contudo, nenum falante do Bortugués aceita para 9) a interpretagio apresentada em (1{), com a forma se indeterminada correspondendo ao abjecto cirecto (U1) Nesta penitencidria, os presos agridem pessoas indeterminadas (alguém) frequentemente (os guardas, por exemple). Esta interpretagio, no entanto, seria perfzitamente normal do ponto de vista da consisténcia semantica, ldgica e pragmtica (isto 6; ndo seria diffcil Jmaginar uma situago que tomasse a interpretagao (11) adequada para (9)). A sua completa impossibilidade significa que a graméica interiorizada dos falanies do Portugués contém principios formais independentes da seman tica e da pragmética que permitem a referéncia «arbitrdria» para se no caso de esta forma corresponder ao sujeizo da oragtlo (ao Agente), mas ndo no caso de corresponder ao objecto directo, como em (9) (apenas a interpre {aglo anaférica € entio possivel). Esta propriedade da gramitica interiorizada dos falantes do Portugués nao se desenvolve certamente com base nos dados primérios aos quais estes, so expostos enquanto criangas, durante 0 perfodo de aquisigdo da lingua- gem, Muitas criangas provavelmente nfo so nunca expostas a frases com se impessoal durante este perfodo, e mesmo que o sejam no recebem nor- malmenie instragéo sobre a interpretagdo, em particular que 0 seu uso impessoal é excluido quando se corresponde a um objects directo (0 que (©) Esta interpreiagao ¢feciltada fazendo uma pauta ense © NP 08 preios © 0 ver: bo. Devidamente instados, os falantes do Porugués aceitam igualmente para (10) uma imterpretagao cecproca wpara cada par (x, y) do conjuto dos presos, x agride y>. Esta imerpretaGao, no encanto, & de certo modo marginal quanto & sua acitbiliade No universo discursivo indus pelo exemplo (10), a «refeéncia> de se pode ser ‘stabeleida pragmaticamente (¢ «normal. por exemplo, que sejam os guardas que ag dom os preses), algo que € irelevante para 0 argumento que desenvolvemos no texto, Reparese que so sempre possveis outas referencias para se, d2 acordo com 4 sua imerpretagao gramatcalmente , Em (10), 0 verbo conconla em pessoa e mero com o NP os preses, que faz com ge este exemplo seja minimamente difecente de ()- Certs fants poverdo prefer & Imerpreiagio abitiria com o verbo no singular (nesia penitenciria, agride-e os pre- sos frequentemente),o que ¢ igualmente inelevante para 0 argumento que desenvulve- consttuitia um caso de informacao negativa). Esta informagao do € men- cionada (explicita ou implicitamente) em manuais de gramiiica escolar © muito menos por pas, assstentes de infancia ou professores de educagio primate, Por outro lado, no se vé bem como é que o mecenismo empirsta de seneralizagéo por anelogia pode estar na base da impossibilidade da imer- pretagdo (11) para a frase ©). Na realidade, uma apicagio plausivel deste smecanismo leva neste caso a prediges incorrectas. Existe sem divida uma analogia de significado entre 0 prorome se warbitririo» e o pronome al= sguém, como refecimos ackma, Plausivelmente, as criangas adguirem um co- nhecimento (pelo menos passivo) do progome alguém antes de adgvrirem © uso impessoal, . Nesta penitencistia, os presos agridem alguém frequentemente, (13) a, Nesta penitenciéria, agridem-se 05 presos frequentemente Nesta penitenciéria, os presos agridem-se frequentements, A impossibilidade de (13b) com a significayo de (12b) mostra que @ nogdo de analogia é de facto irelevante para a aquisicao do sistema de conhecimentos que o falante possui sobre a funglo impessosl da forma se Este conhecimento nfo parece ser pois derivado, nem directarente nem atra- ‘és de generalizagdesindutivas, a partir dos dados priméris a que as criangas slo expostas durante a aquisicao. Como esse conhecimento faz no entanto indubitavelmente parte do sistema linguistico dos adultos, wemos de con- ‘luir que & derivado a partir de principios lingusticos insios pertsncentes 80 mecanismo mental de aquisigGo da linguagem, principios esses inde- pendentes dos dados primérios da aquisica0 Consideremos agora 0 uso anaférico do pronome se (ver os capttulos 8 e 15 para uma exposigdo detalhada dos principios em jogo). Nesta fungio, se exige a presenga na mesma oraglo de um NP independente do qual possa retirar 0 sea valor referencial (na terminologia da linguitica, um antece- dente). Em (14), se tem como antecedente 0 NP as aetrizes (aas expres- © Ver Burzio (« publice) para’ ume proposta concreta reativa aos principios que esto ma base du impossibildade de (135) com a significagdo de (12D), sBes que se seguem, o NP em avaliaglo como antecedente potencial de se cenconira-se em itélico) (14) As acrrizes insultaramse, Nas expressoes de (15), no entanto, se no pode tomar como antecedente © NP as actrizes: (15) a, * As amigas das actrizes insultaram-se b. As acirizes disseram que se tinhaen ingultado as aimigas antes da ceriménia de atribuigio dos Oscares, ©. * As acirizes disseram que as amigas se tinkam insuliado, A expressiio (15a) no pode significar que as amigas das actrizes insulta- ram as acttizes, tendo apenas a interpretagdo em que se toma como ante. cedente 0 NP completo as amigas das acirizes. A-expressio (15b) no pode significar que as actrizes tinkam dito que clas, actrizes, tinham in. Sultado as amigas: nessa expressio, se pode unicamente (um fanto ou quanto, ‘marginalmente) tomar como antecedente o NP as amigas. Finalmente, (15c) nfo pode significar que as actrizes tinham dito que as amigas as tinham insultado a elas, actrizes. Tal como em (15b), s80 as amigas que se insu tam a si proprias. De novo, as nogdes empiristas sobre aquisiglo parecem ser de pou ca utilidade na explicagio- deste conjunto de intuigdes semanticas, Nenhu- ima crianga recebe treino sobre os valores referenciais possiveis ou im. Possiveis para se em expresses como (15). Mais especificamente ails, nenhuma crianga (ou adulto) comete erros sémanticos relativamente a fra: ses como (15), atribuindo-thes uma interpretaco impossivel a se para set epois comigida pelos pais ou professores. Na realidade, a complexidade dos factos neste caso realga ainda mais a implausibilidade de qualquer ins. {rugio, Por exemplo, nenhuma nocdo simples de proximidade linear entre se ¢ 0 seu antecedente ¢ suficiente para caracterizar 0s factos, como uma inspecgio répida de (15a) mostra (as actrizes é 0 NP linearmente mais roximo de se e no entanto no pode sero seu antecedente). Também aqui, temos de conciuir que so prineipios inatos da. Gramitica Universal que estdo em jogo na determinacdo das interpretacées possfveis do uso anafésico dda forma se (para uma explicagio destes factos, ver 08 capitulos 8 ¢ 13) Para terminar este conjuntg de aplicagées (simplificadas) do argumen. to da pobreza dos estimulos, consideremos de novo a forma se na sua in- ‘erpretagio impessoal. Nas linguas RomAnicas em que 0 sujeito pronomi. nal pode ser nulo (como o Portugués, o Espanhol ¢ o Italiano), se impes- soal pode ocorrer em oragdes simples ou em oragdes subordinsdas, desde que 0s verbos respectivos pertengam a uma das conjugagées do indicativo cou do conjuntivo: (U6) a. Telefonow-se a0 Jogo. : 1, Ele disse [que se tinba telefonado ao Joso} c. Ele quer (que se telefone 20 Jodo}. Em Espanhol e em [taliano, se impessoal no pode ocorrer numa oraco fem que o verbo seja infinitive: 17) 9, *E necessario (telefonarsi 2 Giovanni] (taliano). Of SEs nessa (teefoneate «Juan (spanbo) Uma vez mais, nilo € plausivel manter que estas distingdes esto presen tes nos dados primérios das criangas que adquirem 0 Espanhol ou o Tia- iano, sob a forma de instrugdo negativa explicita ou de correceo por parte de outros falantes, Mas mais perturbante para as teorias empiristas da aquisigio o facto de em Portugués a expressio correspondente a (17) ser gramatical (18) E necessério [telefonar-se 20 Jodo). {mplausivel, mas purs ¢ simplesmente absurdo, manter doe cpa anes cages czar ssemaicamcat os ss foe de modo a nao aceitar (17), a0 passo que 05 pais portgueses treinam os seus fi modo a aceitar (18). En uma disenga ent © aan © 0 Espanol, or um iad, e 0 Portugués, por outro, que pode ser relacionada com a diferenga de grama- lcaldage ene (17) € (18), © Poruguts,contaramente 28 ouras dus ngus, poss uma conjugno de snfntve Mexionadon, ou «pesto» a qual consiste na forma do infinitivo simples modificada por sufixos concordéncia em pessoa e niimero (ver, entre outros, Cunha e Cintra (1984), Matus eta (1989) ena peropeciva da TRL, Raposo (19878); ver tam bbém o capitulo 7.1). Podemos assim propor-a hipétese de que em (18) es- tamos na realidade face 0 infinitivo flexionado na terceira pessoa do sin- gular (uma forma idéntica a do infintivo simples), e que € este infinitivo ‘dicencia» 0 pronome se. ON giser comreca, ela hiptese coloca a seine questo relatvamente& aprendizagem: como & que a criangainfere a gramatialidade de (18) da cexisténcla na sua lingua de uma conjugagio de infinitive flexionado? Dados primérios a que é exposta no trazem consigo nenhuma indicagao milagro- ssa nesse sentido, em particular porque em (18) a concordancia nio se 8 manifesta morfologicamente. Por outro lado, essa conexio nfo & abjecto ¢ nenhuima instrugdo por parte de pais, professores ou manuais de gramética, schon oS acto en ets elie co care mie ‘0s dados primérios e a natureza especifica do conhecimento final, como rar cme bn cme pe e Se St ean po ane tl ee dre sls ceca 11.A Gramética Universal A tora do linguist sob 0 estado inca do mecaismo de agus Glo da tinguagem & Grandtica Universal (CO) entendda noes wa ts principio inguisticos gencticamentedteminadon Seoectfons fon cic humana e uniformes através da copie (9) Poienoe conte Gramitia Universi como um srg biolégco, gue evens 6 merous 9 Pan a nfo de Cao Abra, ver 0 cpt 12 Pers unt ans df impssoa seem Taian onde se mos a sus dependeciarelvaene & ec sm ver Buri (198) « Cinq (1989) (ue come igninents ure aah sca baraligas semetanis a (17) fue senate © te Pee) (9 Asses de UG asp umn jc a Ss age se may eado a entivas ats) de abs scene compares t maces ea a ae sos (par me Sle cen destay tetas, wr Alcona Teh ey somite de UG stiver da epic hae sonal ae ¢ igh ay « somite om os reladon da esgaes rama bon cons da eas oo doin de piotingace NA? armen econo ves « ‘como qualquer outro drgio, O resultado dessa evolugdo € a gramética final que caracteriza os conhecimentos linguisticos do falante adulto. Nos ter mos de Chomsky, a Gramdtica Universal € 0 estado inicial da faculdade da linguagem (S,), © a gramética do individuo adulto constiui o seu esta- do-final, firme ou estével (S,, do Ingles «Steady Staxe») Em qualquer fendmeno gramatical minimamente complexo, as proprie- dades da Gramética Universal desempenham um papel fundamental na de- terminagio (logo, na explicacdo) das propriedades da gramética final, como concluimos na seceao anterior através de alguns exempios ilustrativos do argumento da pobreza dos estimulos. O estudo da natureza e das propric- dades exactas da Gramética Universal € pois o objectivo central do em preendimento generativista. Nesta seovdo, apresentamos em primeiro lugar os problemas gerais que se colocam a uma teoria adequada da Gramética Universal. Em seguida, apre- sentamos uma andlise esquemética da organizagao geral dos modelos de Gramatica Universal que se sucederam na hist6ria da graméltica generativa. modelo recente desenvolvido no ambito da TRL (o modelo de «principios © parimetros») ¢ apresentado na secgao 12 (). LLL. Tensio entre desctiggo ¢ explicagio na Gramética Universal © problema’central que se coloca na construgdo de uma Gramética Uni- versal adequada é 0 de conciliar a diversidade das Ifmguas com 0 caminho rigido e altamente especifico tomado pelo desenvolvimento das graméticas individuais na base de dados primérios limitados. A Gramitica Universal tem de ser suficientemente flexivel para acomodar a varigglo entre as di- ferentes Ifnguas, mas tem ao mesmo tempo de possuir a rigidez necesséria para explicar as propriedades altamente especificas que caracterizam 0 co- hecimento final dos falantes (do tipo observado na seccio anterior). A diversidade Jinguistica leva naturalmente os linguistas a multiplicar ‘os mecanismos descritives da gramética, sem preocupaglo com o estabe- lecimento de principios que os restrinjam. Contudo, para explicer a natu- reza especifica do conhecimento final, toma-se necessério restringir esses ‘mecanismos através de princfpios universais, diminuindo assim drasticamente (© mimero de graméticas que podem ser derivadas do sistema inicial. ‘Qualquer dos fenémenos apresentados na secco anterior ilustra este (Co Sobre a hiss da gramitica gencraiva © das causas que lvaram a formasio, desenvolvimento sbandono dos modelos de UG que ancedotam & TRL, ver Newmeyer (1980) Ponto. Por exemplo, podemos deixar 20 critério das graméticas pariculae res a tarefa de especificar os antecedentes possiveis para a forma se anaférica, sem qualquer mengio mais geral do fenémeno na Gramética Universal. Se 4 nossa preocupacio & deserever, ¢ no explicar, é possivel constuit uma agramética na qual (14) e todas as expressdes de (15) s4o gramaticais, outra gramética na qual apenas (15a) & gramatical, ouira em que (14) e (136) & gramatical, ¢ assim sucessivamente (). Nesta perspectiva, a gramétiea do Portugués ¢ aquela em que (acidentalmenie) (14) 6 gramatical, mas a6 ex. presses de (15) no 0 sfo. Todes as outras graméticas sfo no entanto Dossiveis, c uma tal teoria faz a prediclo de que podem existi tantas linguas diferentes quantas as combinagbes possiveis de gramaticalidade/nao grama. ticalidade para (14) e (15a,b.). Nesta perspectiva, no entanto, € um mistério absoluto o facto de estas combinagdes arbitrérias de expressbes ndo ocomrerem nas linguas humanas, 6 de a interpretagdo das andforas ser na realidade altamente resringida (como em Portugués) ¢ ndo tera sua fonte em neahum tipo de instrugao explicita Para explicar @ natureza altamente especifca do sistema de-conhocimentos final, temos pois de auribuir a UG restrigdes tais que a tinica gramétiea permitida seja aquela que admive (14) mas admite (15) (na imerpretacio Feferida) (*). Ao construir uma UG assim restringida, 0 linguista diminui as suas propriedades descritvas: assim, nenbuima das gramiticas acima in- dicadas (com excepgo daquela que admite (14) mas exclui (15)) poderd ser derivada, ou descrita, a partir dessa UG. Na medida em que UG representa as propriedades biologicamente de- ferminadas do sistema inicial de aquisigio da linguagem, a0 propor uma tal UG, o linguista faz a previsto extremamente forte de que nenhuma sramética humana permitiré frases do tipo de (15). Em Islandés, noe tanto, expressdes semethantes a (15c), com a anéfora reflexiva sig, sio sgramaticais. Assim, em (19), sig pode tomar como antecedente 0 NP Jén (exemplo de Manzini e Wexier (1987) (19) Jén segir ad Maria elski sig. Jon diz que Maria ame (conjuntivo) Refl @) Temos em mente a intepretagso impossivel das expressdes de (1S) em que 0 NP as actrizes 0 antecedente da forma se (©) Ver no entanto s discusséo sobre o exemplo (19), Essasrestiges incidemn sobre & possibilidades jterpretatvas da forma se, em particular sobre 2 relacSo estutural Que existe entre see 0 seu antecedente. Vero cepa § para uma discussio da natureza destas ‘atigdes. Recordemo-nos jgualmente que dada a pobreza inicial dos estimulos, 0 site: ‘ade conecimentos fina do alate sobre (4) e (13) nto pode prove do meio iagulstcn Face a estes dados, 0 linguista ter de reconsiderar as propriedades que atribuiu & Gramatica Universal de modo a que esta permita uma andfora ‘com 2s propriedades de sig, mas sem perder de vista que em muitas Linguas (como o Portugués) as propriedades das anfforas sio consideravelmente mais, restitvas. Isto é, 0 linguista teré de apresentar uma visio mais flexivel de UG (aumentando minimamente a sua capacidade descritiva, de modo a permitir o desenvolvimento de gramiticas cm que expresses como (19) so possiveis), mas sem sacrificar a sua capacidade explicativa (). Esta tensdo entre descrigao e explicagto tem caracterizado a grande maioria dos trabalhos realizados nos dltimos anos em gramética generativa, ¢ consttui certamente um dos seus aspecios mais interessantes. Em sintese, restringindo UG, diminuimos as suas capacidades descriti vas, possibilitando a explicagdo da nanareza altamente restiiva das gramsticas finais ¢ 0 facto de muitas das suas propriedades serem adquiridas sem instrugdo explicit, correcedo de erros ou explicag30 gramatical. Relaxan- do UG, por outro lado, acomodamos a variagio linguistica mas coremos ‘o risco de perder a sua éapacidade explicativa. A arte reside pois em chegar 4 um equilfbrie, exacto entre estes dois polos, ou seja, a um sistema a0 mesmo tempo suficientemente flexivel para permitir @ variagéo linguistica mas suficientemente restringido para explicar a rigidez. final do sistema de conhecimentos adquiridos. 11.2. A Teoria Standard A prineira fase da gramdca genera fol esencalmente descrivs- ta, Tntvaseentdo de aplicar a nogio nova de regra transormaciona> tos didosingistios, ew rguezaediversidade dos dados que lam sendo progressivamente analisados levava 4 multiplicagdo ¢ relaxamento dos Iecansmos dscrivos, stm entatvassigiistive dereringiro enorme mero de gramdice qu a teola perma, A receupao Eom 08 pro- blemas de aeutiaagen existia a um nivel tedrico, mas néo se traduzia ht price conrta dos linguists aravs deus que procures expat como & que os fensmenos em considrngio podria ser adguiidos, fej que resripbes especfioas seria nosso impor sobre # Gramstiea Univeral para expioar a sua agusiio ; teria da Cramdtica Universal desta fse da grim geneativa € (©) Um modelo de UG com as propriedades necessirias pera resolver o problema especfico da varia de comporamento das enforasreflenivas & proposio poe Manzi © Wexler (1987). consis sab o nome de Teoria Sanda ¢ eccbe sa forilgfo me exoliciae desenvolvidaem Chomsky (1965) 0) & Teor Sealed tet db regrasgramaricas, na medida em gue cones oe ne esseulamente como sistemas de rep, funciona de ns oe 1c maendo ene s um nines rea ineeereor nae dic Bt cota desta eos € de que as Ingo hig iam is ios de rears as reas de eset categoria ae lam mero al cnc na re saps eld mace See Fema gegen a ae OS Joey Sema oe i Sy cn Sty a tye, a ee nin crn ei men ay ae tga eo male ae iri ttt on ewe Sa ge ty moi see dat ere ms ae eaten aga ren a che Eres tenance me Sie Seka tet Sow ne metres Oe tn ns ne 30 fem cada construgdo individual motivavam quase sempre a claboragéo de descrigdes gramaticais independentes ¢ aut6nomas, uma vez mais sem pro- ccurar estabelecer de modo sistemético se os fendmenos tinham algo em comum, Devido sua enorme riqueza descritiva, um modelo deste tipo permi- tia a constugdo de graméticas diferentes ‘compativeis com um mesmo conjunto de dados linguisticos, Para decidir em tkima instincia qual des- tas graméticas 6 correcta, 2 Teoria Standard continha uma medida de ava iagdo destinada a determinar uma classificagio dessas graméticas, sendo a gramatica com classificacdo mais elevada mantida, e as restantes rejlta- das. Um dos critérios propostés para a avaliacao das graméticas consistia ‘numa medida numérica de simplicidade segundo a qual a gramética cor- recta era a mais ¢ a atribui- ‘40 aos varios parimetros dz Gramtica Universal do valor que possuem nessa lingua. Estamos pois loage do modelo da crianga como um «peque- no linguiste> construindo hipéteses, e que earacterizava a Teoria Standard « parcialmente a EST. Neste modelo, as opgdes possiveis em UG sto dadas pelos parimetros, sendo portanto muito limitadas, visto gue estes so em nnimero finito e possuem por hip6tese apenas dois valores. A natureza do sistema final € ainda mais limitads, visto que sio 0s dados primétios acessiveis & erianga que determinam de um modo rigido 0 valor atributdo a cada um dos partimetros. Quando todos 0s paranietios esto ligados, & crianga adquire uma + «gramética nuclear» (em Inglés, *Core Grammar»), isto é, um sistema com- plexo de conexdes entre os princfpios universsis rigidos e os parimetros, ‘qual determina de um modo altamente especifico as propriedades de cada lingua particular. A aquisigéo € assim completamente identificada com 0 crescimento © a maturagto de UG, que passa de um estado apenas parcial- mente especificado (com parimetros por fixar) a um estado completamente especificado (com os pardietrosfixados), funcionando ento como um sis- {ema computacional (ver a seegio 4) ©). 12.2. A fixagio do valor dos parmetros no processo da aquisigio A ligagio dos parfimetros numa dada posigio ¢ determinada pelos dados linguisticos primérios simples ao aleance da crianca. Ou seja, a informa- <0 linguistica contida nesses dados permite & erianca decidir qual a posi go a atribuir 2 cada pardmetro. Podemos ilustrar este processo pela (C/A gramatcs nuclear é «componente fundamental do sistem final auido. Choms- iy prope que pata slim deste nicleo, sss final do ante de ums lingue paries- Jar posui esos histricos, empréstimos de outs linghas, expresses prcalmente fas pela convenglo social (como as expresdes idiomitias), em, sintse, contragGes ¢ el fnentos mareador, formando uma espécie de , ou seja, num determinado momento, o parimetro é «ligado» num des- tes dois valores « partir de uma posi¢Zo previamente neutra. ‘A outra possibilidade € de que um parémetro tenha um valor primiti- vo mio marcado («t» ou «»), ou seja, que 0 processo de aquisi¢io co- mece imediatamente (em S,) com o pardmetro fixado numa das duas po- sigdes possiveis, antes mesmo que a crianga tenha sido exposta a quais- (Esta discussio tem um interesse histrico porque © primero parimeto sugerido 1a literature generatvista (em Riza (1982, T3-T4)-nocesitara de dads deste tipo para 4 sus fxagio, sendo portanto extemamente implausivel do ponto de vista da aqusisto (Ger © captulo 1422, para mais pormenotes) NNolese,no.entanio, que © estat (felativamente) aeivel detas frases em linguas como 0 Portugués implica que os princpios e os parimetos (Gxados) de Gremtice Uni versal tém de possir as propriedades necessérias para permit o desenvolvimento de uma sgramfica que as earacicrze como gramaticas nests inguas a quer dados linguistics iniciais. Neste caso, se a lingua & qual a crianga & expostatver para esse paraineiro valoridéntico ao da ligagoinicial, a crian- ga nio procede a nethuma alteragdo; se, pelo contririo, a lingua aprendi- da tem o valor oposto para. o parimetro, a crianga tera de mudar o valor inicial com base nas expresstes que ouve, Coneretamente, na auséncia de cevidéncia Linguistica contraditria nos dados primétis, a crianga nao toca no pardmetro; apenas se os dados lingulsticos contiverem evidéncia con. traditria mudard entlo’a erianga o valor do pardmetro. CConsideremos agora, 2 luz da hipétese sobre a ausencia de informagéo rnegativa no processo de aprendizagem (ct. a secg0 9), as implicagdes que ca <4a uma destas possibilidades tem relativamente 20 paramicro do sujeito nul. Suponhamos que no estado inicial S, este pardmetro é neutro relativa- mente @ qualquer dos valores «+» ou <=» que pode tomar. Para uma erian- ga que aprende Portugues, a tarefa de fixar 0 pardmetro no valor «pro-drop> Io oferece problema: orapSes como (20), sem sujeitos fonétices, sa0 su. ficientemente abundantes nos dados iniciais para permitir &crianga decidir {que a sua lingua ¢ efectivamente «pro-drop>, e ligar 0 pardmetro com esse valor. Note-se que neste caso a crianga procede & fixagdo do parimetro vunicamente com base em informatio postiva (sto é, a existéncia de ex- presses como (20) no seu meio linguistico ambiente). ara a crianga que aprende Inglés, contudo, a tarefa 6 mais complica- . da, E certo que oragGes como (21b) nto slo gramatiais nesta Kingua, mas crucialmente, crianga no tem por hipdtese.acesso a esta conclusio, visto que se trata de informagio negativa. Neste caso, para permitir a fixa. 0 correcta, emos de abandonar parcialmente-a ideia de que a informa. so negativa nio desempenha neahum papel na aqusigao, embora conti- fiwando « nio permitir que as comecgGes, as instrugdes explicitas, as ‘explicagées gramaticais, etc., possam ter um papel relevante. Chomsky (1981, 9) admite que em certas circunstincias, o facto de uma determinada estratura nndo ocorrer nos dados linguisticos primérios (aquilo a que chama infor- magio negativa indirecta) & suficiente para fixar o valor de um parime- to, sem que esse processo inclua corec¢d0 ou instrugSes explitas (ou 32a, informacdo negativa directa). Acsitando esta concluso, a crianga que aprende Inglés acabard eventuaimente por fxaro valor do pardmetro na posigao «no -pro-drop», no porque teve acesso & informagao de que (21b) nao é gra- matical, mas simplesment= porque, num determinado momento da matu- ragto da sua UG, o facto de munca ter ouvido tais expressdes é suficiente para fixar o parametro nessa posigdo (*). (9 Notese que ctianga tri de"cignorar» a existéacia de frases imperatives (eat your soup!) nos seus dados priméros, 0 que sgnfien que possulinformagio sufiients % Supontamos agora que o pardmetro tem um determinado valor nfo mar- cado, ou seja, que no estado iniial S, se encontra desde logo ligado nesse valor, Como veremos, esta hipétese permite mantet a versio forte da ideia de que a informagdo negativa (incluindo.a informagdo negativa indireeta) no desempenha nenhum papel na aquisiglo da linguagem, se o valor ndo marcado do parlmetro jor a posigdo ndo-pro-drop. Suponhamos entéo, de um modo mais concreto, que as criangas entram (universaimente) no processo de aquisigo com o valor do pardmetro do sujeto nalo fixado na posicio nio-pro-drop. Sé uma crianga cresce numa omunidade em que se fala Inglés, nfo toca no parimetr, visto que no seu melo linguistico ambiente nfo existem dados posirivos que contad zgam # fixagio predeterminada do pardmetro (mas ver a nota 40), Se a crian- 9 cresce Mutia comunidade onde.se fala Portugués. tem acesso @ frases fomo (20) ou seja, informagio posiiva que contradiz direetamente a fixa Glo original do parimetro, Com base nesta informagio, a crianga coloca o Comnutador na posigio oposia, Neste modelo, a informagio negativa indi- recta ndo desempenka nenhum papel na aquisigdo. Em resumo, se adop- tarmos 0 modelo da teoria dos parimetros em que estes sio inicialmente eutos quanto & sua ligaglo final, temos de permitir que a informagio negativa indirecta seja relevante na aquisic2o do sistema linguistico final. ‘A manutengdo da versio forte da hipstese sobre a nio-pertinéncia da informagio negativa exige que adopiemos um modelo especttico da teo- fia dos pardmetros, em gue estes possuem um valor iniial nfo marcado que apenas € alterado. no decurso da aquisigao se houver evidéncia po- Sitiva em contrtio nos dados primarios. Os psico-linguistas que trabalhem no quadto te6rico da Teoria de Principios e Parimetros tém ususlmente favorecido esta oltima hip6tese, embora seja ainda prematuro, nesta fase das investigagSes sobre a’ aquisigdo, adiantar conclusdes rigidas (ver sobre estas questoes 0s viios trabalhos em Roeper © Williams (eds.) 1987). : (arc (198) propos uma formalin pai, er temos dei os conjuntos, da hipStese sobre a no pertinéncia dos dados negativos na seleceao do valor dos parimetros. Esta fonmalizayao é expressa no Principio 40 Subconjunto (adaptado de Chomsky (19866, 146)): (24) Principio do Subconjunto ‘Se um parlimesto tem dois valores, «+» © «=», ¢ 0 valor s» determina uma linguagem que € um subconjunto da Tinguagem sobre a esau desins frases que the indicam que nfo deve generlizar a austncia do ‘jel Ae outras oragdes da Kngua. determinada pelo valor «+», entdo 0 valor «-» € o valor nilo-mar cado, seleccionado por UG na auséncia de qualquer evidéncia linguistica. Tustremos a sitiagdo descrita pelo prinefpio (24) através de um diagrama de Venn (a. linguagem A inclui propriamente todas as frases da, lingus- gem B): . 25) © principio (24) determina que o parémetro tem 0 valor no-marca- do que determina a lingusgem B. («-»), visto que esta é um sub-conjunto préprio da linguagem A. Suponhamos que a crianca cresce numa comunidade onde se fala B. Nesse caso, 2 ligagdo primitiva do parimetro é consistente com 05 dados primérios (positivos) a que tem acesso. Suponhamos agora que a crianga cresce numa comunidade onde se fala A. Nesse caso, ela tem ‘igualmente acesso @ dados positivos. (nomeadamente as frases de A nio Pertencentes a B) inconsistentes com 0 valor inicial do parametro, ¢ que Ihe permitem facilmente mudar esse valor de «> para «+»; determinando a Tinguagem A. ‘Suponhamos agora, contrariamente ao prinefpio (24), que 0 valor nao- -marcado, inicial, do parmetro é aquele que determina a linguagem A (isto 6 a linguagem maior). Se a crianga cresce numa comunidade onde se fala ‘A, a ligagdo inicial é consistente com 0s dados primitivos, e & portanto ‘mantida. No entanto, surgem agora problemas no caso de a crianga cres- cer numa comunidade onde sé fala B. Nesse caso, os dados primérios a ue tem acesso sto certamente consistentes com a fixaglo inicial. do parimetro, dado que a linguagem B fac parte da linguagem A, ¢, logo, tem de ser também determinada por esta fixagdo, Para efectuar a mudanga do valor «+» para o valor «-», acrianca necessitaria neste caso de informagiio negativa sobre a sua lingua, isto ¢ da informagéo de que as frases em A. imas nfo em B ndo so gramaticais na lingua (B) que ests a adquirir. Con- : 4 i ue 0 valor ini- laimos pois que 0 Prinefpio do Subconjunto, proibindo que o val cial do parametto seja aquele que determina a linguagem A, € de facto & formalizagao da hip6tese de que 2 informagio negativa nao desempentia nenhum papel na aquisigao da gramitica. © valor ndo-marcado que assomimos para o parmetro do sujeito nulo {a posigio nio-pro-drop) é uma consequéncia directa do Principio do Sub- onjunto, Numa lingua pro-drop, a omissio do sujeito ¢ apenas opcional. ‘Assim, a cada frase de uma lingua nfo-pro-drop correspondem duas fra- ses numa Magus pro-drop: (26) They arrived late, (27) a. Bles chegaram tarde. , Chegaram tarde, a drop 6 jor» que uma lingua nio-pro-drop, Qualquer lingua pro-drop é assim emaion» que ut incloindo-a propriamente. Logo, 0 Principio do Subconjunto determina que ‘valor inicial do pardmetro do sujeito nulo é a posigo no-pro-drop, aquela jue corresponde & inguagem «menor» se se atribuirmos 0 Prinefpio do Subconjunto & estutura cognitiva da crianga, fazemos entéo uma hipétese extremamente forte sobre 0 mecanis- tno de aquisicio inicial, ¢ em particular sobre o decurso da aquisigdo, que E possivel por & prova através de estudos empirices sobre 0 desenvolvi- ‘mento linguistico da crianga (*) >) Relaivament 20 pare do sto slo, 0 Pinto do Subcojnt petiz aoe oe ne ee apenm Poragats, por explo, fncam a agua com unt ic azo gue tuo perme sels ls, © qb apnts tis ere comes [o'r ec, eps Go vedo ptm eo malo, Coe 2 ee ngunics qu prove ens tei lo & 0 eta mk ata SEPP nis rato a ous item outs factors em jogo (Como, por exempl ee ace) gus prc mana ttl ou palmer on felts Que = ffs dee dae faaio do pare - Toe (1986 1987) bnscaa en doe agg de crags tian ig sy ame anise me a se ptin jn i € 5 won gee ans ingle rouse feqentement © #8 Bee PegY Ses um suet ans de psf awn fae ex qe cen © Se cam yt mdo 1 pinta visa consents como Prcilo Jo sbeonjnt. Hyams ae gus a igus lo pro-dop no ston ealiade un abeojunto perio Fes ep. c que © Puno do Saconun lo se poe poi pla no set a Pe ann dese le duct ex ques, ereevinos 0 ear par os Sune? Ss acme: Pu una vko dicrdante de Hyams, vr Bloom (190. st 12.3. Os parémetros como prinefpios abstractos im modelo tenlador da nocio de parimetto comsiste na ideia de que tao ait S89 0 reexo ‘directo de propriedades linguisticas wocnee Boy, direclamente obsecvéveis nos sistemas gramaticais News concepezo, Jane Ge ait pardmetro coresponderia biunivocaiment ¢ ance roprie- Gade simples de um sistema linguistic, e 0 valor oposto ‘corresponderia & Boprciades possuir uma relagdo bastante remota e inditecte com a sare poquene: nametiata do partmetro. Pausivelmente, UG coniém apenas iq Porn mamero de paréietros deste tipo distribuidos pelas viven ccen onentes do sistema, jxemplificando de nove com 0 parimetro do sujeito nulo, esta pers: Bao refesn nca m primeiro lugar que a formulagto exacta do partivero sho sefere necessariamente a propriedade concreia da Omiseao/a do sujeito, mas sim us efeito & possibilidade (ou discussao conereta, Em segundo Iu; mente aplicdveis neste altimo caso, algo que no podemos deseavolver aqui. 13. Conclustio Como asinine no no dee et, 0 oto b si Panes ¢m prc a de pt, tin pin oe gsi pune rma ws aide ng dt com epi nies res cegen ae a spe go desolinet da lngvgec com noo de ra paratvi, Esa iterdscilinandade est hd oon coe « wl os sider qs ard deenlvinei © notes snes vie tsperifie do modelo-de UG propa na TRL © em partcler 8 ne de partmeto que apresentimor esa see,

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