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Mauricio Tragtenberg * 3 Tercelra Fase R, Adm, Emp, tnd Rio de Janeiro, A Teoria Geral da Administragdo é uma Ideologia? ‘A administrago, enquanto or- Hegel é um dos primeiros estu- ganizagao formal burocratica, 30s da burocracia, enquanto realiza-se plenamente no Esta- poder administrative e po- do, antecedendo de séculos litico, formulando 0 conceito: ao'seu surgimento na 4rea da “onde o Estado aparece como emprésa privada. organteagao ‘acabada”, * conside- | rado em si e por si® “que se oyna am sg dee Fpl lining nistragdo, enquanto modélo universal e do individual”. ‘explicativo dos quadros da em- présa capitalista, deve ser procurado onde “certamente sou 9SSict"s Seueel"sd Sto", desenvolvimento mais pujante —s "Towraine, Asin, Hatoria general et Se dé no ambito do Estado".? —_tabals iua"éd" Grabs Ise. aL, 4 Enquanto 0 capitalismo indus- MES dno tebir asc eranenia trial, estruturando a emprésa burocratica, encontrou, nos varios modelos da teoria geral da administragao de Taylor aos estruturalistas ou sistémicos, um modelo explicativo, no século XX, a transicgo das so- ciedades pré-industriais a Indus- frais gerou um modéto re: corrente do "modo de producto : asidtico”, neste século unido See aies Ste Saeed & méquina. Dal, a emergéncia da burocracia como poder icional e politico, * elemento tipico das civilizagées orientais,® em plena era ciber- Fol Hegel que, no plano ico, operacionalizou o conceito “burocracia” em nivel do Estado e da emprésa. ceiver, Sum atencimente Stauraacdo ea elgg ote sain ire elondese oio 11) :7-21, out dex. 1971 Para Hegel, o Estado como “reali- dade moral”, como “sintese do substancial e do par~ ticular, ? contém o interésse universal enquanto tal, que é ‘sua substéncia, * deduzindo-se entao, ser o Estado, a “instincia ‘suprema que suprime tédas ‘as particularidades no seio de sua unidade”.° Sendo o Estado para Hegel a “realidade em ato” da liberdade concreta 39 que se ‘‘conhece”, pensa e realiza pelo fato de stlo,* sua finalidade € a inte- gracdo dos interésses par- tculares e individuais. Essa in- tegragéo nao suprime a antinomia (interésse geral) € a sociedade (conjunto de inte- résses corporativos e particula- res). Essa antinomia manifesta- se Na existéncia de interésses particulares das coletividades ‘que pertencem a sociedade civil © que esto fora do “universal em si mesmo e por si do Estado!” e sao administrados elas “corporacdes nas comu- fas e em outros sindicatos ‘classes por suas autoridades: presidentes, administradores. Esses negécios, que éles cuidam, representa a propriedade e o interésse dessas esferas par- ticulares”, # © que nao impede a transitividade do espirito corporativo da burocracia em- presarial privada, & publica do Estado, na medida em que ela “nasce da legitimidade das esferas particulares e trans- forma-se internamente, a0 mesmo tempo, em espirito do Estado, pois encontra néle o ‘meio para atingir seus fins par- ticulares". 35 Hegel procura sintetizar na corporacdo (entendida como bu- rocracia privada) e no Estado (entendide como burocracia publica acabada), as maltiplas determinacdes que levam tensdo entre o interésse_par- ticular e 0 universal do Estado; na existéncia da burocracia ue pressupde as corporagées, ela, enquanto burocracia estatal, & 0 formalismo de um conteédo situado fora dela: a corpora- 40 privada. objetivo do Estado torna-se © objetivo da burocracia, cujo espirito € 0 segrédo mantido no dirego centralizada para co- plano interno pela rigidez ordenar os seus esforcos. Na hierérquica no fluxo de comu- medida em que isso se dé, nicagdo, e pelo seu caréter Unido & eficiéneia do trabalho, de corporacao fechada, no plano 6 possivel a transformacao externa, Encontramos’assim do. sentido funcional da autori- ‘em Hegel as determinacoes dade superior em instrumento conceituals que permitem a de exploragao das comunidades andlise da burocracia do Estado, subordinadas, quando se dé da burocracia enquanto poder | a apropriagao da terra pelo politico que antecede em Estado, que mantém a proprie- Séculos a emergéncia da bure- dade comunal. 0 individuo cracia determinada pelas con- continua na posse da terra como dig6es técnicas da emprésa membro de sua comunidade capitalista, orlunda da particula Revolugdo’ Industrial. Assim, a cultura de irrigagao A burocracia, enquanto classe junto com a horticultura ‘e a ir- dominante (detentora dos meios _rigacao pelos grandes rios de producao) elemento de criam a necessidade de uma mediago com a sociedade supervisao centralizada que ira global, exercendo 0 poder poll- recrutar mao-de-obra rela- tico, perfila-se ante a histéria _tivamente ampla, ‘como uma forma de dominagao burocratico-patrimonial ou ‘modo asidtico de produgio”. + tga. op cit.» 96 No modo asidtico de producdo, + eget ep cit. p mn © déspota oriental representa | + teat op ct ps 218 a confluéncia de um processo Herat opt p08 social que se inicia coma = tage op ct. ps 190 burocracia surgindo das necessi- ™ Heol ep. i. 22 dades técnicas (irrigagdo da Hees. op. cp. 228 terra arével) finalizando como *,fr3,tetel ns, madige em con 29 poder de exploragdo,efetuandor ees Ec tet aae ‘se assim a transitividade da iatunedo, Hoge! apes SrYormacae burocracia cumprindo fungdes moral det Rinciondror patieee's de organizago e supervisdo para © monopélio do poder politico, »* O modo de producao asiatico ‘surge na sociedade quando aparece o excedente econémi- co, que determina uma divisao maior de trabalho separando mais rigidamente agricultura e artesanato, que reforgam a economia consuntiva, a qual sobrepée-se 0 poder repre- sentado pelo chefe supremo ou uma assembiéia de chefes de fami Da-se a apropriagéo do excedente econ6mico por uma minoria de individuos sem retribuigao a sociedade. Dai a exploracdo assume a forma de deminagao, ndo de um individuo sébre outro, mas de um individuo que personifica eva rach uma fungao sobre a comuni- dade. *" A necessidade da cooperagao simples, onde a ma- quina tem papel secundario e a divisdo de trabalho é i nte para a realizacao de obras que sobrepassam as ‘comunidades, vai requerer uma Revista de Administragéo de Emprésas ‘A sorte dos judeus no Egito esta ligada a &sse processo; $80 recrutados & forca para expedigées dos reis assirios e babilénicos que, com seus séqui- tos, procuram reunir mao-de-obra para construgao de canais e cultivo das zonas desérticas. Nesse sentido, a Via fluvial do Nilo desempenhou papel vital na centralizagdo bu- Tocratica,"® atuando como fator decisivo na formacao de uma hhlerarquia de clientes subor- dinada diretamente a0 Estado patrimonial-burocratico. 0 controle da égua em grande es- cala 6 dirigido pelo Estado e seu caréter centralizado e des- Pético no Egito repetia-se fa antiga Mesopotamia @ China onde os cultivadores pas- sivos e ignaros esto "sob diregdo de uma classe letrada de funcionérios que planejam executavam.o plano, Incapaz de organizar-se, 0 camponés chines sofre a dominagéo tirdni- a do Estado. Dai a suprema- cia tirdnica da burocracia estatal chinesa’”, # reforcada pela auséncia ainda maior dos senhorios terrtoriais, que apesar dela ainda existiam no Egito, tendo sido substituldos pela burocracia construtora de canals, de depésitos para ar mazenamento de tributos in natura, de onde os funciondrios retiravam suas congruas ou_emolumentos, abastecendo © Exército. No inicio da época historica da China, dar-se-a a regularizagao das 4guas, atribuida as qualidades caris- maticas de um soberano demiurgo, o grande YU. © modo de producao asiético nao € confinado 20 Egito anti- go. A Mesopotamia, China ‘uo Império incaico conhe- ciam-no. Ele aparece na Russia or ocasiéo da invaséo huna, determinando a longo prazo “certos aspectos da vida social e econémica que a nds ocidentais podem parecer impostos ela Revolucdo Autoritéria (1917), mas que sao de fato pro- longamentos de instituicSes preexistentes, desenvolvimentos decorrentes de pensamento da antiga Rassia”, ** fornecendo A teorta gerat da admintstragéo a chave para a compreensao da realidade russa contemporanea. Na Rissia antiga, a comuni- dade de aldeia (ebehtchins), posse coletiva do solo, € uma criagao do govérno, impos- ta aos camponeses por razées administrativo-fiscais, onde, conforme o Ruskaya Pray direito russo) 0 “proprietério eminente de téda a terra 6 0 Grao-Principe. Os boiardos constituem um exército mével mantido pelo Principe que ‘con- vida’ sua gente” para recolher tributos em géneros, mel, cra, cereais, etc.; 0 mesmo se faz nas cidades organizadas comunalmente. Os “homens do Principe” aparecem como proprietarios rurais com terras para sua subsistEncia e sobretudo dominios florestais. Em 1326, o Metropolita de Viadimir instala-se em Moscou colocando, assim téda a influén- cia de um clero a servigo do Grao-Principe, fornecendo, ‘quadros, & burocracia estatal. 0 Grao-Principe distribuiu do- minios aos camponeses (pomestye) a titulo precério, em recompensa pelos seus servicos, cconstituindo uma nova aristo- cracia ligada ao poder, os boiardos. Estes submetiam-se a0 Grao-Principe e participavam do seu Conselho, a Duma, Este Estado onipotente, funda- do nas prestagdes forcadas de servico, exercendo ‘um con- trole maximo sobre a propriedade territorial, constitui-se num elemento bésico para explicagao da persisténcia do mesmo, através do tempo, conforme explica Summer. Modernamente na URSS 0 modo asiético de produgdo predomina de forma recorrente, no seu aspecto mais significativo: 0 realce ao dominio da burocracia enquanto poder politico, no regime do capitalismo do Esta- do. Esse regime € uma combinacao inédita*? de ini- ciativa individual no plano eco- némico com a economia do Estado. ** © capitalismo de Estado, ou melhor, 0 proceso de moderni- zagao levado a eft elite, Indust © diregdo de um partido dnico, im- plica nos seus infcios, j4 na buro- cracia.® Essa burocratizagéo ja ameaga, trés anos apés a tomada do poder por Lénin,* © regime na sua totalidade. © ‘monopélio. do poder, pelo partido Gnico, € 0 elemento que assegura a selegao da elite at a an ane ata ,ertuso de, Pony Fale te REPEL TEE, Sees : se Ganierme Wagpers, H. & Balazs, ©. coat bri, ehetco biocense cerbs6 na Realfaleam’ oa tneas,onae, ur sive 4 if 3. §, z 5 “Seanuliane do ealads «3 te om exiles Caio, Gt, a. ‘Wvamgp aprecantarse tase mal dante mead tinier dirigente,*" onde a ascenggo na escala partidéria assegura igual subida na burocracia do Estado, ## Esta burocracia possui 0 Estado como propriedade privada, dirigindo coletivamen- te os meios de produgao,3 & a tecnoburocracia dirigente, que persiste de Lénin até hoje, mas, vigiada pelo partido, no Possui nem os meios de produgo como apropriacao pri- vada, nem a hereditariedade de fortuna, Nesse contexto, 0 administrador de emprésa cumpre a funcdo de realizar no nivel de micro- emprésa os objetivos do plano. Se éle atinge as cifras do plano recebe bonificacao, * isso Implica uma cofrelagdo entre 0 lucro planejado e 0 éfetiva- mente conseguido. Se o lucro planejado & conse- ‘uido, uma parte déle fica retida fundo da emprésa, as bo- es constituem parte importante na remuneracéo dos dirigentes;** no entanto, 0 mé- todo no pagamento das bonifica- {GGes & o maior responsével pela malversac3o dos recursos. A inracionalidade do sistema de bonificacoes leva os diretores de emprésas a dissi sua capacidade prod acumular initilmente equipa- mentos, matérias-primas, evitar inovagdes e produzir bens sem utilizagao. Um dos vicios do sistema 6 encorajar a direcdo da emprésa a dissimular sua capacidade produtiva, na medi- da em que a superacdo dos objetivos quantitativos é a condicao bésica para atr bulgdo de bonificagao. ** Isso leva a competicao entre os diretores no sentido de esto- carem matérias-primas, e os que t8m mais prestigio t8m maior sucesso. A bonificacao constitui-se em freio a inovacao ‘na medida em que essa provoca uma perturbacao na producao, significando menor bonificagao para o gerente e o operério. ‘Se houver maior producao devido a inovagao, os. planeja- dores retificam as’ metas, tomando.as mais dificeis de atingir. A emprésa & sempre in- citada esse sistema a produzir 10 bens insteis ou com pouca demanda, conduzindo a mal- versacao no Ambito dos bens de consumo, pois. a diregdo I tard a variedade dos artigos para atingir maior produgao quantitativa. A empresa trabalha sob controle hipercentralizado,° com planes confirmados trimestral- mente pelo Estado russo. A grande maioria das emprésas dependia de comissérios @ mi- nistérios setoriais. Em 1957, a indistria é dirigida centralizadamente e setorial- mente, gerando a proliferacdo de ‘rgaos administrativos @ os males da departamentalizagao, ‘estudados por Selznick, onde se da a bifurcagao de interésses entre as subunidades com objetivos préprios. A especifi- ‘cago de zonas geoecondmicas levava ao encarecimento do transporte ¢ a falta de coordena- 0 entre as emprésas da indUstria local. Na medida em Gue os setores industriais de- pendiam de um ministério especifico, cada um procurava assegurar ‘seu aprovisionamento, enquanto cada ministério ficava preocupado com seu setor, mais do que com os outros; isso coexistia com uma centralizacao direcional rigida no Ambito da emprésa.+° Nessa estrutura, os comit&s de empré- sa limitam-se a reforgar a decisdo que Ihes foi transmitida pelos érgdos centrais. # © fenémeno da centralizacao burocratica da diregao da emprésa, gerida no ‘nivel mais alto pelo partido que detém o monopélio do poder, nao se da somente na URSS, Hungria ou Teheco-Eslovaquia, é persistente na lugostavia também, Eo ressurgimento do modo asia: tico de produgao, aliado ao alto nivel de tecnificagao com 0 monopélio do poder pelo parti- do inico. Assim, a nova classe emerge como elite industrializante, como uma conseqiiéncia do de- senvolvimento gradual da elite clandestina que constituia a estrutura do partido nos anos de luta pelo poder. “Troque or nova classe o térmo Pols ainda cue hala poucas excanbes, rota," Grant De opr ce Bae *S caracterza.se gtorcaimenie pl ‘ule’ Ealade.° borate Os staves Fiboa, ioe. pa (7% tecnobureraciaindustia, admini- {rata tilts Seager, ombors, UND poderoa 36'S asia Sta tai‘ Tava (2dr, O57 sake 2 9 Sol far inty a als able terenciat de teva ‘emp $ ave Seana aise Azan amen oe Sah erie ome ae ona ws om See sows aes GPa veg a, Soca dee cere saminda ge Fe morn entry ocr sehen sana sate Stee ber a eee Sa, og RARE ona See Eee ee ore tonomicdak oscou, i561."p. 15 4 'A partedotgt € formant asecua- ‘Sa ma os abetfoe So" he manna Revista de Administragdo de Emprésas aparelho e tudo ficaré mais nitido.” A.concentragéo do poder na figura carismatica de Tito leva-o 20 papel de “Grande Animador” do sistema, Unico possuidor de critica; éle abre a campanha de critica com observagées e recomendacdes que caracteri- zam periddicamente a vida da lugosidvia. Ai também os ‘Srgaos de autogestao represen- tam a burocracia dominante. Isso nos permite definir as for- mages econdmicas e de emprésa na URSS ¢ no Ambito da Europa Oriental, como formas de modo de produgo asiético recorrentes ao capitalis- mo do Estado, onde a buro- cracia, nao s6'6 o elemento oriundo das necessidades funcio- nis da técnica, mas é acima de tudo poder politico total. Isso tem implicagao no plano das idgias: ésse sistema cria auto- maticamente a valorizacao no primeiro plano do conheci- ‘mento politico doutrinario © 0 conhecimento filoséfico res- trito ao marxismo interpretado Pelos detentores do poder; sua dogmatizago & acompanhada do monopélio do poder pelo partido Unico do qual emerge o lider carismatico. Em segundo plano aparece o conhecimento cientifico e, em ultimo, 0 conhecimento técnica, como elementos de reférco do sistema. Vimos que a emergéncia da burocracia patrimonial como oder politico nas sociedades orientais e pré-colombiana ante- cede de muito o aparecimento da burocracia funcional da industria moderna, confirmando © aforismo hegeliano que a substancia do Estado 6 a rea- lizacao do interésse universal en- quanto tal (da burocracia). Isso se dé na URSS, Europa Oriental e nos paises de autocra- cia modernizante. O Estado apa- rece como um triunfo da “azo” hegeliena, onde a maturidade politica 6 conquistada por media- 20 da burocracia, que into. juz a unidade, na diversidade da sociedade civil. O Estado como “‘burocracia acabada” gera a sociedade civil, 0 regresso de Marx a Hegel. A teorta geral da administragdo 2, A EVOLUGAO DA EMPRESA INDUSTRIAL SOB O CAPITALISMO E A TEORIA GERAL DA ADMINISTRAGAO COMO IDEOLOGIA A analise da teoria geral da administracdo como ideologia implica 0 estudo do “fendmeno do pensamento coletivo que se desenvolve conforme interésses eas situagées sociais existentes’. As premissas gerais para a emergéncia do capitalismo fun- damentam-se na contabilidade racional como norma para em- présas que satisfazem as ne- cessidades didrias. Elas se estruturam na propriedade pri- vada dos meios de produ técnica racional, direito racio- nal, estrutura administrative da burocracia e um ethos do trabalho € esférco continuo. Em suma, 0 capitalismo foi o produto ‘ida emprésa, contabili- dade e direito racionai unidos ideologia racional cional na economia” A primeira Revoluggo Industrial encontra respostas ideolégicas sob a forma de teorias sociais globais: Saint-Simon, Fourier @ Marx. Eles elaboraram modelos macrossociais, tendo em vista as condigées institucionais da sociedade industrial global; ‘a segunda Revolugéo Industrial, que se inicia com a introdu- do da eletricidade, a formacao dos grandes holdings industriais, encontra como resposta in telectual a teoria classica da administracao, nos estudos de Taylor e Fayol. Fundamentada sistematicamente num pe- riodo de acumulagao de capitais, sso conseguido, surge a tona © problema humano na emprésa industrial, e a elaboragao ti Teoria das Relagdes Humanas da sociedade industrial, bem como as inconsisténcias dos postulados da Escola das Relagdes Humanas sao retrata- dos ¢riticamente pela Escola Estruturalista que aparece na ‘Alemanha, baseando-se em algu- mas indicagoes de Marx, sis- tematizadas por Max Weber. ** 2.1. A primeira Revolugao industrial A emergéncia da revolugdo in- dustrial implica uma alteragao das condigdes de produco, ‘iter edfter que, consiatn orale hee & dak epee go Eicisiaes oe 12 Oe Gries ce autogetacto no emnatein naga elas tec, $80 Sahel thes ifbaats" comoe- ea Bote," Sit 1° weber, Max. Micterls econéaca general 2 ae i 18 SE go lemprarse que nas socidaden st civ a cond. Resins poem, rabies’ ‘do conatmo, Gage fis, soautnaae odamentas Giresrta murine et firieae les {ia Seales cronies do completa. co. ‘Setar nvermeniey ovcemants ico avian ee erento e TORE Nana" eticon” sein ie’ n substituico da manufatura pela fabrica, absorgao do éxodo rural na nova'mdo-de-obra_in- dustrial, transferéncia de ca- itais do campo a cidade e aproveitamento dos resultados das ciéncias naturais no universo industrial. 0 desenvolvimento da maquina ‘a vapor dependia basicamente dos estudos dos gases de Boyle, das investigacdes sdbre a fisica do calor de Blach e Carnet e dos trabalhos sébre a conservacao da energia de Helmholtz. Sem as experiéncias de Faraday, a respeito das bases fisicas da eletricidade € do magnetismo, nao teriamos o dinamo ou o motor elétrico; as pesquisas sdbre os gases ea surgimento do m ustdo interna. A quimica é a precursora dos progressos da indiistria do ferro, ago e petréleo. As investigagoes de Ampere permitiram 0 surgimento do te- légrato e 0 trabalho de Hertz dew a possibilidade a Marconi de inventar o telégrafo sem fio. A maquina a. vapor 0 motor de combustéo interna superaram o boi cavalo, como fora motriz. A Revolugdo Industrial iniciou-se na Inglaterra porque fora o pais mais afetado pela Revolucéo Comercial; ** els que o sistema industrial ‘medieval fundado nas guildas desapareceu em primeiro lugar na Inglaterra, no século XI, no ramo téxtl, j4 fora suplantada pelo trabalho’ do- méstico, permitindo o incre- mento do proceso de indus- trializagao. No século XVIII, a classe co- mercial inglésa suplantara a ho- landesa, e com a acumulagéo de capital inglés possibilitou a criagdo de uma marinha mer- cante, que por sua vez reforgou a acumulagao. incremento da demanda de ar- tigos téxtels, em 1700, demons- trara a escassez de artesdos; dai a necessidade dos meios me- canicos. © “cercamento” das terras para criagdo de pastagens destina- das a manter 0 rebanho for- ° necedor de 14 & manufatura t8xtil urbana liberou m&o-de-obra para a indéstria. No plano continental, a Franca fol 0 primeiro pals que sofreu as conseqiéncias das transfor magées na ordem industrial. A lucao Industrial na Franga jou-se em 1825 com a derrota napoleénica, que f€z com que desaparecessem da Franca as mAquinas téxteis de algodéo metalurgicas modernas, tor- nando a agricultura predominan- te, ligada & escassez de alguns produtos in natura, a falta de mao-de-obra especializada e escassez de ca- pital. ‘Sob influéncia de Turgot (1774- 1776) tendem-se a destruir os privilégios das guildas para li- beralizar a indistria. Com a lei hapelier, de 14 de junho de 1791, deciarando ilegais as reunides dos operérios, “p tendiam restabelecer os pri vilégios das antigas corporacdes eliminadas pela Revolucao Francesa”, criam-se as condi- g0es a0 desenvolvimento do Capitalismo liberal. pre- ‘A Revolugo Industrial na Alema- ‘nha deu-se de forma incomple- ta e gradualmente devido & predominancia do trabalho ma- hal e a persisténcia das peque- nas oficinas. Até a segunda metade do século XIX, Ale- manha estava industrialmente ‘etardataria, a agricultura cons- titula a principal ocupacdo da opulagao. Até 1850, as ma- quinas eram escassas, pois pre- dominava o sistema de trabalho domiciliar; o pals era pobre devido a persisténcia de um sis- tema de guildas e & falta de um Estado centralizado. A Alema- nha estava dividida em 39 estados diferentes, o que impedia seu desenvolvimento industrial. Ela carecia de mercado inter- No e nao possuia col6nias. A invasto francesa ofereceu & Alemanha a possibilidade de passar do estagio do monopdtio das guildas ao sistema indus- trial Tiberal; entre 1868 ¢ 1869, surge uma legislagao que legaliza a liberdade industrial; os trabalhadores tiveram entéo berdade para oferecer sua mao-de-obra no mercado, sendo removidos todos 0s obstdculos a0 desenvolvimento industrial. A Unido Aduaneira Alema per- mitiu a ampliagdo do mercado. Com 0 surgimento do sistema ferrovidrio estendiam-se mais 05 limites do mercado alemao. A Alemanha, além de importar maquinas da Inglaterra, impor- tara mao-de-obra com a emigracéo de trabalhadores especializados ingléses integra- dos nas areas industriais da Na Inglaterra, a primeira indds- tria totalmente mecanizada foi a téxtil, no seu ramo algodoeiro com a introducao da maquina de fiar automatica de Hargreaves, a maquina hidraulica de Arkright, a mule de Samuel Coompton, que permitia a pro- dugdo de um fio duro e fino Cartwright inventara o tear me- canico; isso levou ao deci do artesanato e ao aument do contingente operério. Acres- ce 0 invento de Whitney que, em 1794, conseguiu por melos mecénicos a separagdo da se- mente de algodao da fibra que, por via manual, era lenta e complicada. Whitney obteve or mefos mec&nicos essa sepa- ragdo, determinando uma re- volugéo na indiistria algodoeira € do'setor agricola, conduzindo a especializagao do Sul dos EUA nesse ‘ramo, estimulando assim a expansao da escravidao. ‘A maquina téxtil e a maquina a vapor produziam a forga mo- triz. Téda essa maquinaria Recessitava de grande quanti- dade de ferro a preco baixo, fato que levou a substituicao do carvao de madeira que desflores- ‘tava grandes 4reas, pelo carvdo coque aliado ao alto forno de ‘Smeaton com 0 método Besse- mer. Paralelamente, a extracao de carvao tornou-se mais segura quando Davy inventa a lampada de seguranca nas minas, diminuindo a freqiéncia das mortiferas explosdes de gas Side, Basia Xx), Cape's Bee Revista de Administragdo de Emprésas no interior das minas, tendo 0 método Siemens-Martin supera- do 0 método Bessemer no fabrico de agos finos, Essa infra-estrutura tecnolé- gica acompanha a emergéncia do sistema fabril, que consiste nna reunigo de um grande numero de trabalhadores numa sé fé- brica, disciplinando 0 operério. A inspego realizada pelo capi- talista atua na fébrica, disc plinando 0 operdrio. ‘De inicio temporéria e esporédica, por ‘ocasiao da distribuigao de maté- ria-prima e recolhimento do produto acabado, transforma-se nna presenca constante no pro- cesso fabril. Assim, 0 teceléo que chegasse cinco minutes apés 0, tltimo sinal ou que dei- xasse algum residuo nos fusos, assobiasse ou deixasse aberta a janela era multado em 1 xelim por cada contravencao, ‘As condiges de habitagao igua- lavam nos seus aspectos ne- gativos 8s condicdes de tra- balho, onde 0 parcelamento das operagies produzia a fadiga, tédio e surmenage. Os novos centros industriais abrigavam trabalhadores em chocas prepa- radas precipitadamente.* Tres quartas partes dos trabalha- dores de fabrica de algodao eram mulheres e criangas que tra- balhavam nas maquinas, os aprendizes mendigos que abun- davam na Inglaterra eram em- pregados como arrendados pelas autoridades as manufaturas, ‘com jornadas de trabalho de 14 a 16 horas diérias. Os fiadores de algodao de Manchester, em 1806, ganhavam por semana em média 24 xelim;_ 56 em 1897, alcangaram 37 xelim. Isso representa um desnivel em relacdo a0 in- cremento da renda da emprésa capitalista inglésa. No século XIX, “embora subissem ligeira- mente os salérios, 0s trabalha- dores nao especializados na Inglaterra mantinham-se na base do salério minimo vital, e, &s vvézes, abaixo do mesmo, abran- gendo 31% da populacdo lon- drina, vivendo abaixo da linha da pobreza”. A situago nas minas nao era ‘melhor; mulheres e criangas A teoria gerat da admtntstragto eram empregadas, de 12 a 16 horas por dia, em pogos subter- raneos. Isso obrigou o Estado a intervir nas relagées industriais, julamentando as horas de trabalho: no ano de 1874, a idade minima de trabalho’ era de 10 anos e a jornada maxima de 10 horas. Na Alemanha, a partir de 1891, tornou-se ilegal a contratagao de uma crianga que ‘no tinha terminado sua es- colaridade minima aos 13 anos. A partir de 1901, a idade mi- ima de uma ctianga apta 20 trabalho era de 14 anos e a jor nada maxima, de meia jor- nada de trabalho de um total de 12 horas. A resposta a Revolugéo Industrial a Inglaterra, Franca e Alema: nha sera fornecida pelos teéri- cos, Saint-Simon, Proudhon, Fourier e Marx que contestaréo a nova ordem de coisas num nivel global, ou seja, na procura de um modélo de sociedade global que seja a negagéo da- ‘quela que emergiu com a Revo- lugao Industrial. Saint-Simon, na sua obra Vorganizateur (1819-20) pre-_ nuncia a nogdo de uma diregéo cientifica confiada a um govérno constituido de trés c&maras: Invengao, Exame e Executiva, constitulda de lideres indus- triais, capitalistas e banqueiros. inoculacao politica de vasta maioria da ‘sociedade existe para ser governada da maneira mais barata possivel, quando possivel; governada pelos ho- mens mais capazes e de maneira que se assegure a mais com- pleta tranqdilidade publica. Ora, os mesmos meios de satis fazer nestes varios aspectos, a0 desejo da maioria, consistem ‘em conferir poder aos mais importantes industriais, que so 9s mais interessados nla econo- mia das despesas piblicas, ‘9s que s0 0s maiores interessa- dos em restringir 0 poder arbitrério; finalmente, de todos os membros da sociedade so 0s que mais tém dado prova de ‘capacidade na administracao positiva, tendo sido evidenciado © sucesso que obtiveram em seus varios empreendimentos”. Saint-Simon elabora a primeira critica de conteudo a respeito da emergéncia do modélo liberal, 20 enunciar que a “De- claragao dos 3s do Homem e do Cidadio, vista como a solugo do problema social, nna realidade era 0 seu primeiro enunciado”. Ele no perde de vista que o desenvolvimento Industrial leva a superar um tipo de saber juridico — formal, que desconhece o econdmico, a inferioridade dos legistas é sua ignorancia do econémico, isto é, da produgdo, partindo dos interésses que so os da maioria de um regime moderno que industrial". ‘Apés definir que os produtores constituem a sociedade legi- ima, postula a afinidade dos interésses da indistria com a sociedade, na medida em que a sociedade global tem por base a indistria. A indastria € uma garantia de sua existéncia. © contexto mais favorével a in- dastria sera 0 mais favoravel 2 sociedade. ** A sociedade moderna “s6 da direito de per- Ihadora “deve sera dnica’’ Saint-Simon, “0 cérebro mais Universal de seu tempo, com Hegel”, ® enunciava que’é “pelo estudo’direto e positivo da so- ciedade que se descobriréo essas regras (da vida social); nelas ‘e Haman, J, 8: & Barbara, The town iaaburee” Consimas 885 1028 ‘= jHammond, 8. The rise af modern Inatary” Prcote Braces 825) e063, tthe Chars: Hagel notre of sapectae nogatvos TnueSeneat pau atisto ao Eeuaine na Sst adatra."“Pele guverelzacde ‘Gray, Aloxonder. The secialst tna Tandon Consmana: Croce and Co, Tork simon, . Oeuvres, v.15, B. of. 1 Simon, Sop. eit p. 124 simon, § of elt. WB, neta XA, 1 simon, 5. op. eit. p28. 4 simon, 8. op. cl. v.20 B76 ole, €, AM Ohuring. Para, 121, ary ime Paris 6 que & necessério descobrir as bases da politica”. ® Saint-Simon ocupa uma posigéo- cchave entre os teéricos das ideologias totais na époc: diatamente posterior a Re lug8o Industrial, pois. éle “aj dou a transformagao da socieda- de nessa arte que se chamaré © socialismo, nessa ciéncia popular em que Adam Smith ¢ David Ricardo definiram sua formula bésica: o valor tem por medida 0 trabalho". * Fourier, tedrico socialista, & considerado atualmente um pre- decessor das técnicas de di- namica de grupo, considerando a emprésa como “grupo”. Tendia Fourier a ver, na marcha da sociedade, 0 caminho para © estabelecimento de uma harmonia universal, a partir do contréle das paixoes humanas. Estabelece Fourier uma solida- rledade basica entre a sociedade global e os padrées educacio- fais, a0 admitir que um colet vismo social leva a uma pe- dagogia nao individualista. Iniciaimente, Fourier ataca a declaragao dos Direitos do Ho- mem e do Cidadfo, oriunda da Revolucéo Francesa, 20 de- uncié-la como “uma Carta in- completa e desprezivel, porque ‘omitiu 0 Direito ao Trabalho, sem © qual todos 0s outros s80 indteis”.® ‘Teve ela 0 cond3o de “produzir um tal caos politico que é de se admirar se 0 gé- nero humano péde regredir muitos mithares de anos na ‘sua_evolucao social”. concluin- do Fourier que “indo hé nada ‘a esperar de tOdas as luzes ad- quiridas; & necessario procurar 0 bem social em alguma nova ciéncia”. * $6 ela trard a felicidade & humanidade, pois & evidente que ‘!nem os filésofos, nem seus rivais sabem remediar is e, sob os dogmas de uns e outros, vé-se a perpetuagéo das chagas mais tristes, entre outras, a indigen- cia’. Combatendo a po- breza como “a mais escandalosa desordem social”, ® visualizando a clvilizagao como “a guerra do rico contra o pobre” *” e para sair désse estado de coisas, Fourier apresenta uma formula e antecipa o fato de que e “ ‘“& a mim sdmente que as ge- ragdes presentes e futuras de- vero a iniciativa de sua imensa felicidade; venho dissipar as rnuvens politicas e morais e sobre os dogmas das ciéncias naturais, eu fundamento 2 teo- ria da harmonia universal”. ‘A sociedade futura, que ir su- ceder & “‘incoeréncia” civili- zada, no admite “moderagao, igualdades, nem pontos de vista filoséficos. Ela quer as paixoes ardentes e fecundas; desde que a associacdo esta for- mada, elas se articulam mais facilmente, quanto mai forem, mais numerosas”. © Fourier antevé uma sociedade onde “as jornadas de trabalho sero curtas, 0 trabalho sera variado, parcelado”."° Surgiré uma sociedade natural onde os Falanstérios (comunidades) se agruparao por influén suas paixdes, gostos e A ordem nascerd na espontaneamente do jogo das atragées”, Na sua teoria social total, Fourier vé 0 elemento afetiva como fator de solidariedade social, estruturando "a concepeao social das paixdes humanas”.”? Elas desenvolverao 0 espirito dos agrupamentos sociais, levando “a economia de tempo, matérias- primas, maior rendimento, ‘menor fadiga, desaparecimento do desprézo do rico pelo pobre. Nao haverd vagabundos, nem pobres, as antipatias so- ais desaparecerao com as ‘causas que as engendram”.”® estabelecimento de tal socie- dade perfeita demanda, para Fourier, um prazo curto, “dois anos para sua otganizacéo ‘como cantao societdrio — sua expanséo pelo mundo levaré mais tempo — seis anos para or- ganizé-lo pelo globo”. Fourier com Saint-Simon € um dos ltimos representantes dos propugnadores por solugdes sociais globais a curto prazo. Sua descrigao paradislaca do futuro liga-se a critica acre da sociedade de sua época, le- vando-o & concepgao de que “uma sociedade sé pode decair em funco do progresso 20- care 22 Ateoria de Karl Marx © marxismo aparece como fi losofia da ago, onde a von- tade humana tem um papel criativo, superando as determi- nagdes ambientais, * para conseguir a constituigao do proletario como classe, derruba- da da supremacia da burguesia e conquista do Poder. 7 Fis que, para Karl Mark, a con- digo essencial de existéncia da burguesia ¢ a formacao e crescimento do capital, condigao bisica para a luta de classes, que caracteriza 0 proceso da téria, ® no qual a burguesi desempenhou um papel revolu- clonério. Ela liquidou as relacdes feudais e patriarcais, definiu, pela exploragao do mercado ‘mundial, um cardter universal 4s relagdes de producdo e troca, submeteu a érea rural & urbana ¢,efetuou a centrlizagao po- Iitica.®° Denunciando porém, Karl Marx, a estreiteza das estruturas cria- das pela burguesia para conter a riqueza em seu seio, a © simon, 8. Produeteue. v2. p. 52 1 Four. op. eit. p 8 ‘= Fourier, Nevestx onde industial. FP sfoigg, Tate Vszeiaten, 322 Fear ‘Fer, Tae de Pasceaton, ¢ . Fourier, Obuvee competes. 2, p17. Fouror. op. ep. Oa flsofos tim apenas interoratado 0 unde, Ge Svraas tease" Gum Mimetia’’ ‘madar'e"mundat> Engel, BUR Senophis larique sifamandes BoM aStintes Revista de Administragdo de Emprésas propria burguesia criou seus opo- sitores: os operérios, concluin- do que a queda e a vitéria déstes s80 igualmente inevi- tavels. © Karl Marx elaborou, em suas grandes linhas, uma filosofia de Conflito social, estruturando uma Visao da sociedade global cujas premissas s40 0s homens, no seu processo de vida em sociedade. ® Nela, o trabalho aparece como grande fator de mediagao que enriquece o mundo de objetos tornado poderoso, ao lado do empobrecimento “em sua vida interior” de trabalhador, onde éste nao é dono “de si pré- prio”. 0 fruto do trabalho apa- rece como um “ser estranho com um poder independente do pro- dutor’,** onde as relacdes mituas dos produtores tomam a forma de uma “rela¢ao social entre coisas”. © A industrializac&o promove nova estratificagao social: as classes médias aparecem como elemen- to conservador do sistema. * limpen proletariado, embo- ra sujeito a acompanhar 0 proletariado, por suas condi¢des de vida “predispde-se mais a vender-se a reagao”,® "‘crista- lizam uma formagao social onde ‘a emancipacao do operério como classe, implica a liberta- do da sociedade global”. * Karl Marx fornece uma viséo sociolégica finalista, que perpas- sa seu pensamento no nivel de modelos macrossociais, surgin- do como reagéo a0 desafio da Revolucéo Industrial inglésa, onde a divisdo manufatureira do trabaiho como combinagao de oficios independentes, implica a concentragao do processo Produtivo, criando estruturas ‘reificadoras” do homem. Ao lado da importancia atribuida fabrica como institulcao decisi- va da sociedade industrial, Marx incidentalmente aborda 0 rocesso de burocratizacéo da emprésa, ® a patologia indus- ial,** sem porém, desenvolver sistematicamiente uma teorla da organizagio. A teoria gerat da administracto 3. TERCEIRA FASE DA INDUSTRIALIZACAO Ela se inicia com a decadéncia dos oficios tradicionais. Os off- cios qualificados subdividem- se, especializam-se, embora outros oficlos, que continuam qualificades, percam parte de seus valores. Os novos oficios esto na dependéncia de uma maquina que sofre aper- feigoamento continuo. "? A maquinaria especifica dessa nova divisdo de trabalho é 0 tra- balho coletivo, como continui- dade dos trabalhos parciais. ‘A especializacao impede que 0 aprendiz passe a ajudante e ste a companhelro; o trabalho ‘como elemento de ascensio social implicaré a “educagéo permanente”. A equipe de trabalhadores em f8rno de uma pessoa, um oficial com experiéncia, desaparece, na medida em que o célculo substitul a experiencia, mediante analise no Departamento de Métodos; efetua-se assim a se- aragao entre concepcao e execligéo do trabalho’ na em- résa. A indGstria téxtil adota iniclaimente Ssses métodos; paralelamente, a indistria de cconstruggo naval conserva o sis- tema profissional de trabalho. © aumento da dimenséo da em- présa no periodo da segunda Revolucdo Industrial, além de ocasionar uma mutagdo, onde as teorias sociais de caréter to- talizador e global (Saint-Simon, Fourier e Marx) cedem lugar 4s teorias microindustriais de alcance médio (Taylor, Fayol), implica, no plano da estrutura da ‘emprésa, a criacdo “em grau maior ou menor de uma diregao determinada, que harmonize as atividades individuals e que realize as fungdes gerais que derivam da atividade do corpo produtivo no seu conjunto”. ® crescimento da dimenséo da emprésa ira separar fungdes de diregao, de fungSes de exe- cugdo. Da-se assim, a substi- tuigdo do capitalismo liberal pelos monopélios, Entre 1880/90, nos Estados Unidos, instala-se a produgao em massa, © numero de assalariados au- menta em 1.500 mil, & necess4- rio evitar-se 0 desperdicio € economizar mao-de-obra, 3.1 Os fundamentos quaker do sistema Taylor Taylor, oriundo de uma familia de quakers,** foi educado na observacao estrita do trabalho, disciplina e poupanca. Edu- cado para evitar a frivolidade imac tona sigm Ga extetRges ictante See ey ae nena” acy 1. MEGA. v. 4, cap. 3p, 8346 MEGA, v2, 62D. 3, ps 8% Mane, K. Et api Mare, K. Maniteste.. Pt Ke Manes. ba eat, erica, a, Sovinge oftelge”” war RET capil Sip, 2s. A funeso inspetora aireta @ continua de Seti ee fae ty eSB se Stheciai de Seealarados. O trabaine oe ‘Setoeg esdons” ane Karl" Ope ct ings male notsve, ols apenas deve ae ‘comereiiyustarente nr dasuolassatat ‘tjo ainetments oa vida ae torn ho ‘unnta nunruezsy print Bolt, 6 envoveremse em aividedes ‘ushers na Ingateres' {Sober op ct, 22) No tuncamenio ‘gestae Greig ts Soe tae nail fa op ches We 5 mundana, * converteu o trabalho numa auténtica vocagao.* Iniciou sua vida profissional como operrio da Midval Stee! Co, passando a capataz, contra mestre e chefe de oficina, dal a engenheiro. © estudo do tempo, a cronome- tragem definem-se como pedra angular de seu sistema de “racionalizagao” do trabalho. Cada operagao é decomposta fem “tempos elementares”; au- xiliado pelo cronémetro, Taylor determina o tempo médio para cada elemento de base do tra- balho, agregando os tempos elementares e mortos, para con- ‘seguir 0 tempo total do trabalho, com a finalidade messianica de evitar o maior dos pecados —a perda de tempo. A finali- dade maior do sistema é edu- cativa e manifesta-se pela intensificag&o do ritmo de tra- balho. ® Para introduzir seu sistema, Taylor promove uma cruzada contra as “idéias falsas”, © empirismo, preconizando a prioridade do sistema sobre o individu, criticando, em nivel quaker, 0 pecado da idolatria do “grande iluminado”. A prioridade do seu método abri- ré um ciclo de prosperidade. "= © messianismo administrativo de Taylor parte da funcéo pro- videncial do empresario, »® que existe para satisfazer os inte- résses gerals da sociedade e 0 particular do consumidor. Isso motiva a coletividade 20 apro- veitamento intensivo de suas ri- quezas, que a Providéncia colocou sob seu poder, racionali- zando sua conduta, sua vida didria, Ha em Taylor, uma paideia, um ideal de formagao humana’ de lum tipo de personalidade, conseqiiéncia légica da aplica- oe vivéncia do sistema da ‘Administraggo Cientifica do Tra- balho. Tem seu sistema o mé- rito de acentuar a virtude do ascetismo, ** a mentalidade en- 18 tesouradora no que se refere a dinheiro, # a abstinéncia de cool, **" trabalho constante com “a figura do chefe enérgico, paciente e trabalhador” (Taylor) que incita a ambigao do su bordinado, condena a negligén- cia e dissipago. " No plano ial, merc8 de sua atitude pessimista ante a natureza humana, “ Taylor manifesta-se favordvel a baixos salérios, ou. melhor, seu aumento deve ser dosado gradativamente. No plano de sua Teoria da Ad- ministragao, Taylor define @ bu- rocracia como emergente das condigées técnicas de trabalho, pela separacao entre as fungdes de execucéo e planejamento, predominando a organizacdo sébre 0 homem, acentuando % Eula 9 nine mundana, sale tian Seely nae ae ah Si rr erspesor press Bapagee tes Weber, mine Op. ot ol iat, Gut ign, Organiza lentice det taba. Eepanno, £0. Laver, sa" se {Saez cn guee Ss linen”, Taye, ‘yor op. cae EMEA” case Inailéncie saint, ca Em Tavlor dbo valrieaeso. posta ‘noe avlowsesiose as Tales a “ecararae go. miltar, Inablcandese, ramearse. pars oF cursor 0+ Bios" ivteborr Make gp eit p10? {ia acompanha. assim “ geetino des Targinalzces, a9 foratecer'3 to rapente has atvidedas eeerdmicas", Weber ."ap. city p22, Oat» amergéncta Banod, 182, Tayler, pt 0 excrapula do, sua conduta 6 para 0 nator pone op et BTS), e"eminanterente ‘conacienciosa™ {pr 108. m0 ascetigmo SSamndo “ae recaios| Behgamin Cronin ‘ase Sie aco mA gondenasto. do, seo! 6 un ‘lernenton: So Furitaniamay re ‘spe actndo com 2 Glick quaker a vse Brotealatal Fa prot fe“beu satedo. iaiae mal Taylor Bek. {ayn op. chy. ed confirmanda as Sttagdes’contgas no etna’ seculae ‘iznca' pelo protestantisme,Malandes "ao Stier" aueasmasoas 36 travainar ‘Guande algume necessionge a 50 88 “Sree” aber ope et 8). Revista de Administracdo de Emprésas como fator motivacional dnico, 0 monetirio, Taylor parte de um ponto de vista segundo 0 qual o interésse dos trabalhadores 6 0 da admi- nistragao, desconhecendo as tensdes entre a personalidade ¢ a estrutura da organizacao formal. A andlise de tempos e movimen- tos, base do taylorismo, se por um lado foi recebida com agressividade pelos operarios da indistria em geral e pelos da American Federation of Labor, por outro foi entusiasticamente defendida por Le Chateller ‘que compara Taylor a “Descartes, Bacon, Newton e Claude Berard”, Taylor procura fazer com que 0s operdrios possam executar em “ritmo mais répido, os mais pesados tipos de trabalho”. "2 Para isto seleciona para seus testes, dois dos melhores traba- thadores, isto 6, atipicos que “por sua robustez fisica tinham- se revelado dedicados ¢ et cientes”, ™ sendo, porém, os de menor “nivel mental”. "= Esta claro que Taylor no tora como base o operario médio, valorizan- do um tipo de fadiga, a muscular, desconhecendo a fadiga mais sutil, a nervosa, Quanto aos tempos, verificou-se posteriormente ser impossivel decompor minuciosamente uma operagao em seus elementos, de forma que os tempos corres- pondentes sejam sempre tteis. O chamado tempo “morto” tem um papel positivo, qual seja, de restabelecer a energia perdida para a continuidade do rocesso produtivo, Por outro lado, 0 aumento de produtivida- de, apresentado por Taylor como um dos resultados do sis- tema névo, na medida em que €le tem como elemento moti vador o aumento salarial, é di- ficil saber se éste se deve & nova técnica de trabalho ou ao prémio. A teorla geral da administragao 0 estudo dos movimentos de- pende das dificuldades indivi- duais e a velocidade nao ¢ 0 methor critério para medir a fa- cllidade com que 0 operario realiza a operagdo. Seu método representa uma intensificagdo @ nao racionalizaggo do processo de trabalho, "Hoje, solicitam- se rendimentos étimos, néo méximos. Taylor estudou 0 trabalho pesa~ do, no qualificado, com a é,"" trabalho de fundigéo™* @ de pedreiro, " dal sua pre- ‘cupagio com a fadiga muscular e seu desconhecimento da fadiga nervosa. Alie-se a uma viso negativa do homem, onde 0s individuos nascem preguico- s0s ¢ ineficientes, = infantill- zados =" e com baixo nivel de compreensao. * Com essa viso do homem, &le define o papel monocratico do adminis- trador, #2 A separacio entre direcdo e exe- cugao, autoridade monocrética, acentuacao do formalismo na organiza¢ao, a viséo da adminis- tracao, como possuidora de idénticos interésses ao operério, definem o ethos burocratico taylorista, complementado por Fayol. Fayol, seguindo a linha de Taylor, defende a tese segundo a qual © homem deve ficar restrito a seu papel, na estrutura ocupa- ional parcelada, # No plano da remunerago, ma- nifesta-se contra a ultrapassagem de certos limites, "* comparan- do a disposicgo estética das ferramentas na fabrica com os papéis das pessoas na orga zaGao social, ** reafirmando a monocracia diretiva, "" combi- nada com um tratamento pater- nalista do operdrio, % concluin- do que administrar é prever, organizar, comandar e controlar. Elemento basico na teoria classica da administragao, em Taylor e Fayol, é 0 papel con- ferido & disciplina copiada dos modelos das estruturas mili- tares. Qs modelos administrativos Taylor-Fayol correspondem & di- io mecanica do trabalho (Durkhein), onde o parcelamen- to de tarefas ¢ a mola do sis- tema. Dal ser importante nesse sistema muito a ‘que 0 operério saiba Tespeito de pouca coisa. No referente & remuneracdo, Fayol continua a tradigao ‘quaker de Taylor — nao pecar or excesso. 2 “e procio er 0. ie po dei aoe alien” pi, 3 Ramos, G. Sociologia Indust. p. 127. 8 Taylor. 2 Tylor bana op. eit pe a8, op. ott p 5 Heer petals soi 6 Tones, oe Taylor Taylor Teyler Torte. = Teyor Teyler op. ott p. 106 05, ott poh op. itp. at, op. ot p77, op. itp. 28, op. eit pa, r,t ps a8. ade coisa Fava 0p. cp SL. 1 ayo. op. cit. p54 Ao enfatizar a funcao exemplar do administrador éle define as linhas essenciais do burocratis- mo de organizagao formal, No fortalecimento dos chefes de oficina e contramestre por um Estado Maior, enfatiza éle © papel da disciplina estrita na organizacéo fabril. Define éle a linha de pensamento que 0 Coronel Urwick ira acentuar no paralelismo entre a organizagao militar e a industrial. Esse paralelismo {a fora obje- tivo de estudo de Max Weber. Com efeito, a guerra criou, & ua maneira, um tipo de diretor industrial, integrando o engenhel- ro civil, mecénico e maritime. Por outro lado, 0 exame topo- grafico, 0 uso dos mapas, planos de campanhas, prefigura © conceito atual de “campanha”” publicitéria, AS condigoes dt transporte, intendéncia, diviséo de trabalho entre cavalaria, in- fantaria e artilharia, a divisao dos processos produtives entre essas tres armas, define que a me- canizagio se dera antes na rea militar @ posteriormente na manufatura industrial. A mecaniza¢o industrial como sistema permanente, sempre tendeu a copiar os modelos militares. Por influxo de um mi- litar, Napoleao II, foi oferecida uma recompensa'a quem in- ventasse um processo barato para 0 ago, capaz de suportar a forga explosiva de novas bombas. Daf surgiu 0 processo Bessemer. Nao & necessério acentuar que a demanda de uniformes para © exército — realcada por Sombart — foi a primeira em grande escala de mercadorias pa- dronizadas. Porém, isso implica um alto nivel de burocratizagao e formalismo corganizacional.. © esquema Taylor-Fayol apare- ce como um proceso de impes- soalizacio, definida esta pelo enunciado de tarefas™ @ espe- cializagao das mesmas; as 8 pessoas se alienam nos papéis, €stes no sistema burocrético. ‘A deciséo burocrética € absolu- tamente monocratica, 56 hd um fluxo de comunicagao. 0 empregado adata os mitos da corporagéo, que constitui uma atribuigao de status e a0 mesmo tempo cria-se um jargio admi- nistrativo esotérico. Conclusivamente os esquemas Taylor-Fayol fundam-se na justa- posigao e articulagao de de- terminismos lineares, fundados numa légica axiomatica que cria um sistema de obrigagao devido ANogica interna, Dal operar uma racionalidade em nivel de modélo, onde as operagoes de decomposigao & andlise, fundadas em aspectos microeconémicos, criam um sistema de coordenagao de fun- ‘g0es, donde emerge uma estru- tura’altamente formal. Seu comando ¢ centralizado, fundado numa racionalidade burocrsti- ca, baseada na racionalizagao das tarefas, sua simplificacdo © intensificagao do trabalho. ‘A mudanga das condigdes de trabalho leva & mudanca dos modelos administrativos. ‘A evolugao do trabalho especiali- zado, como situagao transitéria entre o sistema profissional @ 0 sistema técnico de trabalho, a desvalorizacdo progressiva do trabalho qualificado @ a va- lorizagao da percepgao, atencao, mais do que da habilidade pro- fissional, inauguram a atual era pés-industrial. © conjunto volta, na emprésa, a ter prioridade sébre as partes quando ela alcanca alto nivel de automagao. Efetua-se a danga do opersrio “produtivo! para’o de “contréle”. A nova classe operdria vai caracterizar- se pelo predominio de fungdes de ‘comunicacao, ™ sobre as de execugao. Numa fébrica automatizada tor- ples (modelos Taylor, Fayol); ‘S40 necessérios especialistas funcionais que devem comuni- car-se entre si. 0 principio organizacional nao se estrutura na hierarquia de comando; éle se define na tecnologia que re- quer a cooperagao de homens de Varios niveis hierérquicos & qualificagées técnicas, 0 operdtio de controle, nesse sistema, sé poderd ser conside- rado um elemento qualificado, na medida em que lograr desco- dificar os sinais observados. O sistema técnico de trabalho ga-se as formas de organizacao. Dai a possibilidade de uma di visao de fungdes mais dinamica. ‘Aelevacao do nivel de cultura e © abandono do nivel taylorista que separa radicalmente no trabalho, concepgao de execucéo, si0 os fatéres que permitirdo maior utilizagao da mao-de-obra. No plano da dimensao da em- présa desenvolvem-se as grandes corporations como na Gré-Bre- tanha e EUA, apés a | Guerra Mundial; ampliam-se as socieda- des por agdes que produzem a quase totalidade dos bens piiblicos, como eletricidade, agua e gés. Passando a sociedade norte-ame- ricana da fase inicial de subcon- sumo ¢ acumulagéo para a fase da abundancia e alta produtivi- dade, resolvides 08 problemas econémicos mais imediatos, tém lugar, na emprésa, 05 pro- plemas humanos que comegam a ser atendidos. E quando se dé © surgimento da Escola das Re- laces Humanas com Elton Mayo; € quando no quadro da microemprésa, a diregéo nao mayo. op lt. pe 1 = Weber, Max, Economia y sociedad. Meseo, 6a, TEC, vt, cape %, pr 8h, bo ‘ewircito 6 2 Taylor. 0p et 78 sit Fayol op eit 46 Mayo acentue ta comuningto en couse, Revista de Administragdo de Emprésas 6 fungao unificada de organi- go e coordenacao, mas sim, onto de uniao em que binam as exigéncias politicas funcionais da emprésa. (0 esquema de Mayo deveu-se a fat6res empiricos. Convidado a estudar agudo turnover, no de- partamento de fiagdo de um 14 brica de tecidos em Filadélfia, calculado em 250%, solucionou Mayo os problemas, criando um sistema alternativo de des- canso a cada grupo, determinan- do 0 método e alternativa dos periodos, de modo que cada um déles tivesse quatro perfodos de repouso por dia, O sucesso deveu-se ao fato de as pausas terem permitido transformar, ‘num grupo social um grupo solitatio de trabalho. A atitude do empregado, em face de seu trabalho, e a natureza do grupo do qual éle participa fo fatores decisivos da produ- tividade para Mayo. Elton Mayo aparece como um profeta secular, que critica a va- lidade dos métodos democrati- cos para solucionarem os pro- blemas da sociedade in- dustrial, na medida em que a sociedade industrial burocra- tizada procura criar a cooperagéo forcada pela intervencdo es- ‘ata Na linha da Escola Classica da Administracao (Taylor, Fayol), Mayo néo vé possibilidades de utilizagao construtiva do conflito social, que aparece para éle como a destruiggo da propria sociedade, Mayo vé na competicao um siste- ma de desintegragao social, na medida em que nao leva & cooperacdo, acentuando ésse proceso pelo conflito dos parti- dos politicos. #* Ele nos coloca diante de um ideal medieval de corporativismo: 0 cumprit to d&sse ideario corporativo cabe a elite dos administradores. da industria, A teorla gerat da administragéo Mayo partiu da andlise de pe- ‘quenos grupos segmentados do conjunto fabril, éste isolado da sociedade industrial, valorizando © papel do cansenso do peque- no grupo para produzir mais, inimizando o papel da auto- ridade na indéstria, 0 que leva ‘© administrador da Escola de Relacdes Humanas a um “huma- nismo verbal” e necessidade, as vézes, de recorrer & autoridade formal para satisfazer as quotas de producdo exigidas. Para Elton Mayo a cooperagao dos operérios reside na aceita- cao das diretrizes da adminis- tracdo, representando um escamoteamento das situagdes de conflito industrial. Nesse sentido, éle continua a linha classica taylorista, 1 ste acen- tuava 0 papel da contencao di- rela, aquéle a substitul pela manipulagéo, Ha uma incompatibilidade légica no esquema de Mayo, qual seja, a luta pela cooperagio espontdnea e a luta por sua ‘organizacao, incompativel com a existéncia de associagies voluntérias. Na sua critica & Escola de Re- lagées Humanas, a Escola Estruturalista j&'mostrara que © conflito industrial no é um mal em si, cabe manejé-lo construtivamente. No plano institucional, Mayo atribui ao administrador um papel que éle dificilmente poder cumprir, pois confunde conheci- mento especializado (adminis- trative) com poder; dai propor a nogdo de uma elite administradora dominante. #2 Apesar dos esforcos de Mayo para tornar agradavel 0 trabalho, as maquinas nao evitam que o mesmo se tome satisfatorio em nivel absoluto. Embora Mayo vela 0 conflito como algo indesejével, 0 mesmo tem funcéo, as vézes, de conduzir a uma verificagao de poder e do ajustamento da organizagao & situagdo real e, portanto, @ paz. Acentuando o péso do informal no trabalho, desmentido pelo fato de a maioria de operdrios nao pertencer a grupos infor- mais, Mayo cria condicées para ‘0 aparecimento de uma critica ao seu sistema: a abordagem estruturalista das organizacdes inicia-se assistematicamente com algumas perspectivas lan- gadas por Marx, analisando a Emprésa oriunda da primeira revolugao industrial e continua- das maticamente por Max Weber na analise da emprésa, produto da segunda Revolugao Industrial. A critica estruturalista emergiu na Alemanha, embora néo fésse © pais-modélo da emprésa burocratica, sob presséo do alto nivel politico em que os assuntos sociais eram definidos, permitindo tornar a sociologia v= aglys, Im Saletan, Inde Sigua eeee- meat Seeley Yo empresa oe states cu gemmricl, nes de Sera a karan Ro traatno sade ger rocanauistaca apenas ete “nteprerto" do cporr, Ta Bermunidea as 360 user ‘Sea lemons 186205, Ela (a atordagem des relagSes uma ‘hes) reprasenin um dro de esopernsto srtaginica eve operon @ narrates ‘Sores Berd ein Elson A Organiza: ter complotas Eats 1562 p18 A iatia do que a revolusto do século 3oc Sera nde don cursan, as i ‘et oct “san, alema uma resposta intelectual & Revoluggo Industrial, a0 nivel do Ocidente. © esquema global de Elton Mayo fundamenta-se numa aproxima- cdo existencial (Hawthorne), 2 procura de uma compreensio dindmica e global, valorizacao do informal, portanto da comunica- do afetiva e simbélica levando a nocao das dinamicas de grupos, acentuando o papel da negociacéo e do compromisso, elaborando uma visao otimista do homem, uma pedagogia em nivel grupal e uma agao que visa mais & “formagao” do que a “‘selecao”, Negativamente, a Escola das Relagoes Humanas aparece como uma ideologia manipulatoria que acentua a preferéncia do operario pelos grupos informais fora do traba- tho, quando na realidade, 0 operdrio sonha com a maior satisfagao: largar 0 trabalho ¢ ir para casa. “8 Valoriza éste sistema simbolos baratos de prestigio, quando o trabalhador prefere a éstes, melhor salario. Essa escola procura acentuar a participagao do operario no pro- cesso decisério, quando a de- cisdo ja € tomada de cima, a qual éle apenas reforca. 4. CONCLUSAO No presente artigo abordamos 0 conceito de burocracia, desen- volvimento no plano légico por Hegel, no historico, pelas formagées estatais definidas como 9 “modo asiético de pro- dugao”. Nessas formagées a burocracia detém 0 poder do Estado e constitui a propria classe dominante, cuja recorrén- cia histérica situa-se nas formagdes dos Estados: chinés, usso, egipcio, babilénico, ¢ na forma atual, a URSS e 05 paises que constituem o Bloco Oriental, China atual e Cuba, ¥* O artigo enunciou as determina- oes histérico-sociais que presidiam a Revolugdo Industrial nna Franca, Inglaterra e Alema- nha fonte geradora das teorias ivas de caréter “total” @ global; Saint-Simon, Fourier e Marx. A passagem da maquina a vapor a eletricidade, ocasiona a ‘segunda Revolucao Industrial e © Surgimento das teorias de Taylor e Fayol. Enquanto as teorias sociais totais abordavam os processos macroindustriais, Taylor e Fayol t8m, como ponto de partida, os aspectos micro- industriais, um método de trabalho adequado a uma civilizagao em fase acumulativa de escassez ¢ procura de rendi- mento maximo. 0 taylorismo nao se constitui somente num estudo técnico de tempos @ movimentos, mas & influenciado pelo ethos puritano de origem quaker. Taylor desen- volve toda uma paideia, ou seja, ‘um ideal formativo de persona- lidade humana, em suma, uma viso do mundo. Abordamos também a transposi- 40 das formas de disciplinas surgidas inicialmente na area militar para a érea fabril, integradas na Escola Cléssica da ‘Administragao. #* Por outro lado, a formagao de holdings, a passagem da escas- sez abundancia, levara & enfatizacao do “fator humano” No trabalho com os estudos de Elton Mayo e a Escola das. Relacées Humanas. A partir dos enunciados assiste- maticos de Marx no século passado, posteriormente & sistematizagao de Max Weber, aparece uma atitude critica ante a Escola das Relagées Huma- fas, vista como ideologia de manipulagao da administracao. A énfase de Elton Mayo na espontaneidade, no grupalismo, levaréo posteriormente & forma- cdo das teorias administrativas fundadas nas técnicas de dind- mica de grupo. Essas técnicas acentuando a importancia da comunicagao na emprésa, onde ela aparece como um “sistema” interligado e 0 operat descodificador de sinais, cria as condigées para a atual “teoria dos sistemas”. Ela apresenta um maximo de formalizagao, em detrimento dos elementos histéricos contingentes do pro- Em suma, as categorias bésicas da teoria ‘geral da administragao sdo histérieas, isto é, respondem a necessidades especificas do sistema social. A teoria geral da administracso € ideolégica, na em que traz em si a ambigilidade basica do processo ideolégico, que consist no seguinte: vincula-se ela as determinacées socials. reais, enquanto técnica (de trabalho industrial, administra- tivo, comercial) por mediagao do trabalho; e afasta-se dessas determinagoes sociais reais, compondo-se num universo tematico, organizado, refletindo deformadamente o real, enquanto ideologia, Assim como as teorias macroin- do século passado de Saint-Simon, Fourier e Marx representaram a resposta in- telectual ante 0s problemas oriundos da revolucao industrial, as teorias microindustriais de Taylor-Fayol responderao aos problemas da era da eletricidade a Escola das Relagdes Huma- nas, Estruturalista e Sistémica refletirdo os dilemas atuais. 28. Chingy, © Automobile worker and Simeriéan reams, Now York. €6. nari abecta homie paltaus, Pant, Eitone f Soetiee war oe tia Revista de Admintstragto de Bmprésas ‘As teorias administrativas sio dade @ a microorganizagao pelo _taylorismo de 1918 até hole, dindmicas, elas mudam com a agente, o administrador. No definindo-o com uma funcao transiggo das formagdes socio- sentido genético, constituem-se _diversa da que possul na socieda- econdmicas, representando os €M™ repositorio organizado de de norte-americana originaria, experiéncias, cuja heranca atuando na URSS como uma téc- inter see ee reece cer” cumulativa é uma condicionante nica stakhanovista de intensfi ‘© poder econdmice-politico, sob #8 Novas teorias, por exemplo, cago do trabalho, num “sistema Ocapitalismo ocidental e o poder 2, Persisténcia de aspecto asidtico de produgéo”, que aeeerecepomice ras soce, ” Wyloisias em Elton Mayo e na existe recorrentemente dades que descrevemos, como elles formas recorrentes do modo Pode acontecer uma “‘reinter- 0 tema, com a abordagem critica asiatico de produgio. pretacao cultural” — 4rea de dos modelos de Drucker, Katz . ‘ estudo da antropologia aplicada& Kahn, Max Weber e James No sentido operativa, elas cum- administracdo — de modelos Burnham, ainda no ambito da prem a funcao de elemento administrativos. Assim a assimi- teoria geral da administragdo mediador entre a macrossocie- —_la¢do que a URS efetuou do como ideologia. No préximo artigo concluiremos ‘SERIE BIBLIOTECA DE ADMINISTRAGAO POBLICA (BAP) Iniciada em 1953 com a edigdo de “ORGANIZACAO E METODOS”, de Hay Miller, a série vem cobtendo éxito na tentativa de enriquecer a bibliogratia especializada através da publicac30 de obras que reflitam a realidade administrativa. Do estérco resultou a elaboracio de manuals de indiscutivel valia para os que se dedicam 30 estudo @ 8s atividades da administracdo publica, estudantes, administradores, economistas e cientistas sociais fem geral, 90s quals so oferecidos formulacSes de problemas administrativos. [A sétie “BIBLIOTECA DE ADMINISTRAGAO PUBLICA” inscreve-se, ainda, dentro do propésito de ccontribuir para a formulacdo de uma doutrina brasileira da administracto publica. Organizagio Métodos Direlto do Trabatho Harry Miller ‘Déllo Maranhao BAP 1.4% edigdo (@ sait) BAP 9 2°" edicto TaniatahiaeacennT meee! 0 Ensino da AdminitagHo Publica no Brsi ‘tzeetacko nvernacional de Admumstradores Naring Brando Machado Municipais 0 BAP? Classiticagso das Contes Pablicas Rasta ae Fa pees: Ordway Toad BAP 322 edica0 ‘Administraglo o Estratgia do Desenvolvimento verreiro Ramos Introdugti Admjnistrage Paice BAP IZ ro. Mufoz. Amato eae is A IntorvengS0 do Estado no Dominio Econtmico eee Alberto Venancio Filho Introdugio 20 Planejamento Demecrético eae ‘John R. P. Friedman ‘Comunicaeo om Prosa Moderna BAP S ‘Othon M. Garcia BAP 14 2° edicdo Principios de Finangas Pablicas Hugh batten Fundagées — No Dielto, na Administragso BAP 6 2° edicdo ‘Clovis Zobaran Monteiro e Hometo Senna BaP 15 Problemas de Pessoal da Emprisa Moderna ae “Tomas de Vilanova M. Lopes. Planejamanto Go ta Sere oe ap gene es spine ge rsa — Principles eTeneat Cats —Um Enlage Anite Sea etah 25 guns ate Bees Sawn ai ae Escola Brasileira de Administracio Piblica — Praia de Botafogo 190 Ns precise varias ou pein reenbtse postal, Peis para a Eitra do Fr ( 2.120 2005, Ri ce leni, . io Geto Varzas, Pain de Botafogo 188, A teoria geral da admintstracto 2

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