You are on page 1of 9
Jorge Coli COMO ESTUDAR A ARTE BRASILEIRA DO SECULO XIX? senac ‘opade Apresentagao Auronttanismo MODERNO E RENOVAGAO CRFTICA As questies vinculadas aos estudos das artes brasilei- tase, dentro delas, mais especificamente is do século passa- do, surgem num tecido histérico internacional, do qual, em primeiro lugar, é preciso ter consciénca, Vivemos, come todo 0 Ocidente, o triunfo da moder: niidade que se impés no correr dos itimos cem anos, Ele no somente trouxe uma profunda moxificasao nos produ: tos artisticos, no papel dos eriadores e na postura dos crit 0, Acarretou também a eliminasSo cle tudo aquilo que nao parecia estar dentro dos parimetros que estes modernos es tabeleciam, ‘A modemnidade venceu os chamados“scadémicos”,t30 intransigentes em seus crtérios, para impor algo semelhan te: um autoritarismo eliminando tuda aquilo que parecia dliverso dela prépria. A histria das artes, tl como foi entao concebida, promovia a excluséo da alteridade. Num manual, Lionello Venturi ensinava como um Bouguereau estava fora cdo campo das artes, se comparado com a verdadeira boa pintura, elevada, indiscutivelmente “artistca", Num outro compéndio, Francastel demonstrava que mesmo Delacroix ‘ou Courbet eram imperfeitos porque insuficientemente“mo- dlernos",Tornava-se, entio, impossivel amar esss artes con- slenadas que, na maioria dos museus, ia, com vergonba, para ssreservas, quando ni desaparecia isicamente, aponto de, hoje, se ter perdido o rastro de muitas elas, Dow um exemplo pessosl destas tiraias dos gostos © ritérios: no final ds década de 1960, aprendiamos, na uni versidade, nos livros, 2 distinguir a “boa” arte da “ruin”, Morando nao longe da Pinacoteca do Estado, em Si0 Paulo, ‘ea ndo resstia em subir aquclas escadas,fascinado por um qusdro de Oscar Percira da Silva, de Almeida Jinior ow de Weingartner, dispostos ainda nas nostilgicas salas, de corti- ‘nas pesadas, que Tilio Mugnaini havia concebido. Ora, era impossivel entrar nesses recintos sem um profundo sent mento de culpa, como diante de um prazer proibido. O ado- lescente muito ingnuo encontrava entZo uma escuss diante da tentagdo sedutora: ele estava ali para aprender 0 que“era pintura ruin”, © sli, esti bem claro, nio explicava o es- tranho delete que aquelas telas magnificas provocavam. Porém, a0 desdém com que, hi alguns anos, os quadros dlitos académicos eram jgnorados, seguitse uma atengio cx rinhosacinteressads, Varios estudos se sucederam nos anos de 1970 2 1980, até que Jacques Thuillier ~significativamente ‘um historiador do século XVII, portanto livre dos preconcei- ‘tos que 0s especilistas do campo especifico nutramn — publi- ‘cou uma expécie de admirivel manifesto inttulado eon parker une pence “pomp, onde a questio da arte chamada aca:

You might also like