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Tingimento de fibras celuldsicas com corantes a tina Os tingimentos de fibras celulésicas com corantes a tina apresentam excelente solidez luz ¢ aos tratamentos timidos. ‘Muitos deles resistem ao alvejamento com hipoclorito de sédio. 1, TEORIA DO TINGIMENTO Os corantes tina do insoliiveis em agua, porém, por redu- ‘¢@o em meio alcalino, convertem-se nos chamados leuco-deri- vados, que sao hidrossoluveis e tém substantividade as fibras celuldsicas. Apés o tingimento, é feita uma oxidagao, quando o corante volta a sua formula original e insolubiliza-se no interior da fibra. Posteriormente & oxidagao, procede-se a um ensaboamen- to, quando se faz a remogdo do corante superficial e, com isso, ha melhora na solidez a fricgao. Também, mediante 0 ensaboa- mento, ocorre dentro da fibra um rearranjo molecular do co- rante, proporcionando ao substrato cor ¢ solidez definitivas. Os corantes a tina classificam-se em trés grandes grupos: * Corantes antraquindnicos * Corantes indigoides * Corantes derivados de carbazol * Corantes antraquindnicos (vide Figura t) Sao derivados de antraquinona ¢ a sua redugdo pare a for ma leuco ¢ feita com hidrosulfite de sodio + soda caustica, H- 2 © (Na,S,0,) O-Na NH -¢=0 we 1 O-Na oo Leuco derivado omen Leuco derivado Figura 1 Corante & tina antraquindnico ~ reducdo e oxidagao Colorante tina antraquinénico ~ reduccidn y oxidacion 232. Tingimento Téxtil Corantes indigoides (vide Figura 2). Sao o indigo e variantes de sua estrutura quimica como, por exemplo, o tioindigo, em que 08 grupos N- H do indigo sto substituidos por S. (Figura 3) 9 ¢ s ~~ c=C cc Figura 2 Tioindigo Tioindige Corantes derivados do carbazol. Constituem uma classe in- termediéria entre os corantes a tina e sulfurosos. Vide no Capi- tulo 19 — Corantes a Cuba Sulforizados. Vide Figura 3, = ON OO 7 Se s So i H | Carbazol Carbazol Figura 3 Corante a tina derivado do carbazol Colorante tina derivado del carbazol 2. PRATICA DO TINGIMENTO 2.1 Etapas do tingimento tingimento dos corantes tina é processado'em quatro etapas: * Redugao do corante * Tingimento propriamente dito * Lavagem ¢ oxidagao * Ensaboamento I. Redugao do corante Dependendo do corante, este poder ser reduzido previa- mente em tina-mae ou no proprio banho. Usa-se, na reducao, hidrosulfito de sédio e soda céustica. TINGIMENTO DE FIBRAS CELULOSICAS COM CORANTES 233 A soda caustica é consumida de trés maneiras durante tingimento * Para t insformar o corante em sua forma leuco-derivada * Unindo-se a celulose ¢ produzindo um indice baixo de alcalicelulose * Na decomposigao do hidrosulfito de sédio, termicamente ou por oxidagao, conforme as reagoes!: Termicamente: Termicamente: Na,S,0, + H,O 2NaOH + (0) ——* Na,SO, + 2H,0 Oxidacio: Oxidecon: Na,S,O, + 2NaOH + (0) —* Na,SO, + HO ‘Nessa fase o corante passa para forma leuco, conforme rea- ¢f0 abaixo: ° ONa U0 tL + 2NaOH + 2(H) —> () + 2H,0 i i ° ONa Corante original Leuco Derivado Colorante orginal Leu drivade Como regra geral, considera-se que 1 Kg de hidrosulfito de s6dio necessita, para sua decomposigaio, de 1 litro de soda cius tica 38° Bé, A velocidade de decomposigao do hidrosulfito & fungao da maquina, substrato, temperatura ¢ da maior ou menor ventila- de ar junto ao tingimento. A quantidade de soda caustica depend da estrutura quimi- do corante, ‘ingimento Ocorante a tina en sua forma leuco tinge as fibras celulési- as como os corantes diretos, por adsorgio pelas zonas amorfas, - Ferragina, A.C. Reis. A aplicagao dos corantesd tina no tingimento por esgotamento e em processos continuos, 234 Tingimento Téxtil difusdo e, em seguida, estabelecendo ligagoes por pontes de H coma celulose. O processo de tingimento pode ser dividido da seguinte forma: * Inchamento da fibra com a penetragao da gua nas zonas amorfas * Adsorgio das moléculas individuais e agregadas na superfi- cie da fibra * Difusio das moléculas no interior da fibra * Fixagao das moléculas do corante na fibra por pontes de H Corante e fibra tém cargas iguais que se repelem. Para que ocorra a adsorgio, € necessério vencer essas forgas que se opdem, o que ¢ facilitado pela adigao de um eletrélito (NaCl ou Na,SO,). III. Oxidagao. Nesta etapa, 0 corante volta a sua formula quimica original de pigmento insoldvel em agua, Isso ocorre com 0 corante no interior da fibra e, por essa razdo, explica-se a sua grande soli dez aos tratamentos tmidos. A oxidagao se dé por meio do ar atmosférico ou com um oxidante como perdxido de hidrogénio, perborato de s6dio, bicromato de potassio, clorito de s6dio + acido acético, hipo- clorito de s6dio (este ultimo para certas marcas de preto) etc. A reagao de oxidacao do corante se da como abaixo: ONa ° + H,0+(0) ——> + 2NaOH it ir ONa ° 1V.Ensaboamento Bsta operagio é processada a fervura em presenga de de- tergente € carbonato de sédio. Durante essa etapa, 0 corante superficial é removido e o corante no interior da fibra sofre um rearranjo. Apés 0 ensaboamento, o tingimento atinge a tonali- dade final. TINGIMENTO DE FIBRAS CELULOSICAS COM CORANTES 235, 2.2 Classificagao dos corantes a tina conforme o comportamento tintorial Os corantes a tina classificam-se, conforme o seu comporta- ‘mento tintorial, em quatro grupos: * Hz Corantes que tingem a quente ~ estes corantes necessi- tam maiores quantidades de soda céustica. Temperatura do tingimento por esgotamento: 60°C. Devido a sua gran- de substantividade, nao se deve adicionar sal no banho de tingimento e, especialmente em cores claras a médias, se faz necessario o emprego de um retardante. * W: Corantes que tingem a morno — precisam menos lca- lis porém, devido a baixa substantividade, ha necessidade de adicao de cletrélito no banho por esgotamento. Tem- peratura de tingimento: 40-50°C. : Corantes que tingem a frio — diferenciam-se do grupo W somente pela temperatura mais baixa de tingimento, isto €, 25-30°C. * J: Ao contrério dos trés grupos anteriores, esses corantes necessitam de diminutas quantidades de soda caustica. 2.3 Processos de tingimento Os tingimentos podem ser 10s por processos: * Por esgotamento * Pad-fig * Pad-Steam 2.3.1 Processos de tingimento por esgotamento Podem ser aplicados diferentes métodos de tingimento, mais usual é o da Figura 4, Ha outros processos por pigmen- tagao a frio, a quente ou isotérmico a temperatura constante. As quantidades de igualizante, eletrdlito, soda caustica ¢ hi- drosulfito variam em fungio da classe dle corante, da porcen- tagem aplicada, da relagio de banho. Para aplicar as quantida- des corretas, faz-se necessiria uma consulta aos catilogos dos fornecedores Atéo final do tingimento, deve-se cuidar para que 0 corante permanega completamente reduzido, ou seja, que 0 banho nao perca o seu poder redutor. Devido a instabilidade do sistema, & necessario repor periodicamente a soda e hidrosulfito de sédio. Isso exige um controle permanente do banho com papgis indi- cadores. A alcalinidade é controlada com fenolfialeina e o hidro sulfito com papel indicador amarelo, Uma forma mais sofisticada seria 0 controle do potencial redox com eletrodos de platina. 236 Tingimento Téxtil MF, a — —_Igualizante/igualador A Soda caustica/Sosa chustca Hidrosulfito de sédiorinarosulfto de sod CorantelCoorante aD Substratorsustrato Gi WB Elewolito/13 Elecvoito Figura 4 Tingimento de fibras celulésicas por esgotamento com corantes a tina Tintura de fibras celulésicas por agotamiento con colorantes tina Os corantes dos grupos H, W e K podem ser reduzidos pre- viamente em recipiente denominado tina-mie ou diretamente no banho de tingimento. Os corantes que s6 devem ser reduzi- dos na tina-mie sao assinalados nos catalogos de tingimento. Apés o tingimento, é feita a lavagem, oxidagao e ensaboa- mento com um tenso ativo. 2.3.2 Tingimento por processo pad jig Etapas: a) Fulardar a dispersio do corante ultra disperso pick-up: 65/70% bb) Levar para. jigger, onde se processa a redugdo — dar quatro a ito passagens ©) Oxidagao e ensaboamento no jigger 2.3.3 Tingimento pelo processo pad-steam Etapas: ) Fulardar dispersio do corante + antimigrante ~ pick-up 65/70% b) Secar (secagem intermedisria) em hot-flue ©) Fulardar no foulard de produtos quimicos, a 20 * Pick-Up 80/110% : * NaOH * NaS,0, * NaCl ou sulfato de sédio d) Vaporizar 15-45 $ a 102-105%C ¢) Lavar, oxidar ¢ ensaboar na lavadeira continua O esquema do processo pad-steamt esta ilustrado no Capitulo 18. TINGIMENTO DE FIBRAS CELULOSICAS COM CORANTES 237 3s de algodao com Indigo indigo, devido a sua baixa substantividade, nao ¢ emprega- do em processos por esgotamento, A sua grande aplicagao é no tingimento continuo de fios de urdume destinados a tecelagem de brins para jeans, Sao usadas maquinas especialmente fabri- cadas para esse fim, cujo esquema esta ilustrado na Figura 5. O corante é pré-reduzido em tina-mae com NaOH + hidrosulfito de s6dio, junto com um dispersante (potencial redox 950 mV). Ua a” 2.3.4 Tingimento de Umectante nao Espumante Humectante sin Espu Agua ‘Agua X g/l Hidrosulfite de sédio X g/t hidrosulfito de sodio Y gil Soda céustica 50°Bé (pH 12-12,5/720-750 mV) Y gf sosa caustica £0°B¢ (pH 12-12,57720-750 mV) Zl Azul indigo W gil Umectante Wat Humectante 2 3 4 5 6 Z gf. Azul indi i 9. igo 8 9 Agua 10 aq Engomagem Engomado, 2 = | Figura 5 Tingimento de fios de urdume de algodao com corante indigo Tintura de hilos de urdime de algodon con colorant indigo 3. DEFEITOS NOS TINGIMENTOS COM CORANTES A TINA — CAUSAS PROVAVEIS 1, Manchas escuras Causas provaveis: * Oxidagao parcial dos banhos de tingimento ~ insuficiente quantidade de soda céustica e ou hidrosulfito de sédio * Reforcgo dos banhos de tingimento — na adigao de soda cdustica cone. haver contacto direto com o substrato (efeito de caustiticagaio) * Diferengas de tensio no jigger — ourelas escuras pelo teci- do desviar no enrolamento, Especialmente em jigger So- brecarregado ou com banhos muito curtos 238 Tingimento Téxtil IL. Manchas claras Caus “T insuficiente — merceri: * Maneh * Danificagao da celulose por contato com dcidos inorgani- cos € ressecamento parcial s provaveis: atamento prévio irregular — desengomagem ou purga cao irregular ‘as de bolor * Formagao de oxicelulose no cozimento ou alvejamento em autoclaves * Algodao morto * Sensibilidade de certos corantes & luz solar (ourelas claras) * Formacao de tina acida — quando se faz 0 reforgo de hi- drosulfito em banhos contendo pouca alcalinidade, moti- vando acidez pelo excesso de hidrosulfito. Em jigger, for- mam-se ourelas mais claras IIL Tingimentos riscados Causas provaveis: * Misturas de fios de diferentes procedéncias * Viscose com diferentes graus de maturagao * Diferencas de tensao no urdume ou na trama * Emprego de fios com titulos ou torgoes diferentes IV. Ma solidez a friccao Causas provaveis: * Oxidagao parcial do corante na tina-mae em banho curto demais ou devido ao prolongado repouso antes de usi-lo no tingimento * Precipitagao do corante no banho no final do tingimento por insuficiéncia de redutor * Ensaboa: nto imperfeito Tingimento em agua dura

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