You are on page 1of 22
Indice {t" JUSTICA:TERCEIRO GRANDE CONSENSO MOCAMBICANO Severino Neoenha oog. 5} DWRETO: UNM NECESSARIA PROBLEMATIZACAO ‘ARCENIO FRANCISCO CUCO (png 17) SOUZA, NGOENHA E 0 TEMA DA UsTiCA: Camas OE NSOENKA A PARTIDO CONCETO SOUZANO DE UST Como 038 sca (po. 50) qUIVOCOS bo ESTADO De omRETO | usc ume 09.70) MOCAMBICANO ‘AFORMAGKO DA PRM EM oIREITOS HUMANS ‘oura Ante Mtaueleqve fog. 89) AAO PANAL NEGATIVONOS PASS EM VAS De DeSENVOLWIMENTO: ‘A AUTORIDADE JURIDICA EM cRiSe wis Gviano Manuel gag 114) JUSTCA UIBEROADE EDIREITOS HUMANS |Mério Alberto Viegos (pa. 135) conan 20 USO PUBLIC DA RAZKO EO PRIcPO DA LeGmUADADE Democranica, ape ean PARA UMA EORI ETcO POUCA DA usnea oben Trego Tendai Chingor oog 151) ‘UBUNTU EA,UsT¢A soctAL ‘Anténi ds Santos Mebota (pag 184) PRRKDITOS OCUTOS WA LUZ DE ReFLEXOES SOBRE JUSTGA Thomas Kesseing (209 203) [PARA A POSSIBILIDADE DE UMA JUSTICA DE BASE AFRICANA ‘Série S00 Bermordo(pog 222) POR UMA JUSTCA cosTUREIRA, ‘Severino Ngcenha (pag 249) coonbeoor: seven e nsotina CoLAsonAoon atc rac, ao To CiSOD!0 DUN Aut TOMO Rca oe MAQUETUACh: REA CEIGN IPRSsAo: fa eon ‘tn Do Esto eres went aSsaois ‘Rancieo: unc0 WACONA BE EsNeAcho Eevressoment ras ero DIREITO: UMA NECESSARIA PROBLEMATIZAGAO AncéNto Francisco cucd ‘CONSIDERAGOES INICIAIS € indubitével que o mundo vem registando, nos dltimos tempos, uma acelerada transformacSo, particularmente com o advento da evolucSo tecnolégica. Esta situagiotem levado a que varias reas de conhecimento se vejam numa stuago deter que se adaptara fessas mudanas. Mocambique, fazendo parte deste mundo, no esta alheia a situagdo.Implica que todos os campos de conhecimento, também devem sesujltara estas transformacio. Para 0 campo do Direito, esta sujeicdo € ainda um pouco mais delicada no noss0 caso. Isto porque, onosso Direito, ¢ uma heranga colonial, Como ta nfo representa as caracteristicas culturaisdesses povos (emalgum momento baseadas em mitos ecrenga tradicionals), mas sim os interesses dos colonizadores, Por conseguinte, no foram tomados em consideragao, no ato da sua criacio, os usos e costumes destas, embora, hodiernamente, se verifique uma tendéncia de se introduzir (timidamente) algumas reformas legais* com vista a salvaguardar alguns usos e costumes locals. Essa situagSo torna-se bastante controversa quando se toma em consideragio que as normas juridicas regulam os aspectos mais relevantes da vida em Sociedade. E quando essa sociedade no ‘se identifica oundo se revé nessas normas, ak mesmas podem provocarfocos dediscérdias efoucontitos. Para além desta situacio, ests o fato de exstrem vérias estruturas comunitéras, ‘algumas que se arrastam desde o periodo colonial (autoridades tradicionals/régulos, ccurandeiros), outras resultantes das irrupcées politicas que sesucederam logo depois da Independencia (grupos dinamizadores, secretérios dos bairros, chefes de células,chefes das 10 casas, religiosos, medicina tradicional, ONGs, etc), concretamente, o sistema socialista (Introduzido logo apés a independéncia, em 1975 até 1990) e o sistema democrético (que vigora desde 1990). Cada uma dessasestruturas exerce um determinado eeciacheaen ion embetter ‘encase neg oe om nr trench etnies ne cmararsiare do tipo de poder que confluicom outros dentro da mesma comunidade, o que torna arelaco entre estes eo sistema deustica ofcalconfltant, Podemos dizer em outras palavras que, para além dos desafios que a evolugio tecnoldgica vem acrescentar,o Direito Mocambicano tem ainda esta divida por saldarcom hheranca juridica colonial e os diferentes sistemas normativos locals que regem as relagBes de convivéncias entre diferentes comunidades mocambicanas que, multas das vezes ‘atuam fora do que o sistema normativo estatal imp8e. Fora disso, temos um défice de rodugdes cientificas no campo do Direito no pats que problematizem ou teorizem estas ‘quest&es, basicamente para apoiar 0 legislador em matéria de enquadramento legal das ‘mesma. 0 debate, neste campo, est preso a0s 6rgdos de comunicagées.€, alguns grandes jursta do pais de que se deveria esperar grandes produgdes, tem contribuido muito pouco para que o debate transcenda o campo da comunicaglo. Os que tém tentado fazer alguma coisa, limitam-se 9 produsdo de tectos de autoajuda como, por exemplo, “conselhos valiosos para profssionais principiantes”, Penso que.este ainda no & momento de produgio de textos de auto-ajuda, mas sim, de pensarmos o direito que queremos para ‘Mogambique, As nossas produges deveriam se circunscrever para esse sentido. Pois, textos dessa natureza (autoajuda) em nada contribuem para a evolugdo do Direito Mogambicano, Pelo contrério, servem, apenas, para transformar esses principiantes em instrumentos das normasjuridicase ncapazes de refletir sobre as mesmas por nfo terem aportes necessérios para assim o fazerem. Por isso que insisto que aflosofia do direto ea riminologia so fundamentais para dotar esses jovem de capacidades reflexivas necessérias para questionar essas norma, quigS, a partir dai uscarmos fundamentos que 'ospossibiltem pensar num direito com uma certa dose de mo¢ambicanidade. Se estamos a dizer que, 0 campo de direito, nfo ficou alheio as mudancas acimas referidas, estamos também a dizer que o Direito Mogambicano, também, ndo deve estar alheio a elas. Por isso, deve ser problematizado tendo em conta todas estas mudangas. 56 ue, a0 longo dos quarenta e quatro anos da independéncia de Moambique parece queo \inico campo de conhecimento que no evoluiu no pais seja 0 campo do Direito Paradoralmente, & lé onde depositzmos as nossas vidas em todas as esferas (socal, polity, economico, etc). Reltero que precisamos trabalhar um pouco mais em produgSes

You might also like