You are on page 1of 4

As bacias de dissipação USBRI são estruturas terminais dos vertedouros usados para

dissipar a energia hidráulica do escoamento que se dá por meio da formação do ressalto


hidráulico. Essas estruturas são utilizadas para um faixa de números de Froude que varia
de 1,7 até 10. A bacia tipo I consiste em uma laje plana que deverá formar o ressalto
hidráulico no seu interior, e no final desta bacia existe uma soleira terminal, que protege
a bacia das erosões e evita que matérias do leito de jusante entrem na bacia.
De acordo com Porto (1999, p. 335): O ressalto hidráulico ou salto hidráulico é o
fenômeno que ocorre na transição de um escoamento torrencial ou supercrítico para um
escoamento fluvial ou subcrítico. O escoamento é caracterizado por uma elevação
brusca no nível d’água, sobre uma distância curta, acompanhada de uma instabilidade
na superfície com ondulações e entrada de ar do ambiente e por uma consequente perda
de energia em forma de grande turbulência. Esse fenômeno está associado a estruturas
hidráulicas, como os vertedouros, comportas, dissipadores de energia, degraus,
obstáculos, transições bruscas e dentre outras, nas quais são desenvolvidas onde um
rápido escoamento da água corrente pode ser transformado em um fluxo calmo por
meio de um ressalto, capaz de dissipar a energia abaixo de estruturas hidráulicas. Além
disso, a forma deste fenômeno e as características do escoamento podem ser
relacionados com o fator cinético do fluxo, com a vazão de descarga na entrada da
bacia, a profundidade crítica do fluxo e com o número de Froude que determina a
condição do fluxo.
O ressalto clássico, é o ressalto sobre a superfície horizontal que pode ocorrer de pelo
menos de quatro formas diferentes, no qual as características internas e a absorção de
energia no ressalto variam em cada forma e estão relacionadas ao número de Froude.
Para um número de Froude entre 1,7 e 2,5, há um pré-ressalto que não gera problemas
na bacia de dissipação, a superfície da água é suave e a distribuição de velocidade no
canal de fuga é uniforme e a energia dissipada é pequena. Para números entre 2,5 e 4,5,
encontra-se o ressalto pulsante, desta oscilação é produzida uma onda de grande período
irregular que pode causar erosões nas margens. Para Froude entre 4,5 e 9,0, o ressalto
hidráulico é estabilizado, dissipando entre 45% e 70% da energia de entrada. E para
Froude acima de 9,0, o ressalto é forte, apresenta uma agitação intensa da superfície que
se propaga para jusante por uma longa distância e a perda de energia é alta e pode
alcançar 85% da energia de entrada.
Na superfície dos vertedouros do tipo Creager são inclinadas e essa característica física
faz com que a posição do início do ressalto varie em função da relação entre a altura de
água sobre o fundo da bacia e a altura conjugada lenta, tornando necessário projetas
bacias de dissipação que garantam que o início do ressalto ocorra no pé da estrutura. Os
ressaltos podem ser classificados em diferentes tipos de acordo com a posição no pé do
vertedouro (início) e no fim do ressalto:

. tipo A: quando o início do ressalto está exatamente sobre o ponto de tangência entre a
curva e o trecho horizontal
. tipo B: intermediário entre o ressalto A e o C, o ressalto inicia sobre a superfície do
vertedouro termina sobre o trecho horizontal
. tipo C: ressalto inicia sobre a superfície do vertedouro e termina acima do ponto de
tangência entre a curva e o trecho horizontal
. tipo D: ressalto encontra-se totalmente sobre o vertedouro, ocorrendo somente com
grandes graus de submergência
.Cl: ressalto clássico.
A estrutura do ressalto hidráulico depende fundamentalmente das suas alturas
conjugadas e do seu comprimento. Elas determinam o tipo de ressalto e as
características como o comprimento do rolo e do próprio ressalto. Estas alturas
correspondem à espessura da lâmina d’água no início do ressalto (yr, altura conjugada
rápida) e a espessura da lâmina d'água no final do mesmo (yl, altura conjugada lenta). A
diferença, yl-yr, chama-se altura do ressalto. Já os comprimentos característicos do
ressalto como o comprimento do rolo, comprimento do ressalto, comprimento da
influência do ressalto são parâmetros que não possuem consenso na bibliografia,
entretanto são de extrema importância no cálculo de estruturas de dissipação. O
comprimento do rolo (Lr) é definido como sendo a distância desde a seção onde ocorre
altura conjugada rápida yr, até a seção onde a altura da lâmina d’água atinge 90% da
altura conjugada lenta yl. O comprimento do ressalto (Lj) é maior que o comprimento
do (Lr) e vai desde o início do ressalto até a seção onde a altura da lâmina d’água é de
aproximadamente 95% da altura conjugada lenta yl. E por fim, o comprimento da
influência do ressalto (Ln) é definido como a seção onde a altura da lâmina d’água
atinge a profundidade da altura conjugada lenta yl e todas as características do
escoamento passam a ser idênticas às características de um escoamento em regime
uniforme. Além desses parâmetros, é crucial analisar a parte hidráulica e o estudo das
distribuições das pressões.
No dimensionamento de uma bacia de dissipação por ressalto hidráulico, torna-se
necessário definir as características do escoamento a entrada da bacia e do escoamento
de água na seção de restituição. Para isso deve determinar: a velocidade no pé do
vertedor (vr), a altura da lâmina d’água e número de Froude no início do ressalto (yr e
Frr),a altura da lâmina d’água no final do ressalto (yl), o comprimento da bacia (Lb), a
espessura da bacia e ancoragem (e), a altura dos muros laterais (CL),o raio de transição
(R) e as dimensões e forma da soleira. O projeto dessas estruturas é em função do
desnível criado pela construção da obra, da vazão específica de projeto, das condições
de operação do aproveitamento, da geologia do local (grau de fraturamento, tipo de
rocha, etc.),do tipo de trecho de implantação da obra (leito encaixado ou espraiado)e
dos níveis a jusante da estrutura de dissipação. Para Marques (1991, p. 10), a escolha
do tipo de dissipador de energia adequado a cada caso depende da topografia e geologia
do local, do tipo de barragem, arranjo geral da obra, características hidráulicas, como
altura de queda e descargas específicas, comparação econômica com outros tipos de
dissipadores, frequência de operação do descarregador de cheias, facilidades de
manutenção dos riscos associados a danos e rupturas. Para Ortiz (1982, p. 335) o
conhecimento das velocidades possibilitar um projeto mais adequado e mais econômico
de revestimento do canal a jusante. Outro parâmetro é a vazão que vai escoar sobre estas
estruturas, vazão utilizada nos projetos de bacias de dissipação é na maioria dos casos, a
cheia máxima de projeto do vertedouro. Caso o projetista possua experiência, e queria
algo mais econômico, pode-se assumir um risco e projetar a bacia para uma vazão
menor e mais frequente e realizar reparos quando vazão escolhida Q for ultrapassada. O
nível d’agua correspondente à descarga da enchente máxima deve ser conhecido para o
cálculo de uma bacia de dissipação do vertedouro. Como também deverão ser
empregados dados hidrográficos e meteorológicos de tempos passados, para pressupor
como serão as condições futuras que podem ser as mesmas ou semelhantes.

No dimensionamento de vertedouros deverão ser consideradas as diferentes situações de


escoamento possíveis de ocorrência para reduzir o tamanho da bacia de dissipação. A
metodologia para o dimensionamento de uma bacia de dissipação por ressalto hidráulico
avalia uma serie de parâmetros. O primeiro parâmetro fundamental é a cheia de projeto
(Qp) que é definida por meio de tabelas idealizadas pelo Comitê Brasileiro de Grandes
Barragens (CBGB) e pela Eletrobrás. A escolha definitiva da cheia deve obedecer
seguintes critérios mínimos:

a) a vida econômica de uma barragem deve ser maior ou igual a 100 anos;

b) a vazão de projeto do vertedouro Qp ≥ 100 anos de Tr;

c) QCMP ≥Qp≥ Q100, isto é, a vazão de projeto do vertedouro deve estar entre a

cheia máxima provável e a cheia de 100 anos de Tr;

d) Q10.000≤ Qmaxmax ≤QCMP, isto é, a cheia máxima maximorum deve estar compreendida
entre as cheias de 10.000 de tempo de retorno e a cheia máxima provável
(FONTENELLE, 20079apud MARQUES, 2010);

e) se Qmax > 3 Q100, esta obra necessita de um vertedouro de emergência.

O segundo parametro é a largura da bacia que dever ser definida a partir das
características do vertedouro, da topografia e geologia do local e o custo da construção.
Ela é a soma dos vãos de vertedouro mais a espessura dos pilares. O Terceiro
parâmetro, e o ressalto hidráulico, definido pela velocidade do escoamento no início do
ressalto (vr), as alturas conjugadas rápida (yr) e lenta (yl) e o número de Froude (Fr) no
trecho rápido. O quarto, é a cota de fundo, que deve ser definida de forma que o ressalto
seja formado sempre na transição do vertedouro para a bacia de dissipação ou à
montante desta, independente da vazão que estiver ocorrendo. Sua determinação
consiste em analisar a curva chave do escoamento, que é a curva que correlaciona vazão
e profundidade de fluxo e verificar qual será a cota do nível de jusante (Nj) para uma
série de vazões e qual será yl requerida para cada uma delas. Esta comparação vai
resultar em quatro casos diferentes e a partir da interpretação destes será possível
determinar se há a necessidade rebaixar a Cf da bacia de dissipação e para que faixas de
vazões (Q) esta solução deverá ser projetada.

No caso I, a profundidade do Nj é sempre menor que a yl, no caso II caracteriza-se pela


condição de que a profundidade do Nj é sempre superior à altura yl necessária para
formar o ressalto hidráulico, no caso III ocorrem duas situações: para as vazões mais
baixas, a curva da altura requerida yl do ressalto está acima da curva chave Nj e para as
vazões mais altas, a curva da altura requerida yl do ressalto está abaixo da curva chave
Nj . E por fim, no caso IV ocorre o oposto do anterior.

You might also like