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Questão 01)
Texto
O CÂNTICO DA TERRA
Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.
Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.
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Julgue os itens que seguem.
01. “Terra”, quer como substantivo próprio (título), quer como substantivo
comum (l. 1), apresenta sempre um mesmo significado.
02. Todos os cinco verbos da última estrofe do poema (l. 34 a 40) se
apresentam nos mesmos modo, tempo, número e pessoa gramaticais.
03. As constantes inversões sintáticas das frases em nada prejudicam a
compreensão do texto.
04. O tom dialógico, presente em todo o poema, justifica o uso, ora da
primeira, ora da terceira pessoa.
05. A primeira pessoa do plural, na última estrofe (l. 34 a 40), implica uma
estratégia semântico-morfológica de convencimento a uma ação nossa
mais harmoniosa com a Terra.
Questão 02)
a) “Se eu não tivesse atento e olhado o rótulo, o paciente teria morrido”,
declarou o médico.
Reescreva a frase acima, corrigindo a impropriedade gramatical que nela
ocorre.
b) A econologia, combinação de princípios da economia, sociologia e
ecologia, é defendida por ambientalistas como maneira de se viabilizarem
formas alternativas de desenvolvimento.
Reescreva a frase acima, transpondo-a para a voz ativa.
Questão 03)
Assinale a alternativa em que há quebra de paralelismo GRAMATICAL:
a) É preciso que os jovens encontrem um motivo especial para se
apaixonarem pela ciência.
b) Para tal, seria necessário que os cientistas igualmente fossem contadores
de estórias, inventores de mitos, presenças mágicas.
c) O flautista de Hamelin atraía crianças e adolescentes porque era feiticeiro
e sua flauta era encantada.
d) As coisas não acontecem por acaso: toda iniciação contém uma magia,
um encontro de amor, um deslumbramento no olhar...
e) A motivação é importante por ser daí que nascem as grandes paixões e
porque é daí que vem a disciplina.
Questão 04)
O texto a seguir, copiado de uma propaganda anunciada na revista "Isto É",
de 06/09/2000, apresenta um recurso discursivo chamado "círculo vicioso" e
servirá de referência para as questões 04 e 05.
"As pessoas estão mais inteligentes porque estão lendo mais o Estadão, ou
estão lendo mais o Estadão porque estão mais inteligentes?"
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a) As pessoas estão lendo mais o Estadão porque estão mais inteligentes,
ou estão mais inteligentes porque estão lendo mais o Estadão?
b) As pessoas estão lendo mais o Estadão porque estão mais inteligentes,
ou porque estão lendo mais o Estadão estão mais inteligentes?
c) As pessoas estão mais inteligentes porque estão lendo mais o Estadão,
ou porque estão lendo mais o Estadão estão mais inteligentes?
d) Porque estão lendo mais o Estadão as pessoas estão mais inteligentes
ou porque estão mais inteligentes estão lendo mais o Estadão?
e) As pessoas estão mais inteligentes porque estão lendo mais o Estadão,
ou porque estão mais inteligentes estão lendo mais o Estadão?
Questão 05)
Detenho-me diante de uma lareira e olho o fogo. É gordo e vermelho, como
nas pinturas antigas; remexo as brasas com o ferro, baixo um pouco a tampa
de metal e então ele chia com mais força, estala, raiveja, grunhe. Abro: mais
intensos clarões vermelhos lambem o grande quarto e a grande cômoda
velha parece regozijar-se ao receber a luz desse honesto fogo. Há chamas
douradas, pinceladas azuis, brasas rubras e outras cor-de-rosa, numa
delicadeza de guache. Lá no alto, todas as minhas chaminés devem estar
fumegando com seus penachos brancos na noite escura; não é a lenha do
fogo, é toda a minha fragata velha que estala de popa a proa, e vai partir no
mar de chuva. Dentro, leva cálidos corações.
(Rubem Braga)
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Questão 07)
De todos esses periquitinhos que tem no Brasil, tuim é capaz de ser o menor.
Tem bico redondo e rabo curto e é todo verde, mas o macho tem umas penas
azuis para enfeitar. Três filhotes, cada um mais feio que o outro, ainda sem
penas, os três chorando. O menino levou-os para casa, inventou comidinhas
para eles; um morreu, outro morreu, ficou um.
(Rubem Braga)
Questão 08)
A carruagem parou ao pé de uma casa amarelada, com uma portinha
pequena. Logo à entrada um cheiro mole e salobro enojou-a. A escada, de
degraus gastos, subia ingrememente, apertada entre paredes onde a cal
caía, e a umidade fizera nódoas. No patamar da sobreloja, uma janela com
um gradeadozinho de arame, parda do pó acumulado, coberta de teias de
aranha, coava a luz suja do saguão. E por trás de uma portinha, ao lado,
sentia-se o ranger de um berço, o chorar doloroso de uma criança.
(Eça de Queirós, O primo Basílio)
Questão 09)
Considerando-se a relação lógica existente entre os dois segmentos dos
provérbios adiante citados, o espaço pontilhado NÃO poderá ser
corretamente preenchido pela conjunção mas, apenas em:
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a) Morre o homem, (...) fica a fama.
b) Reino com novo rei, (...) povo com nova lei.
c) Por fora bela viola, (...) por dentro pão bolorento.
d) Amigos, amigos! (...) negócios à parte.
e) A palavra é de prata, (...) o silêncio é de ouro.
Questão 10)
Há conotação em:
a) As palavras da moda não custam nada.
b) Soa melhor em português do que no original.
c) O homem pensou, murmurou um "bem" reticente.
d) Nem só do português se faz o modismo.
e) Não naquele tom culto, mas com certo requebro.
Questão 11)
Encontra-se uma relação explicativa em:
a) baixei uma medida provisória lá em casa: tolerância zero em prestação!
b) palavras do inglês são uma necessidade – perdão, um must.
c) dei muita volta para cair de novo no mesmo táxi do começo da crônica.
d) fiquei curioso por saber do motorista se estava bom o movimento.
e) arrematou em bom som: – Está em viés de baixa, doutor.
Questão 12)
Do avião saltamos para a jardineira, a caminho da cidade. A princípio, só
o trajeto aborrecido, na pressa de chegar. Que fazer desses ermos
lobrigados de passagem, que nos sensibilizam a vista, e daqui a pouco
esqueceremos na contemplação de outras formas naturais menos secas?
Há uma lagoa na região, e não se deixa ver. De repente começamos a
sentir que essa terra humilde vai nos interessando, em seu desconforto. O
mato dos barrancos perdeu o verde nativo; tudo ficou vermelho, amarelo ou
pardo, tocado de pó incansável. Como se chamam esses vegetais, só
Riobaldo Tatarana sabe, e hei de consultá-lo na volta. A paisagem toca pelo
que não tem, pela pobreza calma. Não há imprevisto. Nos postos de grama
pouca, só as grandes bossas dos cupins se expõem, bichos imobilizados. E
à paz do campo mineiro se ajunta, aprofundando-a, a paz do domingo
mineiro.
Nunca será tão domingo como aqui, e domingo e domingo de eternidade
se concentram em vigorosa dominicalização. Não acontecer nada, que
beatitude! Deixar o mato crescer – mas o próprio mato foge à obrigação, e
goza o domingo. Lá estão o touro zebu e seu harém de nobres e modestas
vacas – porque o zebu alia à majestade indiana a placidez das Minas, e boi
nenhum se fez tão mineiro quanto esse, e bicho nenhum é tão mineiro quanto
o boi, em seu calado conhecimento da vida, sua participação no trabalho. O
rebanho amontoa-se em círculo, algumas reses em pé, outras deitadas,
chifres cumprimentando-se sem ruído. Parece um só boi espalhado,
maginando. Com o pincel do rabo, executa o milenar movimento de repelir a
mosca, se é que não o pratica pelo prazer de abanar-se. Mas há bois
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esparsos, bois solitários, que se postam junto a árvores, aparentemente
recolhidos; ou fitam o carro que levanta poeira sobre a poeira habitual, e
ruminam não sei que novelas de boi.
A terra é um universal domingo, as estampas não se destacam,
desaparecem na série. Figura humana é que custa a aparecer. Só o
garotinho que brincava no barro, entre galinhas, e o braço de homem, no
fundo escuro da casa desbeiçada, erguendo a garrafa.
Carlos Drummond de Andrade
Questão 13)
…estudos que o distanciam de seus interesses imediatos: são as chamadas
disciplinas técnicas [...] que mais lhe interessam.
Questão 14)
Há conotação em:
a) "movimentos na economia" provocam cíclicas retrações no sistema de
produção.
b) Passa-se pelas chamadas disciplinas de "humanidades".
c) Ei-lo às voltas com estudos que o distanciam de seus interesses
imediatos.
d) Uma vez profissional, torna-se mais leve a luta pela sobrevivência.
e) Um obstáculo a mais na maratona sempre perigosa do viver.
Questão 15)
A sociedade brasileira é violenta, sim; cordialmente violenta, desde a
colonização. Mas o clima de medo em que vivemos hoje, incentivado e
fomentado por programas pseudojornalísticos no rádio e na TV, além
de dezenas e dezenas de enlatados violentíssimos, produz efeitos de
pura paranóia. O desconhecido no ônibus, na fila do banco, o sujeito que
esbarra no outro numa calçada apinhada são vistos antes de mais nada
como uma ameaça. Vivemos com o dedo no gatilho, prontos para “nos
defender”. Só não temos defesa contra as próprias fantasias.
Maria Rita Kehl
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Assinale a alternativa que contém uma reescrita do trecho em negrito
adequada ao contexto.
a) Incentivado e fomentado por programas pseudojornalísticos do rádio e
da TV, o clima de medo em que vivemos hoje produz muitos filmes
violentos, além de efeitos de pura paranóia.
b) Vivemos hoje um clima de violência, porque a população é incentivada
pelos programas violentos do rádio e da TV, que são conseqüência da
paranóia do homem moderno.
c) O clima de medo em que vivemos hoje – incentivado por enlatados
violentíssimos e por programas pseudojornalísticos do rádio e da TV –
produz efeitos de pura paranóia.
d) Vivemos hoje um clima de paranóia generalizada – na TV, no rádio, ou
na vida real – devido ao aumento exacerbado da violência causada pelo
medo.
e) Incentivados por programas pseudojornalísticos do rádio e da TV, por
enlatados e pela paranóia, criamos um clima de violência que tem gerado
muito medo em nossa sociedade.
Questão 16)
Capítulo XXXII
Olhos de ressaca
Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso houve, porém, no qual
não sei se aprendeu ou ensinou, ou se fez ambas as cousas, como eu. É o
que contarei no outro capítulo. Neste direi somente que, passados alguns
dias do ajuste com o agregado, fui ver a minha amiga; eram dez horas da
manhã. D. Fortunata, que estava no quintal, nem esperou que eu lhe
perguntasse pela filha.
– Está na sala penteando o cabelo, disse-me; vá devagarzinho para lhe
pregar um susto.
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Questão 17)
“De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesiddae ignlsea, não ipomtra
em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csoia iprotmatne é
que a piremria e a úlmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma
ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não
lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plaravaa cmoo um tdoo.”
Não, o trecho acima não foi publicado por descuido. Trata-se de uma
brincadeira que está circulando na internet, mas que é baseada em princípios
científicos: “O cérebro aplica um sistema de inferência nos processo de
leitura. Esse sistema, chamado ‘sistema de preenchimento’, se baseia em
pontos nodais ou relevantes, a partir dos quais o cérebro completa o que falta
ou coloca as partes corretas nos seus devidos lugares”, explica o
neurologista Benito Damasceno.
Esse mecanismo não funciona apenas com a leitura: “Quando vemos
apenas uma ponta de caneta, por exemplo, somos capazes de inferir que
aquilo é uma caneta inteira”, diz Damasceno.
Evanildo da Silveira
Questão 18)
Examine as sentenças abaixo e, depois, assinale a alternativa CORRETA.
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Questão 19)
Questão 20)
a) a personificação.
b) a rima.
c) o processo de formação de palavras.
d) o trocadilho.
e) a frase feita.
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Questão 21)
Leia o texto e responda a questão a seguir:
Não faz muito tempo assim, um deputado-cartola disse para quem quisesse
ouvir que, quando vendeu um craque para o La Coruña, da Espanha, ele teve
um trabalhão para depositar numa conta na Suíça parte do dinheiro devido
ao jogador, como havia sido combinado. Comunicou o fato a telespectadores
de uma mesa-redonda com a mesma tranqüilidade com que sonegou a
informação à Receita. Quem tem dinheiro, poder, notoriedade ou um bom
advogado não costuma passar por grandes apertos. No retrato da nossa
pátria-mãe tão distraída, jogadores de futebol são os adventícios que chegam
aos andares de cima da torre social, como recompensa por um talento
excepcional, o que, convenhamos, é mérito raro. Mas isso não lhes confere
isenções fiscais.
Se o Leão ficar arisco para repentinos sinais exteriores de riqueza, vai
empanturrar-se de banquetes fora dos gramados.
(Flávio Pinheiro. Veja, 27 de agosto de 1997, com adaptações)
Questão 22)
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a) as rimas entre Niciga e nicotina.
b) o uso de metáforas como “força de vontade”.
c) a repetição enfática de termos semelhantes como “fácil” e “facilidade”.
d) a utilização dos pronomes de segunda pessoa, que fazem um apelo direto
ao leitor.
e) a informação sobre as consequências do consumo do cigarro para
amedrontar o leitor.
Questão 23)
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Questão 24)
Leia as manchetes de jornais:
Questão 25)
(...)
O segundo exemplo é de conhecimento de muitos: uma peça publicitária
que, para enaltecer as qualidades de um carro, compara dois atores, um
considerado um grande ator e o outro, um ator grande. Nesse comercial, é
um brasileiro que se presta a ocupar o lugar de ator grande (com atuação
considerada muito ruim em sua profissão). Foi dessa maneira que ele saiu
do ostracismo e voltou a ser "famoso".
Muitos jovens enalteceram a coragem do moço, sua beleza e o dinheiro que
ele ganhou para fazer parte dessa campanha. (...)
(SAYÃO, Rosely. Folha de São Paulo, 13/09/2011)
a) pobre homem.
b) estrela esportista.
c) poesia simples.
d) novo modelo.
e) homem algum.
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Questão 26)
Questão 27)
Considere o texto apresentado abaixo.
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I. repetição de um mesmo padrão sintático, como em Destelhadas estão
as casas, Incandescentes estão os muros, Vermelhas estão as águas;
II. ritmo bem compassado, em virtude da regularidade métrica dos versos;
III. manutenção de um sujeito indeterminado, de modo a revestir de mistério
a autoria das ações narradas.
a) I.
b) II.
c) III.
d) I e II.
e) II e III.
Questão 28)
Uma frase é considerada ambígua quando possibilita mais de uma leitura e
interpretação.
Texto 1
Texto 2
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Elemento causador da ambiguidade:
Leitura 1:
Leitura 2:
Questão 29)
Em uma das manchetes jornalísticas abaixo está presente uma expressão
paradoxal. Assinale-a:
Questão 30)
Leia os dois quartetos do soneto Moralidade sobre o Dia de Quarta-Feira de
Cinza, de Gregório de Matos.
Questão 31)
PRAIA NUA
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No verso “Mar azul também suas ondas estancou”, a palavra destacada
pode ser substituída sem perda de sentido por:
a) estagnou.
b) vedou.
c) paralisou.
d) comprimiu.
e) refreou.
Questão 32)
a) Vai e volta
b) Espicha e encolhe
c) Enrola e desenrola
d) Bate e volta
Questão 33)
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Relógio
As coisas vão
As coisas vêm
As coisas vão
As coisas
Vão e vêm
Não em vão
As horas
Vão e vêm
Não em vão.
(Andrade, Oswald de. Poesias. Rio de Janeiro: Agir.)
Acerca do poema de Oswald de Andrade, é correto afirmar que
a) a forma dos versos é mais importante que o seu conteúdo.
b) o eu lírico apresenta-se confuso em relação ao papel das “coisas”.
c) nos versos 6º e 9º, a palavra “vão” tem valor diferente dos demais.
d) a palavra “coisas” deve ser substituída por “objetos”, evitando repetição.
Questão 34)
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No texto, a repetição da mesma resposta a diferentes perguntas constitui
Questão 35)
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verifica-se que estão corretas
Questão 36)
Disponível em:
http://www2.uol.com.br/laerte/tiras/dia-a-dia/empregos/tira1.gif.
Acesso em: 08 nov. 2013
Questão 37)
Observe o texto a seguir.
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a) ambiguidade
b) intertextualidade
c) contradição
d) metalinguagem
Questão 38)
“Eu acredito firmemente que os jovens devem ingressar na política, até
mesmo como um gesto de sacrifício pela nação”. Alain de Botton, em
entrevista à Revista Filosofia, nº 36, 2012.
Questão 39)
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Questão 40)
No texto abaixo, há uma presença significativa de metáforas que auxiliam na
construção de sentidos.
a) No trecho “Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu
cais, a minha rota”, há metáforas que expressam a experiência do autor
com a leitura. Escolha uma dessas metáforas e explique-a, considerando
seu sentido no texto.
b) O texto mostra que a experiência de leitura promove uma importante
mudança subjetiva. Explique essa mudança e cite dois trechos nos quais
ela é explicitada.
Questão 41)
Para o Mano Caetano
1
O que fazer do ouro de tolo
Quando um doce bardo brada a toda brida,
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
4
Geografia de verdades, Guanabaras postiças
Saudades banguelas, tropicais preguiças?
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A boca cheia de dentes
7
De um implacável sorriso
Morre a cada instante
Que devora a voz do morto, e com isso,
10
Ressuscita vampira, sem o menor aviso
[...]
E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo
Tipo pra rimar com ouro de tolo?
13
Oh, Narciso Peixe Ornamental!
Tease me, tease me outra vez *1
Ou em banto baiano
16
Ou em português de Portugal
Se quiser, até mesmo em americano
De Natal
[...]
*1
Tease me (caçoe de mim, importune-me).
LOBÃO. Disponível em: http://vagalume.uol.com.br.
Acesso em: 14 ago. 2009 (adaptado).
Questão 42)
Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido;
não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para
conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino
fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma
escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí
têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a
gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece
impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um
sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do
falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos,
fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau,
Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava,
afetuosamente, de Raquer.
Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 (fragmento adaptado).
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Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística
que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características
regionais exploradas no texto manifestam-se
a) na fonologia.
b) no uso do léxico.
c) no grau de formalidade.
d) na organização sintática.
e) na estruturação morfológica.
Questão 43)
SE NO INVERNO É DIFÍCIL ACORDAR,
IMAGINE DORMIR.
Questão 44)
Leia os quadrinhos.
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(Velati. Folha de S.Paulo, 24.07.2014.)
Questão 45)
As palavras finais do conto "Teoria do medalhão", de Machado de Assis, são
as seguintes: "Rumina bem o que te disse, meu filho. Guardadas as
proporções, a conversa desta noite vale o Príncipe de Machiavelli. Vamos
dormir." Em tais palavras pode-se identificar o seguinte recurso literário
bastante explorado por Machado:
Seja eu,
Seja eu,
Deixa que eu seja eu.
E aceita
o que seja seu.
Então deita e aceita eu.
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Molha eu,
Seca eu,
Deixa que eu seja o céu.
E receba
o que seja seu.
Anoiteça e amanheça eu.
Beija eu,
Beija eu,
Beija eu, me beija.
Deixa
O que seja ser.
Então beba e receba
Meu corpo no seu corpo,
Eu no meu corpo
Deixa,
Eu me deixo.
Anoiteça e amanheça.
(Marisa Monte – Arnaldo Antunes – Arto Lindsay)
http://www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_todas.php?page=2
Questão 47)
Trabalhe, trabalhe, trabalhe.
Mas não se esqueça: vírgulas significam pausas.
Revista Língua Portuguesa, n.º 36,
outubro de 2008, p. 30.
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d) no duplo sentido da palavra pausas: pausa na escrita e pausa no
trabalho.
e) no objetivo de irritar o leitor no que se refere à sua rotina de trabalho
diária.
Questão 48)
As mãos de Ediene
Ediene tem 16 anos, rosto redondo, trigueiro, índio e bonito das meninas
do sertão nordestino. Vaidosa, põe anéis nos dedos e pinta os lábios com
batom. Mas Ediene é diferente. Jamais abraçará, não namorará de mãos
dadas e, se tiver filhos, não os aconchegará em seus braços para dar-lhes o
calor e o alimento dos seios da mãe. A razão é simples: Ediene não tem
braços. Ela os perdeu numa maromba, máquina do século passado, com
dois cilindros de metal que amassam barro para fazer telhas e tijolos numa
olaria. Os dedos que enche de anéis são os dos pés, com os quais escreve,
desenha e passa batom nos lábios. Ela é uma das centenas de crianças
mutiladas todos os anos, trabalhando como gente grande em troca de
minguados cobres.
UTZERI, F. As mãos de Ediene. Jornal do Brasil,
Caderno B, 2 dez. 1999 (adaptado).
Questão 49)
Quando Rubem Braga não tinha assunto, ele abria a janela e encontrava
um. Quando não encontrava, dava no mesmo, ele abria a janela, olhava o
mundo e comunicava que não havia assunto. Fazia isso com tanto engenho
e arte que também dava no mesmo: a crônica estava feita. Não tenho nem
o engenho nem a arte de Rubem, mas tenho a varanda aberta sobre a Lagoa
― posso não ver melhor, mas vejo mais. [...] Nelson Rodrigues não tinha
problemas. Quando não havia assunto, ele inventava. Uma tarde, estacionei
ilegalmente o Sinca-Chambord na calçada do jornal. Ele estava com o papel
na máquina e provisoriamente sem assunto. Inventou que eu descia de um
reluzente Rolls Royce com uma loura suspeita, mas equivalente à
suntuosidade do carro. Um guarda nos deteve, eu tentei subornar a
autoridade com dinheiro, o guarda não aceitou o dinheiro, preferiu a loura.
Eu fiquei sem a multa e sem a mulher. Nelson não ficou sem assunto.
CONY, C. H. Folha de S. Paulo. 2 jan. 1998 (adaptado).
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O autor lançou mão de recursos linguísticos que o auxiliaram na retomada
de informações dadas sem repetir textualmente uma referência. Esses
recursos pertencem ao uso da língua e ganham sentido nas práticas de
linguagem. É o que acontece com os usos do pronome “ele” destacados no
texto. Com essa estratégia, o autor conseguiu
Questão 50)
Cientistas solucionam origem de partículas de água em Saturno
A análise do modo como esse texto foi construído revela que a expressão
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a) “um problema” ( . 1) remete o leitor para “A origem dos vapores de água
na atmosfera superior de Saturno” ( . 3), segmento que se encontra na
frase seguinte.
b) “A descoberta” ( . 7) retoma “um problema que ficou sem solução
durante 14 anos.” ( . 1), segmento que aparece na primeira frase do
texto.
c) “O volume despejado” ( . 11) retoma “a composição química do planeta
que orbita.” ( . 9), segmento apresentado na frase imediatamente
anterior.
d) “O fenômeno” ( . 17) remete o leitor para “transparência dos vapores” (ℓ.
20), segmento que é apresentado na frase seguinte.
e) “esse encargo e achado” ( . 21) retoma “avanço da tecnologia” ( . 18),
segmento presente na porção anterior do texto.
Questão 51)
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Questão 52)
Azeite de oliva e óleo de linhaça: uma dupla imbatível
Rico em gorduras do bem, ela combate a obesidade, dá um chega pra lá
no diabete e ainda livra o coração de entraves
Ninguém precisa esquentar a cabeça caso não seja possível usar os dois
óleos juntinhos, no mesmo dia. Individualmente, o duo também bate um
bolão. Segundo um estudo recente do grupo EurOlive, formado por
instituições de cinco países europeus, os polifenóis do azeite de oliva ajudam
a frear a oxidação do colesterol LDL, considerado perigoso. Quando isso
ocorre, reduzse o risco de placas de gordura na parede dos vasos, a temida
aterosclerose – doença por trás de encrencas como o infarto.
MANARINI, T. Saúde é vital, n. 347, fev. 2012 (adaptado).
Questão 53)
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A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço anunciado,
funcionando como estratégia de persuasão em relação ao consumidor do
mercado gráfico. O recurso da linguagem verbal que contribui para esse
destaque é o emprego
Questão 54)
Perder a tramontana
Questão 55)
O seu cérebro é capaz de quase qualquer coisa. Ele consegue parar o
tempo, ficar vários dias numa boa sem dormir, ler pensamentos, mover
objetos a distância e se reconstruir de acordo com a necessidade. Parecem
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superpoderes de histórias em quadrinhos, mas são apenas algumas das
descobertas que os neurocientistas fizeram ao longo da última década.
Algumas dessas façanhas sempre fizeram parte do seu cérebro e só agora
conseguimos perceber. Outras são fruto da ciência: ao decifrar alguns
mecanismos da nossa mente, os pesquisadores estão encontrando
maneiras de realizar coisas que antes pareciam impossíveis. O resultado é
uma revolução como nenhuma outra, capaz de mudar não só a maneira
como entendemos o cérebro, mas também a imagem que fazemos do
mundo, da realidade e de quem somos nós. Siga adiante e entenda o que
está acontecendo (e aproveite que, segundo uma das mais recentes
descobertas, nenhum exercício para o seu cérebro é tão bom quanto a
leitura).
KENSKI, R. A revolução do cérebro. Superinteressante. ago. 2006.
Questão 56)
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d) metalinguagem, traduzindo e revelando os sentidos implícitos do termo
“esquerda”.
e) repetição do termo “direita” como forma de denunciar a opressão política.
Questão 57)
Questão 58)
a) o estrangeirismo.
b) a tautologia.
c) a verbosidade.
d) a ambiguidade.
e) a cacofonia.
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Questão 59)
Pendurada na Ucrânia
Questão 60)
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verifica-se que está(ão) correta(s)
a) I, II e III.
b) II e III, apenas.
c) III, apenas.
d) II, apenas.
e) I, apenas.
Questão 61)
Marque a opção que justifica a colocação do ponto e vírgula e da vírgula
utilizados por José de Alencar no período.
“Depois Iracema quebrou a flecha homicida; deu a haste ao
desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.”
Questão 62)
Na Olimpíada da crise, os convidados especiais não vão contar assim com
tanta mordomia. Graças à baixa procura e ao desinteresse dos
patrocinadores, o comitê organizador dos Jogos está com dificuldade de
erguer camarotes para algumas modalidades. O de vôlei de praia, esporte
no qual o Brasil é destaque, não vai dispor da estrutura. O camarote para o
tênis, no Parque Olímpico, também foi cancelado. A construção ocorre
apenas se os pedidos são suficientes para compensar os custos.
Veja, ed. 2460, ano 49, nº. 2, 13 de janeiro de 2016, p. 29.
Questão 63)
Certa vez, eu jogava uma partida de sinuca, e só havia a bola sete na
mesa. De modo que a mastiguei lentamente saboreando-lhe os bocados
com prazer. Refiro-me à refeição que havia pedido ao garçom. Dei-lhe duas
tacadas na cara. Estou me referindo à bola. Em seguida, sai montando nela
e a égua, de que estou falando agora, chegou calmamente à fazenda de
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minha mãe. Fui encontrá-la morta na mesa, meu irmão comia-lhe uma perna
com prazer e ofereceu-me um pedaço: “Obrigado”, disse eu, “já comi galinha
no almoço”.
Logo em seguida, chegou minha mulher e deu-me na cara. Um beijo, digo.
Dei-lhe um abraço. Fazia calor. Daí a pouco minha camisa estava
inteiramente molhada. Refiro-me a que estava na corda secando, quando
começou a chover. Minha sogra apareceu para apanhar a camisa.
Não tive remédio senão esmagá-la com o pé. Estou falando da barata que
ia trepando na cadeira.
Malaquias, meu primo, vivia com uma velha de oitenta anos. A velha era
sua avó, esclareço. Malaquias tinha dezoito filhos, mas nunca se casou. Isto
é, nunca se casou com uma mulher que durasse mais de um ano. Agora,
sentado à nossa frente, Malaquias fura o coração com uma faca. Depois
corta as pernas e o sangue do porco enche a bacia.
Nos bons tempos passeávamos juntos. Eu tinha um carro. Malaquias
tinha uma namorada. Um dia rolou a ribanceira. Me refiro a Malaquias.
Entrou pela pretoria adentro arrebentando porta e parou resfolegante junto
do juiz pálido de susto. Me refiro ao carro. E a Malaquias.
a) confirmar.
b) contradizer.
c) destacar.
d) retificar.
e) sintetizar
Questão 64)
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza e do caos
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Cidade sangue quente
Maravilha mutante
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Com base na leitura do texto e nas expressões em destaque, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) No trecho “Nós não sabíamos que os brancos iam tirar a nossa terra.
Nós não sabíamos de nada sobre o desmatamento. Nós não sabíamos
sobre as leis dos homens brancos.’ (Refs. 3 e 4) a repetição de “nós não
sabíamos” tem a função de ressaltar informações que o índio
desconhecia.
b) O trecho “Hoje, o Brasil tem planos agressivos para desenvolver e
industrializar a Amazônia”, (Ref. 6), se modificado para “Hoje, no Brasil,
_______ planos agressivos para desenvolver e industrializar a
Amazônia”, deveria, de acordo com a modalidade formal da língua
portuguesa, fazer uso do verbo HAVER para preencher a lacuna.
c) No trecho “Hoje, o Brasil tem planos agressivos para desenvolver e
industrializar a Amazônia”. (Ref. 6) O uso da palavra ‘agressivos’ indica
posição ideológica do autor, ou seja, não há neutralidade na informação.
d) No trecho “Nos 514 anos desde que os europeus chegaram ao Brasil, os
povos indígenas sofreram genocídio em grande escala, e perda da
maioria de suas terras”, (Refs. 1 e 2) a vírgula antes da conjunção e está
adequadamente empregada.
Questão 66)
Analise a presença da partícula se nos exemplos abaixo. A seguir, faça a
correspondência dos exemplos com as explicações dadas.
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Questão 67)
Leia a notícia a seguir.
a) substituição pronominal
b) elipse pronominal
c) substituição lexical
d) elipse verbal
Questão 68)
01
[...] Mas a nós, que não somos nem cavaleiros da fé 02 nem super-
homens, só resta, por assim dizer, trapacear 03 com a língua, trapacear a
língua. Essa trapaça salutar, essa 04 esquiva, esse logro magnífico que
permite ouvir a língua fora 05 do poder, no esplendor de uma revolução
permanente da 06 linguagem, eu a chamo, quanto a mim: literatura.
07
A literatura assume muitos saberes. Num romance como 08 Robinson
Crusoé, há um saber histórico, geográfico, social 09 (colonial), técnico,
botânico, antropológico (Robinson passa 10 da natureza à cultura). Se, por
não sei que excesso de socialismo 11 ou de barbárie, todas as nossas
disciplinas devessem 12 ser expulsas do ensino, exceto uma, é a disciplina
literária 13 que devia ser salva, pois todas as ciências estão presentes 14 no
monumento literário. É nesse sentido que se pode dizer 15 que a literatura,
quaisquer que sejam as escolas em nome 16 das quais ela se declara, é
absolutamente, categoricamente 17 realista: ela é a realidade, isto é, o próprio
fulgor do real.
Fragmento adaptado de: BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix.
Digitalização disponível em: https://goo.gl/HNoAMJ. Acesso em 15 abr.
2017.
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( ) A utilização do pronome “nós” (Ref. 01) indica que o autor se inclui no
grupo daqueles que não são nem cavaleiros da fé nem super-homens.
( ) A preposição “com”, em “trapacear com a língua” (Refs. 02 e 03), é
apenas um recurso retórico, pois, na referência 03, o autor elimina-a e
emprega “trapacear a língua”, sem que haja mudança de significado.
( ) As palavras “trapaça” (Ref. 03) e “logro” (Ref. 04) têm conotação positiva,
legitimada pelo emprego, respectivamente, de “salutar” (Ref. 03) e
“magnífico” (Ref. 04).
( ) Para o autor, a literatura abriga muitos saberes por subverter o poder
instituído.
a) F–V–F–V
b) V–F–F–V
c) V–F–V–F
d) F–V–V–F
e) V–V–F–V
Questão 69)
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c) A interjeição “ráá” expressa, nesse caso, atendimento ao chamamento
de alguém.
d) O vocábulo “ainda” apresenta-se com valor inclusivo.
e) O pronome “nos” complementa o sentido de “venceram”, aparecendo em
posição proclítica pela presença da partícula negativa que antecede
essa forma verbal.
Questão 70)
É um total contrassenso o fato de que, num mundo em que de 16% a 40%
das pessoas em geral sofrem de insônia, haja aquelas que, iludidas pelos
valores da sociedade industrial, se esforçam por reduzir o número de horas
de sono diário.
Dormir não é apenas uma necessidade de descanso mental e físico:
durante o sono, ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados,
podem afetar o equilíbrio de todo o organismo em curto, médio e, mesmo,
em longo prazo. Estudos provam que quem dorme menos do que o
necessário tem menor vigor físico, envelhece mais precocemente, está mais
propenso a infecções, à obesidade, à hipertensão e ao diabetes.
Alguns fatos comprovados por pesquisas podem nos dar uma ideia da
importância que tem o sono no nosso desempenho físico e mental. Por
exemplo, num estudo realizado pela Universidade de Stanford, EUA,
indivíduos que não dormiam há 19 horas foram submetidos a testes de
atenção. Constatou-se que eles cometeram mais erros do que pessoas com
0,8g de álcool no sangue – quantidade equivalente a três doses de uísque.
Igualmente, tomografias computadorizadas do cérebro de jovens privados
de sono mostram redução do metabolismo nas regiões frontais
(responsáveis pela capacidade de planejar e de executar tarefas) e no
cerebelo (responsável pela coordenação motora). Esse processo leva a
dificuldades na capacidade de acumular conhecimento e alterações do
humor, comprometendo a criatividade, a atenção, a memória e o equilíbrio.
CRONFLI, Regeane Trabulsi. A importância do sono.
Disponível em: <http://www.cerebromente.org. br/n16/opiniao/dormir-
bem1.html>.
Acesso em:13 nov. 2016. Adaptado.
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d) Os termos preposicionados “de jovens” e “de sono”, no fragmento
“Igualmente, tomografias computadorizadas do cérebro de jovens
privados de sono” funcionam, respectivamente, como qualificador de um
substantivo e complemento de um nome.
e) A expressão “de acumular”, em “Esse processo leva a dificuldades na
capacidade de acumular conhecimento” exerce a função de objeto
indireto por completar o sentido de um verbo.
Questão 71)
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Questão 72)
Questão 73)
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I. O autor fez algumas adequações ortográficas visando simular a variante
regional das personagens.
II. Caso se tome como base o padrão culto de uso da língua, serão
verificados desvios em relação ao que prescrevem os princípios de
concordância.
III. As reticências presentes no segundo balão da tirinha funcionam como
um elemento responsável para manter a coesão com o balão seguinte.
IV. Os desvios em relação à gramática normativa são tão graves que
chegam a prejudicar a compreensão da tirinha enquanto unidade textual.
V. O nível de linguagem empregado pelo autor da tirinha, o cartunista
Maurício de Sousa, está inadequado, uma vez que seu público-leitor é
formado, sobretudo, por crianças.
Questão 74)
Observe a frase a seguir: O QUADRO DE MARIA É LINDO.
Questão 75)
-Oi! - Oi!.
(ELIACHAR, Lion. O homem ao meio.
Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.)
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b) A repetição. A repetição da interjeição é capaz de fazer com que o leitor
construa para o texto o significado pretendido pelo autor.
c) O uso de letras grandes no corpo do texto enfatizando a ideia de diálogo.
d) O uso da interjeição "Oi" na construção do texto.
Questão 76)
Questão 77)
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Questão 78)
“Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para
que o mundo seja salvo por ele. ”
Evangelho Jo 3, 17
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Alguns elementos linguísticos estabelecem relações entre as diferentes
parte do texto, o vocábulo “Assim” (Ref. 9) tem a função de
Questão 81)
Foi-se uma vez um leitor. Com a revolução digital, quem lê passa a ter
voz no processo de leitura. “Até outro dia, as críticas literárias eram
exclusividade de um grupo fechado, assim como em tantas outras áreas.
Agora, temos grupos que conversam, trocam, se manifestam em tempo real,
recomendam ou desaprovam, trocam ideias com os autores, participam
ativamente da construção de obras literárias coletivas. Isso é um jeito novo
de pensar a escrita, de construir memória e o próprio conhecimento”, analisa
uma professora de comunicação da PUC-MG.
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Questão 82)
01. a causa que evidencia o modo pelo qual toda a coletividade pode
viabilizar sua própria qualidade de vida.
02. a consequência da maneira como as Políticas de Equidade dão conta da
sanidade de alguns grupos sociais.
03. uma comparação entre o tratamento que os governantes dão a cada
classe, de acordo com o que representam socialmente.
04. a finalidade que têm em vista relacionada com a adoção de formas
satisfatórias de cuidar da saúde dos cidadãos em sua inteireza.
05. os meios propostos pelo referido conjunto de programas e ações criados
pelo Estado a fim de garantir o bem-estar integral de toda a sociedade.
Questão 83)
Ela malha
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A respeito dos aspectos morfossintáticos e semânticos do texto, julgue os
itens a seguir.
Questão 84)
1
Cidinha busca Téo e Martim na escola alguns dias por 2semana. Dá
banho e jantar para os dois. Às quartas-feiras, 3leva os irmãos na natação.
No dia em que o mais velho 4precisou se vestir de Gato de Botas para uma
apresentação 5na escola, foi até a rua 25 de março comprar apetrechos 6para
fazer a fantasia. Wilza busca os meninos na escola nos 7outros dias da
semana. Também dá banho, jantar, leva na 8natação. E, de vez em quando,
os leva para dormir na casa 9dela. Cidinha é avó de Téo e de Martim. Wilza
também.
10
É graças a essa dupla incansável que o casal Adriana 11Nunes e Tomás
Vieira consegue dar conta do trabalho e da 12criação dos filhos. A família de
Téo e de Martim não é 13exceção. Já faz tempo que a participação dos avós
no 14cotidiano dos netos não se restringe mais às férias e ao 15almoço de
domingo. “Dou aula à noite e chego em casa 16tarde”, conta Adriana. “Não
sei o que faria sem elas.”
17
Com as longas jornadas de trabalho que as mães 18enfrentam ao lado
dos pais, os avós têm sido cada vez mais 19solicitados a ajudar na criação
das crianças. Em muitos 20casos, além dos cuidados diários, representam
uma fonte 21importante de sustento financeiro. Dados do Instituto 22Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 2320% dos domicílios
brasileiros têm idosos como chefes de 24família, o que corresponde a mais
de 8 milhões de lares.
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Considerando a leitura do texto e as questões gramaticais a ele
relacionadas, julgue os itens a seguir.
UM SONHO DE SIMPLICIDADE
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Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas,
inaugurar de repente uma vida de acordar bem cedo? Outro dia vi uma linda
mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade de conhecer mais
aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa
em que a gente vai jogando um baralho meio marcado, e anda devagar,
como a patrulha que faz um reconhecimento. Mas para quê, essa eterna
curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas?
Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso
ganhar a vida de outro jeito, não assim, nesse comércio de pequenas pilhas
de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas... Seria
preciso fazer algo de sólido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar
a terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a
alma sossegada e limpa.
Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. É apenas um
instante. O telefone toca. Um momento! Tiramos um lápis do bolso para
tomar nota de um nome, um número... Para que tomar nota? Não precisamos
tomar nota de nada, precisamos apenas viver - sem nome, nem número,
fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.
(BRAGA, Rubem. In: 200 crônicas escolhidas, 3 ed. Rio de Janeiro: Record,
1979. p.262-3.)
Questão 85)
a) I, II, III
b) II, III
c) I, IV
d) II, III, IV
e) I, II, IV
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TEXTO: 2 - Comum à questão: 86
O FORTE
Questão 86)
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TEXTO: 3 - Comum à questão: 87
Questão 87)
Entre os recursos de persuasão empregados no texto verbal do anúncio, só
NÃO ocorre o uso de:
a) termos técnicos.
b) trocadilhos.
c) apelo direto ao leitor.
d) enumeração acumulativa de vantagens.
e) expressões em inglês.
TEXTO IV
Amor
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
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Suspirar de languidez!
Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!
(AZEVEDO, Álvares de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,
2000)
Questão 88)
No texto IV, verificam-se duas marcas lingüísticas que expressam o apelo do
eu-lírico ao ser amado e para viver o amor. Assinale a alternativa que contém
essas duas marcas:
a) vocabulário singelo e uso da 3a pessoa do singular;
b) 1ª pessoa do plural e forma verbal imperativa no primeiro verso;
c) formal verbal imperativa no primeiro verso e verbos de ligação;
d) uso de vocativo e vocabulário formal;
e) 1ª pessoa do plural e pronomes de tratamento.
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– parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada
e com pudor – pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...
– Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de
honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e
pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos
atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com
medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-
namorado:
– Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que
ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na
chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.
Clarice Lispector, A hora da estrela.
Questão 89)
No trecho que vai de “Eu também acho esquisito” a “eu vinguei... pois é...”, o
autor se vale, para traduzir o estado emocional de Macabéa, do seguinte
recurso expressivo:
a) omissão de vírgulas entre orações.
b) emprego reiterado de frases nominais.
c) falta de rigor na concordância verbal.
d) eliminação da maioria dos conectivos entre as orações.
e) uso de regências verbais inadequadas.
A GRANDE VINGANÇA
Carlos Heitor Cony
RIO DE JANEIRO – Desde criança ouvia dizer que não se deve brincar
com mulher. Por favor, me entendam. Brincar não significava, nesta
advertência, fugir delas, deixar de amá-las, de transar com elas quando
possível e com a obrigação suplementar de tentar até o impossível. “Brincar”
era não levá-las a sério, baseados na inexistente fragilidade feminina, não
temê-las na capacidade de suas cóleras e vinganças.
Mãe, matrona, matriarca, exemplo nas coisas boas e más, a natureza é
mulher — e bota mulher nisso. Bela e irascível, aconchegante e letal, aí estão
os resultados de sua ira contra os Estados Unidos, país que se recusa a
assinar o Tratado de Kyoto. Vivendo basicamente de matérias-primas vindas
de todas as partes do mundo para alimentar sua formidável gula industrial,
os Estados Unidos desdenham o cuidado que o resto da humanidade dedica
ao ambiente.
O pragmatismo, aliado ao hedonismo da sociedade norte-americana,
criou um tipo de mentalidade que a aproxima nada menos do que a Jesus
Cristo: não é deste mundo.
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A natureza, como foi dito acima, é mulher, e como mulher, não perdoa
àqueles que a desprezam ou a esnobam. O resultado aí está. A sucessão de
tragédias naturais é a cobrança que torna os Estados Unidos vulnerável a
catástrofes que habitualmente só acontecem em países pobres ou
miseráveis. Uma sociedade que detém o maior poder econômico e militar do
mundo de repente vê se esfacelarem os pés de barro que sustentam o
gigante.
As tragédias ainda estão localizadas em regiões menos ricas e lambidas
pelos furacões do Golfo do México. Mas há fendas no subsolo do grande
território, como em Los Angeles e imediações, que podem de uma hora para
outra criar uma tragédia equivalente às hecatombes de Hiroshima e
Nagasaki.
Já estão falando em vingança da dupla Allah e Maomé. Prefiro acreditar
na vingança da natureza.
Folha de S. Paulo, 25/09/05.
Questão 90)
Leia o trecho que segue e assinale a afirmativa INADEQUADA.
“A natureza, como foi dito, é uma mulher, e como mulher, não perdoa
àqueles que a desprezam ou a esnobam. O resultado aí está. A sucessão de
tragédias naturais é a cobrança que torna os Estados Unidos vulnerável a
catástrofes (...)”
Texto 1
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05 Enquanto escrevo estas linhas, navego num
site onde é preciso coragem e muita proteção para
acessar. A primeira coisa que vejo na tela diz
"Como assumir a identidade de alguém em oito
lições." Quem visitasse-o, ficaria surpreso com o
10 requinte de ferramentas e estratégias.
Muitos sites são hospedados em países que
não formularam ainda uma legislação eficiente
contra crimes eletrônicos, como a Rússia, por
exemplo. Países com legislação virtual atrasada,
15 combinada com as facilidades espaço-temporais
inerentes a hospedagem de sites,
involuntariamente têm dado grande força ao
submundo da internet. Portanto, é preciso
conhecê-los, saber como funciona, para então nos
20 defendermos deles.
Existe, naturalmente, um verdadeiro hiato
entre o conhecimento técnico de leigos e de
usuários avançados no mundo da informática em
geral. Pesa sobre muitos o fato desta diferença,
25 muitas vezes, propiciar que a ingenuidade de
muitos seja utilizada por sites que agem de má fé,
invadindo a privacidade de famílias inteiras e
valendo-se disso para encontrar gratuitamente
conteúdos que lhes interessem. E não apenas isso.
30 Muitos hardwares, equipamentos eletrônicos,
demoram para ser difundidos formalmente no
Brasil, o que também dá chance para inusitadas
invasões de privacidade. Tenho, neste momento, à
minha frente, um site todo baseado em imagens
35 que foram capturadas por uma filmadora digital
(webcam) embutida num óculos comum.
Existe programas que criam uma rede virtual,
ou seja, uma espécie de internet dentro da
internet, tais como Naspter e Kazaa, e que, ao
40 possibilitarem a troca de qualquer tipo de
arquivos, como músicas, softwares, vídeos,
documentos, etc., abrem caminho para que uma
imagem não autorizada seja exposta
anonimamente na rede. Houve uma história que
45 vale a pena relembrar. Um casal de namorados
tirava fotos de suas intimidades. Ao término do
relacionamento, o rapaz, rejeitado pela namorada,
expôs fotografias dela numa dessas redes virtuais,
a qual recebeu mais de 4 milhões de downloads.
50 Surpreende que mesmo depois de descoberto, não
é possível retirar da rede a tal fotografia, pois o
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usuário não tem nível de acesso que possibilite
deletar arquivos de outros micros. Pode apenas
copiá-los. Ainda que esse nível de acesso fosse
55 permitido, a variação de nomes de que estes
arquivos recebem depois de copiados
inviabilizariam este processo completamente.
A proliferação de máquinas de fotografias
digitais, torna muitos usuários presa fácil de
60 hackers invasores. Milhares de computadores são
invadidos diariamente e muitas fotos e filmes são
copiados e expostos em sites de conteúdo
pornográfico. Até mesmo fotografias de bebês
brincando inocentemente em banheiras já foram
65 encontradas nestes sites.
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Na Europa e Estados Unidos, muitas pessoas já
usam detectores de câmeras.
Este descompasso tecnológico, entre o
100 usuário comum e organizações poderosas
devotadas a atividades ilícitas na internet, tem
destruído vidas de pessoas idôneas em todas as
partes do mundo. É preciso proteger-se – e muito!
A defesa da privacidade atualmente não é apenas
105 um valor moral, mas uma necessidade imperiosa.
Dr. Moacir José da Silva Professor Adjunto da UEM com Doutorado em
Engenharia de Produção e Sistemas, atualmente é pós doutorando em
Administração de Empresas pela FEA/USP.
(O Diário do Norte do Paraná, 09/03/2005)
Questão 91)
Sobre a organização do texto, assinale a alternativa correta.
a) O fragmento de narrativa introduzido pelo autor no trecho "Houve uma
história (...) mais de 4 milhões de downloads." (linhas de 44 a 49) serve
de argumento para comprovar o que foi dito por ele anteriormente sobre
a exibição de imagem não autorizada na rede.
b) O título do texto não sintetiza adequadamente a proposta que o autor
apresenta no primeiro parágrafo.
c) No item "Como se proteger das invasões de privacidade?" (linhas de 66
a 82), o autor espera apresentar os problemas que os piratas da rede
mundial de computadores podem causar às suas vítimas.
d) No item "Todo cuidado é pouco nestes casos." (linhas de 83 a 98), o autor
do texto alerta para o perigo de acessarmos sites de conteúdo duvidoso.
Segundo ele, a polícia da internet pode entrar em ação e prender o
internauta.
e) No terceiro parágrafo do texto (linhas de 21 a 36), apresentam-se as
principais soluções para quem quer se proteger do ataque dos hackers.
Questão 92)
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d) a expressão "ainda que" (linha 54), em "Ainda que esse nível de acesso
fosse permitido (...) este processo completamente.", indica uma conclusão
da primeira oração em relação à segunda.
e) o conectivo "portanto" (linha 18), em "Portanto, é preciso conhecê-los...",
é utilizado para estabelecer uma relação de explicação com o que foi dito
anteriormente.
TEXTO 1
Profissão de fé.
(...)
Invejo o ourives
Quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto-relevo
Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara
A pedra firo:
O alvo cristal, a pedra rara,
O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me,
Sobre o papel
A pena, como em prata firme
Corre o cinzel.
(...)
(...)
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TEXTO 2
Questão 93)
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TEXTO: 9 - Comum à questão: 94
Questão 94)
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TEXTO: 10 - Comum à questão: 95
Questão 95)
No poema aparecem alterações formais de palavras ou de junções de
palavras; a modificação formal que certamente foi realizada com a
preocupação de manter a métrica homogênea é:
a) “d’altas” em lugar de “de altas”;
b) “d’extremos” em lugar de “de extremos”;
c) “té” em lugar de “até”;
d) “compr’ender” em lugar de “compreender”;
e) “d’aves” em lugar de “de aves”.
TEXTO 2
Fragmento A
PREFEITO
Isso mesmo.
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MAJOR
Mas foi preciso que se derramasse o sangue de um herói — e esse sangue
era quase meu, como todos sabem, casado que sou com a tia dele — para
que as autoridades federais tomassem conhecimento deste lugar, até então
esquecido de Deus e dos homens. O feito heróico de Cabo Jorge atraiu para
esta cidade jornalistas, cinegrafistas e turista de toda parte. No entanto, é
preciso que se saiba também, meus patrícios, meu povo, que nada disso teria
acontecido se este amigo de vocês não tivesse, na Câmara Federal, lutado
como lutou para trazer até aqui o progresso, as conquistas da civilização
cristã.
PREFEITO
Muito bem.
Fragmento B
CORO
Sai do meio do placo, avança até o proscênio e canta.
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Fragmento C
CABO JORGE
Sabem o que eu acho? Que o tempo dos heróis já passou. Hoje o mundo
é outro. Tudo está suspenso por um botão. O botão que vai disparar o
primeiro foguete atômico. Este é que é o verdadeiro herói. O verdadeiro Deus.
O deus-botão. Pensem bem: o fim do mundo depende do fígado de um
homem. (Ri) E vocês ficam aqui cultuando a memória de um herói absurdo.
Absurdo sim, porque imaginam com qualidades que não pode ter. Coragem,
caráter, dignidade humana... não vêem que tudo isso é absurdo? Quando o
mundo pode acabar neste minuto. E isso não depende de mim, nem dos
senhores, nem de nenhum herói. (Pausa. Sonda os rostos impassíveis do
General e do Prefeito.) A glória da cidade precisa ser mantida. A honra do
Exército precisa ser mantida. A honra do Exército precisa ser mantida.
Entra Major, seguido de Matilde.
GOMES, Dias. O berço do herói. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. p.
153
Questão 96)
Para dar legitimidade à fala do major e inseri-la no discurso, o autor utilizou-
se de alguns recursos: os travessões, as referências pessoais feitas por meio
dos pronomes pessoais e possessivos; a escala de proximidade feita pela
oposição esse/este. E para reforçar o argumento implícito que põe em
evidência a importância social do major, foi utilizada a expressão “no
entanto”. Desta forma, a intenção da personagem foi concluída, logrando a
adesão de um público convencido por um discurso que glorifica os grandes
feitos de um herói, com o qual se identifica o major.
TEXTO 6
O GALO IMPERTINENTE
Fragmento A
Todo mundo sabia que se andava construindo uma estrada naquela
região, pessoas que se aventuravam por lá viam trabalhadores empurrando
carrinhos, manobrando máquinas ou sentados à sombra, cochilando com o
chapéu no joelho ou comendo de umas latas que a empresa fornecia, diziam
que eram rações feitas em laboratórios, calculadas para dar o mínimo de
rendimento com o mínimo de enchimento. Quem viajava de automóvel
conseguia interromper a atividade dos engenheiros, eles vinham solícitos
com o capacete na mão dar explicações, mostrar o projeto no papel,
esclarecer o significado de certos sinais que só eles entendiam. Mas a obra
estava demorando tanto que nos habituamos a não esperar o fim dela; se um
dia a boca da estrada amanhecesse com uma tabuleta novinha convidando
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o povo a passar, acho que ninguém acreditaria, imaginando tratar-se de
brincadeira. Com o passar do tempo os engenheiros foram ficando nervosos
e mal-humorados, dizia-se que eles desmanchavam e refaziam trechos
enormes da estrada por não considerá-los à altura de sua reputação. Eles
não estavam ali construindo uma simples estrada; estavam mostrando a que
ponto havia chegado a técnica rodoviária. Houve protestos, denúncias,
pedidos de informação, mas como as autoridades não sabiam mais de que
estrada se tratava, nenhuma resposta era dada; e mesmo que respondessem
seria em linguagem tão técnica que ninguém entenderia, nem os mais
afamados professores, todos por essa altura já desatualizados com a
linguagem nova”. (p. 123)
Fragmento B
Ninguém mais quis usar a estrada, ela foi ficando esquecida e hoje é como
se nunca tivesse existido. Se um dia uma raça de homens novos derrubar a
mata que lá existir, certamente notará aquela trilha larga coberta de capim e
plantas rasteiras; e investigando mais para baixo descobrirá a capa de
asfalto, os túneis, as pontes, os trevos e tudo mais, e não deixará de admirar
a perfeição com que se construíam estradas nesse nosso tempo.
Naturalmente tomarão fotografias, escreverão relatórios, armarão teorias
para explicar o abandono de uma estrada tão bem acabada. O monte de
metal fundido será um enigma, mas algum sábio o explicará como pedaço de
planeta caído do alto espaço; talvez o levem para um museu e incrustem uma
placa nele para informação dos visitantes.
Quanto ao galo impertinente, se ainda existir seria interessante, saber que
explicações os descobridores encontrarão para ele e que fim lhe destinarão
– mas isso, reconheço, é uma indagação que será muito além do alcance
atual da nossa imaginação”. (p.126)
Questão 97)
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TEXTO: 13 - Comum à questão: 98
O CORPO
Acrobata enredado
Em clausura de pele
Sem nenhuma ruptura
Para onde me leva
05
Sua estrutura?
Doce máquina
Com engrenagem de músculos
Suspiro e rangido
O espaço devora
10
Seu movimento
(Braços e pernas
sem explosão)
Engenho de febre
Sono e lembrança
15
Que arma
E desarma minha morte
Em armadura de treva.
ARMANDO FREITAS FILHO
http://geocities.yahoo.com.br/jerusalem_13/armandofreitasfilho.html
Questão 98)
A concisão é uma das características que mais se destacam na estrutura do
poema.
Essa concisão pode ser atribuída a:
a) clara ausência de conectivos, explorando a sonoridade do poema
b) pouco uso de metáforas, enfatizando a fragmentação dos versos
c) abrupta mudança de versos, reforçando a lógica das idéias
d) baixa freqüência de verbos, exprimindo a inércia do eu lírico
AS SEM-RAZÕES DO AMOR
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Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
10
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Questão 99)
Na terceira estrofe do poema, verifica-se um movimento de progressão
textual que reitera as razões para o amor. Essa progressão está
caracterizada pela repetição do seguinte procedimento lingüístico:
a) construção frasal em ordem indireta
b) estrutura sintática em paralelismo
d) pontuação com efeito retórico
d) rima como recurso fonológico
O rei atirou
Seu anel ao mar
E disse às sereias:
– Ide-o lá buscar,
5
Que se o não trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
Foram as sereias,
Não tardou, voltaram
10
Com o perdido anel.
Maldito o capricho
De rei tão cruel!
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O rei atirou
Grãos de arroz ao mar
15
E disse às sereias:
– Ide-os lá buscar,
Que se os não trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
20
Foram as sereias
Não tardou, voltaram,
Não faltava um grão.
Maldito o capricho
Do mau coração!
25
O rei atirou
Sua filha ao mar
E disse às sereias:
– Ide-a lá buscar,
Que se a não trouxerdes,
30
Virareis espuma
Das ondas do mar!
Foram as sereias...
Quem as viu voltar?...
Não voltaram nunca!
35
Viraram espuma
Das ondas do mar.
Questão 100)
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TEXTO: 16 - Comum à questão: 101
TEXTO I
Procura da poesia
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TEXTO II
Questão 101)
Os textos I e II tratam da palavra e de seus sentidos. O texto II aborda o fato
semântico conhecido como sinonímia, mas no trecho contido nas linhas 5 a
7 o fato semântico focalizado é outro.
a) Identifique este fato semântico e transcreva do poema Procura da poesia
a seqüência de dois versos que também fazem referência a ele.
b) Espera que cada um se realize e consume (v. 15)
Indique o infinitivo correspondente à forma verbal sublinhada e reescreva
o verso, substituindo esse verbo por um sinônimo adequado ao contexto.
Como foi que o homem chegou à América? Para a maior parte dos
cientistas, essa é uma pergunta simples: a porta de entrada foi o Alasca, por
onde passaram os nômades asiáticos que há cerca de 17 mil anos
atravessaram uma grande geleira onde hoje está o estreito de Bering. Desde
os anos 50 essa é a hipótese oficial. Mas não a única. Outra idéia é defendida
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por Niéde Guidon, uma das mais ativas arqueólogas brasileiras, e certamente
a mais polêmica. Até há pouco tempo, Niéde dizia que o homem estava na
América há 57 mil anos – por isso era menosprezada pela comunidade
científica. Agora, ele atualizou seus estudos, com base em análises da
Universidade do Texas. E mudou de idéia. "O homem primitivo vive no
continente há muito mais tempo; 100 mil anos", diz.
Essa análise foi baseada nas mesmas amostras que antes eram datadas
em 57 mil anos: lascas de fogueira encontradas por Niéde no Boqueirão da
Pedra Furada, no Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí – que
sempre foram objeto de descrença por arqueólogos norte-americanos. A
comprovação e o aumento da idade desses artefatos são um trunfo que
Niéde pretende utilizar para que cientistas do mundo todo debatam uma nova
hipótese para a ocupação das Américas. "O homem primitivo também pode
ter vindo para a América do Sul diretamente da África. Com isso, seriam
africanos, e não asiáticos, os verdadeiros ancestrais do continente. Eles
teriam chegado até aqui navegando numa época em que o Atlântico tinha
nível mais baixo e era repleto de ilhas, o que tornava a travessia bem mais
fácil, diz a arqueóloga.
Para reforçar suas idéias, Niéde cita recentes descobertas no México e
na costa leste americana, todas com mais de trinta mil anos – e bem longe
do Alasca. Além disso, existem correntes marítimas no oceano Atlântico que
passam pela costa africana e vêm direto para o nordeste do Brasil e ilhas
caribenhas. Recentemente, pescadores africanos perderam suas velas numa
tempestade e chegaram 3 dias depois ao Brasil, trazidos pelo mar. Famintos
e com sede. Mas vivos.
Questão 102)
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08. Pescadores africanos, recentemente, perderam suas velas numa
tempestade e chegaram 3 dias depois ao Brasil, trazidos pelo mar.
Famintos e com sede, mas vivos.
16. Recentemente, pescadores africanos perderam suas velas 3 dias depois
numa tempestade e, trazidos pelo mar, chegaram ao Brasil. Famintos e
com sede. Mas vivos.
Sabe aquela emoção que enche o peito, faz ferver o sangue, palpitar o
coração? Aquele sentimento que dá vontade de sair dançando e cantando
“Singing in the Rain” no meio da rua? Sabe? Pois é. Isso não é amor, não.
Pode ser muita coisa boa, menos amor. Talvez seja paixão, desejo de se
fundir no outro, surto emocional ou até mesmo uma mistura explosiva de tudo
isso. Amor não é.
5
Talvez você nunca tenha parado para pensar porque “amava” tanto seu
carrinho de rolimã. Mas a razão é bem simples: porque ele dava prazer. Ali
estava Eros, o impulso em direção ao prazer, estimulando o “amor” pelo
inocente carrinho. É o mesmo impulso que, mais tarde, fez você se apaixonar
por um hobby, uma profissão, uma motocicleta ou pela namorada ou
namorado. Eros é o impulso para a vida. É ele que nos leva a fazer o que nos
dá prazer uma, duas, três, quantas vezes for bom. Em outras palavras, Eros
é o motorzinho que faz girar o 10mundo. Essa foi uma das maiores
descobertas do doutor Sigmund Freud, que rebatizou o deus grego de “libido”
e estudou seu efeito surpreendente no comportamento de homens, mulheres
e crianças. Eros é a paixão, o desejo do prazer.
O filósofo francês Roland Barthes é um dos que acreditam que um
sentimento mais profundo pode nascer de uma paixão. No clássico
Fragmentos de um Discurso Amoroso, ele diz que a primeira fase do amor é
a 15paixão, que ele descreve assim: “Deslumbramento, entusiasmo,
exaltação, projeção louca de um futuro pleno: sou devorado pelo desejo, a
impulsão de ser feliz. Fico cego”. Mas isso não dura, é claro. Cientistas que
se debruçaram a estudar a saúde do apaixonado concluíram que essa paixão
não dura dois anos, no máximo. Mais cedo ou mais tarde a cegueira passa e
a realidade aflora, incluindo os defeitos do objeto da paixão, uma decepção
que ele chamou de “paixão triste”.
20
Pode ser o fim de uma relação. Ou o começo de um novo caminho, mais
longo, menos acidentado, mais tranqüilo e feliz. Esse caminho é o amor.
Na paixão, a atitude é passiva – queremos ser amados para garantir
nosso prazer. O ego, portanto, vem em primeiro lugar. “A maioria das
pessoas vê a questão do amor, antes de tudo, como o desejo de ser amado,
em vez de amar”, diz Erich Fromm. “O amor, por outro lado, exige uma atitude
ativa que, conscientemente, coloca o 25outro em primeiro plano”. Quer dizer,
para amar é preciso, antes de tudo, pedir licença e tirar a si mesmo de frente.
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Agora que já estabelecemos as diferenças entre amor e paixão, já
podemos arriscar uma definição de amor. E amar é...
É um grande aprendizado, de toda uma vida. “O amor é uma resposta
aprendida, uma emoção 30aprendida”, diz o professor Leo Buscaglia. “Mas a
maioria de nós continua a agir como se vivesse adormecido em cada ser
humano, simplesmente esperando alguma idade mágica de consciência para
emergir em toda sua intensidade”, afirma ele.
O biólogo chileno Humberto Maturana diz ainda que o ser humano é
preparado para amar. Criador da biologia do amor, ele diz que aprendemos
esse sentimento na relação com a mãe (ou pai ou quem quer que cuide 35da
criança) e no brincar, pois na brincadeira se estabelece a confiança no outro,
ingrediente básico do amor.
Antropólogos também sabem que o amor faz parte de um aprendizado
cultural, que depende da ênfase que uma determinada sociedade dá a ele.
Ou seja, para aprender, a gente sempre aprende de alguém. E não se pode
esquecer que essas pessoas que vão nos ensinar fazem parte de uma
cultura, que pode dar mais ou menos importância ao amor.
40
A esse respeito, vivemos um momento excepcional. “Nunca na história
da humanidade se deu tanta importância ao amor entre um homem e uma
mulher (o amor romântico), como agora”, disse o psicanalista Jurandir Freire
Costa, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Acompanhando
o raciocínio do professor, é possível ver como a noção de amor que temos
foi forjada na Idade Média, a partir do amor cortês dos trovadores, e
definitivamente instaurada no século 19, com o romantismo europeu. Diz ele
que o amor entre 45duas pessoas podia até acontecer, mas que
absolutamente não fazia parte dos valores incentivados pelas antigas
sociedades. “Era uma exceção”, afirma. Os filósofos gregos, como Platão e
Aristóteles, por exemplo, diziam que existiam entre os seres humanos três
espécies de amor: amor erótico (a paixão), amizade e ágape (o amor
celestial, divino), que estava muito além do desejo de um corpo e que
pertencia ao mundo das idéias. Nem uma palavrinha sobre o amor entre um
homem e uma mulher, ninguém pensava nisso. Acredite, essa história do
amor 50entre duas pessoas se tornar o ponto central de uma vida – e também
de boa parte da produção cultural de uma sociedade – não tem mais de 100
anos.
ALVES, Liane. Revista Vida Simples, dez. 2004. Adaptação.
Questão 103)
Observe os fatores discursivos, coesivos e sintáticos e assinale como
verdadeira (V) ou falsa (F) as afirmações que seguem:
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A seqüência CORRETA é:
a) FFV
b) VFF
c) FVF
d) FVV
e) VVF
O VELHO LAR
Coelho Neto
1
A casa resistira ao tempo: rija nos seus formidáveis esteios de cabiúna,
toda 2aberta ao ar e à luz, muito branca, destacava-se sobre o fundo escuro
da mata que 3dominava sobranceira o alto da colina. As grandes alas
caiadas, os espaçosos 4 quartos, os corredores imensos estavam
impregnados de recordações. Havia 5 ainda um vago aroma do passado –
os manés dos que ali haviam expirado 6 pareciam errar na luz e na brisa,
festejando as almas que voltavam como para 7 aninhar-se no aconchego do
ninho, pressentindo perto o duro inverno da velhice.
Questão 104)
Há uma passagem no texto em que o autor deixa transparecer uma sensação
de segurança oferecida pelo velho lar aos que a ele retornam na velhice. Que
palavra/expressão é usada para nos transmitir tal sensação?
a) recordações
b) aroma do passado
c) manes
d) festejando
e) aninhar-se
Não sei, não quero saber, tenho raiva de quem sabe quem foi o gaiato
que bolou um dia no calendário para homenagear as tias solteironas. Garanto
que foi algum sobrinho sem ter o que fazer.
Tudo bem, havia uma época em que ser tia parecia condenação. Toda
mulher casava por instinto, ou ia casar ou estava a fim de. Com exceção de
quem tinha vocação para o claustro, para o convento, convolar núpcias –
como escrevia com elegância o falado Machado de Assis – era a bem dizer
o destino de toda menina-moça. Hoje puberdade parece palavrão. Não
impede de jogar tênis, vôlei, fazer alongamento. Ouvi falar de ninfetas
púberes que jogam até buraco. Enfim, é assunto do ginecologista.
Porém lembro bem da Marinice, garota que brincava descalça na
enxurrada. De repente, saiu do pedaço. Deu o pira, como se dizia. Até que
um fulano bocudo, que tinha panca de saber mais do que todo mundo,
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espalhou a história cabeluda de que a companheira de pega-pega, cacholeta,
pula-porteira, tudo de saia ainda sem combinação, estivera naqueles dias.
Como o tal fulano vivia mesmo por dentro de tudo, ninguém tirou a limpo que
eram aqueles dias.
O que se soube à boca miúda é que Marinice foi levada pela mãe e uma
tia a um especialista em naqueles dias. Quando reapareceu estava pálida. E
de trancinhas. Sempre então que uma vez por mês sua face se fazia ebúrnea
(na época dizia-se sem cor), Marinice ruborizava a face com papel crepom
umedecido com água. Nunca mais pulou porteiras, nem com saia nem calça
comprida, que na época era só coisa de homem. Contando essas coisas hoje
para fazer passar o tempo, tudo pode parecer de uma ingenuidade atroz.
Acontece que a vida flui rápida. As moças de hoje que escolhem ser freiras
sabem o que estão fazendo. Umas se tornam irmãs de caridade. Outras,
psicólogas. Outras, enfermeiras. Sem falar nas que são eleitas abadessas de
mosteiros. E muitas viram anjos.
Marinice cresceu, engordou e casou de branco mais robusta do que
quando era solteira. Seis meses depois deu à luz um filho com nove meses
de gestação saudável. E ponto final.
Acontece que nada disso vem exatamente ao caso. O caso mesmo, no
duro, diz respeito à mencionada tia da Marinice. Seu único e desagradável
defeito era o sádico mau humor com que se comprazia em executar nossa
bola de borracha quando fugia de controle, batia na janela e quebrava a
vidraça. A tia não ia com a cara do esporte bretão. Fora isso, um doce de
pessoa. Vezes várias, no recesso da disputa de peladas, convidava a turma
para saborear goiabada cascão com queijo.
Chamava-se Maria de Lourdes. Professora primária, de temperamento
rígido. Nunca soube o que era namoro. Em breve período chegou a permitir
o assédio moderado de um rapaz loiro, olhos azuis, queixo proeminente, que,
se estou sendo fiel à memória, untava os cabelos com brilhantina Glostora.
Mas não chegou a namoro tipo bem intencionado. O que circulou para o
público externo, não apenas na versão do tal cara boquirroto, também de
figuras respeitáveis da vizinhança, é que numa noite quente com relâmpagos
o pretendente cismou de oscular de leve o rosto da mulher. No que se ferrou.
Levou o maior plaf de mão aberta que repercutiu nos dois tímpanos
auriculares. Nunca mais fizeram questão de encontrar-se.
Maria de Lourdes ficou sendo cada vez mais chamada de Dona Lourdes,
prosseguiu tia e professora. Passou a evitar doces quando escobriu a taxa
de diabetes. Alberico, o que recebera o tabefe, desapareceu. Segundo o
bocudo, foi ser pára-quedista. Sabia o que estava dizendo. Maria de Lourdes
era irmã dele. Ciumento, apreciou o desenlace. “Já pensaram?”, comentou,
“agüentar cunhado chamado Alberico?”.
Por mim, fosse com minha mana, não seria nada de mais. Alberico é nome
nobre. Se não estou equivocado, foi rei dos hunos. Ou estarei fazendo
confusão com Átila?
Lourenço Diaféria
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Questão 105)
No trecho “Não sei, não quero saber, tenho raiva de quem sabe”, o autor
retoma um dito muito comum na fala de crianças. Esse recurso de trazer para
o texto escrito marcas de textos orais pode ser entendido, a partir da
compreensão e da intenção do próprio texto, como uma forma de
a) garantir a atenção do leitor e inseri-lo na tipologia textual pretendida pelo
autor.
b) tentar persuadir/convencer o leitor da opinião emitida pelo autor.
c) checar o nível de compreensão textual do leitor.
d) apresentar um caráter moralizante, visto ser esta uma característica do
gênero textual apresentado.
e) enfatizar que, nos textos escritos, tais estruturas são consideradas vícios
de linguagem.
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linhas em que o idioma de Camões caminha aos trancos e barrancos, como
um veículo desgovernado que despenca ladeira abaixo e bate um pára-lama
aqui e outro ali, cai num 40buraco, sofre bruscos solavancos, corcoveia, raspa
a porta no barranco, capota, desliza – para enfim se estatelar sem remédio
contra um último e insuperável obstáculo.
É este último obstáculo que nos interessa: o 45pronome "vós". É verdade
que a opção pelo vós, como tudo o mais, vai no vai-da-valsa, e sofre um
retrocesso quando se fala em "seu processo", a alturas tantas, mas sem
dúvida é a da preferência do autor da carta, tanto assim que se afirma,
triunfal, nas duas últimas linhas. 50Que razão teria conduzido a tal
preferência? Arrisquemos algumas hipóteses.
A primeira é a busca da elegância. O "vós" faz bonito em textos como o
célebre soneto de Bilac: "Ora (direis) ouvir estrelas! Certo/ Perdeste o senso!
E eu vos 55direi no entanto/ Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto/ E abro
as janelas, pálido de espanto". A segunda seria a intenção de mostrar-se
educado, num comunicado que afinal representa a palavra do próprio Estado
brasileiro. Seria aconselhável, dada essa alta 60responsabilidade, o recurso
a um pronome que assinala respeito e deferência. Mas... será? Elegância?
Educação? São hipóteses que de saída sabemos pouco críveis. Tampouco
se pode acreditar que o redator tenha empregado o "vós" porque lhe sai
natural. Para isso, 65precisaríamos supô-lo alguém que tem a segunda
pessoa do plural como ferramenta tão banal que é com ela que se comunica
com a mulher em casa, os colegas no trabalho, os vendedores na feira. Não,
não é possível.
70
Examinemos de novo o documento. Pensemos nele no contexto da
relação do Estado com os cidadãos, no Brasil. Essa relação, segundo expôs
recentemente a cientista política Lucia Hippolito, é de desconfiança. "Para a
burocracia", escreveu ela, "o cidadão tem 75sempre culpa, está sempre
devendo, está sempre na obrigação de provar sua inocência com mais um
documento, mais uma firma reconhecida, mais uma certidão autenticada em
cartório." Uma suspeita começa a se firmar. A crase não foi feita para
humilhar ninguém, 80mas o "vós" foi. O desejo de acuar o cidadão, de
encostar-lhe no peito a ponta da espada, de fazê-lo sentir-se pequeno, diante
da majestade do Estado, foi esse, sim, só pode ter sido esse, o motivo pelo
qual o redator da carta escolheu o "vós".
85
O "vós", tal qual se apresenta no texto, ressoa amedrontador como um
castigo. Humilhar? Não, ainda é pouco. A intenção é aterrorizar. Volte-se ao
texto: "Se não comparecerdes..." Isso é muito mais assustador do que "se
você não 90comparecer", ou "se o senhor não comparecer". Soa como
decreto vindo das alturas inatingíveis, dos príncipes incontrastáveis, do céu.
Faz tremer como um trovão. E esse "vós" é tristemente significativo do Brasil.
Simboliza o massacre cotidiano a que o Estado submete os cidadãos, os
mais humildes 95em primeiro lugar. Entra governo e sai governo, entra
década e sai década, essa é uma situação que permanece, inelutável como
fenômeno da natureza. O presidente, os ministros, as CPIs, estes estão
sempre 99preocupados com outras coisas. Cá em baixo, a relação entre o
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Estado e o cidadão comum sempre foi, e continua sendo, feita de pequenas
atrocidades.
Extraído da Revista Veja. Edição de 2 de novembro de 2005.
Questão 106)
Uma das recomendações estilísticas, para a construção de um texto, é a de
que não se deve repetir palavras ou expressões na mesma linha ou no
mesmo parágrafo. Essa recomendação é cumprida no texto:
a) Somente pela substituição de “língua portuguesa” por “idioma de
Camões”. (linhas 35-36 e 37)
b) Pela menção ao pronome “vós” no soneto de Olavo Bilac. (linha 52)
c) Pela substituição, por exemplo, do pronome “vós”, caracterizado pelo
verbo “comparecer", na 2ª pessoa do plural, por ”você”. (linha 89)
d) Pela substituição, por exemplo, do pronome “vós”, caracterizado pelo
verbo “comparecer”, na 2ª pessoa do plural (linha 89), por “senhor”. (linha
89)
e) Pela substituição, por exemplo, de “língua portuguesa” por “idioma de
Camões” (linhas 35-36 e 37) e pela substituição da sigla “INSS” (linha 02)
pela palavra “instituição”. (linha 03)
Exercício de Ironia
Beto Vianna*
01
Votar não é coisa fácil. Ainda mais depois que inventaram essas
maquininhas em que não é preciso nem escrever o nome do candidato. Ou
o número. Até hoje não vi ninguém denunciar essa eleição informatizada no
Brasil como o maior golpe que já se deu em quem não sabe escrever (ao lado
do 05celular, do MSN e do orkut). Hoje, não é preciso saber escrever pra votar.
Hoje, não é preciso saber escrever. Que histórica ironia: depois de 5.000
anos de evolução da escrevinhação humana, não precisamos mais escrever
o voto, e o voto virou-se contra a escrita.
Elitista, eu? Vou viajar mais um pouco, que a responsabilidade da pena é
10
minha: qualquer bactéria inquilina deste planeta (a maioria, as que eu
conheço, pelo menos) sabe viver em paz e harmonia com a próxima. Já o
humano (a maioria, os que eu conheço, pelo menos) sofre de democracismo,
desde os gregos. É preferível pra esse organismo civilizadíssimo a justiça, a
liberdade e a igualdade, ou seja, mais vale o respeito dos outros ao eu do
que a 15responsabilidade individual. Esse é o fundamento da Revolução
Francesa e da Independência dos Estados Unidos. Ah! Como se meu vizinho
fosse lavagem pra dar pros porcos, e eu – sempre eu – fosse o supercidadão,
pleno de direitos. A minha liberdade começa onde... putz, começa onde eu
conseguir que ela comece, e dane-se o resto. Não esqueço nunca esta
música do Premê (cito de 20memória, talvez com liberdade poética): “compre
já o seu abrigo nuclear e deixe o resto do mundo queimar à vontade lá fora”.
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Você luta por seus direitos? Parabéns, mas engula comigo o fato que
quem inventou isso foram os gregos em um atentado fundacional no Ocidente
à coletividade, colocando o Estado a serviço do eu. O Procon, a Lei do Ventre
25
Livre, o PSDB e o PT, o PSOL, a carteirinha de estudante, o banheiro
público, tudo isso são invenções gregas, milenares. A idéia é a mesma: eu
tenho os meus direitos e ninguém tasca, mas o direito do vizinho é problema
dele. Cada um com seus problemas, e os meus problemas devem ser
resolvidos pelo Estado.
30
Falando em particular do Brasil, enquanto nós, intelectuaizinhos da
classe mediana, ficamos reclamando nossos direitos, enquanto nós,
operários sindicalizados, conquistamos 44 horas semanais, enquanto todos
curtimos o livre-arbítrio, a livre imprensa, o livre comércio, o livre-pensar e a
luta livre, um monte de outros humanopatas é gerado no sistema educacional
brasileiro, esse 35lugarzinho onde a grana – a verba, pra usar o termo de
quem faz direito – não vai pra quem é de direito. País capitalista que se preza,
como outros existem por aí há 400 anos, o Brasil paga bem o universitário e
rouba da criança. Capitalista, num sentido lato da coisa, come criancinha
mais rápido e mais deglutido que qualquer comunista stricto sensu.
*In: Jornal O tempo, 23/09/2006, p. A9.
Questão 107)
De acordo com o texto Exercício de Ironia, os vocábulos no diminutivo foram
usados para expressar ironia, exceto:
a) “maquininhas” (linha 2)
b) “carteirinha” (linha 25)
c) “intelectuaizinhos” (linha 30)
d) “lugarzinho” (linha 35)
TEXTO: 23 - Comum à questão: 108
Qualquer canção
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Qualquer canção de bem
Algum mistério tem
É o grão, é o germe, é o gen2
20
Da chama
E essa canção também
Corrói como convém
O coração de quem
Não ama
CHICO BUARQUE
In: CHEDIAK, Almir. Chico Buarque song book 3.
Rio de Janeiro: Lumiar.
Vocabulário:
1
dó menor – um dos tons musicais
2
gen – relativo a origem, nascimento
Questão 108)
A pluralidade de sentidos, característica da linguagem poética, pode ser
obtida por meio de vários mecanismos, como, por exemplo, a elipse de
termos.
Esse mecanismo está presente, de modo mais marcante, no seguinte verso:
a) “E amantes” (v. 4)
b) “E antes” (v. 8)
c) “Rasgado” (v. 12)
d) “Calado” (v. 16)
1
À aldeia chamam-lhe Azinhaga, está naquele 2lugar por assim dizer desde
os alvores 3da nacionalidade (já tinha foral no século 4décimo terceiro), mas
dessa estupenda 5veterania nada ficou, salvo o rio que 6lhe passa mesmo ao
lado (imagino que 7desde a criação do mundo), e que, até 8onde alcançam
as minhas poucas luzes, 9nunca mudou de rumo, embora das suas
10
margens tenha saído um número infinito 11de vezes. A menos de um
quilómetro das 12últimas casas, para o sul, o Almonda, que 13é esse o nome
do rio da minha aldeia, encontra-se 14com o Tejo, ao qual (ou a quem, 15se a
licença me é permitida), ajudava, em 16tempos idos, na medida dos seus
limitados 17caudais, a alagar a lezíria* quando as 18nuvens despejavam cá
para baixo as chuvas 19torrenciais do Inverno e as barragens 20a montante,
pletóricas, congestionadas, 21eram obrigadas a descarregar o excesso 22de
água acumulada. A terra é plana, lisa 23como a palma da mão, sem acidentes
orográficos 24dignos de tal nome, um ou outro 25dique que por ali se tivesse
levantado 26mais servia para guiar a corrente aonde 27causasse menos dano
do que para conter o 28ímpeto poderoso das cheias. Desde tão 29distantes
épocas a gente nascida e vivida 30na minha aldeia aprendeu a negociar com
31
os dois rios que acabaram por lhe configurar 32o carácter, o Almonda, que
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a seus pés 33desliza, o Tejo, lá mais adiante, meio oculto 34por trás da
muralha de choupos, freixos 35e salgueiros que lhe vai acompanhando o
36
curso, e um e outro, por boas ou más razões, 37omnipresentes na memória
e nas falas 38das famílias.
*Lezíria: planície de inundação junto a certos rios.
Saramago, José. As pequenas memórias. São Paulo:
Companhia das Letras, 2006.
Questão 109)
Observe nas linhas 14 e 15: ao qual (ou a quem, se a licença me é
permitida), ajudava. A licença a que o autor se refere é uma forma de:
a) Ser mais preciso no emprego da forma pronominal.
b) Tratar respeitosamente o leitor.
c) Valorizar o rio Tejo, dando-lhe status de pessoa.
d) Desvalorizar o rio Tejo em suas memórias.
e) Valorizar o rio da sua aldeia, o Almonda.
Texto III
Língua
Questão 110)
“No início era tensa, / de tão clássica.”
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TEXTO: 26 - Comum à questão: 111
As coisas boas
01
Recebo e-mail de um jovem de 16 anos reclamando, num texto lúcido e
bem escrito, de que sou 02pessimista. Pois escrevi na última coluna que
"ninguém faz nada", quando, segundo ele, eu deveria dar uma 03mensagem
esperançosa a quem quer "mudar o mundo". De alguma forma, isso me
comoveu. Quase todos 04queremos melhorar o mundo na juventude, e é bom
querer não ficar ________, amargo ou ________ na 05idade adulta. Pior
ainda, chato na velhice. Sou esperançosa e otimista, por isso mesmo não
posso escrever 06apenas sobre coisas amenas, e infelizmente não tenho
mensagem nem receita para o mundo melhorar. 07Pois eu sou apenas mais
uma pessoa que de um lado se alegra, de outro se aflige. O número
espantoso de 08leitores desta revista me dá uma sensação de
comprometimento com a não-alienação. Escondendo a 09realidade é que não
se vai poder mudar ou melhorar coisa nenhuma.
10
Acho nosso momento tristíssimo. Até jornais estrangeiros importantes,
que em geral não nos dão bola, 11registram os fatos que andam ocorrendo
no Senado e em outras __________ solenes como "coroamento da
12
corrupção brasileira". A impressão que se tem, que eu tenho, é que
ninguém anda fazendo grande coisa, ou 13pouca gente faz alguma coisa para
melhorar. Escrever que "ninguém faz nada" é uma hipérbole literária, é
14
como dizer, sem realmente querer dizer isso, "morri de ódio". Acho, sim,
que muitos responsáveis não fazem 15nada, ou fazem o mal: desviam ou
aplicam de maneira irresponsável dinheiro destinado aos pobres,
16
desprezam a educação e a cultura, ________ na saúde, enganam uma
montanha (não, um verdadeiro 17Everest...) de gente que merecia coisa
melhor.
18
Mas também vejo muita gente fazendo muita coisa positiva, gente
querendo acertar, jovens ou velhos 19com esperança, pessoas espalhando o
bem. Cada vez que um de nós é leal com alguém, faz uma coisa 20boa; cada
vez que respeitamos o outro com suas diferenças, seus dramas e
necessidades, fazemos uma 21coisa boa. Cada vez que somos decentes em
vez de perversos, cada vez que cultivamos compreensão e 22respeito em
lugar de rancor, cada vez que somos carinhosos, alegres, solidários, fazemos
coisas muito 23boas.
24
Cada vez que um jovem estuda, trabalha, e se constrói como pessoa
produtiva e positiva, faz algo muito 25bom. Cada vez que um pai presta
atenção no filho, cada vez que uma mãe é dedicada sem depois cobrar 26isso,
fazem uma coisa boa. Cada vez que alguém fuma seu último cigarro, bebe
seu derradeiro copo, cheira 27sua ultimíssima carreirinha e dá o primeiro
passo numa nova vida, faz uma coisa maravilhosa. Sempre que 28alguém
recusa uma baforada de maconha, negando-se a homenagear os traficantes
que amanhã vão matar 29seu filho ou trucidar seu amigo, está fazendo uma
coisa muito boa.
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30
Quando olhamos uma árvore na beira da estrada, a luz do sol num
gramado, a chuva na vidraça, a 31criança observando um besouro, um bebê
dormindo, um velho rodeado pelos filhos, estamos fazendo uma 32coisa muito
boa; cada professor mal pago que atende com dedicação seus alunos, cada
médico de uma 33saúde pública apodrecida que cuida com humanidade de
seus doentes faz uma coisa muito boa. Sempre 34que uma mulher aproxima
os filhos do pai mostrando que ele é um ser humano, está fazendo uma coisa
35
boa; cada filho que abraça o pai que já não o pode sustentar faz uma coisa
boa. O político que rema contra 36a correnteza permanecendo honrado faz
uma coisa muito boa.
37
Fazem-se muitas coisas boas neste mundo, e por isso ainda não nos
matamos. Por isso ainda estamos 38abertos ao belo, ao bom e ao outro. Por
isso vale a pena viver. Mas, sinto muito, o ser humano é um animal
39
predador: o desejo de destruir e arruinar coexiste em todos nós com a
bondade, a decência, a dignidade. 40Que fazer? Somos assim. Se pudermos
estar do lado do bem, querendo melhorar o mundo, viva! As coisas 41não
estarão perdidas, a amargura não vai nos dominar, a sombra acabará fugindo
da claridade, e 42continuaremos sendo, mais que feras, humanos. Mesmo
quando alguém escreve sobre as realidades 43menos bonitas, elas não
precisam prevalecer. E muita gente continuará fazendo muita coisa boa, aos
16 44anos, aos 68 ou aos 86.
(Luft, Lya. Revista Veja.19 de dezembro de 2007. Texto adaptado.)
Questão 111)
Sobre o uso de certas expressões no texto, assinaladas nos fragmentos
abaixo, afirma-se que:
I. Pela leitura de Quase todos queremos melhorar o mundo na juventude
(l.03-04), infere-se que há alguns que não fazem nada.
II. A expressão grande coisa (l. 12) equivale a coisa alguma.
III. O segmento (não, um verdadeiro Everest...) (l. 16-17) intensifica o valor
negativo das ações relatadas anteriormente na frase.
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A tolerância de parte da população − que consome, conscientemente, esses
produtos ilegais − e dos governos − que, muitas vezes, cedem os espaços
públicos, sob o argumento de que “a informalidade é a alternativa para o
5
desemprego” − só estimula o aumento dessa atividade, dominada por
organizações criminais de alcance internacional.
O comércio ostensivo de produtos piratas e o consumo consciente de tais
produtos são sinais de uma sociedade que já não se abala com a violação de
normas.
Infelizmente, cada vez mais pessoas incluem na rotina diária a violação
como forma de ter vantagens, o que constitui gravíssima questão cultural.
Essa cultura que aceita e valoriza a transgressão − desde que ela traga
vantagens − 10passa de uma geração para a outra, e, em cada nova geração,
o problema se agrava, pois cada vez mais se perde o contato com um padrão
ético que um dia existiu. E todos caminhamos na direção de uma sociedade
transgressora, sem limites éticos e sem segurança jurídica.
Por isso, a abordagem do Estado para o comércio informal de produtos
piratas não pode envolver a tolerância ao crime. É exatamente o conjunto de
todas as “pequenas tolerâncias” que nos leva a uma sociedade amedrontada
15
pelos “grandes crimes”.
Aceitar a pirataria sob a alegação de que ela pode ser a válvula de escape
para o problema social do desemprego é um gravíssimo erro. Se não formos
capazes de evitar as causas sociais da criminalidade, tolerar o crime porque
atrás dele pode estar essa questão social é errar outra vez.
O dinheiro que entra no comércio da pirataria − por exemplo, quando um
pai, acompanhado de seu filho, compra 20um DVD infantil pirata de um
camelô − circula pelos vasos comunicantes que interligam as diversas
organizações criminais na clandestinidade e poderá se materializar na frente
daquela criança, na forma de um traficante na porta da escola.
Esse é o preço que se paga pela tolerância ao crime, disfarçado de
solução informal para problemas sociais não resolvidos.
25
Sob o aspecto criminal, aceitar ou mesmo estimular que a polícia tolere
o crime porque pode existir por trás dele a questão social é dar a ela um poder
que, no futuro, poderá voltar-se contra o próprio cidadão. A polícia deve agir
dentro de um espaço discricionário perfeitamente delimitado pela lei, o que
constitui, sobretudo, uma garantia para a sociedade.
Essa obrigação não se limita à polícia, mas se estende às administrações
municipais, já que o ato de comércio 30deve ser regulado e fiscalizado pelas
prefeituras, que têm o poder-dever de agir quando a atividade de comércio é
exercitada irregularmente, como na venda de produtos piratas.
Sob o aspecto econômico, a informalidade é uma das causas do baixo
crescimento do país. Se eliminássemos a informalidade, nossa economia
cresceria mais 2,5 pontos percentuais por ano, segundo a consultoria
McKinsey.
A informalidade e a pirataria espantam os investimentos externos
produtivos, geradores de desenvolvimento. Um 35país com elevados índices
de informalidade e de desrespeito à propriedade intelectual é visto como uma
mesa de jogo de azar, só atraindo o investimento especulativo.
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E não podemos jamais esquecer que, se de um lado existem pessoas que
optaram por violar a lei, comercializando produtos piratas, de outro lado
existem muitos cidadãos honestos que são duplamente virtuosos: pois são
honestos e porque, todo dia, optam por continuar honestos, a despeito da
concorrência criminosa e desleal da pirataria. E esses 40cidadãos merecem
a proteção do Estado, como ponto de partida para a criação de uma
sociedade próspera e justa.
Mas o combate à pirataria também é um ato de proteção voltado aos
“camelôs” envolvidos no comércio de produtos piratas nas ruas das cidades,
pois eles são “escravos” da organização criminal da pirataria.
Por tudo isso, combater a informalidade e a pirataria é, sobretudo,
recuperar os valores éticos nas relações sociais, ponto de partida para a
criação de uma sociedade próspera e justa.
Carlos Alberto de Camargo. Folha de S. Paulo, 7 de novembro de 2006.
Questão 112)
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Questão 113)
Assinale a alternativa que contenha dois recursos lingüísticos presentes no
cartaz anterior:
a) Polissemia e digressão.
b) Intertextualidade e humor.
c) Ambigüidade e digressão.
d) Paranomásia e metalinguagem.
e) Parodoxo e intertextualidade.
A Flor e a Náusea
1.
Preso à minha classe e a algumas roupas,
Vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjôo?
5.
Posso, sem armas, revoltar-me?
6.
Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
10.
fundem-se no mesmo impasse.
11.
Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
14.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.
15.
(...)
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
21.
garanto que uma flor nasceu.
22.
Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
25.
É feia. Mas é realmente uma flor.
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26.
Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
30.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
Questão 114)
O termo enjôo usado no quarto verso:
a) está usado em sentido literal e expressa a indiferença da multidão na rua
por um anônimo que não se sente bem.
b) está usado em sentido literal e expressa a saúde precária dos menos
favorecidos.
c) é utilizado em sentido figurado e significa que o eu lírico deseja ter acesso
a mercadorias que não pode comprar.
d) é utilizado em sentido figurado e expressa a dificuldade de o eu lírico
assumir decisões sobre sua vida pessoal.
e) é utilizado em sentido figurado e expressa a aversão do eu lírico à
realidade opressiva em que vive.
01
A crise financeira atual é uma crise também da sustentabilidade. É uma
crise da ética 02empresarial, do meio ambiente, dos direitos humanos e
sociais, da governança corporativa, 03enfim, de tudo o que está sob o guarda-
chuva da sustentabilidade. Se houvesse 04sustentabilidade enraizada nas
organizações, a crise não estaria acontecendo. E o movimento 05em prol da
sustentabilidade empresarial e governamental tem de se fortalecer ainda
mais a 06partir de agora. Não é momento de preocupação sobre eventual
arrefecimento do movimento. 07É uma chance de trazer esse debate à tona,
de chamar à responsabilidade os tomadores de 08decisão. E jogar luz sobre
os bons exemplos, para que se tornem os guias dessa nova fase da 09história
da humanidade. Os atuais tomadores de decisão têm em suas mãos a chave
para um 10futuro saudável. Aqueles que abraçarem a causa socioambiental
certamente serão os líderes 11do futuro.
12
Essa crise põe em cheque o modelo da atual sociedade de
hiperconsumo, que se 13inspira no padrão norte-americano de consumo,
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cujos excessos tornam irreversíveis certos 14danos à sociedade e ao
ambiente. Não é possível todos os seres humanos manterem o 15mesmo
padrão de consumo dos norte-americanos e, quiçá, dos futuros chineses.
Não há 16recursos suficientes no planeta, nem válvula de escape para a
poluição decorrente.
17
Estamos na rota do irreversível. Não pode haver alerta mais eloquente
do que os 18quatro relatórios de cientistas de todo o mundo – inclusive do
Brasil -, reunidos no Painel 19Intergovernamental de Mudanças Climáticas da
ONU (IPCC), afirmando que a mudança 20climática é real, causada pelas
atividades humanas, e se tornará irreversível em poucos anos. 21O presidente
do IPCC, Rajendra Pachauri, tem avisado que os próximos quatro anos serão
os 22mais definitivos da história da humanidade e que está em nossas mãos
a chave do futuro.
23
Unem-se a ele, nesse alerta, Al Gore, Nicholas Stern, dentre outros. O
sistema 24climático tem sido nosso melhor despertador. Está tocando um
alarme já faz tempo, e estamos 25com preguiça de acordar... O sono
demorado pode nos fazer perder o bonde da história.
26
Portanto, uma das tarefas que temos pela frente é trabalhar um modelo
de economia 27que se sustente não no consumo exacerbado de bens inúteis
e poluentes, mas no modelo de 28prestação de serviços que melhorem o nível
de vida das pessoas. Precisamos de mais 29inteligência. Comida há para
todos no planeta, basta organizar um sistema de produção e 30distribuição.
31
Podemos prescindir de alguns excessos. A sociedade hiperconsumista
de hoje 32certamente não é uma sociedade feliz. A felicidade não está à
venda costurada como adereço 33de um último item da moda, numa
embalagem superfashion, ou num carro hiperturbinado. Ela 34está nas coisas
simples. No fundo, precisamos de uma nova doutrina, um choque de
35
generosidade e um resgate de valores que ficaram para trás. Essa é a
mensagem que a crise 36nos traz, e o planeta também.
(AMANHÃ, n. 250, p. 34, fev. 2009.)
Questão 115)
Analisando as informações presentes no texto, pode-se dizer que
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Questão 116)
O uso da expressão sono demorado (ref. 25) leva-nos a crer que a
humanidade
Coqueiros
4 de dezembro de 1945
1
A chuva encharca as telhas podres dos casebres, retalha o chão escuro
e incerto, enche os valos e vai formar poças trêmulas em torno às hortas
magras, cercadas com restos de velhas tarrafas.
A estrada parece um rio de barro, onde os bois atolam os cascos; e o mar,
espesso e 5ondulante, tem largas sujeiras avermelhadas, junto à praia
oblíqua e saturada, e por onde passam, de vez em vez, vultos apressados de
mãos nos bolsos.
As névoas úmidas esfumam os contornos, Um ou outro grasnar de gaivota
raspa o ar enxovalhado. A vida se diluiu em água e neblina. Uma tristeza
envelheceu a paisagem.
Entardece.
10
A chuva continua a cair, fria e poeirenta, de grandes céus moles e
chatos.
Homens e algas, de Othon d’Eça, p. 168.
Questão 117)
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TEXTO: 32 - Comum à questão: 118
Carioca da gema
1
Carioca, carioca da gema seria aquele 2que sabe rir de si mesmo.
Também por isso, 3aparenta ser o mais desinibido e alegre dos 4brasileiros.
Que, sabendo rir de si e de um 5tudo, é homem capaz de se sentar no meio
6
fio e chorar diante de uma tragédia.
7
O resto é carimbo.
8
Minha memória não me permite 9esquecer. O tio mais alto, o meu tio-avô
10
Rubens, mulherengo de tope, bigode frajola, 11carioca, pobre, porém
caprichoso nas roupas, 12empaletozado como na época, empertigado,
13
namorador impenitente e alegre e, pioneiro, a 14me ensinar nos bondes a
olhar as pernas 15nuas das mulheres e, após, lhes oferecer o 16lugar. Que
havia saias e pernas nuas nos 17meus tempos de menino.
18
Folgado, finório, malandreco, vive de 19férias. Não pode ver mulher
bonita, 20perdulário, superficial e festivo até as 21vísceras. Adjetivação vazia...
E só idéia 22genérica, balela, não passa de carimbo.
23
Gosto de lembrar aos sabidos, 24perdedores de tempo e que jogam
conversa 25fora, que o lugar mais alegre do Rio é a 26favela. É onde mais se
canta no Rio. E, aí, o 27carioca é desconcertante. Dos favelados 28nasce e se
organiza, como um milagre, um 29dos maiores espetáculos de festa popular
do 30mundo, o Carnaval.
31
O carimbo pretensioso e generalizador 32se esquece de que o carioca
não é apenas o 33homem da Zona Sul badalada – de 34Copacabana ao
Leblon. Setenta e cinco por 35cento da população carioca moram na Zona
36
Centro e Norte, no Rio esquecido. E lá, sim, o 37Rio fica mais Rio, a partir
das caras não 38cosmopolitas e se o carioca coubesse no 39carimbo que lhe
imputam não se teriam 40produzido obras pungentes, inovadoras e
41
universais como a de Noel Rosa, a de Geraldo 42Pereira, a de Nélson
Rodrigues, a de Nélson 43Cavaquinho... Muito do sorriso carioca é 44picardia
fina, modo atilado de se driblarem os 45percalços.
46
Tenho para mim que no Rio as ruas 47são faculdades; os botequins,
universidades. 48Algumas frases apanhadas lá nessas bigornas 49da vida, em
situações diversas, como 50aparentes tipos-a-esmo:
51
“Está ruim pra malandro” – o 52advérbio até está oculto.
53
“Quem tem olho grande não entra na 54China.”
55
“A galinha come é com o bico no 56chão.”
57
“Tudo de mais é veneno.”
58
“Negócio é o seguinte: dezenove não 59é vinte.”
60
“Se ginga fosse malandragem, pato 61não acabava na panela.”
62
“Não leve uma raposa a um 63galinheiro.”
64
“Se a farinha é pouca o meu pirão 65primeiro.”
66
“Há duas coisas em que não se pode 67confiar. Quando alguém diz
‘deixe comigo’ ou 68‘este cachorro não morde’.”
69
“Amigo, bebendo cachaça, não faço 70barulho de uísque.”
71
“Da fruta de que você gosta eu como 72até o caroço.”
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73
“A vida é do contra: você vai e ela 74fica.”
75
Como filosofia de vida ou não, 76vivendo em uma cidade em que o
excesso de 77beleza é uma orgia, convivendo com belezas 78e mazelas, o
carioca da gema é um dos 79poucos tipos nacionais para quem ninguém é
80
gaúcho, paraibano, amazonense ou paulista.
81
Ele entende que está tratando com 82brasileiros.
(João Antônio. Ô, Copacabana)
Questão 118)
Marque a opção que completa corretamente o que segue: Na expressão
inicial do texto – “Carioca, carioca da gema” –, a repetição de “carioca”
empresta a esse vocábulo um(a)
a) cunho intensivo.
b) caráter pejorativo.
c) ressonância sarcástica.
d) feição irônica.
1
Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera
apenas informar que acudia ao nome de Raimundo Flamel, pois assim era
subscrita a correspondência que recebia. E era grande. Quase diariamente,
o carteiro lá ia a um dos extremos 5da cidade, onde morava o desconhecido,
sopesando um maço alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas
revistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes...
Quando Fabrício, o pedreiro, voltou de um serviço em casa do novo
habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho 10lhe tinha sido
determinado.
— Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar.
Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de tão
extravagante construção: um forno na sala de jantar!
E, pelos dias seguintes, Fabrício pôde contar que vira balões de 15vidros,
facas sem corte, copos como os da farmácia — um rol de coisas esquisitas
a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como utensílios de uma bateria de
cozinha em que o próprio diabo cozinhasse.
O alarme se fez na vila. Para uns, os mais adiantados, era um 20fabricante
de moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um tipo que tinha parte
com o tinhoso.
Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem
misterioso, ao lado do carro a chiar, e olhava a chaminé da sala de jantar a
fumegar, não deixava de persignar-se e rezar um 25“credo” em voz baixa; e,
não fora a intervenção do farmacêutico, o subdelegado teria ido dar um cerco
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à casa daquele indivíduo suspeito, que inquietava a imaginação de toda uma
população.
Tomando em consideração as informações de Fabrício, o boticário Bastos
concluirá que o desconhecido devia ser um sábio, 30um grande químico,
refugiado ali para mais sossegadamente levar avante os seus trabalhos
científicos.
Homem formado e respeitado na cidade, vereador, médico também,
porque o doutor Jerônimo não gostava de receitar e se fizera sócio da
farmácia para mais em paz viver, a opinião de 35Bastos levou tranquilidade a
todas as consciências e fez com que a população cercasse de uma silenciosa
admiração a pessoa do grande químico, que viera habitar a cidade.
De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se
aqui e ali, olhando perdidamente as águas claras do 40riacho, cismando
diante da penetrante melancolia do crepúsculo, todos se descobriam e não
era raro que às “boas noites” acrescentassem “doutor”. E tocava muito o
coração daquela gente a profunda simpatia com que ele tratava as crianças,
a maneira pela qual as contemplava, parecendo apiedar-se de que elas
tivessem 45nascido para sofrer e morrer.
(Lima Barreto, A nova Califórnia)
Questão 119)
Levando em consideração os sentidos acionados pelo fragmento de A nova
Califórnia, explique por que Raimundo Flamel é designado como “um grande
químico”, no sétimo parágrafo, mas aparece como “(d)o grande químico”, no
parágrafo seguinte, substituindo-se o artigo indefinido pelo definido.
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Questão 120)
Em “Contra todas as expectativas, o homem teve de voltar ao presídio”, a
oração se encontra estrategicamente colocada em que posição e com que
objetivo semântico?
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Questão 121)
Na frase — Estilo o senhor Ayrton só o terá ..., Lobato usa um recurso de
ênfase que consiste em
OS DEGRAUS
Questão 122)
Por utilizar vocábulos do mesmo campo semântico - sonho, mistério, deuses,
enigma, monstros - o poeta, nas recomendações ao interlocutor, constrói
uma relação com
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[...]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
Questão 123)
Na estruturação do texto, destaca-se
Poema obsceno
1 Façam a festa
2 cantem e dancem
3 que eu faço o poema duro
4 o poema-murro
5 sujo
6 como a miséria brasileira
7 Não se detenham:
8 façam a festa
9 Bethânia Martinho
10 Clementina
11 Estação Primeira de Mangueira Salgueiro
12 gente de Vila Isabel e Madureira
13 todos
14 façam
15 a nossa festa
16 enquanto eu soco este pilão
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17 este surdo
18 poema
19 que não toca no rádio
20 que o povo não cantará
21 (mas que nasce dele)
22 Não se prestará a análises estruturalistas
23 Não entrará nas antologias oficiais
24 Obsceno
25 como o salário de um trabalhador aposentado
26 o poema
27 terá o destino dos que habitam o lado escuro do país
28 – e espreitam.
(GULLAR, F. Toda poesia. São Paulo: Círculo do Livro, s. d. p. 338.)
Questão 124)
Considerando os recursos de composição do poema, assinale a alternativa
correta.
Texto 9
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Texto 10
1 Ó cidade da querença,
2 sob o sol ou sob a chuva
3 tu me penetras de ausência.
4 Minha ilha e meu refúgio,
5 aço em que, longe, me firo
6 e espelho em que me revejo,
7 oásis a que me retiro
8 entre os desertos de andejo,
9 morada antiga de deuses,
10me enches de luar e de adeuses.
FILHO, Linhares. Canção para Lavras. In: ______. Notícias de Bordo:
poemas
selecionados. Fortaleza: Edições UFC, 2008, p. 118.
Questão 125)
Analise o que se afirma sobre o texto 9 e, a seguir, coloque V ou F conforme
seja verdadeiro ou falso o que se afirma sobre ele.
Múltiplo sorriso
Pendurou a última bola na árvore de Natal e deu alguns passos atrás. Estava
bonita. Era um pinheiro artificial, mas parecia de verdade. Só bolas
vermelhas. Nunca deixava de armar sua árvore, embora as amigas
dissessem que era bobagem fazer isso quando se mora sozinha. Olhou com
mais vagar. Na luz do fim da tarde, notou que sua imagem se espelhava nas
bolas. Em todas elas, lá estava seu rosto, um 5pouco distorcido, é verdade
– mas sorrindo. “Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto.
“Eu não estou só.”
HELOÍSA SEIXAS
Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra, 2010.
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Questão 126)
“Estão vendo?”, diria às amigas, se estivessem por perto. (ref. 5)
O trecho acima revela o choque entre o mundo imaginário da personagem e
a realidade de sua solidão.
Esse choque entre imaginação e realidade é enfatizado pela utilização do
seguinte recurso de linguagem:
Mistério
À Memória do pequeno Alberto
Questão 127)
Observando os elementos estilístico-formais do poema, que se configura
como um soneto, é correto afirmar que
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c) a última estrofe traz uma conclusão que permite relacionar o par corpo-
coração à oposição cantinho agreste-vale ameno.
d) a grande variedade de sinais de pontuação imprime ao poema um
caráter de modernidade.
01
No verão de 1949, os nativos estavam inquietos no país do Carnaval. 02
As cuícas iriam roncar nas ruas do Rio em fevereiro, e as válvulas 03 dos
Philcos já pegavam fogo ao som dos sucessos daquele ano. De 04 três em
três minutos, a Rádio Nacional martelava “Chiquita Bacana”, 05 com Emilinha
Borba. Era um massacre, a que nem os surdos eram06 poupados. E até que
aquele não seria um Carnaval dos piores: 07 alguns sambas e marchinhas
eram divertidos, como o eufórico 08 “Que samba bom!”. E dezenas de
outros, feitos para durar apenas 09 por pouco tempo, mas que as pessoas
aprendiam e cantavam - 10 nada a ver com os paquidérmicos sambas-enredo
de hoje. As escolas 11 de samba existiam em função dos sambistas, não dos
cambistas - 12 não que elas fossem muito importantes para o Carnaval. E,
como 13 não existia televisão, ninguém ficava apalermado em casa, vivendo
14
vicariamente o espalhafato alheio. Saía-se às ruas para brincar e, 15
durante os dois primeiros meses do ano, todo o Rio de Janeiro era 16 um
Carnaval com um elenco de milhões. Mais exatamente 2 377 451 17
figurantes, segundo diria o IBGE em 1950.
Adaptado de Chega de saudade, de Ruy Castro
Questão 128)
Considerado o contexto, todas as alternativas traduzem adequadamente o
sentido do termo em destaque, EXCETO:
Gênesis
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Quando ele nasceu nasceu de birra
Barro ao invés de incenso e mirra
Cordão cortado com gilete
Questão 129)
Uma característica marcante do poema “Gênesis” é a simetria, que consiste
na harmonia de certas combinações e proporções.
Aponte dois recursos diferentes utilizados no poema – um rítmico/sonoro e
outro sintático – que contribuem para essa simetria.
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vírgula ou sem vírgula. Que a vírgula, convenhamos, até que é um obstáculo
meio frágil, um risquinho. Objeto não identificado? Não, objeto invisível a
olho nu. Pode passar despercebido até a muito olho de lince de
examinador...
— A vírgula, ora, direis, a vírgula...
Mas é justamente essa miúda coisa, esse risquinho, que maior informação
nos dá sobre as qualidades do ensino da língua escrita. Sobre o ensino do
cerne mesmo da língua: a frase, sua estrutura, composição e decomposição.
Da virgulação é que se pode depreender a consciência, o grau de
consciência que tem, quem escreve, do pensamento e de sua expressão, do
ir-e-vir do raciocínio, das hesitações, das interpenetrações de ideias, das
sequências e interdependências, e, linguisticamente, da frase e sua
constituição.
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a
indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.
Na minha carreira de professor, fiz muitos testes de pontuação. E sempre
ficou clara a relação entre a maneira de pontuar e o grau de cociente
intelectual.
Conclusão que tirei: os exercícios de pontuação constituem um excelente
treino para desenvolver a capacidade de raciocinar e construir frases lógicas
e equilibradas.
Quem ensina ou estuda a sintaxe — que é a teoria da frase (ou o “tratado
da construção”, como diziam os gramáticos antigos) — forçosamente acaba
na importância das pausas, cortes, incidências, nexos, etc., elementos que
vão se espelhar na pontuação, quando a mensagem é escrita.
Pontuar bem é ter visão clara da estrutura do pensamento e da frase.
Pontuar bem é governar as rédeas da frase. Pontuar bem é ter ordem, no
pensar e na expressão.
Questão 130)
As vírgulas erradas, ao contrário, retratam a confusão mental, a
indisciplina do espírito, o mau domínio das ideias e do fraseado.
I.. disciplina.
II.. organização.
III.. bom.
IV. corretas.
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TEXTO: 45 - Comum à questão: 131
(Adaptado)
Questão 131)
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TEXTO: 46 - Comum à questão: 132
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Questão 132)
Um dos aspectos distintivos de João Guimarães Rosa é seu trabalho
laborioso com a linguagem.
A esse respeito e com base no texto, considere as afirmativas a seguir.
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trabalho. Portanto, é preciso utilizar momentos de sossego para dar um
passo para trás e redescobrir quem somos. "Caso contrário, boicotaremos
qualquer tentativa de melhorar a qualidade de vida", pontua a psicóloga.
Adaptado de: Angela Tessicini. Revista Vida Natural.
Ano III. Edição 43 – novembro/2010.
Questão 133)
O sentido de um texto depende muitas vezes da escolha das palavras e da
composição sintática dos enunciados. Em relação a essa questão, assinale
o que for correto.
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chegaram a entrar no quarto – chorando, a menina gritou: “Papai”. Ele já
estava com a morte estampada no rosto, exatamente como na chocante foto,
reminiscente de quadros de grandes mestres mostrando o Cristo morto,
divulgada pela promotoria para enfatizar a acusação contra Murray. Todo
mundo em Hollywood e adjacências sabe que julgamento envolvendo
celebridades pode significar fama e dinheiro para muita gente, inclusive
promotores exibicionistas.
(GRYZINSKI, Vilma. In. Veja, Ed. 2237, p. 49,
5 de outubro de 2011. A imagem foi retirada)
Questão 134)
Assinale a alternativa em que o termo destacado no trecho transcrito
corresponde, quanto à significação, à explicação apresentada entre
parênteses.
OS ONZE
Ayres Britto - O ex-amigo de Lula
[...]
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres de Britto,
tornou-se a grande decepção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
cúpula do Judiciário. No último gesto em desacordo com o Lula, Ayres Britto
marcou o julgamento do mensalão para o início de agosto, em plena
campanha eleitoral. Lula queria empurrar a decisão, pelo menos, para 2013.
O empenho de Ayres Britto se explica em parte pelas pressões que o
Supremo sofre para julgar logo o caso. Ao mesmo tempo, assegura sua
participação no clímax do mais badalado e complexo processo da história da
corte. No dia 18 de novembro deste ano, Ayres completará 70 anos e se
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aposentará, como determina a lei. Antes disso, registrará na biografia o papel
de protagonista de um momento especial do Supremo.
Lula indicou Ayres Britto para o STF no primeiro semestre de 2003, logo
depois de chegar ao Palácio do Planalto. Ele fez a escolha com a expectativa
de que teria no Supremo um aliado para as grandes causas do governo. [...].
Advogado, professor universitário e poeta, Ayres Britto também fazia política
em Sergipe. Era filiado ao PT, partido pelo qual se candidatou mais de uma
vez. Dono de uma bem sucedida banca de advocacia, tinha um padrão de
vida muito superior ao dos militantes petistas. Lula costumava contar com
Ayres Britto de cicerone, quando visitava Aracaju nos anos anteriores à
primeira eleição para presidente da República. Em seu carro com ar
condicionado, Lula desfrutava a conversa agradável, a cultura e a gentileza
do correligionário sergipano. Não eram amigos íntimos, mas nutriam
simpatia mútua. Alguns setores do PT local resistiam à presença em suas
fileiras daquele advogado de hábitos refinados.
Seu nome estava nos planos de Lula para o STF desde a campanha eleitoral
de 2002. Antes da escolha definitiva, Ayres Britto ainda contou com três
padrinhos influentes. Os juristas de São Paulo Dalmo Dalari, Fábio Konder
Comparato e Celso Bandeira de Mello fizeram gestões a seu favor. Com
tantas recomendações, o poeta nascido em Propiá, Sergipe, com
reconhecida atuação acadêmica e profissional na área do Direito, assumiu
uma cadeira no Supremo no dia 25 de junho de 2003. Para o PT, era a
primeira vez que um militante do partido passava a integrar o STF.
No lugar onde esperava um aliado, Lula deparou com um homem disposto a
ostentar independência em relação ao Palácio do Planalto. Logo que chegou
ao Supremo, Ayres Britto votou contra o governo numa ação relacionada à
Previdência. Ele se opôs à cobrança de imposto sobre os vencimentos dos
inativos. Embora surpreso, Lula aceitou a postura do ministro que escolhera.
A paciência acabou em 2010, quando Ayres Britto presidiu o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Em abril daquele ano, o TSE condenou Lula a uma
multa de R$ 5 mil, por fazer campanha antecipada para a pré-candidata
Dilma Rousseff durante a inauguração de uma obra em Manguinhos, Rio de
Janeiro. Durante o julgamento e em entrevistas, Ayres Britto repreendeu o
comportamento de Lula. Disse que o uso da máquina administrativa para
fazer campanha era antirrepublicano, parte de um projeto de continuísmo no
poder. Lula interpretou o discurso como um gesto agressivo contra a
candidatura de Dilma. Ficou irritado e reclamou do comportamento do
ministro com um dos juristas que apadrinharam sua indicação.
[...]. Nos poucos meses na presidência do STF, ele ainda empunhou uma
bandeira corporativa: tomou a frente de reivindicação de aumento salarial
para o Judiciário.
[...]. No ano passado, o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do caso, disse
que a demora em tomar a decisão poderia levar à prescrição de alguns
crimes.
A repercussão foi ruim. [...]. Lewandowski resistiu alguns dias, reclamou da
interferência em seu trabalho, mas cedeu às pressões e atendeu ao pedido.
A distância entre Lula e o presidente do STF ficou maior. Quando os dois se
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encontram, cumprimentam-se com cortesia, sem entusiasmo. Mais que
qualquer outro integrante do Supremo, Ayres Britto concentra as mágoas do
presidente que o indicou.
Fonte: Revista Época, Edição 742, 6 de agosto de 2012, p. 60-78.
Questão 135)
Marque a alternativa que contém um sinônimo para a expressão “cicerone”,
em destaque no texto.
a) Amigo.
b) Guia.
c) Militante.
d) Advogado.
e) Parceiro.
Questão 136)
Assinale a alternativa que contém o sentido equivalente ao da seguinte
oração: “Vilã do mau uso do dinheiro público, corrupção ainda seduz!”.
1
Neste exato instante em que seus olhos passam por estas linhas, está
ocorrendo um pequeno milagre da tecnologia. Não, 2 não estou falando do
computador nem da transmissão de dados pela internet, mas da boa e velha
leitura, inventada pela primeira 3 vez cerca de 5.500 anos atrás. Para nós,
leitores experimentados, ela parece a coisa mais natural do mundo, mas isso
não passa 4 de uma ilusão. Ler não apenas não é natural como ainda envolve
cooptar uma complexa rede de processos neurológicos que 5 surgiram para
outras finalidades.
6
Acho que dá até para argumentar que a escrita é a mais fundamental
criação da humanidade. Ela nos permitiu ampliar 7 nossa memória para
horizontes antes inimagináveis. Não fosse por ela, jamais teríamos atingido
os níveis de acúmulo, 8 transmissão e integração de conhecimento que
logramos obter. Nosso modo de vida provavelmente não diferiria muito
daquele 9 experimentado por nossos ancestrais do Neolítico.
10
A conclusão é que, de alguma forma, conseguimos adaptar nosso cérebro
de primatas para lidar com a escrita. Para 11 Stanislas Dehaene (matemático
e neurocientista francês), operou aqui o fenômeno da reciclagem neuronal,
pelo qual processos 12 que surgiram para outras funções foram recrutados
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para a leitura. A coisa funcionou tão bem que nos tornamos capazes de ler
13
com proficiência e rapidez, obtendo a façanha de absorver a linguagem
através da visão, algo para o que nosso corpo e mente 14 não foram
desenhados.
15
Antes de continuar, é preciso qualificar um pouco melhor esse "funcionou
tão bem". É claro que funcionou, tanto que me 16 comunico agora com você,
leitor, através desse código especial. Mas, se você puxar pela memória, vai
se lembrar de que teve de 17 aprender a ler, um processo que, na maioria
esmagadora dos casos, exigiu instrução formal e vários anos de treinamento
até 18 atingir a presente eficiência.
19
Enquanto a aquisição da linguagem oral ocorre, esta sim, naturalmente e
sem esforço (basta jogar uma criança pequena 20 numa comunidade
linguística qualquer que ela "ganha" o idioma), a escrita/leitura precisa ser
ensinada e praticada.
21
As dificuldades não são poucas. Começam nos olhos (só conseguimos ler
o que é captado pela fóvea) e se estendem por 22 todo o tecido neuronal. Um
problema particularmente interessante é o da invariância. Como o cérebro
faz para concluir que A, a, a, 23 a, a são a mesma letra, apesar dos diferentes
desenhos? Pior, mesmo quAnDo fazemos uma sopa de fontes e mIsturAmos
24
TuDo, continuamos DECIFRANDO A MENSAGEM com pouca perda de
velocidade.
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Questão 137)
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Questão 138)
No contexto do poema, o verso – Por cuja escuridão suspiro há tanto! –
equivale a
Os donos da comunicação
Questão 139)
As repetições, o uso de palavras e expressões populares, a justaposição
fluente de ideias, dispensando vírgulas, e as ironias constantes atribuem ao
texto de Millôr Fernandes
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TEXTO: 54 - Comum à questão: 140
A raposa e as uvas
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CLEIA: — Por que não dizes logo que o amas? Gostarias bastante se ele
me repudiasse, te tornasse livre e se casasse contigo...
MELITA: — Não digas isto... Além do mais, Xantós te ama...
CLEIA: — À sua maneira. Faço parte dos bens dele, como tu, as outras
escravas, esta casa...
MELITA: — Sempre que viaja te traz presentes.
CLEIA: — Não é o amor que leva os homens a dar presentes às esposas:
é a vaidade; ou o remorso.
MELITA: — Xantós é um homem ilustre.
CLEIA: — É o filósofo da propriedade: “Os homens são desiguais: a cada
um toca uma dádiva ou um castigo”. É isto democracia grega... É o direito
que o povo tem de escolher o seu tirano: é o direito que o tirano tem de
determinar: deixo-te pobre; faço-te rico; deixo-te livre; faço-te escravo. É o
direito que todos têm de ouvir Xantós dizer que a injustiça é justa, que o
sofrimento é alegria, e que este mundo foi organizado de modo a que ele
possa beber bom vinho, ter uma bela casa, amar uma bela mulher. Já
terminaste?
MELITA: — Um pouco mais, e ainda estarás mais bela para o teu filósofo.
CLEIA: — O meu filósofo... Os filósofos são sempre criaturas cheias
demais de palavras...
Questão 140)
Entre as frases, extraídas do texto, aponte a que consiste num raciocínio
fundamentado na percepção de uma contradição:
Jesus Pantocrátor 1
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Não: aquela cabeça é de um Deus, não se inclina.
À árida pupila a doce, a benfazeja
Lágrima falta, e o peito enorme não arqueja
À dor. Fê-lo tremendo a ficção bizantina2.
Questão 141)
A leitura do soneto revela que o poeta seguiu o preceito parnasiano de só
fazer rimar em seus versos palavras pertencentes a classes gramaticais
diferentes, como se observa, por exemplo, nas palavras que encerram os
quatro versos da primeira quadra, que rimam conforme o esquema ABBA.
Consideradas em sua sequência do primeiro ao quarto verso, tais palavras
surgem, respectivamente, como
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a) adjetivo, verbo, substantivo, adjetivo.
b) substantivo, adjetivo, verbo, verbo.
c) substantivo, adjetivo, substantivo, advérbio.
d) verbo, adjetivo, verbo, adjetivo.
e) substantivo, substantivo, verbo, verbo.
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ensine como funciona um determinado programa privativo, o professor só
poderá confessar que é um segredo guardado pelo fornecedor do software,
que a escola aceitou não poder ensinar ao aluno. Limites artificiais ao que
os alunos poderão almejar descobrir ou aprender são a antítese da
educação, e a escolha de modelos de negócio de software baseados numa
suposta necessidade de privação e controle desse conhecimento não deve
ser incentivada por ninguém, muito menos pelo setor educacional.
(Alexandre Oliva. Software privativo é falta de educação.
http://revista.espiritolivre.org)
Questão 142)
No fragmento do artigo apresentado, em todas as referências a software, a
palavra “Livre” aparece com inicial maiúscula e a palavra “privativo” com
inicial minúscula. Aponte a alternativa que explica essa diferença em função
do próprio contexto do artigo:
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Nessa mesma direção, coloca-se o “império do verbal” em nossas formas
sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como
linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria significante
distinta da linguagem.
(Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.)
Questão 143)
No segundo parágrafo do texto, empregam-se as aspas no termo
“condenado” para
A superação da dor
1
Um dos instrumentos mais importantes de 2defesa do organismo. Assim
pode ser resumida a 3dor. Se quebrarmos o braço, sentimos dor, e assim
4
sabemos que não devemos usá-lo para não piorar a 5fratura. Se
encostarmos em uma superfície quente, a 6variação de temperatura nos faz
tirar a mão, evitando 7que o calor destrua a derme. Se há infecção em 8algum
órgão, cólicas intensas avisam que algo errado 9acontece. Sem a dor, seria
impossível manter a 10integridade de nosso corpo. Em alguns casos, porém,
11
esse orquestrado sistema de defesa sai do eixo. Em 12vez de proteger, vira
uma ameaça. Por mecanismos 13complexos, a dor, que deveria ser apenas
um 14alerta, torna-se perene, constante. Transforma-se 15na chamada dor
crônica – aquela que persiste por 16mais de três meses ou por um período
superior ao 17calculado para a recuperação do paciente. Além 18de
desafiador, o problema tem grande extensão. 19A Organização Mundial da
Saúde calcula que, no 20mundo, a cada cinco pessoas, uma sofra com a dor
21
permanente.
22
A urgência em dar alívio a essa população 23tem feito com que, no
mundo todo, cientistas se 24entreguem à busca de uma melhor compreensão
dos 25mecanismos que levam às sensações dolorosas e de 26novas formas
de intervir nesse processo quando ele 27se torna prejudicial. Se por um lado
ainda há muito o 28que ser descoberto, por outro, os avanços da ciência 29já
são capazes de garantir a uma boa parcela desses 30pacientes a
possibilidade de uma vida sem dor.
31
Pode parecer paradoxal, mas algumas das 32respostas têm sido dadas
a partir de pesquisas com 33pessoas que simplesmente não sentem dor.
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Trabalho 34desse gênero está sendo realizado no Centro de 35Dor do
Hospital das Clínicas de São Paulo (HC-SP). 36Entre os indivíduos estudados
estão os irmãos 37Marisa Helena, 24 anos, e Reinaldo Martins, 30 anos. 38Os
dois moram em Angatuba (SP). Suas histórias 39evidenciam a importância
da dor para garantir uma 40vida segura. Mãe de duas meninas, Marisa
precisou 41ser acordada durante seu segundo parto: o bebê 42já estava
nascendo, e ela permanecia dormindo. 43Reinaldo teve de amputar a perna
após uma grave 44inflamação no joelho. Ele não sentiu os tecidos
45
infeccionarem. Até coisas banais, como comer, 46oferecem risco. Eles não
percebem, por exemplo, 47quando põem um alimento muito quente na boca
e 48só sabem que morderam a língua quando sai sangue. 49Sem o aviso da
dor, os tecidos do corpo de Marisa 50e Reinaldo estão constantemente
ameaçados. 51É preciso uma rotina de cuidados redobrados que 52inclui uma
inspeção diária em busca de possíveis 53lesões. Quando a ameaça não está
visível, o problema 54fica mais sério. No último mês, Marisa foi ao hospital
55
após sentir febre por dias seguidos. Nada lhe doía. 56Os exames, porém,
revelaram uma infecção urinária 57e um cálculo biliar. “Eu queria sentir dor,
mesmo que 58fosse um pouquinho”, diz a agricultora.
COSTA, Rachel. A superação da dor. Revista Isto é,
São Paulo, n. 2173, 06 jul. 2011, p.76-77.
Questão 144)
Em “esse orquestrado sistema de defesa...” (ref. 11), o sentido que o
vocábulo destacado apresenta é
a) inusitado
b) coordenado
c) esporádico
d) inesperado
e) atípico
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dia de calor, janelas fechadas? Algum já viajou esmagado, prensado,
sufocado, o ar faltando aos pulmões?
Sonho com utopias. A São Paulo ideal teria calçadas largas contendo uma
ciclovia e árvores. E bueiros que deem vazão às águas das chuvas. E um
povo que não varra as folhas para dentro dos bueiros. E que tenha
recipientes para se depositar o lixo. A São Paulo ideal teria prédios de no
máximo oito andares e praças e jardins e parques. E principalmente projetos
e planos diretores que olhassem o futuro, e não o presente imediato e
eleitoreiro. E administradores que olhassem com carinho para a cidade.
(Ignácio de Loyola Brandão. O Estado de S.Paulo, 01.07.2012. Adaptado.)
Questão 145)
Existe mudança de classe gramatical entre as palavras destacadas em:
1
Sabe-se que dietas com alta densidade 2 energética, ricas em gorduras
(particularmente as 3 de origem animal) e pobres em fibras alimentares, 4
associadas à redução da atividade física, ao 5 tabagismo e ao consumo
excessivo de álcool 6 podem explicar parte substancial dos casos de 7
algumas doenças crônicas como, por exemplo, a 8 obesidade, as doenças
cardiovasculares, o 9 diabetes mellitus e a síndrome metabólica, tanto 10 em
países desenvolvidos como em 11 desenvolvimento.
12
Neumann et al., em estudo transversal realizado 13 no Município de São
Paulo, Brasil, encontraram 14 associações positivas e estatisticamente 15
significantes entre maior risco cardiovascular e 16 padrões de consumo de
alimentos caracterizados, 17 entre outros, pela maior ingestão habitual de 18
açúcares, gorduras saturadas, sal de adição e 19 álcool.
20
Como apontaram Alves et al., Lenz et al. e Hu, 21 em estudos
epidemiológicos em que se pretende 22 investigar o papel da dieta no
desenvolvimento de 23 doenças crônicas, a avaliação dos padrões de 24
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consumo de alimentos apresenta vantagens em 25 relação ao procedimento
tradicional que considera 26 apenas a ingestão dos nutrientes, isoladamente.
27
Tal abordagem permite, com maior facilidade, 28 estabelecer estratégias
factíveis para a prevenção 29 ou tratamento das doenças.
30
Diversos fatores interferem nas opções 31 alimentares de indivíduos ou
populações, entre 32 eles, os biológicos (sexo, idade, etnia), 33
socioeconômicos (renda e escolaridade) e de 34 estilo de vida (tabagismo,
atividade física). Além 35 disso, como mostraram Levy-Costa et al. e Sichieri
36
et al., a disponibilidade local/regional de alimentos 37 tem papel importante
na definição de tais padrões, 38 indicando que variáveis relacionadas 39
exclusivamente ao indivíduo não são suficientes 40 para explicá-los.
41
Assim, dentro desse contexto, o presente 42 estudo teve como objetivos
descrever os padrões 43 de consumo de alimentos mais frequentemente 44
encontrados entre residentes no Município de 45 Ribeirão Preto, São Paulo,
e identificar quais 46 fatores se associam a eles (sociodemográficos, de 47
estilo de vida e de saúde).
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(3):533-545, mar, 2011.
Adaptado.
Questão 146)
No contexto gramatical do segundo parágrafo do excerto, a expressão “entre
outros” (Ref. 17) poderia (e mereceria) ser sucedida pela palavra
a) desejos.
b) aspectos.
c) gostos.
d) idiotismos.
e) absurdos.
TEXTO: 61 - Comum à questão: 147
Nós, escravocratas
1
Há exatos cem anos, saía da vida para a história um dos maiores brasileiros
de todos os tempos: 2 o pernambucano Joaquim Nabuco. Político que ousou
pensar, intelectual que não se omitiu em 3 agir, pensador e ativista com
causa, principal artífice da abolição do regime escravocrata no 4 Brasil.
5
Apesar da vitória conquistada, Joaquim Nabuco reconhecia: “Acabar com
a escravidão não basta. 6 É preciso acabar com a obra da escravidão”, como
lembrou na semana passada Marcos Vinicios 7 Vilaça, em solenidade na
Academia Brasileira de Letras. Mas a obra da escravidão continua viva, 8 sob
a forma da exclusão social: pobres, especialmente negros, sem terra, sem
emprego, sem 9 casa, sem água, sem esgoto, muitos ainda sem comida;
sobretudo sem acesso à educação de 10 qualidade.
11
Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra da escravidão se
mantém e continuamos 12 escravocratas.
13
Somos escravocratas ao deixarmos que a escola seja tão diferenciada,
conforme a renda da 14 família de uma criança, quanto eram diferenciadas
as vidas na Casa Grande ou na Senzala. 15 Somos escravocratas porque,
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até hoje, não fizemos a distribuição do conhecimento: instrumento 16 decisivo
para a liberdade nos dias atuais. Somos escravocratas porque todos nós,
que estudamos, 17 escrevemos, lemos e obtemos empregos graças aos
diplomas, beneficiamo-nos da exclusão dos 18 que não estudaram. Como
antes, os brasileiros livres se beneficiavam do trabalho dos escravos.
19
Somos escravocratas ao jogarmos, sobre os analfabetos, a culpa por não
saberem ler, em vez 20 de assumirmos nossa própria culpa pelas decisões
tomadas ao longo de décadas. Privilegiamos 21 investimentos econômicos
no lugar de escolas e professores. Somos escravocratas, porque 22
construímos universidades para nossos filhos, mas negamos a mesma
chance aos jovens que 23 foram deserdados do Ensino Médio completo com
qualidade. Somos escravocratas de um novo 24 tipo: a negação da educação
é parte da obra deixada pelos séculos de escravidão.
25
A exclusão da educação substituiu o sequestro na África, o transporte até
o Brasil, a prisão e o 26 trabalho forçado. Somos escravocratas que não
pagamos para ter escravos: nossa escravidão 27 ficou mais barata, e o
dinheiro para comprar os escravos pode ser usado em benefício dos novos
28
escravocratas. Como na escravidão, o trabalho braçal fica reservado para
os novos escravos: os 29 sem educação.
30
Negamo-nos a eliminar a obra da escravidão.
31
Somos escravocratas porque ainda achamos naturais as novas formas de
escravidão; e nossos 32 intelectuais e economistas comemoram minúscula
distribuição de renda, como antes os senhores 33 se vangloriavam da
melhoria na alimentação de seus escravos, nos anos de alta no preço do 34
açúcar. Continuamos escravocratas, comemorando gestos parciais. Antes,
com a proibição do 35 tráfico, a lei do ventre livre, a alforria dos sexagenários.
Agora, com o bolsa família, o voto do 36 analfabeto ou a aposentadoria rural.
Medidas generosas, para inglês ver e sem a ousadia da 37 abolição plena.
38
Somos escravocratas porque, como no século XIX, não percebemos a
estupidez de não abolirmos 39 a escravidão. Ficamos na mesquinhez dos
nossos interesses imediatos negando fazer a revolução 40 educacional que
poderia completar a quase-abolição de 1888. Não ousamos romper as
amarras 41 que envergonham e impedem nosso salto para uma sociedade
civilizada, como, por 350 anos, a 42 escravidão nos envergonhava e
amarrava nosso avanço.
43
Cem anos depois da morte de Joaquim Nabuco, a obra criada pela
escravidão continua, porque 44 continuamos escravocratas. E, ao
continuarmos escravocratas, não libertamos os escravos 45 condenados à
falta de educação.
CRISTOVAM BUARQUE
Adaptado de http://oglobo.globo.com, 30/01/2000.
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Questão 147)
Ficamos na mesquinhez dos nossos interesses imediatos negando fazer a
revolução educacional que poderia completar a quase-abolição de 1888.
(Refs. 39-40)
No caminho da volta
1
Todas as noites, antes de deitar, despedia-se 2 para sempre da mulher e
dos filhos, sem que nada, 3 naquela casa, lhe pertencesse a ponto de retê-
lo.
4
Há muito sonhava.
5
Longas viagens que no escuro do quarto o levavam 6 a terras
incandescentes, parado o corpo sobre a 7 cama, enquanto o outro, sem
limites, percorria mundos.
8
E não podia prever a noite em que, presas as 9 asas do seu sonho em
palmeiras de coral, se veria 10 impedido de voltar.
Questão 148)
a) “antes de deitar” (Ref. 1), “Longas viagens” (Ref. 5), “no escuro do
quarto” (Ref. 5)
b) “Todas as noites” (Ref. 1), “no escuro do quarto” (Ref. 5), “sem limites”
(Ref. 7)
c) “antes de deitar” (Ref. 1), “para sempre” (Ref. 2), “terras incandescentes”
(Ref. 6)
d) “Longas viagens” (Ref. 5), “terras incandescentes” (Ref. 6), “sem limites”
(Ref. 7)
e) “para sempre” (Ref. 2), “o corpo sobre a cama” (Ref. 6-7), “palmeiras de
coral” (Ref. 9)
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TEXTO: 63 - Comum à questão: 149
ASMÁTICOS E ASMÓLOGOS
1
Não sei por que veio bater aqui em casa uma revista médica. Tomei
conhecimento de como a 2 betaciclodextrina é metabolizada em glicose. Mas
o que me impressionou mesmo foi o que há de 3 novidade em matéria de
terapêutica da asma. Meu conhecimento no ramo não foi adquirido nos 4
livros. Ainda que remoto, é saber de experiência feito. Uma vez imaginei
fundar um clube dos 5 asmáticos. Fôlego curto, o Octavio Malta foi um que
se entusiasmou.
6
Mas os asmáticos não são muito unidos. Tampouco os ex-asmáticos. É o
meu caso, apesar 7 de uma ou outra ameaça que lá de vez em quando me
assusta. E quase sempre nos momentos mais 8 inoportunos. Uma noite em
Madri tive de sair de um jantar direto para uma farmácia. Se não 9 opusesse
feroz resistência, me recolhiam a um pronto-socorro com direito a balão de
oxigênio. Lá se 10 vão vinte anos. Foi minha última crise, espero. Última, isto
é, derradeira.
11
Do tal clube dos asmáticos ficou uma crônica do Paulo Mendes Campos.
Para o asmático, 12 dizia ele, não há nada mais ofensivo do que perguntar
se asma pega. Pois não é contagiosa. É de 13 nascença e não mata. Dizem
até que garante vida longa. Se não tiver complicação, o asmático fica 14 pra
semente. Como a tuberculose nos velhos tempos, a asma teria afinidade
com certo tipo de gente. 15 Gente sensível e inteligente. Verdade ou não, é
um consolo.
16
Proust, por exemplo, todo mundo sabe que foi asmático. Vivia num sufoco
tremendo, fechado 17 naquele quarto forrado de cortiça. Isso nos seus
últimos anos de vida, depois que encerrou a fase 18 mundana. O que eu não
sabia e a tal revista me informou é que há hoje a asmologia. E há 19
asmólogos, claro. Aliás, aí em São Paulo existe um Jornal da Asma. Graças
ao seu editor, dr. Charles 20 K. Naspitz, pude ler exemplares de vários
números.
21
Boa parte do mistério e até, por que não?, do encanto da asma é porque
se trata de uma 22 doença hereditária e noturna. Ataca de preferência à noite.
E se retira com o sol. Na velha ortografia, 23 escrevia-se asthma. Palavra
grega, tem a ver com aspirar. A reforma ortográfica cortou o th. Se por 24 um
lado simplificou o nome da doença, por outro aliviou a dispneia dos
asthmaticos. Um acesso em 25 Paris, por exemplo, ainda hoje é bem mais
grave. O th não soa, mas em francês ainda se escreve 26 asthme.
27
Imagine o que sofreu o pobre do Machado de Assis. Não sabia que ele era
asmático? Eu 28 também não. Sabíamos que era epiléptico. Pois o Jornal da
Asma o inclui entre os asmáticos. Já 29 tinha ouvido falar no estilo de gago
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do Machado. Sim, também era gago. Há de ver que o ritmo da 30 sua prosa
vem é da asma. Outro que pagou tributo à sufocação foi o Graciliano Ramos.
Fumava que 31 nem um desesperado. Cigarro mata-rato. E asmático! Eu o
conheci e não sabia.
32
Explica-se por aí o temperamento abespinhado do Velho Graça. Outro
asmático foi Augusto 33 dos Anjos. Aquele pessimismo todo, coitado, era falta
de ar. Vivia a um passo da asfixia, numa época 34 em que a asmologia
apenas engatinhava. Não se sabia o que hoje se sabe, ou se propala. Sendo
35
uma forma de hipersensibilidade, que tem a ver com a respiração, isto é,
com a própria vida, a asma 36 inclina a pessoa para as letras e as artes. Dura
compensação!
(RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. S.P.:
Companhia das Letras, 2011, p.p.76-78. Texto adaptado.)
Questão 149)
A supressão do termo grifado comprometeria o sentido da respectiva frase
em:
1°
As regras que valem para todos os outros não servem para ele. Só as
obedece como e quando bem entende. “Assim faço a diferença”, costuma
dizer. Mas não é nem um pouco egoísta. Pelo contrário. Quanto mais à
direita ele vai, mais aumenta o valor do colega da esquerda, multiplicando-o
por dez, 100 ou 1.000. Trata-se de um revolucionário. Com ar de bonachão,
dá de ombros quando é comparado ao nada. “Sou mesmo”, diz. “Mas isso
significa ser tudo.” Com vocês, o número zero – que ganha, nestas páginas,
o papel que lhe é de direito: o de protagonista de uma odisseia intelectual
que mudou o rumo das ciências exatas e trouxe novas reflexões para a
história das ideias.
2°
Pode soar como exagero atribuir tal importância a um número
aparentemente inócuo. Às vezes, você até esquece que ele existe. Quem se
preocupa em anotar que voltou da feira com zero laranjas? Ou que comprou
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ração para seus zero cachorrinhos? Só fica preocupado quando descobre
um zero na conta bancária. Mesmo assim, logo que chega o pagamento
seguinte, não sobra nem lembrança daquele número gorducho.
3°
O símbolo “0” e o nome zero estão relacionados à ideia de nenhum, não-
existente, nulo. Seu conceito foi pouco estudado ao longo dos séculos. Hoje,
mal desperta alguma curiosidade, apesar de ser absolutamente instigante.
“O ponto principal é o fato de o zero ser e não ser. Ao mesmo tempo indicar
o nada e trazer embutido em si algum conteúdo”, diz o astrônomo Walter
Maciel, professor da Universidade de São Paulo. Se essa dialética parece
complicada para você, cidadão do século XXI, imagine para as tribos
primitivas que viveram muitos séculos antes de Cristo.
4°
A cultura indiana antiga já trazia uma noção de vazio bem antes do
conceito matemático de zero. “Num dicionário de sânscrito, você encontra
uma explicação bastante detalhada sobre o termo indiano para o zero, que
é shúnya”, afirma o físico Roberto de Andrade Martins, do Grupo de História
e Teoria da Ciência da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Como adjetivo, shúnya significa vazio, deserto, estéril. Aplica-se a uma
pessoa solitária, sem amigos; a um indivíduo indiferente ou insensível. O
termo descreve um sentimento de ausência, a falta de algo, uma ação sem
resultados. Como substantivo, shúnya refere-se ao nada, ao vácuo, à
inexistência. A partir do século VIII d.C., os árabes levaram para a Europa,
junto com os outros algarismos, tanto o símbolo que os indianos haviam
criado para o zero quanto à própria ideia de vazio, nulo, não-existente. E
difundiram o termo shúnya – que, em árabe, se tornou shifr e foi latinizado
para zephirum, depois zéfiro, zefro e, por fim, zero.
5º
Bem distante da Índia, nas Américas, por volta dos séculos IV e III a.C., os
maias também deduziram uma representação para o nada. O sistema de
numeração deles era composto por pontos e traços, que indicavam unidades
e dezenas. Tinham duas notações para o zero. A primeira era uma elipse
fechada que lembrava um olho. Servia para compor os números. A segunda
notação, simbólica, remetia a um dos calendários dos maias. O conceito do
vazio era tão significativo entre eles que havia uma divindade específica para
o zero: era o deus Zero, o deus da Morte. “Os maias foram os inventores
desse número no continente americano. A partir deles, outros grupos, como
os astecas, conheceram o princípio do zero”, diz o historiador Leandro
Karnal, da Unicamp.
6°
E os geniais gregos, o que pensavam a respeito do zero? Nada. Apesar
dos avanços na geometria e na lógica, os gregos jamais conceberam uma
representação do vazio, que, para eles, era um conceito até mesmo
antiestético. Não fazia sentido existir vazio num mundo tão bem organizado
e lógico – seria o caos, um fator de desordem. (Os filósofos pré-socráticos
levaram em conta o conceito de vazio entre as partículas, mas a ideia não
vingou.) Aristóteles chegou a dizer que a natureza tinha horror ao vácuo.
7°
“Conceber o conceito do zero exigiu uma abstração muito grande”, diz o
historiador da matemática Ubiratan D’Ambrosio, da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC). Quando o homem aprendeu a calcular, há
cerca de 5.000 anos, fazia associações simples a partir de situações
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concretas: para cada ovelha, uma pedrinha. Duas ovelhas, duas pedrinhas
e assim por diante. “Se sobrassem pedras, o pastor sabia que provavelmente
alguma ovelha tinha sido atacada por um lobo ou se desgarrado das
demais”, diz o matemático Irineu Bicudo, da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), em Rio Claro. O passo seguinte foi representar graficamente esses
números com símbolos e fazer contas com eles.
8°
Os babilônios, que viveram na Mesopotâmia (onde hoje é o Iraque) por
volta do ano 2.500 a.C., foram os primeiros a chegar a uma noção de zero.
Pioneiros na arte de calcular, criaram o que hoje se chama de “sistema de
numeração posicional”. Apesar do nome comprido, a ideia é simples. “Nesse
sistema, os algarismos têm valor pela posição que ocupam”, explica Irineu.
Trata-se do sistema que utilizamos atualmente. Veja o número 222 – o valor
do 2 depende da posição em que ele se encontra: o primeiro vale 200, o
segundo 20 e o terceiro 2. Outros povos antigos, como os egípcios e os
gregos, não usavam esse sistema – continuavam a atribuir a cada número
um sinal diferente, fechando os olhos para a possibilidade matemática do
zero.
9°
O sistema posicional facilitou, e muito, os cálculos dos babilônios. Contudo,
era comum que muitas contas resultassem em números que apresentavam
uma posição vazia, como o nosso 401. (Note que, depois do 4, não há
número na casa das dezenas. Se você não indicasse essa ausência com o
zero, o 401 se tornaria 41, causando enorme confusão.) O que, então, os
babilônios fizeram? Como ainda não tinham o zero, deixaram um espaço
vazio separando os números, a fim de indicar que naquela coluna do meio
não havia nenhum algarismo (era como se escrevêssemos 4_1). O palco
para a estreia do zero estava pronto. Com o tempo, para evitar qualquer
confusão na hora de copiar os números de uma tábua de barro para outra,
os babilônios passaram a separar os números com alguns sinais específicos.
“Os babilônios tentaram representar graficamente o nada, mostrando o
abstrato de uma forma concreta”, diz Ubiratan.
10°
Perceba como um problema prático – a necessidade de separar números
e apontar colunas vazias – levou a uma tentativa de sinalizar o não-existente.
“Trata-se de uma abstração bastante sofisticada representar a inexistência
de medida, o vazio enquanto número, ou seja, o zero”, diz a historiadora da
ciência Ana Maria Alfonso Goldfarb, da PUC. “Temos apenas projeções
culturais a respeito do que é abstrato”, afirma Leandro Karnal. Na tentativa
de tornar concreta uma situação imaginária, cada povo busca as referências
que tem à mão. Veja o caso dos chineses: eles representavam o zero com
um caractere chamado ling, que significava “aquilo que ficou para trás”, como
os pingos de chuva depois de uma tempestade.
Trata-se de um exercício tremendo de abstração. Você já parou para pensar
como, pessoalmente, encara o vazio?
11°
Apesar de ser atraente, o zero não foi recebido de braços abertos pela
Europa, quando apareceu por lá, levado pelos árabes. “É surpreendente ver
quanta resistência a noção de zero encontrou: o medo do novo e do
desconhecido, superstições sobre o nada relacionadas ao diabo, uma
relutância em pensar”, diz o matemático americano Robert Kaplan, autor do
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livro The Nothing That Is (O Nada que Existe, recém-lançado no Brasil) e
orientador de um grupo de estudos sobre a matemática na Universidade
Harvard. O receio diante do zero vem desde a Idade Média. Os povos
medievais o ignoravam solenemente. “Com o zero, qualquer um poderia
fazer contas”, diz Ana Maria. “Os matemáticos da época achavam que
popularizar o cálculo era o mesmo que jogar pérolas aos porcos.” Seria uma
revolução.
12°
Por isso, Kaplan considera o zero um número subversivo. “Ele nos obriga
a repensar tudo o que alguma vez já demos por certo: da divisão aritmética
à natureza de movimento, do cálculo à possibilidade de algo surgir do nada”,
afirma. Tornou-se fundamental para a ciência, da computação à astronomia,
da química à física. “O cálculo integral e diferencial,desenvolvido por Newton
e Leibniz, seria inviável sem o zero”, diz Walter Maciel. Nesse tipode cálculo,
para determinar a velocidade instantânea de um carro, por exemplo, você
deve levar em conta um intervalo de tempo infinitamente curto, que tende a
zero. (É estranho calcular quanto o carro se deslocou em “zero segundos”,
mas é assim que funciona.) “O cálculo integral está na base de tudo o que a
ciência construiu nos últimos 200 anos”, diz Maciel.
13°
Ainda hoje o conceito de zero segue revirando nossas ideias. Falta muito
para entendermos a complexidade desse número. Para o Ocidente, o zero
continua a ser uma mera abstração. Segundo Eduardo Basto de
Albuquerque, professor de história das religiões da Unesp, em Assis, o
pensamento filosófico ocidental trabalha com dois grandes paradigmas que
não comportam um vazio cheio de sentido, como o indiano: o aristotélico (o
mundo é o que vemos e tocamos com nossos sentidos) e o platônico (o
mundo é um reflexo de essências imutáveis e eternas, que não podemos
atingir pelos sentidos e sim pela imaginação e pelo conhecimento). “O
Ocidente pensa o nada em oposição à existência de Deus: se não há Deus,
então é o nada”, diz Eduardo. Ora, mesmo na ausência, poderia haver a
presença de Deus. E o vazio pode ser uma realidade. É só pensar na teoria
atômica, desenvolvida no século XX: o mundo é formado por partículas
diminutas que precisam de um vazio entre elas para se mover.
14°
Talvez o zero assuste porque carrega com ele um outro paradigma: o de
um nada que existe efetivamente.
15°
Na matemática, por mais que pareça limitado a um ou dois papéis, a
função do zero também é “especial” – como ele mesmo faz questão de
mostrar – porque, desde o primeiro momento, rebelou-se contra as regras
que todo número precisa seguir. O zero viabilizou a subtração de um número
natural por ele mesmo (1 – 1 = 0). Multiplicado por um algarismo à escolha
do freguês, não deixa de ser zero (0 x 4 = 0). Pode ser dividido por qualquer
um dos colegas (0 ÷ 3 = 0), que não muda seu jeitão. Mas não deixa nenhum
número – por mais pomposo que se julgue – ser dividido por ele, zero. Tem
ainda outros truques. Você pensa que ele é inútil? “Experimente colocar
alguns gêmeos meus à direita no valor de um cheque para você ver a
diferença”, diz o zero. No entanto, mesmo que todos os zeros do universo se
acomodem no lado esquerdo de um outro algarismo nada muda. Daí a
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expressão “zero à esquerda”, que provém da matemática e indica nulidade
ou insignificância.
16°
Mas o zero – como você pôde ver – decididamente não é um zero à
esquerda. “Foi uma surpresa constatar como é central a ideia de zero: o nada
que gera tudo”, diz Kaplan. E mais: há quem diga que o zero é parente do
infinito, outra abstração que mudou as bases do pensamento científico,
religioso e filosófico. “Eles são equivalentes e opostos, yin e yang”, escreve
o jornalista americano Charles Seife, autor de Zero: The Biography of a
Dangerous Idea (Zero: A Biografia de uma Ideia Perigosa), lançado no ano
passado nos Estados Unidos. O epíteto atribuído ao zero no título – ideia
perigosa – não está ali por acaso. “Apesar da rejeição e do exílio, o zero
sempre derrotou aqueles que se opuseram a ele”, afirma Seife. “A
humanidade nunca conseguiu encaixar o zero em suas filosofias. Em vez
disso, o zero moldou a nossa visão sobre o universo – e também sobre
Deus.” E influenciou, sorrateiramente, a própria filosofia. De fato, trata-se de
um perigo.
Disponível em <http://super.abril.com.br/
ciencia/importancia-numero-zero-442058.shtml>. Acesso em 14 mar. 2012.
(ADAPTADO)
Texto II
CERTAS COISAS (Lulu Santos)
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(20) Cada voz que canta o amor não diz
(21) Tudo o que quer dizer,
(22) Tudo o que cala fala
(23) Mais alto ao coração.
(24) Silenciosamente eu te falo com paixão...
Questão 150)
a) inofensivo
b) indecente
c) insolente
d) inabalável
e) inábil
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TEXTO: 65 - Comum à questão: 151
TEXTO 1
TEXTO 2
1
Revista de maior circulação no mundo, a Time mostrou como ficaram
tênues os limites entre a ciência e a ficção. 2 Em reportagem de capa,
intitulada “Jovem para sempre”, não descarta nas entrelinhas a chance de
que um dia, quem 3 sabe, se descubra não a cura das doenças, mas a cura
da morte.
4
Menos sutilmente, estimula a esperança de que talvez o ser humano possa
chegar aos 300 anos. A revista 5 ancora o sonho em moscas e minhocas
que, tratadas em laboratórios, passaram a viver muitas vezes mais. A
suspeita 6 é de que, em algum lugar, seria possível desmontar um relógio
que determina o aparecimento de rugas, seios caídos, 7 pernas flácidas,
queda de cabelo.
8
Ao tentar separar fantasias e bom senso, a reportagem estabelece como
hipótese realista que, a partir das 9 descobertas médicas das próximas três
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décadas, a expectativa de vida suba para 120 anos. Seria a continuação do
impacto 10 provocado pelo inglês Alexander Fleming, que descobriu o
primeiro antibiótico.
11
Traduzindo: as crianças de hoje se lembrariam de seus pais – ou seja, nós
– como pessoas que morreram jovens 12 porque não completaram 80 anos.
Assim como achamos que nossos tataravós morriam cedo porque não
completavam 13 60 anos de idade.
14
Os novos mitos nutridos pela tecnologia reforçam o absurdo brasileiro.
Dezenas de milhares de crianças que 15 não completam parcos 12 meses
de vida morrem anualmente, porque simplesmente não têm comida ou
bebem água 16 contaminada.
DIMENSTEIN, Gilberto. Expectativa de vida. In: _____ .
Aprendiz do futuro. São Paulo: Ática: 2004. (fragmento)
Questão 151)
a) “limitados” e “infelizes”.
b) “finos” e “doentios”.
c) “sutis” e “míseros”.
d) “escassos” e “exíguos”.
e) “insignificantes” e “comedidos”.
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Murchei no escárnio as coroas do poeta
Na ironia da glória e dos amores:
Aos vapores do vinho, à noite insano
Debrucei-me do jogo nos fervores!
Questão 152)
No contexto em que estão empregados, os termos nódoa, profanei e
escárnio significam, respectivamente,
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E a sede em fogo das ideias vivas
Onde está? onde foi? Essa alma errante
Que um dia no viver passou cantando,
Como canta na treva um vagabundo,
Perdeu-se acaso no sombrio vento,
Como noturna lâmpada apagou-se?
E a centelha da vida, o eletrismo
Que as fibras tremulantes agitava
Morreu para animar futuras vidas?
Questão 153)
E a centelha da vida, o eletrismo
OCORREU-ME compor umas certas regras para uso dos que frequentam
bondes. O desenvolvimento que tem sido entre nós esse meio de
locomoção, essencialmente democrático, exige que ele não seja deixado ao
puro capricho dos passageiros. Não posso dar aqui mais do que alguns
extratos do meu trabalho; basta saber que tem nada menos de setenta
artigos. Vão apenas alguns.
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ART. I – Dos encatarroados
Os encatarroados podem entrar nos bondes com a condição de não tossirem
mais de três vezes dentro de uma hora, e no caso de pigarro, quatro.
Quando a tosse for tão teimosa, que não permita esta limitação, os
encatarroados têm dois alvitres: – ou irem a pé, que é bom exercício, ou
meterem-se na cama. Também podem ir tossir para o diabo que os carregue.
Os encatarroados que estiverem nas extremidades dos bancos, devem
escarrar para o lado da rua, em vez de o fazerem no próprio bonde, salvo
caso de aposta, preceito religioso ou maçônico, vocação, etc., etc.
ART. II – Da posição das pernas
As pernas devem trazer-se de modo que não constranjam os passageiros
do mesmo banco. Não se proíbem formalmente as pernas abertas, mas com
a condição de pagar os outros lugares, e fazê-los ocupar por meninas pobres
ou viúvas desvalidas, mediante uma pequena gratificação.
ART. III – Da leitura dos jornais
Cada vez que um passageiro abrir a folha que estiver lendo, terá o cuidado
de não roçar as ventas dos vizinhos, nem levar- -lhes os chapéus. Também
não é bonito encostá-los no passageiro da frente.
ART. V — Dos amoladores
Toda a pessoa que sentir necessidade de contar os seus negócios íntimos,
sem interesse para ninguém, deve primeiro indagar do passageiro escolhido
para uma tal confidência, se ele é assaz cristão e resignado. No caso
afirmativo, perguntar-se-lhe-á se prefere a narração ou uma descarga de
pontapés. Sendo provável que ele prefira os pontapés, a pessoa deve
imediatamente pespegá-los. No caso aliás extraordinário e quase absurdo,
de que o passageiro prefira a narração, o proponente deve fazê-lo
minuciosamente, carregando muito nas circunstâncias mais triviais,
repetindo os ditos, pisando e repisando as coisas, de modo que o paciente
jure aos seus deuses não cair em outra.
ART. VII – Das conversas
Quando duas pessoas, sentadas a distância, quiserem dizer alguma coisa
em voz alta, terão cuidado de não gastar mais de quinze ou vinte palavras,
e, em todo caso, sem alusões maliciosas, principalmente se houver
senhoras.
ART. IX – Da passagem às senhoras
Quando alguma senhora entrar o passageiro da ponta deve levantar-se e
dar passagem, não só porque é incômodo para ele ficar sentado, apertando
as pernas, como porque é uma grande má-criação.
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Questão 154)
a) duas obrigações.
b) dois paradeiros.
c) dois prejuízos.
d) duas ameaças.
e) duas recomendações.
Questão 155)
Nos trechos – O governo falhou clamorosamente ao permitir e A humildade
é o instrumento mais eficaz na escolha da conduta médica mais adequada,
porque ela coíbe a onipotência –, as palavras em destaque podem ser
substituídas, sem alteração de sentido, respectivamente, por
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a) inadvertidamente; comprova; dignidade pessoal.
b) injustamente; proporciona; presença poderosa.
c) intensamente; fortalece; arrogância exagerada.
d) evidentemente; reprime; poder absoluto.
e) arrebatadamente; expõe; autoridade ilimitada.
1
Acompanho essa revista desde seu início e devo dizer que 2há edições
que maravilham os leitores e outras que os deixam 3exasperados. No
entanto, agora vocês se superaram. A escolha 4do ator para a capa deve ser
elogiada de tão insípida que é, assim 5como suas cores e as bobagens
presentes na entrevista. Queria que 6me informassem quanto valem as
páginas dedicadas ao artista que 7estampa a capa, pois seria desejável um
ressarcimento ou, ao menos, 8gostaria de saber qual foi meu prejuízo
financeiro, já que para minha 9perda intelectual não há reparação.
Adaptação de carta de leitor publicada na Revista Bravo
Questão 156)
Assinale a alternativa que apresenta palavra que pode substituir,
corretamente e sem prejuízo do sentido original, a que está em destaque.
1
Quando se discute o papel do intelectual no Brasil, 2 nota-se, no discurso
de Milton Santos, uma grande 3 coerência entre o que sugere como sendo o
dever a ser 4 cumprido por todo intelectual brasileiro e o seu próprio 5
exemplo de grande pensador e militante das causas 6 humanas, em
diferentes contextos econômicos, sociais, 7 políticos e culturais do Brasil.
8
Ao tratar dos elementos que considera 9 particularmente importantes nessa
atuação, ressalta 10 que, em um mundo em que as ideias são um respaldo
11
necessário aos processos de reconstrução democrática, 12 os intelectuais
apresentam um papel fundamental. No 13 entanto, destaca que, na
atualidade, esses mesmos 14 intelectuais têm destinado seus esforços mais
no sentido 15 de favorecer uma militância de discursos ambíguos e 16
momentâneos do que para um trabalho permanente e 17 gradual de
conscientização coletiva.
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18
“A prática do consumo gera um sentimento ilusório 19 de realização
pessoal e isso garante a continuidade do 20 sistema lucrativo das grandes
empresas”. Os 21 intelectuais, segundo Milton Santos, deveriam se esmerar
22
em fazer eco às reivindicações mais profundas das 23 populações
carentes, no sentido de intervir nos projetos 24 políticos e sociais do país.
Dessa forma, caberia a 25 eles oferecer à sociedade, por meio dos mais
diversos 26 segmentos, organizados ou não (associações, 27 sindicatos,
igrejas, partidos), uma profunda 28 reflexão social de sua própria realidade
contraditória, 29 alertando-os sobre as possibilidades de um fazer político 30
que esteja condizente com as demandas e os interesses 31 sociais da maioria
da população.
32
Talvez por essa imensa preocupação em relação 33 às intervenções que
os intelectuais deveriam carregar 34 como princípio de sua práxis, nosso
pesquisador 35 brasileiro define que, para ele, intelectual é o indivíduo 36 que
tem um compromisso único com a verdade e que 37 está muito mais
preocupado com o prestígio do que 38 com o poder.
39
Se entender que o mundo de hoje é um problema 40 para os intelectuais
brasileiros, o nosso prêmio Nobel 41 da Geografia Brasileira observou que
nas teses, de um 42 modo geral, de praticamente todos os centros e 43
faculdades, o mundo é quase ignorado. E estudar o 44 mundo é, segundo
ele, trabalhar com o “como” ensinar 45 à população sobre o que é o mundo,
quais são as 46 relações que comandam a vida nacional, como é que 47 os
fenômenos sociais e econômicos se realizam, por 48 meio de um discurso
crítico e não de uma mera análise.
49
Talvez uma das maiores contribuições da filosofia 50 seja a de ajudar a
resgatar a liberdade humana. Segundo 51 Flusser, a filosofia é necessária
porque, mesmo em um 52 mundo programado por grandes blocos
econômicos, ela 53 traz o exercício do pensar sobre o significado que cada
54
homem pode dar à sua própria vida e, ao mesmo tempo, 55 consegue
apontar para um caminho de liberdade.
56
Nesse papel filosófico, não apenas do intelectual, 57 mas também da
própria universidade, cabe a construção 58 de uma visão abrangente e
dinâmica do que é o mundo, 59 do que é o país, do que é o lugar, e o papel
de denúncia, 60 isto é, de proclamação clara do que é o mundo, o país, 61 e
o lugar, dizendo tudo isso em voz alta. Essa crítica é 62 o próprio trabalho do
intelectual e poderia ser o trabalho 63 do professor e do pesquisador.
Questão 157)
Considerando-se o contexto em que se insere, a leitura correta do termo
transcrito é a indicada na alternativa
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a) “No entanto” (Refs. 12-13) – Não obstante.
b) “segundo” (Ref. 21) – por meio de.
c) “no sentido de” (Ref. 23) – prestes a.
d) “Dessa forma” (Ref. 24) – Posto que.
e) “isto é” (Ref. 60) – na verdade.
Porta de colégio
1
Passando pela porta de um colégio, me veio 2 a sensação nítida de que
aquilo era a porta da 3 própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era 4
tocante. Por isso, parei, como se precisasse ver 5 melhor o que via e previa.
6
Primeiro há uma diferença de clima entre 7 aquele bando de adolescentes
espalhados pela 8 calçada, sentados sobre carros, em torno de 9 carrocinhas
de doces e refrigerantes, e aqueles 10 que transitam pela rua. Não é só o
uniforme. 11 Não é só a idade. É toda uma atmosfera, como 12 se estivessem
ainda dentro de uma redoma ou 13 aquário, numa bolha, resguardados do
mundo.
14
Talvez não estejam. Vários já sofreram a 15 pancada da separação dos
pais. Aprenderam 16 que a vida é também um exercício de 17 separação. Um
ou outro já transou droga, e 18 com isso deve ter se sentido 19
(equivocadamente) muito adulto. Mas há uma 20 sensação de pureza
angelical misturada com 21 palpitação sexual, que se exibe nos gestos 22
sedutores dos adolescentes.
23
Onde estarão esses meninos e meninas 24 dentro de dez ou vinte anos?
25
Aquele ali, moreno, de cabelos longos 26 corridos, que parece gostar de
esporte, vai se 27 interessar pela informática ou economia; 28 aquela de
cabelos louros e crespos vai ser dona 29 de boutique; aquela morena de
cabelos lisos 30 quer ser médica; a gorduchinha vai acabar 31 casando com
um gerente de multinacional; 32 aquela esguia, meio bailarina, achará um 33
diplomata. Algumas estudarão Letras, se 34 casarão, largarão tudo e
passarão parte do dia 35 levando filhos à praia e à praça e pegando-os 36 de
novo à tardinha no colégio. [...]
37
Estou olhando aquele bando de adolescentes 38 com evidente ternura.
Pudesse passava a mão 39 nos seus cabelos e contava-lhes as últimas 40
histórias da carochinha antes que o lobo feroz 41 as assaltasse na esquina.
Pudesse lhes diria 42 daqui: aproveitem enquanto estão no aquário e 43 na
redoma, enquanto estão na porta da vida e 44 do colégio. O destino também
passa por aí. E a 45 gente pode às vezes modificá-lo.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna:
seleção e prefácio de Letícia Malard. Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66.
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Questão 158)
Atente ao parágrafo quatro, que é constituído de assertivas do enunciador
sobre os adolescentes que vê na porta do colégio, partindo de previsões
feitas por ele mesmo.
a) I e III apenas.
b) I e II apenas.
c) I, II e III.
d) II e III apenas.
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Programa Recomeço, e não a única. O atendimento a crianças e
adolescentes é prestado nos acolhimentos. A dependência química é tratada
pelos profissionais nesses equipamentos sociais.
(Adaptado de: Rodrigo Garcia, Secretário de Estado de Desenvolvimento
Social (São Paulo-SP).)
Questão 159)
Sobre os recursos linguístico-semânticos presentes no texto A, assinale a
alternativa correta.
É mais provável que a população passasse mais tempo em cima das esteiras
do que em cadeiras flutuantes, como no futuro poluído e balofo do filme Wall-
E. Isso porque continuaríamos lutando para ser saudáveis. Afinal, obesidade
é uma doença crônica. Hipertensão, diabetes, colesterol alto e problemas
cardíacos são apenas a cereja de um bolo gigantesco com granulado e
cobertura de chocolate escorrendo pelos cantos. Obesidade é a segunda
maior causa evitável de câncer, perdendo apenas para o cigarro.
Segundo um levantamento do Ministério da Saúde, 48,5% dos brasileiros
pesam mais do que deveriam e 15,8% são, de fato, obesos. O que é pouco
se comparado aos 35,7% de habitantes obesos nos Estados Unidos.
A humanidade está engordando. A projeção
da OMS é que o mundo tenha 700 milhões de obesos. O governo gastaria
mais com saúde do que com qualquer outra coisa. Se todo mundo ficasse
assim, várias adaptações seriam necessárias. Para começar, João Gordo
seria só João. E Jô Soares diria apenas: “beijo do Jô”.
Questão 160)
No trecho: “Afinal, obesidade é uma doença crônica. Hipertensão, diabetes,
colesterol alto e problemas cardíacos são apenas a cereja de um bolo
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gigantesco com granulado e cobertura de chocolate escorrendo pelos
cantos”, a alternativa que substitui com sentido diferente o termo destacado
é:
a) rápida
b) momentânea
c) veloz
d) difícil
e) dispersiva
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igreja, não nas livrarias ou nas estantes (e computadores) dos leitores. O
que Chico, Caetano e Gilberto Gil têm a esconder? Roberto Carlos ao menos
tem uma perna mecânica. Além do trauma.
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Tribunal Federal, por uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida
pela Associação Nacional de Editores de Livros.
[...]
As biografias são, desde a Antiguidade, fontes de informação preciosas —
saberíamos menos sobre Alexandre, o Grande, ou Júlio César sem as Vidas
Paralelas, de Plutarco —, mas não são apenas coleções aleatórias de fatos:
elas oferecem uma interpretação do personagem e de seu tempo. "Nenhuma
biografia é definitiva. Na França, deve estar na casa do milhão o número de
biografias de Napoleão e a cada uma delas se renova a percepção sobre o
personagem", diz a historiadora Mary Del Priore. É difícil e doloroso
caracterizar Caetano, Gil, Chico e companhia como censores. Não combina
com eles e suas obras. Talvez essa recaída no obscurantismo seja apenas
uma página infeliz da nossa história.
Questão 161)
Em “A cada nova justificativa, desciam mais um degrau do autoritarismo”
(final do primeiro parágrafo do texto 3), o uso da linguagem figurada
intenciona
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A m e d i c i n a o f e r e c e a s e u s profissionais um privilégio sem paralelo:
aliviar o sofrimento e resgatar seres para a vida. Infelizmente, esses
momentos não se perenizam, ora por atitudes indevidas dos próprios
médicos, ora por omissão de governantes inescrupulosos.
Isso é o que acontece neste momento da nação. Feridos na sua autoestima,
os médicos posicionaram-se incorretamente c o n t r a a v i n d a d e p r o f i
s s i o n a i s estrangeiros, na contramão de um movimento planetário. Em
todos os países, faltam médicos, sobretudo para atuar em saúde básica.
Calcula-se que, nos EUA, exista um deficit de 15.230 médicos; na região de
Yorkshire, na Inglaterra, os serviços de emergência não contam com
médicos à noite. Foi preciso recorrer ao Exército.
Pecaram também os médicos, postando-se contra a participação de
enfermeiras, psicólogos ou fisioterapeutas na assistência direta a pacientes.
Posição lógica quando se lida com doenças mais complexas, mas irracional
em saúde básica. Ademais, seriam criadas oportunidades de trabalho para
os brasileiros.
Ao contrário dos médicos, que assumiram posições inconsistentes por
ingenuidade ou romantismo, presenciamos uma reação disparatada dos
nossos governantes aos clamores das ruas. Para dissimular a indecência na
saúde, propuseram um conjunto de medidas falaciosas; a principal delas,
importar médicos cubanos para atender nos grotões. Ideia com grande apelo
aos mais distraídos, mas de difícil implantação por afrontar as leis, a
soberania e os valores brasileiros.
Determinadas a contornar as resistências, nossas autoridades adotaram um
estratagema perverso. Desencadearam uma campanha de demonização
dos médicos brasileiros.
Gesto perigoso, por incitar o confronto entre cidadãos brasileiros, num país
que é desigual porque tem governantes incompetentes ou desonestos.
Gesto injusto, porque insulta uma legião de médicos brasileiros que têm
dedicado suas vidas aos mais pobres. Médicos que têm, em média, três
empregos e que ganham um salário inicial de R$ 1.200, como ocorre em
Goiás. Vinculados a uma profissão na qual 48% dos seus membros
trabalham, semanalmente, de 20 a 50 horas a mais do que a população
comum.
Médicos que também são vítimas da inépcia dos nossos governantes. Que,
por descumprirem suas obrigações, arruinaram e produziram, nos últimos
cinco anos, o fechamento de 286 hospitais ligados ao SUS. Pior ainda,
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governo cujo Ministério da Saúde deixou de utilizar, por inoperância, R$ 9
bilhões dos recursos a ele destinados em 2012. Valor com o qual teriam sido
construídas e equipadas cerca de 18 mil unidades básicas de saúde,
garantindo uma assistência qualificada a milhões de desvalidos e reduzindo
o número de corpos que despencam nas filas intermináveis dos hospitais
públicos.
Diante do caos, seria ainda possível corrigir a tragédia que nos assola? Acho
que sim, até atrevo-me a fazer algumas sugestões. 1) Alocar, de forma
sincera, recursos substanciais na área da saúde. 2) Entregar a direção do
Ministério da Saúde e do SUS a gestores competentes e sinceros, e não a
políticos oportunistas. 3) Entregar a gestão dos hospitais públicos a
organizações sociais sem fins lucrativos. 4) Aperfeiçoar e aumentar a
abrangência das equipes de Saúde da Família. 5) Atualizar coerentemente
as tabelas de ressarcimento do SUS. 6) Criar um plano de cargos e salários
condignos para os médicos atuarem em saúde básica, associado a
oportunidades de trabalho e estudo para suas famílias. 6) Legalizar e
contratar equipes multiprofissionais para prestarem atendimento em saúde
básica, auxiliando ou substituindo os médicos onde eles inexistem. 8) Alijar
os corruptos que se locupletam na saúde. 9) Promover um aumento imediato
de 20% a 30% de vagas nas escolas médicas, com financiamento
governamental. 10) Inserir os médicos brasileiros nesse processo de
reconstrução da saúde nacional.
Os cidadãos desassistidos serão melhor amparados, o governo cumprirá
com mais dignidade o seu papel social e os médicos terão amenizados seus
momentos de sofrimento interminável.
MIGUEL SROUGI, 66, pós-graduado em urologia pela
Universidade Harvard, é professor titular de urologia da Faculdade de
Medicina
da USP e presidente do conselho do Instituto Criança é Vida.
Questão 162)
Qual o efeito de sentido pretendido com o uso da palavra em destaque no
quinto parágrafo aqui reproduzido?
Determinadas a contornar as resistências, nossas autoridades adotaram um
estratagema perverso.
Desencadearam uma campanha de demonização dos médicos brasileiros.
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TEXTO: 77 - Comum à questão: 163
TEXTO 1
Senhorinha
Moça de fazenda antiga, prenda minha
Gosta de passear de chapéu, sombrinha
Como quem fugiu de uma modinha
Sinhazinha
No balanço da cadeira de palhinha
Gosta de trançar seu retrós de linha
Como quem parece que adivinha (amor)
Princesinha
Moça dos contos de amor da carochinha
Gosta de brincar de fada-madrinha
Como quem quer ser minha rainh
Sinhá mocinha
Com seu brinco e seu colar de água-marinha
Gosta de me olhar da casa vizinha
Como quem me quer na camarinha (amor)
Ó prenda minha
Ó meu amor
Se torne a minha senhorinha
(GUINGA; PINHEIRO, Paulo César. “Senhorinha”.
In: Noturno Copacabana. Faixa 8; Velas, 2003.)
TEXTO 2
“O trovador, obediente a estritas normas de cortesia – o ‘amor cortês’ –,
rendia vassalagem à dama (o ‘serviço amoroso’), prometendo servi-la e
respeitá-la fielmente, ser discreto embora ciumento, empalidecer na sua
presença, perturbar-se interiormente, ser temeroso de não ser
correspondido, nada recusar à dama eleita.”
(MOISÉS, Massaud. “Trovadorismo”. Dicionário de termos literários.
São Paulo: Cultrix, 2004, p. 455.)
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Questão 163)
Na letra da canção, a constante utilização de formas no diminutivo indica:
a) infantilidade.
b) pequeneza.
c) afetividade.
d) indiferença.
1
Quem devia escrever a história do 2 tricampeonato era Mário Filho. Só ele
teria a 3 visão homérica do maior feito do futebol 4 brasileiro e mundial. Nunca
houve, na face da 5 terra, um escrete tão humilhado e tão ofendido. 6 Vocês
se lembram do que aconteceu no 7 Morumbi.
8
Sempre digo que a torcida vaia até minuto 9 de silêncio. Mas em São Paulo
foi demais. A 10 torcida queria Edu, e Zagallo escalou Paulo 11 César. A vaia
começou antes do jogo, continuou 12 durante e depois do jogo. Até hoje, não
sei ,13 como Paulo César sobreviveu ao próprio 14 massacre. Há um tipo de
vaia que explode como 15 uma força da natureza. Sim. Uma vaia que 16 venta,
chove, troveja e relampeja.
17
Os jogadores se entreolhavam, sem entender 18 que os tratassem, no
Brasil, como o inimigo, 19 como o estrangeiro. Mas não era só a multidão. 20
Também a imprensa, fora algumas exceções, 21 dizia horrores do técnico, do
time, dos 22 jogadores.
23
Todavia, ninguém contava com o homem 24 brasileiro. Cada um de nós é
um pouco como o 25 Zé do Patrocínio. O “Tigre da Abolição” era 26 suscetível
às mais cavas e feias depressões. Sua 27 retórica sempre começava fria,
gaguejante. 28 Seus amigos, porém, iam para o meio da massa 29 e
começavam a berrar: — “Negro burro, negro 30 analfabeto, negro ordinário!”
E, então, 31 Patrocínio pegava fogo. Dizia coisas assim: — 32 “Sou negro,
sim, Deus deu-me sangue de Otelo 33 para ter ciúmes de minha pátria”. Para
assumir 34 a sua verdadeira dimensão, o escrete precisava 35 ser mordido
pelas vaias. Foi toda uma 36 maravilhosa ressurreição.
37
A Copa do México desmontou a gigantesca 38 impostura que a maioria
criava em torno do 39 futebol europeu. Os virtuosos, os estilistas, 40 éramos
nós; nós, os goleadores; nós, os 41 inventores. E a famosa velocidade? Meu
Deus, 42 ganhamos andando.
43
Pelé, maravilhosamente negro, poderia 44 erguer o gesto, gritando: —
“Deus deu-me 45 sangue de Otelo para ter ciúmes da minha 46 pátria”. E
assim, brancos ou pretos, somos 90 47 milhões de otelos incendiados de
ciúme pela 48 pátria.
(Brasil 4 x 1 Itália, 21/6/1970, na Cidade do México. Brasil tricampeão mundial.)
RODRIGUES, Nélson. In: A pátria em chuteiras: novas crônicas de
futebol. São Paulo: Companhia das Letras, 1984. p. 158-160. Texto
adaptado.
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Questão 164)
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Questão 165)
Considerando-se a análise dos aspectos linguísticos que estruturam o
anúncio, é correto afirmar:
Compaixão
Isso tudo pode parecer estranho, mas o fato é que a denúncia da compaixão
segue um raciocínio bastante rigoroso. O sofrimento — e todos concordam
— é algo ruim. A compaixão multiplica o sofrimento do mundo, fazendo com
que a dor de uma criatura seja sentida também por outra. E o que é pior: ao
passar a infelicidade adiante, ela não corrige, nem remedia, nem alivia a dor
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original. Como essa infiltração universal da tristeza poderia ser uma virtude?
No século 1 a.C., Cícero escreveu: “Por que sentir piedade, se em vez disso
podemos simplesmente ajudar os sofredores? Devemos ser justos e
caridosos, mas sem sofrer o que os outros sofrem”.
* Os romanos consideravam a cratera vulcânica de Averno, situada perto de
Nápoles, como entrada para o mundo inferior, o mundo dos mortos,
governado por Plutão.
Questão 166)
Por meio da expressão onipresença da miséria humana, o autor do artigo
salienta que
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O oficial ainda não conhecia o Tico. Era novo na cidade. Então o velho
explicou. O Tico era um sujeito que sabia animar os velórios, contava
histórias, tinha um jeito especial de levar a conversa, deixando todo o mundo
à vontade. Sem o Tico era o diabo... Por onde andaria aquela alma?
Entrou um homem magro, alto, de preto. Cumprimentou com um aceno
discreto de cabeça, caminhou devagarinho até o cadáver e ergueu o lenço
branco que lhe cobria o rosto. Por alguns segundos fitou na cara morta os
olhos tristes. Depois deixou cair o lenço, afastou-se enxugando as lágrimas
com as costas das mãos e entrou no quarto vizinho.
O velho calvo suspirou.
— Pouca gente...
O militar passou o lenço pela testa suada.
— Muito pouca. E o calor está brabo.
— E ainda é cedo.
O capitão tirou o relógio: faltava um quarto para as oito.
(Um lugar ao sol, 1978.)
Questão 167)
A força expressiva da locução silêncio espesso resulta do fato de o
substantivo e o adjetivo
Ginástica sintática
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O estudo diz avançar sobre uma pesquisa iniciada em 2008 e publicada na
mesma revista, segundo a qual, quando os jazzistas improvisam, seus
cérebros “desligam” os controles de censura e autoinibição, e “ligam” os que
liberam a expressão — o que não aconteceria se tocassem um “conteúdo”,
uma melodia conhecida e sem variações.
(Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 08.03.2014. Adaptado.)
Questão 168)
No contexto do segundo parágrafo, o termo jazzês, formado com o
acréscimo do sufixo -ês à base jazz, é usado para sugerir que o jazz
a) não tem uma melodia característica, por ser um estilo feito da influência
de outros ritmos.
b) possui uma linguagem peculiar, que permite diferenciá-lo de outros
estilos musicais.
c) conta com um número cada vez mais reduzido de fãs, porque se tornou
um estilo ultrapassado.
d) valoriza a expressão individual do músico, eliminando o diálogo e
estimulando a introspecção.
e) é um ritmo destituído de originalidade, pois se fundamenta na repetição
de fórmulas.
TEXTO: 83 - Comum à questão: 169
Considere o trecho de um poema de 1869 do poeta romântico português
Guilherme Braga (1845-1874) e uma marcha de carnaval de Wilson Batista
(1913-1968) e Roberto Martins (1909-1992), gravada em 1948.
Em dezembro
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[...]
[...]
Pedreiro Waldemar
Você conhece
O pedreiro Waldemar?
Não conhece?
Mas eu vou lhe apresentar
De madrugada
Toma o trem da Circular
Faz tanta casa
E não tem casa pra morar
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Leva a marmita
Embrulhada no jornal
Se tem almoço,
Nem sempre tem jantar
O Waldemar,
Que é mestre no ofício
Constrói um edifício
E depois não pode entrar.
(Roberto Lapiccirella (org.),
Antologia musical popular brasileira, 1996.)
Questão 169)
Na segunda estrofe do trecho reproduzido do poema, Guilherme Braga se
serve da palavra idosa num sentido que não é o habitualmente empregado
hoje. Estabeleça essa diferença com base no contexto em que a palavra é
empregada.
O PATO SOCIAL
Amigos que atuam no mercado editorial e na imprensa de Lisboa,
externando com bom humor a sua indignação, argumentavam: “Queremos
igualdade de condições e direitos. Se não podemos ser ‘exactos’ em nosso
idioma, então vocês não podem ter um ‘pacto’, mas, sim, um pato social”.
Avicultura sociopolítica à parte, os lusos, a despeito de seus
questionamentos, e os demais governos da Comunidade dos Países de
Língua Portuguesa, com exceção de Angola, já ratificaram o acordo
ortográfico. O mais importante de tudo isso é entender que as mudanças que
unificaram a ortografia não alteraram a gramática e a riqueza do
português,com sua multiplicidade de expressões homônimas e parônimas e
infinitas possibilidades sintáticas para a composição das frases e sentenças.
Ademais, o alto grau de redundância linguística de nosso idioma permite
que os textos sejam lidos rapidamente e na diagonal, sem prejuízo de se
assimilar a informação mínima, e também facilita o mecanismo da
previsibilidade (ou seja, mesmo quando faltam letras numa palavra, o leitor
consegue ler de maneira correta). Tudo isso vai a favor do consenso nacional
quanto à necessidade de estimular a leitura.
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Considerando a adequada e rápida adaptação do Brasil e levando-se em
conta que até os portugueses já ratificaram o acordo ortográfico, são
incompreensíveis as propostas que às vezes surgem no nosso Legislativo
ou na retórica de pretensos estudiosos do tema, de se produzirem novas
mudanças.
(Karine Pansa, Folha de SP, adaptado, 19.08.2014)
Questão 170)
Assinale o item em que o par de vocábulos não seja exemplo de palavras
parônimas, mas sim de homônimas:
a) pacto – pato
b) ratificar – retificar
c) cumprido – comprido
d) são (verbo ser) – são (santo)
e) descrição – discrição
01
No acontecimento mais importante e decisivo do ano, as eleições,
apenas 25% dos brasileiros entre 16 e 17 02 anos irão votar. A grande maioria
não tirou o título de eleitor. Desde 2006, a participação dos jovens dessa
faixa etária 03 vem diminuindo cada vez mais. De fato, o baixo envolvimento
da juventude com a política é um fenômeno constatado 04 em diversos
países, como por exemplo o Chile, a Argentina, a Espanha, para citar alguns.
As razões são diversas e o 05 assunto exige análises mais complexas do que
é possível fazer aqui. Mas quero propor o debate: a participação 06 política
dos jovens é estimulada ou, por outro lado, reduzida pela educação que
recebem em casa e na escola?
07
Na educação de casa, crianças e jovens de hoje certamente percebem
o desencanto dos pais quanto às reais 08 formas de participação e de
expressão que conseguiram se estabelecer nas últimas décadas, mesmo
nos regimes 09 democráticos. Compartilham o descrédito dos pais quanto
aos partidos políticos, à gestão dos recursos públicos, à 10 solução de
problemas estruturais como a corrupção, a educação ou a inclusão social.
Uma frase comum entre os 11 jovens é a de que “nenhum candidato me
representa”. Muitos consideram outras formas de participação, como as 12
manifestações, mais efetivas do que o voto.
13
Por outro lado, há que se lembrar que o espaço da convivência familiar
pode ser um dos mais férteis para a 14 formação política. É nele que se vivem
as primeiras experiências de autoritarismo ou de democracia, que se
começam 15 a entender as estruturas de poder e de participação. Em casa,
as relações podem ser marcadas pelo individualismo ou 16 pela cooperação.
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As tarefas domésticas podem ser assumidas apenas por alguns, ou
distribuídas entre todos. Os 17 limites podem ser estabelecidos de uma forma
coerente, libertadora, que ajude a assumir as próprias decisões. Nada 18
disso é neutro. Tudo forma para a vida política.
19
Conheço famílias que, inclusive, estão aproveitando esta véspera de
eleições para educar para a cidadania. 20 Debatem com os filhos sobre as
necessidades mais urgentes da população e as comparam com as propostas
dos 21 candidatos. Explicam às crianças as responsabilidades de um
senador, um deputado, e como as suas ações podem 22 afetar a nossa vida.
Pedem que a criança imagine o que faria se fosse presidente. Com
adolescentes, analisam os 23 discursos dos candidatos, tentando separar
programas de governo estruturados de meras promessas eleitoreiras. 24
Pesquisam juntos o histórico dos políticos, avaliando como se saíram
quando assumiram outro cargo público. Práticas 25 desse tipo podem ajudar
a despertar a consciência crítica e a perceber as implicações de um voto.
26
Ao mesmo tempo, a educação escolar é também um fator-chave na
formação política. Hoje se fala bastante 27 numa sala de aula na qual não se
transmitam só conteúdos acadêmicos, mas se forme para a vida cidadã.
Esse foi o 28 tom das mais recentes reformas educacionais, tanto na gestão
de Fernando Henrique Cardoso, por exemplo com os 29 Parâmetros
Curriculares Nacionais, como na gestão de Lula e de Dilma Rousseff, por
exemplo ao defender um estilo 30 de prova do Enem, como exame de
ingresso ao ensino superior, mais focado em atualidades e análises de
contexto, 31 do que em conteúdos abstratos.
32
No entanto, poderíamos questionar se o espaço escolar consegue ser,
de fato, um ambiente que forma para a 33 democracia, e com seus valores e
práticas a aprofunda e a consolida, ou se o estudante se depara com um
sistema 34 que ainda promove pouco a participação e forma indivíduos
competitivos e utilitaristas. Pois, como diz José Gimeno 35 Sacristán, “a
escola contribuirá para a democracia sempre que seus conteúdos e objetivos
se ajustarem aos valores da 36 democracia, mas sobretudo quando as
práticas pedagógicas estiverem alinhadas com as exigências mínimas de
uma 37 democracia”.
38
Ora, se a escola mantém as antigas relações de poder, com hierarquias
rígidas, atividades que se repetem 39 mecanicamente, ordens que
simplesmente devem ser cumpridas e conhecimentos fragmentados em
disciplinas com 40 pouca ligação com o mundo do estudante, a instituição
está na verdade, como escreveu Foucault, formando um “objeto 41 de
informação”, em vez de um “sujeito de comunicação”.
42
Há instituições que, ao contrário, repensaram sua função social e, com
isso, seus currículos e práticas. 43 Concebem-se cada vez mais como
ambientes de aprendizagem e de comunicação, onde pessoas com
diferentes 44 interesses e afinidades se encontram para aprender umas com
as outras. Seguem o que disse Paulo Freire: “Não 45 basta saber ler que Eva
viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu
contexto social, quem 46 trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse
trabalho.” Nessas escolas, os professores se entendem como 47 mediadores
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e as mídias são usadas para o intercâmbio de ideias e conhecimentos. A
aula é o ponto de partida de uma 48 rede de pessoas, dialógica, participativa,
inclusiva, multicultural, aberta ao que é diverso.
49
São práticas necessárias nessa escola democrática, por exemplo, os
grêmios estudantis e a existência dos 50 conselhos de pais. Estruturas desse
tipo, entre outras, estimulam a participação no planejamento e na tomada de
51
decisões. Outra atividade positiva são os trabalhos sociais. E nestes
meses tenho acompanhado experiências 52 escolares interessantes com
foco nas eleições. Por exemplo, há professores que estimularam as turmas
a organizar 53 partidos políticos imaginários e fazer debates como os da TV,
entre os candidatos com diferentes ideologias, discutindo 54 soluções
possíveis para os problemas da escola, da comunidade e do bairro. Não há
como não imaginar que, quando 55 adultas, estas crianças terão mais
condições de votar de forma mais consciente.
56
De resto, para além das instituições tradicionais, a própria juventude
vem encontrando outros espaços e formas 57 de participação. Um dos mais
promissores é o das redes sociais, nas quais os jovens se posicionam,
organizam 58 movimentos, discutem visões de mundo. Nem sempre com
respeito, nem sempre com tolerância, vão experimentando 59 os riscos e
potencialidades da cibercultura.
60
Há que torcer para que essa interatividade, da qual participamos com
um clique tão confortável que não requer 61 nem sair de casa, não termine
por banalizar ainda mais o voto. Ao contrário: que a esfera digital nos desafie
a mudar 62 as formas de aprender e ensinar e provoque novas e produtivas
discussões, nas casas e nas escolas.
Disponível em: <http://g1.globo.com/educacao/blog/andrea-ramal/post/
educacao-de-hoje-estimula-ou-reduz-participacao-dos-jovens-na-
politica.html>. Acesso em: 11 ago. 14. (Adaptado.)
Questão 171)
O fragmento instituições tradicionais (Ref. 56), ao retomar as instituições
escola e família, denota a ideia de
a) ambiguidade.
b) oposição.
c) adição.
d) generalização.
e) seleção.
44
A Internet vista, unanimemente, como o 45 território livre, a tecnologia
libertadora que, em 46 muitos países, permitiu o florescimento da 47
cidadania, a ampliação das oportunidades de 48 educação, o ambiente para
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novas empresas e 49 novos empreendedores, para o trabalho 50 colaborativo
em rede.
51
Graças a seu ambiente libertário, 52 internacionalmente ajudou a
derrubar 53 ditaduras e monopólios de mídia, o controle da 54 informação,
tanto por governos como por 55 cartéis.
56
No entanto, não se considere um modelo 57 consolidado. Em outros
momentos da história 58 surgiram novas tecnologias, promovendo 59
rupturas, abrindo espaço para a 60 democratização e, no momento seguinte,
61
quedaram dominadas por novos cartéis e 62 monopólios que se formaram.
63
Foi assim com o início da telefonia. 64 Enquanto a Bell Co se
consolidava, como 65 grande companhia nacional, surgiram 66 inúmeras
experiências locais, como a Mesa 67 Telephone, para localidades rurais
norte-68 americanas, de tecnologia rudimentar porém 69 útil para ligar
comunidades agrícolas.
70
Nasceram centenas de outras companhias 71 por todo o país. Esse
mesmo modelo 72 disseminou-se pelo Brasil dos anos 40 em 73 diante, com
companhias municipais levando o 74 telefone a cidades menores, em um
surto de 75 pioneirismo extraordinário.
76
Nos Estados Unidos, o movimento dos 77 "independentes" permitiu às
comunidades 78 rurais estreitar laços, criar amizades, sistemas 79 de
informação, da mesma maneira que as 80 redes sociais de agora. Através do
telefone 81 desenvolveram noticiários sobre o clima, sobre 82 a região,
relatórios de mercado etc.
83
Os "independentes" chegaram a ter 3 84 milhões de aparelhos, contra
2,5 milhões da 85 Bell.
86
Com a ajuda do J.P.Morgan, o mais 87 influente banco da época, a Bell
reestruturou-88 se em torno da AT&T.
89
Em vez de declarar guerra aos 90 "independentes", a nova direção
propôs um 91 trabalho conjunto, facilitando para eles as 92 ligações de longa
distância, desde que 93 trocassem seus sistemas rústicos pelos padrões 94
Bell. Quem não aderisse, não teria ligações de 95 longa distância.
96
Como resultado, a AT&T matou a 97 concorrência dos "independentes"
e construiu 98 o mais longevo e poderoso monopólio da 99 história, só
desmembrado na década de 1980.
100
O mesmo processo de concentração se 101 repetiu no rádio.
102
No início, o rádio tornou-se uma ferramenta 103 tão democrática e
disseminada quanto a 104 Internet. Não havia controle e qualquer 105 pessoa,
adquirindo um kit de rádio, montava 106 sua estação sem fio.
107
Em 1921 havia 525 estatais transmissoras 108 nos Estados Unidos. Até
o final de 1924, mais 109 de 2 milhões de aparelhos de rádio. Segundo 110
Tim Wu, autor do importante "Impérios da 111 Comunicação", antes da
Internet os rádios 112 foram a maior mídia aberta do século.
113
Repetiu-se o mesmo processo do telefone. 114 À medida que
aumentava o público e criava 115 escala, o mercado libertário era enquadrado
116
pelo poder público e a ocupação do espaço 117 entregue a grupos
particulares.
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118
Hoje em dia, as concessões de rádio se 119 tornaram ativos de
empresas privadas, as 120 rádios comunitárias são criminalizadas e o 121
exercício pessoal se restringe aos rádios 122 amadores.
123
Esse é o desafio atual da Internet. Se não 124 for garantida a
neutralidade da rede - isto é, o 125 direito de qualquer site ou pessoa de ter
126
acesso à rede, sem privilégios - em breve o 127 grande sonho libertário da
Internet terá o 128 mesmo destino do telefone e do rádio.
Luís Nassif. Coluna Econômica.07/09/2013.
Questão 172)
Um dos enunciados dispostos a seguir é redundante. O articulista usa
excesso de palavra, insistindo em uma ideia. Reconheça e assinale esse
enunciado.
A metamorfose
Uma barata acordou um dia e viu que tinha se transformado num ser
humano. Começou a mexer suas patas e viu que só tinha quatro, que eram
grandes e pesadas e de articulação difícil. Não tinha mais antenas. Quis
emitir um som de surpresa e sem querer deu um grunhido. As outras baratas
fugiram aterrorizadas para trás do móvel. Ela quis segui-las, mas não coube
atrás do móvel. O seu segundo pensamento foi: "Que horror… Preciso
acabar com essas baratas…"
Pensar, para a ex-barata, era uma novidade. Antigamente ela seguia seu
instinto. Agora precisava raciocinar. Fez uma espécie de manto com a
cortina da sala para cobrir sua nudez. Saiu pela casa e encontrou um armário
num quarto, e, nele, roupa de baixo e um vestido. Olhou-se no espelho e
achou-se bonita para uma ex-barata. Maquiou-se. Todas as baratas são
iguais, mas as mulheres precisam realçar sua personalidade. Adotou um
nome: Vandirene. Mais tarde descobriu que só um nome não bastava. A que
classe pertencia? … Tinha educação? … Referências?... Conseguiu a muito
custo um emprego como faxineira. Sua experiência de barata lhe dava
acesso a sujeiras mal suspeitadas. Era uma boa faxineira.
Difícil era ser gente... Precisava comprar comida e o dinheiro não
chegava. As baratas se acasalam num roçar de antenas, mas os seres
humanos não. Conhecem-se, namoram, brigam, fazem as pazes, resolvem
se casar, hesitam. Será que o dinheiro vai dar? Conseguir casa, móveis,
eletrodomésticos, roupa de cama, mesa e banho. Vandirene casou-se, teve
filhos. Lutou muito, coitada. Filas no Instituto Nacional de Previdência Social.
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Pouco leite. O marido desempregado… Finalmente acertou na loteria. Quase
quatro milhões! Entre as baratas ter ou não ter quatro milhões não faz
diferença. Mas Vandirene mudou. Empregou o dinheiro. Mudou de bairro.
Comprou casa. Passou a vestir bem, a comer bem, a cuidar onde põe o
pronome. Subiu de classe. Contratou babás e entrou na Pontifícia
Universidade Católica.
Vandirene acordou um dia e viu que tinha se transformado em barata. Seu
penúltimo pensamento humano foi: "Meu Deus! … A casa foi dedetizada há
dois dias! …". Seu último pensamento humano foi para seu dinheiro
rendendo na financeira e que o safado do marido, seu herdeiro legal, o
usaria. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel. Não
pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco minutos depois, mas
foram os cinco minutos mais felizes de sua vida.
(Luis Fernando Veríssimo)
(http://espirall-ltda.blogspot.com.br/2011/05/fome-depende-do-
desperdicio.html. Acesso em 23/09/2014
Questão 173)
Observe o trecho: "O marido desempregado... Finalmente acertou na
loteria. Quase quatro milhões!" Nele, não fica claro se foi a barata ou o
marido dela quem ganhou na loteria, no entanto, temos na língua palavras
que nos ajudam a clarear isso. Marque a alternativa cujo termo destacado
nos indica, de fato, que foi a barata quem ganhou na loteria.
CANÇÃO DO VER
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10 as mãos.
Penso que a natureza o adotara em árvore.
Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos1 de passarinhos
que um dia teriam cantado entre as suas folhas.
Tentei transcrever para flauta a ternura dos arrulos.
15 Mas o mato era mudo.
Agora o poste se inclina para o chão − como alguém
que procurasse o chão para repouso.
Tivemos saudades de nós.
Manoel de Barros
Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010.
1
arrulos − canto ou gemido de rolas e pombas
Questão 174)
Agora ele estava tão verdinho! (v. 4)
De modo diferente do que ocorre em passarinhos, o emprego do diminutivo,
no verso acima, contribui para expressar um sentido de:
a) oposição
b) gradação
c) proporção
d) intensidade
É MENINA
1
É menina, que coisa mais fofa, parece com o pai, parece com a mãe, parece
um joelho, upa, 2 upa, não chora, isso é choro de fome, isso é choro de sono,
isso é choro de chata, choro de 3 menina, igualzinha à mãe, achou, sumiu,
achou, não faz pirraça, coitada, tem que deixar chorar, 4 vocês fazem tudo o
que ela quer, isso vai crescer mimada, eu queria essa vida pra mim, dormir
5
e mamar, aproveita enquanto ela ainda não engatinha, isso daí quando
começa a andar é um 6 inferno, daqui a pouco começa a falar, daí não para
mais, ela precisa é de um irmão, foi só falar, 7 olha só quem vai ganhar um
irmãozinho, tomara que seja menino pra formar um casal, ela tá até 8 mais
quieta depois que ele nasceu, parece que ela cuida dele, esses dois vão ser
inseparáveis, 9 ela deve morrer de ciúmes, ele já nasceu falante, menino é
outra coisa, desde que ele nasceu 10 parece que ela cresceu, já tá uma
menina, quando é que vai pra creche, ela não larga dessa 11 boneca por
nada, já podia ser mãe, já sabe escrever o nomezinho, quantos dedos têm
aqui, 12 qual é a sua princesa da Disney preferida, quem você prefere, o
papai ou a mamãe, quem é 13 o seu namoradinho, quem é o seu príncipe da
Disney preferido, já se maquia nessa idade, é 14 apaixonada pelo pai, cadê
o Ken, daqui a pouco vira mocinha, eu te peguei no colo, só falta ficar 15 mais
alta que eu, finalmente largou a boneca, já tava na hora, agora deve tá
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pensando besteira, 16 soube que virou mocinha, ganhou corpo, tenho uma
dieta boa pra você, a dieta do ovo, a dieta 17 do tipo sanguíneo, a dieta da
água gelada, essa barriga só resolve com cinta, que corpão, essa 18 menina
é um perigo, vai ter que voltar antes de meia-noite, o seu irmão é diferente,
menino é 19 outra coisa, vai pela sombra, não sorri pro porteiro, não sorri pro
pedreiro, quem é esse menino, 20 se o seu pai descobrir, ele te mata, esse
menino é filho de quem, cuidado que homem não 21 presta, não pode dar
confiança, não vai pra casa dele, homem gosta é de mulher difícil, tem que
22
se dar valor, homem é tudo igual, segura esse homem, não fuxica, não
mexe nas coisas dele, 23 tem coisa que é melhor a gente não saber, não
pergunta demais que ele te abandona, o que24 os olhos não veem o coração
não sente, quando é que vão casar, ele tá te enrolando, morar 25 junto é
casar, quando é que vão ter filho, ele tá te enrolando, barriga pontuda deve
ser menina, 26 é menina.
Gregorio Duvivier
Folha de São Paulo, 16/09/2013.
Questão 175)
isso vai crescer mimada, (Ref. 4)
isso daí quando começa a andar é um inferno, (Refs. 5-6)
Os trechos acima são exemplos de pontos de vista negativos acerca da
menina.
Esses pontos de vista são reforçados pelo uso do pronome isso, porque ele
associa a criança a uma ideia de:
a) negação
b) coisificação
c) deseducação
d) individualização
TEXTO 1:
INVERNO CHEGA ADIANTADO
Jaqueline Sordi – Zero Hora, 26/05/2014
Vai ter Copa e vai ter frio – ou ao menos é o que está previsto para o
1
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5
A semana começa com temperaturas baixas e predomínio de sol entre
nuvens no sul do estado. Já no Centro e no 6 Norte, áreas de instabilidade
associadas a um sistema de baixa pressão formado sobre o Paraguai
provocarão chuvas 7 isoladas até a madrugada de terça-feira. Há inclusive
riscos para temporais em municípios da região das Missões.
8
A segunda-feira será de tempo nublado com pancadas de chuva ao
longo do dia na Capital, que deve registrar 9 mínima de 11 ºC e máxima de
18 ºC. Somente na terça-feira a instabilidade se afasta, e o tempo volta a
ficar firme em 10 praticamente todo o estado. A temperatura, entretanto,
seguirá amena. Em São José dos Ausentes, nos Campos de Cima da 11
Serra, que registrou 4,3 ºC na madrugada de domingo, a máxima não
passará dos 16 ºC durante a semana. Já em Ijuí, no 12 noroeste do estado,
os termômetros variarão dos 5 ºC aos 19 ºC até sexta-feira.
13
noroeste do estado, os termômetros variarão dos 5 ºC aos 19 ºC até
sexta-feira. 14 Oeste, houve temperaturas abaixo dos 2 ºC. As cidades mais
frias foram Lagoa Vermelha e Bagé, onde as mínimas chegaram 15 a 1,1 ºC,
e Quaraí, que registrou 1,3 ºC. A sensação térmica ficou ainda menor,
alcançando -4 ºC em Quaraí e -3,7 ºC em 16 Dom Pedrito. Na Capital, o
domingo amanheceu com névoa úmida e mínima de 7 ºC . Durante a tarde,
mesmo com sol e 17 poucas nuvens, as máximas não passaram dos 15 ºC.
Em Pelotas, a mínima foi de 5,9 ºC e, em Caxias do Sul, 4,2 ºC.
TEXTO 2:
Questão 176)
As escolhas lexicais do primeiro parágrafo do texto número 1 conferem-lhe
uma característica de
a) confiabilidade.
b) previsibilidade.
c) imprevisibilidade.
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d) seguridade.
e) instabilidade.
f) I.R.
Questão 177)
Na oração [...] quando uma nova frente fria entrará provocando chuva
(Refs.3 e 4), uma nova frente fria instaura o pressuposto de que
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Questão 178)
No terceiro parágrafo, a comparação do coronel com uma ave pernalta
representa
Questão 179)
Considerando-se o contexto em que ocorre, a oração “Mas há um bar no
final do corredor” assume o seguinte valor semântico:
Canção
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O vento vem vindo de longe,
A noite se curva de frio;
Debaixo da água vai morrendo
Meu sonho, dentro de um navio...
Questão 180)
Na última estrofe do poema verifica-se, entre o pranto do sujeito lírico e a
imagem do mar que se forma, uma relação de
a) tempo e concessão.
b) comparação e alternância.
c) causa e efeito.
d) dúvida e finalidade.
1
Que a Terra é a nossa casa cósmica, todo mundo sabe, se bem que
poucos prestam atenção a isso. 2 Nas tribulações do dia a dia, enquanto não
há uma crise maior, é fácil esquecer a nossa dependência 3 completa e
absoluta do nosso planeta. Afinal, está sempre aqui o chão sob nossos pés,
a luz do Sol filtrada 4 pela atmosfera, o azul do céu, o clima agradável e
perfeito para que possamos sobreviver nele.
5
Mas, por trás disso tudo, existe um planeta extremamente especial e,
sem ele, sem sua estabilidade 6 orbital e climática, não estaríamos aqui. Eis
uma lista de razões para protegermos a Terra, um planeta sem 7 igual, ao
menos dentro de um raio de centenas de anos-luz daqui.
8
1.Nossa atmosfera, rica em oxigênio, permite que seres com um
metabolismo mais complexo 9 sobrevivam. É incrível que esse oxigênio todo
tenha vindo de bactérias, os únicos habitantes que existiam 10 aqui no
planeta durante quase 3 bilhões de anos. Foram elas que “descobriram” a
fotossíntese, 11 transformando a composição da atmosfera terrestre.
Agradeçam às cianobactérias pelo ar de cada dia.
12
2.Nossa atmosfera, rica em ozônio, filtra a radiação ultravioleta que vem
do Sol, que é extremamente 13 nociva à vida. Interessante que esse ozônio
é produto da vida e, ao mesmo tempo, permite que ela persista 14 aqui na
superfície.
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15
3.Nossa atmosfera tem a densidade justa para que seja possível uma
enorme diversidade das formas 16 de vida. Se fosse pouco densa, seria difícil
voar ou flutuar; se fosse muito densa, seria esmagadora.
17
4.O campo magnético da Terra funciona como um polo atrativo de
partículas que vêm do Sol e do 18 espaço. Essa radiação toda seria
extremamente prejudicial à vida, caso a Terra não fosse afunilada nos 19
polos. Por exemplo, estamos para receber um bocado de radiação por esses
dias, produzida por uma enorme 20 tempestade magnética do Sol. Sem o
magnetismo terrestre e nossa atmosfera, estaríamos em maus lençóis. 21
Marte não tem esse magnetismo e tem uma atmosfera muito rala. Isso faz
com que o planeta seja um tanto 22 hostil à vida.
23
5.A água que temos aqui é uma preciosidade; sem ela, não haveria
vida. Não sabemos de onde veio 24 essa água toda, se bem que parte dela
é oriunda de cometas que se chocaram com a Terra ainda em sua 25 infância.
A água é nosso maior tesouro, e precisamos tratar muito bem dela. Esse é
o século em que a água 26 se tornará num fator predominante de conflito
global. Basta olhar para o planeta e ver a distribuição de 27 água. O que o
petróleo fez com a geopolítica do século 20, a água fará com a dos séculos
21 e 22.
28
6.Nossa lua também é essencial. Por ser única e bastante maciça, ela
regula e estabiliza o eixo de 29 rotação da Terra, mantendo sua inclinação de
23,5º com a vertical. Pense na Terra como um pião inclinado, 30 girando em
torno de si mesmo. Sem a lua, esse eixo de rotação mudaria de ângulo
aleatoriamente, e o clima 31 não poderia ser estável. E, sem um clima estável,
a vida complexa acaba se tornando inviável.
32
A lista continua, mas estamos sem espaço. De um jeito ou de outro,
acho que dá para entender por 33 que precisamos proteger esse planeta.
Somos produto dele, das suas condições. Se elas mudam, nossa 34
sobrevivência fica ameaçada.
Questão 181)
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TEXTO: 95 - Comum à questão: 182
ESTOJO ESCOLAR
1
Noite dessas, ciscando num desses canais a cabo, vi uns caras
oferecendo maravilhas eletrônicas. 2 Bastava telefonar e eu receberia um
notebook capaz de me ajudar a fabricar um navio, uma usina nuclear, 3 uma
estação espacial.
4
Minhas necessidades são mais modestas: tenho um PC mastodôntico,
contemporâneo das cavernas 5 da informática. E um notebook da mesma
época que começa a me deixar na mão. Como pretendo viajar 6 esses dias,
habilitei-me a comprar aquilo que os caras anunciavam como o top do top
em matéria de 7 computador portátil.
8
No sábado, recebi um embrulho complicado que necessitava de um
manual de instruções para ser 9 aberto. Depois de mil operações sofisticadas
para minhas limitações, retirei das entranhas de isopor o novo 10 notebook e
coloquei-o em cima da mesa. De repente, como vem acontecendo nos
últimos tempos, houve um 11 corte na memória. Tinha cinco anos e ia para o
Jardim de Infância. E vi diante de mim o meu primeiro 12 estojo escolar.
13
Era uma caixinha comprida, envernizada, com uma tampa que corria
nas bordas do corpo principal. 14 Dentro, arrumados em divisões, havia lápis
coloridos, um apontador, uma lapiseira cromada, uma régua de 15 20 cm e
uma borracha para apagar meus erros.
16
Da caixinha vinha um cheiro gostoso, cheiro que nunca esqueci e que
me tonteava de prazer. Fechei 17 o estojo para proteger aquele cheiro, que
ele ficasse ali para sempre, prometi-me economizá-lo. Com 18 avareza, só o
cheirava em momentos especiais.
19
Na tampa que protegia estojo e cheiro, havia estampado um ramo de
rosas vermelhas que se 20 destacavam do fundo creme. Amei aquele
ramalhete – olhava aquelas rosas e achava que nada no mundo 21 podia ser
mais bonito.
22
O notebook que agora abro é negro, não tem nenhuma rosa na tampa.
E, em matéria de cheiro, é 23 abominável. Cheira a telefone celular, a cabine
de avião, ao aparelho de ultrassonografia onde outro dia uma 24 moça veio
ver como sou por dentro.
25
Piorei de estojo e de vida.
(Carlos Heitor Cony. O harém das bananeiras, p. 244-245. Adaptado.)
Questão 182)
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b) O campo semântico de “maravilhas eletrônicas” inclui, na sequência
textual, “notebook”, “PC mastodôntico”, “computador portátil” e “estojo”,
aparatos tecnológicos que o sentido geral desse texto nos autoriza a
englobar nesse mesmo conjunto semântico.
c) O verbo “oferecer” poderia ser substituído, no trecho, por “estar em
oferta, promoção, liquidação”, sendo esse sentido sugestionado pela
palavra que o segue: “maravilhas”.
d) O uso da expressão “uns caras” serve para apontar ao leitor do texto que
essas pessoas teriam uma índole duvidosa, levando-nos à desconfiança.
Questão 183)
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TEXTO: 97 - Comum à questão: 184
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vão incluídas no tom da voz, nos gestos, nos olhares, na expressão
fisionômica em geral, no jeito do corpo...
(José Ângelo Gaiarsa. O que é o corpo. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 14-25.
Adaptado).
Questão 184)
No texto, o autor se valeu de alguns argumentos com valor semântico
comparativo, como nas alternativas:
a) 1, 2 e 3 apenas
b) 1, 3 e 4 apenas
c) 1 e 4 apenas
d) 2 e 5 apenas
e) 1, 2, 3, 4 e 5
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Toda vez que eu era obrigado a decorar poesia, sentia vontade de sumir,
de virar um móvel e ficar imóvel até tudo se acabar. Por dentro, sentia azia,
taquicardia, asma espontânea, tremelique e gagueira repentina. Por fora,
fingia que estava tudo bem. Eu sempre escolhia o poema mais curto da lista
que a escola sugeria. Naquele dia, sobrou Pneumotórax, de Manuel
Bandeira, e eu queria ser aquele paciente para não precisar declamá-lo. Eu
queria tossir, repetir sem parar: trinta e três… Trinta e três… Ter uma doença
pequena, uma desculpa qualquer, um atestado médico assinado pelo meu
avô que me deixasse em casa – não a semana toda, mas só o tempo da
aula.
Depois, para a prova de francês, não tive escolha: fui obrigado a decorar
Le dormeur du Val, de Rimbaud. Eu lembro que, antes de ficar em pé de
frente para o meu professor, eu queria que alguém me desse dois tiros no
peito. Queria ser esse soldado e dormir, tranquilo, na paz celestial daquele
vale até que a turma toda esquecesse a minha existência. Ou que a guerra
fosse declarada finda. Ou que eu fosse declamado culpado. A Primeira
Guerra Mundial parecia durar menos do que aqueles 15 minutos de exame.
Minha boca está seca até hoje. Minhas mãos estão molhadas até agora. Só
eu sei o que suei por você, querida Poesia.
Aos 17, a poesia ainda me apavorava. Podia ser o verso mais delicado do
mundo, eu tinha medo. Podia ser o poeta mais simpático da face da Terra,
eu desconfiava. Desconversava, lia outra coisa. Ou não lia nada. Talvez por
não querer entendê-la. Talvez por achar não merecêla. E assim ficava à
mercê da minha rebeldia. Não queria aprender a contar sílabas, queria ser
verso livre. Tolo! Até a liberdade exige teoria!
Se hoje eu pudesse falar com aquele menino, diria-lhe que a poesia não
é nenhum decassílabo de sete cabeças. Que se ela o assusta é porque ela
o deseja. Que se ele sente medo é porque ele precisa dela. Não há mais
monstro debaixo da sua cama. O monstro agora está em você.
– Filho, acho que tem um poema por dentro de quem você ama…
Disponível em: <www.intrinseca.com.br/site/2014/.../o-menino-
que-tinha-medo-de-poesia> . (texto adaptado) Acesso em: 29 Abr 2014
Texto 2
Você gostaria de não sentir medo? Pelo menos uma pessoa no mundo
não tem medo de nada: uma mulher de 44 anos, que até ajudou
pesquisadores a identificarem o local em que vive o fator medo no cérebro
humano.
Os pesquisadores tentaram inúmeras vezes assustar a mulher: casas
mal-assombradas, onde monstros tentaram evocar uma reação de rejeição,
aranhas e cobras, e uma série de filme de terror apenas entreteram a
paciente.
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A mulher tem uma doença rara chamada síndrome de Urbach-Wiethe que
destruiu sua amígdala. A amígdala é uma estrutura em forma de amêndoa
situada no fundo do cérebro. Nos últimos 50 anos, estudos mostraram que
ela tem um papel central na geração de respostas de medo em diferentes
animais.
Agora, o estudo envolvendo essa paciente é o primeiro a confirmar que
essa região do cérebro é responsável pelo medo nos seres humanos. A
descoberta pode levar a tratamentos para transtorno de estresse pós-
traumático (TEPT). Tratamentos de psicoterapia que seletivamente
amorteçam a hiperatividade na amígdala podem curar pacientes com TEPT.
Estudos anteriores com a mesma paciente revelaram que ela não
conseguia reconhecer expressões faciais de medo, mas não se sabia se ela
tinha a capacidade de sentir medo. Para descobrir, os pesquisadores deram
vários questionários padronizados à paciente, que sondaram os diferentes
aspectos do medo, desde o medo da morte até o medo de falar em público.
Além disso, durante três meses ela carregou um diário que informatizava
sua emoção, e que, aleatoriamente, pedia-lhe para classificar o seu nível de
medo ao longo do dia. O diário também indicava emoções que ela estava
sentindo em uma lista de 50 itens. Sua pontuação média de medo foi de 0%,
enquanto para outras emoções ela mostrou funcionamento normal.
Em todos os cenários, ela não mostrou nenhum medo. Baseado no seu
passado, os pesquisadores encontraram muitas razões para ela reagir com
medo. Ela própria contou que não gosta de cobras, mas quando entrou em
contato com duas, não sentiu medo. Além disso, já lhe apontaram facas e
armas, ela foi fisicamente abordada por uma mulher duas vezes seu
tamanho, quase morreu em um ato de violência doméstica, e em mais de
uma ocasião foi explicitamente ameaçada de morte.
O que mais se sobressai é que, em muitas destas situações a vida da
paciente estava em perigo, mas seu comportamento foi desprovido de
qualquer senso de desespero ou urgência. E quando ela foi convidada a
lembrar como se sentiu durante as situações, respondeu que não sentiu
medo, mas que se sentia chateada e irritada com o que aconteceu.
Segundo os pesquisadores, sem medo, pode-se dizer que o sofrimento
dela não tem a intensidade profunda e real suportada por outros
sobreviventes de traumas. Essencialmente, devido aos danos na amígdala,
a mulher está imune aos efeitos devastadores do transtorno de estresse pós-
traumático.
Mas há uma desvantagem: ela tem uma incapacidade de detectar e evitar
situações ameaçadoras, o que provavelmente contribuiu para a frequência
com que ela enfrentou riscos.
Os pesquisadores dizem que esse tipo de paciente é muito raro, mas para
entender melhor o fenômeno, seria ótimo estudar mais pessoas com a
condição.
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Texto 3
CONSOADA
(Manuel Bandeira)
Texto 4
A cada passo dado você sente que a felicidade se afasta alguns metros?
Talvez esteja, inconscientemente, queimando chances de se realizar.
Repense as próprias atitudes para interromper esse ciclo destrutivo.
Por medo dos riscos e das responsabilidades da vida, podemos acabar
inconscientemente com as nossas realizações. Isso se chama
autossabotagem. São atitudes forjadas por uma parte de nós que não nos
vê como merecedoras do sucesso ou que subestima nossa capacidade de
lidar com a vitória.
Pode ser aquela espinha que apareceu no nariz no dia daquele encontro
especial ou da gripe que a pegou na véspera daquela importante reunião.
"Muitos desses comportamentos destrutivos estão quase fora do domínio
da consciência", afirma o psicólogo americano Stanley Rosner, coautor do
livro O Ciclo da Auto- Sabotagem - Por Que Repetimos Atitudes que
Destroem Nossos Relacionamentos e Nos Fazem Sofrer (ed. BestSeller).
"A autonomia, a independência e o sucesso são apavorantes para
algumas pessoas porque indicam que elas não poderão mais argumentar
que suas necessidades precisam ser protegidas", diz o autor.
O filósofo e psicanalista paulista Arthur Meucci, coautor de A Vida Que
Vale a Pena Ser Vivida (ed. Vozes) comenta sobre os ganhos secundários.
"Há jovens que saem de casa para tentar a vida, enquanto outros
permanecem na zona de conforto, porque continuam recebendo atenção dos
pais e se eximem de enfrentar as dificuldades da fase adulta", afirma.
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O problema é que, ao fazermos isso, não nos desenvolvemos
plenamente. "Todo mundo busca a felicidade, a questão é ter coragem de
viver, o que significa correr riscos e assumir responsabilidades", diz ele.
Texto 5
O QUASE
(Sarah Westphal Batista da Silva)
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Questão 185)
No título do texto 5, a palavra “quase” aparece precedida do artigo “O”.
Nesse contexto, o artigo tem a função de:
a) particularizar um substantivo.
b) atribuir intensidade à palavra “quase”.
c) mudar a classe sintática da palavra “quase” de adjunto adnominal para
adjunto adverbial.
d) mudar a classe gramatical da palavra “quase” de advérbio para
substantivo.
e) mudar o campo semântico da palavra “quase”.
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os adversários chamam a isso de regulação ou de censura”. Nem comento
a palavra ofensiva, da própria colunista, também “apartidária”.
7°§ Observação de Elio Gaspari: “Eremildo é um idiota e não está
entendendo mais nada: quem toca fogo em carros no Brasil é terrorista. Em
Kiev é manifestante. No máximo, quando estocam armas, são manifestantes
radicais. Quando o Venezuelano Leopoldo Lopez entrega-se à Justiça de
punho fechado, é líder da oposição. Para os comissários bolivarianos, ele é
um terrorista legado aos manifestantes que incendiaram a entrada do
Ministério Público de Caracas” (Folha, 23/02/2013).
8°§ Mas melhor exemplo talvez seja o seguinte, até por não ter conotações
ideológicas claras. Um amigo mandou o link de uma notícia, da qual extraio
(e traduzo rapidamente) uma parte:
9º§ Muito se tem usado mal ou usado equivocadamente a palavra “literally”
(literalmente). “Literally”, claro, significa algo que é realmente verdadeiro
[...].Quando usamos as palavras sem seu sentido literal normal, significando
algo mais interessante ou impressionante, a palavra correta é, claro,
“figuradamente”.
10°§ Mas as pessoas usam cada vez mais “literally” para enfatizar uma
afirmação que não pode ser verdadeira, como “minha cabeça literalmente
explodiu quando…”. A primeira definição de literally do Webster é “in a literal
sense or matter; actually” (em um sentido ou questão literal; realmente). Sua
segunda definição é “in effect; virtually.” (efetivamente; virtualmente). Sobre
esta aparente contradição, os autores comentam:
Dado que algumas pessoas consideram o sentido 2 como oposto ao sentido
1, isso é frequentemente criticado como mau uso. No entanto, este uso é
puramente hiperbólico e busca um ganho de ênfase, embora frequentemente
apareça em contextos em que nenhuma ênfase adicional é necessária.
11°§ Uma conclusão geral: palavras mudam de sentido frequentemente,
como o mostra o último exemplo. E palavras são disputadas, marcam
posições culturais e/ou ideológicas, como o mostram os outros exemplos.
12°§ A única posição difícil de ser sustentada é a dos que acham que há
usos corretos (as palavras referemse às coisas como elas realmente são) e
errados (em geral tratados como ideológicos). Os que dizem isso pensam
(pensam?) que não são “dominados” por ideologias. É bem engraçado.
(Adaptado de: <http://terramagazine.terra.com.br/blogdosirio/
blog/2014/08/14/os-nomes-das-coisas/>. Acesso em: 14 ago. 2014.)
Questão 186)
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c) Mas, se eles se dessem conta disso, dar-se-iam (gostaram?) conta de
muitas outras coisas, e as trevas começariam a desaparecer da face da
Terra. (1º §)
d) Vejam um comentário de Jânio de Freitas: “Se é para ficar em palavras,
[...] (4º §)
Acompanhando o circo
1
Quando se fala em circo, hoje em dia, pode-se 2 pensar tanto no
sofisticado Cirque du Soleil, em que se 3 mesclam habilidades pessoais com
efeitos de 4 digitalização, como no heroico cirquinho que perambula 5 pelo
interior do país, com sua lona furada e o elenco 6 reduzido a uma única
família. Do salto mortal na praça 7 pública às acrobacias com direito a efeitos
de raio laser, 8 muita história correu.
9
Antes de haver o circo tal como o conhecemos − 10 espaço que congrega
artistas e números variados − já 11 havia acrobatas, contorcionistas,
equilibristas. Há 12 registros em pintura dessas práticas artísticas desde a 13
China de cinco mil anos atrás. Muitas delas eram 14 exercícios de guerreiros;
com o tempo, passaram a se 15 sofisticar e a ganhar beleza e harmonia em
exibições 16 públicas. Nas pirâmides do Egito existem pinturas de 17
malabaristas; na Índia, números de contorção e salto 18 fazem parte de
milenares espetáculos sagrados. Entre 19 os gregos, os sátiros faziam o povo
rir, atualizando a 20 linhagem dos palhaços. No Império Romano, teve 21
grande fama o Circus Maximus, com capacidade para 22 150.000 pessoas.
Suas atrações principais: corridas de 23 carruagens, lutas de gladiadores,
engolidores de fogo, 24 apresentação de animais ferozes. Destruído por um
25
grande incêndio, deu lugar ao Coliseu, cujas ruínas 26 seguem sendo a
grande atração na Roma dos turistas.
27
No início da era medieval, com o fim do império dos 28 Césares, artistas
populares passaram a improvisar apresentações 29 em praças públicas,
feiras e largos de igreja: 30 nasciam assim as famílias dos saltimbancos, que
31
viajavam de cidade em cidade para apresentar números 32 cômicos,
pirofagia, dança e teatro. É a origem do circo 33 moderno, que só em 1768,
na Inglaterra, tomou a forma 34 que hoje todos reconhecemos. Inicialmente
a atração 35 central eram números equestres, que passaram a se 36 alternar
com o desempenho dos palhaços, dos 37 acrobatas, dos malabaristas, dos
trapezistas. Monteiro 38 Lobato, em sua literatura infantil, ainda se refere, 39
genericamente, a “circo de cavalinhos”. O sucesso do 40 modelo inglês foi
tão grande que essa forma de circo se 41 espalhou pelos quatro cantos do
planeta.
42
O circo brasileiro tropicalizou algumas atrações: o 43 palhaço brasileiro
fala muito, ao contrário do europeu, 44 que é sobretudo um mímico. Além
disso, é malicioso, 45 cultiva um humor picante e valoriza a malandragem 46
(esta já foi apontada como característica nacional em 47 mais de uma obra
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literária). Se os europeus apreciam a 48 habilidade dos artistas, os brasileiros
sentem-se atraídos 49 pelos números mais perigosos.
50
Ao longo de sua história, o circo foi incorporando 51 influências e
recursos de outras artes. A dança, o teatro, 52 as técnicas do cinema e da
TV, a digitalização, tudo 53 passa a constituir atração num espetáculo cuja
tônica é 54 sempre a variedade. Boa parte da magia dos circos está 55 na
exploração dos limites humanos da força muscular, 56 da destreza dos
membros, do equilíbrio: o risco do 57 fracasso iminente é o tempero da
exibição. Os mágicos 58 valem-se da ilusão de ótica ou de algum expediente
da 59 química para estimular a fantasia do público. Os trapezistas 60
desenham no alto uma coreografia geométrica e 61 harmônica, provocando
sustos e admiração. Muito 62 estimados pelo público, os números com
animais são 63 fascinantes, mas há quem lembre o sacrifício que 64
representam para um leão, para um elefante ou para um 65 cachorrinho as
incontáveis horas de adestramento − a 66 que não faltam a coerção e o
castigo físico, entremeados 67 com as “recompensas” de um torrão de açúcar
68
ou um bolinho de carne.
69
Os modernistas da semana de 22, entre eles Mário 70 de Andrade,
estimavam o caminho popular e a 71 descontração das artes circenses. O
poeta Jorge de 72 Lima escreveu um belo poema − “O grande circo 73 místico”
−, no qual Edu Lobo e Chico Buarque se 74 basearam para compor a peça
musical que tanto 75 sucesso fez. É que o circo dá ensejo ao 76
estabelecimento de um sem-número de tipos e 77 personagens: a lírica
bailarina, o gigante feroz, o 78 administrador prepotente... Luzes, cores e
músicas 79 entram para sublinhar a força de cada número: o 80 canhão de luz
projeta-se no tríplice salto mortal nos 81 trapézios, o repicar da percussão
anuncia um momento 82 culminante, os metais desafinados da bandinha
acompanham 83 as estripulias dos palhaços. Ou, no caso de um 84 Cirque du
Soleil, uma valsa de Strauss pode ser 85 dançada por um casal suspenso no
ar. É provável que a 86 concorrência do cinema tenha obrigado as artes 87
circenses a se inspirarem em Hollywood: há uma 88 famosa cena de um filme
de Fred Astaire em que esse 89 grande bailarino dança nas paredes e no teto
de uma 90 sala.
91
No fundo de tudo isso, há o nosso fascínio pela 92 força do imprevisível
e pelas habilidades excepcionais. 93 Para além do cotidiano, onde tudo
parece estar em seu 94 lugar, seduz-nos o talento excepcional, o que ocorre,
95
aliás, com todas as artes. Os coelhos e os pombos que 96 saem da cartola
são de verdade, mas fazem parte de 97 um truque. A água que se transforma
em flores não é 98 um fenômeno da química, certamente, embora o seja a 99
combustão fosfórica do que parecia ser uma espada de 100 ouro. A graça
está em desafiar a lei da gravidade, 101 subverter a fisiologia humana,
questionar os limites da 102 física. Ou, nos pequenos dramas e comédias que
os 103 circos populares costumavam encenar, misturar o riso e 104 a paixão,
satirizar o trágico, bombardear o poderoso, 105 ridicularizar o ditador (quem
não se lembra, no cinema, 106 de Chaplin circense encarnando um Hitler que
fica 107 chutando a bola de um globo terrestre?). Parece que os 108 pequenos
circos interioranos, enfrentando sem recursos 109 a concorrência das mídias
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eletrônicas que nos prendem 110 aos monitores, estão com os dias contados.
Representam 111 esses sobreviventes a resistência heroica dos 112 que ainda
acreditam que as pessoas de carne e osso, 113 em cena, exibindo suas
habilidades num ato de 114 presença, são em si mesmas uma atração
essencial.
(Salvador Correia, inédito)
Questão 187)
Certas expressões, ao restringirem o sentido de uma palavra ou de outra
expressão, limitam a extensão do conteúdo da frase de que fazem parte. Nas
frases abaixo, o elemento destacado que produz essa restrição é:
O orgulho do fracasso
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Nenhum povo ascendeu ao primado econômico e político para somente
depois se dedicar a interesses superiores. O inverso é que é verdadeiro: a
afirmação das capacidades nacionais naqueles três domínios antecede as
realizações político-econômicas.
A França foi o centro cultural da Europa muito antes das pompas de Luís
XIV. Os ingleses, antes de se apoderarem dos sete mares, foram os
supremos fornecedores de santos e eruditos para a Igreja. A Alemanha foi o
foco irradiador da Reforma e em seguida o centro intelectual do mundo —
com Kant, Hegel e Schelling — antes mesmo de se constituir como nação.
Os EUA tinham três séculos de religião devota e de valiosa cultura literária e
filosófica antes de se lançar à aventura industrial que os elevou ao cume da
prosperidade. Os escandinavos tiveram santos, filósofos e poetas antes do
carvão e do aço. O poder islâmico, então, foi de alto a baixo criatura da
religião — religião que seria inconcebível se não tivesse encontrado, como
legado da tradição poética, a língua poderosa e sutil em que se registraram
os versículos do Corão. E não é nada alheio ao destino de espanhóis e
portugueses, rapidamente afastados do centro para a periferia da História, o
fato de terem alcançado o sucesso e a riqueza da noite para o dia, sem
possuir uma força de iniciativa intelectual equiparável ao poder material
conquistado.
A experiência dos milênios, no entanto, pode ser obscurecida até se
tornar invisível e inconcebível. Basta que um povo de mentalidade estreita
seja confirmado na sua ilusão materialista por uma filosofia mesquinha que
tudo explique pelas causas econômicas. Acreditando que precisa resolver
seus problemas materiais antes de cuidar do espírito, esse povo
permanecerá espiritualmente rasteiro e nunca se tornará inteligente o
bastante para acumular o capital cultural necessário à solução daqueles
problemas.
O pragmatismo grosso, a superficialidade da experiência religiosa, o
desprezo pelo conhecimento, a redução das atividades do espírito ao mínimo
necessário para a conquista do emprego (inclusive universitário), a
subordinação da inteligência aos interesses partidários, tais são as causas
estruturais e constantes do fracasso desse povo. Todas as demais
explicações alegadas — a exploração estrangeira, a composição racial da
população, o latifúndio, a índole autoritária ou rebelde dos brasileiros, os
impostos ou a sonegação deles, a corrupção e mil e um erros que as
oposições imputam aos governos presentes e estes aos governos passados
— são apenas subterfúgios com que uma intelectualidade provinciana e
acanalhada foge a um confronto com a sua própria parcela de culpa no
estado de coisas e evita dizer a um povo pueril a verdade que o tornaria
adulto: que a língua, a religião e a alta cultura vêm primeiro, a prosperidade
depois.
As escolhas, dizia L. Szondi, fazem o destino. Escolhendo o imediato e o
material acima de tudo, o povo brasileiro embotou sua inteligência, estreitou
seu horizonte de consciência e condenou-se à ruína perpétua.
O desespero e a frustração causados pela longa sucessão de derrotas na
luta contra males econômicos refratários a todo tratamento chegaram, nos
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últimos anos, ao ponto de fusão em que a soma de estímulos negativos
produz, pavlovianamente, a inversão masoquista dos reflexos: a indolência
intelectual de que nos envergonhávamos foi assumida como um mérito
excelso, quase religioso, tradução do amor evangélico aos pobres no quadro
da luta de classes. Não podendo conquistar o sucesso, instituímos o
ufanismo do fracasso. Depois disso, que nos resta, senão abdicarmos de
existir como nação e nos conformarmos com a condição de entreposto da
ONU?
Fonte: CARVALHO, Olavo de. In: O mínimo que você precisa
saber para não ser um idiota. 5.ed. Rio de Janeiro, Record, 2013, p. 65-
66. (texto adaptado)
Questão 188)
Há a utilização, nos parágrafos 4º e 6º, dos sinais (—). Assinale a alternativa
CORRETA quanto a esses recursos gramaticais presentes no texto.
a) O emprego dos sinais faz com que a oração, presente entre eles, tenha
a função de aposto, demarca-se a explicação do conteúdo, podendo ser
substituídos por parênteses.
b) Os sinais configuram-se como recursos argumentativos que indicam
discursos direto e indireto.
c) A utilização dos sinais objetiva fazer com que a oração, presente entre
eles, destaque o pensamento do autor e da maioria dos leitores; os sinais
devem ser substituídos por aspas duplas.
d) O emprego dos sinais denota a ironia do autor, no entanto,
sintaticamente são utilizados de modo inadequado, podendo ser
substituídos por parênteses.
e) A utilização dos sinais evidencia frases que expõem a opinião de leitores
a respeito da temática.
Canção da Primavera
Catavento enlouqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.
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Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até
Não mais saber-se o motivo…
Questão 189)
No verso da terceira estrofe – Dancemos todos, dancemos. –, emprega-se o
verbo dançar no modo imperativo com a intenção de
Disponível em:
<http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://3.bp.blogspot.com/>
Acesso em 13 set. 2013
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Questão 190)
A respeito da frase “Escola pública não é privada”, pode-se afirmar que
Questão 191)
No fragmento de texto, há uma economia linguística que reduz a colocação
de vírgulas e que compõe um traço de estilo, além de conferir ao texto,
juntamente com o tema, uma atmosfera de brasilidade. O recurso que
garante tal efeito é
a) o uso da oralidade.
b) o uso da erudição.
c) o emprego de um vocabulário regional.
d) o emprego de neologismos.
e) o uso da norma culta.
1
As maravilhas do mundo natural atraem a nossa curiosidade sobre a
vida e tudo que nos cerca. 2 Para muitos de nós, nossa curiosidade sobre a
Natureza e os desafios de seu estudo são razões 3 suficientes. Além disso,
contudo, nossa necessidade de compreender a Natureza está se tornando 4
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mais e mais urgente, à medida que o crescimento da população humana
estressa a capacidade dos sistemas 5 naturais em manter sua estrutura e
funcionamento.
6
Os ambientes que as atividades humanas dominam ou criaram –
incluindo nossas áreas de vida 7 urbanas e suburbanas, nossas terras
cultivadas, nossas áreas de recreação, plantações de árvore e 8 pesqueiros
– são também ecossistemas. O bem-estar da humanidade depende de
manter o funcionamento 9 desses sistemas, sejam eles naturais ou artificiais.
Virtualmente toda a superfície da Terra é, ou em breve 10 será, fortemente
influenciada por pessoas, se não completamente sob seu controle. Os
humanos já 11 usurpam quase metade da produtividade biológica da biosfera.
Não podemos assumir essa 12 responsabilidade de forma negligente.
13
A população humana se aproxima da marca de 7 bilhões, e consome
energia e recursos, e produz 14 rejeitos muito além do necessário ditado pelo
metabolismo biológico. Essas atividades causaram dois 15 problemas
relacionados de dimensões globais. O primeiro é o seu impacto nos sistemas
naturais, incluindo 16 a interrupção de processos ecológicos e a exterminação
de espécies. O segundo é a firme e constante 17 deterioração do próprio
ambiente da espécie humana à medida que pressionamos os limites dentro
dos 18 quais os ecossistemas podem se sustentar. Compreender os
princípios ecológicos é um passo necessário 19 para lidar com esses
problemas.
Questão 192)
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TEXTO: 106 - Comum à questão: 193
Questão 193)
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TEXTO: 107 - Comum às questões: 194, 195
1
A informação seria livre. Todo o saber do mundo seria compartilhado, bem
como a música, 2 o cinema, a literatura e a ciência. O custo seria zero. O
espaço seria infinito. A velocidade, 3 estonteante. A solidariedade e a
colaboração seriam os valores supremos. A criatividade, o único 4 poder
verdadeiro. O bem triunfaria sobre os males do capitalismo. O sistema de
representação 5 se tornaria obsoleto. Todos os seres humanos teriam
oportunidades iguais em qualquer lugar do 6 planeta. Todos seriam
empreendedores e inventivos. Todos poderiam se expressar livremente. 7
Censura, nunca mais. As fronteiras deixariam de existir. As distâncias se
tornariam irrelevantes. 8 O inimaginável seria possível. O sonho, qualquer
sonho, poderia se tornar realidade.
9
Livre, grátis, inovador, coletivo, palavras-chave do novo mundo que a
internet inaugurou. Por 10 anos esquecemos que a internet foi uma invenção
militar, criada para manter o poder de quem 11 já o tinha. Por anos fingimos
que transformar produtos físicos em produtos virtuais era algo 12
ecologicamente correto, esquecendo que a fabricação de computadores e
celulares, com a 13 obsolescência embutida em seu DNA, demanda o
consumo de quantidades vexatórias de 14 combustíveis fósseis, de produtos
químicos e de água, sem falar no volume assombroso de lixo 15 não reciclado
em que resultam, incluindo lixo tóxico.
16
Ninguém imaginou que o poder e o dinheiro se tornariam tão concentrados
em 17 megahipercorporações norte-americanas como o Google, que iriam
destruir para sempre 18 tantas indústrias e atividades em tão pouco tempo.
Ninguém previu que os mesmos Estados 19 Unidos, graças às maravilhas da
internet sempre tão aberta e juvenil, se consolidariam como 20 os maiores
espiões do mundo, humilhando potências como a Alemanha e também o
Brasil, 21 impondo os métodos de sua inteligência militar sobre a população
mundial, e guiando ao 22 arrepio da justiça os bebês engenheiros nota dez
em matemática mas ignorantes completos 23 em matéria de ética, política e
em boas maneiras.
24
Ninguém previu a febre das notícias inventadas, a civilização de perfis
falsos, as enxurradas de 25 vírus, os arrastões de números de cartão de
crédito, a empulhação dos resultados numéricos 26 falseados por robôs ou
gerados por trabalhadores mal pagos em países do terceiro mundo, o 27 fim
da privacidade, o terrorismo eletrônico, inclusive de Estado.
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Questão 194)
O primeiro parágrafo expõe projeções passadas sobre possibilidades de um
futuro regido pela internet.
O recurso linguístico que permite identificar que se trata de projeção e não
de fatos do passado é o uso da:
a) forma verbal
b) pontuação informal
c) adjetivação positiva
d) estrutura coordenativa
Questão 195)
Ninguém imaginou (Ref. 16)
Ninguém previu (Refs. 18-24)
Vestidos muito justos são vulgares. Revelar formas é vulgar. Toda revelação
é de uma vulgaridade abominável.
Os conceitos a vestiram como uma segunda pele, e pode-se adivinhar a
norma que lhe rege a vida ao primeiro olhar.
Questão 196)
a) vulgaridade
b) exterioridade
c) regularidade
d) ingenuidade
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TEXTO: 109 - Comum à questão: 197
Hélio Schwartsman
Folha de S.Paulo, 17/10/2015
Questão 197)
Qual é o efeito de sentido desencadeado pelo uso do verbo no gerúndio, na
última linha do texto?
a) Evidenciar o bom nível das disputas entre políticos, que não tem
aumentado a crise.
b) Exaltar que os embates entre os políticos continuam a aumentar a crise.
c) Criticar o gerundismo e enaltecer que a crise só tem aumentado.
d) Explicar que as brigas entre os políticos contribuem magnificamente para
éticas mais realistas.
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TEXTO: 110 - Comum à questão: 198
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Questão 198)
Na frase do texto “O médico não está sozinho.”, o uso do artigo definido “o”
pode se justificar porque
1
Estamos numa época de promoção do egoísmo, de produção de egos
tanto mais cegos ou cegados 2 que não percebem o quanto podem hoje ser
recrutados em conjuntos massificados. Em outras palavras, 3 vemos egos,
isto é, pessoas que se creem iguais e que, na realidade, passaram a ficar
sob o controle do 4 que se deve bem chamar “o rebanho”. Viver em rebanho
fingindo ser livre nada mais mostra que uma 5 relação consigo
catastroficamente alienada, uma vez que supõe ter erigido como regra de
vida uma relação 6 mentirosa consigo mesmo. E, a partir daí, com os outros.
Assim, mentimos despudoradamente aos outros, 7 àqueles que vivem fora
das democracias liberais, quando lhes dizemos que acabamos – com
algumas 8 maquininhas à guisa de presentes ou de armas nas mãos em caso
de recusa – de lhes trazer a liberdade 9 individual; na realidade, visamos,
antes de tudo, fazer com que entrem no grande rebanho dos 10
consumidores.
11
Mas qual é, perguntarão, a necessidade dessa mentira? Por que
precisamos fazer crer que somos 12 livres quando vivemos em rebanho? E
por que precisamos fazer outros crerem que são livres quando 13 vamos
colocá-los em rebanho? A resposta é simples. É preciso que cada um vá
livremente na direção das 14 mercadorias que o bom sistema de produção
capitalista fabrica para ele. Digo bem “livremente” pois, 15 forçado, resistiria.
Ao passo que livre, pode consentir em querer o que lhe dizem que deve
querer enquanto 16 cidadão livre. A obrigação permanente de consumir deve,
portanto, ser redobrada por um discurso 17 incessante de liberdade, de uma
falsa liberdade, é claro, entendida como permissão para fazer “tudo o que 18
se quer”. Esse duplo discurso é exatamente o das democracias liberais,
descambem para a direita ou para 19 a esquerda. É pelo egoísmo que se
deve agarrar os indivíduos para arrebanhá-los, pois é o meio mais 20
econômico e racional de ampliar sempre mais as bases do consumo de um
conjunto de pessoas 21 permanentemente levadas para necessidades reais
ou, quase sempre, supostas.
DUFOUR, Dany-Robert. O divino mercado: a revolução cultural
liberal. Rio de Janeiro: Cia de Freud, 2008. p. 23-24. (Adaptado).
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Questão 199)
No texto, as palavras “rebanho” e “livremente” são colocadas entre aspas
com o objetivo de
Questão 200)
No texto, o uso da primeira pessoa do plural, alternadamente ao uso da
terceira do plural, serve para dar suporte a uma oposição entre dois grupos:
a) as pessoas que têm acesso aos bens de consumo em geral, sendo livres
para consumi-los ou não, e aquelas que vivem à margem da sociedade,
sem acesso aos bens e às mercadorias produzidas pelo sistema
capitalista.
b) aqueles que cultivam e exploram ao extremo as potencialidades da
liberdade individual, assimilando os discursos e as práticas do
capitalismo, e aqueles que, fora das democracias liberais, vivem em
estado de mentira e alienação.
c) as pessoas que cultivam atitudes e comportamentos egoístas, cegadas
pelos modos de subjetivação e ação individualistas, e aquelas que,
motivadas por um ideal humanista, desenvolvem práticas e atitudes
caridosas e benevolentes.
d) aqueles que vivem sob a égide das democracias liberais, que se
consideram livres apesar de fazerem aquilo que é determinado
socialmente, e aqueles que vivem fora das democracias liberais,
considerados comumente como não livres.
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anos, o amigo de uma amiga de um amigo ou um colega com quem você
nunca realmente falou em pessoa – todos são amigos no Facebook da
mesma maneira que o seu amigo mais íntimo, sua esposa ou sua mãe.
Isso não significa necessariamente que os vemos da mesma maneira. O
professor Robin Dunbar é famoso por sua pesquisa que sugere que um
indivíduo só pode ter aproximadamente 150 pessoas como grupo social. O
Facebook não mudou isso ainda, na opinião dele, mas em uma entrevista à
revista New Yorker, Dunbar disse temer que a facilidade de terminar
amizades no Facebook fizesse com que no futuro não houvesse mais
necessidade de aprender a conviver com as pessoas.
“Na caixa de areia da vida, quando alguém chuta areia na sua cara, você
não pode sair da caixa. Você tem de lidar com isso, aprender, fazer
compromisso”, diz ele. “Na internet, você pode puxar o fio da tomada e ir
embora. Não há um mecanismo que nos obrigue a aprender.”
O Facebook costumava ser um site para conectar os estudantes da
faculdade, ao qual apenas algumas universidadesamericanas de elite tinham
acesso. Em 2014, uma década depois do lançamento, 56% dos usuários da
internet de 65 anos ou mais têm uma conta no Facebook. E 39% estão
conectados a pessoas que nunca conheceram pessoalmente. Grupos deram
lugar a páginas, escrever nas páginas dos outros é passado e álbuns
cuidadosamente elaborados deram lugar a publicações instantâneas via
celular.
É melhor nos habituarmos a isso, disse David Kirkpatrick, autor de The
Facebook Effect (O Efeito Facebook). “O Facebook provou sua capacidade
de se transformar e continuará sendo um grande ator, muito grande.”
Questão 201)
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d) ... Dunbar disse temer que a facilidade de terminar amizades no
Facebook fizesse com que no futuro não houvesse mais necessidade de
aprender a conviver com as pessoas.
e) Grupos deram lugar a páginas, escrever nas páginas dos outros é
passado e álbuns cuidadosamente elaborados deram lugar a
publicações instantâneas via celular.
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Arandir – Mentira!
Aprígio – Eu perdoaria tudo. (mais violento) Só não perdoo o beijo no asfalto.
Só não perdoo o beijo que você deu na boca de um homem!
Arandir (para si mesmo) – Selminha!
Aprígio (muda de tom, suplicante) – Pela última vez, diz! Eu preciso saber!
Quero a verdade! A verdade! Vocês eram amantes? (sem esperar a
resposta, furioso) Mas não responda. Eu não acredito. Nunca, nunca, eu
acreditarei. (numa espécie de uivo) Ninguém acredita!
Arandir – Vou buscar minha mulher. (Aprígio recua, puxando o revólver.)
Aprígio (apontando) – Não se mexa! Fique onde está!
Arandir (atônito) – O senhor vai.
Aprígio – Você era o único homem que não podia casar com a minha filha!
O único!
Arandir (atônito e quase sem voz) – O senhor me odeia porque. Deseja a
própria filha. É paixão. Carne. Tem ciúmes de Selminha.
Aprígio (num berro) – De você! (estrangulando a voz) Não de minha filha.
Ciúmes de você. Tenho! Sempre. Desde o teu namoro, que eu não digo o
teu nome. Jurei a mim mesmo que só diria teu nome a teu cadáver. Quero
que você morra sabendo. O meu ódio é amor. Por que beijaste um homem
na boca? Mas eu direi o teu nome. Direi teu nome a teu cadáver.
(Aprígio atira, a primeira vez. Arandir cai de joelhos. Na queda, puxa uma
folha de jornal, que estava aberta na cama. Torcendo-se. abre o jornal, como
uma espécie de escudo ou bandeira. Aprígio atira, novamente, varando o
papel impresso. Num espasmo de dor, Arandir rasga a folha. E tomba,
enrolando-se no jornal. Assim morre.)
Aprígio – Arandir! (mais forte) Arandir! (um último canto) Arandir!
Cai a luz, em resistência, sobre o cadáver de Arandir. Trevas.
Questão 202)
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c) Os verbos de ação dão movimento ao texto, tornando- o dinâmico e
muito mais adequado para um romance do que para uma peça de teatro.
d) As ações descritas, na rubrica em questão, têm a função de aproximar a
peça de teatro do gênero poesia por meio do ajuste rítmico.
Questão 203)
A referenciação é o processo pelo qual um elemento linguístico remete a
outro elemento. Considerando-se o processo de referenciação no texto,
assinale a alternativa em que a palavra em destaque refere-se corretamente
à Vovó:
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a) “Nem por isso desprezada.”
b) “Ana Vitória pensou em apelar para o chicote.”
c) “Talvez sua maior virtude estivesse na singeleza.”
d) “ela viu um casalzinho iniciando sua lua de mel”.
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selva. Bebia e fumava muito, ria alto, com gargalhadas por vezes irritantes.
Entre todas as raparigas, escolheu Pássaro Azul, que lhe fez todas as
vontades, pervertendo- se de forma baixa e vil. Foram três noitadas
intermináveis, mas Pássaro Azul aprendera a administrar a bebida. Não era
tola, como as demais, que se embebedavam a ponto de caírem e serem
arrastadas. Era carinhosa com o fazendeiro e saciava-lhe todos os
caprichos. Não o abandonava, sentava em seu colo gordo e fazia-lhe
agrados fingidos. Dava-lhe mais bebida e um composto de viagra, e o rosto
gordo se avermelhava como de um leão enraivecido. Então, ela o puxava
para o quarto sórdido. Na cama, enfrentava como guerreira o monte de carne
e ossos, trepando sobre suas grandes papadas balofas e cavalgando, como
uma guerreira. O homem resfolegava, gritava, gemia, uivava, mas Pássaro
Azul não parava aquela louca cavalgada.
[...]
(GONÇALVES, David. Sangue verde.
Joinville: Sucesso Pocket, 2014. p. 217-218.)
Questão 204)
Tá legal
Eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro
Ou de um tamborim.
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Sem preconceito
Ou mania de passado
Sem querer ficar do lado
De quem não quer navegar
Faça como um velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar.
Questão 205)
No verso “Mas não me altere o samba tanto assim”, o pronome “me” não
exerce função sintática alguma. Segundo a gramática da língua portuguesa,
trata-se de um recurso expressivo de que se serve a pessoa que fala para
mostrar que está vivamente interessada no cumprimento da exortação feita.
Constitui uso mais comum na linguagem coloquial.
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Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias
educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do
abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de
cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião,
como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar
questões de sexualidade na roda.
Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional,
em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro”
(biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou
em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado
pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta
certeira: “Pode, pode tudo”.
Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e
que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as
ferramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.
“Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico
aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala,
precisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de
aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os
instrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”
Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para
dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se
sentir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver
mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política de
governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.
Questão 206)
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TEXTO: 118 - Comum à questão: 207
1
Estava conversando com uma amiga, dia 2 desses. Ela comentava sobre
uma terceira 3 pessoa, que eu não conhecia. Descreveu-a 4 como sendo boa
gente, esforçada, ótimo 5 caráter. "Só tem um probleminha: não é 6 habitada".
Rimos. Uma expressão coloquial na 7 França - habité‚ - mas nunca tinha
escutado 8 por estas paragens e com este sentido. 9 Lembrei-me de uma
outra amiga que, de forma 10 parecida, também costuma dizer "aquela ali 11
tem gente em casa" quando se refere a 12 pessoas que fazem diferença.
13
Uma pessoa pode ser altamente confiável, 14 gentil, carinhosa,
simpática, mas, se não é 15 habitada, rapidinho coloca os outros pra 16 dormir.
Uma pessoa habitada é uma pessoa 17 possuída, não necessariamente pelo
demo, 18 ainda que satanás esteja longe de ser má 19 referência. Clarice
Lispector certa vez escreveu 20 uma carta a Fernando Sabino dizendo que 21
faltava demônio em Berna, onde morava na 22 ocasião. A Suíça, de fato, é
um país de contos 23 de fada onde tudo funciona, onde todos são 24 belos,
onde a vida parece uma pintura, um 25 rótulo de chocolate. Mas falta uma
ebulição que 26 a salve do marasmo.
27
Retornando ao assunto: pessoas habitadas 28 são aquelas possuídas
por si mesmas, em 29 diversas versões. Os habitados estão 30 preenchidos
de indagações, angústias, 31 incertezas, mas não são menos felizes por 32
causa disso. Não transformam suas 33 "inadequações" em doença, mas em
força e 34 curiosidade. Não recuam diante de 35 encruzilhadas, não se
amedrontam com 36 transgressões, não adotam as opiniões dos 37 outros
para facilitar o diálogo. São pessoas que 38 surpreendem com um gesto ou
uma fala fora 39 do script, sem nenhuma disposição para serem 40 bonecos
de ventríloquos. Ao contrário, 41 encantam pela verdade pessoal que
defendem. 42 Além disso, mantêm com a solidão uma relação 43 mais do que
cordial.
44
Então são as criaturas mais incríveis do 45 universo? Não
necessariamente. Entre os 46 habitados há de tudo, gente fenomenal e 47
também assassinos, pervertidos e demais 48 malucos que não merecem
abrandamento de 49 pena pelo fato de serem, em certos aspectos, 50
bastante interessantes. Interessam, mas 51 assustam. Interessam, mas
causam dano. Eu 52 não gostaria de repartir a mesa de um 53 restaurante
com Hannibal Lecter, "The 54 Cannibal", ainda que eu não tenha dúvida de
55
que o personagem imortalizado por Anthony 56 Hopkins renderia um papo
mais estimulante do 57 que uma conversa com, sei lá, Britney Spears, 58 que
só tem gente em casa porque está grávida.
59
Que tenhamos a sorte de esbarrar com 60 seres habitados e ao mesmo
tempo 61 inofensivos, cujo único mal que possam fazer 62 seja nos fascinar e
nos manter acordados uma 63 madrugada inteira. Ou a vida inteira, o que é
64
melhor ainda.
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Questão 207)
a) I e II.
b) II e III.
c) I e III.
d) II.
ONU prevê que Brasil deverá ter redução da população até 2100
Questão 208)
a) hipóteses.
b) negações.
c) comprovações.
d) certezas.
e) lembranças.
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TEXTO: 120 - Comum à questão: 209
Questão 209)
Na passagem – ... mais conhecido por Seu Ditão... –, o aumentativo
empregado confere ao nome de seu Benedito um sentido de
a) importância.
b) ironia.
c) humor.
d) fragilidade.
Uma epidemia, como Albert Camus sabia tão bem, revela toda a doença
de uma sociedade. Foi assim no Brasil. Era uma suspeita de ebola, fato
suficiente, pela letalidade do vírus, para exigir o máximo de seriedade das
autoridades de saúde, como aconteceu. Descobrimos, porém, a deformação
causada por um vírus que nos consome há muito mais tempo, o da
xenofobia.
E, o outro, o “estrangeiro”, a “ameaça”, era africano da Guiné, exacerbada
por uma herança escravocrata jamais superada. O racismo no Brasil não é
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passado, mas vida cotidiana conjugada no presente. A peste não está fora,
mas dentro de nós.
Foi ela, a peste dentro de nós, que levou à violação dos direitos mais
básicos do homem sobre o qual pesava uma suspeita de ebola. Contrariando
a lei e a ética, seu nome foi exposto. Seu rosto foi exposto. O documento em
que pedia refúgio foi exposto. Ele não foi tratado como um homem, mas
como o rato que traz a peste para essa Oran chamada Brasil [...].
E logo se ouviu o clamor. Não é hora de fechar as fronteiras? Cobrou-se
das autoridades que os ratos fiquem do lado de fora, onde sempre estiveram.
Que os ratos apodreçam e morram. Para os ratos não há solidariedade nem
compaixão.
E quem são os ratos, segundo parte dos brasileiros? Há sempre muitos,
demais, nas redes sociais, dispostos a despejar suas vísceras em praça
pública. No Facebook, desde que a suspeita foi divulgada, comprovou-se
que uma das palavras mais associadas ao ebola era “preto”. “Ebola é coisa
de preto”, desmascarou-se um no Twitter. “Alguém me diz por que esses
pretos da África têm que vir para o Brasil com essa desgraça de bactéria
(sic) de ebola”, vomitou outro. “Graças ao ebola, agora eu taco fogo em
qualquer preto que passa aqui na frente”, defecou um terceiro. Acreditam
falar, nem percebem que guincham.
O ebola não parece ser um problema quando está na África, contido entre
fronteiras. Lá é destino. O ebola só é problema, como escreveu o
pesquisador francês Bruno Canard, porque o vírus saiu do lugar em que o
Ocidente gostaria que ele ficasse.
O homem a quem se acusou de trazer a doença para o Brasil, para o lugar
onde o vírus não pode estar, sempre foi um sem nome, um ninguém, um não
ser. Só é nomeado, ganha rosto, para mais uma vez ser violado. Para que
continue a não ser enxergado, porque nele só se vê a ameaça, que é mais
uma forma de não reconhecê-lo como humano. Ele, o rato.
[...]
Para o homem que alcançou o Brasil em busca de refúgio e teve sua
dignidade violada na exposição de seu nome, rosto e documentos, ainda
existe a espera de um segundo teste para o vírus do ebola. Não importa se
der negativo ou positivo, devemos desculpas. Devemos reparação, ainda
que saibamos que a reparação total é uma impossibilidade, e que essa
marca pública já o assinala. Não é uma oportunidade para ele, é para nós.
Questão 210)
Releia o trecho abaixo.
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der negativo ou positivo, devemos desculpas. Devemos reparação, ainda
que saibamos que a reparação total é uma impossibilidade, e que essa
marca pública já o assinala. Não é uma oportunidade para ele, é para nós”.
a) reparação total.
b) marca pública.
c) impossibilidade de reparação total.
d) dignidade violada.
e) espera de um segundo teste.
Questão 211)
Em vista da intenção do autor – refletir sobre o uso da expressão “dito-cujo”
–, o texto se organiza linguisticamente observando certas propriedades de
estilo. Quanto a essas propriedades, apenas está correto o que se afirma
em:
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c) Desde o título, que vem em forma de pergunta, o texto busca o
coloquialismo, em diálogo simples com o leitor.
d) O texto é formal e coloquial ao mesmo tempo, pois se vale de seriedade
e de jocosidade para discutir o tema.
e) O uso exagerado de palavras próprias da linguagem oral deixa o texto
leve e informal, garantindo a compreensão geral deste pelo leitor.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.
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Questão 212)
No verso “Pobre velha casa da minha infância perdida!” (4ª estrofe), a
anteposição dos adjetivos “pobre” e “velha” ao substantivo “casa”, em lugar
da posposição,
1
Jaime Ovalle (1894-1955): compositor e instrumentista. Aproximou-se do
meio intelectual carioca e se tornou amigo íntimo de Villa-Lobos, Di
Cavalcanti, Sérgio Buarque de Hollanda e Manuel Bandeira. Sua música
mais famosa é “Azulão”, em parceria com o poeta Manuel Bandeira.
(Dicionário Cravo Albin da música popular brasileira)
Questão 213)
No poema, Bandeira explora uma espécie de contraste entre os tempos
verbais “pretérito perfeito” e “pretérito imperfeito”.
Dos pontos de vista sintático e semântico, que padrão pode ser percebido
no emprego desses dois tempos verbais?
1
Imaginar o futuro sempre foi uma atitude envolvida 2 por uma atmosfera
mágica, repleta de ilusões e 3 engenhocas mirabolantes. No famoso filme da
década 4 de 80 do século passado, “De Volta para o Futuro”, 5 ficávamos
maravilhados com a possibilidade de, em 6 2015, podermos dirigir
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automóveis voadores e conversar 7 com pessoas a quilômetros de distância
por meio de 8 uma tela.
9
O mundo mudou e muito nos últimos anos. Embora 10 um pouco diferente
do previsto por Hollywood, algumas 11 das evoluções imaginadas, hoje, são
reais no nosso 12 cotidiano. Novos lançamentos surgem a cada instante, 13
numa rápida e constante evolução.
14
A medicina, como já era previsível, também foi 15 beneficiada por esse
desenvolvimento. Atualmente, 16 contamos com um verdadeiro arsenal de
alta tecnologia 17 para auxiliar na prevenção e também no monitoramento 18
de doenças cardiovasculares. A tecnologia detecta 19 tumores e metástases,
lesões no músculo cardíaco, 20 alterações de memória dentre outras
doenças.
21
Com o advento da robótica, os procedimentos 22 cirúrgicos tornaram-se
minimamente invasivos, 23 possibilitando aos pacientes vantagens
incomparáveis 24 quanto às cirurgias convencionais. Cateteres são 25
utilizados para troca da válvula cardíaca e há próteses 26 tão sofisticadas a
ponto de terem durabilidade prolongada. 27 O desconforto e a dor no pós-
operatório são minimizados, 28 assim como a perda sanguínea durante a
cirurgia e o 29 tempo de permanência no hospital. Instrumentos 30 acoplados
a um robô reproduzem, com precisão, os 31 movimentos das mãos do
cirurgião no momento da 32 operação.
33
Nós, os médicos, temos o dever de estar 34 preparados para absorver
esse turbilhão de novas 35 informações e novidades. Muito ainda está por vir.
Estar 36 por fora do que se discute pela área médica mundial, 37 em termos
de avanços da tecnologia, é estar alheio ao 38 nosso presente e, sobretudo,
ao futuro da humanidade. 39 Quem viver verá.
Questão 214)
A análise dos elementos linguísticos presentes no texto está correta em
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A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
01. I e III.
02. II e IV.
03. IV e V.
04. I, II e IV.
05. II, III e V.
Poema da purificação
Questão 215)
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A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
01. I e III.
02. II e IV.
03. III e V.
04. I, II e V.
05. II, III e IV.
Texto I
Texto II
Texto III
Rodeava o engenho um denso manto verde. Troncos de todos os formatos,
folhas de cores variadas, flores com todos os perfumes.
Questão 216)
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TEXTO: 128 - Comum à questão: 217
Questão 217)
É correto afirmar que, no texto, o narrador
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livre, de busca desinteressada do saber, de cultivo de valores, sem os quais
a própria ideia de universidade perde sentido. Por isso merecem o apoio
firme das autoridades universitárias e da sociedade, que eles estudam e à
qual servem.
(Adaptado de Leyla Perrone-Moisés, Para que servem as humanidades?
Folha de São Paulo, São Paulo, 30 jun. 2002, Caderno Mais!.)
Questão 218)
Na última oração do texto, são utilizados dois elementos coesivos: “elesˮ e
“à qualˮ. Aponte a que se refere, respectivamente, cada um desses
elementos.
1
Um estudo sobre contestações do povo dirigidas ao governo na primeira
década do século XX, 2 registradas em uma coluna de jornal, revela a atitude
do cidadão em momentos não críticos, em 3 seu cotidiano de habitante da
cidade do Rio de Janeiro. A conclusão do estudo é que quase 4 só pessoas
de algum modo relacionadas com a burocracia do Estado se queixavam,
quer os 5 próprios funcionários e operários, quer as vítimas dos funcionários,
especialmente da polícia e 6 dos fiscais. Reclamavam funcionários, artesãos,
pequenos comerciantes, uma ou outra prostituta.
7
Mas as queixas não revelavam oposição ao Estado. O conteúdo das
reclamações girava em 8 torno de problemas elementares, como segurança
individual, limpeza pública, transporte, 9 arruamento. Permanece, no entanto,
o fato de que entre as reivindicações não se colocava a 10 de participação
nas decisões, a de ser ouvido ou representado. O Estado aparece como algo
a 11 que se recorre, como algo necessário e útil, mas que permanece fora do
controle, externo ao 12 cidadão. Ele não é visto como produto de concerto
político, pelo menos não de um concerto 13 em que se inclua a população. É
uma visão antes de súdito que de cidadão, de quem se coloca 14 como objeto
da ação do Estado e não de quem se julga no direito de a influenciar.
15
Como explicar esse comportamento político da população do Rio de
Janeiro? De um lado, a 16 indiferença pela participação, a ausência de visão
do governo como responsabilidade coletiva, 17 de visão da política como
esfera pública de ação, como campo em que os cidadãos se podem 18
reconhecer como coletividade, sem excluir a aceitação do papel do Estado
e certa noção dos 19 limites deste papel e de alguns direitos do cidadão. De
outro, o contraste de um comportamento 20 participativo em outras esferas
de ação, como a religião, a assistência mútua e as grandes festas 21 em que
a população parecia reconhecer-se como comunidade.
22
Seria a cidade a responsável pelo fenômeno? Neste caso, como
caracterizá-la, como distingui-la 23 de outras? Entramos aqui na vasta e rica
literatura sobre o fenômeno urbano, em particular sobre 24 a cultura urbana.
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JOSÉ MURILO DE CARVALHO
Adaptado de Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi.
São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
Questão 219)
No último parágrafo (Refs. 22-24), o autor emprega dois recursos que
explicitam sua interlocução com os leitores.
Identifique-os.
1
Nosso pensamento, como toda entidade viva, nasce para se vestir de
fronteiras. Essa invenção 2 é uma espécie de vício de arquitetura, pois não
há infinito sem linha do horizonte. A verdade é 3 que a vida tem fome de
fronteiras. Porque essas fronteiras da natureza não servem apenas para 4
fechar. Todas as membranas orgânicas são entidades vivas e permeáveis.
São fronteiras feitas 5 para, ao mesmo tempo, delimitar e negociar: o “dentro”
e o “fora” trocam-se por turnos.
6
Um dos casos mais notáveis na construção de fronteiras acontece no
mundo das aves. É o caso 7 do nosso tucano, o tucano africano, que fabrica
o ninho a partir do oco de uma árvore. Nesse 8 vão, a fêmea se empareda
literalmente, erguendo, ela e o macho, um tapume de barro. Essa 9 parede
tem apenas um pequeno orifício, ele é a única janela aberta sobre o mundo.
Naquele 10 cárcere escuro, a fêmea arranca as próprias penas para preparar
o ninho das futuras crias. Se 11 quisesse desistir da empreitada, ela morreria,
sem possibilidade de voar. Mesmo neste caso de 12 consentida clausura, a
divisória foi inventada para ser negada.
13
Mas o que aqueles pássaros construíram não foi uma parede: foi um
buraco. Erguemos paredes 14 inteiras como se fôssemos tucanos cegos. De
um e do outro lado há sempre algo que morre, 15 truncado do seu lado
gêmeo. Aprendemos a demarcarmo-nos do Outro e do Estranho como 16 se
fossem ameaças à nossa integridade. Temos medo da mudança, medo da
desordem, 17 medo da complexidade. Precisamos de modelos para entender
o universo (que é, afinal, um 18 pluriverso ou um multiverso), que foi
construído em permanente mudança, no meio do caos e 19 do imprevisível.
20
A própria palavra “fronteira” nasceu como um conceito militar, era o modo
como se designava a 21 frente de batalha. Nesse mesmo berço aconteceu
um fato curioso: um oficial do exército francês 22 inventou um código de
gravação de mensagens em alto-relevo. Esse código servia para que, 23 nas
noites de combate, os soldados pudessem se comunicar em silêncio e no
escuro. Foi a partir 24 desse código que se inventou o sistema de leitura
Braille. No mesmo lugar em que nasceu a 25 palavra “fronteira” sucedeu um
episódio que negava o sentido limitador da palavra.
26
A fronteira concebida como vedação estanque tem a ver com o modo
como pensamos e vivemos 27 a nossa própria identidade. Somos um pouco
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como a tucana que se despluma dentro do escuro: 28 temos a ilusão de que
a nossa proteção vem da espessura da parede. Mas seriam as asas e a 29
capacidade de voar que nos devolveriam a segurança de ter o mundo inteiro
como a nossa casa.
MIA COUTO
Adaptado de fronteiras.com, 10/08/2014.
Questão 220)
A exposição do autor confere um caráter universal ao tema das fronteiras.
Questão 221)
Precisamos de modelos para entender o universo (que é, afinal, um
pluriverso ou um multiverso), (Refs. 17-18)
01
A detração não é, necessariamente, uma mentira. Pode ser verdadeira
ou falsa. O que marca a 02 detração é a intenção de atacar, de diminuir, de
jogar lama no alvo do meu veneno. Depreciar, como já 03 insinuamos,
significa elevar a minha posição. Essa é a chave do sucesso do detrator. A
infâmia 04 anunciada pelo narrador pode nascer de fato concreto e
comprovado. Pode ser invenção absoluta. O 05 objetivo é o mesmo: quero
arranhar ou quebrar o vítreo telhado alheio. O importante é puxar bem para
06
baixo, desnudar histórias, atacar. Bem, por definição a expressão puxar
para baixo implica reconhecer 07 que estou abaixo de quem falo mal. Esse é
um dos problemas do falar mal: ele reconhece que me 08 sinto abaixo ou, ao
menos, que desejo estar por cima ao falar mal.
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09
Todos somos capazes de atos de bondade e abnegação. Hitler amava
cachorros e defendia 10 dieta vegetariana. Hitler matou milhares. A ternura,
mesmo na mais infame criatura, fala de nós e 11 nossos valores. Porém, nada
deixa mais evidente minha personalidade do que o tipo de comentário 12 que
faço, especialmente o maldoso.
13
Observe um discurso de formatura. Falamos bem das pessoas e da
instituição. Agradecemos a 14 nossos excelentes professores,
homenageamos nossos amados pais e indicamos ___ qualidades 15
excelsas daquela turma. Gostaríamos de ouvir isso. Achamos indelicado
alguém ser crítico naquela 16 hora de consagração. Mas... A maioria dos
rostos está entediada. Os elogios emocionam alguém, mas 17 entediam. As
virtudes, reais ou retóricas, não prendem muito a atenção. [...]
18
A fofoca é anárquica e cresce em progressão geométrica. No boca-a-
boca clássico e presencial 19 ou nas redes sociais, ela escapa ___ qualquer
controle. Tememos tudo o que foge ___ nossa 20 supervisão. Calúnia é
comparada ___ um travesseiro de penas aberto em torre alta. Uma vez
iniciada, 21 entra em modo aleatório.
KARNAL, Leandro. A detração: breve ensaio sobre o maldizer.
São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2016. p. 15-17.
Questão 222)
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes à
sintaxe do texto.
a) F–F–F–V
b) V–F–F–V
c) F–V–V–V
d) V–F–V–F
e) F–V–V–F
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Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
1
passamento: falecimento.
2
poento: que tem poeira, poeirento.
3
caminheiro: andarilho.
4
dobre: toque do sino.
5
sineiro: aquele que toca sino.
6
embelecer: tornar belo.
Questão 223)
Constituem termos que reforçam a ideia de desagregação ou dissolução
explorada pelo poema:
Capítulo XVI
Uma reflexão imoral
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Um terço ou um quinto do universal comércio dos corações. Esta é a reflexão
imoral que eu pretendia fazer, a qual é ainda mais obscura do que imoral,
porque não se entende bem o que eu quero dizer. O que eu quero dizer é
que a mais bela testa do mundo não fica menos bela, se a cingir um diadema
de pedras finas; nem menos bela, nem menos amada. Marcela, por exemplo,
que era bem bonita, Marcela amou-me…
Capítulo XVII
Do trapézio e outras coisas
1
dixe: joia.
2
aragem: sumiço, evaporação.
3
pelintra: malandro.
Questão 224)
Em “Estava furioso, mas de um furor temperado e curto.”, o trecho
destacado
1
Os últimos 60 anos têm testemunhado profundas 2 transformações em
todas as esferas da atividade 3 humana. A revolução dos meios de
comunicação, através 4 de sua principal arma, que é a manipulação, faz 5
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dos cidadãos comuns meros robôs. Efetivamente, os 6 meios de
comunicação nos bombardeiam diariamente 7 com os prodígios da medicina,
criando nova mitologia: a 8 doença sob controle.
9
A tecnologia médica tornou o homem transparente 10 mediante o estudo
das imagens do seu interior e ainda 11 permite ver o homem pelo avesso, por
meio de 12 procedimentos endoscópicos com microcâmeras.
13
Esse avanço exponencial provoca um frisson não 14 só no meio médico,
mas também na sociedade — e a 15 “escatologia científica” passa a imperar.
16
Por outro lado, há um descompasso entre avanços 17 médicos e
assistência médica de qualidade. Existe uma 18 brecha entre a “medicina
científica” e as necessidades 19 dos pacientes. Outro viés da medicina
contemporânea 20 é o modelo médico adotado pela “medicina oficial”. O 21
modelo é biológico (ou biocêntrico), o corpo humano é 22 considerado
máquina, que pode ser analisada em suas 23 diferentes peças, e a doença é
encarada como mau 24 funcionamento dos mecanismos biológicos. Em
linhas 25 gerais, esse modelo (priorizado nas escolas médicas) 26 adota o
seguinte figurino: 1) o doente como objeto; 2) o 27 médico como mecânico;
3) a doença como avaria; 4) o 28 hospital como oficina de consertos. Mas é
preciso 29 entender que o homem adoece de suas condições 30 biológicas,
psicológicas, sociais, culturais e ambientais. 31 Esse modelo biológico,
amparado na tecnologia, 32 tornou a prática médica segmentada, com o 33
superdimensionamento das áreas especializadas. A 34 exaltação da
explicação científica e os avanços técnicos 35 acabaram determinando a
atomização do conhecimento. 36 Essa pulverização do conhecimento tornou
o médico 37 generalista inseguro e, muitas vezes, mero triador de 38 casos
para os especialistas. Assim, um médico leva a 39 outro. A consulta com
vários médicos acaba corrompendo 40 a interação médico-paciente,
configurando-se, nesse 41 caso, “a trama do anonimato”.
42
Há, enfim, deterioração crescente da medicina 43 artesanal
(anamnese/exame físico) e supervalorização 44 dos exames
complementares e atos médicos técnicos. 45 De sorte que o cenário hoje é
de uma medicina de 46 pareceres especializados e de natureza
hospitalocêntrica. 47 Esse modelo, além de elevar os custos, é de baixa 48
eficiência para um sistema de saúde abrangente.
49
Por outro lado, é o doente que deve estar no centro 50 do sistema e não
a doença. Diz-se que o bom observador 51 é aquele que enxerga a floresta,
a árvore e a folha. A 52 porta de entrada do sistema de saúde não deve ser
o 53 hospital (a não ser para as emergências) e o médico 54 generalista deve
ser a referência para o primeiro 55 atendimento. Infelizmente essa é uma
espécie em 56 extinção.
57
De qualquer modo, vivemos em uma era privilegiada, 58 pois temos uma
ciência que substitui um órgão doente 59 por um sadio, que manipula genes,
nos proporciona 60 esperanças de uma vacina contra o câncer e a AIDS, 61
que nos acena com os primórdios de uma medicina 62 regenerativa de
tecidos com o manejo das células-tronco. 63 Bisturirobô, terapia gênica,
implantes de próteses 64 artificiais, procedimentos diagnósticos preditivos, 65
fármacos inteligentes... para onde caminha a medicina? 66 Certamente, nos
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avanços, caminha bem, mas um 67 discurso triunfalista da medicina só se
justifica quando 68 essa excelência estiver ao alcance de toda a população.
SANVITO, Wilson Luiz; RASSLAN, Zied. Os paradoxos da medicina
contemporânea.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? pid=S0104-
42302012000600002&script=sci_arttext>.
Acesso em: 1º out. 2015. Adaptado.
Questão 225)
“Há, enfim, deterioração crescente da medicina artesanal (anamnese/exame
físico) e supervalorização dos exames complementares e atos médicos
técnicos.” (Refs. 42-44)
01) I e II.
02) II e III.
03) III e V.
04) I, III e IV.
05) II, IV e V.
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QUALIDADE e segurança do paciente.
Disponível em: <http:// www.portalhsr.com.br/hsr-cada-vez-mais-seguro-
uma-
campanha-dequalidade- e-seguranca-paciente/>. Acesso em: 11 out. 2015.
Questão 226)
A expressão linguística utilizada na estratégia argumentativa dessa
companha que está analisada incorretamente é a transcrita na alternativa
01) “do paciente” modifica o nome “segurança”, ficando elíptico, mas de fácil
resgate, o termo modificador do substantivo “Qualidade”.
02) “cada vez mais” indica uma ação reiterada que se intensifica sempre que
se repete, mostrando a continuidade da busca de segurança pelos
gestores do Hospital São Rafael.
03) “do paciente” complementa o sentido de “Cuidar”, que, nesse caso,
constitui um derivado impróprio.
04) “com segurança e consciência” evidencia os meios usados como
recursos para se atingir a excelência institucional.
05) “toda a diferença” é um complemento verbal sem a presença de
preposição, pois o verbo fazer, flexionado no presente do indicativo, é
transitivo direto.
1
Ao longo dos últimos anos, os smartphones 2 mudaram radicalmente
vários aspectos da nossa rotina 3 diária, desde transações bancárias até
compras e 4 diversão. A medicina é o próximo. Com tecnologias 5 digitais
inovadoras, computação na nuvem e aprendizado 6 mecânico, o smartphone
médico vai revolucionar todos 7 os aspectos da assistência médica. E o
resultado é que 8 o paciente, pela primeira vez, estará no comando das 9
ações.
10
Com a revolução do smartphone, um novo conjunto 11 de ferramentas
cada vez mais poderosas — de acessórios 12 que podem diagnosticar uma
infecção de ouvido ou medir 13 batimentos cardíacos a um aplicativo que
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pode monitorar 14 a saúde mental — poderia reduzir nossas consultas 15
médicas, cortar custos, acelerar a velocidade do 16 atendimento e dar mais
poder aos pacientes. Os avatares 17 digitais não substituirão os médicos.
Eles ainda serão 18 consultados, mas a relação será radicalmente alterada.
19
Os smartphones já podem ser usados para 20 medir pressão sanguínea
ou mesmo fazer um 21 eletrocardiograma. Aplicativos para eletrocardiograma
já 22 foram aprovados para uso pela FDA (a agência que regula 23 alimentos
e remédios nos Estados Unidos) e validados 24 em muitos estudos clínicos.
Os dados dos aplicativos 25 são imediatamente analisados, transformados
em 26 gráficos, exibidos em telas e atualizados com novas 27 medições,
armazenados e compartilhados (a critério 28 das pessoas). Eu achava que já
tinha visto de tudo 29 em décadas de prática como cardiologista, até 30 que,
recentemente, recebi pela primeira vez um 31 eletrocardiograma num e-mail
enviado por um paciente. 32 A linha de assunto: “Estou com uma fibrilação
atrial. O 33 que faço agora?” Percebi imediatamente que o mundo 34 havia
mudado. O telefone do paciente não havia apenas 35 gravado os dados; ele
os interpretou.
36
Nos próximos dez anos, será possível — em 37 circunstâncias especiais
— monitorar quase todos os 38 órgãos do corpo, à medida que empresas
começam a 39 produzir nanossensores que podem ser inseridos na 40
corrente sanguínea. Com todas essas novas ferramentas, 41 não é de
surpreender que alguns cogitem a possibilidade 42 de uma medicina “sem
médicos”. Mas é preciso não 43 exagerar. Ainda iremos consultar médicos —
só que com 44 muito mais controle.
45
Por outro lado, apesar dos grandes avanços na 46 captura de
informações médicas pessoais, ainda 47 estamos muito atrasados no
manuseio desse dilúvio de 48 dados. Muito pouco foi feito para impedir que
dados 49 médicos sejam acessados por hackers ou vendidos para 50
terceiros. Também somos inócuos na análise dos dados: 51 armazenamos
grandes volumes de dados e fazemos 52 muito pouco para extrair
informações significativas 53 deles. Para piorar, nenhum dos novos dados
gerados 54 por pacientes — através de sensores, testes laboratoriais, 55
autoexames, sequenciamento de DNA ou autoimagem — 56 está fluindo para
os registros tradicionais de médicos 57 ou de hospitais. Creio que esses
problemas podem ser 58 solucionados, mas isso vai exigir esforço.
59
De fato, a verdadeira revolução não vem de ter seus 60 dados médicos
armazenados de forma segura em seu 61 smartphone. Ela vem da nuvem,
onde se podem 62 combinar todos os dados individuais. Quando essa 63
enorme quantidade de dados for organizada, integrada e 64 analisada
corretamente, ela oferecerá um enorme 65 potencial em dois níveis — para
o indivíduo e para a 66 população geral. Uma vez que todos os dados
relevantes 67 forem registrados e processados para identificar 68 tendências
complexas e interações que ninguém poderia 69 detectar sozinho, seremos
capazes de eliminar muitas 70 doenças.
TOPOL, Eric J. O futuro da medicina está no seu smartphone.
Disponível em: <http://br.wsj.com/articles/SB100834680248280341
www.projetoredacao.com.br
48604580407911096713130 >.
Acesso em: 6 out. 2015. Adaptado.
Questão 227)
Quanto aos elementos semânticos do texto, é correto afirmar:
1
Neste século XXI – em que os europeus enfrentam 2 uma inédita
mudança, devido quer à diminuição da taxa 3 de natalidade, quer ao aumento
da esperança média de 4 vida — refletir sobre a relação entre a sociedade e
a 5 saúde ganha crescente pertinência.
6
Portugal, por exemplo, é um país envelhecido, 7 podendo mesmo tornar-
se a médio prazo — e a avaliar 8 pelas estimativas da Comissão Europeia —
um dos 9 países mais envelhecidos da União Europeia. Para além 10 de uma
expectável diminuição da população portuguesa 11 até 2050, espera-se que,
a partir dessa data, Portugal 12 registre uma das percentagens mais elevadas
de idosos 13 da União Europeia e uma das mais baixas de indivíduos 14 com
idades entre os 15 e os 64 anos. Paradoxalmente, 15 parece assistir-se no
país a uma quebra do pessoal 16 médico que nos próximos anos se retirará
para a reforma. 17 Ora, neste contexto, a prioridade — quando se pensa 18
no futuro da saúde em Portugal — não poderá deixar de 19 passar por
questionar se as novas gerações profissionais 20 de saúde serão suficientes
para assegurar os 21 indispensáveis cuidados de saúde a uma população
cada 22 vez mais envelhecida.
23
A própria relação comunicacional entre sociedade 24 e saúde obriga a
uma mudança, devendo induzir a uma 25 maior participação dos cidadãos.
Desde logo, é preciso 26 sensibilizar as pessoas para os benefícios da
prevenção 27 em saúde, nomeadamente através de campanhas 28 públicas
que promovam novas formas de relacionar 29 cidadãos com a área da saúde
e que incrementem a 30 comunicação/informação aos utentes e clientes dos
31
serviços médicos. Depois, será ainda imperioso 32 assegurar maior
“humanização” na assistência médica, 33 quer a doentes internados quer
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àqueles que necessitem 34 de apoio em domicílio. E só essas mudanças —
que 35 simultaneamente assegurem autonomia aos profissionais 36 de saúde,
mas ponham o utente à frente, uma vez que é 37 o destinatário do seu esforço
— podem fazer de Portugal 38 um país moderno na área da saúde.
REBELO, Glória. Sociedade e saúde no século XXI. Disponível em: <
http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=123236&opiniao=
Gl%F3ria%20Rebelo> .
Acesso em: 10 out. 2015.
Questão 228)
Ao se fazer a análise do período “Neste século XXI – em que os europeus
enfrentam uma inédita mudança, devido quer à diminuição da taxa de
natalidade, quer ao aumento da esperança média de vida – refletir sobre a
relação entre a sociedade e a saúde ganha crescente pertinência.” (Refs. 1-
5), é correto afirmar que
João Gilberto Noll nasceu em Porto Alegre, no ano de 1946. Além de contista
e romancista, fez incursões pela literatura infantil. Ganhou cinco prêmios
Jaboti. João Gilberto Noll faz uma literatura caracterizada pela dissolução.
Seus romances são concisos e apresentam enredos episódicos sustentados
pela causalidade. Essa técnica difere da técnica narrativa que estabelece o
elo entre o real e o ficcional. Os personagens de Noll são seres não
localizados e alijados da experiência; muito embora lançados numa
sucessão frenética de acontecimentos e passando por um sem número de
lugares, o que vivem não se converte em saber, em consciência de ser e de
estar no mundo.
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1
No caminho a menina pegou uma pedra e 2 atirou-a longe, o mais que
pôde. O menino 3 puxava a sua mão e reclamava da vagareza da 4 menina.
Deviam chegar até a baixa noite a 5 Encantado, e o menino sabia que ele
era 6 responsável pela menina e deveria manter uma 7 disciplina. Que garota
chata, ele pensou. Se eu 8 fosse Deus, não teria criado as garotas, seria 9
tudo homem igual a Deus. A menina sentia-se 10 puxada, reclamada, e por
isso emitia uns sons de 11 ódio: graças a Deus que eu não preciso dormir 12
no mesmo quarto que você, graças a Deus que 13 eu não vou morar nunca
mais com você. Vamos 14 e não resmunga, exclamou o menino. E o sol já 15
não estava sumindo? Isso nenhum dos dois 16 perguntava porque estavam
absortos na raiva de 17 cada um. A estrada era de terra e por ela poucos 18
passavam. Nem o menino nem a menina 19 notavam que o sol começava a
se pôr e que os 20 verdes dos matos se enchiam cada vez mais de 21
sombras. Quando chegassem a Encantado o 22 menino poria ela no Opala
do prefeito e ela 23 nunca mais apareceria. Ele não gosta de mim, 24 pensou
a menina cheia de gana. Ele deve estar 25 pensando: o mundo deveria ser
feito só de 26 homens, as meninas são umas chatas. O menino 27 cuspiu na
areia seca. A menina pisou sobre a 28 saliva dele e fez assim com o pé para
apagar o 29 cuspe.
30
Até que ficou evidente a noite. E o menino 31 disse a gente não vai parar
até chegar em 32 Encantado, agora eu proíbo que você olhe pros 33 lados,
que se atrase. A menina não queria chorar 34 e prendia-se por dentro porque
deixar arrebentar 35 uma lágrima numa hora dessas é mostrar muita 36
fraqueza, é mostrar-se muito menina. E na curva 37 da estrada começaram
a aparecer muitos 38 caminhões apinhados de soldados e a menina 39 não
se conteve de curiosidade. Para onde vão 40 esses soldados? — ela
balbuciou. O menino 41 respondeu ríspido. Agora é hora apenas de 42
caminhar, de não fazer perguntas, caminha! A 43 menina pensou eu vou
parar, fingir que torci o 44 pé, eu vou parar. E parou. O menino sacudiu-a 45
pelos ombros até deixá-la numa vertigem 46 escura. Depois que a sua visão
voltou a adquirir 47 o lugar de tudo, ela explodiu chamando-o de 48 covarde.
Os soldados continuavam a passar em 49 caminhões paquidérmicos. E ela
não chorava, 50 apenas um único soluço seco. O menino gritou 51 então que
ela era uma chata, que ele a deixaria 52 sozinha na estrada que estava de
saco cheio de 53 cuidar de um traste igual a ela, que se ela não 54 soubesse
o que significa traste, que pode ter 55 certeza que é um negócio muito ruim.
A menina 56 fez uma careta e tremeu de fúria. Você é o 57 culpado de tudo
isso, a menina gritou. Você é o 58 único culpado de tudo isso. Os soldados 59
continuavam a passar.
60
Começou a cair o frio e a menina tiritou 61 balançando os cabelos
molhados, mas o menino 62 dizia se você parar eu te deixo na beira da 63
estrada, no meio do caminho, você não é nada 64 minha, não é minha irmã,
não é minha vizinha, 65 não é nada.
66
E Encantado era ainda a alguns lerdos 67 quilômetros. A menina sentiu
que seria bom se o 68 encantado chegasse logo para se ver livre do 69
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menino. Entraria no Opala e não olharia uma 70 única vez pra trás para se
despedir daquele 71 chato.
72
Encantado apareceu e tudo foi como o 73 combinado. Doze e meia da
noite e o 74 Opala esperava a menina parado na frente da 75 igreja. Os dois
se aproximaram do Opala tão 76 devagarinho que nem pareciam crianças. O
77
motorista bigodudo abriu a porta traseira e 78 falou: pode entrar, senhorita.
Senhorita... o 79 menino repetia para ele mesmo. A menina se 80 sentou no
banco traseiro. Quando o carro 81 começou a andar, ela falou bem baixinho:
eu 82 acho que vou virar a cabeça e olhar pra ele com 83 uma cara de nojo,
vou sim, vou olhar. E olhou. 84 Mas o menino sorria. E a menina não resistiu
e 85 sorriu também. E os dois sentiram o mesmo nó 86 no peito.
(NOLL, João Gilberto. In: Romances e contos reunidos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p. 690-692. Texto adaptado.)
Questão 229)
Sobre o excerto “A menina não queria chorar e prendia-se por dentro porque
deixar arrebentar uma lágrima numa hora dessas é mostrar muita fraqueza,
é mostrar-se muito menina.” (Refs. 33-36), assinale a afirmação
INCORRETA.
Leia a tirinha.
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(Gazeta do Povo. Opinião. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.
br/opiniao/charges/benett/>. Acesso em: 14 ago. 2015.)
Questão 230)
Em relação aos recursos linguísticos utilizados na tirinha, considere as
afirmativas a seguir.
Sensações
O menino de roupas verdes está lá, e as sensações que ele provoca
lembram a leitura do livro. Mas a história é outra, uma narrativa maior que
engloba o enredo do principezinho e de certa forma lhe serve de
continuação. Nem sempre o espectador aceita que se “mexa” na obra,
utilizando seu universo para criar algo diferente. Resumindo, não se trata de
uma versão do livro para as telas.
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Férias
Uma menina se muda para um bairro novo em sua cidade sombria, onde a
mãe controladora determina cada minuto das atividades de férias de verão,
com o objetivo de prepará-la para uma escola de elite. As longas horas
acabam passadas ao lado de um novo amigo, o velhinho que mora ao lado
e que se revela aviador da história de O Pequeno Príncipe.
História
Além da casa cheia de apetrechos para colorir a vida da garota sem nome,
ele tem uma incrível história para contar: justamente sobre um príncipe que
vivia sozinho em um planeta e que amava uma rosa...
(Adaptado de: CARNIERI, H. Acontece tudo em O Pequeno Príncipe.
Jornal de Londrina, 20 ago. 2015. Cultura. ano 27, n.8. p.24.)
Questão 231)
Em relação aos recursos linguístico-semânticos sublinhados no texto,
considere as afirmativas a seguir.
[...]
Foi um momento de drama e de emoção. A raiz da mangueira reagiu à
força dos homens e das máquinas. Ela resistia para não ir embora. Depois
de cem anos, ela fazia parte daquela terra, daquele espaço. Vieram homens
da Prefeitura com a Grande Máquina que prendia em si fortes correntes. Foi
retirado o portão e parte do muro para que ela pudesse passar. Aquele povo
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todo descendo para a Rua de Baixo para assistir ao espetáculo e ela parada,
dentro da cratera, não movia uma farpa sequer de seu enorme corpo. Os
homens da Prefeitura, então, amarraram-lhe o corpo com as enormes
correntes e começaram a acionar o motor da Grande Máquina para forçar a
saída da raiz de dentro da enorme cratera. Mas as correntes escapavam e
tudo voltava à estaca zero. Depois de algumas tentativas e rearranjos de
matérias foi dado um forte arranque e ela foi jogada para fora. Daí, o
sofrimento foi bem maior. Aquela raiz meio batata gigante rolava para um
lado e para o outro como os loucos que não querem ser segurados ou como
um animal feroz que se vê indo para a jaula. E a máquina começou a andar
em direção da rua que estava encrespada de gente. O olho do povo estava
arregalado e alguns até choravam. Muitas e muitas daquelas pessoas iam
todos os anos lá pelos meados de dezembro buscar frutas que a mangueira
produzia. Era das mais doces da cidade.
Naquela dificuldade de puxar a raiz, a máquina ziguezagueava e isso
causava um barulho ensurdecedor. E simultaneamente, a última parte da
árvore parecia responder a isso ao persistir nos gestos de resistência,
enrolando-se e enrolando as correntes, ameaçando, tombando para os lados
para dificultar a linha reta da máquina, enfim, não tinha como encontrar um
acordo para a expulsão da raiz de seu habitat. E, assim, com todo esse
esforço, a máquina conseguiu atravessar os limites do quintal e atingir a rua,
arrastando a raiz. A raiz foi dominada ou foi domada pela força do homem.
Mas ao entrar na rua, ela ainda guardava muita energia. Conforme a
máquina a puxava ela ia amassando o asfalto e deixando seu rastro por onde
passava.
(GONÇALVES, Aguinaldo. Das estampas.
São Paulo: Nankin, 2013. p. 62-63.)
Questão 232)
A escolha dos elementos lexicais, tais como “reagiu”, “parada”, “não movia”,
“não querem”, “dificuldade”, “persistir”, “ameaçando”, “guardava” para narrar/
descrever o “suplício da mangueira centenária” coloca em destaque no texto:
FICANTES
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1
Cada tempo da vida tem sua forma de amar. Para os momentos de dúvida,
para os momentos de troca, para 2 os momentos que se definem pela
transitoriedade, há o ficar. Ficamos como quem vai de um canto a outro, 3
acompanhados. Imagine uma viagem de ônibus em direção à praia, na
manhã de sábado. O ficante está ao 4 lado, tornando as coisas melhores, e
a gente se despede na chegada. Podemos nos voltar a ver, mas não é 5
certo. Aquele momento acabou, reticências. 6 Ficar é leve, necessariamente.
Um ato de carinho destituído de drama. Na ausência de um futuro glorioso,
ou 7 de um passado que nos ligue e magoe, podemos ser nós mesmos, sem
complicações. O compromisso é a 8 simplicidade.
9
[...]
10
Destituído de ambição, o ficar produz memórias eternas. Em 10 ou 20
anos, você se lembrará de um gesto sob o 11 chuveiro, do sol refletindo no
ombro dela, daquele olhar na penumbra, repleto de ternura inesperada.
Esses 12 momentos irão se costurar como retalhos secretos à sua biografia.
Serão parte inalienável de você. Comporão, 13 discretamente, o repertório da
sua vida. Ajudarão a entender quem você é, assim como aquilo que é capaz
de 14 provocar nos outros. Ficar ensina a gostar, mas, sobretudo, ensina a
ser gostado.
15
Haverá um dia em que ficar já não será suficiente. Você estará pronto, seu
coração estará maduro, seus 16 sentimentos renovados esperarão, ansiosos,
pelo momento de se voltar para alguém. Não mais por uns dias 17 ou por
algumas horas, mas com a promessa de ser para sempre. Você desejará,
então, dividir uma casa, 18 viajar para longe, criar um cão, receber os amigos.
Você almejará ter planos e uma vida em comum. Nesse 19 momento radiante,
os ficantes ficarão para trás. Não como erros ou como desvios. Certamente
não como 20 perda de tempo. Terão sido parte da jornada, etapas de um
caminho, pedaços de uma obra em andamento, 21 parte de você.
(Disponível em <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/
ivan-martins/noticia/2015/04/ficantes.html>. Acesso em 20/07/2015).
Questão 233)
Analise as afirmativas a seguir, referentes a recursos da língua usados na
construção de sentido do texto.
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Está correto o que se afirma em:
a) I e III, apenas.
b) II, III e IV, apenas.
c) I, II e IV, apenas.
d) I e II, apenas.
e) I, II e III, apenas.
1
Sim, o amor acaba, como sentenciou a mais bela das crônicas de Paulo
Mendes Campos: “Numa esquina, 2 por exemplo, num domingo de lua nova,
depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes 3 dos
parques de ouro onde começou a pulsar...”
4
Acaba, mas só as mulheres têm a coragem de pingar o ponto da caneta-
tinteiro do amor. E pronto. Às vezes 5 com três exclamações, como nas
manchetes sangrentas de antigamente.
6
Sem reticências...
7
Mesmo, em algumas ocasiões, contra a vontade. Sábias, sabem que não
faz sentido prorrogação, os 8 pênaltis, deixar o destino decidir na morte
súbita.
9
[...]
10
Mulher se acaba, mas diz na lata, sem metáforas.
(Disponível em <http://xicosa.folha.blog.uol.com.br/arch2012-01-29_2012-
02-04.html>.
Acesso em 30/07/2015).
Questão 234)
Na coluna da esquerda, são apresentados recursos da língua usados para
produzir efeito de sentidos e, na coluna da direita, são apresentados efeitos
sugeridos por esses recursos. Numere a coluna da direita de acordo com a
coluna da esquerda.
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a) 5 - 1 - 3 - 4 - 2.
b) 3 - 4 - 2 - 5 - 1.
c) 1 - 5 - 4 - 2 - 3.
d) 2 - 4 - 5 - 4 - 2.
e) 3 - 5 - 1 - 2 - 4.
1
O que acontece com o sentimento de identidade de uma pessoa que se
depara, diante do 2 espelho, com um rosto que não é seu? Como é possível
manter a convicção razoavelmente estável 3 que nos acompanha pela vida,
a respeito do nosso ser, no caso de sofrermos uma alteração radical 4 em
nossa imagem? Perguntas como essas provocaram intenso debate a
respeito da ética médica 5 depois do transplante de parte da face em uma
mulher que teve o rosto desfigurado por seu 6 cachorro em Amiens, na
França.
7
Nosso sentimento de permanência e unidade se estabelece diante do
espelho, a despeito de 8 todas as mudanças que o corpo sofre ao longo da
vida. A criança humana, em um determinado 9 estágio de maturação,
identifica-se com sua imagem no espelho. Nesse caso, um transplante 10
(ainda que parcial) que altera tanto os traços fenotípicos quanto as marcas
da história de vida 11 inscritas na face destruiria para sempre o sentimento
de identidade do transplantado? Talvez não. 12 Ocorre que o poder do
espelho – esse de vidro e aço pendurado na parede – não é tão absoluto: 13
o espelho que importa, para o humano, é o olhar de um outro humano. A
cultura contemporânea 14 do narcisismo*, ao remeter as pessoas a buscar
continuamente o testemunho do espelho, não 15 considera que o espelho do
humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante.
16
É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos
(mais ou menos) os 17 mesmos ao longo da vida, na medida em que as
pessoas próximas continuam a nos devolver nossa 18 “identidade”. O rosto é
a sede do olhar que reconhece e que também busca reconhecimento. É 19
que o rosto não se reduz à dimensão da imagem: ele é a própria
presentificação de um ser humano, 20 em sua singularidade irrecusável. Além
disso, dentre todas as partes do corpo, o rosto é a que faz 21 apelo ao outro.
A parte que se comunica, expressa amor ou ódio e, sobretudo, demanda
amor.
22
A literatura pode nos ajudar a amenizar o drama da paciente francesa. O
personagem Robinson 23 Crusoé do livro Sexta-feira ou os limbos do
Pacífico, de Michel Tournier, perde a noção de sua 24 identidade e
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enlouquece, na falta do olhar de um semelhante que lhe confirme que ele é
um 25 ser humano. No início do romance, o náufrago solitário tenta fazer da
natureza seu espelho. Faz 26 do estranho, familiar, trabalhando para
“civilizar” a ilha e representando diante de si mesmo o 27 papel de senhor
sem escravos, mestre sem discípulos. Mas depois de algum tempo o
isolamento 28 degrada sua humanidade.
29
A paciente francesa, que agradeceu aos médicos a recomposição de uma
face humana, ainda que 30 não seja a “sua”, vai agora depender de um
esforço de tolerância e generosidade por parte dos 31 que lhe são próximos.
Parentes e amigos terão de superar o desconforto de olhar para ela e não 32
encontrar a mesma de antes. Diante de um rosto outro, deverão ainda assim
confirmar que ela 33 continua sendo ela. E amar a mulher estranha a si
mesma que renasceu daquela operação.
MARIA RITA KEHL
Adaptado de folha.uol.com.br, 11/12/2005.
Questão 235)
o espelho do humano é, antes de mais nada, o olhar do semelhante. (Ref.
15)
Questão 236)
De dia e de noite, com sol ou aguaceiros, calor, sereno, e nas friagens
terríveis de meiodo- ano, sem arrumo, só com o chapéu velho na cabeça,
por todas as semanas, e meses, e os anos – sem fazer conta do se-ir do
viver.
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a) ação da natureza
b) passagem do tempo
c) presença de esperança
d) necessidade de cuidados
Questão 237)
Solicito os reparos que se digne dar-me, a mim, servo do senhor, recente
amigo, mas companheiro no amor da ciência, de seus transviados acertos e
de seus esbarros titubeados. Sim?
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também não se poderia renunciar a toda e qualquer tolerância para com
aqueles que não a respeitam.
Uma democracia que proibisse todos os partidos não democráticos seria
muito pouco democrática, assim como uma democracia que os deixasse
fazer tudo e qualquer coisa seria democrática demais, ou antes, mal
democrática demais e, por isso, condenada – pois ela renunciaria a defender
o direito pela força, quando necessário, e a liberdade pela coerção. O critério
não é moral, aqui, mas político. O que deve determinar a tolerabilidade de
determinado indivíduo, grupo ou comportamento não é a tolerância de que
eles dão mostra (porque então todos os grupos extremistas de nossa
juventude deveriam ter sido proibidos, o que só lhes daria razão), mas sua
periculosidade efetiva: uma ação intolerante, um grupo intolerante, etc.,
devem ser proibidos se, e somente se, ameaçarem efetivamente a liberdade
ou, em geral, as condições de possibilidade da tolerância.
CONTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes.
São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 177-178.
Questão 238)
No enunciado “É verdade, claro, que os intolerantes não teriam nenhum
motivo para queixar-se de que se é intolerante para com eles”, o item “claro”
cumpre a função argumentativa de
que estreia sua última temporada nesta semana. “Girls” é “Sex in the City”, 3
mas para gente grande – o que é irônico, porque o pessoal de “Girls” é mais
4
jovem do que o pessoal de “Sex in the City”. Enfim, Lena Dunham, pela
boca 5 de sua personagem Hannah, reconheceu: “Tenho forte opinião sobre
tudo. 6 Mesmo em tópicos sobre os quais sei pouco a respeito”. Talvez você
não 7 goste de Lena Dunham e pule de alegria porque ela finalmente admitiu
o que 8 você sempre pensou dela (ou seja, que ela é “metida” mesmo). Pois
bem, não 9 pule. O que Dunham disse é apenas uma regra universal e
incontestável: ao 10 tomar posição sobre qualquer tópico, quanto menos
soubermos, tanto mais 11 mostraremos e sentiremos uma certeza absoluta.
E quanto maior nossa 12 incompetência, tanto maior será nossa convicção
na hora de agir.
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13
Em 1995, o sr. McArthur Wheeler assaltou dois bancos depois de 14
molhar o rosto com suco de limão, absolutamente convencido de que 15 o
suco funcionaria como tinta invisível e não deixaria seu rosto aparecer 16 nas
gravações das câmeras de segurança. Todos podemos ter ideias 17 erradas,
mas só os grandes incompetentes se avaliam como extremamente 18
competentes.
19
O fenômeno foi comprovado em 1999 por David Dunning e Justin
Kruger, 20 psicólogos da Universidade Cornell, em uma série de experiências
com a 21 prática médica, o jogo de xadrez, a capacidade de dirigir um carro,
etc. Em 22 cada caso, as pessoas incompetentes não reconheciam o
tamanho de sua 23 incompetência – só começavam a reconhecer sua
incompetência efetiva se 24 e quando elas treinassem e se instruíssem para
se tornarem competentes. 25 Ou seja, quanto mais a gente é ignorante e
incompetente, mais a gente 26 tem certezas radicais e passionais.
Inversamente, quem se afasta de sua 27 incompetência (informando-se ou
formando-se) torna-se mais humilde 28 e mais disposto a duvidar de si. Em
suma, ignorância e incompetência 29 produzem uma ilusão interna de saber
e competência. Inversamente, saber 30 e competência produzem uma certa
_________ do sujeito, que passa a 31 duvidar de si.
32
É possível pensar que a certeza passional seja uma maneira de
compensar 33 (e esconder) nossa própria ignorância ou incompetência. Mas,
de qualquer 34 forma, a explicação é intuitiva: quanto menos eu souber (do
que for: de 35 motor de carro, de política econômica, de teatro, de amor, etc.),
tanto menos 36 saberei medir o que não sei. Inversamente, quem sabe mede
facilmente que 37 só sabe uma pequena parte do que gostaria de saber.
Sócrates dizia que ele 38 só sabia que nada sabia. Por isso mesmo, o
resultado da pesquisa pareceu 39 tão esperado que Dunning e Kruger, em
2000, ganharam o prêmio Ig Nobel 40 de irrelevância. Mas Dunning continuou
e, em 2005, publicou um livro, “Self- 41 Insight”, cujas implicações são úteis.
42
Em época de grandes paixões e conflitos – ou, como se diz, de 43
polarizações – mundo afora, vale _________ pena lembrar que a certeza 44
(ainda mais quando for passional) é proporcional à ignorância e à 45
incompetência. Aplique isso ao campo da moral, da política e da religião: a
46
ignorância é a grande mãe de quase qualquer extremismo. O psicanalista
47
Jacques Lacan disse um dia que só os teólogos conseguiam ser
verdadeiros 48 ateus: o saber e a competência nos afastam da certeza.
49
Enfim, alguém poderia se preocupar especificamente com uma 50
consequência disso tudo: se a ignorância e a incompetência nos 51 oferecem
certezas (falsas, mas tanto faz), será que isso não significa que 52 os
ignorantes e os incompetentes são os mais aptos a agir? Será que o 53
excesso de competência e de saber nos levariam a dúvidas sofridas e, 54
portanto, _________ incapacidade de agir? Por exemplo, deve ser fácil 55
decidir a política dos EUA a partir do noticiário da televisão, mas se você 56
lesse e estudasse todos os relatórios preparados pelas diferentes fontes que
57
informam o presidente, então a tomada de decisão se tornaria complicada,
58
_________. Obviamente, essa não é uma razão para se render às
facilidades 59 da incompetência. Tampouco é uma razão para não agir. Para
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agir, é preciso 60 aceitar que a qualidade de um ato apareça nas dúvidas e
não na certeza 61 de quem age, porque, como já dizia Touchstone, o bobo
de “As You Like it” 62 (mais de 400 anos antes de Dunning e Kruger), “o idiota
pensa que é sábio, 63 enquanto o sábio é aquele que sabe de ser idiota”.
Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/
2017/02/1858984-o-ignorante-nao-sabe-que-o-e.shtml>. Acesso em: 2 mar.
17. (Adaptado.)
Questão 239)
A análise das estratégias argumentativas exploradas no texto permite
concluir que
1
E ardia, o corte, ardia a esperança, e Renê não pensou em pedir ajuda, e
o Seca, saco, saca, secô 2 continuou por alguns instantes, até surgir, uma
imagem, ou melhor, uma lembrança de uma tarde de 3 domingo em que ele
apanhara. Fora humilhado (também) por um estranho, num daqueles
domingos em 4 que as pessoas são geralmente felizes, antes de começar o
Fantástico, ao menos. E aquela humilhação 5 ardia como o corte. Naquela
época, havia vinte anos ou mais, ele se revoltou, apenas isso, e não
entendeu. 6 Aliás, Renê não era muito bom em entendimentos: tem gente
assim, você sabe, seus pais sabem, seus 7 avós sabem e até alguns
cachorros sabem. Foi o mastigar do tempo que o fez digerir aquele tapa de
mão 8 aberta e o chute, naquele domingo. Ambas as coisas doeram muito
mais no moral do que no corpo, e 9 geralmente é assim. Não que ele se
lembrasse daquele fim de tarde constantemente, mas era uma imagem 10
viva, e ao menos uma vez por ano aquilo assaltava sua mente.
SCHROEDER, Carlos Henrique. As fantasias eletivas.
4.ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.p.18.
Questão 240)
Analise as proposições em relação ao texto.
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I. No período “E ardia, o corte, ardia a esperança” (Ref. 1) o verbo está
repetido. Na primeira oração o verbo foi empregado no sentido
denotativo e na segunda oração no sentido conotativo, resultando na
figura de linguagem prosopopeia.
II. No sintagma “E aquela humilhação ardia como o corte” (Refs. 4 e 5) a
palavra destacada dá ideia comparativa e pode ser substituída por tal
qual, sem que ocorra transgressão à gramática normativa e ao sentido
no texto.
III. Da leitura do período “Fora humilhado (também)” (Ref. 3), infere-se que
a palavra também reforça não apenas a dor física como também a moral.
IV. A leitura da estrutura verbal “num daqueles domingos em que as
pessoas são geralmente felizes, antes de começar o Fantástico, ao
menos” (Refs. 3 e 4) traz para o leitor que no programa Fantástico há
apenas notícias trágicas, deprimentes, desagradáveis.
V. Nas orações “Foi o mastigar do tempo” (Ref. 7) e “mas era uma imagem
viva” (Refs. 9 e 10) as expressões destacadas equivalem a o passar e
não esquecida, sequencialmente.
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destinados à promoção e à recuperação da saúde e a qualidade da atenção
por eles prestada.
Questão 241)
Releia o seguinte trecho: “A humanidade já dispõe de conhecimentos e de
tecnologias que podem melhorar significativamente a qualidade de vida das
pessoas. No entanto, além de não serem aplicados em benefício de todos
por falta de priorização de políticas sociais, há uma série de
enfermidades relacionadas ao potencial genético de indivíduos ou etnias ou
ao risco pura e simplesmente de viver. Por melhores que sejam as
condições de vida, necessariamente, convive-se com doenças e
deficiências, com problemas de saúde e com a morte”. (4º parágrafo) Analise
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os efeitos de sentido do uso de alguns itens do trecho que vão comentados
a seguir.
Estão corretas:
a) 1, 2 e 5, apenas.
b) 1, 4 e 5, apenas.
c) 2, 3 e 4, apenas.
d) 3 e 4, apenas.
e) 1, 2, 3, 4 e 5.
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frequentem ou tenham frequentado a escola, não conseguem ler e entender
um texto medianamente complexo.
Questão 242)
Ao longo do texto, o autor recorre à repetição da expressão ‘nosso problema
linguístico’. Com esse recurso, o autor pretendeu:
1
Aconteceu em São Paulo, por volta de 1933, ou 4. Eu fazia crônicas diárias
no Diário de 2 São Paulo e além disso era encarregado de reportagens e
serviços de redação; ainda 3 tinha uns bicos por fora. Fundou-se naquela
ocasião um semanário humorístico, O 4 Interventor, que depois haveria de
se chamar O Governador. Seu dono era Laio Martins, 5 excelente homem de
cabelos brancos e sorriso claro, boêmio e muito amigo. Pediu-me 6
colaboração; o que podia pagar era muito pouco, mas eu não queria faltar
ao amigo. 7 Escrevi algumas crônicas assinadas. Depois comecei a falhar
muito, e como Laio 8 reclamasse inventei um pretexto para não escrever.
Seu jornal era excessivamente 9 político (perrepista, se bem me lembro) e
eu não queria tomar partido na política paulista, 10 mesmo porque tinha
muitos amigos anti-perrepistas. Laio não se conformou: “Então 11 ponha um
pseudônimo!”
12
Prometi de pedra e cal, mas não cumpri. Laio reclamou novamente, me
deu prazo certo 13 para lhe entregar a crônica. No dia marcado estava
atarefadíssimo, e quando veio o 14 contínuo buscar a crônica para O
Interventor eu cocei a cabeça – e tive uma ideia. 15 Acabara de ler uma
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crônica de Carlos Drummond de Andrade no Minas Gerais, órgão 16 oficial
de Minas, com um pseudônimo – algo assim como Antônio João, ou João
Antônio, 17 ou Manuel Antônio, não me lembro mais; ponhamos Antônio
João. Botei papel na 18 máquina, copiei a crônica rapidamente e lasquei o
mesmo pseudônimo.
19
Dias depois recebi o dinheiro da colaboração, juntamente com o pedido
urgente de outra 20 crônica e um recado entusiasmado de Laio: a primeira
estava esplêndida!
21
Daí para a frente encarreguei um menino da portaria, que estava
aprendendo a escrever 22 à máquina, de bater a crônica de Drummond para
mim; eu apenas revia, para substituir 23 ou riscar alguma referência a
qualquer coisa de Minas. Pregada a mentira e praticado o 24 crime, o remédio
é perseverar nesse rumo hediondo; se às vezes senti remorso, eu o 25
afogava em chope no bar alemão ao lado, e o pagava (o chope) com o
próprio dinheiro 26 do vale do Antônio João.
27
O remorso não era, na verdade, muito: Carlos não sabia de nada, e o que
eu fazia não 28 era propriamente um plágio, porque nem usava matéria
assinada por ele, nem punha o 29 meu nome em trabalho dele. E Laio Martins
sorria feliz, comentando com meu colega de 30 redação: “O Rubem não quer
assinar, mas que importa? Seu estilo é inconfundível!
31
O estilo era inconfundível e o chope era bem tirado; mas você pode ter
certeza, Carlos 32 Drummond de Andrade, que muitas vezes eu o bebi à sua
saúde, ou melhor, à saúde do 33 Antônio João, isto é, à nossa. Dos vinte e
cinco mil-réis que Laio me pagava, eu dava 34 cinco para o menino que batia
à máquina; era muito dinheiro para um menino naquele 35 tempo, e isso fazia
o menino feliz. Enfim, lá em São Paulo, todos éramos felizes graças 36 ao
seu trabalho. Laio, o menino, os leitores e eu – e você em Minas não era
infeliz.
37
Não creio que possa haver um crime mais perfeito.
38
Agosto, 1956
BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas.
São Paulo: Círculo do Livro, [s. d.]. p. 346-347.[adaptado]
Questão 243)
Assinale no cartão-resposta a soma da(s) proposição(ões) CORRETA(S),
relativamente ao texto.
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04. Os verbos “Prometi” (Ref. 12), “cumpri” (Ref. 12), “reclamou” (Ref. 12),
“deu” (Ref. 12) e “estava” (Ref. 13) estão conjugados no pretérito
imperfeito do indicativo.
08. Em “...um recado entusiasmado de Laio” (Ref. 20), a palavra em
destaque é um adjetivo.
16. As palavras “infeliz” (Ref. 36), “inconfundível” (Ref. 30) e “anti-perrepista
(Ref. 10) são formadas unicamente por derivação sufixal.
Questão 244)
Ainda considerando o texto, assinale no cartão-resposta a soma da(s)
proposição(ões) CORRETA(S).
Questão 245)
De acordo com o texto, assinale no cartão-resposta a soma da(s)
proposição(ões) CORRETA(S).
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TEXTO: 154 - Comum à questão: 246
1
Casos de cansaço excessivo informados pelos adolescentes foram
atribuídos ao 2 abuso na utilização do celular, tanto em ligações quanto em
trocas de mensagens de 3 texto. Eles gastam muito tempo se conectando
com outras pessoas, e alguns deles fazem 4 isso a noite inteira.
5
Por outro lado, um melhor rendimento escolar está relacionado a uma
boa noite de 6 sono. Estudos revelam que adolescentes que dormem menos
estão mais propensos a 7 problemas cognitivos ou comportamentais em sala
de aula. Os pais devem estar alerta: é 8 preciso restringir ou proibir o uso do
celular após a hora de dormir.
9
Especialistas recomendam que crianças e adolescentes tenham entre
oito e dez 10 horas de sono por noite para manter uma vida saudável e um
bom desempenho durante o 11 dia. Além disso, os pais que desconfiam que
seus filhos estejam sofrendo de distúrbios do 12 sono devem recorrer a
consultas com pediatras ou especialistas na área. E dar conselhos 13 como:
durma bem para melhorar suas notas.
ALVES, Líria. Celular e adolescentes: uma relação perigosa. Disponível
em:
http://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/celular-adolescentes-uma-
relacao-perigosa.htm. Acesso em 20/03/2017.
Questão 246)
Considere as afirmações quanto à classe das palavras:
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e) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
Questão 247)
Com relação aos termos sublinhados no texto, considere as afirmativas a
seguir.
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c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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§ 5 Escrevi, faz tempo, sobre um camarada que chamei de “hipocondríaco
sem remédio”. Pois bem, faltou coragem para admitir que também sou um
pouco assim, hipocondríaco, incurável mas com muito remédio, cada vez
mais. Gosto muito, confesso, de uma boa anamnese, aquele interrogatório
sobre a saúde atual e pregressa, quase sempre extensivo aos familiares. A
sabatina mais esmiuçadora pela qual passei aconteceu na primeira vez que
fui ao consultório de um homeopata, de onde sairia, mais de hora depois,
levando um verdadeiro buquê de florais. Que perguntas mais inesperadas
ouvi ali! Estava vendo o momento em que o doutor iria perguntar se eu tinha
tomado chuva, e, ante a negativa, receitar: “Então tome. Dois copos”.
§ 8 Outra gota, essa de sangue coagulado, encheu a tela com o que parecia
ser o chão gretado de um açude nordestino reduzido a nada. Em busca de
consolo na literatura, concluí que havia em mim, na falta de um Graciliano,
ao menos o solo estorricado sobre o qual perambula a pobre gente de Vidas
Secas.
Questão 248)
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Sobre o texto, NÃO se pode afirmar que:
Por que esses e outros mitos não vão embora? O homem não aprende com
as evidências? A capacidade de aprendizado existe, mas é mais restrita do
que se supõe. Somos bons em assimilar as coisas quando os efeitos
negativos se sucedem imediatamente às ações. Não precisamos de mais do
que uma experiência negativa para aprender que não devemos pôr a mão
no fogo. Mas, quando o intervalo de tempo entre a causa e a materialização
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do efeito é de anos ou depende de sutis interpretações estatísticas, ficamos
desamparados.
Para formar crenças mais abstratas, fiamo-nos no que nos é contado, mas
como uma irresistível tendência a abraçar as teses que mais nos agradam,
ainda que não casem muito bem com as evidências disponíveis.
Questão 249)
Observe a frase: “Como já demonstraram várias grandes metanálises, a
homeopatia não funciona melhor do que placebos e ainda pode colocar em
risco a vida do paciente, ao atrasar o início de tratamentos efetivos.”
Questão 250)
A ideia de possibilidade NÃO está presente em:
TEXTO I
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Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988.
Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.ht
m>.
Acesso: 07 maio 2017.
TEXTO II
Questão 251)
Em relação aos aspectos linguísticos presentes no texto II, analise as
proposições.
a) I e III.
b) II e IV.
c) I e V.
d) II e V.
e) III e IV.
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TEXTO: 159 - Comum à questão: 252
(2) É preciso aceitar que há apropriação cultural. E que esta apropriação não
é resultado de uma troca cultural. E por quê? A cultura predominante em
nosso país é a ocidental que nos obriga a digerir a cultura europeia. Isso é
bem problemático numa sociedade marcada pela diversidade étnico-cultural.
Os efeitos desta supervalorização da cultura europeia é a existência de uma
hierarquia cultural. E é aqui que racismo e capitalismo se articulam na
apropriação da cultura do outro.
(5) O debate sobre apropriação cultural propõe refletir sobre o uso da cultura
africana e afro-brasileira por empresas sem a presença e um retorno aos
protagonistas. Para os que fazem este debate de forma ampla, há uma
compreensão de que não é justo atingir pessoas. Estas não possuem um
conhecimento sobre tal problemática. É preciso atacar as empresas que
usam e abusam da cultura desses povos e a transformam em simples
mercadoria.
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(6) Chamo atenção (finalizando) para o fato de alguns artigos que, sem
entender ou por pura desonestidade intelectual, procuram, ao combater os
argumentos daqueles que escrevem sobre a apropriação cultural,
desqualificar toda uma produção de conhecimento forjada a partir de uma
longa experiência no combate ao racismo. Penso que todo debate é válido,
porém, sejamos éticos.
FERREIRA, H. Refletindo sobre apropriação cultural. Disponível em:
< http://www.opovo.com.br/jornal/opiniao/2017/02/hilario-ferreira-refletindo-
sobre-apropriacao-cultural.html>.
Acesso em: 09 maio 2017 (adaptado).
Questão 252)
Com base nas estratégias lógico-discursivas mobilizadas no texto, considere
as seguintes afirmativas.
a) I e III.
b) II e III.
c) III e V.
d) III, IV e V.
e) I, II e IV.
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DIREITO DE IR E VIR
(1) Outro dia fui ao médico e ele me perguntou se eu ando bastante a pé.
(2) - Muito - respondi.
(3) - Pois então ande mais ainda.
(4) O conselho é saudável, mas não sei como se possa andar com as
calçadas e o leito das ruas cheios de veículos, sem uma beiradinha para o
infortunado pedestre. Fomos definitivamente banidos da cidade. E não
temos para onde ir, pois o progresso chega ao interior, com seu cortejo de
máquinas, desde o automóvel até a carreta, passando pela moto, a
escavadeira, a britadeira e demais bichos mecânicos incumbidos de obstar
o alegre movimento das pernas. Estava pensando na impraticabilidade da
prescrição médica, e em pedir de volta o dinheiro da consulta, quando meus
olhos se abriram à notícia de que vai ser criada a Associação de Pedestres
do Rio de Janeiro, a exemplo da existente em São Paulo.
(5) Aleluia! Se me dessem licença, gostaria de ser o primeiro associado
inscrito, mas receio que, ao se instalar a entidade, não tenha condições de
chegar à sede, pelas dificuldades do trânsito. Serei talvez associado
telefônico ou postal, caso não me seja negado o direito de ir da minha
residência até a agência de correio mais próxima.
(6) A associação, dizem-me, editará uma cartilha do pedestre, que me
habilite a desfrutar os direitos da minha condição. Talvez fosse pertinente
editar simultaneamente a cartilha do motorizado, para que esta faça a
revisão de conceitos até agora norteadores de seu comportamento. Assim,
pelo menos reivindicaremos nossos direitos específicos brandindo cartilhas
em lugar de palavrões ou argumentos frágeis. Vencerá quem melhor usar
sua cartilha.
(7) Apenas, temo que nós, pedestres, não tenhamos chance de tirar do
bolso o folheto, pois a experiência comprova que o motorizado não dá tempo
para o confronto de princípios. Os princípios em geral são nossos, e a rua é
deles, senão a cidade inteira.
(8) Sou ainda forçado a meditar na precariedade de uma associação que,
como todas as outras, reúne indivíduos e não santos de altar. A maioria
esmagadora dos indivíduos, como se sabe, aspira a ser qualquer coisa além
do que é. Falamos mal do carro ou do ônibus se ele ameaça atropelar-nos,
mas bem que gostaríamos de ser donos de um calhambeque ou de uma
empresa de transportes. Evidentemente, é diverso o ponto de vista de quem
está dentro do veículo, com relação ao ponto de vista de quem está fora - e
a propriedade cultiva seus valores éticos distintos.
(9) Imagina se eu, segundo secretário da Associação, me cansar da
posição desconfortável de pedestre e disputar o sorteio de um Chevette. E
ganhar. Serei um traidor da classe ou apenas um fraco mental exausto de
pleitear uma vaga de transeunte, sempre recusada?
(10) O pedestre é, afinal, uma espécie que tende a desaparecer, se é que
já não desapareceu de todo, e eu estou aqui escrevendo nestas teclas sem
me dar conta de que também sumi do mapa e sou apenas um fantasma do
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Segundo Reinado, que monopolizava o espaço infinito de um Brasil sem
desenvolvimento, quando o único veículo era o cavalinho maneiro.
(11) Já estava conformado com a etiqueta social de fantasma, quando leio
que a Associação de Pedestres de São Paulo é constituída de arquitetos,
engenheiros, economistas, pessoas indubitavelmente vivas e atuantes na
vida brasileira de hoje, e que a futura entidade carioca vem sendo organizada
por um sociólogo. Então, nem tudo está perdido, não sou o “perdedor” que
supunha ser, e devo admitir que ainda existem pedestres, por sinal
qualificados, e dispostos a defender seus direitos, de maneira organizada e
eficiente.
(12) Fora de brincadeira: é criar e tocar pra frente, com ânimo e
perseverança. Assim como as associações de moradores de bairro vão
conseguindo formar uma consciência comunitária, sensibilizando as
autoridades, pois se trata de uma força ascendente, capaz de exercer
pressão e comprovar a eficácia do apelo coletivo, uma associação de
pedestres, formando em comunhão de vistas com aquelas, cuidará daquilo
que interessa a todo o complexo urbano e pede tratamento especial.
(13) Vamos trabalhar pela afirmação (ou reafirmação) da existência do
pedestre, a mais antiga qualificação humana do mundo. Da existência e dos
direitos que lhe são próprios, tão simples, tão naturais, e que se condensam
num só: o direito de andar, de ir e vir, previsto em todas as constituições... O
mais humilde e o mais desprezado de todos os direitos do homem. Com
licença: queremos passar.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Direito de ir e vir . Disponível em:
http://www.pedestre.org.br/downloads/Cronica%20do%20Drummond%
20de%20Andrade.pdf. Acesso: 17 jun. de 2017 adaptado.
Questão 253)
Leia as sentenças abaixo e analise as proposições seguintes.
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V. Em 4, o termo destacado pertence à mesma classe gramatical e
desempenha a mesma função que em 5.
a) I, III, IV e V.
b) I, II, III e IV.
c) II, III, IV e V.
d) I, II, IV e V.
e) I, II, III e V.
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1,19 bilhão com acidentados, envolvendo a rede de saúde, a previdência e
outras áreas.
(6) Em 2015, o valor reduziu 23%, chegando a R$ 917 milhões, o
suficiente para cuidar dos pacientes com câncer em Pernambuco durante
seis anos e manter o Hospital da Restauração funcionando durante quatro
anos. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
(7) No Estado, órgãos como o Detran-PE montaram uma programação
especial durante o mês de maio. A abertura oficial do movimento Maio
Amarelo acontece nesta terça-feira (2), com uma palestra intitulada "Trânsito
Urbano". Na segunda-feira (1º), a ação acontece no Parque da Jaqueira, das
8h às 16h, com a participação de técnicos de educação, Turma do Fom-Fom,
Rotary, Fenacor, CTTU, BPTran, Operação Lei Seca e grupos de escoteiros.
Além destas ações, ao longo do mês, o Detran-PE realizará diversas
atividades de sensibilização em escolas e em cidades da Região
Metropolitana do Recife (RMR) e do interior.
Jornal do Commércio online. Maio amarelo 2017 alerta para as escolhas
dos motoristas no trânsito. Disponível em:
http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/jc-
transito/noticia/2017/04/30/maio-amarelo-2017-alerta-para-as-escolhas-
dos-motoristas-no-transito-280923.php. Acesso: jun de 2017.
Questão 254)
No que diz respeito às relações sintático-semânticas estabelecidas por
conectivos existentes no texto, analise as proposições a seguir e assinale a
alternativa CORRETA.
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adversidade e poderia ser substituído por “no entanto”, sem que isso
prejudicasse a correção gramatical do trecho.
a) III, IV e V.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
d) I, IV e V.
e) I, II e V.
O Grito
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país que tinha tudo para dar errado.
2. Ed. São Paulo: Globo, 2015. p. 27.
Questão 255)
A respeito do fragmento “Foi, portanto, como um simples tropeiro, coberto
pela lama e pela poeira do caminho, às voltas com as dificuldades naturais
do corpo e de seu tempo, que D. Pedro proclamou a Independência do
Brasil” (4º parágrafo), avalie as seguintes afirmações.
a) II e V.
b) I, II e IV.
c) I, III e V.
d) III, IV e V.
e) I, III e IV.
Piaimã
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gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina ninguém
não brinca porque ela mata. A máquina não era deus não, nem possuía os
distintivos femininos de que o herói gostava tanto. Era feita pelos homens.
Se mexia com eletricidade com fogo com água com vento com fumo, os
homens aproveitando as forças da natureza. Porém jacaré acreditou? nem
o herói!
[... ]
Estava nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no terraço dum
arranhacéu com os manos, Macunaíma concluiu: — Os filhos da mandioca
não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate.
ANDRADE, Mário. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter.
Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. p. 110.
Questão 256)
No que se refere às relações sintáticas utilizadas na construção do trecho
transcrito de Macunaíma, no texto, analise as afirmativas a seguir.
a) I, III e V.
b) II e IV.
c) I e IV.
d) III, IV e V
e) II, III e V.
Disputa de sentidos
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Dilma Rousseff: se disserem "presidente" em vez de "presidenta", é certo
que votarão contra suas propostas na próxima ocasião. E vice-versa. Muita
gente pensa que se trata de gramáticas. Inocen-tes, não sabem de nada!
A outra forma da disputa consiste em tentar definir o sentido das palavras.
Em coluna recente, mencionei um artigo de jornal de Marcos Troyjo, que
propunha uma definição de "conservador" supostamente objetiva (ledo
engano!). Na Folha de S. Paulo de 22/03/2015 (C5), há um exemplo que
parece menor, mas que talvez, por isso mesmo, é um argumento forte em
favor dessa tese. O título da pequena matéria é "Paulista-nos adotam apelido
de 'coxinha' com tom político" (um horror estilístico, mas isso não vem ao
caso). Para que o leitor veja o quanto a questão do sentido importa, vale a
pena chamar aten-ção para a afirmação, algo paradoxal, de que o termo não
consta no dicionário, mas pode designar "massa frita com re-cheio de frango
desfiado". (Dicionários têm políticas próprias para registrar ou não flexões e
derivações. O Houaiss eletrô-nico, por exemplo, não registra "coxinha", mas
registra "coxa" e registra "-inha", com a regra de seu emprego). Mas no
Google se pode ler tanto sobre o salgado quanto sobre um sen-tido político
ou sociológico da palavra, que designa grupos es-pecíficos. Por exemplo, no
site Significados.com.br, pode-se ler que: Coxinha é um termo pejorativo
usado na gíria e que serve para descrever uma pessoa "certinha",
"arrumadi-nha". Não se trata, evidentemente, de um "sentido verda-deiro".
É um sentido marcado, talvez pejorativo (depende de como se avalia o
conservadorismo, "certinho" e "arrumadi-nho").
Mas meu tópico é a disputa de sentidos e seu registro na matéria de jornal,
que, basicamente, noticia uma disputa, na verdade, uma tentativa de reverter
o sentido pejorativo de "coxinha". Um jovem citado na matéria, por exemplo,
declara que, para ele, a palavra significa "classe média trabalhadora, que
não aceita mais essa roubalheira". Nas redes sociais, in-forma a mesma
matéria, circulam definições como "propenso ao trabalho e ao estudo" e
"aquele que dá valor ao mérito".
Todos os dias se registram sintomas dessa disputa discursiva. Sempre
que alguém reivindica o emprego das pa-lavras em seu sentido verdadeiro,
o leitor pode apostar: ele acha que o sentido verdadeiro é aquele que ele
mesmo lhe atribui. Muitos pensam que, assim, nunca nos entenderemos.
Mas é óbvio que não. Se nos entendêssemos, por que existiria a história de
Babel?
Adaptado de: POSSENTI, Sírio.
http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/3098/n/disputa_de_sentidos.
Acesso em 10/08/2016.
Questão 257)
Analise o trecho abaixo e assinale o que for correto.
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01. O autor chama a atenção para o que deseja, de fato, explicar.
02. As expressões "basicamente" e "na verdade" foram usadas com o
objetivo de esclarecer do que trata a matéria de jornal analisada.
04. É um período simples.
08. Inicia com uma locução conjuntiva adversativa, utilizada com o objetivo
de retomar o tópico central da discussão.
16. Contém, na sua construção, apenas um verbo.
Questão 258)
Sobre as palavras destacadas no trecho abaixo, assinale o que for correto.
01. A opção por todos e sempre indica a confiança do autor na sua tese,
uma vez que, em uma escala possível, ele selecionou as palavras com
mais força.
02. A expressão pode apostar, além de indicar a confiança do autor na sua
tese, estimula o leitor a compartilhar a tese proposta.
04. Todos é variável, pois está concordando com os dias.
08. Sempre e todos pertencem a mesma classe gramatical, uma vez que
desempenham as mesmas funções nas sentenças.
16. Pode apostar indica um estilo de linguagem que destoa do restante do
texto.
Questão 259)
Sobre o trecho abaixo, assinale o que for correto.
O May be man
(Mia Couto*)
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1
Existe o Yes man. Todos sabem quem é e o mal que 2 causa. Mas existe
o May be man. E poucos sabem quem 3 é. Menos ainda sabem o impacto
desta espécie na vida 4 nacional. Apresento aqui essa criatura que todos, no
5
final, reconhecerão como familiar.
6
O May be man vive do “talvez”. Em português, 7 dever-se-ia chamar de
“talvezeiro”. Devia tomar 8 decisões. Não toma. Simplesmente, toma
indecisões. A 9 decisão é um risco. E obriga a agir. Um “talvez” não 10 tem
implicação nenhuma, é um híbrido entre o nada e o 11 vazio.
12
A diferença entre o Yes man e o May be man não 13 está apenas no
“yes”. É que o “may be” é, ao mesmo 14 tempo, um “may be not”. Enquanto
o Yes man aposta na 15 bajulação de um chefe, o May be man não aposta
em 16 nada nem em ninguém. Enquanto o primeiro suja a 17 língua numa
bota, o outro engraxa tudo que seja bota 18 superior.
19
Sem chegar a ser chave para nada, o May be man 20 ocupa lugares-
chave no Estado. Foi-lhe dito para ser do 21 partido. Ele aceitou por
conveniência. Mas o May be 22 man não é exatamente do partido no Poder.
O seu 23 partido é o Poder. Assim, ele veste e despe cores 24 políticas
conforme as marés. Porque o que ele é não 25 vem da alma. Vem da
aparência. A mesma mão que 26 hoje levanta uma bandeira, levantará outra
amanhã. E 27 venderá as duas bandeiras, depois de amanhã. Afinal, a 28 sua
ideologia tem um só nome: o negócio. Como não 29 tem muito para negociar,
como já se vendeu terra e ar, 30 ele vende-se a si mesmo. E vende-se em
parcelas. Cada 31 parcela chama-se “comissão”. (...)
32
Governar não é, como muitos pensam, tomar conta 33 dos interesses
de uma nação. Governar é, para o May be 34 man, uma oportunidade de
negócios. De “business”, 35 como convém hoje dizer. Curiosamente, o
“talvezeiro” é 36 um veemente crítico da corrupção. Mas apenas quando 37
beneficia outros. A que lhe cai no colo é legítima, 38 patriótica e enquadra-se
no combate contra a pobreza.
39
Mas a corrupção tem uma dificuldade: o corruptor 40 não sabe
exatamente a quem subornar. Devia haver um 41 manual, com organograma
orientador. Ou como se diz 42 em workshopês: os guidelines. Para evitar que
o 43 suborno seja improdutivo. Afinal, o May be man é mais 44 cauteloso que
o andar do camaleão: aguarda pela 45 opinião do chefe, mais ainda pela
opinião do chefe do 46 chefe. Sem luz verde vinda dos céus, não há luz nem
47
verde para ninguém.
48
O May be man entendeu mal a máxima cristã de 49 “amar o próximo”.
Porque ele ama o seguinte. Isto é, 50 ama o governo e o governante que vêm
a seguir. (...) É 51 por isso que, para a lógica do “talvezeiro”, é trágico que 52
surjam decisões. Porque elas matam o terreno do eterno 53 adiamento onde
prospera o nosso indecidido 54 personagem.
55
O May be man descobriu uma área mais rentável 56 que a especulação
financeira: a área do não deixar fazer. 57 (...). Há investimento à vista? Ele
complica até deixar de 58 haver. Há projeto no fundo do túnel? Ele escurece
o 59 final do túnel. Um pedido de uso de terra, ele argumenta 60 que se perdeu
a papelada. Numa palavra, o May be man 61 atua como polícia de trânsito
corrupto: em nome da lei, 62 assalta o cidadão.
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63
Eis a sua filosofia: a melhor maneira de fazer 64 política é estar fora da
política. Melhor ainda: é ser 65 político sem política nenhuma. Nessa fluidez
se afirma a 66 sua competência: ele sai dos princípios, esquece o que 67 disse
ontem, rasga o juramento do passado. E a lei e o 68 plano servem, quando
confirmam os seus interesses. E 69 os do chefe. E, à cautela, os do chefe do
chefe.
70
O May be man aprendeu a prudência de não dizer 71 nada, não pensar
nada e, sobretudo, não contrariar os 72 poderosos. Agradar ao dirigente: esse
é o principal 73 currículo. Afinal, o May be man não tem ideia sobre 74 nada:
ele pensa com a cabeça do chefe, fala por via do 75 discurso do chefe. E
assim o nosso amigo se acha apto 76 para tudo. Podem nomeá-lo para
qualquer área: 77 agricultura, exército, saúde. Ele está à vontade em tudo, 78
com esse conforto que apenas a ignorância absoluta 79 pode conferir.
80
Apresentei, sem necessidade, o May be man. 81 Porque todos já
sabíamos quem era. O nosso Estado está 82 cheio deles, do topo à base.
Podíamos falar de uma 83 elevada densidade humana. Na realidade, porém,
essa 84 densidade não existe. Porque dentro do May be man não 85 há
ninguém. O que significa que estamos pagando 86 salários a fantasmas. Uma
fortuna bem real paga 87 mensalmente a fantasmas. Nenhum país, mesmo
rico, 88 jogaria assim tanto dinheiro para o vazio.
89
O May be man é utilíssimo no país do talvez e na 90 economia do faz de
conta. Para um país sério não serve.
(Texto adaptado do original e disponível em http://www.opais.sapo.
mz/index.php/opiniao/126-mia-couto/10549-o-may-be-man.html. Publicado
em 01.11.2010. Acesso em 17 de abril de 2017)
Vocabulário
Comissão: no texto, esse termo é empregado com o sentido de propina.
Questão 260)
Assinale o que for correto quanto ao que se afirma a seguir em relação ao
conteúdo do texto.
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16. Para Mia Couto, um país sério é aquele em que “a melhor maneira de
fazer política é estar fora da política” (Refs. 63 e 64).
Questão 261)
Assinale o que for correto quanto ao emprego dos elementos linguísticos no
texto.
Questão 262)
Assinale o que for correto quanto ao emprego dos elementos linguísticos no
texto.
01. O enunciado “o outro engraxa tudo que seja bota superior” (Refs. 17 e
18) exemplifica, por meio de uma linguagem denotativa, um
comportamento do Yes man.
02. O período “Assim, ele veste e despe cores políticas conforme as marés.”
(Refs. 23 e 24) pode ser reescrito, sem causar prejuízo semântico ao
texto, da seguinte forma: “Mesmo assim, ele mantém sua filiação
política”.
04. Em “é mais cauteloso que o andar do camaleão” (Refs. 43 e 44), a
expressão “cauteloso” indica uma qualidade positiva do May be man,
funcionando sintaticamente como adjunto adnominal.
08. O enunciado “Sem luz verde vinda dos céus...” (Ref. 46) apresenta o
predomínio da conotação e pode ser entendido como “sem autorização
do(s) chefe(s)”.
16. No enunciado “Sem chegar a ser chave para nada, o May be man ocupa
lugares-chave no Estado.” (Refs. 19 e 20), o autor trabalha a figura de
pensamento chamada de gradação.
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A queda do poderoso machão
Paula Cesarino Costa
OMBUDSMAN* da Folha de S.Paulo
Folha de S.Paulo, 09/04/2017
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pediu desculpas. Tropeçou ao resumir o episódio como "brincadeira" e tentar
dividir sua culpa com a geração de homens acima de 60 anos, como se
fossem vítimas de uma catequese única e perversa.
A polêmica alcançou o topo das redes sociais, chegando a estar entre os
dez assuntos mais comentados do mundo no Twitter. A retirada do ar do post
pela Folha, sem explicação imediata, mas deixando rastros digitais, gerou
reclamações e suscitou a elaboração de conjecturas:
"Acredito que a Folha precisa explicar o que motivou a retirada. Se está
compactuando com uma operação abafa por parte da Globo ou se apurou
erros no relato", registrou um leitor.
O editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, diz que a Direção foi
surpreendida com o conteúdo e determinou sua retirada temporária até que
o outro lado fosse ouvido. "Nesse intervalo, uma reportagem foi publicada
para explicar o que havia acontecido. Não foi, portanto, sem qualquer
explicação", afirma.
Para Dávila, no caso concreto, não havia impeditivo para que o
procedimento-padrão de ouvir o outro lado não fosse respeitado.
A Folha tem hoje 124 colunistas e 48 blogs. Grande parte dos leitores não
diferencia uns de outros. Mas, na estrutura interna do jornal, blogueiros e
colunistas são tratados de forma diferenciada. Todos os colunistas são lidos
por editores ou pelos secretários de Redação antes que seus textos sejam
publicados.
Os blogs são acompanhados a posteriori, pela própria natureza de "diário"
que a modalidade comporta. Os autores cuidam diretamente da publicação
dos textos.
Argumenta Dávila que todos os que escrevem na Folha, incluindo blogueiros,
devem submeter quaisquer acusações de prática ilegal aos seus editores
antes de publicá-las.
É dever das titulares de um blog feminino e feminista trazer a público,
sabendo ser verdadeira, uma denúncia de prática machista. É dever do jornal
trabalhar tal informação e dar voz àquele que é acusado do que quer que
seja.
O correto teria sido a publicação do texto original no blog, com remissão
simultânea para reportagem produzida pelo corpo editorial da Folha,
submetida aos padrões exigidos pelo Manual de Redação de isenção,
transparência e equilíbrio. A retirada do ar explicitou falhas de comunicação
e procedimento.
Um poderoso machão sucumbiu. Os tempos são outros. Uma leitora, no
entanto, lembrou a ombudsman de que nesta semana a Ilustrada ganhou
três novos colunistas de humor. Eles dividirão espaço com o consagrado
José Simão. Todos são homens. Também não há mulheres, por exemplo,
no quadrado da charge da página 2 da Folha.
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em mediar e tentar solucionar as reclamações da população junto ao
governo. Hoje em dia, o ombudsman se transformou em uma profissão
presente em quase todas as grandes e médias empresas, sejam públicas ou
privadas. A função do búds, como também são conhecidos, é a de enxergar
os problemas e pontos negativos de determinada empresa ou instituição, a
partir da ótica do consumidor/cidadão, e tentar solucionar as crises de
maneira imparcial. Dentro da imprensa, o ombudsman é o intermediador
entre a editoria do jornal, por exemplo, e seus leitores. Nos Estados Unidos,
a função de ombudsman surgiu nos anos 1960. No Brasil, o cargo existe
desde 1989, quando o jornal Folha de S. Paulo publicou a primeira editoria
do seu ombudsman, que ficaria responsável em ser o porta-voz dos leitores,
solucionando e transmitindo as suas reclamações para o jornal. Em muitas
empresas o ombudsman é ligado ao departamento de Serviços Jurídicos.
Disponível em: https://www.significados.com.br/ombudsman/.
Acesso em: 13 maio 2017. [Adaptado para fins de vestibular.]
Questão 263)
“Tropeçou ao resumir o episódio como ‘brincadeira’ e tentar dividir sua culpa
com a geração de homens acima de 60 anos, como se fossem vítimas de
uma catequese única e perversa”. [sexto parágrafo]
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direito de descumprir leis que considerassem atentatórias à sua condição de
donos; não reconheciam na Coroa portuguesa autoridade para limitar aquilo
que consideravam seus direitos: propriedade absoluta sobre os escravos,
condições de vendê-lo, trocá-lo ou até libertá-lo e, principalmente, de puni-lo
até a morte, se não estivesse rendendo tudo aquilo que dele era esperado.
Dessa forma, pode-se dizer que havia um choque de concepções. De um
lado, o interesse do sistema escravista, como um todo, que procurava
estabelecer regras para a relação senhor/escravo, no sentido de preservar a
força de trabalho. De outro, o senhor concreto, que não admitia limitações
ao seu direito de proprietário. De uma forma ou de outra, contudo, não se
questionava a própria perversidade da relação escravista: o direito de um
homem ter tanto poder sobre o outro.
Quando a força do direito – no caso, a legislação – se identifica com o
direito da força – no caso, a repressão – temos um processo de violência
institucionalizada. No sistema escravista, era permitida aos proprietários
uma série de práticas de coação física para fazer com que o escravo
“cumprisse a sua obrigação”. Como dissemos, os abusos eram frequentes.
Mas não é demais insistir que mesmo as práticas repressivas autorizadas
por lei constituíam-se em violências sem nome.
[...] É claro que a simples existência de um “Código Negro” – como ocorria
em muitas outras partes da América – não seria suficiente para aliviar muito
a sorte dos negros; em qualquer legislação, a relação entre a importância do
crime lesa-escravo e a pena imposta ao senhor tendia de forma significativa
em favor... do mais forte. O código de Martinica, por exemplo, punia com o
pagamento de duas libras ao senhor que cortasse o punho do escravo; cinco,
por decepar as orelhas; seis por extirpar a língua e trinta por enforcar o
negro. Se o senhor quisesse se permitir o requinte de queimar vivo seu
escravo, bastava pagar sessenta libras pelo direito da macabra perversão.
Desprotegido, longe de sua terra de origem ou já nascido cativo, o negro
ficava sujeito às explosões de gênio de feitores e senhores, às taras e ao
sadismo, além de terem qualquer ato de protesto reprimido com violência
(PINSKY, Jaime. A escravidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 2001).
Questão 264)
Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas de acordo com o
texto:
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d) Na oração “era permitida aos proprietários uma série de práticas de
coação física”, ocorre um caso de inversão.
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pessoa é estar sob poder dela e, dessa forma, sentir-se-á o poder como uma
influência limitadora que deve ser vencida. Se não houvesse o impulso
agressivo em direção à independência, as crianças se tornariam e
permaneceriam adultos perdidos se ninguém pudesse ser persuadido a
tomar conta deles – um destino que de fato recai sobre indivíduos com pouca
assertividade ou que foram submetidos ao tipo de educação infantil que faz
a autoafirmação parecer um crime. O mundo da criança é povoado de
gigantes a serem dominados e bruxas a serem subjugadas somente porque
ela é dependente, e, assim, quanto mais o analista adentra a bruma do
passado da infância, mais agressividade ele descobre.
[...] Uma função importante do ímpeto agressivo é garantir que os
indivíduos que pertençam a uma determinada espécie se tornem
suficientemente independentes para se defender por si próprios e, assim, em
seu momento, se tornarem capazes de proteger e apoiar os jovens que
procriam. Espera-se, portanto, que o ímpeto agressivo seja particularmente
acentuado em uma espécie na qual o jovem é dependente por um período
extraordinariamente prolongado (STORR, Anthony. A agressividade
humana. São Paulo: Benvirá, 2012).
Questão 265)
Assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para as alternativas de acordo com o
texto:
1
Antes da criação do SUS, com a lei 8.080 de 1990, 2 o sistema de saúde
no Brasil era insuficiente, mal 3 distribuído, inadequado, ineficiente e ineficaz.
Na 4 realidade, o SUS continua, sob vários aspectos, 5 ineficiente e
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inadequado, mas, apesar das críticas que 6 se podem fazer ao sistema de
saúde pública no Brasil, 7 é exato dizer que, nestes mais de 25 anos de
existência, 8 o SUS já atendeu milhões de pessoas por todo o país, a 9
atenção básica foi ampliada para praticamente 100% da 10 população
brasileira, houve redução da mortalidade 11 infantil e aumento da expectativa
de vida da população, 12 além de uma oferta de serviços mais complexos,
como 13 transplantes para cirurgias cardíacas.
14
O seu caráter de universalidade é uma conquista 15 sem precedentes
para a sociedade: a saúde como direito 16 de todos e dever do Estado.
17
Antes da implantação do SUS, o sistema de saúde 18 pública era
centralizado e organizado em torno dos 19 serviços estatais (Ministério da
Saúde e secretarias 20 municipais de saúde) e da previdência social,
mediante 21 o INAMPS. Havia também o sistema de saúde privado, 22 mas,
já naquela época, dependia muito do setor público, 23 porque vendia serviços
para ele. Eram poucas as clínicas 24 privadas que podiam sobreviver sem
vender serviços para 25 o Estado. E, nesse período, já estava começando a
se 26 desenvolver o que chamamos de planos de saúde.
27
A garantia da saúde como um direito básico e 28 fundamental para todos
os indivíduos, que passou a 29 vigorar na Carta Magna de 1988, foi uma
conquista que 30 não veio dos políticos, mas da própria sociedade civil, 31 dos
movimentos sociais e populares, que defenderam o 32 direito à saúde
vinculado à cidadania, propondo um 33 sistema de saúde de caráter público,
sob a 34 responsabilidade do Estado. Foi o resultado de um amplo 35
movimento que chamamos de reforma sanitária brasileira, 36 que se
organizou nas décadas de 70 e 80.
37
Estabelecido e legitimado com a Constituição de 38 1988, podemos
definir o SUS como “uma nova formulação 39 política e organizacional para
o reordenamento dos 40 serviços e ações de saúde”. O SUS não é o sucessor
41
do INAMPS, tampouco do SUDS. É um “Sistema Único” 42 porque adota
os mesmos princípios organizativos e 43 diretrizes em todo o território
nacional para um fim 44 comum: promoção, proteção e recuperação da
saúde. 45 Sobre a importância e a universalidade do SUS, assim 46 se
expressa Eugênio Vilaça Mendes:
47
“O SUS constituiu a maior política de inclusão 48 social da história de
nosso país. Antes do SUS vigia um 49 Tratado das Tordesilhas da saúde que
separava quem 50 portava a carteirinha do INAMPS e que tinha acesso a 51
uma assistência curativa razoável das grandes maiorias 52 que eram
atendidas por uma medicina simplificada na 53 atenção primária à saúde e
como indigentes na atenção 54 hospitalar. O SUS rompeu essa divisão iníqua
e fez da 55 saúde um direito de todos e um dever do Estado. A 56 instituição
da cidadania sanitária pelo SUS incorporou,57 imediatamente, mais de
cinquenta milhões de brasileiros 58 como portadores de direitos à saúde e
fez desaparecer, 59 definitivamente, a figura odiosa do indigente sanitário.”
MEDEIROS, Alexsandro M. Políticas públicas de saúde. Disponível em:
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-
politica/politicas-publicas/saude/
Acesso em 04.09.2016. (Passim, adaptado).
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Questão 266)
Sobre aspectos de morfossintaxe presentes no texto é correto afirmar:
01) I e II.
02) II e IV.
03) IV e V.
04) I, III e V.
05) II, III e IV
Lembrança de morrer
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Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
20 De na vida gozar de teus amores.
Questão 267)
Sobre ocorrências de morfossintaxe existentes no texto, é correto afirmar:
01) I e II
02) II e IV
03) IV e V
04) I, III e V
05) II, III e IV
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1
Nenhuma ponte é tão solitária quanto a Hercílio Luz, em Florianópolis.
Desativada há 2 anos, observa todos os dias a massagem que os carros,
caminhões, ônibus e motos 3 fazem nas suas duas primas e vizinhas, que
ligam o continente à ilha de Florianópolis. 4 Usada apenas como cartão-
postal, a ponte se pergunta todas as noites quando chegará 5 o dia em que,
finalmente, vão destruí-la, pois não há dor maior que o da impossibilidade. 6
Dizem os locais que Cruz e Sousa, que morreu vinte e quatro anos antes do
início da 7 obra da ponte, teria escrito trinta e sete sonetos sobre uma ponte
metálica que morderia 8 a ilha todas as noites. Descontente com os sonetos,
atirou-os ao mar, justamente no 9 local em que a ponte foi construída.
SCHROEDER, Carlos Henrique. As fantasias eletivas.
4.ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.p.75.
Questão 268)
Assinale a alternativa incorreta em relação à obra As fantasias eletivas,
Carlos Henrique Schroeder, e ao texto.
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TEXTO: 172 - Comum à questão: 269
Texto 1
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submeteram a limites na hora de perseguir cidadãos e impor como verdade
os interesses dos poderosos.
É inadmissível não apenas prova ilícita, mas também a tentativa de o
Estado brasileiro revogar uma cláusula pétrea, gerando retrocesso à ordem
jurídica. Validar prova ilícita, sob o argumento de que o agente que a
produziu estava de "boa-fé" (mesmo que estivesse), é consagrar o
autoritarismo.
Fosse uma ideia absurda como essa colocada em prática, haveria
respaldo para qualquer agente estatal cometer ilegalidades no cumprimento
da tarefa de combate à corrupção e em qualquer outra esfera de atuação.
Quando promulgou o AI-5 (Ato Institucional Nº 5), em 1968, o marechal-
ditador Arthur da Costa e Silva "tranquilizou" o vice-presidente Pedro Aleixo
dizendo que teria juízo ao utilizar tal instrumento. Ouviu do vice: "O que me
preocupa não é o senhor, presidente, mas o guarda da esquina". O tumor,
quando se instala e não é combatido, produz metástases. A truculência de
cima chega rápido ao guarda da esquina.
Corrupção é crime odioso, viola preceitos republicanos, lesa o cidadão em
suas carências básicas, desviando recursos essenciais que deveriam ser
aplicados em educação, segurança e saúde, sobretudo num país com
tamanhas desigualdades sociais como o nosso.
O combate, entretanto, não pode ser contaminado pelos critérios e
práticas do adversário, sob pena de não mais se poder distinguilos. Não há
Justiça fora da lei, não importa a natureza do delito praticado.
CLAUDIO LAMACHIA, 55, especialista em direito empresarial, é
presidente nacional da
OAB - Ordem dos Advogados do Brasil [texto adaptado para fins de
vestibular]
Texto 2
Questão 269)
No Texto 2, o referente dos pronomes possessivos “sua” e “seu” é
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a) o ladrão.
b) a criança.
c) o pai.
d) o saco de dinheiro.
1
Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O 2 que sinto é uma enorme
tristeza. Concordo com Mário 3 Quintana: “Morrer, que me importa? [...] O
diabo é deixar 4 de viver.” A vida é tão boa! Não quero ir embora...
5
Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três 6 anos. Fez-me então a
pergunta que eu nunca imaginara: 7 “Papai, quando você morrer, você vai
sentir saudades?”. 8 Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio
em 9 meu socorro: “Não chore, que eu vou te abraçar...” Ela, 10 menina de
três anos, sabia que a morte é onde mora a 11 saudade.
12
Cecília Meireles sentia algo parecido: “E eu fico a 13 imaginar se depois
de muito navegar a algum lugar enfim 14 se chega... O que será, talvez, até
mais triste. Nem 15 barcas, nem gaivotas. Apenas sobre-humanas 16
companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, 17 aproximado e sem
recurso. Que pena a vida ser só isto...”
18
D. Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. 19 Vivia uma
religiosidade mansa, sem culpas ou medos. 20 Na cama, cega, a filha lhe lia
a Bíblia. De repente, ela 21 fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela
tinha a 22 dizer era infinitamente mais importante. “Minha filha, sei 23 que
minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida 24 é tão boa...”
25
Mas tenho muito medo do morrer. O morrer pode 26 vir acompanhado
de dores, humilhações, aparelhos e 27 tubos enfiados no meu corpo, contra
a minha vontade, 28 sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais
29
dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem 30 ou palavras para,
de mãos dadas comigo, falar sobre a 31 minha morte, medo de que a
passagem seja demorada. 32 Bom seria se, depois de anunciada, ela
acontecesse de 33 forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio
34
às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.
35
Mas a medicina não entende. Um amigo 36 contou-me dos últimos dias
do seu pai, já bem velho. 37 As dores eram terríveis. Era-lhe insuportável a
visão do 38 sofrimento do pai. Dirigiu-se, então, ao médico: “O senhor 39 não
poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que 40 meu pai não sofra?”.
O médico olhou-o com olhar severo 41 e disse: “O senhor está sugerindo que
eu pratique a 42 eutanásia?”.
43
Há dores que fazem sentido, como as dores do 44 parto: uma vida nova
está nascendo. Mas há dores que 45 não fazem sentido nenhum. Seu velho
pai morreu 46 sofrendo uma dor inútil. Qual foi o ganho humano? Que 47 eu
saiba, apenas a consciência apaziguada do médico, 48 que dormiu em paz
por haver feito aquilo que o costume 49 mandava; costume a que
frequentemente se dá o nome 50 de ética.
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51
Um outro velhinho querido, 92 anos, cego, surdo, 52 todos os esfíncteres
sem controle, numa cama — de 53 repente um acontecimento feliz! O
coração parou. Ah, 54 com certeza fora o seu anjo da guarda, que assim
punha 55 um fim à sua miséria! Mas o médico, movido pelos 56 automatismos
costumeiros, apressou-se a cumprir seu 57 dever: debruçou-se sobre o
velhinho e o fez respirar de 58 novo. Sofreu inutilmente por mais dois dias
antes de 59 tocar de novo o acorde final.
60
Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o 61 possível para que a
vida continue. Eu também, da minha 62 forma, luto pela vida. A literatura tem
o poder de 63 ressuscitar os mortos. Aprendi com Albert Schweitzer 64 que a
“reverência pela vida” é o supremo princípio ético 65 do amor. Mas o que é
vida? Mais precisamente, o que é 66 a vida de um ser humano? O que e
quem a define? O 67 coração que continua a bater num corpo aparentemente
68
morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos 69 monitores, que indicam
a presença de ondas cerebrais?
70
Confesso que, na minha experiência de ser humano, 71 nunca me
encontrei com a vida sob a forma de batidas 72 de coração ou ondas
cerebrais. A vida humana não se 73 define biologicamente. Permanecemos
humanos 74 enquanto existe em nós a esperança da beleza e da 75 alegria.
Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar 76 a beleza, o corpo se
transforma numa casca de cigarra 77 vazia.
78
Muitos dos chamados “recursos heroicos” para 79 manter vivo um
paciente são, do meu ponto de vista, 80 uma violência ao princípio da
“reverência pela vida”. 81 Porque, se os médicos dessem ouvidos ao pedido
que 82 a vida está fazendo, eles a ouviriam dizer: “Liberta-me”.
83
Comovi-me com o drama do jovem francês Vincent 84 Humbert, de 22
anos, há três anos cego, surdo, mudo, 85 tetraplégico, vítima de um acidente
automobilístico. 86 Comunicava-se por meio do único dedo que podia 87
movimentar. E foi assim que escreveu um livro em que 88 dizia: “Morri em 24
de setembro de 2000. Desde aquele 89 dia, eu não vivo. Fazem-me viver.
Para quem, para que, 90 eu não sei...”. Implorava que lhe dessem o direito
de 91 morrer. Como as autoridades, movidas pelo costume e 92 pelas leis, se
recusassem, sua mãe realizou seu desejo. 93 A morte o libertou do
sofrimento.
94
Dizem as escrituras sagradas: “Para tudo há o seu 95 tempo. Há tempo
para nascer e tempo para morrer”. A 96 morte e a vida não são contrárias.
São irmãs. A 97 “reverência pela vida” exige que sejamos sábios para 98
permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. 99 Cheguei a sugerir
uma nova especialidade médica, 100 simétrica à obstetrícia: a
“morienterapia”, o cuidado com 101 os que estão morrendo. A missão da
morienterapia seria 102 cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para
103
que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, 104 longe de UTIs.
Já encontrei a padroeira para essa nova 105 especialidade: a “Pietà” de
Michelangelo, com o Cristo 106 morto nos seus braços. Nos braços daquela
mãe, o 107 morrer deixa de causar medo.
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ALVES, Rubem. Sobre a morte e o morrer.
Disponível em: <http:// www.releituras.com/rubemalves_morte.asp>.
Acesso em: 12 out. 2016.
Questão 270)
Em relação aos elementos morfossintáticos que estruturam o texto de
Rubem Alves, é correto afirmar:
5 Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
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Questão 271)
Em relação aos aspectos linguísticos que compõem o poema, está correta a
análise que se faz em
Questão 272)
Sobre última estrofe, está incoerente o que se afirma em
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03. O registro da forma nominal de gerúndio confere ao poema ideia de
movimento.
04. A expressão “os meus nervos” completa a ação verbal “fascina”.
05. O adjetivo “letárgica” exerce função de adjunto adnominal.
Questão 273)
Considerando-se os recursos linguísticos que compõem o poema, é correto
afirmar:
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TEXTO: 177 - Comum à questão: 274
1
Tudo corria sem mais, a oficina mal dava 2para o pão e para a escola do
miúdo. Mas eis que 3começaram a aparecer, pelos recantos da casa, 4papéis
rabiscados com versos. O filho confessou, 5 sem pestanejo, a autoria do feito.
6
— São meus versos, sim.
7
O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo 8da escola. Aquilo era
coisa de estudos a mais, 9perigosos contágios, más companhias.
10
Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. 11O pai, conformado,
exigiu: então, ele que fosse 12examinado.
13
Olhos baixos, o médico escutou tudo, sem 14deixar de escrevinhar num
papel. Aviava já a receita 15para poupança de tempo. Com enfado, o clínico
se 16dirigiu ao menino:
17
— Dói-te alguma coisa?
18
— Dói-me a vida, doutor.
19
O doutor suspendeu a escrita. A resposta, 20 sem dúvida, o
surpreendera. Já Dona Serafina 21aproveitava o momento: Está ver, doutor?
Está a 22ver? O médico voltou a erguer os olhos e a enfrentar 23o miúdo:
24
— E o que fazes quando te assaltam essas dores?
25
— O que melhor sei fazer, excelência.
26
— E o que é?
27
— É sonhar.
28
Na semana seguinte, foram os últimos a ser 29atendidos. O médico,
sisudo, taciturneou: o miúdo 30 não teria, por acaso, mais versos? O menino
não 31entendeu.
32
— Não continuas a escrever?
33
— Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, 34sim, a viver. Tenho este
pedaço de vida – disse, 35 apontando um novo caderninho – quase a meio.
36
O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo 37era mais grave do que
se poderia pensar. O menino 38carecia de internamento urgente.
39
— Não temos dinheiro – fungou a mãe entre 40 soluços.
41
— Não importa – respondeu o doutor.
42
Que ele mesmo assumiria as despesas. E que 43seria ali mesmo, na sua
clínica, que o menino seria 44sujeito a devido tratamento. E assim se
procedeu.
45
Hoje quem visita o consultório raramente 46encontra o médico. Manhãs
e tardes ele se senta 47num recanto do quarto onde está internado o
48
menino. Quem passa pode escutar a voz pausada 49do filho do mecânico
que vai lendo, verso a verso, 50 o seu próprio coração. E o médico,
abreviando 51silêncios:
52
— Não pare, meu filho. Continue lendo...
COUTO, Mia. O menino que escrevia versos.
Disponível em: <http://www.releituras.com/ miacouto_menu.asp>.
Acesso em: 14 abr. 2016. Adaptado .
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Questão 274)
Sobre os aspectos linguísticos e estilísticos presentes no texto, analise as
afirmativas e, em seguida, marque com V as verdadeiras e com F as falsas.
01. VVVFF
02. VFFVV
03. FVVVF
04. FVFVV
05. FFVVV
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MAIS médicos? Só isso Não BASTA. Revista Época.
Disponível em: <http://s2.glbimg.com/> . Acesso em: 12 abr. 2016.
Questão 275)
Considerando-se os aspectos linguísticos que estruturam o título principal da
capa da revista, é correto afirmar:
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DENGUE. Disponível em: <http://www.santamaria.rs.gov.br/
midia/campanhas/dengue.jpg>. Acesso em: 14 maio 2016.
Questão 276)
Quanto aos recursos linguísticos presentes no texto, estão corretas as
afirmativas explicitadas em
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01) I e II.
02) II e III.
03) III e V.
04) I, III e IV.
05) II, IV e V.
Questão 277)
Referem-se de forma crítica a um mesmo conceito desenvolvido no texto as
expressões dispostas em gradação ascendente em:
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e) “impacto”; “desinformação”; “repercussão social”.
http://acervo.estadao.com.br. Adaptado.
Questão 278)
Além da ortografia, em que essas marcas são mais numerosas e visíveis, é
possível identificar, no vocabulário, algumas palavras pouco comuns em
textos publicitários atuais. Cite um substantivo e um advérbio utilizados no
texto que apresentem essa característica e proponha, para eles, sinônimos
mais atuais.
Muitos anos mais tarde, Ana Terra costumava sentar-se na frente de sua
casa para pensar no passado. E no pensamento como que ouvia o vento de
outros tempos e sentia o tempo passar, escutava vozes, via caras e
lembrava-se de coisas... O ano de 81 trouxera um acontecimento triste para
o velho Maneco: Horácio deixara a fazenda, a contragosto do pai, e fora para
o Rio Pardo, onde se casara com a filha dum tanoeiro e se estabelecera com
uma pequena venda. Em compensação nesse mesmo ano Antônio casou-
se com Eulália Moura, filha dum colono açoriano dos arredores do Rio Pardo,
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e trouxe a mulher para a estância, indo ambos viver num puxado que tinham
feito no rancho.
Em 85 uma nuvem de gafanhotos desceu sobre a lavoura deitando a
perder toda a colheita. Em 86, quando Pedrinho se aproximava dos oito
anos, uma peste atacou o gado e um raio matou um dos escravos.
Foi em 86 mesmo ou no ano seguinte que nasceu Rosa, a primeira filha
de Antônio e Eulália? Bom. A verdade era que a criança tinha nascido pouco
mais de um ano após o casamento. Dona Henriqueta cortara-lhe o cordão
umbilical com a mesma tesoura de podar com que separara Pedrinho da
mãe.
E era assim que o tempo se arrastava, o sol nascia e se sumia, a lua
passava por todas as fases, as estações iam e vinham, deixando sua marca
nas árvores, na terra, nas coisas e nas pessoas.
E havia períodos em que Ana perdia a conta dos dias. Mas entre as cenas
que nunca mais lhe saíram da memória estavam as da tarde em que dona
Henriqueta fora para a cama com uma dor aguda no lado direito, ficara se
retorcendo durante horas, vomitando tudo o que engolia, gemendo e suando
de frio.
(Érico Veríssimo. O tempo e o Vento, “O Continente”, 1956)
Questão 279)
No primeiro parágrafo do texto, o narrador afirma que Ana Terra “... sentia o
tempo passar, escutava vozes, via caras e lembrava-se de coisas...”
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característica das redes sociais é, por mais contraditório que pareça, a
implantação do isolamento como padrão para as relações humanas.
Ao participar das redes sociais acreditamos ter muitos amigos à nossa
volta, ser populares, estar ligados a todos os acontecimentos e participando
efetivamente de tudo. Isso é uma verdade, mas também uma ilusão, porque
essas conexões são superficiais e instáveis. Os contatos se formam e se
desfazem com imensa rapidez; os vínculos estabelecidos são voláteis e
atrelados a interesses momentâneos.
O outro parece importar, mas de fato não importa. Importam apenas a
própria posição e a autoexposição. Daí a constante informação sobre as
viagens, os pensamentos, as emoções, as atividades de alguém. É preciso
estar em cena e sempre. Há nisso um evidente desenvolvimento do
narcisismo e, consequentemente, do reforço do distanciamento entre as
pessoas.
Essas tendências das redes sociais – a virtualidade, o distanciamento, a
superficialidade, a superfluidade do ser humano, a exposição narcísica, a
ilusão de intimidade e popularidade, a “falação” e a “avidez de novidades”…
– constituem o padrão de isolamento das relações pessoais. E quanto mais
isolados, mais ficamos à mercê de controles e manipulações. Cada vez mais
ameaçados na autoria do nosso destino pessoal e político.
(http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/a-ilusao-dasredes-sociais>.
Acesso em 10/05/2016. Texto adaptado)
Questão 280)
Assinale a alternativa correta: quanto à organização sintática das ideias do
texto acima, pode-se dizer que concorre para seu caráter opinativo
a) a inexistência de coordenação.
b) a ausência da subordinação na composição dos períodos.
c) a recorrência de frases optativas.
d) o uso de frases declarativas.
e) o apagamento dos conectores entre os períodos.
Tomate no McDonald’s
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06
Todas as comidas usadas no Mc perdem a cara e o sabor delas e
ganham a cara da lanchonete. O 07 pão de lá só existe lá. O queijo do Mc é
diferente, não se compra na padaria. O hambúrguer também. Os 08 legumes
são picados de uma maneira que quase somem lá no meio do sanduíche,
perdem ____ sua, 09 digamos, individualidade, para comporem uma cara e
um gosto comuns. Tem que ser assim. É como os 10 filmes de Hollywood,
como as novelas da Globo: por mais que mudem os atores, autores e
diretores, ____ 11 um padrão de qualidade que pasteuriza e deixa tudo com
o mesmo gosto, o mesmo cheiro.
12
O McDonald’s é uma indústria de comida. Como indústria, eles têm que
produzir em série produtos 13 idênticos uns aos outros aqui, em Santa Rita
do Passa Quatro e na Mongólia. O que eles mesmos fabricam, 14 como o
pão, o queijo, o sorvete e as caldas, beleza, dá pra ter sempre ____ mesma
cara e o mesmo gosto. 15 É aqui que entra, ou não entra, o tomate. O tomate,
meus amigos, não se submete a essa lógica. Cada 16 tomate é de um jeito
por dentro. Cheio de curvas, de sementinhas, de detalhes muito pessoais.
17
Aquela fatia vermelha, no meio da mesmice massificada, seria como
um agente subversivo, um 18 intruso, um agitador. Ao contrário do
hambúrguer que não tem gosto de carne, do queijo que não tem gosto 19 de
queijo e do sorvete que não tem gosto de sorvete – que se renderam ao
sistema, que passaram a ter 20 gosto de McDonald’s – um tomate é sempre
um tomate. E nos Estados Unidos os tomates são diferentes 21 dos nossos,
que são diferentes dos da Itália, que são diferentes dos da Hungria. Não se
padroniza um 22 tomate. O tomate, minha cara, é indomesticável.
23
Pode parecer estranho este texto. O mundo ____ beira de uma guerra
e o idiota aqui falando de 24 tomate?! Sei lá. Mas em tempos de
fundamentalismo e intolerância (e isso vale tanto para os loucos de 25
turbante que jogam aviões nos outros quanto para os loucos de Nike que
lançam bombas no quintal alheio), 26 é bom lembrar que sempre ____ uma
sementinha aqui e acolá, uma diferençazinha que, se germinada, 27 pode
mudar o rumo das coisas. Ou não. Talvez isso seja apenas um texto idiota
sobre tomates.
PRATA, Antonio. Tomate no McDonald’s. In: ____. Estive pensando:
rônicas de Antonio Prata. São Paulo: Marco Zero, 2003. p. 13-14.
Questão 281)
Assinale, entre as alternativas a seguir, a que NÃO apresenta palavras
pertencentes à mesma classe gramatical, considerando seus empregos no
texto.
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A ideia
Questão 282)
Sobre os recursos linguísticos de que se apropria o poeta para a construção
do poema, é correto afirmar:
01. Os conectores “que” (v. 2) e “Que” (v. 7) introduzem orações com função
subjetiva.
02. Os verbos usados na primeira estrofe estão flexionados no presente e
têm como agente da ação que expressam o termo “matéria bruta” (v. 1).
03. As formas verbais “Chega” (v. 10) e “Quebra” (v. 12) possuem a mesma
regência e exigem também o mesmo tipo de complemento.
04. A sequência “Tísica, tênue, mínima, raquítica...” (v. 11) constituem
atributos de “ideia” (título), palavra retomada, anaforicamente, por “ela”
(v. 1) no corpo do texto.
05. As vírgulas presentes em “Mas, de repente, e quase morta, esbarra” (v.
13) foram empregadas por causa da licença poética, não tendo, assim,
nenhuma delas aplicabilidade fora desse contexto.
I.
Lutar com palavras é a luta mais vã.
Entanto lutamos
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Mal rompe a manhã.
Algumas, tão fortes
como o javali.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Lutador. Disponível em:< http://
www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/f00004.htm>. Acesso
em: 31 maio 2016.
II.
O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve…
E a Palavra pesada abafa a Ideia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.
BILAC, Olavo. Inania Verba. Disponível em: <http://www.unicamp.br/
iel/site/alunos/publicacoes/textos/f00004.htm>. Acesso em: 31 maio 2016.
Questão 283)
Analisando-se os recursos linguísticos usados na tessitura dos poemas I e
II, é correto afirmar:
Questão 284)
Assinale V para as afirmativas verdadeiras feitas sobre a tirinha,
considerando os aspectos linguísticos, e F, para as falsas.
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( ) nota-se um equívoco no paralelismo de construção quando do emprego
de bom e mal, no 1º e no 2º balão.
( ) inexiste desvio da norma padrão no que tange à regência verbal utilizada
em “acredita no”, no 2º balão.
( ) verifica-se omissão de forma verbal, no 3º balão, que resulta em quebra
e paralelismo semântico.
( ) constata-se que os modificadores “simplista” e” reducionista”, no 3º
balão, estão em discordância com o núcleo “dualismo”, também do 3º
balão, configurando uma falha de concordância.
01. VVFF
02. FVFF
03. VFVV
04. VFVF
05. FVFV
Nunca se falou e escreveu tanto sobre ser feliz sozinho. Eu mesma já abordei
este assunto algumas vezes e continuo acreditando que é bem melhor estar
só do que mal acompanhada. Entretanto, vivemos atualmente uma “cultura
do desapego” que tem colocado a pessoa na defensiva antes mesmo de ela
iniciar uma paquera ou uma nova amizade. Estão confundindo
independência emocional com desapego.
Ser independente emocionalmente é estar bem consigo mesmo, sozinho,
como unidade, pois não é preciso outra pessoa para se sentir completo. Em
outras palavras, é não ser dependente da aprovação alheia para a própria
felicidade nem sentir ciúmes do amigo ou do parceiro o tempo todo.
Entretanto, ter independência emocional não significa abdicar da união
sentimental com alguém. É possível estar com o outro — com mimos,
declarações de carinho e até mesmo contato diário — sem ser dependente
dele.
Desapego é o não apego, ou seja, é desligar-se de algo ou alguém. Abrir
mão de objetos e bens materiais é um desprendimento sadio e demonstra
evolução espiritual. Mas ao se cultuar o desapego sentimental (“não vou
demostrar a minha afeição para não parecer fraco”, “se ele não me procura,
também não irei procurá-lo”, “não preciso de ninguém” e “vou demorar para
responder a mensagem para deixá-lo esperando”), criam-se, desde o início
de qualquer relação afetiva, laços sentimentais frágeis.
Parece que a onda agora é se esforçar cada vez menos para estar ao lado
de alguém na esfera sentimental. Talvez por insegurança, talvez para evitar
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qualquer tipo de sofrimento. Acontece que amar não é sofrer. A gente sofre
depois que o amor acaba. Mas enquanto ele existe, é um sentimento tão
honesto que somos capazes de respeitar a independência emocional do
outro sem romper os vínculos afetivos com ele.
Após o término de uma relação que não deu certo, é normal o
distanciamento, ou seja, o encerramento daquela etapa da vida. Mas quem
inicia um relacionamento pensando “vou ficar na minha para não me apegar
muito” já está terminando antes mesmo de começar.
Os relacionamentos superficiais são fruto dessa nova “cultura do desapego”:
falta contato físico e sobra frieza emocional. A qualquer contratempo na
relação, desiste-se da pessoa e parte-se para outra. Troca-se de namorado
como se troca de roupa. Evita-se a amizade. Criam-se relacionamentos
descartáveis. Pessoas descartáveis. Sorrisos descartáveis. Gente
descrente. Zack Magiezi resume, em outras palavras, essa falta de ligação
com o outro: “No século 21, só os corajosos sabem dizer: preciso de você”.
Está sobrando gente desapegada e está faltando abraço apertado, beijo
molhado e carinho no peito. Tem muito grito de individualismo (ou seja, de
independência egoísta) para pouco silêncio compartilhado. As pessoas se
comunicam via cosmos com suas parafernálias tecnológicas e se esquecem
da simplicidade do olho no olho.
É natural desapegar-se do que não te faz bem ou daquilo que te traz
infelicidade, mas não é saudável levar uma vida desapegada das pessoas.
Os desapegados renunciam aos seus sentimentos. Eles até podem ser
felizes sozinhos, mas nunca aprenderão como é bom estar junto de outra
pessoa.
Disponível em: <http://www.revistabula.com/7559-pratique-oapego- nao-
seja-descartavel/>.
Acesso em: 31 out. 2016.
Questão 285)
No trecho: “Criam-se relacionamentos descartáveis. Pessoas descartáveis.
Sorrisos descartáveis.”, a repetição da palavra “descartáveis” tem como
efeito principal
a) provocar o riso.
b) enfatizar uma ideia.
c) indicar uma progressão.
d) ironizar os apaixonados.
e) criticar os relacionamentos.
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Não pergunte por que lhe escrevo. Escrevo porque as as palavras estão aí,
como a cidade, a noite, a chuva, o rio, diante de mim, dentro de mim, uma
torrente de palavras que não me cumprem.
(Marília Arnaud)
Sei, agora, por que cismei de trazer na bagagem este caderno vazio,
trezentas folhas amareladas, com essa Barbie na capa de moldura cor-de-
rosa, sabe-se lá de quem era nem como se extraviou na minha casa. Quando
Norinha era menina acho que ainda nem existiam esses cadernos da Barbie.
[...] Cismei com ele e pronto. Porque eu quero! Por mais que a fúria
organizadora da prima Elizete tentasse botá-lo no monte de velharias, quase
lixo, para vender na tal “garage sale”* que aprendeu com a filha que foi morar
nos Estados Unidos e inventou de fazer com meus trastes.
Minha filha disse O que é isso, mãe? Parece que virou uma velhota
sentimental, com esse apego a coisas completamente ultrapassadas.
Pronto. Foi o que bastou pra Elizete pegar a deixa e pôr as mãos na massa,
esvaziar gavetas e estantes, separar roupas que Vixe, Alice, só servem
mesmo pra brechó, ou nem isso, uma velharia! [...] A última peça a sair de
minha casa foi a cadeira de balanço [...] onde eu tinha arriado pra ficar,
amuada, assistindo ao rebuliço, à derrocada da minha vida tão boinha, e só
pensando que, graças a Deus, não tinha ainda posto em prática a decisão
de ter um gato, pobrezinho, o que seria dele naquela situação, não é mesmo
Wislawa? Isso não é com você não, Barbie, eu disse para outra pessoa.
(Rio de Janeiro: Objetiva, 2014, p. 77/78)
*venda de garagem
Obs: Marília Arnaud: paraibana, autora de crônicas e contos, faz parte da
coletânea 30 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira.
Wisława Szymborska (1923-2012): a polonesa foi poeta, crítica literária e
tradutora,
ganhando o Prêmio Nobel de literatura em 1996.
Questão 286)
O contexto legitima a seguinte afirmação:
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quero! como pensamento de Alice, pois não seria
possível tomá-lo como resposta a hipotética pergunta
da filha ou prima sobre a razão de querer
manter o caderno.
d) É razoável que se compreenda a expressão graças
a Deus como gratidão da narradora por sempre ter
rejeitado a hipótese de adotar um gato.
e) É admissível que Alice, ao referir-se a seus pertences
como meus trastes, revela ceder ao brilho da
“garage sale” e à opinião de Norinha de que ela
havia virado uma velhota sentimental.
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Questão 287)
Considerada a norma-padrão, comenta-se com correção:
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GABARITO:
1) Gab: FFVFV
2) Gab:
a) "Se eu não estivesse atento e se eu não tivesse/ houvesse olhado o rótulo,
o paciente teria morrido."
b) Os ambientalistas defendem a econologia, combinação de princípios da
economia, sociologia e ecologia, como maneira de eles viabilizarem
formas alternativas de desenvolvimento.
3) Gab: E
16) Gab: A
4) Gab: C
17) Gab: B
5) Gab: A
18) Gab: D
6) Gab: B
19) Gab: D
7) Gab: B
20) Gab: D
8) Gab: B
21) Gab: A
9) Gab: B
22) Gab: D
10) Gab: E
23) Gab: C
11) Gab: A
24) Gab: D
12) Gab: D
25) Gab: D
13) Gab: E
26) Gab: C
14) Gab: E
27) Gab: A
15) Gab: C
28) Gab:
Texto 1
Elemento causador da ambiguidade: a palavra depressão, em
"depressão a 3 m".
A palavra depressão, segundo o dicionário Michaelis tem, dentre outros,
os seguintes significados: 1 Ação de deprimir. 2 Abaixamento de nível. 3
Anat Achatamento, sulco ou cavidade pouco profunda. 4 Extensão de
terreno abaixo do nível do solo circundante; baixa; concavidade: os vales
dos rios são depressões do terreno. 5 Abatimento (físico ou moral).
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A associação da leitura da placa ao contexto – um motorista dirigindo e
um homem de espectro abatido sentado à beira da via – permite mais de
uma interpretação.
Leitura 1: A placa constitui uma advertência aos motoristas de que existe,
logo à frente, um abaixamento do piso da via, para que ele reduza a
velocidade, de modo a evitar dano ao veículo ou acidente.
Leitura 2: A placa constitui uma advertência ao motorista de que há um
homem deprimido logo à frente, para que o condutor reduza a
velocidade, já que pessoas deprimidas são instáveis e imprevisíveis.
Texto 2
Elemento causador da ambiguidade: o pronome possessivo sua na
posição em que está no texto.
Na posição em que se encontra, o pronome possessivo sua determina a
palavra renda, mas pode referir-se tanto à renda do contribuinte quanto
à renda do dependente.
Leitura 1: A renda do contribuinte pode ser superior a R$ 4.439,34.
Leitura 2: A renda do dependente pode ser superior a R$ 4.439,34.
29) Gab: A
30) Gab:
a) Na primeira ocorrência, “terra” está empregado com sentido de “matéria
física”, em oposição a espírito. Na segunda, tem o sentido de Igreja, ou
seja, o local de salvação do homem.
b) O termo “vil” significa ordinário, de pouca importância; “peleja” significa
luta, batalha.
31) Gab: C
36) Gab: B
32) Gab: A
37) Gab: A
33) Gab: C
38) Gab: D
34) Gab: E
39) Gab: C
35) Gab: A
40) Gab:
a) As metáforas presentes no texto exemplificam a clássica relação “A é B”.
Considerando os sentidos construídos no texto, a metáfora do livro como
uma porta remete à possibilidade de o livro ser um meio de acesso
(assim como uma porta) para experiências emocionais, sociais,
sensoriais diversificadas e para a ampliação do conhecimento de mundo
do leitor e do conhecimento de si mesmo e dos outros. A metáfora do
livro como cais/porto remete à possibilidade de o livro ser o ponto de
partida/chegada para as “viagens” (experiências diversificadas e/ou
conhecimento ampliado sobre o mundo, sobre si e sobre os outros) que
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a leitura proporciona. A metáfora do livro como rota remete à
possibilidade de o livro fazer o leitor experienciar/viver emoções
diversas, percorrendo caminhos imaginários que lhe proporcionam
vivências significativas e ampliação da sua visão de mundo.
b) A mudança subjetiva experienciada pelo autor encontra-se resumida nos
dois primeiros parágrafos do texto. Em um primeiro momento, o autor
tinha desconfianças em relação aos limites do mundo, à dimensão das
coisas e aos “lugares” aos quais não tinha acesso. Em função desse
sentimento de desconfiança, sentia-se “afogado em desesperança”.
Depois de seu aprendizado da leitura, ele descobre que a palavra (a
leitura) é um caminho para a vivência de experiências diversificadas,
para o alargamento de sua visão de mundo e de suas capacidades
criativas, o que não seria possível a não ser por meio da leitura. Passa
então a se “afagar em esperança”. Há inúmeros trechos ao longo do
texto que exemplificam as experiências e os conhecimentos novos
possibilitados pela leitura.
41) Gab: D
53) Gab: C
42) Gab: A
54) Gab: C
43) Gab: E
55) Gab: D
44) Gab: C
56) Gab: C
45) Gab: B
57) Gab: B
46) Gab: D
58) Gab: B
47) Gab: D
59) Gab: A
48) Gab: A
60) Gab: A
49) Gab: C
61) Gab: B
50) Gab: A
62) Gab: A
51) Gab: D
63) Gab: D
52) Gab: E
64) Gab:
Um dos recursos e respectiva relação com o tema:
• emprego da palavra “cidade” nas formas singular e plural
A variação no número ressalta a ideia de coexistência / pluralidade.
• emprego de “misturadas” e “camufladas”, em alternância
Essa caracterização sugere a presença de uma diversidade sem visibilidade.
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65) Gab: D 83) Gab: VVFFF
101) Gab:
a) polissemia
Cada uma / tem mil faces secretas sob a face neutra.
b) consumar
Espera que cada um se realize e conclua/complete.
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106) Gab: E 108) Gab: B
110) Gab:
A relação semântica que se estabelece, por meio da expressão “de tão”, é de
causa.
119) Gab:
O artigo indefinido se justifica, na primeira ocorrência da expressão, porque
se tratava então de um desconhecido sobre quem se formulava uma hipótese
ou uma inferência (“...concluirá que o desconhecido devia ser...”) fundada nas
observações do pedreiro. Portanto, tratava-se então de “um sábio, um grande
químico”, e não do grande sábio ou o grande químico já determinado,
conhecido, como é o caso quando o desconhecido começa a se tornar uma
figura familiar na cidade, justificando-se então o emprego do artigo definido
nas referências a ele.
120) Gab: C
125) Gab: E
121) Gab: D
126) Gab: B
122) Gab: C
127) Gab: C
123) Gab: D
128) Gab: E
124) Gab: E
129) Gab:
Um dos recursos rítmicos/sonoros:
• uso de rimas entre os terceiros versos de cada estrofe
• uso de rimas entre os dois primeiros versos de cada estrofe
• uso de versos de nove sílabas no primeiro verso de cada estrofe e de
versos de oito sílabas no segundo verso de cada estrofe
Recurso sintático: emprego da mesma construção “Quando ele nasceu”
para iniciar o primeiro verso de cada estrofe.
130) Gab: C
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131) Gab: E 150) Gab: A
169) Gab:
Idosa, no uso atual, é adjetivo que se aplicaria a mulher “avançada em anos,
velha”. No poema transcrito, o adjetivo, empregado em grau superlativo (“a
mais idosa”), apenas se refere À idade da menina mencionada (“a de mais
idade”), sem o sentido de “velhice”.
170) Gab: D
172) Gab: B
171) Gab: D
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173) Gab: E 193) Gab: C
213) Gab:
Nesse poema narrativo, estão no pretérito perfeito “acordei”, “levantei”,
“bebi”, “preparei”, “deitei”, “acendi”, “fiquei” e “amei” e, no imperfeito, “fazia”
e “chovia”.
O emprego do pretérito perfeito indica ações pontuais que ocorreram no
período de um dia. O pretérito imperfeito indica ações durativas e em
processo, não só em sentido literal (escurecia e chovia), mas também em
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sentido figurado, pois enfatizam a solidão e a nostalgia do eu lírico: “uma
triste chuva de resignação”.
218) Gab:
Os dois elementos coesivos utilizados são: “eles”, que retorna “os curso de
humanidades” e “à qual”, cujo referente é “sociedade”.
219) Gab:
Recursos: uso de frases interrogativas; uso da primeira pessoa no plural.
220) Gab: A
237) Gab: D
221) Gab: A
238) Gab: B
222) Gab: E
239) Gab: C
223) Gab: D
240) Gab: A
224) Gab: C
241) Gab: B
225) Gab: 04
242) Gab: D
226) Gab: 04
243) Gab: 09
227) Gab: C
244) Gab: 22
228) Gab: D
245) Gab: 13
229) Gab: D
246) Gab: C
230) Gab: C
247) Gab: C
231) Gab: C
248) Gab: A
232) Gab: D
249) Gab: B
233) Gab: C
250) Gab: D
234) Gab: E
251) Gab: B
235) Gab: C
252) Gab: B
236) Gab: B
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253) Gab: E
266) Gab: 03
254) Gab: C
267) Gab: 01
255) Gab: E
268) Gab: D
256) Gab: C
269) Gab: B
257) Gab: 03
270) Gab: 03
258) Gab: 07
271) Gab: 05
259) Gab: 28
272) Gab: 02
260) Gab: 05
273) Gab: 04
261) Gab: 19
274) Gab: 02
262) Gab: 08
275) Gab: 04
263) Gab: C
276) Gab: 04
264) Gab: VFFV
277) Gab: C
265) Gab: VFVV
278) Gab:
O substantivo “machina”, referindo-se a uma máquina de contabilidade,
poderia ser substituído modernamente por “calculadora”. O advérbio
“galhardamente” pode ser atualizado, preservando-se o sentido que
apresenta no texto, por “corajosamente, bravamente”.
279) Gab:
Os verbos no pretérito imperfeito “costumava”, “ouvia”, “sentia”, “escutava”,
“via” “lembrava-se” indicam ações durativas no passado. Os fatos narrados
no pretérito mais-que-perfeito “trouxera”, “deixara”, “fora”, “casara” e
“estabelecera” indicam ações anteriores ao pretérito imperfeito.
280) Gab: D
285) Gab: B
281) Gab: D
286) Gab: B
282) Gab: 04
287) Gab: B
283) Gab: 02
284) Gab: 01
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