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COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO PARANÁ

As comunidades negras rurais tiveram várias origens:


Algumas surgiram em fazendas abandonadas pelos donos,
outros pelas doações de terras para ex-escravos, assim como
terras foram compradas pelos escravos que foram alforriados.
Outros ganharam áreas como reconhecimento da prestação de
serviços de escravos em guerras como a do Paraguai. No caso
da Lapa, os negros ganharam pedaços de terras aos redores da
fazenda, onde tinham a sua própria roça de subsistência o que
deixava o dono da fazenda e dos escravos sem a
responsabilidade de sustentá-los.
As histórias destes grupos  são preservadas, em grande
parte, pela comunicação oral.  Com o tempo, as festas
populares, a culinária, a devoção a determinados santos e
algumas lendas  e mitos são mantidos, mas a sua explicação e
significado vão se tornando verdadeiros mistérios, ocultados,
ou então, sendo “esquecidos...” quando os moradores mais
velhos nestes agrupamentos  morrem.  
Segundo a Historiadora e Especialista em Educação
Patrimonial Clemilda Santiago Neto, as comunidades
quilombolas do Paraná assim estão distribuídas:
              COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO PARANÁ    (certificadas)
MUNICÍPIOS                  COMUNIDADES                  famílias  habitantes
 
1. ADRIANÓPOLIS
Comarca Bocaiuva Sul 01. João Surá                   41      149
                                                      02. Praia do Peixe           6   23
                                        03. Porto Velho                       15        66
                                        04. Sete Barras                          18 73
                                        05. Córrego das Moças                20        68
                                        06. São João                           17       62
                                        07. Córrego do Franco              77     208
                                        08. Estreitinho                          12       33
                                        09. Três Canais                        4 13
 
2. BOCAIÚVA DO SUL
Comarca Bocaiuva Sul 10. Areia Branca                   16        30
 3. CAMPO LARGO
Comarca Campo Largo 11. Palmital dos Pretos       27      108
 
4. CANDÓI
Comarca Guarapuava  12. Despraiado                           42      210
                                                    13. Vila Tomé                         21      110
                                       14. Cavernoso                     12       86
 5. CASTRO
Comarca Castro
15. Serra do Apon                    49      176
16. Limitão                               30      106
17. Tronco                                      15      62
18. Mamãs                                 8        27
 
6. CERRO AZUL
Comarca Cerro Azul 18. Mamãs                                       11      38
 

7. CURIÚVA
Comarca Curiúva 19. Água Morna                         19        61
                                       20. Guajuvira                            38      132
 
8. DR. ULYSSES
Comarca Cerro Azul 21. Varzeão                        8        30
 
9. GUAÍRA
Comarca Guaíra 22. Manoel Ciríaco dos Santos  7        42

10. GUARAPUAVA
      Comarca Guarapuava 23. Invernada Paiol de Telha    85      325
  11. GUARAQUEÇABA
      Comarca Antonina 24. Batuva                                   24       94
                                      25. Rio Verde                             22       80
 
12. IVAÍ
      Comarca Imbituva 26. Rio do Meio                                22       84
 
 
                                     27. São Roque                                51      203
 

13. LAPA
      Comarca Lapa 28. Restinga                37      271
                                 
29. Feixo                      84      343
                      
COMUNIDADES AFRODESCENDENTES DO
MUNICÍPIO DA LAPA

As comunidades do Feixo e da Restinga faziam parte da


Fazenda Santa Amélia, de propriedade de Hipólito Alves de
Araújo. Nesta fazenda moravam vários negros escravizados
que receberam a liberdade antes mesmo da Lei Áurea e foram
presenteados com a propriedade das terras que já cultivavam.
Por ser uma extensa área, cada família ficou responsável por
uma parte na qual seus membros se multiplicaram e
procuraram preservar a cultura de seus antepassados.
Vivendo da cultura de subsistência e de serviços prestados
aos grandes fazendeiros das redondezas temem pelas suas
propriedades, já que nem todas foram legalizadas. São as
chamadas “terras devolutas”. Essa angústia é compartilhada
por quase toda a comunidade da Restina e do Feixo.
Dentre as memórias, alguns “lembram que moradores
dessas localidades pegaram em armas na revolução de 1894,
solidarizando-se com a cidade lapiana” e que famílias
resistiram ao processo de expulsão das quais foram vítimas
permanecendo até hoje nas terras que são de sua propriedade.
A existência de um quilombo denominado “Pelourinho” na
atual Restinga também faz parte da memória de alguns
antigos moradores.
Muitos hábitos culturais são preservados entre os
moradores dessas comunidades como a cultura do feijão, da
batata e do milho. As “benzedeiras” que com suas orações
“tiram o susto e bicha” das crianças, “costuram” os que se
machucam, benzem crianças com a “doença de minguar”, são
procuradas e respeitadas pela comunidade. A religiosidade é
bastante presente nestas comunidades sendo os moradores
devotos de São Benedito, São Roque e de Nossa Senhora
Aparecida sendo que nas terras que pertencem à família
Tenório foi construída uma capela em homenagem a São
Benedito.
Outra manifestação cultural presente no município da Lapa
é a Congada cuja representação, através do canto e da dança,
tem como personagens principais representantes dos reinados
do Congo e de Angola.
Esta foto registra o momento em que o Senhor Juvenal, líder do Quilombo do Feixo no Município da Lapa está acompanhando as pesquisadoras na
visita ás famílias do Feixo-Botiatuva.
 
Lapa - Quilombo Feixo Botiatuva, porteira de entrada (foto CSN) 
CONTRIBUIÇÃO DO POVO AFRICANO E
.

AFROBRASILEIRO NA LAPA.(ASPECTO
HISTÓRICO, CULTURAL, ECONÔMICO E
RELIGIOSO)

A Lapa teve origem com o tropeirismo (1769), razão pela


qual passou a ser conhecida como “País dos Tropeiros”.
Negros escravizados e negros livres tiveram participação
nesta atividade econômica, embora a predominância fosse na
agricultura e na pecuária.
Saint-Hilaire caracterizou a região dos Campos Gerais como
região tipicamente pecuária e com mão-de-obra
predominantemente escrava. Estatísticas de 1854 afirmam que
os cativos alcançavam 34% da população lapiana, ou seja,
uma população composta por 1884 escravos e 5406 pessoas
livres.
A existência de comunidades remanescentes de quilombos
no município da Lapa, comprovadas por relatórios recentes do
GT Clóvis Moura, da Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, confirma a presença negra na região. Eles tiveram
presentes nas atividades agropastoris, no tropeirismo, na
Revolução de 1894 (Revolução Federalista), na construção de
uma capela em homenagem a São Benedito onde hoje se
encontra o Santuário (construção de 1947), na construção dos
muros do cemitério municipal e da Fonte do Quebra Pote
(obra do século XIX).
Essa fonte foi construída em 1880 para abastecer as casas da
elite lapiana. Edificada com pedras extraídas da região dizem
que as escravas iam diariamente buscar água em potes nesta
fonte. Conta-se que carregavam os potes em suas cabeças e os
meninos da elite costumavam ficar escondidos e acertavam
com estilingue o pote que as escravas carregavam, deixando-
as molhadas e com prejuízo material.
Documentos históricos de compra e venda de escravos,
registros de casamento e de nascimento, comunicados de
fugas e autos de prisão, depoimentos de escravos, processos
de liberdade, telegrama comunicando a abolição da
escravatura e relatos orais de remanescentes de quilombos são
exemplos da presença negra na região.
Capela de São Benedito São Benedito Santuário de São Benedito
CONGADA.

A Congada da Lapa é uma manifestação cultural típica do


Paraná e está relacionada ao culto a São Benedito, o Santo
Preto, patrono espiritual da comunidade negra lapiana. É uma
apresentação profana impregnada de religiosidade
representada por afrodescendentes que procuram manter a
tradição e passam “os conhecimentos do enredo, os passos da
dança e a composição de indumentária” de geração para
geração.
A dança mostra a guerra entre os reinos africanos: O Rei
do Congo com seus Fidalgos contra a Embaixada da Rainha
Ginga, de Angola, . É formada por 44 integrantes,
descendentes de escravos, divididos entre os dois reinos.

Carlos Ferreira- 8 anos. Conguinho Congada - Lapa-PR

Referências:
http://www.labhstc.ufsc.br/pdf2007/17.17.pdf Acesso em 05 maio 2009.
http://quilombosnoparana.spaceblog.com.br/ Acesso em 05 maio 2009.
http://www.hemisphericinstitute.org/unirio/studentwork/imperio/projects/betolanza/betolanzawork.htm Acesso em 15 jun 2009.
http://www.povo.it/ars/0dot11/valde1.htm Acesso em 15 jun 2009.
São Benedito, o Mouro
Um escravo negro, que é o padroeiro dos Afro-
americanos e dos negros.
Nasceu em Filadelfo, perto de Messina, na ilha de
Sicília, Itália, por volta do ano de 1526. Os pais eram
de origem escrava e descendência de negros etíopes ou de
mouros do norte da África, daí o fato de ser chamado de
Benedito, o Negro ou o Mouro.
O seu amo o libertou e ele passou a viver numa ermida em
Montepellegrino, eventualmente passou a ser o superior de
um grande grupo de reclusos. Quanto as ermidas foram
extintas pelo Papa Pio IV (1550-1565), Benedito entrou para a
Ordem dos Franciscanos com irmão. Com o tempo devido aos
seus méritos foi indicado Superior do monastério apesar de
ser analfabeto. Mais tarde tornou-se Mestre graças aos seus
grandes esforços para conquistar suas deficiências
educacionais e culturais. O seu grande amor a São Francisco
de Assis e seu exemplo de caridade, fez com fosse eleito
superior do monastério em 1.578, onde impôs uma estrita
observância de pobreza e caridade. Diz a tradição que ele
tinha  ajuda de um anjo que o ensinava, pois foi um excelente
dirigente do monastério e alem disso os milagres a ele
atribuídos conquistaram um aumento enorme nas visitas as
mais variadas (de monarcas a mendigos) ao monastério.
Quando veio a falecer, de causas naturais, em 1589 o Rei
Felipe III da Espanha mandou erigir uma tumba especial para
ele,um simples frade.
A tradição diz que quando suas relíquias foram trasladadas,
anos depois, seu corpo estava incorrupto.
Sua devoção é muito grande na Venezuela, Uruguai e
Argentina Em Buenos Aires tem um santuário e um bairro
com seu nome. Na Espanha é venerado na paróquia de
Santiago de Redondela (Galícia).
Ele foi canonizado em 1807.
Referências.

http://www.uniafro.com.br/sao_benedito_e_outros.htm Acesso em 15 jun 2009

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