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Comunicacao e Expressao - Unidade 1
Comunicacao e Expressao - Unidade 1
Ato de Comunicação
Introdução
Bons estudos!
Vale pontuar também que se trata de um ato próprio de atividade psíquica, que se
origina da linguagem, do pensamento e do desenvolvimento das capacidades
psicossociais (relação entre o convívio social).
Para Saussure, “[...] é sincrônico tudo quanto se relacione com o aspecto estático
da nossa ciência, diacrônico tudo que diz respeito às evoluções. Do mesmo modo,
sincronia e diacronia designarão respectivamente um estado de língua e uma fase
de evolução” (SAUSSURE, 1995, p. 96).
Para finalizar essa parte da unidade, esperamos que você, acadêmico(a), tenha
conseguido compreender que comunicação é algo mais complexo do que se
imagina, pois depende de uma competência profunda dos interlocutores em saber
organizar e codificar, de forma coerente, todas as dicotomias de Saussure.
Contribuindo com essas ideias, vejamos o que diz a autora Schuler (2004, p.11):
“[...] a comunicação está presente em todas as formas de organização conhecidas
na natureza, tanto que se pode afirmar que a única maneira de haver organização
é através da comunicação”.
Corroborando a discussão, Dutra e Roman (2009, p. 10) pontuam que existe uma
“[...] complexidade de fatores que estão envolvidos no fenômeno comunicativo
A respeito disso, Marcuschi (2002 apud NEGRÃO, 2011, p. 27-28) expõe que os
gêneros textuais são “[...] composições funcionais, com objetivos enunciativos
realizáveis na interação de aspectos de ordem histórica, social, institucional, [...]
por esse caráter funcional, não constituem uma lista específica, mas sim inúmeras
possibilidades de gêneros textuais”.
Com essas breves definições, caro(a) estudante, ficou bastante claro que o texto é
algo muito mais profundo do que apenas um monte de palavras, pois sempre há
uma intenção no que se escreve e procura-se elaborar essas informações
pensando tanto nos fatores linguísticos (palavras, termos etc.) como nos
extralinguísticos (pessoas, local de veiculação etc.). Em relação a esses fatores, é
preciso estudarmos os chamados “elementos da comunicação”.
Analisemos a seguinte situação: uma mãe precisa entrar em contato com seu filho,
mas não consegue falar com ele pelo telefone. Tenta o celular, mas nada feito. Ela
opta pela mensagem nas redes sociais. Que tipo de mensagem ela colocaria em um
lugar como esse? Seria: “Meu filho, preciso falar com você”, se ela for uma pessoa
mais discreta, mais sensata. Caso contrário, ela poderia escrever “Filho, seu
desnaturado, onde foi parar o meu cartão de crédito? Está com você? Já tentei te
ligar, mas não me atende”.
Independentemente de qual seja a mensagem, há uma intenção e uma função em
cada uma das mensagens, considerando o que é pensado, para quem se escreve,
onde, como e com qual intenção se escreve essa mensagem. Isso é o que leva o
autor de determinado texto a fazer as escolhas por alguns elementos.
Para facilitar o entendimento a respeito do que foi descrito, observe o Quadro 1.3,
a seguir. Toda mensagem, para ter sentido, precisa de um contexto. Além disso, o
contexto só fará sentido se o emissor e o receptor da mensagem tiverem
conhecimento sobre o que foi abordado, ou seja, a informação tem que ser comum
aos dois elementos. Outra observação importante é que o código precisa ser
decifrado por quem recebe a mensagem, no momento em que há o contato com o
texto elaborado, pois o texto só terá alguma função se existirem sujeitos que
interajam com ele; caso contrário, continuará sendo um “papel em branco”.
Você deve estar se perguntando: não existe uma melhor forma de entender esse
processo? Existe, sim! Veja o quadro a seguir:
A função emotiva
Quando falamos em função emotiva, também chamada de expressiva, temos que
nos ater à ideia de que o foco dela está no emissor, pois faz uma relação direta, que
pretende transmitir a emoção e a impressão, para que tal emissor compreenda os
sentimentos do eu-lírico. Um exemplo é o texto a seguir, que traz a letra de uma
música da cantora Ana Vilela.
Trem-bala
Não é sobre ter
Todas as pessoas do mundo pra si
É sobre sabere em algum lugar
Alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar
Mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida
Que cai sobre nós
É saber se sentir in nito
Num universo tão vasto e bonito
É saber sonhar
E, então, fazer valer a pena cada verso daquele poema sobre acreditar Não é sobre chegar no
topo do mundo
E saber que venceu
É sobre escalar e sentir
Que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo
E também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo
Em todas as situações
A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu pre ro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe
Pra perto de mim
Não é sobre tudo que o seu dinheiro
É capaz de comprar
Sorriso a se compartilhar
A função conativa
Outra função de linguagem é a conativa, também conhecida como apelativa.
Normalmente, ela é utilizada em textos publicitários, os quais possuem uma
linguagem dirigida a um determinado público-alvo e costumam conter ordens e
tentativas de convencimento ou sedução. Para Jakobson (2005, p. 125) “[...] a
função conativa, encontra sua expressão gramatical mais pura no vocativo e no
imperativo, que sintática, morfológica e amiúde até fonologicamente, se afastam
das outras categorias nominais e verbais”.
Um bom exemplo é o cartaz “We Can Do It”, cuja tradução signi ca “Nós Podemos
Fazer Isso!”, elaborado por J. Howard Miller, no ano de 1943, para a empresa
A função fática
Uma das funções mais utilizadas no cotidiano é a fática. Vejamos o que ela signi ca
e, em seguida, um exemplo. A função fática é a troca de conversação entre os
interlocutores, que serve para prolongar o ato de comunicação e para veri car se
A função metalinguística
A metalinguística pode ser entendida como a linguagem que fala dela própria, ou
seja, por meio da descrição do ato de falar e/ou escrever; por exemplo: as peças
teatrais que abordam o teatro, um verbete de dicionário sobre o signi cado de
dicionário etc. Assim, a linguagem torna-se objeto de análise do próprio texto. O
conto Sobre a escrita…, de Clarice Lispector, é um exemplo da função
metalinguística, pois trata do processo e da experiência de escrita.
Sobre a escrita…
Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio.
Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de
comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e
fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma ideia.
Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de
pensar o meu sentimento.
Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais no invólucro dos nossos
pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identi cável por uma extrema
simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo – é por esconderem outras palavras.
Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la?
Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser
pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é
exatamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra, só a direi
em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco de virar alma perdida por toda a
eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida. As
palavras é que me impedem de dizer a verdade.
O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo. Acho que o som da música é
imprescindível para o ser humano e que o uso da palavra falada e escrita são como a música,
duas coisas das mais altas que nos elevam do reino dos macacos, do reino animal, e mineral e
vegetal também. Sim, mas é a sorte às vezes.
Sempre quis atingir através da palavra alguma coisa que fosse ao mesmo tempo sem moeda e
que fosse e transmitisse tranquilidade ou simplesmente a verdade mais profunda existente no
ser humano e nas coisas. Cada vez mais eu escrevo com menos palavras. Meu livro melhor
acontecerá quando eu de todo não escrever. Eu tenho uma falta de assunto essencial. Todo
homem tem sina obscura de pensamento que pode ser o de um crepúsculo e pode ser uma
aurora.
A próxima função, explicada pelo próprio nome, no tópico a seguir, talvez seja a
mais fácil de se compreender, tendo em vista que a função poética se refere à
preocupação com a forma e com a estrutura de uma mensagem, tendo foco nas
palavras, nas rimas, em poemas, na utilização de imagens etc.
A função poética
Ao estudar a função poética, caro(a) acadêmico(a), é preciso pensar em uma ideia
artística, pois o que importa aqui é a situação “estética” da mensagem. Assim
sendo, importam as escolhas minuciosas da estrutura da mensagem, tanto da
linguagem verbal como da não verbal, bem como das cores, das formas, da
posição, da fonte, ou seja, de tudo o que serve para chamar a atenção do receptor.
Temos como bons exemplos os poemas, principalmente os sonetos, que têm uma
estrutura xa, ou seja, uma quantidade de versos e estrofes (2 quartetos e 2
tercetos), bem como rimas, ao nal de cada verso. Vejamos o exemplo:
Todo o conteúdo que foi discorrido até aqui teve o propósito de preparar você
para aprender sobre noções de texto e escrita. Para dar continuidade a isso,
passaremos à explicação das três artes de tecer textos, que são as tipologias
textuais narrativas, descritivas e argumentativas (dissertativas).
FÁBULA XXXVII
Um rato que morava na cidade foi dar um passeio ao campo. Recebeu-o e agasalhou-o um
amigo que o levou para os seus palácios subterrâneos, e deu-lhe um banquete de ervas e
raízes. Maldizendo em presença de tais iguarias a louca lembrança do seu rústico passeio, o
rato da cidade, obrigado a jejuar, disse por m:
– Amigo, tenho dó de ti; como te podes resignar a semelhante passadio? vem comigo para a
cidade, verás o que é fartura, o que é viver”.
O outro aceitou. À noitinha estavam ambos em uma bela e rica residência, em bem provida
despensa; queijos, lombos, o perfumado toucinho, tudo os incitava; desforrando-se de sua
longa dieta, o rato do campo regalava-se. Súbito range a porta, entra o despenseiro: vem com
ele dois gatos. O rato da casa achou logo o seu buraco; o hóspede, sobressaltado, pulando de
prateleira em prateleira, mal escapou com a vida, e despedindo-se do amigo:
– “Adeus, camarada”, disse, “ cai-vos com as vossas farturas; mais vale magro e faminto no
mato, do que gordo na boca do gato”.
Lembre-se:
“[...] Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca fora.
Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta forte e cheia, apertada em um
vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas
atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e
grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. As mãos, a despeito de
alguns ofícios rudes, eram curadas com amor; não cheiravam a sabões finos nem águas de
toucador, mas com água do poço e sabão comum trazia-as limpas e sem mácula. Calçava
sapatos de duraque, rasos e velhos, a que ela mesma dera alguns pontos” [...].
A coerência, por sua vez, é o que podemos chamar de lógica do texto, diretamente
relacionada à uniformidade de sentido. Também depende das palavras; porém,
para que um texto tenha coerência, os elementos de coesão devem ser
corretamente empregados.
Finalmente encerramos o assunto desta unidade com a exempli cação dos tipos
textuais, fazendo uma ligação com todo o conteúdo trabalhado e começando a
encaminhar o conteúdo que será estudado na próxima etapa.
Atividade
Leia o verbete a seguir:
“co·mu·ni·ca·ção
sf
II. A comunicação é constituída por cinco elementos inseparáveis: emissor, receptor, código, canal e
contexto.
III. A mensagem diz respeito às representações verbais e não verbais do conteúdo que será entregue
ao receptor.
IV. A comunicação ocorre a partir do momento em que o interlocutor compreende a mensagem
transmitida pelo locutor.
Está correto o que se a rma em:
I, apenas.
I e II, apenas.
II e III, apenas.
II e IV, apenas.
“A Teoria da Comunicação, proposta por Roman Jakobson, enuncia que, no ato de comunicação, há
um emissor que envia uma mensagem a um receptor, usando o código para efetuá-la. Esta, por sua
vez, refere-se a um contexto (ou um referente), até mesmo para ser e caz. A passagem da emissão
para a recepção faz-se através do suporte físico, que é o canal. Dessa forma, a linguagem
desempenha seis funções: emotiva, poética, conativa, metalinguística, referencial e fática”
(DORETTO; BELOTI, 2011, p. 92).
A teoria e o método de crítica literária para textos narrativos e poéticos, desenvolvidos por Roman
Jakobson, são conhecidos como formalismo. Porém, quando Jakobson debruçou-se nos estudos da
linguagem, corroborou para a criação do estruturalismo linguístico. Para o pensador russo, as
ferramentas para a compreensão da linguagem consistiam na separação da linguagem em elementos
e no estabelecimento de suas funções. Considerando essas informações e o conteúdo estudado,
analise as a rmativas a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s):
I. ( ) As notícias são exemplos de função referencial, as quais costumam ser objetivas e sem a
subjetividade do sujeito.
II. ( ) A função poética, também chamada de emotiva, tem por objetivo emocionar o receptor.
III. ( ) Presente em textos publicitários, a função conotativa tem por intuito convencer, aconselhar e
dar ordens ao leitor.
IV. ( ) A função expressiva foca no emissor e é portadora de subjetividade.
V, V, F, V, V.
F, V, F, V, F.
F, F, V, V, F.
V, F, V, V, V.
V, V, F, V, F.
Atividade
Leia o trecho a seguir:
“Diversas categorias de texto podem ter características comuns. Este é o caso, por exemplo, de todas
as categorias de texto que têm o tipo narrativo como necessariamente presente em sua composição
e como dominante e entre as quais podemos citar: romance, conto, novela, fábula, parábola, apólogo,
mito, lenda [...]. Todos esses gêneros vão ter em comum características de narração, mesmo que
realizadas de diferentes formas. Sempre haverá, todavia, características que permitam distingui-los
entre si [...]” (TRAVAGLIA, 2007, p. 40-41).
O texto narrativo costuma contar uma história por meio de uma sequência de fatos. Ao narrar os
acontecimentos, apresentam-se ao leitor os envolvidos, o contexto, onde e quando os fatos
aconteceram etc. Assim, e considerando os conteúdos estudados no livro da disciplina, analise as
a rmativas a seguir sobre o texto narrativo:
III. Nos textos narrativos é predominante o uso do espaço físico e do tempo cronológico, extinguindo
o psicológico.
IV. Pode-se considerar o desfecho como uma solução do con ito produzido pelas ações das
personagens.
V. As personagens podem ser caracterizadas pelos seus atributos físicos, bem como por suas
características psicológicas.
Está correto o que se a rma em:
II e IV, apenas
I e II, apenas
I e IV, apenas
I, II, IV e V, apenas.
II, III e V.