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KUENZER, AZ. (2002), “Exelusdo includente¢ inclusdo excludente. A nova forma de re educagto ¢ trabalh economia politica. Tead. Reis Barbosa © “In; MARX, K. € ENGELS, F, Obras Jes do homem. 18 ed, S80 1S, MN, (2002). pedagog! Paul: Comte ROPE, Fe TANGUY, L. (orgs) (1997) ra escola e na empresa, ead. Patti ‘Campinas: Paps, In: BIANCHETTI, Le FREIRE, IM, (orgs). Um olhar sobre difrenca SANTOS, M. (2001 auiversal, Rio de SENNETT, R. (1999). 4 SILVA,T, ‘Auténtica, "TAYLOR, FLW. (1968) Prineipios da administragdo clntifea. Sto Paulo: Ass 20 Papicus Edtora 3 ASPECTOS HISTORICOS DA APREENSAO E DA EDUCAGAO DOS CONSIDERADOS DEFICIENTES’ A titulo de introdugdo ‘A.abordagem da tematica em questa sera desencadeada por alguns questionamentos ¢ pelo levantamento de algumas teses decorrentes deles, com breves comentirios relacionados a cada uma delas. Na sequéncia, resgataremos, da perspectiva marxiana dos modos de produgao, alguns fatos e personagens de criagdes arquetipicas que remontam & mitologia © personagens constituem ele que se compreenda como algumas pessoas vieram sendo utras colocadas & margem dos processos histéricos. De relevancia nessa trajetria também sii as justificativas criadas para o predominio de uma ou de outra postura em relagaio aqueles que nao eram considerados “normais” de acordo com os parimetros predominantes em cada perfodo ou época. coletinea Um ofhar sobre a diferenca. jzada por L. Bianchetti e LM, Freire, publicada pela Papirs, Ficam aqui os agradecimentos aos editores pela autorizagto para a inclusio do texto neste liv. InvExciusto no trabalho @ na educagdo 81 Quanto as interrogantes para focalizar a temética da inclusio/ exclusio da perspectiva (pré)histérica,' levantamos as seguintes questdes: 10 de corpo cada classe dominante, nos diferentes momentos da ria, demandou? Que modelos, que padres eceu como fisicas is especificamente, para que ingressem, am-se na escola/universidade e no chamado ia do estabelecimento de padres, se “personagem”, que aponta pars sentido do eid: pensativamente atravessava um i, ea a moldar um ser, que a final apres «forms humana. Enquanto olhava para sua 3 aproximou. Cuidado pedi entioa cle para aque deveria ser dado a ee, Enquanto Cuidado aque ela & quem deveria dar um nome aguele de seu priprie compo ~0 baro, Finalmente, aceitaram Satummo como juz, Satumo didi, em seu senso de justia, recebera de volta quando momresse, Mas, Satumo, "ii que Cuidado antecedeu a Jiite € Tera e the dew a forma que ela Ihe dé asssténca: que oacompanhe, conserve sua vida e The dé 0 apoio enquanio cle viver. Quanto ao nome, ele seri chamado Homo (o nome em latin para Homem),j que ele foi feito do Inimus, da tera” (Rieeh apud Ribeio 2001. 1). 82 Paprus Edtora RR SN A en gl Tese 1: no decorrer da histéria da humanidade ~ ¢ até nas concepsdes pré-histéricas, como vimos em capitulos anteriores -, a forma como os homens eas mulheres cuidaram e continuam dispensando cuidados a0 compo se revestiu e se reveste de um desrespeito que beira vai fazer com que nos defrontemos com concebidas de forma fragmentada, ora negando ipervalorizando-o em aspectos parciais, porém, nunca © corpo, ora deixando de Tese 2: essa irracionalidade se revela nos nas padronizagdes estabelecidas por diferent da leais de compos, ios, por interesses, Da padronizagio de Procusto”, passando pelo Igreja na [dade Média, avangando paradigmética advinda do desprezo ao corpo patrocinado p pelo ideal de beleza na modemidade, até chegar as medidas consideradas id dias de hoje, temos uma longa histéria de descuido com 0 aquilo que se deveria considerar como necessério para o bem- estar psicossomatico de qualquer ser humano. Independentemente das concepgdes, contudo, o corpo se rebelow ¢ continua se rebelando.* ese 3: somente poderemos entender a histéria da humanidade se conseguirmos apreender como, nos diferentes momentos que a constituem, os homens foram atendendo a suas necessidades bisicas, isto 6, como foram construindo sua existéncia. Essa tese nos coloca diante da diferenga essencial entre os seres humanos ¢ os outros animais na forma como historicamer estes atendem a suas necessidades de forma re candidatando-se 4 extingdo, os seres humat 4. “O corpo tem suas razses” Bertherat 198 InvExclusdo no trabalho na odueagao 63 humana, potencialmente podem resolver problemas de alimentagiio, satide, habitagdo, vestuério, transporte, educagao e trabalho de formas infinitamente recriadoras. Quanto a questo do atendimento das necessidades basicas, concordamos que cla é a chave para aprender a histéria da humanidade ‘como uma construcao. A citago a seguir contribui para clarear essa ideia: imeiro pressuposto de toda a existéncia humana e, portanto, primeiro ato histrico 6, por produsio dos meios que permitam «a satisfago destas necessidades, a produgdo da prépria vida material ede fato este é um ato histérico, historia, que ainda hoje, como de anos, deve ser cumprido todos os dias ¢ todas as horas, simplesmente para manter os homens vivos. (Marx e Engels 1987, p. 39) Esta tese ¢ os argumentos elencados nos colocam diante da diferenga foricamente ide ¢ tudo aquilo que contribui para inclui/excluir pessoas ou grupos precisa ser compreendido como construgdes sécio-histricas, no contexto do atendimento pleno, parcial ou insuficiente das necessidades bisicas. tese vai nos defrontar com a forma como os necessitados de cuidados especiais ou de um atendime foram vistos nas sociedades primitivas, escravistas, feudais e, especialmente, captalistas e com concepedes, meios, recursos, méi cenfim, com as mediagdes estratégicas utilizadas para a integrago ou a exclusio/segregaciio desses individuos. ‘© produto das abelhas, pois estes podem fazer ‘por sous instinos,repet nstrugdes prevoncebidas pelos homens, 20 passo que aquelas io determinadas 24 Papins Edtora Perspectiva histérica da apreensio dos individuos que néio se enquadram nos padrées considerados normais Manifestagdes no chamado mundo pi ivo A construgdo da existéncia humana por meio do atendimento das necessidades bésicas se da pela inter-relagao de homens e mulheres, ‘mediados pelo mundo, num momento e num local determinados. No afi historico de construir sua existe (1977, p. 24), vao estabelecendo relagdes “determinadas, necessérias, independentes da sua vontade, relagdes de produgiio, que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forgas produtivas buscando entender 0 seu movimento com base em uma perspectiva voluntarista ou subjetivista. Conforme afirma Engels (1979, p. 78): ‘Se nada ganhamos com os coneeitos de verdade ¢ erro, menos ainda aleangamos com os do bem ¢ do mal, Esta antitese move-se, pura sc inapeliveis podem fecundar. Asidéias do bem tanto de povo para povo, de geragdo para geracio, ue, nfo poueas vezes, chegam a se contradizer abertamente, As questies sociais devem ser contextualizadas. Segundo nosso entendimento, uma das melhores “ferramentas” para isso é o materialismo 6 de todas as transformagies sociais is no devem ser procuradas nas InvExcusdo no trabalho @na eduoagdo 85 ceabegas dos home cou da eterma just ia que eles fagam da verdade eterna ansformaydes operadas no modo de +p. 320) das sociedades primitivas, tanto as que se formaram nos primérdios dos ‘tempos, quanto as mais préximas, bem como sua maneira de trataraleijados, cegos, surdos, coxos, paaliticos, enfim, aqueles que nasciam “deficientes” ou eam acometidos por alguma “deficiéncia” em relagaio aos seus semelhantes, considerados normais. Uma das caracteristicas bisicas desses povos era © nomadismo. O atendimento a suas necessidades dependia totalmente do que a natureza thes proporcionava, por exemplo, a caga ¢ a pesca no ago © as cavernas para se abrigarem. Ora, em virtude da ica da natureza, totalmente fora do controle dos cram constantes, razao pela qual era indispensé cada um se bastasse por sie ainda colaborasse com o grupo. I evidente que alguém que nao se enquadrasse no padrio social ehistoricamente considerado normal ~ quer decorrente do processo de concepeao € nascimento, quer impingido na luta pela sobrevivéncia —acabava se tomando um empe sociedades primitivas, “quem ndo tem competéneia nao se estabelece” ‘no ha uma teorizagao, uma busca de causas, ha simplesmente uma espécie de selegao natural: os mais fortes sobrevivem. A apreenstio da deficiéncia no periodo escravista® ‘Acxisténcia de escravos na sociedade grega garantia a infraestrutura necessiria para que os livres ~e apenas estes eram considerados homens — 86 Papins Edtora ___—-= saan aan Times snail nna eee, iteeneatentil cammeenattats praticassem 0 écio.’ E essa condiga que, pela primeira vez na ide conereta de pensar de forma sistematizada. Aparecem, , paradigmas, m ivamente a cosmovisio da sociedade cris ente. s dessa cidade Estado se dedicavam predominantemente 4 guerra, valorizando a ica, a danga, a estética ¢ a perfeigdo do corpo, por isso, a beleza e a forga acabaram se transformando num grande objetivo, em um ideal a ser alcangado. Se, ao nascer, a crianga apresentasse qualquer manifestagio que eugenia radi espartana, dey as sociedades patria rnenhuma valor fo de que a mulher bela ¢ forte era a precondi¢ao para gerar o guerreiro, Esse paradigma, predominantemente, foi adotado por Roma em séculos posteriores. de Procusto dos espartat far um detalhe: Outro paradigma ¢o ateniense. A preferéncia pela agitada vida da a filosofia, a retérica, a boa argumentacdo e a contemplagio vao mncepeao de corpo e de sociedade. Para os gregos, “viver conforme afirma Vasquez (1986, p. 17). E comeles que a supremacia do trabalho intelectual em relagao ao manual ea divisdo entre ‘homo sapiens ¢ homo faber vao ser postas ¢ ideologicamente justificadas. Nas palavras do autor citado (ibid) trabalho fisico que twérico sobre o pritica, Para ele a atividade pritica material carece mnificado propriamente humano, Um Estado dotado de uma o ideal ndo pode tolerar que seus cidados se dediquem & Platdo como o “estar livre da necessidade de estar ocupado” (Carmo InvExctusdo po trabalho na educagao 87 Vida do operirio mecdnico ou do comerciante, que € ign’ dda virude. Tampouco pode vé-los entregues agricultura € uma necessidade tanto para adguitir virude como para atividades polticas Quanto a concepeiio de corpo, principalmente na obra de PI abre-se um intersticio, uma fresta, uma fenda entre corpo e mente, por onde (05 dias de hoje. Em nivel macro, a divisao da sociedade ateniense entre ipo para a diviso em niv micro: governar; a0 corpo (0s escravos) degradado, conspirador, empecilho da mente, cabe a missto de executar as tarefas degradadas ¢ degradantes. A apreensdo da deficiéncia no periodo feudal” (© paradigma ateniense vai ser assumido, batizado, cristianizado e levado ao paroxismo pelo judaismo cristo. Os gregos se circunscreveram a0 campo da filosofia, ao passo que, na Idade Média, esse paradigma € assumido no Ambito da teologia, trazendo profundas repercussées, com base até na sua termi . A dicotomia deixa de ser corpo! mente e passa a ser corpo/alma. O individuo que no se enquadra no padrio considerado normal ganha o direito & vida, porém, passa a ser estigmatizado, pois, para o motalismo cristio/catélico, a diferenga/ deficiéncia passa a ser sinénimo de pecado. Das duas partes, a alma é a parte digna, que merece atengio & lguma considerago quando foi elevado & jo mais das vezes, foi “agraciado” com sprezo, o que ajuda a entender a ascese, 0s jejuns, a abstinér autoflagelagdo e, principalmente, a fogueira da Inquisi¢do como forma de purificagdo dos pecados do corpo, da came. '8. Esse periodo, com duragio de mais ou menos dez séculos, também denominado de Idade Média, estende-se do sée 88 Paps Eatora Jevou um padre da época a definir 0 corpo como da alma”. No lema dos cavaleiros, 0 corpo nem sequer era digno de ‘mengio, conforme afirma Grifi, citado por G “a minha alma para Deus; a minha vida para a dama e a honra para mim” A medida que a Idade Média avanga, a relagao da deficiéncia fisica com 0 pecado ow a perversidade vai recrudescendo, embora a origem dessa concepgao remonte a muito antes, como revela este exemplo do da mitologia grega:” ‘A Rainhe Pasifae era perversa e tencbrosa ¢ bem mereceu o castigo se profundamente afetado. Chamou seu flho de umente, longe da vista de todos, exceto dos servidores de absoluta de sua mé conduta, pois deu a0 Rei ) absolutamente normals... (Baker 1973, p. 31) de anos. A propria data atual de comemoragio do dia do ceorresponde, na mitologia grege, & época em que se celebrava a festa do filho de ‘Apolo, Asclépio, 0 deus da medicina grega. Pelaimportincia dessa co ‘stianismo acabou InvExclusto no trabalho ena educagso 89 Podemos observar que, nos ensinamentos do judafsmo cristio contidos na Biblia, dos 22 milagres com curas e exorcismos creditado a Jesus Cristo, oito se referem cura de cegos, surdos, mudos e gay 98 outros se referem a paralisias, possessdes etc. (Botelho 1991), rar, reproduziremos algumas passagens biblicas, a tar mais claramente a ideia da associagao com qualquer ido de deficiéncia e pecado. No milagre da cura de um cego de nascenga, relata Joti (9:2) que, ao verem o cego, os discipulos perguntaram a Jesus: “Mestre, quem pecou, este ou os seus pais, para que nascesse cego?”. Igualmente, ficam claras a segregagiio e, ao mesmo tempo, o fatalismo com que eram vistos os cegos e quaisquer outros que fugissem aos padrdes estabelecidos como normais, na narrago do evangelista Mateus (20:29-30) a respeito dos dois cegos de Jericé: “Dois cegos assentado: aminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram-no, dizendo: ‘Senhor, Ea multidao ‘08 repreendia para que se calassem...”. A cura do paralitico de Cafarnaum também é exemplar: “E eis que Ihe trouxeram um paralitico deitado numa cama, E Jesus, vendo a fé deles, disse a0 paralitico: ‘Filho, tem bom perdoados te so os teus pecados’” (Mateus 9:2). Por sua vez, esta passagem do evangelista Lucas (11:14) mostra como 0 mado € 0 demédnio sio idos: “E estava ele expulsando um demdi © qual era mudo. E aconteceu que, saindo o deménio, 0 mudo falou...” Os exemplos poderiam ser multiplicados. Porém, essa ai é suficiente para que se perceba c se forjando uma concepgio esquizofrenizadora da pessoa humana. E essa concepgo, que relaciona fferenga/deficiéncia com pecado, que deve nos auxiliar a compreender a segregagdio ea estigmatizacdo, principalmente dos milhares de pessoas que foram eliminadas pela fogueira da Inquisigio. Mas tudo isso deve ser centendido como um fenémeno niio fizermos isso, sucumbiremos a, que no passam de miopia intelectual deve nos ajudar a c explicitasse ideias divergentes do status quo ou se comportasse de forma 90 Papins Editors considerada no adequada — fato que imediatamente era associado a um suposto cons6rcio com o deménio — ndo era, num primeiro momento, praticada por maldade ou por sadismo. O raciocinio maniqueista que presidia tais episédios era que 0 deménio havia se apossado do corpo da pessoa e que a melhor forma de humilhé-lo, de impingir-the uma derrota, era arrancar-Ihe a ajuda a compreender por que, nos autos da Inquisigtio e nas justificativas da Igreja Catélica, no se encontram afirmagdes de que se tenham queimado pessoas. A expressio que aparece é a de que a Igreja procedeu a uma pelas chamas”. Outra forma, embora menos enfitica, de a Igreja Catélica ver € explicar a existéneia de cegos, muds, paralitices, loucos e leprosos era aa de que eles eram instrumentos de Deus pata alertar os homens ¢ as mulheres sobre comportamentos adequados ou para Ihes proporcionar a ‘oportunidade de fazer caridade. Assim, a desgraga de uns proporcionava eios de salvagao a outros. Essa postura pode ser detectada nas proprias palavras de Jesus, quando os discipulos Ihe perguntaram quem havia atentado contra os mandamentos para que 0 cego nascesse com aquele “pecado”. Bis sua resposta: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jodo 9:3). De acordo com Botelho (1991), ao surgirem no final da Idade Média as Irmandades de Caridade, mais conhecidas por Santas Casas de Misericérdia, traziam subjacente essa concepgao de ajuda aos necessitados, derivada do idedrio cristio. A apreensiio da deficiéncia no modo de produgdo capitalista A transigio do feudalismo para o capitalismo traz mudangas profundas, que vaio repercutir em todas as diregdes ¢ esferas sociais. 1992, pp. 20 e 55), como citamos s atorio, que se expande teradamente pelos quatro cantos do mundo (...), impondo- todas as outras formas sociais de vida e trabalho”. InvExclusto no trabatho na educagso 91 Dessa perspectiva, nenhuma classe social, muito menos a burguesia, passa de dominante a hegeménica se nao conseguir se apossar de todos os aparatos que compdem uma sociedade e the dar sua diregao, E assim que, a partir do século XVI, a burguesia, como classe em processo de hegemonia, vai permear e impregnar tudo o que a cerca ‘0 seu idedrio, batizado de liberalismo, Sem esse verdadeiro processo vel e nem teriam se estabelecido sram a Marx e Engels a afirmagao: Ho, em cada época, as idéias jasse que & a forga material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua forea espirtual dominante, A > Para todas as criancas Escola de lam > para alguns ‘Academia > para poucos a estes “poucos” que deveriam ser encaminhados ino: para la deveriam 98 apis Edtora set enviados os “engenhos mais seletos, a flor dos homens; os outros cenviar-se-Ao para a charrua, para profissdes manuais, para o comércio, para que, alids, nasceram” (apud Ostetto 1989, p. 173). lembrar que, para o ensinar tudo a todos era uma quatro séculos depois, como ponto de chegada de estudos profundos sobre ‘como se aprende, com destaque para as pesquisas de Piaget (1896-1980) seus seguidores. A sintese pode ser encontrada em Jerome Bruner, no livro O processo da educagdo, quando esse autor afirma que: “E. darmos conta de que, em educagio, fomos caminhando da i I, do homogéneo, para a heterogeneidade da clientela, com base na classe social a qual cada um pertence, nos distintos momentos historicos, nos locais; estabelece-se, enfim, a necessidade de pensar as especificidades. Porém, o que em Coménio era uma constatagao, em Destutt de Tracy, considerado o criador do termo ideologia, vai se colocar como ‘meta a ser materializada na sociedade do inicio do século XIX. Segundo do pensamento burgués, izada existem, necessariamente, duas classes sua subsisténcia da forga de seus bragos ea que vive da renda de suas propriedades ou do produto de fungdes em que ‘trabalho do espirito prepondera sobre otraballo manual. A primeira 6 a classe operiria c a segunda é aquela que eu chamaria de classe cerudita, Os homens da classe operiria tem, desde cedo, necessidade Iho de seus filhos. Essas criangas precisam adquitr, desde edo, o conhecimento e, sobretudo, o habito do trabalho penoso a ue se destinam. Nao podem, portanto, perder tempo nas escolas. Os filhos da classe erudita, ao contririo, podem dedicar-se a estudar durante muito tempo, Tém muita coisa para aprender para alcangar InvExclusdo no trabalho @ na educagao 99 atinge determinado gr que nito dependem de qual necessariamente, da pripria natureza dos homens ¢ da sociedade. Ninguém esti em condigdes de poder mudé-los. ddados invariéveis, ds quais devemos partir. C : qual se dé a devida atengao 4 educagdo dos cidadiios, deve haver dois sistemas completos de instrugdo, um nao tendo nada em comum com 0 outro, (Tracy apud Frigotto 1986, p. 47) ecorrem, Explicita-se assim a diferenga de ordem social ou de constitui- gio da sociedade. B. Suchodolsky, no livro 4 pedagogia e as grandes correntes filosoficas, esclarece que, até 0 século XVI, reinou absol pedagogia da esséncia, cuja concepgiio & a de que essencialmente to ‘0s homens sao iguais, portanto, devem ser tratados de forma homogénea. corre que, desde 0 mundo greco-romano at essa homogeneidade nao foi problematica, pois as obrigatérias e os escravos ¢ servos no podiam aspirar a uma situago diferente daquela na qual nasceram e para a qual estavam “destinados por natureza”. Com o gradativo predominio da burguesia ~ pelo menos formalmente, no discurso ~, com seu idedrio de liberdade e igualdade de direitos a todos, as classes passam a ser permed individuo pode nascer pobre e tomar-se rico, migrando, assim, de uma classe para outra. E 0 acesso a educagdo, por meio da democratizagao da escola, passou a ser acenado como um dos meios de passagem de uma classe a outra, Com isso, a escola comecou a ser disputada e, no seu interior, um lugar de disputa por todos, embora de diferentes classes, s, quando nao esto ccaracteristicas e peculiaridades dos educandos sao supostamente levadas 100. apis Edtora em conta. Comegam a ser implementados os pressupostos da Escola Nova ¢ todas as outras formas e metodologias que se voltam a atuagao com o heterogéneo, com as especificidades, garantindo, também, ateng2io queles que nao se enquadram nos padrdes considerados normais. A partir do momento em que se percebe que uma mesma educagio para individuos ou classes diversas jé ndo levava aos resultados esperad fildsofos e os pedagogos voltam sua atengao para o estudo das ficidades. Alguns exemplos deixardo isso mais evidente. Rousseau (1712-1778), com uma vigorosa e, para o seu tempo, \diantada teorizagao sobre o mundo da crianga, coloca-se como paladino na defesa da inffincia, chocando-se frontalmente com as ideias sobre a natureza humana predominantes no século XVII. A natureza quer, exige que a erianga seja tratada como crianga, afirma. Com isso, debatia-se contra a concepedo de infaincia da sua época, que apreendia a erianga como um adulto em miniatura. Atacava outra ideia que considerava crrénea em seus contempordineos, que acreditavam serem as criangas, portadoras ou presas de um mal que sé 0 tempo curari Baseando-se no pensamento de Rousseau, a partir do século emos os estudos de Pestalozzi (1746-1827), que dedica a vida aos cuidados ¢ & educagdo de criangas pobres, abandonadas, excluidas da sociedade ¢ do sistema formal de ensino da sua época, Igualment Froebel (1782-1852) dedicaré sua vida ao cuidado das criangas, século antes, Fénelon (1651-1715) havia se preocupado com a educagaio das mogas, assunto que ainda demorou a merecer atengao efetiva. No século XX, destacam-se Piaget (1896-1980), Vygotsky tar a aprendizagem das criangas. ia ser complementada com intimeros outros educadores, como Freinet (1896-1966), que se preocupa com as criangas smo; Paulo Freire (192 que volta sua tengo a alfabetizagdo de adultos, entre outros exemplos. Infexctusdo no rabalno @na educagso 101 Porém, no grande leque de preocupagdes com as especificidades que deram compo & pedagogia da exist inquietagao com aqueles denominados “cegos, mudos, loucos, amentes, dementes” (Pessotti 1984), enfim, aquel ceriangas que nao se encaixa no chamado padrao de icia, vale lembrar a emergén se tomar objeto da medicina. “De todo modo, diversas vantagens se oferecem para o deficiente ao passar das maos do inquisidor &s miios do médico”,afirma Pessott (ibid.). E quando falamos em Igreja no est século XVI, sugeriu a um principe que afogasse uma crianga, pois seu comportamento em nada se enquadrava na normalidade estabelecida ou esperada, Vejamos a manifestagao de Lutero: ‘em Dessau um ser gue eu, Martinho Lutero, vi ci. Hé doze anos, possui ue se podia tomar por uma Qu ao principe de Anhalt: se eu fosse o princip. Moldau que corre perto de Dessau e a afogaria. Mas o pri Ite o principe de Saxe, que se achava presente, recusaram seguir into eu disse: pois bem, os crstlos farlo oragdes fim de que Nosso Senhor expulse o deménio. jamente em Dessau, ¢ 0 ser sobrenatural morreu nesse ‘mesmo ano... (Ibid. p. 13) ‘Ainda nos séculos XV e XVI, com Paracelso (1493-1541) & Cardano (1501-1576), médicos © al as, a visdo teologica da deficigncia perde forga, mas acaba colocando as bases tedricas para uma 102 apis Edtora terpretagao organicista. Nomes como os de Esquirol (1772-1840), el (1745-1826), Fodéré (1764-1835), Morei (1809-1837) ¢ outros colaboraram para a afirmagao da visto fatalista da diferenga, dentro de tsta, ou seja, hd pouco que seja | fazer com esses cordando com a concepgao predominante na época a \dividuos considerados deficientes. Em sintese, a solugao que eram um perigo para si e para a sociedade. Essas ideias ultrapassaram os diferentes séculos, chegando ao atual com sua sada e onerosa heranga. Uma de suas derivagdes se manifestou na busca purificagdo da raga perseguida pela Alemanha nazista, bem como pela Bosnia, mais recentemente, e por outras experiéncias de ter ede xenofobia. A ideia do arianismo, da existéi or, encontra respaldo nessas concepgdes. um dos lados da moeda. © outro vai ser representado ja na busca de ultrapassar as condigdes fisicas que, segundo os organicistas, inviabilizavam uma vida digna e construtiva. Entre os nomes mais reptesentativos desse outro lado estio Itard (1774-1838) e Seguin (1812- 1880), nos séculos XVIII e XIX, e Mi 70-1952), entre outros, tno século XX. O ponto de partida integragdo a sociedade francesa do nhecido como o “Selvagem de Aveyron”. Para Pinel, por exemplo, da perspectiva médico-organicista fatalista, Vitor nao passava de um iva pedagogica, 0 “selvagem” podia ser edue: (0 tempo de sua vida a essa tarefa, assumida como como se pode constatar, em Lajonquiére (1992) & Pessotti (1984), entre outros. Seguin vai mais a fundo ainda nas pesquisas, nos experimentos € na proposigtio de um método para educar 0s individuos considerados deficientes e, embora isso frequentemente nao seja citado, ele é 0 precursor de Piaget na criagao da teoria psicogenética, Essa afirmacdo pode ser conferida na seguinte citagio: InvExclusdo no wabalho @ na ecucagao 103 1984, p. 127) Especificando mi afirma: “Hard Seguin é 0 criador da teoria psicogenética (...) pt método aplicavel no s6 aos idiotas, mas a qualquer de! ibid., p. 125). precursor, mas ide chegar a um as pesquisas de Hard estabeleceram as bases para a pois suas descobertas, bem ‘como seus p , serviram de apoio para propostas que podem ser consideradas conquistas disponibilizadas aos estudiosos ¢ aqueles que trabalham com individuos considerados deficientes, Destacam-se: jidades & apreensdo e a educagao dos jentes na atualidade jzado como um ponto de chegada que se transforma em ponto de partida, Como ponto de chegada, nto ha como deixar de reforgar que as teses elencadas no inicio foram medida da apreensdo de elementos da historia, ‘com o avango das leituras ¢ da claboragdo do texto. Quanto nos conclusio, da forma esquemética como fizemos, serve como de contetidos que precisam ser aprofundados, uma vez que 0s avangos alcangados, seja na legislagao, seja na implementagdo dessa legislagao sagao 104. apis Esitora ou, mais promissoramente, na descoberta, criagio e aplicagdo das novas tecnologias, da perspectiva pioneira de Bacon ¢ de McLuhan 1980) — que as viam como complementos, exten representam conquistas, permitem que se tenha esperanga, porém, no de que a igualdade e a inclusdo finalmente conhecerio a congruéncia entre o anunciado sado em pr De outra parte, como jé apontamos em outras partes desta obra, aprofundar na atualidade 0 contingente cada vez mai /essem trabalhando num contexto de cemprego que ja nao permite pensar ou pretender a estal tivessem desenvolvido a empregabilidade, definida com a ser capaz de progredit” (Giddens 2007, p. 39). Destacamos a seguir, de forma esquematica, atual estigio de materialidade historica permite visualizar ¢ denunciar €, depois, algumas possibilidades jé concretizadas e outras que podem ser encaradas como promessas pi Limites Em maior ou menor grav, 0 nos padrdes continuam sendo segregados e, em muitos aspectos, usados para criar, confirmar ou rej Um exemplo ilustra essa afirmagio: na revista Is 228, de 1993, Um grupo de execut semana, ¢ todos os funciondrios da pousada foram dispensados, do potteiro ao cozinheiro. Ao recepcionar 0 grupo, 0 organizador do ev\ fez aos participantes 0 seguinte comunicado: “Amanhii de manha, vocés recebertio aqui 30 criangas excepcionais surdas-mudas. Devem entreté-las InvExolusdo no trabalho ena educagao 105 © cuidar delas até a noite”. Fica cristalino ai 0 uso dessas eriangas como cobaias de um experimento, Blas sero importantes se confirmarem ou rejeitarem as novas estratégias gerenciais a serem implementadas. Da perspectiva da insereao dos individuos considerados deficientes no mercado de trabalho, ainda prevalece o posicionamento de que sua ‘educagio deve ser vista e desenvolvida como um meio de enquadrd: de trabalho especificos. A manutengo da légica acumulativa, caracteristica da economia de mercado, atinge de forma perversa os paises do Terceiro Mundo, que dependem de tecnologias desenvolvidas pelos paises avangados e, Ihadores com baixos niveis de qualificagao, va da busca do lucro como fim, acabam sendo priorizados investimentos naquilo que garante retornos seguros ¢ imediatos. Esse pressuposto dificulta que se solucionem problemas para os quais jé hi a sociedade melhor, mais justa e mais solidéria ea sua impossibilidade ica” (1996, p. 15). Com isso, retarda-se ou impede-se a melhoria das condigdes de vida da maioria da populagéio e, em especial, daqueles que dependeriam de maiores investimentos para sua inserga0. A valorizagio do corpo como objeto de luxo e de propaganda para desfile/exposigao acaba padronizando o ideal de corpo aceito ¢ aclamado pela sociedade, favorecendo a exclusdo dos diferentes ou daqueles ‘no se enquadram nas especificagdes preestabelecidas Para além das passarelas, também no mundo do trabalho, aquilo ‘que até hé pouco era detectavel apenas em pesquisas, 8 dados da investigagio de Padoin (2000), hoje ne mascarar essa tendéncia. Reportagem do suplem¢ de 5/4/2009, dé conta de que, na China, No destaque, informa-se que, naquele p: evidenciam Cf. Don Lee. “86 quem & b Piiblico, Porte, pp. 32-38, 2 {em empego”. Suplemento “Pal ",jomal O 106 Paps Edtora se cada vez mais narizes e magas do rosto ¢ ocident vez mais olhos. As empresas jé néo querem ver s6 as hal até perguntam se os candidatos gostam de vinho”. Acrescenta-se, também, que em uma provincia daquele pais se passou a requerer “que as suas funcionérias p assim que 0 leque de diferenga: 6 vai se ampliando, tornando m: leficiéncias inclusivas/excludentes treitos os caminhos ou os meios ir a estética na galeria das manifestagdes inclusivas/ \¢80, no contexto da chamada igéncia de que as empresas com um uum percentual de vagas mais facilmente suas necessidades basicas. Mas no ha como deixar de levantar a questio: quem tem mais vantagens com esse tipo de contratag0? ‘Sem desconhecer os aspectos positivos da inclustio de pessoas, os retornos ‘melhoria da imagem da empresa diante do piblico ¢ daquelas que se destacam nos relatorios da “responsat podem ser considerados detalhes secundarios. O inci slagdo tem se mostrado superior ao investime 1do adesbes cada vez mais alargadas ¢ entusiastas dos “mecen: da atual fase do modo de produgao vigente. Possibilidades vas concretas voltadas & tanto na escola, nos movimentos sociais (foruns, associ nna sociedade. InvExcluso no trabalho ena educagao 107 As possibilidades disponibilizadas pela ciéncia e pela tecnologia Praticamente nao diferenciam as pessoas consideradas normai daquelas consideradas desviantes dos padrdes de normalidade, levando & concretizagao daquilo que Bacon ex; 6s instrumentos igualam os homens. Embora coi incipientes, essa constatagao pode ser confirmada empiricamente na escola € no trabalho. A reportagem da Folha de S. Paulo, citada anteriormente, é apenas um exemplo. Inimeras iativas de pessoas e insti 'vos sdo promissoras. A “Dei contexto. Embora sua pouea forga na » apresenta-se como uma baliza a indicar e lidade diz respeito a superagdo gradativa da linguagem izada € estigmatizadora a respi numa clara demonstragio de que se passou a compreender operacional dos conceitos” (Freire 1988). Ao mesmo tempo, a percepgio dos avangos alcangados nao deixam de originar estratégias e recursos novos e sutis — nem por isso menos oper , visando apresentar’ ue, analisadas & luz da realidad apresentar ou manter velhas distingdes, provocadoras de “inclusdes” que necessitam ser adjetivadas para serem nominadas como ais, 8 A reunido realizow-se em Salamanca, Espanha, entre os dias 7 10 de junho de 1994, 108 Papirus Edtora Referéncias bibliogréficas Rio Para compreender a cléncia. Uma perspec adres) Oromance da mitologla gga, 2ed, Sto Palo Brslense, 1m Organon. So Paulo: Abril Cultural -RAT,T, (1986). O corpo tem suas razdes. Trad. Estla dos Santos Abreu. 10" ed, EM, pp. 3-28. Tecnologias digiaisenovas qualificagdes dda UFSC. 1008). Um olhar sobre a diferenga Interagdo, eldadana, 8 ed. Campinas: Papin Sed. Rio de Janeir: Paz Tera, dagdgieas hoje: Educagto ¢ rabalho”. Revista IvExclusao no trabatho @na eduoagso 109 TANNI, 0. 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VIAJANDO COM GULLIVER” Descortinando 0 contexto do texto Como apontamos anteriormente, as problematicas que envolvem © conformam os processos inclusivos no so poucas e nem de ha pouco. Nos capitulos precedentes, buscamos deslindar alguns dos condicionantes, bem como das possibilidades da chamada educagio especial, originérios da maneira como foram concebidos ¢ tratados aqueles que nao se encaixavam nos considerados padrées de normalidade ‘na mitologia, na religido, nos modos de produgio e na constituigo ¢ no predominio do pensamento ocidental judaico-cristio. ‘Una versio deste capitulo fo originalmente publicada na coleines RL.L. Barboss. Formasao de educadores: Artes etécnicas ~ Cignciase politicas, No.1. Sho Paul Unesp, 2006, pp. 487-514, Fieam aqui registrados os agradecimentos&editora pela liberagio do texto para fazer parte deste livo, InvExclusto no trabalho ena educagio 111

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