Professional Documents
Culture Documents
Narrativa reflexiva
Durante esta semana de estágio, observei que as crianças têm algum receio de
falar quando a educadora coloca uma questão, quando respondem é a medo,
talvez pelo facto de serem repreendidas quando dizem algo que não vai de
encontro ao que a educadora perguntou, ou não usam o vocabulário mais
adequado e a educadora não consegue retirar a informação necessária ao
solicitado.
De facto, é importante que as crianças sejam incentivadas ao uso da linguagem
oral de forma a adquirirem as competências de expressão e comunicação oral.
Deste modo, considero ter uma abordagem totalmente diferente da praticada pela
educadora, as crianças sentem-se mais confiantes nelas mesmas para se
expressarem, aliás, nas minhas observações relato que não existe afeto linguístico
nem fisico por parte dos outros adultos que convivem com o grupo e talvez por isso
me vejam como uma pessoa mais carinhosa, afável e aberta a ouvi-los.
É no meu ponto de vista, muito importante este contacto com as crianças para
que elas sintam que estão num lugar seguro e que podem ser elas mesmas sem
que alguém as critique por serem quem são, que lhes dêem voz para
demonstrarem o que sentem e o que gostam.
Tinha boas expectativas em relação á atividade de música por ser um momento
que as crianças por norma gostam muito. Momento para se libertarem,
expressarem, cantarem, dançarem, o que não aconteceu. Fiquei bastante
desiludida, não pela professora em questão, mas pelas crianças, a atividade é
demasiado robotizada, com esquemas e sequências repetitivos sem que aja
abertura para que as crianças usem a sua criatividade.
Outro aspeto que tenho observado nestes quatro dias de estágio, é o facto das
crianças serem colocadas muitas vezes de “castigo” por não cumprirem as regras
ou por fazerem algo que a educadora considera inadequado, assim, a técnica
usada pelos adultos, é isolar a criança em questão mandando-a sentar numa
cadeira sozinha, estar quieta a olhar para a frente. Na sala estão afixadas as regras
da sala, mas não são abordadas nem dialogadas ao longo do dia (durante os dias
de estágio não presenciei essa abordagem) Consegui ter a noção de que no geral,
as crianças têm consciência do que são regras e da sua importância do seu
cumprimento. Tal como contemplado nas OCEPE (2016), “a construção dessa
autonomia passa por uma organização social participada do grupo em que as
regras, elaboradas e negociadas entre todos, são compreendidas pelas crianças,
e em que cada uma se compromete a aceitá-las, conduzindo a uma autorregulação
do comportamento” (p.36). Segundo o que conversei com as crianças, a maioria
sabe o que são regras e que as têm de cumprir, mas não sabem quais são ou não
se lembram nem quais as consequências apesar de comentarem que se se
portarem mal, levam bola vermelha no quadro do comportamento. Perguntei a um
grupo o que significa para elas “portal mal” , ao qual as respostas variaram de:
“não sei”; “a educadora manda sentar”; ou “o M leva sempre bola vermelha porque
é mau”.
Referências Bibliográficas