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PRÁTICAS EM ENSINO,

CONSERVAÇÃO E TURISMO
ANAIS DO CONPECT 2021: CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO

Editora: Reconecta Soluções Educacionais


ISBN: 978-65-994536-1-8

15 a 17 de Julho de 2021
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO, CONSERVAÇÃO E TURISMO
15 a 17 de Julho de 2021
Edição Online: Plataforma Even3

“PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO”

ANAIS
ISBN: 978-65-994536-1-8

Editores:
Eliza Carminatti Wenceslau
Maxwell Luiz da Ponte

Editora: Reconecta Soluções Educacionais


São José do Rio Preto – SP
2021
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO, CONSERVAÇÃO E TURISMO
“Práticas em Ensino, Conservação e Turismo”
15 a 17 de Julho de 2021
ISBN: 978-65-994536-1-8
Realização: Reconecta Soluções Educacionais Arte Gráfica: Maxwell Luiz da Ponte
CNPJ 35.688.419/0001-62
Rua Silva Jardim, 1329 – Parque Industrial.
Fone: (17) 99175-6641. Website: reconectasolucoes.com.br
Editoração: Eliza Carminatti
contato@reconectasolucoes.com.br Wenceslau; Maxwell Luiz da Ponte.

Os textos divulgados são de inteira responsabilidades de seus autores, nos termos do edital de
trabalhos do congresso, disponíveis na página da Editora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Anais do CONPECT 2021 : Congresso Nacional de


Práticas em Ensino, Conservação e Turismo (07.: 2021:
on-line)
Práticas em ensino, conservação e turismo [livro
eletrônico] : congresso nacional de práticas em
ensino, conservação e turismo . -- 1. ed. -- São José
do Rio Preto, SP : Reconecta - Soluções Educacionais,
2021.
PDF
ISBN 978-65-994536-1-8
1. Conservação da natureza 2. Congressos
3. Desenvolvimento sustentável 4. Meio ambiente
5. Turismo I. Título.

21-82635 CDD-306.48

Índices para catálogo sistemático:


1. Desenvolvimento sustentável : Congressos 363.7
Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129
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CONSERVAÇÃO E TURISMO
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PROGRAMAÇÃO
O participante do CONPECT teve acesso à:

1. Participação em palestras, mesas redondas, minicursos e oficinas relacionadas à


temática.
2. Submissão de artigo completo para publicação como capítulo de livro digital
3. Submissão de resumo expandido para publicação nos anais do evento.
4. Submissão de propostas de minicurso.
5. Apresentação de trabalho na modalidade oral.
6. Apresentação de trabalho na modalidade mini palestras.

DIA 15/JULHO
Mesa-redonda: Pandemia de COVID-19 e impactos na educação, no turismo e na
conservação: Conferencistas: Prof. Me. Bruno Ramires, Prof. Willian Barberino e Prof.
Wagner Caron

Palestra: Quem tem cegueira botânica? Reflexões sobre conceito, implicações e mitigação.
Conferencista: Profa. Dra. Suzana Ursi (USP - @suzanaursi)

DIA 16/JULHO
Oficina teórico-prática“Confecção de mapas em QGis para práticas em ensino, turismo e
conservação”. Conferencista: Profa. Me. Jaqueline Vieira.

Palestra “Geoturismo: articulando ensino, turismo e conservação”. Conferencista: Profa.


Dra. Thaís Guimarães.

Seção de conferência – Diálogos em ensino, turismo e conservação.


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PROGRAMAÇÃO
DIA 16/JULHO
Seção de conferência – Diálogos em ensino, turismo e conservação.

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL EM CENÁRIO DE PANDEMIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE


ESTÁGIO DE DOCÊNCIA EM FISIOLOGIA VEGETAL
Conferencistas: Dhyene Rayne Dos Santos Becker, Delziane Araújo Bezerra Hairon Antonio
Friedrich Rodrigues, Raírys Cravo Herrera
O ENSINO REMOTO COMO POSSIBILIDADE SUBSTANCIAL COM UM OLHAR GEOGRÁFICO
Conferencistas: Renata Elen Santos Macedo
QUAL O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO INFANTIL EM TEMPOS DE PANDEMIA?
Conferencistas: Rafaela Bruno Ichiba, Cristina Araújo de Sousa, Karen Cristina Pinheiro
Musetti
A EDUCAÇÃO FÍSICA REMOTA DURANTE O PERÍODO PANDÊMICO
Conferencistas: Karen Cristina Musetti, Rafaela Bruno Ichiba, Cristina Araújo de Sousa
PRODUÇÃO DE BIODIESEL COMO AGENTE DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NO ENSINO POR
INVESTIGAÇÃO
Conferencistas: Éder Belém Guedes, Bárbara de Oliveira Tessarolli, João Pedro Ponciano,
Rafael Capobianco Rizzi
SABÃO DE GARRAFA PET: UMA PRÁTICA EXPERIMENTAL PARA O ESTUDO DAS REAÇÕES
DE SAPONIFICAÇÃO SOB UMA PERSPECTIVA SÓCIOAMBIENTAL
Conferencistas: Bárbara de Oliveira Tessarolli, Éder Belém Guedes, Rafael Capobianco Rizzi,
João Pedro Ponciano, Tatiana Bigliassi de Oliveira Silva
TURISMO E MEMÓRIA: A IMPORTÂNCIA DOS LUGARES DE MEMÓRIA PARA A CIDADE DE
SÃO LUÍS
Conferencistas: Andressa lemos Chagas, Kláutenys Dellene Guedes Cutrim
MESQUITA OMAR IBN AL-KHATTAB EM FOZ DO IGUAÇU COMO ATRAÇÃO TURÍSTICA DE
CARÁTER RELIGIOSO
Conferencistas: Roberto Rigaud Navega-Costa, Tatiane dos Santos Navega-Costa
DA MERCANTILIZAÇÃO DA CULTURA À CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO: UMA DISCUSSÃO
SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM PRODUTO TURISTICO
Conferencistas: Ingridt Millenna Vieira Dantas
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PROGRAMAÇÃO
DIA 17/JULHO
Palestras e diálogo sobre os temas: práticas em ensino, práticas em conservação e práticas
em turismo:

RECURSOS DIDÁTICOS EM TEMPOS DE PANDEMIA: EXPERIÊNCIAS COM MATERIAIS DE


BAIXO CUSTO – RELAÇÃO DA LEI DOS GASES COM A RESPIRAÇÃO
Conferencistas: Éder Belem Guedes, Bárbara de Oliveira Tessarolli, João Pedro Ponciano e
Rafael Capobianco Rizzi

APRENDIZAGEM ATIVA VOLTADA A PROJETOS INTEGRADORES EM FOZ DO IGUAÇU


Conferencista: Roberto Rigaud Navega Costa

METODOLOGIAS PARTICIPATIVAS NO ENSINO SUPERIOR: UMA NOVA PROPOSTA DE


ENSINAR E APRENDER
Conferencistas: Guilherme Gama de Oliveira, Michelle Cristina Sampaio,

METODOLOGIAS ATIVAS E FERRAMENTAS DIGITAIS: POSSIBILIDADES DE ENSINO-


APRENDIZAGEM EM TEMPOS DE PANDEMIA
Conferencista: Tatiane Andrade

METODOLOGIAS ATIVAS E MONITORIA NO ENSINO REMOTO DE BIOQUÍMICA


Conferencistas: Hairon Antonio Friedrich Rodrigues, Dhyene Rayne Dos Santos Becker, Rairys
Cravo Herrera, Delziane Araújo Bezerra

GRAPHOGAME: UMA ANÁLISE NA PERSPECTIVA DA ALFABETIZAÇÃO EM MASSA


Conferencistas: Cristina Araújo De Sousa, Karen Cristina Pinheiro Musetti, Rafaela Bruno
Ichiba, Vanice C. de Melo Simões

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL


Conferencista: Rosangela Limeira de Souza Tagami

ANÁLISE DA PROPOSTA PEDAGÓGICA E CURRICULAR BILÍNGUE NA REDE PUBLICA DE


ENSINO DO AMAZONAS: PORTUGUÊS-JAPONÊS
Conferencistas: Francisco Sales Bastos Palheta, Alfredo Tadeu de Oliveira Coimbra
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CONSERVAÇÃO E TURISMO
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PROGRAMAÇÃO
DIA 17/JULHO
Palestras e diálogo sobre os temas: práticas em ensino, práticas em conservação e práticas
em turismo:

A ESCOLHA DO MUNDO QUE VOCÊ QUER VIVER


Conferencistas: Fernanda da Rocha Brando, Vanice C. de Melo Simões, Renata Arantes dos
Santos Silva e Rafaela B. Ichiba

PANTANAL: ESTUDO DE CASO E SUA APLICAÇÃO COMO AULA DE CAMPO


Conferencistas: Eduardo Henrique de Oliveira Lima e Cláudia de Cillo Mazucato Neri

PROPOSTA DE TRILHA ECOLÓGICA INTERPRETATIVA COMO RECURSO DIDÁTICO-


PEDAGÓGICO NA PRÁTICA DOCENTE
Conferencistas: Fernanda da Rocha Brando e Denici Laura Carvalho,

O TURISMO CIENTÍFICO-CULTURAL E A EDUCAÇÃO CIENTÍFICA: UM ROTEIRO DAS


INSTITUIÇÕES CIENTÍFICAS E CULTURAIS DO BAIRRO DA URCA
Conferencista: Marta Ferreira Abdala Mendes

GEOTURISMO E PAINÉIS INTERPRETATIVOS COMO FERRAMENTAS DE VALORIZAÇÃO DE


GEOMORFOSSÍTIOS NO CENTRO NORTE DO PIAUÍ, BRASIL
Conferencista: Cláudia Maria Sabóia de Aquino e Helena Vanessa Maria Da Silva

TURISMO VIRTUAL: RELATOS DE EXPERIÊNCIAS DA EQUIPE DE TURISMO SOCIAL DO SESC


RJ EM AÇÕES VIRTUAIS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Conferencistas: Ana Lúcia Reis de França, Júlia de Menezes Machado e Daniele Bender de
Souza

O CONSUMO DA PAISAGEM TURÍSTICA DO PARQUE HISTÓRICO DE CARAMBEÍ NA


PANDEMIA
Conferencistas: Ana Cristina Costa Siqueira, Lucas Renato Adami, Brendo Francis
Carvalho, Bruna Iara Lorian Chagas,
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COMISSÃO CIENTÍFICA

PROF. ME. BRUNO MARTINS SANTOS RAMIRES


PROFA. ME. CLAUDIA CASTANHEIRA CARDOSO
PROFA. ME. ELIZA CARMINATTI WENCESLAU
PROFA. DRA. GABRIELA COUTO BARBOSA
PROFA. ME. GABRIELA DE SOUSA MARTINS
PROFA. ME. JAQUELINE ALVES VIEIRA
PROF. ME. JOÃO PAULO SOARES-SILVA
PROF. ME. MARCOS DANILLO LOPES DE SENA
PROF. DR.. MAXWELL LUIZ DA PONTE
PROF. DR. WILLIAN MARCEL BARBERINO
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CONSERVAÇÃO E TURISMO
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ÁREAS TEMÁTICAS
Foram aceitas submissões de trabalhos empíricos, de revisão e relatos de experiência que
abordem mudanças e avanços conceituais e teóricos, apresentem estratégias e recursos
inovadores e comuniquem perspectivas futuras vinculadas às seguintes áreas temáticas:

Práticas em ensino: essa área temática abarca trabalhos que evidenciam potenciais,
estratégias e recursos diferenciados para a aprendizagem, bem como os trabalhos que
apontam limitações e desafios atuais no ensino diante da pandemia de COVID-19. As práticas
de ensino podem estar relacionadas às diversas áreas do conhecimento e a todas as
modalidades e níveis de ensino, do infantil ao superior, incluindo práticas em espaços e
contextos formais ou não de ensino e aprendizagem.

Práticas em turismo: essa área temática abarca trabalhos que apresentem os impactos
socioeconômicos e ambientais do turismo, sobretudo no contexto da pandemia de COVID-19.
Também serão aceitos trabalhos que constituam elementos para fortalecimento e fomento da
atividade turística, subsidiando a retomada dessa atividade. Nesse sentido, poderão ser
apresentadas propostas de roteiros temáticos para trilhas, excursões e visitações guiadas,
práticas essenciais, que possibilitam a contemplação e a vivência com elementos da
diversidade natural e com o patrimônio edificado e cultural em ambientes urbanos e rurais. Os
trabalhos podem estar relacionados aos diferentes nichos turísticos: social, ecoturismo,
geoturismo, cultural, religioso, pedagógico, de estudos e intercâmbio, esportes, pesca,
náutico, de aventura, de sol e praia, de negócios e eventos, rural e de saúde, dentre outros.

Práticas em conservação: essa área temática abarca trabalhos, práticas e pesquisas que se
utilizem de diversas estratégias e métodos para o levantamento e a obtenção de dados,
voltados à conservação ambiental e patrimonial. Serão aceitos estudos quantitativos e
qualitativos, diagnósticos, prognósticos e listas/inventários/check-lists, vinculados à
avaliação de impactos, prevenção de riscos e conservação biológica, geológica e cultural.
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CONSERVAÇÃO E TURISMO
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RESUMOS EXPANDIDOS

Os textos divulgados são de inteira responsabilidades de seus


autores, nos termos do edital de trabalhos do congresso,
disponíveis na página da Editora.
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
Edição Remoto – 15 a 17 de Julho de 2021
Reconecta Soluções, São José do Rio Preto – SP.
ISBN:
https://www.reconectasolucoes.com.br/

ENSINO REMOTO EMERGENCIAL EM CENÁRIO DE


PANDEMIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO DE
DOCÊNCIA EM FISIOLOGIA VEGETAL

Dhyene Rayne Dos Santos Becker1, Delziane Araújo Bezerra2, Hairon Antonio
Friedrich Rodrigues3, Raírys Cravo Herrera4

Resumo
A situação emergencial em consequência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19/
SARS-CoV-2) impôs grandes desafios na educação no Brasil e no mundo, de modo que
os modelos de ensino tradicionais, presenciais, necessitaram ser reestruturados para se
adequar ao formato online, não presencial com o Ensino Remoto Emergencial (ERE). O
objetivo do presente relato de experiência foi refletir sobre as práticas desenvolvidas
durante o estágio docência realizado na sala virtual de Fisiologia Vegetal, do curso de
Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, realizada entre o período de março
a junho de 2021, com discentes de licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade
Federal do Pará, campus de Altamira, que aconteceu no formato remoto por conta do
estado de calamidade pública. As informações aqui apresentadas foram coletadas a partir
de anotações e observações realizadas em aula e questionário, e compuseram o relatório
final do estágio de docência. O estágio de docência contribuiu para refletir e compreender
o uso de práticas educativas inovadoras e dinâmicas durante o ensino remoto, que podem
auxiliar no melhor desenvolvimento e entendimento dos alunos nos assuntos das
disciplinas.

Palavras-chave: Aula síncrona. Aula assíncronas. COVID-19.

INTRODUÇÃO

Com a pandemia de Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, no ano de 2020,


as universidades do mundo optaram por suspender todas as suas atividades presenciais
como palestras, reuniões, laboratórios, aulas teóricas e práticas como um passo para
retardar a propagação desta doença, trabalhando por meio da educação a distância e
pedagogias on-line e se tornando uma oportunidade de revisitar nossos cursos com um
foco nos resultados de aprendizagem críticos.
A situação emergencial impôs grandes desafios na educação no Brasil e no
mundo, de modo que os modelos de ensino fossem readequados. Assim, todos os cursos
da Universidade Federal do Pará (UFPA) precisaram se readaptar à mudança das
1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
Edição Remoto – 15 a 17 de Julho de 2021
Reconecta Soluções, São José do Rio Preto – SP.
ISBN:
https://www.reconectasolucoes.com.br/

atividades para o formato remoto, através do Ensino Remoto Emergencial (ERE),


conforme a Resolução n 5.294, de 21 de Agosto de 2020.
Dentre os cursos ofertados na UFPA, temos o Programa de Pós-graduação em
Biodiversidade e Conservação, criado em 2014. O curso segue, além das normativas
institucionais e legais do programa, o estágio de docência como unidade didática dos
cursos dessa modalidade, obrigatório para alunos bolsistas da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
O estágio de docência, segundo a Portaria n° 76 de abril de 2010 da CAPES art.
18 é “uma das partes integrantes para a formação do pós-graduando, com o objetivo de
preparar o discente para a docência e a qualificação do ensino de graduação”. Para
Pimenta e Lima (2005), o estágio de docência pode ser compreendido como um período
essencial para formação do docente em que a teoria e a prática se encontram e que, na
maioria das vezes, ainda é o primeiro contato do pós-graduando em formação com seu
futuro contexto de atuação profissional.
Neste contexto, o objetivo do presente relato de experiência foi refletir sobre as
práticas desenvolvidas durante o estágio de docência realizado na sala virtual de
Fisiologia Vegetal, realizada entre o período de março a junho de 2021, com discentes do
curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará (UFPA),
campus de Altamira.
Este estudo se configura como um relato de experiência de uma aluna de Pós-
Graduação em Biodiversidade e Conservação durante o estágio de docência, no período
letivo de 2021.1. O relato tem como objetivo compartilhar a vivência da estagiária que
cursou os componentes curriculares no formato remoto, em virtude do estado de
calamidade pública causada pelo novo coronavírus, que impossibilitou o formato
presencial.

METODOLOGIA

A disciplina de Fisiologia Vegetal foi ofertada como optativa para alunos do curso
de Licenciatura de Ciências Biológicas com carga horária de 68 horas. A disciplina possui
a seguinte ementa, conforme Tabela 1.

Tabela 1: Planejamento da disciplina de fisiologia vegetal.

1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
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Edição Remoto – 15 a 17 de Julho de 2021
Reconecta Soluções, São José do Rio Preto – SP.
ISBN:
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ATIVIDADES SINCRONAS E ASSÍNCRONAS

Encontros Conteúdo/metodologia
Nº Data Horário CH
(h/a)
1 31.03 7:30-9:10 250 Plano de ensino – apreciação e aprovação
10:20-12:50 Relações hídricas
2 7.04 7:30-9:10 250 Nutrição mineral
10:20-12:50
3 14.04 7:30-9:10 250 Fotossíntese
10:20-12:50

4 23.04 7:30-9:10 250 Translocação


10:20-12:50
5 28.04 9:10 200
Revisão
6 5.05 8:20 200 o
1 Teste on-line
7 12.05 7:30-9:10 250
10:20-12:50
Respiração aeróbica e anaeróbica
Mapa mental
8 19.05 7:30-9:10 250
10:20-12:50
Biociclo vegetal e fotomorfogênese
9 26.05 7:30-9:10 250
10:20-12:50
Hormônios e reguladores de crescimento
10 31.05 7:30-9:10 250
10:20-12:50
Movimento em plantas

11 02.06 9:10 100


Revisão e correção do estudo dirigido
12 09.06 8:20 200
Seminários
13 14.06 8:20 200 o
2 Teste on-line
14 16.06 8:20 200
Devolutiva das atividades e avaliações
Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

Na disciplina foi utilizada a metodologia ativa que colocou o aluno no centro do


aprendizado, permitindo com que ele saia da condição de ouvinte e passe a condição de
interação e participação durante o processo ensino/aprendizado (FREITAS et al., 2015).
As metodologias ativas utilizadas na disciplina foram as mesmas estudadas por Novaes
et al. (2021) o modelo rotacional, sala invertida e grupos murmurantes, conforme Paiva
et al. (2021).

1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
Edição Remoto – 15 a 17 de Julho de 2021
Reconecta Soluções, São José do Rio Preto – SP.
ISBN:
https://www.reconectasolucoes.com.br/

A disciplina foi ministrada pela professora-orientadora Raírys Cravo Herrera e


auxiliada pela estagiária de docência aluna de pós-graduação. As metodologias utilizadas
nas aulas foram: aulas síncronas, assíncronas, produção de resumos, mapas mentais e
testes on-line, além da apresentação de seminários. A aulas ocorreram entre março e junho
de 2021, uma vez por semana (toda quarta-feira).
No primeiro dia de aula houve apresentação, discussão e aprovação do plano de
ensino com a turma, bem como a sondagem sobre conhecimentos prévios sobre a
disciplina. Nos componentes das disciplinas foram adotados os esquemas:
 Pré-aula (momento assíncrono) baseada em leitura de textos/apostilas
obtidas livremente da internet.
 Aula síncrona, com duração de 50 min, em média (a qual era gravada e
postada no Classroom, posteriormente);
 Pós-aula (momento assíncrono), era intercalada vídeos de aulas práticas e
vídeos de aulas teóricas.
Para os critérios avaliativos considerou-se as seguintes atividades totalizando 10
pontos, conforme Tabela 2.
Tabela 2: Atividades e distribuição de pontos na disciplina de Fisiologia Vegetal.
Atividade Assunto Nota (pontos)
Testes on-line Todos 2,0 cada
Aplicado no google forms
Resumo Relações hídricas; 1,0
Metabolismo mineral das plantas;
Fotossíntese;
Translocação.
Mapa mental Respiração Aeróbica e Anaeróbica 1,0
Estudo dirigido Biociclo vegetal e fotomorfogênese; 2,0
Hormônios e reguladores de
crescimento; Movimento em plantas.

Seminários Todos (artigo a escolha do aluno) 2,0


Fonte: Elaborado pelos autores (2021).

A estagiária de docência ficou responsável pela produção de uma aula sobre


Fotossíntese e Translocação, a aula ocorreu de forma assíncrona e consistiu no modelo
de metodologia rotacional, com a abordagem de conteúdo em apresentação de slides
PowerPoint e aula gravada. A discente também elaborou um vídeo sobre uma prática para
produção de extratos para análises bioquímicas, o vídeo foi gravado em smartphone e
utilizado ferramentas para corte e edição de vídeo.

1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
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O atendimento aos alunos foi disponibilizado via Google Classroom e aplicativo


Whatsapp (este último com horário atendimento comercial de segunda a sexta, e sábado
e domingo pela manhã).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A experiência ocorreu no período de março a junho de 2021 e as informações aqui


apresentadas foram coletadas a partir de anotações e observações realizadas em aula, e
compuseram o relatório final do estágio de docência. Na disciplina de fisiologia vegetal
7 alunos se matricularam, mas foi ministrada para 6 alunos, pois um acabou desistindo da
disciplina.
Coube à estagiária de docência auxiliar o professor-orientador na elaboração do
plano de aula relacionados aos conteúdo da ementa da disciplina. No decorrer da
disciplina a estagiária, após aprovação do professor-orientador, anexava no classroom da
disciplina os materiais de pré-aula uma apostila com base no tema da aula, e material de
pós-aula com vídeos de aulas práticas e teóricas. Além disso, auxiliava na produção de
questões para os testes on-line baseado nos materiais disponibilizados no Google
classroom. Como componente do estágio, a estagiária ficou responsável pela produção e
apresentação de uma aula durante a disciplina, como forma de conhecer a dinâmica de
uma disciplina pela óptica do professor. De forma positiva, a estagiária de docência teve
a oportunidade de trabalhar com as ferramentas de manipulação e edição de vídeos para
produzir as aulas práticas aos alunos, essas ferramentas tecnológicas utilizadas,
possivelmente, não se aplicariam no formato presencial. Sendo assim, o ensino remoto
propiciou uma possibilidade diferenciada para uso tecnológico a professora em formação.
Os modelos de metodologias ativas utilizados na disciplina foi o modelo
rotacional com aprendizado on-line, utilizando-se de alguns elementos da aula tradicional
como a exposição de conteúdo, com a apresentação em PowerPoint. Utilizou-se também
a metodologia de sala de aula invertida que consistiu em inverter a aula expositiva com
informações através de vídeos e textos, matérias disponibilizados no pré e pós-aula como
prévia do assunto discutido e material para fixação e a metodologia com grupos
murmurantes, que consistiu na interação dos alunos utilizando suas estratégias até
chegarem a conclusão da atividade de acordo com Paiva et al. (2021), essa metodologia
foi utilizada para desenvolvimento do estudo dirigido que consistiu em uma atividade
composto por perguntas onde os alunos responderam a atividade em conjunto.
Ao final da disciplina, no segundo teste on-line aplicado via google forms os
alunos tiveram o momento para avaliar a disciplina, seu desempenho na disciplina, a
estagiária e a docente responsável (FIGURA 1). Para a didática da professora destacou-
se o conceito excelente, onde 67% avaliou com nota 10, 17% com nota 9 e 17% com nota
1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
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Edição Remoto – 15 a 17 de Julho de 2021
Reconecta Soluções, São José do Rio Preto – SP.
ISBN:
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8. Quanto a atribuição de nota para a participação da estagiária, 67% dos alunos avaliaram
a estagiária de docência com nota 10 e 17% avaliou com nota 8. Para a disciplina em
formato remoto 50% dos alunos atribuíram o conceito excelente (notas entre 10 e 9) para
a disciplina, 33,3% o conceito bom (notas entre 7 a 8,9) e 16,7% o conceito de regular
(notas entre 5 a 6,9). Os alunos também foram questionados quanto sugestões para
melhoria da disciplina, no entanto, nenhum dos alunos sugeriu algo que possa ser
melhorado. O questionamento de sugestões é importante ser abordado, justamente para
que novas metodologias ou propostas possam ser utilizadas para continuação ou melhora
da disciplina.
Figura 1: Avaliação geral dos envolvidos na disciplina.
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Professora Estágiária Disciplina Alunos Dedicação dos
alunos

Excelente (nota 9 a 10) Bom (nota 7 a 8,9) Regular (nota 5 a 6,9)

Fonte: Elaborado pelos autores (2021).


Apesar, de todas as metodologias utilizadas de forma a proporciona aos alunos
um melhor desempenho na disciplina, dos 6 alunos que participaram das aulas e
realizaram todas as atividades ofertadas, 2 alunos obtiveram o conceito geral bom (notas
entre 7,0 e 8,9) e 4 alunos passaram com o conceito regular (notas entre 5,0 a 6,9), nenhum
obteve conceito excelente (notas entre 9 e 10). Em parte, o resultado das notas dos alunos
podem não estar relacionada diretamente a metodologia utilizada, mas a dedicação dos
alunos à disciplina, pois quando questionados a nota que atribuíam ao seu desempenho
na disciplina 50% conceito bom, 33,4% o conceito regular e somente 16,7% atribuíram
conceito excelente, conforme observado na Figura 1.
As adequações curriculares e a escolha de didática do professor responsável pela
disciplina, tiveram como objetivo proporcionar aos discentes, uma formação acadêmica
e profissional de qualidade, apesar das limitações e dificuldades do ensino remoto.
1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
Edição Remoto – 15 a 17 de Julho de 2021
Reconecta Soluções, São José do Rio Preto – SP.
ISBN:
https://www.reconectasolucoes.com.br/

No desenvolvimento do estágio foi possível compreender o papel do professor de


ensino superior, as condutas que necessitam ser abordadas em sala de aula, a troca de
experiência com o professor-orientador, a organização e ações da disciplina,
planejamento de uma disciplina de graduação e aprofundamento de conteúdos
relacionados ao estágio. Esses aspectos são os mesmo apontados por Cunha (2010) como
saberes da ação do docente, pois são saberes que estão relacionados com o planejamento
das atividades de ensino.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo registra o cumprimento do estágio de docência pelas normativas legais


e institucionais em cursos de formação de professores. Com relação aos pontos de atenção
dessa experiência, dois em especial são citados. O primeiro ponto a destacar ao longo do
estágio são as observações das dificuldades enfrentadas pelos alunos como problemas de
acesso as plataformas disponíveis como Google classroom e Google docs (para realização
do estudo dirigido), dificuldades de acesso à internet. Muitos alunos também não
possuíam computadores, então as atividades eram utilizadas somente pelo celular, o que
dificultou o desenvolvimento de algumas atividades a serem realizadas. Outro ponto, é
com relação a disciplina de fisiologia vegetal, área de conhecimento a botânica, foi
ofertada como optativa e obteve matricula de apenas 7 alunos, o que faz parecer que as
disciplinas de botânica parecem ser menos interessantes quando comparadas às outras
disciplinas.
A partir da experiência, foi possível destacar que o estágio de docência se
constituiu um grande aprendizado. O estágio de docência contribuiu para refletir e
compreender o uso de práticas educativas inovadoras e dinâmicas durante o ensino
remoto, que podem auxiliar no melhor desenvolvimento e entendimento dos alunos nos
assuntos das disciplinas. A experiência do estágio de docência com o ensino remoto foi
bem proveitosa e possibilitou colocar em prática os conhecimentos obtidos ao longo do
curso em formação nas disciplinas, bem como planejar uma disciplina, a maneira didática
de transmiti-la aos alunos e administrar o tempo para executá-la.

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela


concessão de bolsa de estudo do mestrado e a Pró-reitoria de ensino de graduação
(PROEG-UFPA) pela bolsa de monitoria do graduando.

REFERÊNCIAS
1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
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COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR


(CAPES). Portaria Nº 76, de 14 de abril de 2010. Diário Oficial da União. 2010.
Disponível em: <http://cad.capes.gov.br/ato-administrativo-detalhar?idAtoAdmElastic
=741#anchor>. Acesso em: 23 jun. 2021.

CUNHA, M. I. Trajetórias e lugares de formação da docência universitária: da perspectiva


individual ao espaço institucional. Araraquara: Junqueira & Marin; Brasília, DF: CAPES:
CNPq, 2010.

DE NOVAES, M. A. B., DA SILVA, E. S., COSTA, M. K. R., DE AMORIM, P. A.,


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Biociências, Universidade De São Paulo, 2021. 172 p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ. Conselho Superior De Ensino, Pesquisa E


Extensão. Resolução n 5.294, de 21 de agosto de 2020. Aprova, de forma excepcional e
temporária, o Ensino Remoto Emergencial em diferentes níveis de ensino para os cursos
ofertados pela Universidade Federal do Pará. Disponível em: <
http://proeg.ufpa.br/images/Artigos/Normas/Resolucao_5294_2020_CONSEPEAprova
oEREnaUFPA.pdf> Acesso em 21 de junho de 2021.

1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
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CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
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1
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
drayneagro@gmail.com;
2
Pós-Graduanda em Biodiversidade e Conservação – Universidade Federal do Pará,
delziane.araujo22@gmail.com;
3
Discente em Licenciatura em Ciências Biológicas - Universidade Federal do Pará,
haironfriedrich@gmail.com
4
Docente na Universidade Federal do Pará, Faculdade de Ciências Biológicas, Programa de pós-graduação
em Biodiversidade e Conservação – rairys@ufpa.br
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O ENSINO REMOTO COMO POSSIBILIDADE SUBSTANCIAL COM UM


OLHAR GEOGRÁFICO

Renata Elen Santos Macedo1

Resumo
A pesquisa é pautada na educação remota como processo didático- pedagógico. Infelizmente
estamos vivendo em uma pandemia que atinge o mundo, o território brasileiro além de se
encontrar em um fragilizado sistema de saúde, o mesmo se depara com uma situação de conflitos
polarizando a política. E nesse cenário de competição entre os governantes quem sofre é a
sociedade. Nos encontramos em um grande desfiladeiro de incertezas. Portanto, no campo da
educação estamos vivenciando experiências jamais imaginada, a exemplo do ensino remoto nas
escolas. Diante dos pressupostos metodológicos a pesquisa é fundamentada de acordo com
grandes teóricos Paulo Freire, Rubem Alves, Milton Santos, entre outros e em seguida um
trabalho de campo no Colégio Batista Nova Sião, no 6º ano, as questões foram enviadas para três
respondentes ( professora, mãe e pai),por meio do e-mail, dados coletados com abordagem
qualitativa, para posteriores análises, contemplando resoluções e novos métodos saindo da zona
de conforto, pois estamos aceitando com coragem o novo, com muita responsabilidade, clareza,
profissionalismo e buscando dinamizar mais as aulas para que o aluno seja um protagonista
dessa história e seja mais atraído pelas aulas remotas, tornando-se participativos, estimular
acima de tudo o prazer de aprender a aprender, transmitir um ensino remoto de qualidade, ajudar
na construção educacional do aluno em temas relevantes para diálogos e entender o panorama
pandêmico.

Palavras-chave: Pandemia. Ensino Híbrido. Dinâmica. Soluções.

1
Pós-graduanda em geografia humana e econômica, pela UNINTER, em Senhor do Bonfim-BA.
renata.anos.80@hotmail.com
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
Edição Remoto – 15 a 17 de Julho de 2021
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INTRODUÇÃO

O estudo ressalta um olhar geográfico. Cabe destacar, sobre geografia a luz de Milton Santos
(1991), que a mesma nos possibilita um olhar holístico, pois , difere das outras ciências sociais,
não somente porque ela estuda o espaço físico, mas também, todos os problemas existenciais em
sociedade. Portanto, de acordo com essa vertente pretende-se lançar um olhar geográfico sobre a
saúde e educação, ressaltando os problemas no cenário pandêmico e correlacionando com o
ensino. Realçando as dificuldades sobre a pandemia e possibilitando caminhos emergentes no
ensino, com referência a um ano atípico que estamos passando, a covid- 19 realça a desigualdade
social, dessa forma, quem sofre são as camadas mais pobres e isso implica várias consequências
desordenando o cenário social. Portanto, de acordo com (CRARY,2016), o medo e a
desestabilidade são fatores determinantes em uma sociedade sobre uma conjuntura de vertentes
sociais, políticas e sanitárias. Abordando a realidade brasileira, no sentido de uma visão sobre a
covid-19, portanto existem três blocos que estão impactados, econômico, político e social.
Realmente não se tem uma verdade ainda sólida com relação ao momento difícil que estamos
passando. O território brasileiro realça um fragilizado sistema de saúde. Diante dessa
problemática:

A situação brasileira ainda se agrava uma vez que 75% da população brasileira não está
coberta por planos de saúde e enfrenta outras epideimias como a dengue e surtos de
sarampo. As regiões mais afetadas seriam a Nordeste, Norte e Centro-Oeste, por não
possuírem no mínimo um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para cada 10 mil
habitantes (MELLO et al., 2020).

Portanto, percebe-se que o sistema de saúde tem que criar subsídios para elaborações de
transparências e resgatar a sua liderança. Reestruturar o acesso de saúde quanto público e
privado. Percebe-se que deve haver um modelo de saúde, para resoluções e suporte em prol a
saúde coletiva, desse atual cenário fragilizado e com grandes entraves.

Levantando toda essa problemática eis uma questão: Como fica as escolas no cenário de
pandemia? Portanto, o professor está realizando um trabalho em um novo formato dinâmico, com
um ensino remoto, alterando toda uma realidade tradicional. Dessa forma, o processo de
escolarização tem uma nova ferramenta, sendo que em algumas instituições de ensinos superiores
já existiam, mas não dessa magnitude, abrangendo todas as escolas, essa emergência foi
fundamental para a docência porque saiu da sua mesmice, entrando para uma nova realidade
remota. Segundo a UNESCO (2020), o evento pandêmico, proporcionou vários acontecimentos
inesperados sobre a educação, não somente em território brasileiro, mas no mundo inteiro.
Provocando interrupção das atividades presenciais atingindo 191 países e 1,57 bilhões de
estudantes.
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Fazendo um recorte dessa realidade , observa-se que são desafios pedagógicos, essenciais
porque na vida educacional o professor tem que criar roupagens sobre o momento emergente,
criando possibilidades eficazes, para realizar um trabalho responsável e sólido. Professor, aluno
e família andando juntos, portanto, essa escolarização passou a ser dever de todos, essa
conjuntura é essencial comprometimento e responsabilidade com a educação. Portanto, nos leva a
uma reflexão em que todos têm que fazer o seu papel com autonomia e compromisso. O aluno
por sua vez nessa realidade emergencial é um protagonista, tendo a autonomia para interagir e
questionar, desenvolvendo ainda mais suas habilidades e seus ideais tendo aulas remotas.
Portanto, diante dessa realidade remota nas escolas e o compromisso escola e família, percebe-se
que esse contexto, não é vivido em todas as escolas ou tampouco nas famílias, existe uma
desigualdade que permeia no cenário educacional. Diante dessa indagação, a seguir:

Percebe-se que o ensino remoto, realça as desigualdades no cenário educacional, de


acordo com essa linha de pensamento: [...] a desigualdade de condições interfere,
inclusive, no esforço de estudar. Em um contexto no qual muitos alunos vão à escola
para comer, ter um silencioso cômodo da casa com computador para se concentrar é para
poucos. (HARTMANN; BOFF, 2020, n.p.)

De acordo com o contexto sobre a desigualdade, é nítido que o aluno com poder
aquisitivo baixo, ele não tem condições de estudar, como um aluno de escola particular. Analisa-
se que a escola pública deixa a desejar em se tratando de ensino e medidas sanitárias. Com
relação ao pressuposto levantado, a seguir:

O presidente do Sinepe, Bruno Eizerik, diz que escolas privadas são mais rápidas em
implantar medidas sanitárias, o que permite a retomada antes. [...].. “Entendo que o
Estado não tenha condições em implementar um protocolo em curto espaço de tempo.
Mas se a rede privada consegue implementar, seria injusto que esses alunos não voltem à
escola”. (HARTMANN; BOFF, 2020, n.p.).

Portanto é uma desigualdade gritante entre as escolas públicas e privadas, infelizmente, é


uma realidade vivenciada por várias décadas. Seria um tema para ressaltar e destrinchar em várias
páginas. Mas, os dois principais eixos discutidos são: o ensino remoto e o cenário pandêmico
com um olhar geográfico.

Portanto, a ideia de produzir o artigo com um olhar geográfico, levanta mais determinadas
questões sobre uma sociedade em um cenário pandêmico, no mundo todo, mas precisamente,
ressaltando o contexto sobre á problemática em território brasileiro, abordando o ensino remoto
emergencial, que futuramente irá se tornar em um fato geopolítico.

Portanto para conhecer a realidade da pandemia e ensino emergencial, desenvolveu-se um


trabalho de campo, no Colégio Batista Nova Sião, Senhor do Bonfim- BA, é um Colégio
particular, dados coletados através de questionários enviados por e-mail, de cunho qualitativo,
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com a professora e pais do aluno do 6°(sexto) ano,na
Reconecta faixaSão
Soluções, etária
Joséentre 11Preto
do Rio e 13–anos.
SP. Em seguida
ISBN:
conhecendo a problemática, discutiu-se, levantou-se questionamentos possibilitando um olhar
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sobre o ensino remoto e suas possibilidades.

METODOLOGIA
Os dados foram coletados por meio de livros de acordo com grandes teóricos Paulo Freire,
Rubem Alves, Milton Santos, entre outros. Em seguida realizou-se um trabalho de campo no
Colégio Batista Nova Sião, dados coletados com abordagem qualitativa através de questionários
foram enviados por e-mail para três correspondentes: Professora ,pai e mãe dos alunos do 6°
(sexto) ano para posteriores análises, contemplando resoluções e novos métodos. Tomando como
base metodológica a pesquisa bibliográfica e questionários de cunho qualitativo, através de
experiências empíricas sobre o ensino remoto, consequência do cenário pandêmico. Foram feitas
investigações sobre como a educação se encontra nesse cenário pandêmico e sua importância em
sociedade, logo em seguida realizou-se uma reflexão sobre o ensino a remoto e como os
professores estão usando essa nova metodologia para obter êxito nas aulas. Tendo como
propostas mudanças na educação para a construção do aluno em sua autonomia, ajudando-os em
uma dimensão sobre o momento vivido e outras vertentes, adquirindo ideias em temas abordados
através da aula pelo docente para que incite mais o pensamento do aluno e despertando-o também
em um ser crítico e protagonista de sua história. Dois focos analíticos: ensino remoto e o cenário
pandêmico com um olhar geográfico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
É um cenário desafiador para todos, a covid-19 causa perdas de vidas irreparáveis, em um cenário
de dor e luta pela vida. De acordo com (TÁVORA, 2020) analisa-se, um prejuízo
econômico, desigualdades sociais, tensão em se tratando de isolamento social, entre outras
problemáticas. Para possíveis análises sobre o entendimento referente ao cenário atual, discutindo
o tema, apontando diagnósticos, possibilitando ferramentas para minimizar a evolução da doença,
criar mecanismos que proporcionem soluções nas escolas e sociedade , diante da pandemia.
Portanto para surgir indagações a respeito do cenário atual da pandemia, coletamos dados
precisos,com abordagens qualitativa, questionários enviados por e-mail, para três respondentes
(professora, mãe e pai), dos alunos do 6°(sexto) ano, em colégio particular, na Escola Batista
Nova Sião, situado em Senhor do Bonfim-BA. Para sintetizar a temática, a seguir as questões
formuladas:

A senhora na condição de professora e o senhor de pai do aluno como está sendo essa
nova metodologia remota? Obteve-se que a professora e os pais não se sentiram preparados para
o uso das ferramentas remotas:

Realmente, está sendo um novo formato com ferramentas onlines, nos


adaptamos aos poucos, pois, é uma que não estávamos preparados,
saímos da zona de conforto da noite para o dia, confesso que deu um
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pouco de insegurança para administrar as aulas em plataformas que não


tenho intimidade.(professora).

Infelizmente não sei mexer em nenhuma ferramenta, mas estou buscando


aprender pois meu filho que é aluno do 6º ano no referido Colégio
Batista ele desempenha bem esses programas e observo que os
professores estão empenhados em dá o seu melhor. ( pai).

Portanto no cenário educacional estamos nos deparando com experiências inovadoras, que
é aprender a realizar aulas online, porque tem que haver um preparo e uma nova forma de
metodologia para atingir atenção do aluno e não permitir que as aulas fiquem monótonas
criando mais dinamismo. A missão do docente é construir possibilidades para a formação do
discente, no caminho para o saber. Portanto o professor tem que deixar aflorar no aluno a
capacidade de refletir e dialogar sobre temáticas cotidianas e existenciais acerca do cenário
pandêmico.

Nas aulas remotas a plataforma que foi adaptada é eficaz? Analisou-se que o Colégio
Batista, escolheu o zoom, uma ferramenta fácil e eficaz para as aulas remotas.

Sim. É o Zoom uma plataforma leve e tem um poder de interação (


professora).

Realmente a aula no zoom se desenvolve claramente, suprindo um


também um pouco a distância física ( mãe).

Diante desse contexto: Dias e Leite (2010, p. 83) “o sucesso de um curso depende
também do tipo de mídia e tecnologia e de como elas são utilizadas”. Daí a importância de o
educador conhecer seu aluno e planejar todo o conteúdo considerando mídias, tecnologias,
formas de acesso, familiaridade com o “ciberespaço”. Com relação a linha de pensamento,
correlacionando com o colégio sobre tecnologia em sala de aula percebe-se, que a escola
Batista, tem uma boa proposta aplicando uma plataforma fácil e adaptável para aulas remotas
atingindo objetivo que é dialogar com os alunos, passando dinamismo.

Os alunos estão respondendo as expectativas? Obteve-se que a proposta do ensino remoto


foi, correspondida para a maioria dos alunos teve aceitação, pois não estão com dificuldades,
mas existem ainda alunos com uma certa dificuldade, mas é minoria:

Estamos estimulando nas aulas remotas o diálogo com alunos, e a


maioria estão correspondendo as expectativas. ( professora).
Meu filho está com dificuldade de atenção nas aulas.( mãe).
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Ainda bem que meu filho não está com dificuldade, nas aulas remotas
mesmos porque ele adora plataformas digitais ( pai).

De acorde com as informações, a realidade no colégio Batista no 6º ano, existe uma


interação entre professores e alunos estimulam a criticidade do aluno, ter uma autonomia, incitar
a vontade de expor seus ideais e solucionar problemas existências, havendo uma troca de
comunicação. Portanto, diante dessa abordagem o professor além de incentivar, ele também tem
o dever de não descartar os fundamentos e a capacidade de pensar do aluno, mas, sim interagindo
com o mesmo e mostrando mais perspectivas e questões sobre o tema abordado. Sendo assim,
atualmente percebe-se que nas aulas online alguns alunos estão mais participativo. Diante dos
pressupostos a seguir:

“[...] a comunicação ilimitada entre professores e alunos é muito mais do que um recurso
para melhorar a aprendizagem. É uma estratégia de controle mútuo permanente e um
modo de aprender novos significados espaçotemporais e novas maneiras de ser e estar no
mundo” (SARAIVA, 2009b, p. 6).

Como é a relação de professor e família? Portanto, obteve-se respostas positivas, o


colégio, professor e família, estão contribuindo de maneira útil para a formação do aluno, ambos
se comprometendo:

Nós temos um vínculo muito bom, é necessário para a educação do


aluno. O comprometimento dos pais em parceria com a escola é um
dever, se tornando um trabalho de qualidades e possibilidades
(professora).

Eu tenho prazer de manter essa relação com a escola, não porque é


particular, mas sim é uma maneira de evolução em união (mãe).

A participação dos pais na escola, criando essa parceria com professores, deveria essa
realidade ser em todas as escolas públicas e privadas. De acordo com a lei 9394/96, estabelece
que a família tem um papel muito importante na educação dos filhos. E diante desse panorama
pandêmico percebe-se, que o papel da família tem uma grande significância, porque é realmente
um trabalho em conjunto e nenhuma das partes pode faltar nesse momento tão difícil.

Qual a sua percepção com relação ao contexto de pandemia? Diante das questões, obteve-
se, que a professora e mãe, diante das dificuldades pandêmicas, estão confiantes em dias
melhores, pois o momento está ajudando na transformação subjetiva de cada um, ou seja aluno,
professor e pais, criando uma autonomia:

Nesse, contexto desafiador que estamos vivendo, a educação por sua vez
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tem um papel fundamental, o educador tem que dinamizar a educação
por meio de processos desafiador como o ensino remoto, ajudando na
transformação do sujeito em ter uma perspectiva sobre a sociedade e sua
problemática, analisar situações, se tornar críticos, ser ousados em suas
ideias. Percebe-se que o ensino online é uma ferramenta eficaz para essa
realidade pandêmica, e a escola por sua vez deve nortear o aluno para o
novo normal e não ficando estáticos, e correlacionando saberes
científicos do cotidiano, pois torna-se essencial para o docente e
discente.(Professora)

Iremos sair dessa pandemia com outro olhar sobre tudo, eu tenho a
certeza de que o campo da educação vai criar novas possibilidades
(mãe).

Diante do exposto, educadores têm que estabelecer uma ponte entre conhecimentos
epistemológicos e conhecimentos empíricos. Percebe-se, que há uma abrangência de
conhecimentos, proporcionando segmentos com interfaces, enriquecendo o saber. De acordo com
Rubem Alves (1980) o educador tem que ser um jequitibá uma referência marcante e não
eucaliptos não duradouros e com a finalidade somente econômica.

Realmente é um momento atípico, mas temos que nos tornar dinâmicos, nós professores
temos que ter um desafio sustentar nossas responsabilidades com a educação, mesmo com a
pandemia. O professor tem que ser ousado, criando métodos para uma nova realidade existencial.
Diante dessa percepção cita-se:

Como professor crítico, sou um “aventureiro” responsável, predisposto à mudança, à


aceitação do diferente. Nada do que experimentei em minha atividade docente deve
necessariamente repetir-se. Repito, porém, como inevitável, a franquia de mim mesmo,
radical, diante dos outros e do mundo. Minha franquia ante os outros e o mundo mesmo
é a maneira radical como me experimento enquanto ser cultural, histórico, inacabado e
consciente do inacabamento. (FREIRE,1996,p.49).

De acordo com o autor o docente tem que sair da zona de conforto, somos seres em
construção, ou seja, em constante aprendizado e a educação por sua vez nos leva a esse caminho.
Portanto esse momento pandêmico, que estamos vivendo nos traz mudanças em todos os campos,
inclusive na educação, diante dessa realidade nós como mediadores do saber temos que nos
aventurar na construção de novas possibilidades, como o ensino remoto. Diante dessa proposição
a seguir:

(…) Todos aprendem juntos, não em um local no sentido comum da palavra, mas num
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espaço compartilhado, um “ciberespaço”, através de sistemas que conectam em uma
rede as pessoas ao redor do globo. Na aprendizagem em rede, a sala de aula fica em
qualquer lugar onde haja um computador, um “modem” e uma linha de telefone, um
satélite ou um “link” de rádio. Quando um aluno se conecta à rede, a tela do computador
se transforma numa janela para o mundo do saber. (HARASIM et al., 2005, p.19).

Portanto, a citação supracitada, apresenta uma resposta ao que estamos vivenciando,


sabemos logicamente que o cenário atual é atípico, proporcionando métodos novos de
aprendizagem, como o ensino remoto, estabelecendo uma conexão entre as pessoas. Portanto, o
ensino remoto dinamiza a educação, criando suporte eficaz e adquirindo um novo formato de
aprendizagem.

Diante dos pressupostos abordados sobre o cenário pandêmico , em todas as interfaces da


sociedade, sobre as três vertentes economia, educação e saúde estão interligados e
consequentemente ambas fragilizadas. Dessa forma, o momento requer cuidados em todos os
campos, governantes e sociedade possibilitando requisitos com condições para minimizar a
propagação do vírus covid-19 , temos o dever de distanciamento e dever de noções básicas de
saúde sendo fundamental para uma boa saúde. Governantes, devem criar possibilidades e
investimentos em um projeto sólido para possíveis resultados positivos em prol a sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
São tempos traumáticos e alguns irão sair bem dessa fase, porém outros ficaram com cicatrizes
diversas. Não temos a compreensão do momento em que estamos vivendo, realmente é um
cenário desafiador para todos os campos. Enfatizando sobre o campo educacional e da saúde
, professores, alunos e comunidade, têm que se adaptarem as ferramentas onlines na medida do
possível, temos que ter a consciência de que separados estamos mais unidos e o poder público
tem que dar suporte para saúde criando projetos e medidas de minimizar a pandemia.

Os professores se mostraram corajosos, pois, trabalhando em um novo formato. Mas essa


experiência foi primordial para todos, temos que ter em mente que o mundo é dinâmico, portanto
temos que nos atentar para esses episódios inéditos. Diante dessa abordagem com um olhar
geográfico sobre uma sociedade que enfrenta uma pandemia que abala todos os setores, 2020 foi
e será um ano histórico o mundo saiu de seu cotidiano, isolamento social, e outros agravantes que
mexeram na saúde também mental, na economia, entre outros agravantes. Pois vários brasileiros
ficaram desempregados, todos saíram da zona de conforto para enfrentar um inimigo invisível e
se adaptar a um novo normal. Como podemos definir o ano de 2020? Não sabemos, pois são
várias palavras para a definição de 2020!

BIBLIOGRAFIA
ALVES, Rubem. Conversas com quem gosta de ensinar. São Paulo: Cortez, 1980.
CONGRESSO NACIONAL DE PRÁTICAS EM ENSINO,
CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
Edição Remoto – 15 a 17 de Julho de 2021
Reconecta Soluções, São José do Rio Preto – SP.
ISBN:
https://www.reconectasolucoes.com.br/

BRASIL 2004. Ministério da Educação. Educação Inclusiva. Disponível em:


<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/afamilia.pdf>. Acesso 24/04/20.

DIAS, Rosilâna Aparecida; LEITE, Lígia Silva. Educação a Distância: da legislação ao


pedagógico. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2010.

CRARY, J. 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Ubu, 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia : Saberes necessários à prática educativa. São Paulo,
Brasil: Paz e Terra (Coleção Leitura), 1996. Edição de bolso.

HARASIM, Linda et al. Redes de aprendizagem: um guia para ensino e aprendizagem online.
São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.

HARTMANN, M.; BOFF, T. Aulas a distância aumentam fosso entre escolas públicas e
particulares. GAÚCHAZH, Porto Alegre, 17 maio 2020. Disponível em:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao-e-emprego/noticia/2020/05/aulas-a-distanciaaumentam-
fosso-entre-escolas-publicas-e-particulares-ckabhvddv006l015nlc5sjrpe.html. Acesso em: 25 jun.
2020.

SANTOS, Milton. Metarmofoses do espaço habitado: fundamentos teóricos e metodológicos da


geografia.2. ed São Paulo: Hucitec, 1991.124 p.

MELLO, G. et al.. A Coronacrise: natureza, impactos e medidas de enfrentamento no Brasil e no


mundo. Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica - IE/UNICAMP, Nota do Cecon,
n. 9, mar. 2020.

SARAIVA, K. Uma educação sem limites. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 32., 2009,
Caxambu. Anais […]. Caxambu: ANPED, 2009b. p. 1-14.

SARAIVA, K.; SANTOS, I. M. A internet nasce para todos. Textura, Canoas, n. 19-20, p. 51-
64, 2009.

TÁVORA, F. L. Impactos do novo coronavírus (Covid-19) no agronegócio brasileiro. Brasília:


Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado, n. 274, 2020.

UNESCO. UNESCO lança publicação com orientações sobre práticas educacionais abertas
durante a pandemia. 26 maio 2020. Disponível em: https://nacoesunidas.org/unescolanca-
publicacao-com-orientacoes-sobre-praticas-educacionais-abertas-durante-a-pandemia/. Acesso
em: 25 jun. 2020.
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QUAL O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO


INFANTIL EM TEMPOS DE PANDEMIA?

Rafaela Bruno Ichiba1, Cristina Araújo de Sousa2, Karen Cristina Pinheiro


Musetti3

Resumo

Este estudo teve o objetivo de identificar as mudanças em relação ao serviço


oferecido pelos centros de educação infantil durante o período de pandemia, em que as
instituições se encontram fechadas, como forma de diminuir o número de contágios pela
COVID-19. Os procedimentos metodológicos estão embasados no levantamento de
informações através de pesquisas bibliográficas em publicações online, notícias
midiáticas e a busca de dados em relatórios virtuais de instituições renomadas na área
da saúde e educação. Os principais dados demonstraram que as instituições infantis se
empenharam na busca de novas modalidades de atendimento com o suporte das
tecnologias digitais. No entanto, o serviço oferecido está longe de realmente atender as
necessidades do desenvolvimento infantil, acarretando em sobrecarga para famílias que
têm que cumprir a função anteriormente realizada pela escola. Assim como para os
professores, que acabam sendo sobrecarregados com a exigência de documentar o
serviço prestado como servidores públicos municipais.

Palavras-chave: Ambiente escolar. Desenvolvimento Infantil. Isolamento


Social. Ensino Remoto.

INTRODUÇÃO
Em março de 2020 as redes de ensino públicas e privadas no país suspenderam
temporariamente as aulas, como forma de contingência à pandemia do novo coronavírus
(COVID-19).
Segundo Ribeiro e Clímaco (2020), para a continuidade do processo de ensino e
aprendizagem, foram adotadas modalidades alternativas que incorporaram o ensino
remoto com aulas síncronas e assíncronas, durante o período de isolamento social.

Diante desse contexto social caótico, na Educação Infantil, o Parecer n.


5/2020 do Conselho Nacional de Educação (CNE) sugere que a orientação
para creche e pré-escola é que os gestores busquem uma aproximação
virtual d os professores com as f amílias, estreitando vínculos e sugerindo
atividades às crianças e aos responsáveis. O parecer enfatiza que as
1
Professora de Educação Infantil e Mestranda pela Universidade de São Paulo,
rafaela.ichiba@usp.br
2
Professora de Educação Infantil e Especialista em educação, criscazella@yahoo.com.br
3
Professora de Educação Infantil e Mestranda pela Universidade de São Paulo,
karen.musetti@usp.br
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soluções propostas pelas escolas e redes de ensino devem considerar que as


crianças pequenas aprendem e se desenvolvem brincando, prioritariamente.
(RIBEIRO, CLÍMACO, 2020, p.97)

Com o intuito de manter as atividades educacionais durante o período de


isolamento social, o município de São Carlos adotou o ensino remoto, no qual os
educadores tiveram que adaptar seus conteúdos para o formato online, regulamentado
pela instrução normativa nº 1 de 24 de junho de 2020.
As atividades online direcionadas aos alunos, apesar de todos os seus desafios e
entraves, foram implementadas como proposta de mitigar os prejuízos da ausência de
aulas presenciais, inclusive na Educação Infantil.
Segundo a Instrução Normativa do município, as vivências encaminhadas para
crianças de 0 a 3 anos, deveriam ser pautadas em um serviço pedagógico, oferecido
pelos educadores, objetivando oferecer e divulgar orientações e propostas de
intervenção para as famílias. Contendo atividades de estímulo às crianças, leitura de
livros pelos pais, brincadeiras, jogos, músicas infantis, todas essas atividades não
possuem caráter de obrigatoriedade, ou seja, os pais podem ou não realizá-las.
Dessa forma, o trabalho e os resultados dos professores fica intimamente
relacionado à participação dos pais das crianças pequenas, fato que tem dificultado
bastante o exercício docente na modalidade remota, sendo essa a principal queixa dos
professores atuantes.
Mas, se por um lado os professores têm essa dificuldade; do outro temos os pais
das crianças que estão com uma sobrecarga de atividades e que muitas vezes não dão
conta de mais essa função. Outro dado observado nas interações remotas sobre a
participação dos familiares na vida escolar das crianças é que na sua maioria são
mulheres (mães) que se ocupam dessa função.

Apesar das conquistas femininas, o cuidado dos filhos e da casa continuam,


ainda, sendo exercidos principalmente e em grande parte pelas mulheres. De
acordo com o feminismo materialista, circula, em nossa sociedade, a crença de
que a mulher, por conta de supostas qualidades inatas, estaria melhor
capacitada, do que o homem, a cuidar dos filhos e realizar as tarefas
domésticas.(VISINTIN, AIELLO-VAISBGERG,2017, p. 10)

Os autores Visintin, Aiello-Vaisbgerg (2017), ressaltam que a sobrecarga


que às mulheres possuem na sociedade contemporânea gera sofrimentos emocionais
profundos e a pandemia vem aumentando ainda mais essa carga. No caso de mulheres
“mães solo”4, essa sobrecarga é ainda maior, segundo Vaz (2021):

Ademais, com o impacto da pandemia que atingiu o mundo causada pela crise
generalizada da saúde e economia causada pelo vírus COVID-19, tais
mulheres que antes podiam contar com escolas e/ou creches para auxiliá-las
nesse processo exaustivo de multitarefas, se viram desamparadas, mas ainda na

4
O termo “mãe solo” denomina não só a mulher que é mãe e está solteira, mas todas mulheres
que precisam cumprir as múltiplas funções de educar, suprir financeiramente, prover afeto e criar a
criança, sendo total e unicamente responsáveis por seus filhos.
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necessidade de cumprir as mesmas funções, acrescidas de ficar com os filhos


diariamente. (VAZ, 2021, p.02)

Diante de toda complexidade do cenário apresentado, o presente estudo


irá tratar a respeito de reinvenções e deslocamentos diante da quarentena para a
Educação Infantil, nas quais se pautam pelo direito à educação e ao desenvolvimento
infantil integral, ao mesmo tempo em que restringem o direito ao convívio com seus
pares.
O atual contexto imposto pelo isolamento social torna evidente como a relação
das famílias e da escola, sugerem práticas atuais deficientes em relação à manutenção e
formas de garantir o direito do atendimento da criança, em meio a um contexto de
excepcionalidade. Dessa forma, o presente estudo pretende refletir sobre a função social
das creches e pré-escolas, no sentido de instrumentalizar e direcionar às famílias para
relações mais humanizadas e solidárias que realmente possam contribuir com o
desenvolvimento infantil.

DESENVOLVIMENTO

Desde março de 2020, o município de São Carlos-SP, assim como outras cidades do
Brasil, está tendo que lidar com o fechamento de escolas, decorrente de uma nova
pandemia causada por um vírus ainda pouco conhecido e bastante nocivo para a vida
das pessoas.
Agora no começo do ano de 2021, algumas escolas estaduais voltaram a
trabalhar com um número reduzido de alunos, no entanto as instituições de Educação
Infantil (em São Carlos) ainda não retornaram. Algumas particularidades do
atendimento dessa modalidade de ensino acarretou na opção do não-retorno presencial.
Entre esses motivos destacam-se:
● Dificuldade de manter o distanciamento social em crianças pequenas e muito
pequenas.
● Dificuldade do professor manter distância das crianças, em uma fase que o afeto
e o acolhimento é essencial para a adaptação da criança.
● Dificuldade em garantir os protocolos sanitários.

O fato é que as instituições de Educação Infantil têm características próprias que


as diferenciam das outras etapas de escolarização, isso se dá pelo fato de que as
dimensões do educar e do cuidar, próprias da função do profissional que atua com
crianças pequenas, podem ser consideradas ações que assinalam uma especificidade do
trabalho na Educação Infantil, que inviabiliza qualquer ação fundamentada pelo
“distanciamento social”.
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Nesse sentido, como acalmar um bebê de poucos meses de vida que nunca teve
contato com a escola e está assustado e chorando, sem tocá-lo? Além disso, levando em
conta que os professores estariam usando todos os EPI’S (Equipamentos de proteção
individual) para o coronavírus, como isso seria visto pela criança? O professor com
rosto e corpo quase que totalmente cobertos, se não assustar as crianças pequenas, irá no
mínimo tornar essa adaptação ao ambiente escolar mais difícil e impessoal.
Além disso, o uso de máscaras não é recomendado para crianças menores de 2
anos por existir o risco de sufocação, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria
(SBP), a Academia Americana de Pediatria (AAP) e do Centro de Controle e Prevenção
de Doenças (CDC). Fato que inviabiliza a garantia de que as crianças não possam ser
contaminadas e inclusive serem veículos de transmissão para o coronavírus.
Outra questão que dificulta a garantia dos protocolos sanitários na Educação
Infantil, se dá pelo número reduzido de funcionários responsáveis pela limpeza, esse
último aspecto levantado de ordem administrativa também corrobora para a
inviabilidade de um retorno presencial em instituições que atendem crianças pequenas.
Diante do fechamento das escolas, educadores tiveram que refletir e desenvolver
práticas que sejam coerentes com as concepções dos documentos norteadores da
Educação Infantil, utilizando os meios digitais para a aproximação com as famílias, um
desafio grande para um segmento que nunca sequer pensou nesse tipo de interação com
crianças pequenas.
Isso pelo próprio fato de que a Organização Mundial de Saúde (OMS), não
aconselha a exposição de crianças menores de 2 anos a qualquer tipo de tela. Nesse
sentido Ribeiro e Clímato (2020) discorrem que:

Por outro lado, há inúmeras questões que discutem o acesso da E.I. à utilização
de tecnologias, visto que crianças pequenas não devem ser longamente
expostas às telas e carecem de maior autonomia para estar com aparatos
tecnológicos, geralmente, por isso, dependem da companhia de adultos
responsáveis, nunca sozinhas. (RIBEIRO, CLÍMACO, 2020, p.97)

Muitos autores relatam essa preocupação com os efeitos negativos que a


exposição prolongada possa causar às crianças pequenas, entre esses Santos e Barros
(2017) afirmam que a exposição da criança pequena às telas (computador, tablet, TV e
celulares) podem acarretar em atrasos de desenvolvimento da aprendizagem resultando
em piores performances física, comportamental e cognitiva.
Indubitavelmente a convivência é um fator de extrema importância para o
desenvolvimento infantil.

...é imprescindível que os professores compreendam a importância da


brincadeira e suas implicações para organizar o processo educativo de modo
mais positivo, contribuindo para o desenvolvimento das crianças (QUEIROZ
et. al 2006, p. 80)
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E por mais que educadores se empenhem em repensar e replanejar suas práticas


para o contexto de aulas remotas, sem a convivência nenhuma prática educativa estará
completa.
É importante lembrar ainda que a Lei de Diretrizes e Bases (1996), não prevê a
utilização do sistema de ensino EaD na Educação Infantil, nem em casos emergenciais
de pandemia, como faz para com o Ensino Fundamental de acordo com o Art. 32, § 4:
"O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como
complementação da aprendizagem em situações emergenciais." A Lei reforça a
necessidade do ensino presencial, resguardando aspectos sociais e psicopedagógicos do
desenvolvimento das crianças,deixando claro que a modalidade de ensino à distância,
deverá ser utilizada apenas como complementação da aprendizagem. Nesse sentido
alguns autores são categóricos em não aceitar essa proposta de atendimento emergencial
como forma de se manter o serviço na Educação Infantil:

O Ensino a Distância para as crianças pequenas é ilegal na sua esfera


constitucional e fere as culturas infantis tradicionais e contemporâneas, que
devem ocorrer através das brincadeiras da tradição oral, situações práticas e
lúdicas de aprendizagem. (BARRETO, LIMA, ROCHA, 2020, p. 78-79)

Mesmo sabendo que o ensino remoto não supriria as demandas de formação e de


desenvolvimento infantil, várias instituições de ensino por todo território nacional
aderiram a esse recurso, sob o discurso de mitigar os prejuízos da falta de aulas
presenciais e também de justificar o pagamento de professores nessa função.
Diante das mudanças na rotina de trabalho dos professores, alguns docentes
relatam sobrecarga e exaustão devido às novas demandas exigidas: “A pandemia traz à
tona antigos problemas de jornadas de trabalho excessivas e sobrecarga mental já
enfrentados pelos professores brasileiros” (FLORES, 2020, p.01).
Em São Carlos essa realidade não é diferente, os professores tiveram que
readaptar suas aulas para a modalidade remota, tendo que aprender a manusear diversos
recursos tecnológicos sem nenhuma formação/capacitação prévia. Além disso, têm que
cumprir uma agenda de compromissos virtuais que vão desde a preparação de aulas e
materiais de apoio para o ensino remoto, atendimento aos alunos e familiares,
participação de reuniões em plataformas digitais com a direção escolar e professores e
ainda participar de lives; tudo isso controlado por listas de presença e gravações.
O domínio de habilidades informáticas se mostrou necessário para auxiliar os
docentes em determinadas tarefas mais simples, burocráticas e operacionais; como por
exemplo:O preenchimento de fichas de Horário de Trabalho Pedagógico Individual
(HTPI), Relatórios Semanais Home Office e a participação no Horário de Trabalho
Pedagógico Coletivo (HTPC) das escolas e para assinar listas de presenças em lives.
Com isso é possível verificar que o fechamento das escolas e a paralisação das
atividades presenciais, não significou o fim das atividades educativas ou do trabalho dos
professores, que tiveram que traçar novas estratégias para atender a nova realidade do
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distanciamento social e ainda justificar os seus salários por meio de


mecanismos/ferramentas de controle digitais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As instituições de Educação Infantil, diante do atual cenário podem e devem sim


contribuir com sugestões/orientações aos pais/mães para o desenvolvimento de
atividades lúdicas para serem realizadas com as crianças em seus lares. Sem se perder
de vista às diretrizes propostas nos documentos que norteiam a Educação Infantil, ou
seja, às atividades propostas devem se fundamentar em brincadeiras e na convivência
familiar, em estreitar laços afetivos e não em aulas conteudistas que pouco colaboram
com o desenvolvimento psicológico e emocional das crianças.
Terminamos aqui ressaltando que o trabalho do professor em tempos de
pandemia e isolamento social é uma docência exausta e preocupada, que tenta por todos
os meios acertar e inovar com estratégias de enfrentamento para a situação vivida; mas
que caminha por terrenos incertos sem ter ideia do tempo que permanecemos nessa
situação.
Imersos nessa incerteza é que todos os professores seguem com suas rotinas de
trabalho remoto, buscando fazer o melhor dentro das possibilidades que têm,
enfrentando julgamentos diversos e sem garantia de reconhecimento pelo seu trabalho.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Prefeitura Municipal de São Carlos e em especial o CEMEI


Deputado Vicente Botta, por nos proporcionar a oportunidade de melhorarmos cada dia
mais como profissionais da educação. Agradecemos à Universidade de São Paulo por
todo ensinamento que nos trouxe até aqui e agradecemos ainda nossos alunos que
foram, que são e os que ainda serão… pois é por eles que nos esforçamos todo e a cada
dia em ser melhores docentes.

REFERÊNCIAS:

BARRETO, Andreia, LIMA, Marileide, ROCHA, Danielle. Educação infantil


em tempos de covid-19. 2020. Disponível em:
https://periodicos.ufes.br/ipa/article/view/33597 Acesso em: 10/04/2021.

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de dezembro de 1996. Brasília: 1996.
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FLORES, Natalia. Pandemia intensifica a sobrecarga de trabalho do


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reche-durante-a-pandemia-covid-19 Acesso em: 20/06/2021.

VISINTIN, Carlos Del Negro; AIELLO-VAISBGERG, Tânia Maria José. Maternidade


e sofrimento social em mommy blogs brasileiros. 2017 . Disponível em
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-3687201700020000
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A EDUCAÇÃO FÍSICA REMOTA DURANTE O PERÍODO


PANDÊMICO

Karen Cristina Musetti1, Rafaela Bruno Ichiba2, Cristina Araújo de Sousa3

Resumo
O presente estudo buscou analisar a importância da Educação Física para o
desenvolvimento infantil, em um contexto pandêmico e de fechamento das escolas. No
processo de educação remota há vários desafios para os professores e nesse momento de
afastamento social e aulas on line isso se intensificou ainda mais, principalmente no
contato inicial dos alunos com a disciplina de Educação Física no formato EaD ou com
número reduzido de crianças no caso de escolas estaduais que retornaram com as
atividades educativas de forma parcial. Para auxiliar e direcionar essa prática educativa
é que se pensou em conciliar os ambientes urbanos naturais (ao ar livre) e a prática de
esportes. Por meio de uma revisão bibliográfica criteriosa, iremos trazer contribuições
teóricas que relacionam os aspectos da formação integral da criança; além de promover
o hábito da prática das atividades físicas para uma vida saudável.

Palavras-chave: Educação Remota. Adaptação de aulas. Exercícios Físicos. Ambientes


Naturais Externos.

1
Mestranda pela Universidade de São Paulo, karen.musetti@usp.br
2
Mestranda pela Universidade de São Paulo, rafaela.ichiba@usp.br.
3
Especialista em Educação, criscazella@yahoo.com.br.
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INTRODUÇÃO
Os anos de 2020 e 2021, ficaram marcados por um período de muitas mudanças e
adaptações no âmbito educacional, os profissionais de Educação Física, assim como de
outras áreas, tiveram que lidar com o desafio inédito imposto pela pandemia da
Covid-19: o distanciamento social.
Segundo Silva et al. (2021), os esforços em tentar garantir que alunos consigam
participar das propostas educativas envolvendo atividades físicas no atual contexto de
isolamento social, é bastante problemático, já que as atividades necessitam respeitar
protocolos sanitários rígidos, que acarretam em atividades solo ou restritas às pessoas
que já convivem na mesma casa.
Refletir sobre as dificuldades e possibilidades nesse novo cenário, inclusive nas
aulas de Educação Física consiste na luta em consolidar no currículo escolar o espaço e
a importância da disciplina na formação do educando e na manutenção de um estilo de
vida mais saudável.
A Educação Física escolar pode potencialmente contribuir em aspectos
relacionados à formação geral como o desenvolvimento motor, afetivo, social e
cognitivo, além de incentivar o hábito da prática das atividades físicas como ato
indispensável para uma vida saudável, (GOLDNER, 2013).
No atual contexto os professores se viram obrigados a usar de novas tecnologias
para dar continuidade nas atividades educativas/físicas, levando ao remodelamento do
formato de suas aulas e na incorporação de novas estratégias mediadas pelas
plataformas digitais, (SILVA et al., 2021).
Neste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica para a elaboração de uma
abordagem pedagógica que busque expandir conhecimentos para adaptação de aulas
para o contexto de distanciamento social para os alunos nas aulas de Educação Física.

DESENVOLVIMENTO
A Educação Física é uma disciplina obrigatória no currículo educacional estabelecido
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996). Tendo em vista sua
obrigatoriedade, quando em 2020 houve o fechamento das escolas, todas as disciplinas
curriculares tiveram que ser remodeladas para o formato remoto, incluindo a Educação
Física.
Dentro das limitações e novas rotinas impostas pela pandemia do Novo
Coronavírus, os professores de Educação Física tiveram que pensar em adaptar suas
aulas para um formato digital, até então pouco experienciado no ensino regular.
Em atendimento ao isolamento social o ensino remoto passou a ser utilizado
como forma de mitigar os prejuízos sociais do fechamento das escolas, no município de
São Carlos o ensino remoto foi regulamentado pela instrução normativa nº 1 de 24 de
junho de 2020, publicado em Diário Oficial.

Nesse sentido, a aplicação das tecnologias da informação e da comunicação


(TIC 's), vêm mediando os processos de ensino e aprendizagem no município. Para as
aulas de Educação Física em específico os alunos tiveram que ser motivados à prática
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de atividades físicas em ambiente domiciliar, utilizando diversos métodos inerentes às


práticas físicas.
Apesar da valorização das TIC 's no ensino ser uma realidade crescente nos
últimos anos, as adversidades provenientes da pandemia contribuíram para a
intensificação de seu uso, (OLIVEIRA et al., 2020).
Tanto crianças como adolescentes utilizam com relativa facilidade as diversas
mídias digitais para pesquisas, aprendizagens diversas e até mesmo como forma
recreativa. Dados retirados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da
Sociedade da Informação (CETIC, 2019), evidenciaram o aumento do uso da internet
entre crianças e jovens em geral em 2019 (Figura 1).

Figura 1: Uso da internet entre jovens e crianças no ano de 2019

Fonte: https://cetic.br/

Sendo as novas tecnologias tão presentes na sociedade contemporânea, a


Educação Física também deve acompanhar esse processo de informatização para a
promoção de práticas corporais e atividades físicas:

O professor de EF não deve esquecer-se da parte prática da aula, e deve


encontrar maneiras de utilizar as TIC de forma que contribuam no
desenvolvimento de suas aulas, motivando e incentivando a participação dos
alunos e da utilização da ferramenta na pesquisa de modalidades esportivas
não praticadas em ambiente escolar. (OLIVEIRA et al. 2020, p.04)

Segundo Lima (2021), o contexto pandêmico trouxe a imposição de se utilizar


aspectos relativos às TIC 's. Refletir o uso dos recursos tecnológicos em uma disciplina
que nunca se pensou ser mediada por mídias digitais é um grande desafio para os
educadores físicos:

[...] utilizar-se das tecnologias digitais nas aulas de EF, é uma grande
possibilidade, pois se torna evidente sua influência no âmbito da cultura
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corporal de movimento, abre possibilidades a diversas práticas corporais,


reproduzindo-as, e também as transformando e constituindo novos modelos de
consumo (MELO; BRANCO; 2011, p. 2993).

Cabe ao professor entender que as reações diante de um ambiente tecnológico


novo e estímulos diferentes podem acarretar na dificuldade e até mesmo recusa em
desenvolver as atividades propostas pelo professor no ensino remoto.
Apesar da importância do isolamento social para a diminuição do contágio de
Covid-19, as orientações sobre a forma com que deve ocorrer a continuidade das aulas
no modelo remoto não seguem uma diretriz comum. Fato que confere grande
insegurança aos professores para dar sequência às atividades educacionais.
Acostumados com aulas presenciais, professores precisaram se adaptar para
realizar aulas online, utilizando mais a inclusão das TIC’s, substituindo o ambiente
escolar por outros ambientes diversos como o domiciliar e áreas externas. Nesse aspecto
as ferramentas digitais garantiram a interação/comunicação nessa nova realidade aos
professores e alunos, (PASSINI et al., 2020).
Assim, as aulas tradicionais de Educação Física coletivas foram substituídas por
gravações de vídeo do professor, na ausência de recursos materiais específicos os
professores solicitaram que fossem utilizados itens de casa para auxiliar com a
continuidade do aprendizado dos alunos e com a prática regular de atividade física.
Um dos objetivos da Educação Física é integrar os alunos, auxiliando o
desenvolvimento de aspectos relacionados à formação geral dos indivíduos, visando
também o hábito da prática das atividades físicas como sendo indispensáveis para a
manutenção de uma vida saudável, (SORATO et al., 2008).
Para que isso seja possível no atual momento de isolamento social, as propostas
de vivências devem levar em conta as necessidades educacionais de desenvolvimento
dos alunos e das recomendações sanitárias de distanciamento social (Figura 2):

Figura 2: Recomendações para atividades físicas durante a pandemia.

Fonte: https://saudebrasil.saude.gov.br

A Educação Física escolar é uma disciplina que faz parte do currículo básico e a
participação de todos os alunos é fundamental para o bom desempenho da aula e para
que ela possa contribuir com o seu desenvolvimento afetivo, psicomotor e cognitivo. As
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atividades propostas pelos professores de Educação Física no ensino remoto devem


estimular os alunos a manter uma rotina fisicamente ativa, incentivando “o
desenvolvimento integral do estudante, no viés do corpo em movimento, com o brincar
como princípio educativo aliado à formação em valores éticos, cidadãos e de cuidado
com a saúde individual e coletiva” (MARISTA,2020, p.07).
Outro aspecto relevante que cabe salientar é o de que a prática de exercicios
físicos no atual contexto pandêmico é potencialmente uma maneira de fortalecer e
preparar o sistema imunológico para possíveis patógenos como o coronavírus. Nesse
sentido, Nogueira et al. (2020) reverbera que:

A realização de exercícios físicos. regulares de intensidade moderada a


vigorosa, segundo as diretrizes do Colégio Americano de Medicina do Esporte
(ACSM), irão: melhorar as respostas imunológicas à infecções; diminuir a
inflamação crônica de baixo grau e melhorar os marcadores imunológicos e
inflamatórios em vários estados de doenças, incluindo câncer, HIV, doenças
cardiovasculares, diabetes, comprometimento cognitivo e obesidade (21,23).
(NOGUEIRA et al. 2020, p. 03)

As propostas de vivências encaminhadas aos alunos no ensino remoto, devem


considerar a orientação para práticas físicas tendo em vista as limitações dos espaços
domiciliares, a possibilidade ou não da utilização de ambientes externos naturais, bem
como a falta de recursos materiais específicos. Cabe aos professores não perder de vista
que a manutenção das práticas corporais é importante para a aquisição de uma vida mais
saudável.
Essas atividades de Educação Física propostas, podem ser realizadas em forma
de jogos e brincadeiras, de forma lúdica e em ambientes externos ao ar livre. Dessa
maneira pode potencialmente despertar o prazer da criança para sua prática, sendo
fundamental que o professor tenha o conhecimento sobre as condições do aluno para o
qual irá propor as atividades.
No caso de aulas remotas quem irá efetivamente realizar as atividades com o
aluno é a própria família, por esse motivo é importante que todos os membros da
família estejam envolvidos nas atividades escolares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo buscou analisar a elaboração de uma abordagem pedagógica nas aulas
de Educação Física em meio ao contexto de isolamento social, buscando conhecimentos
sobre as diversas formas de adaptação de aulas propostas nesse novo cenário.
Para que os alunos possam participar e interagir socialmente das propostas
remotas de aulas de Educação Física a parceria com as famílias é indispensável, pois
mesmo que o atual momento não permita que o convívio social seja realizado de forma
mais profunda, deve-se aproveitar para estreitar laços familiares.
A prática da Educação Física domiciliar pode auxiliar na promoção da sensação
de bem estar, sobretudo nesse momento de isolamento social que é comum crianças se
queixarem de “estar cansadas de ficar em casa”. Explorar ainda ambientes externos
pode ser uma forma eficiente de incentivar a prática de atividades físicas e manter as
recomendações sanitárias de distanciamento social.
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Assim, é importante pensar sobre os referenciais teóricos que subsidiem as


práticas dos professores sobre o uso das TIC 's nas aulas de Educação Física, além de
planejar atividades que visem desenvolver competências da disciplina de Educação
Física agregadas ao uso de novas tecnologias.
Por isso, o professor contemporâneo precisa estar dotado de um espírito
inovador e buscar conhecimentos para propor atividades que sejam realmente
significativas e que levem em conta as adversidades vividas.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Universidade de São Paulo por todo ensinamento que nos trouxe até
aqui e agradecemos ainda nossos alunos que foram, que são e os que ainda serão… pois
é por eles que nos esforçamos todo e a cada dia em ser melhores docentes.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.

FERREIRA, Silvânia Feitosa.. SANTOS, A. G. M. Dificuldades e desafios durante o


ensino remoto na pandemia: um estudo com professores do município de
queimadas – pb. Revista Científica Semana Acadêmica. Fortaleza, 2021. Disponível
em:
https://semanaacademica.com.br/artigo/dificuldades-e-desafios-durante-o-ensino-remot
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Acesso em: 29/06/2021.

GOLDNER, Leonardo J. Educação Física e saúde: Benefício da atividade física para


a qualidade de vida. 2013. Disponível em:
https://cefd.ufes.br/sites/cefd.ufes.br/files/field/anexo/leonardo_goldner_-_educacao_fis
ica_e_saude_beneficio_da_atividade_fisica_para_a_qualidade_de_vida.pdf Acesso em:
25/05/2021.

GOVERNO DO BRASIL, Como fica a prática de atividade física durante a


pandemia de Coronavírus? Disponivel em:
https://saudebrasil.saude.gov.br/eu-quero-me-exercitar-mais/como-fica-a-pratica-de-ativ
idade-fisica-durante-a-pandemia-de-coronavirus Aceso em: 01/05/2021.

LIMA, José Maria Maciel. A inserção das novas tecnologias digitais na educação em
tempos de pandemia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento.
2021. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/a-insercao
Acesso em: 03/06/2021.

MELO, S. C.; BRANCO, E. S. O uso das tecnologias de informação e comunicação


nas aulas de Educação Física. In: Congresso Nacional de Educação-EDUCERE,
Curitiba, 2011.
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NOGUEIRA, C. J., CORTEZ, A.C.L., LEAL OLIVEIRA S. M., DANTAS E. H.. M.


Precauções e recomendações para a prática de exercício físico em face do
COVID-19: uma revisão integrativa. Disponível em:
https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/download/504/637/656 Acesso em:
06/07/2021.

OLIVEIRA, Tálita Regina Henrique de; FERREIRA, Verônica Moreira Souto; SILVA,
Maria Ivonaide Félix Duarte da. Desafios em tempos de pandemia: o ensino remoto
emergencial da Educação Física no Ensino Fundamental. 2020. Disponível
em:https://cietenped.ufscar.br/submissao/index.php/2020/article/download/1272/946/
Acesso em: 21/06/2021.

PASSINI, Carlos G. D., CARVALHO, Elvio de, ALMEIDA, Lucy H. C. A educação


híbrida em tempos de pandemia: algumas considerações. 2020. Disponível em:
https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/820/2020/06/Textos-para-Discussao-09-Educaca
o-Hibrida-em-Tempos-de-Pandemia.pdf Acesso em: 29/06/2021.

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS. Instrução normativa nº 1 de 24 de


junho de 2020, Disponível em:
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REZER, R. FENSTERSEIFER, P.E. Docência em Educação Física: reflexões acerca


de sua complexidade. Revista Pensar a Prática. Goiás: UFG, 2008.

SORATO, Maurício; HUF, Tânia; MIRANDA, Simone de. A importância da


educação física escolar. 2008. Disponível em:
https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2009/3484_2122.pdf Acesso em: 04/05/2021.

SILVA, A. J. F. da, SILVA, C. C. da, TINÔCO, R. de G., VENÂNCIO, L., SANCHES


NETO, L., ARAÚJO, A. C. de. Desafios da educação física escolar em tempos de
pandemia: notas sobre estratégias e dilemas de professores(as) no combate à
covid-19 (sars-cov-2). Cenas Educacionais, 2021 Disponivel em:
https://revistas.uneb.br/index.php/cenaseducacionais/article/view/10618 Acesso em:
21/06/2021
TIC Kids Online Brasil 2019 – Apresentação dos principais resultados para a
imprensa. 2019. Disponível em: https://cetic.br/pesquisa/kids-online/ Acesso em:
15/06/2021.
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PRODUÇÃO DE BIODIESEL COMO AGENTE DA


TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO

Éder Belém Guedes1, Bárbara de Oliveira Tessarolli2, João Pedro Ponciano3, Rafael
Capobianco Rizzi4

Resumo
O presente trabalho compõe o relato de uma experiência de aprendizagem pautada no
ensino por investigação, cujo caminho didático consistiu no desenvolvimento de
competências sobre as transformações químicas envolvidas nos processos de obtenção de
novos materiais de origem orgânica, em especial por meio das reações de
transesterificação, analisando quais os seus impactos socioambientais. A iniciativa foi
empreendida com uma turma de alunos do terceiro ano do Ensino Médio, passando pelas
etapas de pesquisa e realização de prática experimental, em que foi produzido biodiesel a
partir do óleo de soja reutilizado. O trabalho contou com estratégias para explorar a
interdependência entre ciência e meio ambiente, desvelando a contribuição na formação
de cidadãos críticos e reflexivos, além de quebrar o paradigma do ensino tradicional, com
um mecanismo alternativo de transposição didática.

Palavras-chave: Transposição didática. Biocombustível. Ensino por investigação.


Química orgânica.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho fundamentou-se em uma atividade prática experimental, a qual serviu


de matriz para o desenvolvimento de diversas estratégias didático-pedagógicas para a
apropriação de competências acerca das reações da Química Orgânica, em especial as
reações de transesterificação.
A ação desenvolvida lança mão do método do ensino por investigação como forma
de transposição didática. A transposição didática é uma expressão consolidada por
Chevallard (2013) como a passagem do conhecimento, na forma de um instrumento, para
o conhecimento como algo a ser ministrado e assimilado.
A postura construtivista, disseminada nos últimos trinta anos, tem como marco
central a participação do aluno no processo de construção do conhecimento e
o professor como seu mediador ou facilitador, valorizando a participação ativa
do estudante na resolução de situações problemáticas, possibilitando-o a
predizer respostas, testar hipóteses, argumentar, discutir com os pares,
podendo atingir a compreensão de um conteúdo (SUART; MARCONDES,
2009, p.51).

1
Mestre, Programa de Pós-Graduação em Ensino e Processos Formativos – Unesp, eder.guedes@unesp.br
2
Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais – Unesp,
barbara.tessarolli@unesp.br
3
Graduando em Licenciatura em Química – Unesp, j.ponciano@unesp.br
4
Licenciado em Ciências Biológicas – Unesp, rafael.capobianco@unesp.br
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A experimentação com abordagem investigativa propõe o posicionamento do


aluno como sujeito ativo e propositor de soluções para situações-problema previamente
elaboradas. A eficiência desse método é pautada em uma gama de pesquisas, que relatam
a sua eficácia no desenvolvimento da educação científica, em especial nos aspectos
relativos à elaboração de hipóteses, estimativas e previsões, as quais compõem
habilidades específicas das Ciências da Natureza e suas Tecnologias evidenciadas na
proposta da BNCC (BRASIL, 2018).
Rodrigues e Borges (2008, p. 3) colaboram dizendo que “a elaboração de um
conhecimento científico depende também da influência do coletivo de pensamento e não
apenas do pesquisador e da sua capacidade de interpretar um dado empírico”. Deste
modo, colocar em pauta discussões em que se possam estabelecer ações colaborativas
podem contribuir para o desenvolvimento de ações de ensino e aprendizagem.
Ausubel (1976) aponta que, na organização do ensino, o desencadeamento de
ideias abrangentes e a conseguinte diferenciação progressiva dentro de suas
especificidades é um possível caminho. Deste modo, a noção crítica sobre a poluição
causada pela utilização de combustíveis fósseis se faz um nicho de vasta aplicação
didática, uma vez que os assuntos concernentes às competências relacionadas à Química
Orgânica abrangem desde a origem desses combustíveis até a sua transformação por meio
da combustão.
É consenso na sociedade, que alternativas para atenuar os efeitos provocados pelo
uso desordenado dos combustíveis fósseis devem ser estruturadas. Surgem então
alternativas, como a Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, que dispõe sobre a
introdução do biodiesel na matriz energética brasileira. Em seu artigo 6º, inciso XXV,
diz: biodiesel é um “biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores
a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento para geração
de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de
origem fóssil” (BRASIL, 2005).
O óleo de soja comum tem larga utilização doméstica e é um recurso promissor
na obtenção de biodiesel, pois pode ser reutilizado após se tornar inservível na cozinha
de qualquer residência. Assim, os alunos tiveram condições de obter nas suas próprias
casas a matéria-prima para a produção do biocombustível.
A turma com a qual este trabalho foi realizado já detinha os conhecimentos sobre
as funções da Química Orgânica e, recorrentemente, questionavam-se sobre a utilidade
deste saber para além dos muros da escola. Mesmo que a construção dos conceitos acerca
desse tema tenha passado por estratégias contextualizadoras, é comum os estudantes
protestarem frente à quantidade e peculiaridade das nomenclaturas estudadas. Deste
modo, ao menor sinal de possibilidade, trazer à tona condições que permitam a
problematização torna-se um recurso de extrema riqueza.
Os alunos em questão, participantes de uma turma do terceiro ano do Ensino
Médio, sempre se mostraram bem envolvidos com temas de interesse da sociedade e,
desde os estudos sobre os hidrocarbonetos (parte introdutória da Química Orgânica),
trouxeram questionamentos a respeito dos malefícios da queima de combustíveis fósseis.
Tendo em vista a interdependência entre ciência e meio ambiente, a necessidade
da formação de uma consciência voltada para a sustentabilidade e a primordialidade em
formar um cidadão crítico, reflexivo e interventor, a produção de biodiesel como tema
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norteador de uma atividade investigativa e como mecanismo de transposição didática se


mostrou uma estratégia de extrema viabilidade.

OBJETIVO

Apresentar um relato de experiência envolvendo a transposição didática no ensino


por investigação.

DESENVOLVIMENTO

Os trabalhos tiveram início com uma roda de conversa sobre a utilização dos combustíveis
no cotidiano das pessoas, por meio da qual os alunos foram mobilizados quanto ao tema.
A discussão foi planejada com base em dois momentos sequenciais, os quais foram
norteados pelas temáticas: Como a utilização de combustíveis fósseis interferem no
contexto coletivo; A necessidade de alternativas e tecnologias energéticas mais
sustentáveis. Para o princípio da discussão, os estudantes foram questionados sobre a
forma como eles vinham para a escola, se de ônibus, van, automóvel particular ou
bicicleta.
Dando continuidade, a discussão foi conduzida para o contexto coletivo, momento
em que os alunos foram questionados sobre a emissão de poluentes provenientes dos
meios de transporte utilizados por eles, bem como sobre a não emissão de poluentes por
aqueles que responderam que vinham de bicicleta.
Já se havia concluído os estudos sobre o petróleo e os seus processos de
fracionamento por meio da destilação fracionada, situação que demonstrava que os alunos
já detinham conhecimento sobre a emissão de gases provenientes da queima de
combustíveis, em especial os combustíveis fósseis. O trabalho nesta etapa foi de
rememoração dos assuntos já estudados.
Foi possível nesta fase da discussão, distinguir um combustível fóssil de um
biocombustível, como o etanol, por exemplo. Também foi possível estabelecer diferenças
entre esses combustíveis, como o seu poder energético e a sua origem, momento em que
foi explorada a ideia dos combustíveis renováveis originados da biomassa, e os não
renováveis, como o petróleo.
Aproveitando que alguns alunos relataram que vinham de bicicleta para a escola,
a turma foi questionada sobre a importância da utilização de meios alternativos para a
menor emissão dos gases emanados pela combustão. Foi possível perceber que os alunos
que relataram vir de bicicleta, faziam isso por necessidade e não por consciência
sustentável. Todavia, a discussão provocou neles a reflexão sobre as suas contribuições
para a menor emissão de poluentes.
Nesta fase dos trabalhos, conseguiu-se a conexão desejada para adentrar ao
segundo momento da discussão, a necessidade de alternativas e tecnologias energéticas
mais sustentáveis. Além dos relatos sobre o uso da bicicleta como meio alternativo, os
alunos apresentaram outras possibilidades, como o uso do etanol em vez de gasolina, em
função da sua menor emissão de certos poluentes, mesmo que ainda haja a geração de gás
carbônico.
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Ao discutir sobre as possibilidades de outras fontes energéticas, os estudantes


foram direcionados aos seguintes questionamentos: Será que ninguém, além de nós,
pensou em outras alternativas energéticas para amenizar o efeito dos combustíveis fósseis
ainda? A discussão ficou bastante interessante, pois nesse momento, os alunos fizeram
uma referência direta aos meios legais para a concretização de novas perspectivas
energéticas. A partir dessa abertura, foi lançado um desafio a eles: Pesquisar sobre as
políticas ambientais que trouxessem alternativas aos combustíveis fósseis; propor e
apresentar soluções para que essas políticas fossem postas em prática com efetividade.
Os alunos tiveram o prazo de uma semana para a conclusão da pesquisa e, a princípio,
não poderiam se comunicar sobre as soluções que estavam propondo. Essa estratégia foi
utilizada para que nenhum estudante modificasse a sua solução em função de coincidir
com a ideia de um colega.
Nas apresentações sobre as soluções, surgiram diversas propostas de utilização de
combustíveis alternativos, como a eletricidade, o gás hidrogênio, o etanol e o biodiesel.
Entretanto, a proposta era pesquisar sobre as políticas ambientais concernentes às
possibilidades alternativas aos combustíveis fósseis e propor soluções para que elas
fossem postas em prática, o que restringiu nossos olhares à inserção de etanol na gasolina
e do biodiesel vegetal no diesel fóssil.
Surgiram alternativas para a produção de etanol por outros meios, além da cana-
de-açúcar, como o milho, a mandioca e a batata, bem como o enriquecimento da gasolina
com este biocombustível. No entanto, a existência de etanol na gasolina já é uma realidade
no país. Isso fez com que os alunos voltassem a sua atenção para a inclusão do biodiesel
no diesel fóssil. Os estudantes trouxeram propostas como: a implantação de usinas
produtoras de biodiesel; aproveitamento do óleo de soja utilizado nas cozinhas como
matéria-prima para a produção do biocombustível; aumento do teor obrigatório de
biodiesel no diesel fóssil, entre outras.
Partiu-se, então, para mais uma jornada de pesquisas, com o lançamento de mais
um desafio aos alunos: Como se dá a produção de biodiesel? Será que poderíamos
produzir biodiesel no laboratório de ciências da escola? Quais são os processos químicos
envolvidos na produção do biodiesel?
Com as pesquisas, os estudantes encontraram mais de um método de produção do
biodiesel em variados contextos. Alguns alunos observaram com maior atenção a
produção por via “a quente”, já outros se ativeram mais a produção “a frio”. Esses últimos
conseguiram verificar melhor a possibilidade de produção no laboratório de ciências da
escola, uma vez que os materiais necessários são mais acessíveis e a produção pode até
mesmo ser feita sem o uso de instrumentos específicos de laboratório. Sobre os processos
químicos envolvidos, foi unânime, como era de se esperar, a apresentação da reação de
transesterificação, utilizando como reagente um triglicerídeo, como o óleo de soja, e um
álcool, como o etanol. Nesta fase dos trabalhos, foi necessária uma intervenção do
professor para a melhor concepção das ideias e a mais efetiva construção das
competências necessárias sobre o significado de triglicerídeo e da reação de
transesterificação.
Baseado nas formas de produção de biodiesel encontradas nas pesquisas,
construiu-se um roteiro com o procedimento experimental a ser desenvolvido no
laboratório e foram reservados dois dias da semana para que fosse possível produzir o
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biocombustível e depois caracterizá-lo. A turma foi dividida em oito grupos mistos,


compostos por alunos com características diferentes, tanto quanto ao tempo de
aprendizado, quanto a questões inerentes à personalidade de cada um, como a
predisposição à liderança e colaboração. Solicitou-se aos grupos que trouxessem das suas
casas óleo de soja para a reutilização no experimento, que foi realizado por via “a frio”
(DINELLI et. al, 2007). No próprio roteiro, inseriu-se o direcionamento para a observação
de todas as etapas do experimento e posterior conclusão sobre as elas. O reator com a
mistura dos reagentes e o catalisador e a separação de biodiesel e da glicerina são vistas,
respectivamente, nas figuras 1 e 2 a seguir.

Figura 1 – Reator com a mistura de óleo de soja, etanol e catalisador

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 2 – Processo de separação do biodiesel da glicerina

Fonte: Elaborado pelos autores.

Depois de pronto o biodiesel, era necessário ter certeza de que o que se tinha
produzido era, de fato, o que se pretendia. Partiu-se, então, para a caraterização do
biocombustível. Tal ação foi feita comparando as combustões do óleo de soja comum,
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utilizado como reagente, e do biodiesel obtido no experimento. Os alunos tiveram


oportunidade de verificar que a queima do biodiesel foi mais efetiva, pois emitiu fumaça
com menor quantidade de material particulado (fumaça preta), além de iniciar com mais
rapidez. A figura 3 a seguir mostra a combustão do biodiesel produzido.

Figura 3 – Caracterização do biodiesel

Fonte: Elaborado pelos autores.

Os trabalhos foram concluídos com uma breve retomada de todos os passos


desenvolvidos até chegar no experimento, e com uma discussão sobre a importância da
Química Orgânica na obtenção de novos materiais para benefício da coletividade e quais
os impactos socioambientais presentes nesse processo.

REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação desenvolvida ao longo do processo de aprendizagem teve caráter formativo,


tendo em vista que o seu foco se voltou para o caminho construído pelos alunos na
estruturação do seu conhecimento, sendo fornecido a eles subsídios para que
conseguissem caminhar, cada um a seu tempo.
A avaliação que ajuda o aluno a aprender é reconhecida pelos estudiosos, como
um processo a permitir a identificação dos rumos a serem corrigidos, tendo em
vista favorecer a aprendizagem. Sua função consiste em informar acerca de
como está se dando o processo ensino/aprendizagem, pois aponta aspectos que,
ao serem analisados, revelam tanto os conhecimentos já conquistados como as
dificuldades a serem transpostas (NASCIMENTO; SOUZA, 2013, p.3).

A evolução da discussão inicial permitiu um olhar panorâmico sobre as


concepções dos alunos acerca dos estudos que realizaríamos e, a partir desta acepção
prévia, foi possível conduzir melhor a trajetória dos trabalhos. A partir daí, foram
lançados desafios de pesquisa, os quais foram sistematizados por meio dos registros
escritos dos alunos.
Outro momento importante do processo formativo, foi a apresentação das
propostas de soluções para efetivação das políticas ambientais, instrumentalizado pela
análise dessas apresentações. Os alunos apresentaram alternativas que destoaram um
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pouco do foco inicial da pesquisa, mas que proporcionaram aprofundamento nos estudos,
uma vez que os estudantes transcenderam as ideias iniciais e ousaram em propostas que
ainda nem constam nas políticas ambientais do nosso país. Entre os critérios de avaliação
utilizados nesta etapa, destacam-se: interpretação da situação problema; sequência geral
e evolução das ideias apresentadas; explicação efetiva (se fazer entender ao apresentar as
suas ideias); fidelidade ao tema; apresentação colaborativa (trata-se de uma forma de
envolver todos na apresentação, sem que um aluno atrapalhe o outro, mas sim contribua);
proatividade e extensão (o que pode trazer complemento à pesquisa).
Na etapa posterior de pesquisa, foram utilizados os mesmos critérios citados
acima. Todavia, já se tinha a ideia de que os resultados da pesquisa seriam mais estreitos
e que os alunos já se sentiam mais à vontade para apresentá-los, uma vez que foi possível
conduzi-los melhor depois da primeira apresentação. Nesse momento, os estudantes
adentraram um espaço mais específico nos seus estudos, as reações de transesterificação,
o que exigiu do professor uma intervenção que, felizmente, legitimou as pesquisas dos
alunos.
Constatou-se, nas etapas de pesquisa, a efetividade da investigação sobre um tema
que, realmente, desperta o interesse do aluno. Esse aspecto foi fundamental no
desenvolvimento de todo o trabalho.
Já na fase dos trabalhos no laboratório, o percurso se enveredou pelo caminho da
Química e foi nítida a percepção dos alunos sobre a conexão desta ciência com tudo o
que já se havia feito. Os estudantes foram conduzidos no registro de todas as observações
e, ao final do experimento, eles elaboraram, a partir delas, as suas conclusões sobre os
processos químicos e físicos observados. Evidentemente, em meio ao desenvolvimento,
foi necessária atenção e atendimento individual a alguns alunos, respeitando as suas
necessidades de aprendizagem. Entre os critérios avaliativos estabelecidos nesta etapa,
são evidenciados: interpretação e realização de procedimento experimental; análise e
sistematização de dados experimentais; aplicação de técnicas de separação de misturas;
observação de evidências de uma transformação química; compreensão sobre as reações
de transesterificação e combustão.
O trabalho aqui relatado exigiu empenho na prática docente em diversos aspectos.
Por mais que se intencione nas aulas aplicar metodologias alternativas ao ensino
tradicional, nem sempre é fácil transpor barreiras como o tempo e volume de assuntos a
serem desenvolvidos ao longo do ano. Contudo, com o caminho didático aqui descrito,
foi possível planejar e perceber o que pôde se concretizar a partir do planejamento. Esse
movimento permitiu que estratégias fossem aprimoradas. No tocante aos conhecimentos
didáticos aplicados, foi necessário ao professor ampliar os estudos para poder
desempenhá-los com eficácia

REFERÊNCIAS

AUSUBEL, D. Psicologia Educativa: um ponto de vista cognitivo. México, Trillas,


1976.

BRASIL. Lei n. 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a introdução do


biodiesel na matriz energética brasileira.
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Reconecta Soluções, São José do Rio Preto – SP.
ISBN:
https://www.reconectasolucoes.com.br/

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2018.


Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site
.pdf> Acesso em: 28 Ago 2020.

CHEVALLARD, Y. Sobre a teoria da transposição didática: Algumas considerações


introdutórias. Revista de Educação, Ciências e Matemática, v.3, n.2, p.1-14, mai./ago.
2013.

DINELLI, L. R; SALVATIERRA, C. R; PEIXINHO, R. T; SENE, J. J; CASTILHO, L.


N. P. Produção de Biodiesel: Um experimento em sala de aula. CIÊNCIA E
CULTURA - Revista Científica Multidisciplinar da Fundação Educacional de Barretos
v. 2, n. 2, nov. 2007.

NASCIMENTO, M. C. M. SOUZA, N. A. Avaliação formativa: A prática em


construção. Seminário de Pesquisa do PPE, Universidade Estadual de Maringá, 2013.

RODRIGUES, B. A; BORGES, A. T. O ensino de ciências por investigação:


reconstrução histórica. In: Encontro de Pesquisa em Ensino de Física, 2008, XI,
Curitiba. 2008.

SUART, R. C; MARCONDES, M. E. R. A manifestação de habilidades cognitivas em


atividades experimentais investigativas no ensino médio de química. Ciências &
Cognição. V. 14, n. 1, p. 50-74, mar. 2009.
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SABÃO DE GARRAFA PET: UMA PRÁTICA EXPERIMENTAL


PARA O ESTUDO DAS REAÇÕES DE SAPONIFICAÇÃO SOB
UMA PERSPECTIVA SÓCIOAMBIENTAL

Bárbara de Oliveira Tessarolli1, Éder Belém Guedes2, Rafael Capobianco Rizzi3,


João Pedro Ponciano4, Tatiana Bigliassi de Oliveira Silva5

Resumo
O presente trabalho apresenta um relato de experiência didática pautada na
experimentação, cujo objetivo foi desenvolver competências associadas às reações de
saponificação, relacionando-a com aspectos da sociedade. O trabalho foi realizado com
estudantes do terceiro ano do Ensino Médio, utilizando como tema norteador a síntese do
sabão caseiro, e consistiu nas etapas de experimentação, discussão dos resultados,
pesquisa e avaliação. A atividade propiciou aos estudantes a reflexão quanto ao descarte
do óleo usado, promovendo uma alternativa benéfica para o seu reuso. A prática também
proporcionou a interligação entre os conhecimentos já construídos, como polaridade
molecular, energia envolvida na reação e pH, por meio da análise da reação pela
perspectiva da química orgânica. Ao final, evidenciou-se a importância da
experimentação no processo de ensino e aprendizagem, construindo pontes entre os
saberes, de forma contextualizada, oferecendo aporte para o desenvolvimento do senso
crítico e da criatividade.

Palavras-chave: Saponificação. Meio-Ambiente. Sociedade. Prática Educativa.


Experimentação.

INTRODUÇÃO
A experimentação possui um papel essencial na construção da ciência desde o século
XVII, de acordo com a necessidade de teorias passarem pelo crivo empírico, seguindo
uma lógica de formulação de hipóteses e verificação de consistência. Rompeu-se, então,
nesse período, as práticas de investigação que ainda consideravam a relação estrita da
natureza com o divino, que vinha com uma grande carga de senso comum (GIORDAN,
2003).
A experimentação no ensino de ciências é um potencializador no processo de
aprendizagem nos diversos níveis de escolarização, levando os educandos ao

1
Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais – Unesp,
barbara.tessarolli@unesp.br
2
Mestre, Programa de Pós-Graduação em Ensino e Processos Formativos – Unesp, eder.guedes@unesp.br
3
Licenciado em Ciências Biológicas - Unesp, rafael.capobianco@unesp.com.br
4
Graduando em Licenciatura em Química – Unesp, j.ponciano@unesp.br
5
Licenciada em Química - Unesp, tatianabigliassi@gmail.com
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desenvolvimento de um pensamento crítico e científico acerca dos fenômenos observados


em seu cotidiano. Assim, trabalhar experimentalmente conteúdos de Química é
oportunizar aos adolescentes o entendimento do mundo, possibilitando a interpretação
das ações e dos fenômenos que observam e vivenciam no dia a dia (GIORDAM, 1999).
Sabe-se que a prática de realizar atividades que envolvam experimentos é bastante
empregada por professores de ciências; porém, utilizá-las com um fim em si mesmo não
basta, pois, desta forma, não favorece o conhecimento significativo. Em vista disso, é de
grande importância que o professor observe a realização da experimentação agindo como
mediador do ensino, esquadrinhando como serão geradas as discussões e reflexões pelos
envolvidos na atividade (GUIMARÃES et al. 2018).
Nessa perspectiva, utilizar a experimentação como parte de um processo de
investigação torna-se essencial para o desenvolvimento do pensamento e atitudes do
educando, uma vez que, através de experimentos, a possibilidade de ampliação de
conhecimentos é diversificada, visto que o aluno pode fazer associações, pensar,
questionar a partir de um conhecimento já existente.
Assim, a experimentação exerce a função de instrumento para o progresso das
competências advindas da sua educação científica, tendo a escola um papel fundamental
ao oferecer um ambiente de aprendizagem ativa e participativa, tendo em vista que é por
meio do confronto de ideias que surge a explicação para os fatos científicos.
As atividades experimentais são muito utilizadas como estratégia para despertar o
interesse do estudante, privilegiando nos currículos o uso dos meios tecnológicos,
colocando-os a serviço de um ensino criativo e mais interessante na tentativa de
acompanhar o desenvolvimento das ciências e da tecnologia.
Isto posto, o presente trabalho consiste em um relato de experiência didática no
qual o uso de uma atividade prática experimental teve o papel norteador no processo de
ensino e aprendizagem. Tal ação contou com características do ensino por investigação
como forma de dar subsídio à discussão, proporcionando aos estudantes suporte às
diferentes formas de pensar e interpretar o fenômeno em estudo. Nesse processo, o
professor tem o papel de promotor de oportunidades para novas interações entre os
estudantes e o conhecimento, tendo como objetivo o desenvolvimento da alfabetização
científica em suas três dimensões: entendimento da natureza da ciência; a compreensão
de termos e conceitos chave das ciências; o entendimento dos impactos das ciências e
suas tecnologias (SACARPA e CAMPOS, 2018).
... a Alfabetização Científica e Tecnológica é mais do que a aprendizagem de
receitas ou mesmo de comportamentos intelectuais face a ciência e a
tecnologia: ela implica uma visão crítica e humanista da forma como as
tecnologias (e mesmo as tecnologias intelectuais, que são as ciências) moldam
nossa maneira de pensar, de nos organizar e de agir (FOURREZ, 1994 p. 26
apud SACARPA e CAMPOS, 2018 p. 69).

A reação de saponificação se dá através da hidrólise alcalina dos ésteres presentes


no óleo vegetal, tendo como produtos glicerina e os sabões - sais de sódio ou de potássio
de ácidos carboxílicos de cadeia longa ou ácidos graxos compostos por cadeias contendo
12, 14, 16 ou 18 átomos de carbono (RINALDI, et al, 2007), o que confere a ele um
caráter anfifílico, muito importante quando analisamos o processo de limpeza sob o ponto
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de vista da química, uma vez que irão apresentar um comportamento dualístico em água,
em virtude de sua estrutura (OSÓRIO e OLIVEIRA, 2001).
A produção de sabão é uma das mais antigas reações químicas conhecidas. Não
se conhece sua origem, mas é provável que tenha sido descoberta por acidente
quando, ao ferverem gordura animal contaminada com cinzas, nossos
ancestrais perceberam uma espécie de “coalho” branco flutuando sobre a
mistura. O historiador romano Plínio, o Velho (23-79 d.C.), já descreve a
fabricação do sabão, mas somente a partir do século XIII este passou a ser
produzido em grande escala. No princípio do século XIX ainda se pensava que
o sabão fosse uma simples mistura mecânica de gordura e álcali, até que o
químico francês Michel-Eugène Chevreul (1786-1889) mostrou que sua
formação era na realidade uma reação química (BARBOSA e SILVA, 1995 p.
3).

Os estudantes participantes já detinham conhecimento prévio acerca das funções


orgânicas, além de conhecer exemplos de aplicações desses compostos nos mais diversos
setores industriais. No entanto, o estudo das reações ainda era uma novidade para todos,
assim, ao lançar mão de um experimento, cujo produto obtido poderia ser utilizado,
lançou-se também uma grande motivação para garantir o sucesso da prática.

OBJETIVOS

Apresentar um relato de experiência sobre uma prática experimental pautada na produção


de sabão para uso doméstico, empregando óleo de soja reutilizado, como ferramenta para
o ensino da reação de saponificação.
DESENVOLVIMENTO
O relato de experiência aqui compartilhado foi realizado em uma escola mantida por uma
organização não governamental, com duas turmas de alunos do terceiro ano do Ensino
Médio, na cidade de Jaú, interior do estado de São Paulo, no ano de 2019.
O desenvolvimento iniciou-se com o estudo do tema “Lipídeos” e “Reações de
óleos e gorduras”, em que foram abordados aspectos relevantes sobre a composição
química dos lipídeos e das reações de hidrogenação e saponificação. Antes disso, durante
todo o desenvolvimento do estudo das funções orgânicas, foram proporcionados
momentos de leitura coletiva e individual, seguida de discussão acerca das aplicações e
presença das funções orgânicas no cotidiano do aluno.
Como agente motivador, utilizou-se um vídeo disponível em um canal do
YouTube “Mais fácil e mais seguro: sabão caseiro na garrafa PET” (THENÓRIO, 2015),
que foi exibido aos alunos em uma aula que antecedeu a realização da atividade prática.
Após a apresentação do vídeo, elencou-se no quadro os materiais necessários para a
execução dos trabalhos e os cuidados que seriam necessários durante o processo.
Posteriormente, construiu-se um roteiro com o procedimento experimental
(baseado no vídeo), que foi impresso e entregue individualmente para cada um dos
estudantes e reservou-se o Laboratório de Ciências para duas aulas, em semanas
subsequentes. Os estudantes ficaram responsáveis por trazer as garrafas PET de dois litros
e o óleo a ser reutilizado. Já o professor responsável adquiriu a soda cáustica líquida em
um estabelecimento que comercializa produtos de limpeza. Os demais materiais
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necessários (funil, proveta e béquer) estavam disponíveis no laboratório. Os estudantes


foram divididos em nove grupos, que para a sua organização, foram levados em
consideração fatores como características de aprendizagem e colaboração entre os pares.
Os educandos foram orientados quanto às normas de segurança do Laboratório e
todos utilizaram jaleco e luvas descartáveis no processo de manipulação dos reagentes.
No transcorrer da atividade prática, foi feita, pelo professor, uma retomada de conceitos
químicos pertinentes. Nesse sentido, explorou-se assuntos relacionados a sistemas
homogêneos e sistemas heterogêneos; transformações químicas, reações endotérmicas e
exotérmicas; descarte do óleo usado e implicações ambientais advindas do descarte
incorreto, solubilidade de substâncias e ação dos sabões e detergentes.
Os estudantes participantes puderam relacionar o experimento realizado com as
demais temáticas já estudadas no primeiro e segundo anos do Ensino Médio, trazendo à
tona muitos outros conceitos pertinentes à síntese do sabão.
Anteriormente à realização da prática experimental, questionou-se os alunos
quanto ao destino do óleo usado em suas respectivas residências e foi possível verificar
que, em muitos casos, algum familiar próximo tem o hábito de fazer sabão. Também se
constatou que todas as famílias realizam o descarte correto do óleo, ou seja, armazenam
em garrafas PET e, aquelas que não fazem sabão, doam para vizinhos que o fazem. Além
disso, foi solicitada aos alunos uma pesquisa prévia sobre a reação química envolvida,
para posterior discussão em aula.
Quando indagados sobre as consequências do descarte incorreto, a grande maioria
conseguiu associar a insolubilidade do óleo em água como um agravante para a vida
aquática, uma vez que formar-se-á uma lâmina de óleo na superfície do corpo hídrico,
impedindo a ocorrência de trocas gasosas e, consequentemente, a mortandade de peixes.
Assim, seguiu-se para a realização do experimento. Para tanto, necessitou-se de
1L de óleo usado; 250mL de soda cáustica líquida (adquirida em lojas de materiais de
limpeza); 100mL de etanol 96º GL; 100mL de água. Inicialmente o óleo foi filtrado para
retirar impurezas advindas do processo de utilização, em seguida acrescentou-se a água,
previamente misturada com o etanol e, com muito cuidado, adicionou-se a soda cáustica.
Tampou-se a garrafa e agitou-se o sistema vigorosamente; em seguida, abriu-se a tampa
da garrafa. A reação química ocorreu instantaneamente e os alunos observaram, através
do tato, ao segurarem a garrafa, que ela se encontrava em uma temperatura mais elevada
do que no início. Deixou-se o sabão adquirir consistência sólida, secando durante uma
semana.
Transcorrido esse período, cortou-se a garrafa e o sabão em pequenas partes,
conforme mostra a Figura 1, para que todos pudessem levar uma parcela para suas
respectivas residências com o intuito de testar a eficácia do sabão feito por eles.
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Figura 1 – Sabão após secagem e corte.

Fonte: Elaborado pelos autores (2019).


Depois de pronto, realizou-se a caracterização por meio da medida de pH, que foi
feita na semana seguinte, em que os alunos prosseguiram com o corte das garrafas para a
retirada do sabão. Para medir o pH, os estudantes umedeceram, com água destilada, o
sabão produzido e fizeram a aferição utilizando uma fita universal de pH. Os estudantes
compararam a cor obtida com a escala presente na caixa do fabricante, concluindo que o
produto obtido era um sabão alcalino, como pode ser visto na Figura 2.
Figura 2 – Medida de pH utilizando papel universal.

Fonte: Elaborado pelos autores (2019).


Após a realização da prática experimental proposta e da discussão dos resultados,
os estudantes realizaram uma atividade avaliativa que consistiu em um relatório da
atividade prática. Esse tipo de produção textual faz parte da diversidade de instrumentos
avaliativos que são utilizados na rotina escolar dos estudantes. Portanto, além do domínio
quanto à estruturação do texto (coesão, coerência e grafia) eles devem demonstrar
conhecimento dos aspectos químicos ali envolvidos. Nesse sentido, buscou-se elencar, de
forma objetiva, assuntos inerentes à compreensão dos fenômenos envolvidos na atividade
prática, tais como o processo de síntese, a caracterização do produto obtido, além dos
aspectos ambientais e sociais, uma vez que o hábito de fazer sabão é uma prática muito
antiga e bastante presente no cotidiano das pessoas.
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O Quadro 1, a seguir, traz excertos extraídos dos relatórios realizados por dois
alunos após a atividade prática.

Quadro 1 – Exemplos de respostas atribuídas por dois alunos participantes do


experimento.
Critérios
Aluno A Aluno B
avaliativos
... a garrafa foi fechada e agitada
Como foi possível ...uma reação que gerou
rapidamente e, instantaneamente, a
verificar o final da calor e solidificou os
reação? mistura tornou-se homogênea e
líquidos...
densa.
... a elevação ocorre devido o
Por que o produto processo denominado exotérmico,
----
final estava quente? onde o calor é liberado de dentro
para fora...
...resultando em um ...o pH presente no sabão é igual a
Qual o pH do sabão
sabão com pH 13 14, portanto é considerada uma
e o seu significado?
(básico). solução básica.
...descarte desnecessário
Qual a relevância ... assim não há o descarte
na natureza e aplicando
ambiental inserida inadequado dessa substância tão
nesse contexto? uma forma de
prejudicial à fauna marinha.
reutilização.
Fonte: Elaborado pelos autores (2019).

A análise das respostas dadas pelos estudantes apresentadas no Quadro 1, permite


inferir que, em ambos os casos, os educandos foram capazes de expressar a ocorrência de
uma reação química de acordo com a alteração do aspecto visual do produto. Nesse caso,
o “Aluno B” faz uso de termos próprios da química como “mistura homogênea” e
“densa”, esta última para expressar o aspecto pastoso observado momentaneamente.
Todavia, quando se solicitou uma resposta sobre o motivo do aquecimento do
sistema, constatou-se que somente o “Aluno B” realizou uma relação com os assuntos
estudados em termoquímica, fazendo referência à ocorrência de uma reação
“exotérmica”, enquanto o “Aluno A” não se observou tal questão.
Em relação à identificação do pH, observou-se que houve um bom entendimento
acerca da escala de pH, tema estudado no segundo ano do Ensino Médio, que, portanto,
consistiu em uma revisão do assunto de uma forma contextualizada. Os diferentes valores
apontados devem-se à utilização da fita de pH universal, na qual a análise é visual e
qualitativa.
Quando questionados sobre a relevância ambiental, observa-se que tanto o “Aluno
A” quanto o “Aluno B” sabem da importância da realização de um descarte adequado,
citando a utilização do óleo usado na fabricação do sabão. Porém, nenhum dos dois
estudantes se aprofundaram na discussão sobre os malefícios causados pelo descarte
inadequado, como a formação de uma película na parte superficial dos corpos hídricos,
devido a menor densidade do óleo em relação à água, dificultando assim, a entrada de luz
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e a oxigenação da água (GODOY, 2011). Tal fato aponta para a necessidade de se inserir
questões ambientais nas discussões relacionadas à Química.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A temática “Produção de Sabão”, utilizada como tema norteador da aprendizagem sobre
reações orgânicas aqui relatada, proporcionou aos envolvidos uma aprendizagem efetiva
em âmbito científico, social e ambiental, levando os estudantes à reflexão quanto às suas
atitudes e implicações delas para a sociedade em que vivem.
O caminho proposto implicou na motivação do aprender “o que” e “para que”,
isto é, compreender a reação de saponificação, objetivando a obtenção de um produto em
que se observa, de forma consistente, a finalidade: o sabão.
Um dos momentos que podemos destacar é a participação efetiva dos estudantes
quando se falou na realização de uma atividade no laboratório, uma vez que é perceptível
a sua motivação quando proporcionamos atividades diferenciadas em relação àquelas
vivenciadas no dia a dia da aula.
Outro ponto positivo a ser destacado foi a retomada de conhecimentos advindos
dos anos anteriores do Ensino Médio, proporcionada pelos questionamentos realizados
durante a experimentação e depois discutidos no relatório. Os estudantes puderam
resgatar conteúdos estudados em Química Geral e Físico-Química, verificando a
aplicabilidade e importância da Química em seu cotidiano.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, A.B. e SILVA, R.R. Xampus. Química Nova na Escola, n. 2, p. 3-6, 1995.
Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc02/quimsoc.pdf>. Acesso em: 26
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GIORDAN, M. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química nova na
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GODOY, Priscila Oliveira de et al. Consciência limpa: Reciclando o óleo de cozinha.
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e possibilidades das atividades investigativas em uma formação continuada. Revista
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CONSERVAÇÃO E TURISMO – CONPECT 2021
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RINALDI, R., GARCIA, C., MARCIUNIUK, L. L., ROSSI, A.V., SCHUCHARDT, U.


Síntese de biodiesel: uma proposta contextualizada de experimento para laboratório de
Química Geral. Química Nova, v. 30, n. 5, p. 1374 - 1380, 2007. Disponível em:
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TURISMO E MEMÓRIA: A IMPORTÂNCIA DOS LUGARES DE


MEMÓRIA PARA A CIDADE DE SÃO LUÍS

Andressa lemos Chagas, Kláutenys Dellene Guedes Cutrim


Resumo
O presente trabalho sobre o projeto de Extensão Tour Pedagógico nos Lugares Memória, tem
como principal finalidade identificar a importância dos lugares memória para o
desenvolvimento do turismo cultural da cidade de São Luís. Essa identificação se dá através da
formatação de roteiros turísticos a respeito do Patrimônio Cultural baseados nos lugares
memória sacralizado pelo olhar da comunidade de terceira idade, e por meio de oficinas
ministradas para algumas instituições de ensino que forem localizadas no Centro Histórico de
São Luís. O trabalho tem como objetivo ampliar o conhecimento sobre o patrimônio cultural
de São Luís, por meio da vivência em roteiros temáticos baseados nos lugares memória, ou seja,
aqueles lugares que despertam um certo sentimento de nostalgia e acolhimento, e identificar a
importância desses lugares memória para o desenvolvimento do turismo cultural de São Luís.

Palavras-chave: Lugares memória. Turismo. Preservação.


Introdução
O presente resumo visa mostrar a importância e a contribuição dos lugares de memória
da cidade de São Luís no estado do Maranhão para o desenvolvimento do turismo cultural
local, através das ações do Projeto de extensão Tour Pedagógico nos lugares de memória.
Dentro do amplo conceito de turismo podemos encontrar várias vertentes, onde
tudo que é produzido ali, como passeios e atrações, é voltado para o público alvo daquele
determinado segmento. Um exemplo que podemos citar é o segmento de turismo de
aventura, onde os turistas que buscam por essa vertente procuram por atividades e
atrativos mais “radicais”, onde eles possam realmente se aventurar, como por exemplo
com esportes e trilhas, ou seja, é um segmento para um público específico, uma vez que
não é qualquer pessoa que busca por esse tipo de atividade.
A principal vertente que abordamos nesse trabalho é a de turismo cultural. Dentro
desse segmento o público preza, principalmente, pela apreciação da cultura, ou seja, busca
conhecer mais sobre o local onde ele está naquele momento, seus costumes, culinária,
história etc. Segundo o Ministério do Turismo (2006, p.13), “Turismo Cultural
compreende as atividades turísticas relacionadas à visitação do conjunto de elementos
significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e
promovendo os bens materiais e imateriais da cultura”.
Um dos tópicos que faz parte do turismo cultural é a memória, ou seja, histórias e
momentos vividos por alguém em um determinado lugar. Essas memórias geram um
sentimento de pertencimento dessas pessoas, consequentemente marcando um momento
importante na vida delas, por isso é importante que ocorra o resgate dessas memórias para
que as histórias daqueles locais sempre sejam contadas.
O Projeto de Extensão Tour Pedagógico nos Lugares Memória, tem como
finalidade identificar a importância dos lugares memória para o desenvolvimento do
turismo cultural de São Luís, através da formatação de roteiros turísticos sobre o
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Patrimônio Cultural baseados nos lugares memória sacralizado pelo olhar da comunidade
de terceira idade e por meio de oficinas ministradas para algumas instituições de ensino
localizadas no Centro Histórico de São Luís.

Turismo e memória
A metodologia utilizada no projeto foi feita por etapas. A primeira etapa do projeto
realizou estudos sobre os lugares de memória que foram identificados através de
entrevistas semiestruturadas com os moradores mais antigos dos bairros que compõem o
Centro Histórico de São Luís. Nessa etapa, buscamos interagir com as pessoas da
comunidade, principalmente com a terceira idade, para poder conhecer um pouco mais
sobre o ponto de vista delas, sobre os lugares de memória e saber como elas passam esse
conhecimento e informações para as próximas gerações.
A preservação da memória dos moradores de um local é um dos meios
mais importantes para a conservação do patrimônio cultural daquele determinado lugar
com o passar dos anos.
O conceito de patrimônio cultural se modificou bastante com o decorrer
do tempo. No passado o patrimônio era bastante associado a bens, artes etc. que estavam
ligadas à elite, ou seja, apenas uma minoria podia desfrutar daquele patrimônio, apenas
aqueles que tinham um maior poder aquisitivo. Já nos dias atuais ele recebe um novo
significado. Segundo Dias (2006, p. 67-68),
o patrimônio é considerado, atualmente um conjunto de bens materiais e
imateriais, que foram legados pelos nossos antepassados e que, em uma
perspectiva de sustentabilidade, deverão ser transmitidos aos nossos
descendentes, acrescidos de novos conteúdos e de novos significados, os quais,
provavelmente, deverão sofrer novas interpretações de acordo com novas
realidades socioculturais.

Assim entende-se que o patrimônio cultural é aquilo que é importante para a


história de um local e para seus moradores, como por exemplo seus costumes, a culinária,
os monumentos, etc. É necessário que esse patrimônio seja preservado para que possa ser
passado para as gerações futuras para que assim ocorra a preservação da memória, ou elas
podem acabar sendo perdidas com o passar do tempo e dessa forma aquele determinado
lugar perde parte da sua história. Para Diniz (2011, p.155),
A ampliação do conceito de patrimônio permite novas possibilidades de
interpretação do legado histórico e uma nova perspectiva para a preservação
dos bens culturais. Muda-se o foco do patrimônio de pedra e cal para a
dimensão imaterial das produções humanas, destacadamente o caráter
processual das relações e práticas sociais, os significados e símbolos que
conferem sentido à existência dos grupos humanos como agentes culturais,
enfatizando a diversidade e a pluralidade cultural

A segunda etapa consistiu em fazer as análises a partir das entrevistas onde foi
estruturado um roteiro pedagógico utilizando os lugares de memória identificados. A
terceira etapa consistiu na realização dos tours pedagógicos com a comunidade nos
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lugares identificados nas análises, para que pudesse ser feito uma nova análise sobre como
aquele lugar está no presente e fazer uma ligação com o passado.
Dentro do turismo existem alguns meios de preservar essa memória de um
determinado lugar. Um exemplo desses meios é o museu, um lugar onde podem ser
abordadas diversas histórias, por meio de fotografias, quadros, esculturas entre outras
coisas, dependendo do tema. Segundo Francisco e Morigi (2013, p.11)
Os Museus têm se tornado instituições de grande sucesso em todo mundo
contemporâneo. Seu crescimento se dá por diversos fatores, entre eles, está o
novo papel das instituições museológicas na educação, mas também por servir
melhor às necessidades da sociedade.

Outra atividade que ajuda na preservação da memória é o city tour, que


consiste em um passeio, por determinados locais, dependendo do roteiro do responsável.
Em um roteiro com temática de patrimônio cultural o tour passaria em lugares que seriam
importantes para aquela determinada locação e seria contado um pouco da história desses
locais e o porquê eles seriam importantes para a comunidade local. Dessa forma a história
continuaria viva e sendo contada para os visitantes como um atrativo turístico.
Os lugares de memória são uma parte muito importante do patrimônio cultural,
pois eles são as memórias que os moradores possuem com o local onde viveram. Para
Teixeira (2015, p.4), as memórias são importantes registros vividos que partem das
lembranças e perpetuam lugares com referências e paisagem para um constante retorno
ao passado. Ou seja, existem locais que carregam um grande peso emocional e
sentimental para algumas pessoas. Diniz (2011, p.156) complementa que
Esses espaços possuem ainda um sentido emocional, visto que através deles a
comunidade sente-se integrada ao meio onde vive, estabelece relações de
reconhecimento e de troca, posto que os lugares de memória também
delimitam fronteiras culturais, relacionando-se à guarda de marcos históricos
significativos para os membros de uma sociedade.

Todas essas ações auxiliam no processo de educação patrimonial dos moradores


e visitantes do determinado local. Esse ensino patrimonial ajuda a conscientizar as
pessoas que usufruem do patrimônio, seja nativo ou visitante, a preservar o seu
patrimônio. Para Castro (2005), o objetivo da Educação Patrimonial é envolver a
comunidade na gestão do patrimônio. A comunidade também é responsável pela
preservação e conservação dos bens patrimoniais.
Então para aqueles que desejam trabalhar o tópico patrimônio dentro do turismo
cultural é essencial perceber a importância da educação patrimonial para obter assim a
conscientização do morador local para com o que é seu e do visitante para com o local
que ela está no momento e assim então, termos cada vez mais forte a preservação do
patrimônio cultural.
Resultados

Os resultados obtidos na pesquisa inicialmente foram de cunho bibliográfico com os


autores que compõem e relatam sobre os lugares memória e Turismo Cultural.
Posteriormente o projeto realizou no Centro Histórico de São Luís, mais precisamente no
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bairro da Madre Deus, aonde foram feitas entrevistas semiestruturadas realizadas pelos
monitores do projeto com o apoio mais especificamente do Conselho Cultural e
Comunitário da Madre Deus (CCCMD) parceria feita entre as coordenadoras do Espaço
Integrado do Turismo, no qual abordamos cerca de 30 idosos nas entrevistas. O resultado
das entrevistas recolhemos com os moradores mais antigos do Centro Histórico, seus
lugares de memória, memórias individuais e coletivas que são locais de reafirmação de
uma identidade cultural.

Sendo esses locais de memória a Praça da Saudade figura 1, que está localizada no bairro
da Madre Deus, entre a Rua Norte e Rua do Passeio e a rua Medeiros Albuquerque e Rua
Euclides da Cunha, fica em frente ao Cemitério do Gavião. A principal caracterização
como lugar de memória é um lugar de partida para os blocos tradicionais de rua nas
manifestações populares como o carnaval e festa junina, um ponto aonde os idosos se
encontravam para viverem as manifestações populares e momentos de festas culturais na
Praça da Saudade.

Cemitério do Gavião que ilustra a figura 2, é localizado no bairro da Madre Deus, na Rua
Branca. O cemitério do Gavião foi fundado após uma epidemia de Varíola na cidade, é
um importante lugar de memória pois está sepultado familiares dos entrevistados, um
lugar que recorda memória e sentimentos de nostalgia aos participantes e para a CCCMD.

Largo do Caroçudo que demostra a figura 3, fica localizado no bairro da Madre Deus, na
rua Rui Barbosa. O largo do Caroçudo é outra praça importante do bairro da Madre Deus,
aonde tem manifestações populares e tornou-se como passar dos anos o importante ponto
cultural para as festas populares de São Luís.

A Capela de São Pedro que constata na figura 4, Igreja Católica que está localizada na
Rua São Pantaleão, no bairro Centro. É considerado um lugar de memória para os idosos
por conta da tradição do encontro de bois que acontecem todos os anos, rituais de fé com
os brincantes da manifestação cultural do Bumba meu boi, pagando promessas em frente
ao Santo São Pedro na Capela.

A Fábrica São Luís fica localizada no Centro na rua São Pantaleão, que é demostrado na
figura 5, a antiga Fábrica São Luís era uma companhia de fiação e tecelagem em São
Luís, é um lugar de memória para os idosos entrevistados, pois alguns dos idosos
trabalharam na fábrica fazendo tecidos e sabiam da importância que a fábrica São Luís
teve para o desenvolvimento da Cidade.

CEPRAMA o Centro de Produtos Artesanais do Maranhão, aonde certifico na figura 6,


fica localizado na Rua São Pantaleão, no Centro. O CEPRAMA é uma feira permanente
de artesanato, aonde os turistas podem conhecer os produtos Maranhenses, como bebidas
regionais, vestuários, artesanatos e indumentárias. O CEPRAMA é um lugar de muitas
memórias por conter muitas histórias e memórias.

Figura 1: Praça da Saudade


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Fonte: Alexandre (2019)

Figura 2: Cemitério do Gavião

Fonte: Moreira (2015)

Figura 3: Largo do Caroçudo


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Fonte: Kamaleao (2017)

Figura 4: Capela de São Pedro

Fonte: Mirante (2019)

Figura 5: Fábrica São Luís


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Fonte: Hoje (2019)

Figura 6: CEPRAMA

Fonte: Ma (2020)

Na etapa final do projeto e mais extensa, foram analisadas a pesquisa bibliográfica junto
com os lugares de memórias recolhidos nas entrevistas com a comunidade e foram
organizados oficinas e tours pedagógicos, as oficinas e Tours eram feitas para a
comunidade em geral e para estudantes de escolas públicas com o objetivo de apresentar
lugares memórias da cidade de São Luís, ou seja, aqueles lugares que despertam
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sentimentos de nostalgia e acolhimento. A identificação desses lugares é de grande


importância para o turismo e para a cidade em si, principalmente no contexto histórico.

Na terceira etapa, que compreendeu a realização de oficinas e tours pedagógicos pôde-se


notar que o projeto fomenta o fortalecimento do sentimento de pertencimento, de
identidade com o patrimônio e das memórias.

Considerações Finais

O projeto Tour pedagógico com turismo e memória a importância dos lugares memória
para cidade de São Luís articula a teoria e a pratica, desenvolve e vincula a importância
dos lugares de memória, do patrimônio histórico e cultural para o turismo, promove a
coletividade, mas valoriza o único fazendo a diferenciação das diversidades culturais
materiais e imateriais e só se inova mediante as novas demandas sociais.
Em razão disso o projeto Tour Pedagógico nos lugares memórias conclui com seus
objetivos de gerar conhecimento a partir das oficinas e tour realizados, agregou valor e
trocas de experiências com base no fortalecimento das memórias para que não se
perdesse, que fossem repassadas para os mais novos da comunidade do Centro Histórico
de São Luís. Revigorou a preservação das memórias individuais e coletivas e do
Patrimônio.

Referências
ALEXANDRE, Mauricio. Iniciadas reformas das praças da Saudade. 2019.
Disponível em: https://jornaleiroma.com/2019/12/16/iniciadas-reformas-das-pracas-da-
saudade-e-da-misericordia-no-centro-de-sao-luis/. Acesso em: 29 jun. 2021.
CASTRO, C. . A importância da Educação Patrimonial para o desenvolvimento do
Turismo Cultural. In: III Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul, 2005, Caxias
do Sul. III Seminário de Pesquisa em Turismo do Mercosul, 2005.
DIAS, Reinaldo. Turismo e Patrimônio cultural. São Paulo: Saraiva, 2006.
BRASIL, Ministério do Turismo. Segmentação do Turismo: Marcos Conceituais.
Brasília: Ministério do Turismo, 2006.
DINIZ, Karoliny Carvalho. Lugar de memória e políticas públicas de preservação do
patrimônio: Interfaces com o Turismo Cultural. Universidade do Vale do Itajaí.
Turismo: Visão e Ação, v. 13, n. 2, pp. 149-165, maio-agosto, 2011
FRANCISCO, J. C. B.; MORIGI, V. J. O olhar do outro: a gestão de museus e a
sustentabilidade na museologia. Museologia & Interdisciplinaridade, v. 2, n. 3, p. 11,
28 maio 2013.
HOJE, Maranhao. Prédio da Fábrica São Luís vai ser reformado para instalação da
Câmara Municipal. 2019. Disponível em: https://maranhaohoje.com/predio-da-fabrica-
sao-luis-sera-reformado-para-instalacao-da-camara-municipal/. Acesso em: 29 jun. 2021.
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KAMALEAO. Largo do Caroçudo - Madre Deus. 2017. Disponível em:


http://kamaleao.com/saoluis/1300/largo-do-carocudo-madre-deus. Acesso em: 29 jun.
2021.
MA, G1. Centro de produtos artesanais do Maranhão reabre para visitação em São
Luís. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ma/maranhao/vem-ver-
pequeno/noticia/2020/07/01/centro-de-produtos-artesanais-do-maranhao-reabre-para-
visitacao-em-sao-luis.ghtml. Acesso em: 29 jun. 2021.
MIRANTE, Tv. Capela de São Pedro recebe milhares de pessoas que prestam
homenagens ao santo em São Luís. 2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/ma/maranhao/sao-joao/2019/noticia/2019/06/29/capela-de-sao-
pedro-recebe-milhares-de-pessoas-que-prestam-homenagens-ao-santo-em-sao-
luis.ghtml. Acesso em: 29 jun. 2021.
MOREIRA, Honório. Cemitour comemora 10 anos com passeio no Cemitério do
Gavião. 2015. Disponível em: https://oimparcial.com.br/cidades/2015/11/cemitour-
comemora-10-anos-com-passeio-no-cemiterio-do-gaviao. Acesso em: 29 jun. 2021.
Pelotas, D. E. Et Al. A Importância Da Antiga Escola De Agronomia Eliseu Maciel
Como Patrimônio Cultural E Sua Atratividade Turística.
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MESQUITA OMAR IBN AL-KHATTAB EM FOZ DO IGUAÇU


COMO ATRAÇÃO TURÍSTICA DE CARÁTER RELIGIOSO

Roberto Rigaud Navega-Costa1, Tatiane dos Santos Navega-Costa2

Resumo
Foz do Iguaçu é uma cidade com inegável vocação turística, tendo entre suas atrações
principais a Mesquita Omar Ibn Al-Khattab. O intuito deste resumo expandido é o de
informar a respeito da possibilidade de visitação por parte de turistas, subsidiando o leitor
com informações relevantes a respeito do local. Para tanto, lançar-se-á mão de dados
oriundos da Prefeitura Municipal da cidade de Foz do Iguaçu, de trabalhos científicos a
respeito do tema, como também de trabalho de campo no local estudado. Ao final do
resumo o leitor terá mais informações a respeito da Mesquita Omar Ibn Al-Khattab, como
também de sua importância no panorama geral do turismo fronteiriço em Foz do Iguaçu.
Como conclusão, se pode afirmar que há bastante espaço para a prefeitura e as empresas
ligadas ao turismo trabalharem o turismo religioso no município estudado, podendo
conseguir bons resultados em termos de aumento na estadia do visitante.

Palavras-chave: Mesquita Omar Ibn Al-Khattab. Foz do Iguaçu. Atração turística.


Turismo religioso.

INTRODUÇÃO

A cidade de Foz do Iguaçu, uma das cidades que compõem a mundialmente conhecida
Tríplice Fronteira, é um lugar que apresenta muitas possibilidades de se gerar empregos
e renda, pois pode-se valer de sua posição de cidade fronteiriça, estando em contato com
Argentina e Paraguai. No entanto, é mais conhecida por ser local de contrabando e de
descaminho de mercadorias industrializadas compradas no Paraguai, em Ciudad del Este,
o que traz à mente dos brasileiros a imagem do sacoleiro, da ilegalidade (NAVEGA-
COSTA, 2021). Felizmente, há também um grande conjunto de belezas naturais que são
fonte de recursos advindos do turismo, tanto o turismo interno, como o turismo
internacional. Pode-se elencar as Cataratas do rio Iguaçu, a própria Tríplice Fronteira,
com a possibilidade de se visitar mais dois países numa mesma viagem, a usina binacional
de Itaipu, o Marco das Três Fronteiras, o Ecomuseu de Itaipu, a Mesquita e o Templo
Budista, como locais que podem agradar sobremaneira aos turistas.
A Mesquita Omar Ibn Al-Khattab foi construída numa localização privilegiada da
cidade de Foz do Iguaçu, pois fica muito próxima ao centro administrativo e comercial
da cidade. O bairro no qual se localiza a mesquita é chamado de Jardim Central e
1
Bacharel em Filosofia; Doutorando e Mestre em Sociedade, Cultura e Fronteiras - Unioeste, Foz do
Iguaçu. e-mail: roberto.navega.costa@gmail.com.
2
Pedagoga, Psicóloga, Psicopedagoga, Neuropsicóloga. Coordenadora do curso de Pedagogia e Docente
na Uniamérica - Foz do Iguaçu; Mestranda no PPG em Sociedade, Cultura e Fronteiras - Unioeste, Foz do
Iguaçu. e-mail: navegapsicologia@gmail.com.
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concentra um grande contingente de muçulmanos vindos do oriente médio, pessoas de


origem síria, libanesa, turca etc. Embora tenha esta característica no bairro, não se trata
de um gueto, um local de concentração compulsória, pois há mulçumanos por toda a
cidade e há não mulçumanos no Jardim Central. O endereço da mesquita também
demonstra a influência dos usuários do local religioso, já que a mesquita se localiza na
Rua Meca, 599 - Jardim Central (PMFI, 2021).
Infortunadamente, não se pôde contar com dados atualizados do número de
turistas que anualmente visitam a Mesquita em Foz do Iguaçu, já que a prefeitura da
cidade não dispõe de informações atualizadas quanto ao turismo local, mesmo tendo
havido inventário turístico datado de 2019, nada de significativo para esta pesquisa foi
divulgado. Pode-se supor que a ocorrência da pandemia de Coronavirus (Covid-19) teve
influência nesta demora na divulgação de informações relevantes para o setor de turismo.
Mesmo assim, no Inventário Técnico de Estatísticas Turísticas 2019 boa parcela das
informações chegam apenas até 2012, sendo que algumas vão a 2018, e nenhuma
informação cita a Mesquita em relação à quantidade de visitantes.
Pode-se ver ao consultar o mapa abaixo (FIGURA 1), que localiza a Mesquita
Omar Ibn Al-Khattab, que ela se encontra em uma área valorizada da cidade, bem
próxima ao chamado centro. Tal localização provavelmente se deve ao fato de a
“comunidade árabe” da cidade de Foz do Iguaçu ter como função tradicional o comércio,
que é tradicionalmente empreendido nos centros urbanos, aproveitando-se da
externalidade positiva de tais espaços. Neste caso, tal localização vai na contramão do
comum para templos religiosos, que constantemente são encontrados em locais mais
afastados de centros urbanos e comerciais, procurando tranquilidade e preços de terras
mais baixos.

Figura 1 – Localização da Mesquita Omar Ibn Al-Khattab - Foz do Iguaçu.


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Fonte: Google Maps (2021).

O quadro abaixo (FIGURA 2), feito pela prefeitura do município de Foz do


Iguaçu, demonstra, em quilômetros, a centralidade da Mesquita de Foz do Iguaçu em
relação ao chamado centro da cidade. Exceptuando-se o Zoológico Bosque Guarani, que
está exatamente no centro da cidade, a Mesquita é a atração turístico/religiosa mais
próxima do centro, sendo mais bem servida de meios de transporte e condições de acesso.
Abaixo temos a imagem da frente da Mesquita de Foz do Iguaçu (FIGURA 3).

Figura 2 – Distância do Centro da Cidade aos Atrativos / Entretenimentos.

Fonte: Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu (2014).

Figura 3 – Entrada da Mesquita Omar Ibn Al-Khattab.


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Fonte: Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu - Érica Marrone Furini (2021).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foz do Iguaçu teria em 2010, segundo censo demográfico do IBGE, cerca de


256.088 habitantes, com um total de 5.599 pessoas que se declararam islâmicas, cerca de
2,2% da população, sendo que este total não necessariamente é constituído de imigrantes
do oriente médio, já que há muitos descendentes destes imigrantes já nascidos no Brasil,
além de convertidos ao islã, mas o IBGE não forneceu maiores informações neste ponto.
Na cidade vizinha a Foz do Iguaçu, no lado paraguaio da fronteira, em Ciudad del
Este, há outra mesquita equivalente a esta que se estuda agora, numa distância de não
mais que 3Km em linha reta uma da outra (FIGURA 4). Esta outra construção com fins
religiosos serve aos interesses da comunidade islâmica em Ciudad del Este (também
significativa), comunidade que tem no comércio de produtos industrializados vendidos
naquela cidade, a turistas e sacoleiros brasileiros, sua principal ocupação econômica.

Figura 4 – Localização das mesquitas de Foz do Iguaçu (à direita) e Ciudad del Este (à esquerda).
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Fonte: Google Maps (2021)

A Figura 5 nos mostra a fachada da Mezquita del Este, templo religioso que atende
à comunidade islâmica de Ciudad del Este, centro comercial importante na fronteira entre
os dois países, Brasil e Paraguai, que conta com um contingente de imigrantes
provenientes do Oriente Médio bem significativo, o que traz a necessidade de uma
representatividade religiosa à altura das características de tal parte da população.

Figura 5 – Entrada da Mezquita del Este.


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Fonte: Google Maps (2020)

Na parte interna da Mesquita Omar Ibn Al-Khattab o turista poderá encontrar uma
decoração condizente com as mais famosas mesquitas do chamado mundo islâmico. A
figura 6 mostra bem este fato, com a combinação entre branco e azul, as inscrições do Al-
Corão em torno do local de preces, os mosaicos geométricos em cores variadas em torno
dos acabamentos das janelas, estas jogando luz em todo o ambiente dão ao crente que vai
rezar, como também ao visitante, uma sensação de mais paz e pureza, tanto internas
quanto externas.

Figura 6 – Parte interna da Mesquita Omar Ibn Al-Khattab.


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Fonte: Google Maps (2020)

A Mesquita Omar Ibn Al-Khattab está construída num local muito urbanizado, o
que não reflete a natureza exuberante da cidade de Foz do Iguaçu. Tendo tido sua
construção iniciada em 1981, com sua inauguração tendo ocorrido em 23 de março de
1983, este local de preces e cultura, ainda está bem conservado, o que se deve à
proximidade da comunidade islâmica da fronteira ao seu local de culto.
A exemplo de outras atrações turísticas da cidade, a prefeitura de Foz do Iguaçu
tem tentado, através de campanhas publicitárias, dinamizar o turismo local, indo além dos
atrativos típicos da fronteira, as compras, chegando ao turismo ecológico/cultural. Para
isto, atrações como a Mesquita Omar Ibn Al-Khattab são divulgadas ao público contando
com uma ajuda da tecnologia, como a edição e publicação de vídeos disponibilizados no
Youtube.com, serviço de streaming de vídeo por demanda (HOLM; CARDOZO, 2019).
A tentativa é a de se aumentar o tempo de estadia do turista em Foz do Iguaçu, gerando
empregos e renda.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se pôde ler, neste resumo expandido, que há muitas atrações turísticas que se pode
visitar partindo-se da cidade de Foz do Iguaçu, desde atrações em outros países
(Argentina e Paraguai), incluindo-se o turismo de compras (em Puerto Iguazú/AR e
Ciudad del Este/PY), quanto atrações ecológicas (Cataratas do Iguaçu, Zoológico,
Ecomuseu), tecnológica (Usina de Itaipu) e religiosas (Templo Budista). Dentre estas
últimas, destacamos neste texto a Mesquita Omar Ibn Al-Khattab. Tal local é muito rico
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em um ponto de vista espiritual (embora em meio urbano), o que pode agradar a um


público bem diversificado. O fato de não haver cobrança de ingresso para o turista que
vier a visitar a mesquita é um outro atrativo que pode vir a ajudar na estadia mais
prolongada do turista na cidade, um dos fitos da prefeitura.
O fato de a cidade de Foz do Iguaçu estar, no momento, durante a pesquisa,
passando por restrições ao turismo e ao encontro entre pessoas, veio a interferir com esta
pesquisa, que poderia ter sido mais profunda em informações obtidas em campo.
Assim mesmo, este local turístico/religioso, como muitos outros nesta cidade,
abriga informações relevantes para pesquisadores que se dediquem a estudar a interação
entre turismo, mercado, sociedade, história, religião e ecologia desta fronteira, o que só
enriquecerá o conhecimento geral e o conhecimento acadêmico em particular, como
também à sociedade local como um todo. Portanto, novos estudos podem ser realizados
nesta direção, a de apontar os potenciais turísticos locais, associando-os à memória e a
história da região, ligando à composição migratória da população da Tríplice Fronteira.

AGRADECIMENTOS

• ao Congresso Nacional de Práticas em Ensino, Conservação e Turismo –


CONPECT 2021;
• à Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu;
• à Mesquita Omar Ibn Al-Khattab;
• à Capes;
• ao PPG em Sociedade, Cultura e Fronteiras da Unioeste-Foz;
• aos leitores pela atenção a este texto.

REFERÊNCIAS

HOLM, Carla C.; CARDOZO, Poliana F. Promoção turística em mídias digitais: a


imagem cultural de Foz do Iguaçu nos canais oficiais do Youtube. TURYDES Revista
Turismo y Desarrollo local sostenible, n. junio, 2019. Disponível em:
<https://www.eumed.net/rev/turydes/26/foz-iguazu-youtube.html>. Acesso em: 31 mai.
2021.

IBGE. Foz do Iguaçu. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pr/foz-do-


iguacu/pesquisa/23/22107>. Acesso em: 31 mai. 2021.

NAVEGA-COSTA, Roberto Rigaud. Entre o leão e as formigas: fronteiras dialéticas do


contrabando e do descaminho. 2021. 242 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em
Sociedade, Cultura e Fronteiras) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Foz do
Iguaçu, 2021.

PMFI. Mesquita. 2021. Disponível em:


<http://www.pmfi.pr.gov.br/turismo/?idMenu=1224>. Acesso em: 04 jun. 2021.
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ISBN:
https://www.reconectasolucoes.com.br/

PMFI. Inventário Técnico de Estatísticas Turísticas 2019. Foz do Iguaçu. 2021.


Disponível em: <http://www.pmfi.pr.gov.br/ArquivosDB?idMidia=108547>. Acesso
em: 31 mai. 2021.

PMFI. Inventário da Oferta Turística de Foz do Iguaçu 2014. Foz do Iguaçu. 2014.
Disponível em: <http://www.pmfi.pr.gov.br/ArquivosDB?idMidia=75475>. Acesso em:
31 mai. 2021.
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DA MERCANTILIZAÇÃO DA CULTURA À CONSTRUÇÃO DO


ESPAÇO: UMA DISCUSSÃO SOBRE O PROCESSO DE CRIAÇÃO
DE UM PRODUTO TURISTICO.

Ingridt Millenna Vieira Dantas1

Resumo
O turismo é uma realidade presente em diversos espaços, cuja dinâmica, sobretudo
econômica tem sido sempre fruto de analise e investigação, esse processo entretanto,
vem sendo produto e produtor de diversas outras dinâmicas, a partir do momento que se
apropria dos elementos presentes no espaço urbano, na cultura, no patrimônio. Essa
apropriação e criação de um produto visa atender ou se beneficiar da ideia de consumo
hipermoderno, que é praticado pelos individuos cujo interesse promove a
mercantilização da cultura e de seus elementos. Assim, buscamos nesse trabalho
analisar a partir de uma perspectiva teórica o processo de mercantilização da cultura,
que se concretiza em função da apropriação e criação de um produto turístico que
atende as expectativas desse consumo atual. Tal processo tem ocasionado impacto e
modificações no espaço urbano, no patrimonio, na cultura e nos demais elementos
culturais e da paisagem.

Palavras-chave: Turismo. Cultura. Patrimônio. Mercantilização da Cultura. Produto do


turismo
INTRODUÇÃO

A atividade turística é uma dinâmica constantemente colocada em análise e discussão,


seja enquanto vetor econômico, seja pela prática por uma parte da população mundial
enquanto visitantes, ou pelos conflitos e usos dos elementos de patrimonio, naturais,
entre outros. Todo esse processo é fruto constante de reflexões, em função disso, nosso
objetivo nesse resumo é discutir sobre a perspectiva de um turismo construído enquanto
produto que se apropria do espaço urbano, da cultura, do patrimônio, a partir de uma
dinâmica de mercantilização desses elementos em torno da construção desse produto.
Enquanto dinâmica presente no espaços urbanos, Soares (2015) reforça que o turismo é
um dos mais importantes “fenômenos” econômicos e sociais do mundo na atualidade, é
o espaço no qual as relações e memórias se fortalecem, permitindo o acesso para
aqueles que não fazem parte daquele cenário. São elementos que pertencem ao espaço
que foi construído ao longo do tempo, mas que atualmente é transformado em algo
embalado e colocado na prateleira para o consumo dos visitantes.

1 Doutoranda em Geografia, Universitat Autònoma de Barcelona - Espanha, ingridt_dantas@hotmail.com


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O turismo urbano, fruto da produção e comercialização do espaço, é a dinâmica


promovida pela existência dos recursos e atrativos necessários à prática do turismo, bem
como pelas políticas de produção e promoção do espaço e da interação dos turistas com
o espaço, cuja prática legítima tal formato de turismo espacial, quando uma
reorganização do espaço é praticada em função da produção e promoção do turismo ali
realizado (SOARES, 2015).
A utilização do turismo como vetor socioeconômico nesse processo torna-se um meio
para a produção de capital, que para Soares (2015) parte do discurso de requalificar o
espaço urbano, promovendo a experiência sociocultural, "resgatando" a cidade como
espaço composto por identidade, história, patrimônio, etc. Portanto, tal dinâmica, inicia
assim ciclos contínuos de organização, modificação, produção e reprodução da cidade
como negócio e do turismo como produto dessa cidade como negócio.
Em função da percepção desses ciclos, propomos aqui uma revisão teórica que dialoga
e corrobora com esse modelo de produção, consumo e mercantilização da cultura, do
patrimonio e do espaço urbano em função da estruturação de produtos turísticos.

DINÂMICAS DE PRODUÇÃO E CONSUMO DA CULTURA E DO ESPAÇO URBANO

A discussão aqui presente busca a compreensão do entrelaçamento entre cultura,


patrimônio e turismo como um produto construído a partir da elaboração de um
conjunto de eventos e ações que selecionam, elaboram, interferem, modificam e
colocam a cultura, a cidade, a identidade, entre outros elementos como uma forma
comercializável para os visitantes de um determina ambiente.
Essa dinâmica, todavia, passa pela construção e/ou modificação do espaço urbano e pela
consumo desse espaço, bem como de todos os demais elementos que fazem parte do
patrimonio e da cultura. Portanto, essa discussão é relevante para melhor
compreendermos a ideia de cultura e de cidade como negócio/produto do turismo, cujo
processo utiliza os elementos do local como parte da experiência oferecida na atividade
turística.
Um primeiro aspecto desse processo é a mercantilização da cultura, em relação a essa
discussão, Lipovetsky e Serroy (2011) analisam a ideia de cultura mundo, cuja
perspectiva se situa na centralidade da cultura em vários e/ou certamente em todos os
campos da vida cotidiana no momento em que passou a fazer parte da indústria
mercantil, deixando no passado a ideia de que a cultura era "apenas" um conjunto de
símbolos e significados de grupos sociais, que agora constituem e são produtos de uma
indústria cultural e de uma economia política da cultura.
Para Lipovetsky e Serroy (2011), a cultura passa a ser movida pelas fronteiras abertas
dos capitais, multinacionais, ciberespaço e consumismo e suas barreiras rompidas para
fazerem parte de um mundo econômico, ocupado pelo indivíduo, pela mídia e pelo
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consumo. Não faz mais sentido pensar em uma cultura local, isolada, construída e
consumida somente por grupos sociais também locais, a quebra de fronteiras e o início
da sua comercialização, fazem da cultura um produto global.
Assim, fazer da cultura um produto do mercado, inserindo-a numa economia da cultura,
na indústria cultural, promove, segundo Lipovetsky e Serroy (2011), uma culturalização
dos bens, são duas perspectivas motivadas segundo o consumo, a cultura como
mercadoria que desperta o interesse dos indivíduos e dos mercados. Esse movimento é
fortemente percebido pela necessidade, agora constante e abrangente, de criar produtos
com significados, símbolos, identidade, criatividade, estilos, desde a própria produção
até a comunicação para a comercialização desses produtos.
Trazer a cultura para essa centralidade, causou um efeito, segundo Lipovetsky e Serroy
(2011), que mudou a forma como a modernidade trata do passado, esse momento de
hipermodernidade, na verdade, trouxe a necessidade de não apenas interromper o
passado visto como antigo, antiquado, mas acima de tudo, re-significou-o para um
tempo em que é necessário reviver o passado a partir do consumo, das memórias
religiosas e identitárias, pois é tempo de reabilitar o passado e adorar o autêntico.
O processo de mercantilização da cultura, certamente é motivado pela necessidade ou
promoção desse consumo, que se dá fortemente quando dá construção e criação de
elementos que se “adequem” ao estilo e as expectativas de consumo desse público. Aqui
visualizamos dentro do cenário de produto e desenvolvimento da atividade turística, a
produção do espaço urbano como um dos elementos que impulsionam esse processo.
Assim, além de compreender a comercialização da cultura, buscamos também expandir
essa reflexão para o próprio espaço urbano, para o lugar onde presenciamos a dinâmica
de produção, reprodução, modificação, comercialização da cultura, de maneira muito
alinhada a discussão proposta por por Carlos, Volochko e Álvarez (2015) que nos
ajudarão a compreender a ideia da própria cidade como negócio.
O processo de construção e produção do espaço urbano, passa pela interferência de
diversos atores, Carlos, Volochko e Álvarez (2015) analisam a atuação do Estado neste
processo, construído em uma relação onde a própria instituição cria situações favoráveis
ao desenvolvimento de tais ações, quando garantem e legitimam, por exemplo, a
utilização do patrimônio arquitetônico, cultural e histórico como produto do turismo, o
que inclui permitir interferências e/ou modificações nesse patrimônio com a premissa de
valorização do espaço urbano.
Essas ações motivadas pela prática comercial de uso do patrimônio, do espaço urbano,
da própria cidade e dos elementos que a integram, e passam por legitimação
institucional, para esse processo de homogeneização e "valorização", que se inicia com
a apropriação e repetição do discursos em torno da preservação do patrimônio, cujo
foco central, nesse caso, é na realidade de qualificação do espaço urbano para a
reprodução do capital.
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Para compreender como se dá esse processo de apropriação, Scifoni (2015) aborda a


ideia de adequação patrimonial, que pode ser considerada como a ação de políticas
estaduais que legitimam e viabilizam as modificações, apropriações e adequações desse
patrimônio, com foco na construção da cidade como negócio, o espaço urbano como
atrativo:
Assim, este compreende um conjunto de mecanismo por dentro do
Estado e por meio dele, com o objetivo de viabilizar a aprovação de
empreendimentos privados e grandes projetos públicos que, pelas
práticas institucionais apoiadas na expertise no campo do patrimônio
ou pelo corpus legal, não seriam possíveis anteriormente, o ajuste
permite legalidade produzir legalidade onde antes não existia tal
possibilidade e, com isso, garantir a realização do valor e o lucro
máximo na produção imobiliária a partir do momento em que elimina
uma barreira ou obstáculo: o patrimônio (SCIFONI, 2015, p.211)

Neste processo de incorporação do património, na lógica da mercadoria e do produto do


espaço urbano, as intervenções variam desde modificações nas suas estruturas ou
mesmo a eliminação do património total ou parcial até à construção de outro espaço,
cujo processo por diversos momentos não considera o valor simbólico e as memórias
populares envolvidas, especialmente se essa propriedade pertencer à memória de classes
que estão distantes da elite política, econômica ou religiosa (SCIFONI, 2015).
O processo de ajustamento patrimonial leva-nos a questionar e analisar quais os
ambientes, espaços, histórias, memórias que estamos (re)conhecendo, enquanto
patrimônio que observamos nas atividades turísticas, que intervenções foram realizadas,
legitimadas. Como a história e as memórias foram apropriadas? Quais são as narrativas
construídas e também modificadas de acordo com o processo de adequação patrimonial
para a construção da cidade como negócio? Como essas narrativas são repassadas para o
consumo dos turistas ali presentes?
Tais questões são preocupantes quando pensamos sobre esses espaços, principalmente
pelo interesse desta pesquisa em analisar esses processos. Assim, torna-se
imprescindível compreender como essas mudanças foram legitimadas em seu espaço,
quais apropriações, modificações ocorrem, que memórias foram suprimidas ou mesmo
esquecidas no cenário da cidade como um negócio. Para isso, é importante compreender
como o processo turístico, em especial o turismo urbano e cultural, vem se
desenvolvendo dentro dinâmica da produção do espaço urbano e de consumo e
mercantilização da cultura.

PROCESSO PARA CONSTRUÇÃO DE UM PRODUTO DO TURISMO


Seguindo a discussão de produção desse espaço como campo de consumo da cidade e
da cultura, temos na perspetiva de Bessa e Alvarez (2014) o que podemos chamar de
sistematização do processo de criação do produto turístico, que em certa medida, se
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relaciona como uma das etapas em que se constrói esse produto, para sua posterior
mercantilização.
Portanto, esse processo de produção espacial urbana, principalmente no que se refere à
criação do turismo como produto, foi idealizado e detalhado por Bessa e Alvarez
(2014), os autores também acreditam que os projetos turísticos são promovidos por
políticas estaduais que investem recursos para a qualificação dos o turismo e a
paisagem, quando criam ou modificam este espaço para torná-lo atraente para empresas,
investidores e turistas.
Em grande medida, para Bessa e Álvarez (2014), esse processo busca replicar modelos
adotados por grandes cidades que tiveram projetos de sucesso utilizando medidas
semelhantes em relação à produção do espaço com foco no turismo, tais estratégias,
para os autores. acabam construindo um modelo copiado dessas cidades e que vem
sendo aplicado em muitos outros espaços em busca dessas transformações em suas
paisagens.
Para Bessa e Álvarez (2014), além dos problemas estruturais e sociais, trazidos nesse
processo, a produção desse cenário implica também, na criação de atrativos, quando
estes ainda não existem, são paisagens construídas a partir de projetos paisagísticos,
urbanísticos e arquitetônicos, que modificam a paisagem local de acordo com os
interesses da produção do espaço que segue modelos e padrões de projetos construídos
em outros espaços.
Analisando o processo de produção da paisagem turística no processo de produção
espacial urbano, Bessa e Álvarez (2014) desenvolveram um modelo de reprodução de
projetos turísticos que está organizado em quatro etapas, com foco na seleção,
qualificação, comercialização, requalificação e/ou abandono de espaços
Etapa 1: Seleção de recursos turísticos: Nesta etapa, os macro-atores identificam e
selecionam os recursos com potencial atrativo; Podem ser recursos naturais, patrimônios
edificados, tangíveis ou imateriais no caso de festas, tradições, manifestações culturais,
ou seja, recursos de qualquer natureza que podem ser transformados em mercadoria,
visto que quando esses recursos não existem, cabe a indústria do turismo para criá-los.
Etapa 2: A transformação dos recursos turísticos em produtos turísticos: A segunda
fase é o momento em que os recursos são transformados em produtos turísticos, nesta
fase a ideia é criar atrativos que sejam capazes de gerar o interesse dos turistas, nesse
momento os elementos seleccionados ficam com os macro-actores e serão modificados,
qualificados e/ou criados, cujo processo se baseia no projeto turístico elaborado para o
local.
Etapa 3: A transformação dos produtos turísticos em destinos turísticos: Para esta
etapa, as ações são realizadas com o objetivo de transformar o produto criado na etapa 2
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em um destino turístico, muitos dos esforços nesta etapa estão nas estratégias de
comunicação para promoção do destino.
Etapa 4: Renovação e/ou expansão dos destinos turísticos: Esta etapa só ocorre se os
atrativos se esgotam e os macro atores optam por um processo de renovação,
requalificação do destino, criação e/ou modificação de espaços para renovar o interesse
pelo destino turístico.
As reflexões e o modelo de construção de um produto turístico construído por Bessa e
Álvarez (2014), culminam na construção da compreensão do turismo, da cidade e da
cultura como produtos, temas discutidos desde o início deste tópico, são os processos de
mercantilização de todos os elementos já mencionados que nos ajudam a construir a
ideia do produto turístico aqui proposto.

CONCLUSÃO
A discussão construida a partir dos pesquisadores e teóricos aqui analisados, nos
permite concluir algumas questões e prosseguir com a investigação dessa perspectiva da
atividade turística. Porém, é importante enfatizar aqui para além das demais dinâmicas,
que os conflitos e processos existentes dentro do processo de criação de produtos
turístico a partir do uso do espaço e do patrimônio tanto pela perspectiva dos impactos,
como também da sistematização e replicação desse processo tem se tornado aspecto
cada vez mais relevantes, à medida que extrapolam os impactos e interesses puramente
econômicos e de lazer da prática turística.
Em relação aos impactos causados pela reprodução de tais modelos, Bessa e Álvarez
(2014) reforçam que os efeitos na paisagem local são inúmeros, principalmente nas
grandes cidades, as paisagens parecem iguais, copiadas de outros espaços, com uma
possibilidade cada vez mais limitada de reconhecermos os elementos e a cultura que
realmente pertencem ao lugar visitado a partir do que foi concebido como projeto
turístico.
Essa homogeneização se dá muito fortemente em função de dois processos, o primeiro
pela necessidade de criação de um produto que se adeque ao perfil de consumo
esperado pelo visitantes, mas também pela replicação desse formato de criação de
produto de maneira sistemática, o que tem contribuido para a observação em grande
parte dessa paisagem homogênea nos ambientes onde são desenvolvidas as atividades
turísticas, desde os espaços de visitação, ao serviços e produtos ali ofertados.
Para além da apropriação e replicação de um modelo de uso do espaço urbano, do
patrimonio, da cultura e dos demais elementos ali envolvidos, é preciso
problematizarmos e analisarmos de fato, que esse processo turístico existe também da
perspectiva de um impacto que interfere e influência nos elementos imateriais, cujo
olhar superficial é incapaz de compreender as modificações e interferências que são
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promovidas na identidade, na cultura, nos costumes e que estão em constante oferta para
consumo nesse modelo de hipermodernidade.

REFERÊNCIAS
BESSA, A. S. M.; ÁLVARES, L. C.; A construção do turismo: megaeventos e outras
estratégias de venda das cidades. Belo Horizonte: C/Arte, 2014.

LIPOVETSKY, G.; SERROY, J. A cultura-mundo: resposta a uma sociedade desorientada.


São Paulo: Compainha das Letras, 2011.

SCIFONI, S.; O patrimônio como negócio. In: A cidade como negócio. CARLOS, A.F.A.;
VOLOCHKO, D.; ALVAREZ, E. P.; São Paulo: Contexto, 2015. p. 209 - 225.

SOARES, L. S.; O fio de Ariadne e o desatar dos nós do turismo urbano.In: A cidade como
negócio. CARLOS, A.F.A.; VOLOCHKO, D.; ALVAREZ, E. P.; São Paulo: Contexto, 2015.
p.227-245 .
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“Práticas em Ensino, Conservação e Turismo”
15 a 17 de Julho de 2021
ISBN: 978-65-994536-1-8
Realização: Reconecta Soluções Educacionais Arte Gráfica: Maxwell Luiz da Ponte
CNPJ 35.688.419/0001-62
Rua Silva Jardim, 1329 – Parque Industrial.
Fone: (17) 99175-6641. Website: reconectasolucoes.com.br
Editoração: Eliza Carminatti
contato@reconectasolucoes.com.br Wenceslau; Maxwell Luiz da Ponte.

Os textos divulgados são de inteira responsabilidades de seus autores, nos termos do edital de
trabalhos do congresso, disponíveis na página da Editora.

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