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Apostila III.2
Apostila III.2
ANATOMIA E BIOMECÂNICA
Renato Ramos Coelho, D.Sc.
Daniel Ramos Coelho, M.Sc.
Belo Horizonte
2018
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Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc
SUMÁRIO
9. MEMBROS SUPERIORES................................................................................................ 67
9.1. CINTURA ESCAPULAR...........................................................................................67
9.2. COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO...................................................................69
9.3. COMPLEXO ARTICULAR DO COTOVELO E ANTEBRAÇO........................................ 74
9.4. COMPLEXO ARTICULAR PUNHO-MÃO........................................................................... 77
9.4.1. Túnel do carpo.............................................................................................82
9.5. ALCANCE E PREENSÃO....................................................................................... 83
10. MEMBROS INFERIORES........................................................................................................ 85
10.1. CINTURA PÉLVICA...............................................................................................85
10.1.1. QUADRIL.....................................................................................................88
10.2. COXA E COMPLEXO ARTICULAR DO JOELHO........................................................... 92
10.3. PERNA E COMPLEXO ARTICULAR TORNOZELO-PÉ.................................................. 99
10.4. MOVIMENTOS COMBINADOS DE CINTURA PÉLVICA E MMII.................................... 104
11. BIOMECÂNICA..............................................................................................................106
11.1. LINHAS DE AÇÃO E VETORES MUSCULARES.................................................106
11.2. TORQUE MUSCULAR..........................................................................................106
11.3. ELETROMIOGRAFIA...........................................................................................107
11.4. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE E ANÁLISE DE MOVIMENTO............................ 107
REFERÊNCIAS......................................................................................................................
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9. MEMBRO SUPERIOR
A função básica dos MMSS é posicionar a mão no espaço, uma vez que se trata da
principal ferramenta funcional humana, responsável pela exploração, manipulação e preensão
(MAGEE, 2010). Para isto, O MS conta com a cintura escapular (escápula e clavícula), ombro,
braço (úmero), cotovelo, antebraço (rádio e ulna) e complexo articular punho-mão (CAPM).
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entanto, os autores de cinesiologia consideram que este complexo é formado pela cintura
escapular associada à GU (NORKIN; LEVANGIE, 2001; NEUMANN, 2011; OATIS, 2015),
posição esta que também foi adotada por Hurov (2009) ao revisar a literatura corrente sobre
o ombro.
Desta forma, como a cintura escapular já foi descrita, este item irá se ater à descrição
da GU. No entanto, ao descrever os movimentos, será adotado o conceito do ombro como o
conjunto da GU com a cintura escapular.
A GU é formada entre a cavidade glenoide da escápula e a cabeça do úmero.
Anatomicamente, é uma articulação esferoide que possui três graus de liberdade, realizando
os movimentos de flexão, extensão; abdução e adução e rotação lateral/medial. Além destes,
a GU também realiza os movimentos de abdução e adução no plano horizontal (Figura 49),
que ocorrem no plano transverso, hiperextensão e o movimento complexo de circundução
(MIRANDA, 2008). Sua estabilização dinâmica deve-se ao manguito rotador (Figura 50),
formado pelos músculos supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular
(Quadro 8). Sua função, além de realizar movimentos rotatórios, envolve manter o contato
ótimo entre o úmero e a glenoide durante os movimentos do ombro, evitando o glide
(deslocamento anterior da cabeça do úmero) do ombro (LUGO et al, 2008).
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O antebraço (Figura 58) é constituído pelo rádio e a ulna, sendo responsável por
conectar o CAPM ao cotovelo (EATHORNE, 2005). Ele possui duas articulações sinoviais
(RUP e radioulnar distal – RUD) e uma sindesmose (radioulnar média – RUM).
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A RUD é considerada como parte integrante do CAPM e a RUP como parte do cotovelo
(MIRANDA, 2008). Ambas são do tipo pivô, com superfícies articulares formadas por
segmentos de cilindros e realizam os movimentos de pronação e supinação. A pronação
ocorre na RUP pelo giro da cabeça do rádio sob o ligamento anular, que a envolve; na RUD,
pelo deslizamento do rádio sobre a ulna. Na supinação ocorre o giro do rádio lateralmente à
ulna, de forma que os dois ossos ficam em paralelo (LASTAYO; LEE, 2006).
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Os flexores de punho e dedos (Figura 63) são o flexor radial do carpo, flexor ulnar do
carpo, palmar longo, flexor superficial dos dedos e o flexor profundo dos dedos. Todos eles,
exceto o flexor profundo dos dedos (que origina na face anterior da ulna), tem origem comum
no tendão dos flexores, que se fixa ao epicôndilo medial. O flexor superficial dos dedos possui
duas cabeças, a umeroulnar, como dito, origina-se no epicôndilo medial e a radial origina-se
na linha oblíqua do rádio (MIRANDA, 2008). O palmar longo não está presente em toda a
população (DÂNGELO; FATTINI, 2007).
Os extensores de punho e dedos (Figura 64) são o extensor radial longo do carpo,
extensor radial curto do carpo, extensor ulnar do carpo, extensor dos dedos, extensor do V
dedo, extensor do II dedo. Todos estes, com exceção do extensor do II dedo (face
posterodistal da ulna) se originam no tendão comum dos extensores, que se fixa ao epicôndilo
lateral (MIRANDA, 2008).
Quadro 10: Músculos flexores e extensores de punho e dedos
Inserção: base do II MC
Flexor radial do Inervação: nervo mediano
carpo Ação: flexão de punho, desvio radial, sinergista de flexão de cotovelo
e de pronação
Inserção: pisiforme e base do V MC
Flexor ulnar do
Inervação: nervo ulnar
carpo
Ação: flexão de punho e desvio ulnar
Inserção: fáscia palmar
Palmar longo Inervação: nervo mediano
Ação: tensiona a fáscia palmar, sinergista de flexão de punho
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Figura 64: Músculos extensores de punho e dedos e abdutor do I dedo (NETTER, 2015)
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face posterior da ulna a base da falange distal do I dedo) faz a extensão da MCF e
interfalangeana do I dedo, além de ser sinergista de extensão de punho e desvio radial. O
extensor curto do I dedo (face posterodistal da ulna a base da falange proximal do I dedo)
estende a MCF e é sinergista da abdução do I dedo e do desvio radial. O abdutor longo do I
dedo (face posterior de ulna e rádio a base do I MC) faz abdução de I dedo e é sinergista do
desvio radial (EATHORNE, 2005). Estes três músculos são inervados pelo nervo radial e
delimitam a tabaqueira anatômica (Quadro 11). O flexor longo do I dedo (face anterior da
diáfise do rádio a base da I falange distal) é inervado pelo nervo mediano e faz flexão da I
MCF e interfalangeana, além de ser sinergista de flexão de punho (DÂNGELO; FATTINI,
2007).
Quadro 11: Tabaqueira anatômica
Extensor curto do I dedo
Limite lateral
Abdutor longo do I dedo
Limite medial Extensor longo do I dedo
Assoalho Trapézio
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flexores profundos aos tendões dos extensores dos dedos, fazendo flexão da MCF e extensão
das interfalangeanas. Sua inervação envolve o nervo mediano (I e II lumbricais) e o nervo
ulnar (III e IV lumbricais). A camada profunda é formada por três músculos interósseos
palmares (ausente no III dedo) por quatro interósseos dorsais, todos inervados pelo nervo
ulnar. Os palmares são adutores da MCF e extensores das interfalangeanas e os dorsais são
abdutores e flexores da MCF e extensores das interfalangeanas (Figura 66).
Os músculos da eminência hipotenar são o palmar curto, abdutor do V dedo, flexor
curto do V dedo e oponente do V dedo. Todos eles são inervados pelo ulnar (MIRANDA,
2008).
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também chamado de osso inominado, que é formado pela fusão dos ossos púbis
(anteriormente), ílio (superiormente) e ísquio (posteroinferiormente). Posteriormente os ossos
do ílio articulam com o sacro (articulação sacroilíaca) e anteriormente os ossos do púbis se
articulam entre si através da sínfise púbica (DÂNGELO; FATTINI, 2007).
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atuam tanto para a contenção dos órgãos superiores a ele quanto nos mecanismos de micção,
defecação e resiste ao aumento da pressão intra-abdominal (DÂNGELO; FATTINI, 2007),
ajudando na estabilização da coluna lombar durante atividades que requerem grande tensão
muscular (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Os músculos do diafragma pélvico diferem em
mulheres (Figura 71) e homens (Figura 72) e são inervados por raízes sacrais e pelo nervo
pudendo (NETTER, 2015).
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trauma e a dor nesta região tem de ser explorada, uma vez que pode ser decorrente da coluna
lombar ou da articulação sacroilíaca (HARRAST et al, 2009).
A posição de repouso do quadril é em 30º de flexão e abdução, com discreta rotação
lateral. A posição de máxima congruência óssea é extensão com abdução e rotação medial
(MAGEE, 2010).
Miranda (2008) divide os músculos que agem sobre o quadril (Quadro 13 e Figuras 74
a 76) em: 1. Músculos da região glútea, que são os glúteos (inervados pelo nervo glúteo
inferior) e os músculos pelvitrocanterianos (inervados plexo sacral), estes últimos são os
rotadores laterais de quadril; 2. Músculos anteriores da coxa, que são o iliopsoas (descrito em
coluna lombar), sartório, reto femoral (estes dois descritos no joelho) e tensos da fáscia lata
(TFL); 3. Músculos mediais da coxa, que são os adutores, pectíneo e grácil (este último
descrito com o joelho), todos inervados pelo nervo obturatório; 4. Músculos posteriores de
coxa, que são os isquiotibiais e que estão descritos com o joelho.
Quadro 13: Músculos do quadril
Origem: linha glútea posterior, crista ilíaca, sacro e cóccix
Inserção: tuberosidade glútea do fêmur e tracto iliotibial
Glúteo Máximo Ação: extensão, rotação lateral, abdução e adução de quadril,
retroversão da pelve, contranutação do sacro, estabiliza pelve
e joelho
Origem: ílio entre linhas glúteas anterior e posterior
Inserção: trocânter maior do fêmur
Ação: Abdução, rotação lateral/medial de quadril, sinergista da
Glúteo Médio
flexão/extensão de quadril, anteversão e retroversão da pelve,
inclinação contralateral e estabilização no plano frontal da
pelve
Origem: ílio entre linhas glúteas anterior e posterior
Inserção: trocânter maior anteriormente
Glúteo Mínimo
Ação: abdução, rotação medial do quadril, sinergista de flexão,
rotação lateral e extensão do quadril
Origem: forame e membrana obturatória
Obturador externo Inserção: fossa trocantérica
Ação: rotação lateral do quadril, sinergista de abdução do quadril
Origem: forame e membrana obturatória
Obturador interno Inserção: fossa trocantérica
Ação: rotação lateral do quadril, sinergista de abdução do quadril
Origem: espinha isquiática
Gêmeo superior Inserção: fossa trocantérica
Ação: rotação lateral do quadril
Origem: tuberosidade isquiática
Gêmeo inferior Inserção: fossa trocantérica
Ação: rotação lateral do quadril
Origem: face anterior do sacro
Piriforme Inserção: trocânter maior
Ação: rotação lateral, abdução do quadril, retroversão da pelve
Origem: tuberosidade isquiática
Inserção: crista intertrocantérica
Quadrado da coxa
Ação: rotação lateral do quadril, sinergista de abdução do quadril,
estabiliza cabeça do fêmur
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al, 2005). A estrutura anatômica destes três ossos contribui para a mobilidade e estabilidade
articular, sendo auxiliados pela restrição imposta pela presença dos ligamentos, cápsula e
músculos que cruzam a articulação (GOLDBLATT; RICHMOND, 2003).
Figura 77: Joelho, vista anterior com patela rebatida (NETTER, 2015)
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quando o complexo do joelho se encontra em ligeira flexão (cerca de 20º), por outro lado, ela
é mais estável quando o joelho se encontra em extensão total. A prevenção deste tipo de
lesão envolve igualdade de tensão entre o vasto medial (principalmente em sua porção distal,
onde o direcionamento de suas fibras é oblíquo) e o vasto lateral (AMIS et al, 2003). Além
desse equilíbrio de forças, também são importantes as ações dos retináculos (medial e
lateral), em especial do medial (OATIS, 2016).
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FATTINI, 2007). Este conjunto muscular, mais o músculo semimembranáceo são motores da
rotação medial do joelho (CANDAL-COUTO; DEEHAN, 2003).
Os músculos isquiotibiais também possuem uma importante função estabilizadora,
atuando concomitantemente com o LCA prevenindo a anteriorização da tíbia. Esta atuação
conjunta é evidenciada pela hipertonia desta musculatura como resposta adaptativa à lesão
total do LCA (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Os demais músculos flexores de joelho são o poplíteo, o sartório, o grácil e os
gastrocnêmios, cabeça medial e cabeça lateral. Salvo o primeiro, os demais são biarticulares
e sua capacidade de produção de força é influenciada pela posição relativa nas articulações
por onde eles passam (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
Os gastrocnêmios são responsáveis pela maior produção de torque de flexão plantar
e pela estabilização da articulação do tornozelo (DUNCAN; McDONAGH, 2000). No entanto,
acredita-se que eles atuam mais como estabilizadores dinâmicos do que flexores da
articulação do joelho. Elias et al (2003) verificaram, em seu estudo com cadáveres frescos,
que os gastrocnêmios agem como antagonistas do LCA e que o músculo sóleo, apesar de
não cruzar a articulação do joelho, atua como agonista deste mesmo ligamento, evitando a
anteriorização da tíbia ao tracioná-la posteriormente quando o pé está fixo.
O músculo poplíteo, por sua vez, atua deslocando o menisco lateral posteriormente, o
que permite que o movimento de flexão, a partir do joelho totalmente estendido, ocorra. Além
desta função motora, o poplíteo também age concomitantemente com o LCP, evitando a
posteriorização da tíbia. Em casos de ausência deste ligamento, o poplíteo pode, inclusive,
cumprir esta função em sua totalidade (HARNER et al, 1998).
A Figura 78 é uma representação esquemática de cada um dos estabilizadores
(dinâmicos e estáticos) da tibiofemoral. Nela é possível ver a direção em que os
estabilizadores agem de forma que, em caso de lesão, ocorrerá uma instabilidade na direção
em que ele atua (MAGEE, 2010).
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O arranjo ósseo, associado à tensão gerada pela aponeurose (ou fáscia) plantar
(Figura 86) é responsável pela formação de três arcos plantares, os longitudinais (medial e
lateral) e o transversal (que é formado pelo alinhamento da cabeça dos MT). O mais
acentuado deles é o longitudinal medial, sendo que o seu aumento ocorre em função do
movimento coordenado de supinação do pé e a sua diminuição pelo movimento coordenado
de pronação do pé. Alterações dos arcos plantares estão relacionados à sobrecarga sobre a
fáscia plantar, que pode responder com um processo inflamatório, a fasciíte plantar, que pode
evoluir com a formação de osteófitos (RIDDLE et al, 2003).
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Alteração em qualquer uma destas fases pode causar problemas em qualquer uma
das articulações de MMII, ou até mesmo na coluna (MAGEE, 2010). Adutores e abdutores de
quadril também podem causar componentes rotacionais e assimetrias no ciclo da marcha,
principalmente quando estão encurtados ou hiperativados em função de outras alterações
posturais. Desta forma, é importante que se analise, durante a marcha, a posição relativa das
articulações no plano transverso e a ativação dos músculos responsáveis pela rotação destas
articulações (CHUTER; DE LONGE, 2012).
11. BIOMECÂNICA
A Biomecânica usa os princípios da Física para estudar qualitativamente e
quantitativamente como é a interação do Ser Humano com o ambiente que implicam na
geração de forças. Desta forma, ela é relacionada à Cinética, que é o ramo da física que
descreve o efeito de forças ou de um campo sobre um corpo (NEUMANN, 2011).
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11.3. ELETROMIOGRAFIA
A eletromiografia (EMG) faz é o registro da presença de correntes elétricas em um
músculo durante sua ativação (SOARES et al, 2013). Esta corrente elétrica é decorrente da
estimulação proveniente de neurônios motores intrafusais ou de unidades motoras (McARDLE
et al, 2016). No entanto, este registro elétrico também pode ser decorrente da propagação
deste estímulo nervoso por todo o músculo, da contração de músculos vizinhos, da atividade
neural em outras partes do corpo e das contrações cardíacas. Por isto, aparelhos de EMG
mais modernos contam com sistemas de filtros que impedem a contaminação do sinal de
EMG (SOARES et al, 2013).
Como o músculo contrai em função da regra do tudo ou nada, o estímulo de uma
unidade motora leva a contração de todas as fibras musculares por ela inervada. Desta forma,
o trabalho muscular pode ocorrer em função do recrutamento de várias unidades motoras ou
pelo recrutamento de uma mesma unidade motora repetidas vezes (McARDLE et al, 2016).
Mas, nestes dois casos, haverá intenso registro de EMG, embora haja diferença significativa
no tipo de ação muscular gerada em ambos os casos. Assim, tem-se que o registro de EMG
não é um registro da quantidade de tensão gerada por um músculo durante uma interação
física, mas um registro da atividade elétrica durante a ação muscular (HAMMOND et al, 2016).
A Figura 89 apresenta duas curvas realizadas em um mesmo momento de um mesmo
exercício muscular. A curva superior apresenta a atividade elétrica deste músculo, ou seja, o
registro de EMG. A curva inferior, por sua vez, representa o torque muscular gerado, avaliado
por um dinamômetro isocinético. Verifica-se que a perda de capacidade de geração de torque
pelo músculo nos extremos desta curva não é acompanhada por alterações no registro de
EMG (GHORI et al, 1995).
Figura 89: Registro de EMG e torque durante ação muscular (GHORI et al, 1995)
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Assim, este esquema possui a representação dos vetores de força e dos momentos de torque
que interagem e incidem sobre o corpo estudado, permitindo uma análise macro dos sistemas
de força presentes (LEITE, 2017).
O sistema de forças, por sua vez, é o somatório das forças que agem sobre um corpo,
podendo ser: 1. Com duração instantânea ou contínua; 2. Com intensidade constante ou
variável; 3. Numa mesma direção e sentido ou numa mesma direção em sentidos opostos; 4.
Concorrentes, em que há mais de uma força em um mesmo ponto, mas atuando em direções
diferentes; 5. Acoplamento de forças, quando há mais de um torque atuando em uma mesma
direção rotatória (NEUMANN, 2011).
Em pesquisas com o corpo humano, o diagrama de corpo livre é importante para que
se analise as ações musculares durante uma conduta motora. Para esta análise, deve-se
observar: 1. Relação do movimento com a ação da gravidade; 2. Segmentos corporais
envolvidos; 3. Movimento osteocinemático e artrocinemático que ocorreu em cada uma das
articulações envolvidas; 4. Tipo de ativação muscular; 5. Cadeia cinemática em que o
movimento ocorreu (principalmente se ele é proximal-distal ou distal proximal). Assim, a
análise do diagrama de corpo livre deve ter uma posição inicial (Figura 90), para servir de
referência e a posição final de uma dada conduta motora. A fragmentação do movimento entre
a posição inicial e final é facultativa, mas pode ajudar no entendimento da ação motora como
um todo (ZATSIORSKY, 2008).
Figura 90: Diagrama de corpo livre do movimento de sentar e levantar de uma cadeira
REFERÊNCIAS
AMIS, A. A. FIRER, P. MOUNTNEY, J. et al. Anatomy and biomechanics of the medial
patellofemoral ligament. The Knee, v. 10, n. 3, p. 215-220, 2003.
BARWICK, A. SMITH, J. CHUTER, V. The relationship between foot motion and lumbopelvic–
hip function: A review of the literature. The Foot, v. 22, p. 224-231, 2012.
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EATHORNE, S. W. The wrist: clinical anatomy and physical examination. Primare Care
Clinical Office Practice, v. 32, p. 17-33, 2005
ELIAS, J. J. FAUST, A. F. CHU, Y. et al. The soleus muscle acts as an agonist for the anterior
cruciate ligament: an in vitro experimental study. American Journal of Sports Medicine, v.
31, p. 241-246, 2003
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HUROV, J. Anatomy and mechanics of the shoulder: review of current concepts. Journal of
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