You are on page 1of 47

Anatomia e Biomecânica

Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

ANATOMIA E BIOMECÂNICA
Renato Ramos Coelho, D.Sc.
Daniel Ramos Coelho, M.Sc.

Belo Horizonte
2018

65
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

SUMÁRIO
9. MEMBROS SUPERIORES................................................................................................ 67
9.1. CINTURA ESCAPULAR...........................................................................................67
9.2. COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO...................................................................69
9.3. COMPLEXO ARTICULAR DO COTOVELO E ANTEBRAÇO........................................ 74
9.4. COMPLEXO ARTICULAR PUNHO-MÃO........................................................................... 77
9.4.1. Túnel do carpo.............................................................................................82
9.5. ALCANCE E PREENSÃO....................................................................................... 83
10. MEMBROS INFERIORES........................................................................................................ 85
10.1. CINTURA PÉLVICA...............................................................................................85
10.1.1. QUADRIL.....................................................................................................88
10.2. COXA E COMPLEXO ARTICULAR DO JOELHO........................................................... 92
10.3. PERNA E COMPLEXO ARTICULAR TORNOZELO-PÉ.................................................. 99
10.4. MOVIMENTOS COMBINADOS DE CINTURA PÉLVICA E MMII.................................... 104
11. BIOMECÂNICA..............................................................................................................106
11.1. LINHAS DE AÇÃO E VETORES MUSCULARES.................................................106
11.2. TORQUE MUSCULAR..........................................................................................106
11.3. ELETROMIOGRAFIA...........................................................................................107
11.4. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE E ANÁLISE DE MOVIMENTO............................ 107
REFERÊNCIAS......................................................................................................................
108

66
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

9. MEMBRO SUPERIOR
A função básica dos MMSS é posicionar a mão no espaço, uma vez que se trata da
principal ferramenta funcional humana, responsável pela exploração, manipulação e preensão
(MAGEE, 2010). Para isto, O MS conta com a cintura escapular (escápula e clavícula), ombro,
braço (úmero), cotovelo, antebraço (rádio e ulna) e complexo articular punho-mão (CAPM).

9.1. CINTURA ESCAPULAR


A escápula está mergulhada na massa muscular do dorso, formando uma articulação
funcional chamada de escapulotorácica (ET) e inserindo indiretamente ao tórax através da
clavícula. A clavícula articula-se medialmente com o esterno (articulação esternoclavicular –
EC) e, lateralmente, com a escápula, através da articulação acromioclavicular (AC). Esta
configuração é fundamental para a grande mobilidade do complexo articular do ombro (Figura
46a) que envolve, além da cintura escapular, a articulação glenoumeral – GU (NORKIN;
LEVANGIE, 2001).
A ET é sustentada e estabilizada pela massa muscular que nela insere que envolve
os músculos (Quadro 7): Trapézio; Levantador da escápula; Romboides (maior e menor);
Serrátil anterior; Peitoral menor e Subclávio (FARIA, 2006). Ela realiza os movimentos de
adução, abdução, elevação, depressão e voo (Figura 46b), todos eles submetidos a grande
influência do formato do tórax e capazes de refletir na posição relativa da GU (HUROV, 2009).
A GU, de acordo com a posição da ET, pode mover-se ou assumir a postura em protrusão,
quando o ombro está deslocado anteriormente em relação ao tórax, ou de retração, quando
o ombro se encontra posteriorizado em relação ao tórax (FARIA, 2006).

Figura 46: a) Ombro direito (vista anterior); b) Movimentos da ET

A EC (Figura 47) é a articulação sinovial responsável pela fixação do MS ao tronco.


Internamente ela possui um disco articular, que aumenta a congruência óssea entre a
clavícula (esferoide) e o esterno (ligeiramente côncavo). Externamente, ela conta com
reforços ligamentares (ligamentos esternoclavicular anterior e posterior, ligamento
interclavicular e costoclavicular). Esta estrutura (Figura 47) confere estabilidade suficiente
para que seja mais fácil a fratura da clavícula do que a luxação da EC durante uma queda

67
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

(DÂNGELO; FATTINI, 2007). Seus movimentos envolvem a elevação, depressão, protrusão


e discreta rotação (MIRANDA, 2008)

Figura 47: Articulação esternoclavicular (NETTER, 2015)

A EC, em conjunto com a ET e AC, tem a função de orientar a posição da cavidade


glenoide em relação ao úmero na articulação GU (NORKIN; LEVANGIE, 2001). A AC (Figura
48) é uma articulação sinovial plana formada entre a clavícula e o acrômio da escápula. Ela é
estabilizada pelo ligamento coracoclavicular (conoide e trapezoide) que evita que a clavícula
se sobreponha ao acrômio (DÂNGELO; FATTINI, 2007). Sua ADM é mínima, ficando restrita
a movimentos artrocinemáticos de deslizamento (MIRANDA, 2008)

Figura 48: Articulação acromioclavicular e glenoumeral em vista anterior (NETTER, 2015)

68
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Quadro 7: Músculos motores da cintura escapular


Origem: ligamento da nuca, processos espinhosos torácicos
Trapézio (músculo Inserção: terço lateral da clavícula, acrômio e espinha da escápula
do dorso superficial) Inervação: nervo acessório e ramos de C3 a C7
Ação: elevação, retração, depressão e rotação superior da escápula
Origem: processo transverso das quatro primeiras cervicais
Levantador da
Inserção: borda medial da escápula da espinha ao ângulo superior
escápula (músculo
Inervação: nervo dorsal da escápula
do dorso profundo)
Ação: elevação e rotação inferior da escápula
Origem: processo espinhoso de C7 e T1 a T5
Romboides maior e
Inserção: borda medial da escápula da espinha ao ângulo inferior
menor (músculo do
Inervação: nervo dorsal da escápula
dorso profundo)
Ação: elevação, retração e rotação inferior da escápula
Origem: face externa das 8 costelas superiores
Inserção: borda medial e ângulo inferior da escápula
Serrátil anterior
Inervação: nervo torácico longo
Ação: protrusão e rotação superior da escápula
Origem: II a V Costela após a cartilagem costal
Inserção: borda medial do processo coracoide
Peitoral menor
Inervação: nervo peitoral medial
Ação: depressão da escápula
Origem: junção da I cartilagem costal com I costela
Inserção: face inferior da clavícula
Subclávio
Inervação: nervo subclávio
Ação: depressão da escápula
Observação: de acordo com o autor utilizado, o movimento de voo pode ser chamado de
rotação superior ou lateral; o movimento de retorno do voo pode ser chamado de rotação
inferior ou medial.

Alguns músculos possuem ação sobre o movimento da cintura escapular sem


inserirem nela diretamente. O grande dorsal e o peitoral maior, que se inserem no úmero
participam da depressão da escápula. O peitoral maior também está envolvido na protrusão
da escápula e o grande dorsal em sua retração (DÂNGELO; FATTINI, 2007).
O nervo torácico longo (C5 a C7) é muito susceptível a lesões decorrentes de
atividades esportivas e laborais, em especial as que envolvem a atividade de arremesso, em
que o comprimento do nervo chega a dobrar. A lesão deste nervo está associada a atrofia do
músculo serrátil anterior (SILVA et al, 2015). No caso de neuropraxia (trauma mecânico sobre
o nervo levando a um bloqueio transitório do nervo) não há necessidade de tratamento. O
tratamento conservador é indicado nos casos de axonotmese (lesão axonal com manutenção
da estrutura neuronal) e o cirúrgico nos casos em que há neurotmese, ou seja, rompimento
neuronal (SALTER, 2001), com boa possibilidade de recuperação funcional do músculo
serrátil anterior (SILVA et al, 2015).

9.2. COMPLEXO ARTICULAR DO OMBRO


O complexo articular do ombro varia sua composição de acordo com o autor utilizado.
Dângelo; Fattini (2007) e Miranda (2008) consideram que ele corresponde somente a GU. No

69
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

entanto, os autores de cinesiologia consideram que este complexo é formado pela cintura
escapular associada à GU (NORKIN; LEVANGIE, 2001; NEUMANN, 2011; OATIS, 2015),
posição esta que também foi adotada por Hurov (2009) ao revisar a literatura corrente sobre
o ombro.
Desta forma, como a cintura escapular já foi descrita, este item irá se ater à descrição
da GU. No entanto, ao descrever os movimentos, será adotado o conceito do ombro como o
conjunto da GU com a cintura escapular.
A GU é formada entre a cavidade glenoide da escápula e a cabeça do úmero.
Anatomicamente, é uma articulação esferoide que possui três graus de liberdade, realizando
os movimentos de flexão, extensão; abdução e adução e rotação lateral/medial. Além destes,
a GU também realiza os movimentos de abdução e adução no plano horizontal (Figura 49),
que ocorrem no plano transverso, hiperextensão e o movimento complexo de circundução
(MIRANDA, 2008). Sua estabilização dinâmica deve-se ao manguito rotador (Figura 50),
formado pelos músculos supraespinhal, infraespinhal, redondo menor e subescapular
(Quadro 8). Sua função, além de realizar movimentos rotatórios, envolve manter o contato
ótimo entre o úmero e a glenoide durante os movimentos do ombro, evitando o glide
(deslocamento anterior da cabeça do úmero) do ombro (LUGO et al, 2008).

Figura 49: Abdução e adução horizontal da GU

Figura 50: Manguito rotador (NETTER, 2015)

70
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Como a cavidade glenoide é relativamente rasa, a congruência óssea da GU é


otimizada pelo lábio da glenoide (Figura 51). Além do lábio, a GU possui as bursas
subacromial e subtendíneas (Figura 52), e é reforçada e estabilizada pela cápsula articular
fibrosa e pelos ligamentos capsulares (superior, médio e inferior) coracoumeral e transverso
do úmero. Superiormente, o arco coracromial (processo coracoide, acrômio e ligamento
coracoacromial) protege a GU de traumas craniocaudais (MIRANDA, 2008).

Figura 51: Vista lateral da glenoide (NETTER, 2015)

Figura 52: Bursas do ombro (NETTER, 2015)

Além dos músculos motores da cintura escapular e do manguito rotador, a GU também


está sujeita a ação dos músculos deltoide (anterior, médio e posterior, com organização
penada), redondo maior, peitoral maior (clavicular, esternocostal, abdominal), grande dorsal

71
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

(músculo do dorso superficial) e coracobraquial (Quadro 8). O músculo tríceps braquial


(cabeça longa) e bíceps braquial também agem diretamente sobre o ombro, mas, devido a
sua atuação na articulação do cotovelo (NORKIN; LEVANGIE, 2001), serão descritos
juntamente com esta articulação (Figuras 53 e 54).
Quadro 8: Músculos motores do ombro
Origem: 1/3 lateral da clavícula (anterior), acrômio (médio), espinha
da escápula (posterior)
Inserção: Tuberosidade do deltoide do úmero
Inervação: nervo axilar
Ação: Estabilizador dinâmico do ombro, projetando a cabeça do
Deltoide
úmero na glenoide
Anterior: flexão, adução horizontal, rotação medial e abdução
Médio: abdução e sinergista de flexão/extensão, rotação
medial/lateral e abdução/adução horizontal
Posterior: Abdução horizontal, extensão e rotação lateral
Origem: fossa supraespinhal da escapula
Inserção: tubérculo maior do úmero (superiormente)
Supraespinhal Inervação: nervo supraescapular
Ação: abdução, rotação lateral e estabilização da cabeça do úmero
na glenoide
Origem: fossa infraespinhal da escapula
Inserção: tubérculo maior do úmero (medialmente)
Infraespinhal Inervação: nervo supraescapular
Ação: abdução horizontal, rotação lateral, extensão e hiperextensão,
estabilização da cabeça do úmero na glenoide
Origem: fossa infraespinhal e borda lateral da escapula
Inserção: tubérculo maior do úmero (inferiormente)
Redondo menor Inervação: nervo axilar e supraescapular
Ação: abdução horizontal, rotação lateral, extensão e hiperextensão,
estabilização da cabeça do úmero na glenoide
Origem: face posterior da escápula na borda lateral e ângulo inferior
Inserção: Sulco intertubercular e tubérculo menor do úmero
Redondo maior
Inervação: nervo subescapular inferior
Ação: adução, extensão, hiperextensão e rotação medial
Origem: fossa subescapular da escapula
Inserção: tubérculo menor do úmero
Subescapular Inervação: nervo subescapular
Ação: rotação medial, estabilização da cabeça do úmero na
glenoide e sinergista de abdução/adução
Origem: porção medial da clavícula, esterno, cartilagens das sete
primeiras costelas, bainha do reto do abdome
Inserção: sulco intertubercular e tubérculo maior do úmero
Inervação: nervo peitoral lateral e peitoral medial
Peitoral maior
Ação: adução horizontal de ombro e protrusão da escápula
Clavicular: rotação medial, flexão e sinergista de abdução
Esternocostal: extensão, adução, rotação medial e sinergista
na inspiração forçada
Origem: processo coracoide
Inserção: diáfise do úmero (anteromedial)
Coracobraquial Inervação: nervo musculocutâneo
Ação: flexão, adução, rotação medial, sinergista de adução e
estabilização do ombro, impedindo deslocamento distal

72
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Origem: processo espinhoso de T6 a L5, crista ilíaca, sacro, fáscia


toracolombar, três últimas costelas e ângulo inferior da
escápula
Inserção: Sulco intertubercular do úmero
Grande dorsal Inervação: nervo toracodorsal
Ação: adução, extensão, hiperextensão, rotação medial e abdução
horizontal de ombro e depressão da escápula
Abdução/flexão de ombro acima de 90º causa hiperlordose
com anteversão pélvica (grande dorsal e eretores da espinha)

Figura 53: Músculos do ombro em vista posterior

Figura 54: Músculos do ombro em vista anterior (NETTER, 2015)

73
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

9.3. COMPLEXO ARTICULAR DO COTOVELO E ANTEBRAÇO


O cotovelo (Figuras 56 e 57) é um complexo formado por três articulações envoltas
por uma única cápsula articular: umeroulnar; umerorradial; radioulnar proximal – RUP
(DÂNGELO; FATTINI, 2007). A primeira é uma articulação tipo dobradiça que realiza flexão e
extensão e que é reforçada pelo ligamento colateral ulnar. Seu alinhamento forma um ângulo
entre o braço e o antebraço (ângulo de carregamento) de 5o em valgo em homens e, em
mulheres, de 10 a 15o em valgo. Normalmente este ângulo desaparece com o antebraço
pronado e cotovelo estendido ou em flexão total de cotovelo (NORKIN, LEVANGIE, 2001).
A umerorradial é uma articulação condilar, reforçada pelo ligamento colateral radial,
com dois graus de liberdade (flexão/extensão e pronação/supinação). A RUP é uma
articulação pivô, reforçada pelo ligamento anular da cabeça do rádio, que ajuda a estabilizar
o cotovelo, impedindo seu deslocamento lateral excessivo e também realiza os movimentos
de pronação/supinação. (BRYCE; ARMSTRONG, 2008).

Figura 56: Ossos do cotovelo em vista anterior e posterior (NETTER, 2015)

Figura 57: Ligamentos do cotovelo em vista lateral e medial (NETTER, 2015)

O antebraço (Figura 58) é constituído pelo rádio e a ulna, sendo responsável por
conectar o CAPM ao cotovelo (EATHORNE, 2005). Ele possui duas articulações sinoviais
(RUP e radioulnar distal – RUD) e uma sindesmose (radioulnar média – RUM).

74
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

A RUD é considerada como parte integrante do CAPM e a RUP como parte do cotovelo
(MIRANDA, 2008). Ambas são do tipo pivô, com superfícies articulares formadas por
segmentos de cilindros e realizam os movimentos de pronação e supinação. A pronação
ocorre na RUP pelo giro da cabeça do rádio sob o ligamento anular, que a envolve; na RUD,
pelo deslizamento do rádio sobre a ulna. Na supinação ocorre o giro do rádio lateralmente à
ulna, de forma que os dois ossos ficam em paralelo (LASTAYO; LEE, 2006).

Figura 58: Antebraço em supinação e pronação (NETTER, 2015)

Os músculos motores de cotovelo e antebraço (Quadro 9) encontram-se no braço e


no próprio antebraço (Figuras 59 a 61). O tríceps e o bíceps braquial possuem ação também
no ombro, enquanto que o flexor radial do carpo também atua no CAPM (MIRANDA, 2008).
Quadro 9: Músculos motores de cotovelo e antebraço
Origem: Tubérculo supraglenoidal (cabeça longa) processo
coracoide (cabeça curta)
Inserção: Tuberosidade do rádio
Bíceps braquial Inervação: nervo musculocutâneo
Ação: flexão de cotovelo (antebraço supinado) e supinação; cabeça
longa – estabiliza cabeça do úmero, abdução de ombro;
cabeça curta – flexão e adução horizontal de ombro
Origem: ½ anteroinferior do úmero
Inserção: Tuberosidade da ulna
Braquial
Inervação: nervo musculocutâneo
Ação: flexão de cotovelo (em qualquer posição de antebraço)
Origem: crista supracondilar lateral do úmero
Inserção: processo estiloide do rádio
Braquiorradial
Inervação: nervo radial
Ação: flexão de cotovelo (antebraço neutro), sinergista de supinação
Origem: tubérculo infraglenoidal (cabeça longa), face posterior do
úmero (cabeças lateral e medial)
Inserção: face posterior do olecrano
Tríceps braquial
Inervação: nervo radial
Ação: extensão de cotovelo; cabeça longa – adução, hiperextensão
e estabilização de ombro

75
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Origem: epicôndilo lateral do úmero


Inserção: posterossuperior na ulna
Ancôneo
Inervação: nervo radial
Ação: sinergista de extensão de cotovelo e estabilização da ulna
Origem: epicôndilo medial do úmero e processo coronoide da ulna
Inserção: face anterolateral do rádio
Pronador redondo
Inervação: nervo mediano
Ação: pronação de antebraço e sinergista de flexão de cotovelo
Origem: superfície anterodistal da ulna
Inserção: face anterodistal do rádio
Pronador quadrado
Inervação: nervo mediano
Ação: pronação de antebraço
Origem: epicôndilo lateral do úmero e crista do supinador na ulna
Inserção: face superolateral do rádio
Supinador
Inervação: nervo radial
Ação: supinação de antebraço

Figura 59: Músculos anteriores de braço e antebraço (NETTER, 2015)

Figura 60: Músculos posteriores de braço (NETTER, 2015)

76
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Figura 61: Músculos pronadores e supinadores de antebraço (NETTER, 2015)

9.4. COMPLEXO ARTICULAR PUNHO MÃO


O CAPM (Figura 62) é a estrutura distal do MS, sendo responsável por importantes
movimentos funcionais, em especial a preensão. Para cumprir esta função, ele é formado por
31 ossos, sendo: dois que constituem o antebraço; oito que constituem o carpo; cinco
metacarpos; cinco falanges proximais; quatro falanges médias; cinco falanges distais; dois
ossos sesamoides (NORKIN; LEVANGIE, 2001).

Figura 62: Esquema da estrutura óssea do CAPM do MSD ventralmente.

Os ossos do carpo são divididos em duas fileiras: 1. Proximal (escafoide, semilunar,


piramidal e pisiforme); 2. Distal (trapézio, trapezoide, captato e hamato). Entre a fileira
proximal e distal do carpo há as articulações mediocárpicas e, entre os ossos de uma mesma
fileira, há as articulações intercárpicas (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

77
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Os ossos da fileira proximal do carpo articulam com o rádio (articulação radiocárpica)


e com a cartilagem triangular que se encontra entre eles e a ulna (em preto na Figura 62),
sendo coadjuvantes da ADM do punho, para os movimentos de flexão/extensão e desvio
radial e ulnar (EATHORNE, 2005).
Os da fileira distal articulam com a região proximal dos ossos do metacarpo (MC)
através da articulação carpometacarpeana (CMC), seguindo a ordem: primeira CMC (I CMC)
articula o primeiro MC (I MC) com o trapézio; segunda CMC (II CMC) articula o segundo
metacarpo (II MC) com o trapezoide; terceira CMC (III CMC) articula o terceiro MC (III MC)
com o captato; quarta e quinta CMC (IV CMC, V CMC) articulam o quarto (IV MC) e quinto
MC (V MC) com o hamato (DÂNGELO; FATTINI, 2007).
Quanto à mobilidade, as articulações CMC II a V possuem ADM restrita, auxiliando em
movimentos das metacarpofalangeanas. A I CMC é uma articulação em sela que possui dois
graus de liberdade, realizando os movimentos de flexão/extensão e abdução/adução. Além
destes, ela também é capaz de realizar movimentos complexos, que envolvem mais de um
plano de movimentos, chamado de oposição do I dedo (EATHORNE, 2005).
Os dois ossos sesamoides encontram-se na região distal do I MC, ventralmente. Estes
ossos agem como uma polia anatômica para aumentar a vantagem mecânica dos músculos
flexores do I dedo (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
A porção distal de cada um dos metacarpos articula-se com a porção proximal das
falanges proximais, formando as articulações metacarpofalangeanas (MCF). A I MCF, em
dobradiça, realiza apenas os movimentos de flexão/extensão. As demais são condilares e
realizam os movimentos de flexão/extensão e abdução/adução. Importante salientar que a
referência para a abdução/adução é o III dedo que, devido a isso, realiza desvio radial e ulnar
(WOODWORTH et al, 2006).
A porção distal de cada falange proximal articula-se com a porção proximal das
falanges médias que, distalmente, articula-se com a porção proximal das falanges distais. A
articulação formada entre as falanges proximais e médias é chamada de interfalangeana
proximal, a interfalangeana distal é a formada entre a falange média e a distal. Exceção a esta
conformação ocorre no I dedo, que não possui falange média. Assim, a porção distal da
falange proximal articula-se diretamente com a porção proximal da falange distal através da
articulação interfalangeana do I dedo (DÂNGELO; FATTINI, 2007). Todas as interfalangeanas
são articulações do tipo dobradiças, que possuem um grau de liberdade, realizando
movimentos de flexão/extensão (EATHORNE, 2005).
A movimentação deste complexo conjunto de ossos e articulações envolve tanto
músculos do antebraço como os chamados músculos intrínsecos da mão, que se originam e
inserem no CAPM. Os músculos do antebraço (Quadro 10), dividem-se em dois grandes
grupos, os flexores e os extensores de punho e dedos (NETTER, 2015).

78
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Os flexores de punho e dedos (Figura 63) são o flexor radial do carpo, flexor ulnar do
carpo, palmar longo, flexor superficial dos dedos e o flexor profundo dos dedos. Todos eles,
exceto o flexor profundo dos dedos (que origina na face anterior da ulna), tem origem comum
no tendão dos flexores, que se fixa ao epicôndilo medial. O flexor superficial dos dedos possui
duas cabeças, a umeroulnar, como dito, origina-se no epicôndilo medial e a radial origina-se
na linha oblíqua do rádio (MIRANDA, 2008). O palmar longo não está presente em toda a
população (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

Figura 63: Músculos flexores de punho e dedos (NETTER, 2015)

Os extensores de punho e dedos (Figura 64) são o extensor radial longo do carpo,
extensor radial curto do carpo, extensor ulnar do carpo, extensor dos dedos, extensor do V
dedo, extensor do II dedo. Todos estes, com exceção do extensor do II dedo (face
posterodistal da ulna) se originam no tendão comum dos extensores, que se fixa ao epicôndilo
lateral (MIRANDA, 2008).
Quadro 10: Músculos flexores e extensores de punho e dedos
Inserção: base do II MC
Flexor radial do Inervação: nervo mediano
carpo Ação: flexão de punho, desvio radial, sinergista de flexão de cotovelo
e de pronação
Inserção: pisiforme e base do V MC
Flexor ulnar do
Inervação: nervo ulnar
carpo
Ação: flexão de punho e desvio ulnar
Inserção: fáscia palmar
Palmar longo Inervação: nervo mediano
Ação: tensiona a fáscia palmar, sinergista de flexão de punho

79
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Inserção: II a V falanges médias


Flexor superficial Inervação: nervo mediano
dos dedos Ação: flexão da interfalangeana proximal; sinergista de flexão de
punho, flexão de MCF e flexão de cotovelo
Inserção: II a V falanges distais
Flexor profundo Inervação: nervo mediano e nervo ulnar
dos dedos Ação: flexão das interfalangeanas; sinergista de flexão e adução de
MCF e flexão de punho
Inserção: base do II MC
Extensor radial
Inervação: nervo radial
longo do carpo
Ação: extensão de punho e desvio radial
Inserção: base do III MC
Extensor radial
Inervação: nervo radial
curto do carpo
Ação: extensão de punho e desvio radial
Inserção: base do V MC
Extensor ulnar do
Inervação: nervo radial
carpo
Ação: extensão de punho e desvio ulnar
Inserção: II a V falanges distais
Extensor dos Inervação: nervo radial
dedos Ação: extensão das interfalangeanas e MCF; sinergista de extensão
de punho e abdução de MCF
Inserção: tendão do extensor comum dos dedos do V dedo
Extensor do V
Inervação: nervo radial
dedo
Ação: extensão e abdução do V dedo
Inserção: tendão do extensor comum dos dedos do II dedo
Extensor do II
Inervação: nervo radial
dedo
Ação: extensão e abdução do II dedo

Figura 64: Músculos extensores de punho e dedos e abdutor do I dedo (NETTER, 2015)

Os músculos motores do I dedo, embora também originem no antebraço, não se


incluem no grupo dos flexores ou dos extensores. O extensor longo do I dedo (1/3 médio da

80
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

face posterior da ulna a base da falange distal do I dedo) faz a extensão da MCF e
interfalangeana do I dedo, além de ser sinergista de extensão de punho e desvio radial. O
extensor curto do I dedo (face posterodistal da ulna a base da falange proximal do I dedo)
estende a MCF e é sinergista da abdução do I dedo e do desvio radial. O abdutor longo do I
dedo (face posterior de ulna e rádio a base do I MC) faz abdução de I dedo e é sinergista do
desvio radial (EATHORNE, 2005). Estes três músculos são inervados pelo nervo radial e
delimitam a tabaqueira anatômica (Quadro 11). O flexor longo do I dedo (face anterior da
diáfise do rádio a base da I falange distal) é inervado pelo nervo mediano e faz flexão da I
MCF e interfalangeana, além de ser sinergista de flexão de punho (DÂNGELO; FATTINI,
2007).
Quadro 11: Tabaqueira anatômica
Extensor curto do I dedo
Limite lateral
Abdutor longo do I dedo
Limite medial Extensor longo do I dedo
Assoalho Trapézio

Os músculos intrínsecos da mão (Figura 65) dividem-se em três regiões: 1. Tenar; 2.


Palmar medial; 3. Hipotenar. A eminência tenar é formada pelos músculos abdutor curto do I
dedo, flexor curto do I dedo, oponente do I dedo e adutor do I dedo. Todos eles, com exceção
do adutor do I dedo (nervo ulnar) são inervados pelo nervo mediano.

Figura 65: Músculos intrínsecos da mão, visão palmar (NETTER, 2015)

Os músculos da região palmar medial dividem-se em camada superficial e profunda.


A camada superficial é formada pelos músculos lumbricais, que conectam os tendões dos

81
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

flexores profundos aos tendões dos extensores dos dedos, fazendo flexão da MCF e extensão
das interfalangeanas. Sua inervação envolve o nervo mediano (I e II lumbricais) e o nervo
ulnar (III e IV lumbricais). A camada profunda é formada por três músculos interósseos
palmares (ausente no III dedo) por quatro interósseos dorsais, todos inervados pelo nervo
ulnar. Os palmares são adutores da MCF e extensores das interfalangeanas e os dorsais são
abdutores e flexores da MCF e extensores das interfalangeanas (Figura 66).
Os músculos da eminência hipotenar são o palmar curto, abdutor do V dedo, flexor
curto do V dedo e oponente do V dedo. Todos eles são inervados pelo ulnar (MIRANDA,
2008).

Figura 66: Ação de extensores, flexores, lumbricais e interósseos (NETTER, 2015)

9.4.1. Túnel do Carpo


O túnel do carpo (Figura 67) é uma região anatômica delimitada superiormente pelo
retináculo flexor, medialmente pelo escafoide, lateralmente pelo pisiforme e inferiormente
pelos ossos do carpo. O seu conteúdo é formado pelos quatro tendões dos flexores
superficiais dos dedos, pelos quatro tendões dos flexores profundos dos dedos, pelo tendão
do flexor longo do polegar e pelo nervo mediano.
Devido a esta conformação, qualquer situação que implique em edema de um ou mais
destes tendões implica na compressão do nervo mediano. Esta compressão leva a um
comprometimento da transmissão nervosa pelo nervo mediano, implicando em dor em
queimação em sua área de inervação (face palmar do I ao III dedo e metade lateral do IV
dedo) e em fraqueza dos músculos da eminência tenar (exceto o adutor do I dedo) e no I e II
lumbricais.
O tratamento envolve a confirmação diagnóstica, uma vez que os sintomas
decorrentes de uma radiculopatia de C6 são similares ao da síndrome do túnel do carpo

82
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

(MAGEE, 2010) e no tratamento conservador, baseado em alongamentos e fortalecimento


das estruturas relacionadas a este túnel. A cirurgia é indicada em casos não mecânicos e
deve se dar preferência a técnicas endoscópicas e com anestesia local, que apresentam
melhor evolução (BARROS et al, 2016).

Figura 67: Túnel do carpo, vista anterior (NETTER, 2015)

9.5. ALCANCE E PREENSÃO


A função prioritária do MS é o alcance e a preensão, ou seja, levar a mão a algum local
e utilizá-la de acordo com a necessidade de momento. No entanto, existem alguns limites que
tem de ser respeitados, eles envolvem tanto questões ergonômicas como anatômicas e
biomecânicas. Em termos ergonômicos, o alcance varia de acordo com a altura (H) do usuário
do equipamento, indo de 0,146H a 0,462H. Desta forma, qualquer objeto que seja
imprescindível à execução do trabalho tem de estar dentro de uma área circular (Figura 68)
compreendida entre estes dois raios (IIDA; BUARQUE, 2016).
Além da questão ergonômica, deve-se atentar para o ritmo escapuloumeral (Quadro
12) e às limitações que ele impõe. A flexão completa de ombro envolve deltoide anterior,
peitoral maior (parte clavicular) e coracobraquial como agonistas e cabeça curta do bíceps,
manguito rotador, serrátil anterior e trapézio como sinergistas. A abdução completa, por sua
vez, envolve deltoide e supraespinhal como agonistas e cabeça longa do bíceps,
infraespinhal, redondo menor, serrátil anterior e trapézio como sinergista. Desta forma, o nível
de controle motor para a execução destes movimentos é muito alto (MIRANDA, 2008).

83
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Figura 68: Área de alcance


Quadro 12: Ritmo escapuloumeral
Úmero Escápula Clavícula Ação muscular
o
Movimento 0 a 15 Deltoide médio, supraespinhal
Fase I 30o abdução
mínimo elevação Adutores de escápula
Deltoide médio, adutores e
30 a 36o
Fase II 40o abdução 20o rotação levantador de escápula,
elevação
trapézio superior
30 a 50o Deltoide médio, adutores e
60o abdução
rotação elevador de escápula,
Fase III 90o rotação 30o rotação
posterior trapézio superior e rotadores
lateral
30o elevação laterais de ombro

No entanto, a possibilidade motora concebida pelo ritmo escapuloumeral não significa


que os movimentos devem ocorrer em sua completa ADM. Abdução e flexão de ombro acima
de 90º implica na possibilidade de impacto da cabeça do úmero sob o acrômio, com
possibilidade de danos nos tendões da cabeça longa do bíceps braquial, do supraespinhal e
da Bursa subacromial. Em pessoas que possuam o acrômio em gancho, uma variação
anatômica que implica na ponta desta proeminência óssea direcionada para baixo, esta
possibilidade de impacto da cabeça do úmero pode ocorrer em ângulos inferiores à 90º
(MAGEE, 2010).
Posicionado o MS no espaço, tem-se a necessidade de preensão por parte da mão.
Para isto, descreve-se dois tipos de preensão, as de força e as de precisão. As preensões de
força envolvem maior ativação dos músculos extrínsecos (do antebraço) e dividem-se em
gancho, cilíndrica, esférica e lateral. As preensões de precisão dividem-se em preensão
polpa-polpa, ponta-ponta e polpa-lado. Em todas as preensões, a musculatura extensora age
como estabilizadora.
A preensão em gancho não envolve o uso do I dedo e tem maior ativação muscular
dos flexores dos dedos (superficial e profundo). Se a carga for colocada mais distal, haverá
maior ação dos flexores profundos dos dedos e dos interósseos, mas, se ela estiver mais
proximal, apenas os flexores superficiais dos dedos são suficientes.

84
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

A preensão cilíndrica envolve o uso do I dedo. A principal ativação muscular é dos


flexores profundos dos dedos, os flexores superficiais agem como sinergistas, em especial se
houver manutenção da preensão ou se a carga for muito elevada. A posição do I dedo e a
ativação muscular necessária variam de acordo com o peso e o formato do objeto segurado,
mas a ativação do flexor longo do I dedo e dos músculos da eminência tenar sempre ocorre.
Na eminência tenar, a ativação do abdutor curto e do flexor curto do I dedo é inversa à do
oponente do I dedo. Quanto maior for a ativação do oponente do I dedo, maior a precisão e
menor a força da preensão.
A preensão esférica envolve, além dos músculos ativos na preensão cilíndrica, uma
maior ativação dos músculos que fazem a oposição do I e do V dedos, o que implica em menor
força da preensão.
A preensão lateral é a única que utiliza os músculos extensores, uma vez que a MCF
e as interfalangeanas têm de ser mantidas em extensão enquanto a MCF aduz e abduz.
A preensão polpa-polpa é a preensão que permite maior capacidade descritiva, uma
vez que 80% dos corpúsculos táteis encontram-se nas polpas digitais. Em termos de função
muscular, há uma maior ativação dos flexores superficiais dos dedos quando a
interfalangeana distal está estendida e dos flexores profundos dos dedos quando a
interfalangeana distal está flexionada, os interósseos agem reciprocamente e os músculos da
eminência tenar se responsabilizam pelo posicionamento do I dedo.
A preensão ponta-ponta envolve maior ativação dos flexores profundos dos dedos,
uma vez que há maior flexão da interfalangeana distal.
A preensão polpa lado envolve maior adução e rotação do I dedo e é a menos precisa
das preensões de precisão (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
Por fim, a posição em que o CAPM possui maior funcionalidade envolve discreta
extensão e desvio ulnar de punho e flexão de dedos (IIDA; BUARQUE, 2016). Nesta posição
os dedos ficam em vantagem mecânica para a execução das preensões (NORKIN;
LEVANGIE, 2001).

10. MEMBRO INFERIOR


A função dos MMII é, prioritariamente, a locomoção através da marcha, e a
sustentação de peso. Para isto, os MMII contam com a cintura pélvica, quadril, coxa, complexo
articular do joelho, perna e complexo articular tornozelo-pé (NEUMANN, 2011).

10.1. CINTURA PÉLVICA


Apesar da cintura pélvica ser uma estrutura anatomicamente separada dos MMII,
vários dos músculos da coxa originam nela. Esta cintura é constituída pelos ossos do quadril,

85
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

também chamado de osso inominado, que é formado pela fusão dos ossos púbis
(anteriormente), ílio (superiormente) e ísquio (posteroinferiormente). Posteriormente os ossos
do ílio articulam com o sacro (articulação sacroilíaca) e anteriormente os ossos do púbis se
articulam entre si através da sínfise púbica (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

Figura 69: Articulação sacroilíaca vista posterior (NETTER, 2015)

Figura 70: Articulação sacroilíaca vista anterior (NETTER, 2015)

86
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

A articulação sacroilíaca possui dois componentes, um sinovial, localizado


anteriormente e uma cartilaginosa, formada pela união fibrosa de feixes espessos de colágeno
com o ligamento sacroilíaco interósseo (Figuras 69 e 70). A sacroilíaca sinovial é uma
articulação plana, mas com superfícies irregulares, o que permite movimentos de deslizar e
escorregar, ao mesmo tempo em que provê grande estabilidade, sendo dificilmente
deslocável. Ela é reforçada por uma cápsula articular, ligamentos sacroilíacos (anterior e
posterior), sacrotuberal, sacroespinhal e sacroilíaco interósseo (MIRANDA, 2008).
Além desta estrutura ligamentar e da congruência óssea, a fáscia toracolombar
também estabiliza a sacroilíaca através de dois mecanismos principais: 1. Tração direta em
direção superior do sacro. 2. Transferência dinâmica das tensões geradas na coluna, pelve e
MMII, que aumenta a pressão intra-abdominal e a rigidez da coluna lombar, causando maior
força no fechamento da sacroilíaca e estabilizando a pelve (WILLARD et al, 2012).
A estabilização muscular da cintura pélvica envolve músculos que tensionam a fáscia
toracolombar, que compõe o diafragma pélvico e músculos motores do quadril (NEUMANN,
2011). Entre os que tensionam a fáscia toracolombar destacam-se os multífidos, cujo volume
é fundamental para a manutenção da tensão na fáscia toracolombar, permitindo que ela
cumpra sua função estabilizadora da sacroilíaca. Daí a importância de que estes músculos se
encontrem em seu volume ideal, mantendo a tensão desta fáscia sem desenvolver uma
síndrome compartimental (WILLARD et al, 2012).

Figura 71: Diafragma pélvico feminino, vista superior (NETTER, 2015)

O diafragma pélvico envolve o músculo levantador do ânus, que forma o assoalho


pélvico. Esse músculo divide-se em três partes (pubococcígea, puborretal e iliococcígea) que

87
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

atuam tanto para a contenção dos órgãos superiores a ele quanto nos mecanismos de micção,
defecação e resiste ao aumento da pressão intra-abdominal (DÂNGELO; FATTINI, 2007),
ajudando na estabilização da coluna lombar durante atividades que requerem grande tensão
muscular (NORKIN; LEVANGIE, 2001). Os músculos do diafragma pélvico diferem em
mulheres (Figura 71) e homens (Figura 72) e são inervados por raízes sacrais e pelo nervo
pudendo (NETTER, 2015).

Figura 72: Diafragma pélvico masculino, vista inferior (NETTER, 2015)

Além do diafragma pélvico, as fáscias da pelve (parietal e obturatória) também agem


com o intuito de conter as vísceras pélvicas.
A articulação do quadril (Figura 73) é formada pela cabeça do fêmur e pelo acetábulo.
Trata-se de uma articulação esferoide e triaxial, com os mesmos movimentos, mas menos
móvel, que a articulação do ombro. Ela é mais robusta e estável que o ombro, devido à sua
função de distribuição de cargas sobre os MMII. O lábio do acetábulo aumenta a congruência
óssea e o ligamento transverso do acetábulo dá origem ao ligamento da cabeça do fêmur,
que é intra-articular e está relacionado à nutrição da cabeça do fêmur.
A cápsula articular apresenta espessamentos que a reforçam anteriormente, os
ligamentos iliofemoral, pubofemoral e isquiofemoral. O iliofemoral tem formato de Y e é
fundamental para a manutenção da postura ortostática, uma vez que ele impede a rotação
posterior da pelve em função do centro de gravidade do corpo humano estar posterior à
articulação do quadril (DÂNGELO; FATTINI, 2007).
O acetábulo possui orientação lateral, anterior e inferior. Com isso, a cabeça do fêmur
possui orientação superior, posterior e medial. Esta orientação resulta em dois ângulos de

88
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

relevância clínica, o ângulo de anteversão e o ângulo cervicodiafisário. O ângulo de


anteversão é formado entre a cabeça do fêmur e os côndilos femorais (Figura 74), sendo um
indicativo da projeção da cabeça do fêmur em relação ao plano frontal. Ele é maior (cerca de
30º) ao nascer e, no adulto, varia entre 8 e 15º. Sua diminuição está associada à retroversão
femoral e o seu aumento à anteversão, em ambos os casos, esta alteração angular pode
refletir na posição relativa de todo o MI (MAGEE, 2010)

Figura 73: Articulação do quadril, vista anterior e posterior (NETTER, 2015)

Figura 74: Ângulo de anteversão femoral

O ângulo cervicodiafisário (Figura 75) é formado entre a cabeça e o eixo longitudinal


do fêmur. Ele é maior na infância, próximo à 145º e diminui gradativamente com a idade. No
entanto, algumas pessoas podem apresentar o seu aumento, o que caracteriza a coxa valga,
ou sua diminuição, caracterizando a coxa vara (MIRANDA, 2008).

Figura 75: Ângulo cervicodiafisário

Todo este arcabouço de ossos com grande congruência, resistência mecânica e


angulados, reforços ligamentares e uma grande massa muscular, faz com que o quadril seja
muito estável e menos susceptível a lesões crônicas, embora tenha uma incidência maior de
osteoartrose em homens do que em mulheres. O histórico mais comum de lesões envolve

89
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

trauma e a dor nesta região tem de ser explorada, uma vez que pode ser decorrente da coluna
lombar ou da articulação sacroilíaca (HARRAST et al, 2009).
A posição de repouso do quadril é em 30º de flexão e abdução, com discreta rotação
lateral. A posição de máxima congruência óssea é extensão com abdução e rotação medial
(MAGEE, 2010).
Miranda (2008) divide os músculos que agem sobre o quadril (Quadro 13 e Figuras 74
a 76) em: 1. Músculos da região glútea, que são os glúteos (inervados pelo nervo glúteo
inferior) e os músculos pelvitrocanterianos (inervados plexo sacral), estes últimos são os
rotadores laterais de quadril; 2. Músculos anteriores da coxa, que são o iliopsoas (descrito em
coluna lombar), sartório, reto femoral (estes dois descritos no joelho) e tensos da fáscia lata
(TFL); 3. Músculos mediais da coxa, que são os adutores, pectíneo e grácil (este último
descrito com o joelho), todos inervados pelo nervo obturatório; 4. Músculos posteriores de
coxa, que são os isquiotibiais e que estão descritos com o joelho.
Quadro 13: Músculos do quadril
Origem: linha glútea posterior, crista ilíaca, sacro e cóccix
Inserção: tuberosidade glútea do fêmur e tracto iliotibial
Glúteo Máximo Ação: extensão, rotação lateral, abdução e adução de quadril,
retroversão da pelve, contranutação do sacro, estabiliza pelve
e joelho
Origem: ílio entre linhas glúteas anterior e posterior
Inserção: trocânter maior do fêmur
Ação: Abdução, rotação lateral/medial de quadril, sinergista da
Glúteo Médio
flexão/extensão de quadril, anteversão e retroversão da pelve,
inclinação contralateral e estabilização no plano frontal da
pelve
Origem: ílio entre linhas glúteas anterior e posterior
Inserção: trocânter maior anteriormente
Glúteo Mínimo
Ação: abdução, rotação medial do quadril, sinergista de flexão,
rotação lateral e extensão do quadril
Origem: forame e membrana obturatória
Obturador externo Inserção: fossa trocantérica
Ação: rotação lateral do quadril, sinergista de abdução do quadril
Origem: forame e membrana obturatória
Obturador interno Inserção: fossa trocantérica
Ação: rotação lateral do quadril, sinergista de abdução do quadril
Origem: espinha isquiática
Gêmeo superior Inserção: fossa trocantérica
Ação: rotação lateral do quadril
Origem: tuberosidade isquiática
Gêmeo inferior Inserção: fossa trocantérica
Ação: rotação lateral do quadril
Origem: face anterior do sacro
Piriforme Inserção: trocânter maior
Ação: rotação lateral, abdução do quadril, retroversão da pelve
Origem: tuberosidade isquiática
Inserção: crista intertrocantérica
Quadrado da coxa
Ação: rotação lateral do quadril, sinergista de abdução do quadril,
estabiliza cabeça do fêmur

90
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Origem: linha pectínea do púbis


Inserção: linha pectínea do fêmur
Pectíneo
Ação: flexão e adução de quadril, sinergista de rotação lateral de
quadril e de anteversão da pelve
Origem: ramo inferior do púbis e tuberosidade isquiática
Inserção: linha áspera do fêmur e tubérculo adutor do côndilo medial
Adutor magno do fêmur
Ação: adução e extensão de quadril; sinergista de anteversão de
pelve
Origem: corpo do púbis
Inserção: linha áspera do fêmur
Adutor longo
Ação: adução do quadril; sinergista de flexão e rotação lateral do
quadril e de anteversão da pelve
Origem: corpo e ramo inferior do púbis
Inserção: linha pectínea e linha áspera do fêmur
Adutor curto
Ação: adução do quadril; sinergista de flexão rotação lateral de
quadril e de anteversão da pelve
Origem: Espinha ilíaca anterossuperior (EIAS)
Inserção: tracto iliotibial e indiretamente no côndilo lateral da tíbia
Tensor da Fáscia Inervação: nervo glúteo superior
Lata (TFL) Ação: flexão, abdução e rotação medial de quadril; anteversão da
pelve; estabiliza joelho (lateralmente), tronco sobre a coxa e
pelve no plano frontal

O músculo piriforme divide a região glútea em superior e inferior. Além disto, em


algumas pessoas predispostas, seja por variações anatômicas (nervo ciático atravessando o
ventre muscular), fibrose adquirida ou desequilíbrio muscular, ele pode comprimir o nervo
ciático, causando dor na região posterior do MI e perda de FM de flexores de joelhos, e
flexores plantar (MAGEE, 2010).

Figura 74: Músculo da coxa e do quadril, vista posterior (NETTER, 2015)

91
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Figura 75: Músculos da região glútea (NETTER, 2015)

Figura 76: Músculos da coxa e do quadril, vista anterior (NETTER, 2015)

10.2. COXA E COMPLEXO ARTICULAR DO JOELHO


A coxa é a região anatômica compreendida entre o joelho e a articulação do quadril,
estando relacionada ao fêmur. Os seus músculos (Quadro 14) originam-se na pelve e no
próprio fêmur, agindo tanto na articulação do quadril quanto no joelho, com exceção do
poplíteo, que age apenas no joelho (MIRANDA, 2008).

92
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Quadro 14: Músculos da coxa motores do joelho


Origem: Reto femoral – espinha ilíaca anteroinferior (EIAI) e sulco
supra-acetabular
Vasto lateral – trocânter maior e linha áspera do fêmur
Vasto medial – linha áspera do fêmur (medialmente)
Vasto intermédio – face anterior da diáfise do fêmur
Quadríceps
Inserção: tendão do quadríceps na base da patela e indiretamente
na tuberosidade da tíbia
Inervação: nervo femoral
Ação: extensão de joelho; flexão de quadril e anteversão da pelve
(reto femoral)
Origem: tuberosidade isquiática (cabeça longa) e linha áspera do
fêmur (cabeça curta)
Inserção: cabeça da fíbula
Bíceps femoral
Inervação: nervo tibial (cabeça longa) e fibular comum (cabeça curta)
Ação: flexão e estabilização de joelho; rotação lateral de joelho
(cabeça longa); extensão de quadril; retroversão de pelve
Origem: tuberosidade isquiática
Inserção: borda medial da tíbia (pata de ganso)
Inervação: nervo tibial
Semitendíneo
Ação: flexão, rotação medial e estabilização de joelho; extensão e
hiperextensão de quadril; sinergista de rotação e adução de
quadril
Origem: tuberosidade isquiática
Inserção: côndilo medial da tíbia (posteriormente)
Inervação: nervo tibial
Semimembranáceo
Ação: flexão, rotação medial e estabilização de joelho; extensão de
quadril; sinergista de rotação medial de quadril; retroversão de
pelve
Origem: EIAS
Inserção: borda medial da tíbia (pata de ganso)
Sartório Inervação: nervo femoral
Ação: flexão, abdução e rotação lateral de quadril; anteversão da
pelve; sinergista de flexão e rotação medial de joelho
Origem: corpo e ramo inferior do púbis
Inserção: borda medial da tíbia (pata de ganso)
Grácil Inervação: nervo obturatório
Ação: adução de quadril; sinergista de flexão e rotação medial de
joelho
Origem: côndilo lateral do fêmur
Inserção: face posteromedial da tíbia
Inervação: nervo tibial
Poplíteo
Ação: desloca o menisco lateral posteriormente, destravando o joelho
Sinergista do ligamento cruzado posterior (LCP), rotação lateral
do joelho com o pé fixo

O joelho (Figura 77) é classificado, em termos biomecânicos, como um complexo


articular de giro, biaxial (ou seja, que se movimenta em dois planos: transverso e sagital) com
dois graus de liberdade em cadeia aberta, sendo um no plano transverso, equivalente a
rotação, e um no plano sagital, equivalente a translação (ZATSIORSKY, 2008).
Esse complexo é formado por três ossos, fêmur, tíbia e patela, que articulam entre si
através de duas articulações independentes: patelofemoral e tibiofemoral (SHAHABPOUR et

93
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

al, 2005). A estrutura anatômica destes três ossos contribui para a mobilidade e estabilidade
articular, sendo auxiliados pela restrição imposta pela presença dos ligamentos, cápsula e
músculos que cruzam a articulação (GOLDBLATT; RICHMOND, 2003).

Figura 77: Joelho, vista anterior com patela rebatida (NETTER, 2015)

A classificação anatômica da articulação patelofemoral é controversa na literatura.


Magee (2002) a considera como uma articulação plana modificada, entre a patela e o fêmur.
Já Goldblatt; Richmond (2003) a classificam como uma articulação em formato de sela,
formada entre a patela e o sulco intercondilar do fêmur.
A patela é um osso sesamóide (DÂNGELO; FATTINI, 2007) que age prioritariamente
como polia anatômica, diminuindo a fricção entre o tendão do quadríceps e os côndilos
femorais (MIRANDA, 2008). A estabilidade dessa articulação é garantida pela congruência
óssea e pela tensão exercida pelos tecidos moles que a circundam (FITHIAN et al, 2001).
Alterações da estabilidade patelofemoral ocorrem em diversas patologias do joelho
(HSIEH et al, 2002). Os desalinhamentos mais comuns são a lateralização e a medialização,
a rotação medial ou lateral da faceta inferior e o deslocamento superior (patela alta) ou inferior
(patela baixa) em relação aos côndilos femorais (GARTH, 2001).
Estes desalinhamentos, especialmente a patela lateralizada e alta, associado à
geometria da articulação, alteram o ângulo Q (Figura 78). Este ângulo, formado entre uma
linha que conecta a EIAS ao centro da patela e a linha que conecta o meio da patela até a
tuberosidade da tíbia, é mais acentuado em mulheres e faz com que as linhas de força do
quadríceps e a do tendão patelar não sejam colineares. Esta diferença no ponto de aplicação
da força faz com que a patela tenda a se lateralizar durante as angulações iniciais da flexão
joelho, podendo, inclusive, luxar para fora do sulco intercondilar (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
A luxação da patela caracteriza-se pela saída desse osso do sulco intercondilar do
fêmur, normalmente em direção lateral. A articulação é mais susceptível a este tipo de lesão

94
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

quando o complexo do joelho se encontra em ligeira flexão (cerca de 20º), por outro lado, ela
é mais estável quando o joelho se encontra em extensão total. A prevenção deste tipo de
lesão envolve igualdade de tensão entre o vasto medial (principalmente em sua porção distal,
onde o direcionamento de suas fibras é oblíquo) e o vasto lateral (AMIS et al, 2003). Além
desse equilíbrio de forças, também são importantes as ações dos retináculos (medial e
lateral), em especial do medial (OATIS, 2016).

Figura 78: Ângulo Q

A articulação tibiofemoral é formada entre os côndilos femorais e os côndilos tibiais,


podendo ser classificada como uma articulação condilar dupla, em que cada côndilo femoral
articula com o côndilo tibial correspondente. Esta estrutura anatômica a permite possuir dois
graus de liberdade em dois planos: flexão e extensão, no plano sagital, e rotação medial e
lateral, no plano transverso (GOLDBLATT; RICHMOND, 2003). As partes mais reforçadas de
sua cápsula articular situam-se em suas laterais, impedindo o deslocamento em varo ou em
valgo da articulação, como ocorre em uma articulação em gínglimo. Para facilitar os
movimentos de flexão e extensão, as regiões anterior e posterior da cápsula são mais fracas
(DÂNGELO; FATTINI, 2007).
Os côndilos femorais são estruturas convexas, sendo que o côndilo medial é mais
distal e proeminente que o lateral. Isto implica na presença de uma superfície articular maior
neste côndilo e num alinhamento em valgo do joelho (GOLDBLATT; RICHMOND, 2003). Entre
os côndilos se encontra a fossa intercondilar, que é a estrutura distal do fêmur responsável
por articular com a patela (MIRANDA, 2008).
Os côndilos tibiais, por sua vez, diferem entre si, o medial é relativamente plano e o
lateral apresenta uma convexidade discreta, insuficiente para dar estabilidade à articulação
(FREEMAN; PINSKEROVAD, 2005). A presença dos meniscos, portanto, é fundamental para
a manutenção da congruência articular entre o fêmur e a tíbia (SHAHABPOUR et al, 2005).
A diferença do tamanho dos côndilos femorais, associados à diferença da
conformação anatômica dos côndilos tibiais e dos meniscos, faz com que os movimentos de
flexão e extensão do joelho não ocorram de forma pura. Estes movimentos estão sempre
associados a um certo grau de rotação no plano transverso (SMITH et al, 2003). O movimento

95
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

de extensão com o pé fixo é acompanhado de um certo grau de rotação lateral e, o de flexão,


é acompanhado pela rotação medial (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
O eixo de movimento da tibiofemoral tanto no plano sagital como no plano frontal são
controversos na literatura. Smith et al (2003), em uma metanálise, verificaram que a forma
elipsóide do côndilo femoral resulta na variação, a cada instante, do eixo de movimento. Para
os movimentos de rotação da tibiofemoral, Norkin; Levangie (2001) consideram que o eixo é
longitudinal, passando entre o côndilo femoral medial e o tubérculo intercondilar da tíbia.
Hill et al (2000), em um estudo com cadáveres frescos, verificaram que o centro do
eixo de movimento de rotação está na região medial do joelho, num local diferente do proposto
por Norkin; Levangie (2001). Vedi et al (1999), usando ressonância magnética, confirmaram
os resultados de Hill et al (2000), concluindo que esse eixo é medial. A conclusão foi baseada
na diferença de deslocamento entre o menisco medial, fixo, e o menisco lateral, que se
desloca de acordo com a direção de rotação da tibiofemoral.
A estabilidade da tibiofemoral é garantida pela congruência óssea, meniscos, e pela
tensão exercida pelos ligamentos, músculos e tendões que a circundam (FITHIAN et al, 2001)
e ocorre em quatro direções: anteromedial, anterolateral, posteromedial e posterolateral.
Os meniscos são discos intra-articulares cartilaginosos que se fixam aos côndilos da
tíbia. Por serem mais espessos em sua borda periférica, eles acabam por aumentar a
concavidade das faces articulares dos côndilos tibiais, aumentando sua congruência com os
côndilos femorais (SHAHABPOUR et al, 2005). Como a sua região interna é avascular e não
apresenta inervação, lesões em sua estrutura podem não apresentar dor e nem edema, o que
dificulta o seu diagnóstico (MAGEE, 2010). O ligamento transverso é o responsável por
conectar os meniscos anteriormente, sendo um dos responsáveis pela sua estabilização em
sua posição ideal (VEDI et al, 1999). A lesão deste ligamento está normalmente associada à
lesão de menisco, implicando em um quadro de instabilidade multidirecional e, nos casos de
lesão do menisco medial, bloqueio articular (MAGEE, 2010).
Além dos meniscos, a tibiofemoral apresenta mais duas estruturas intra-articulares, o
ligamento cruzado anterior (LCA) e o LCP. O nome destes ligamentos deve-se à sua
conformação anatômica, uma vez que eles cruzam obliquamente dentro desta articulação. A
origem do LCA é na superfície medial do côndilo femoral lateral e a sua direção é distal-
anterior-medial, até inserir na eminência medial da tíbia (ZANTOP et al, 2005). O LCP origina
na região medial do côndilo femoral medial e estende-se inferiormente até região
posterolateral do platô tibial (MAKRIS et al, 2000). O LCA evita a translação anterior da tíbia,
rotação medial excessiva e hiperextensão da tibiofemoral (GRENIER et al, 2004). O LCP, por
sua vez, evita a translação posterior e rotação lateral excessiva da tíbia (MAKRIS et al, 2000).
Devido à importância dos ligamentos cruzados como estabilizadores da rotação do joelho,
eles são bastante susceptíveis a lesões, principalmente o LCA (GRENIER et al, 2004).

96
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

A cápsula articular da tibiofemoral, posteriormente, é delgada, sendo reforçada pelo


músculo poplíteo, ligamento arqueado e posterior oblíquo e por uma expansão do tendão do
músculo semimembranáceo (DÂNGELO; FATTINI, 2007). A cápsula posterior também age
como agonista do ligamento colateral medial (LCM), restringindo o deslocamento medial e a
rotação lateral da tibiofemoral (ROBINSON et al, 2005).
Anteriormente, a cápsula é substituída pelo tendão do músculo quadríceps, patela,
ligamento patelar e por expansões do tendão do músculo quadríceps chamados de
retináculos medial e lateral (DÂNGELO; FATTINI, 2007). Estes últimos são estabilizadores,
principalmente da articulação patelofemoral, sendo responsáveis pela manutenção da patela
dentro do sulco intercondilar (GARTH, 2001).
Externamente, a tibiofemoral é reforçada pelo ligamento colateral lateral (LCL) e pelo
LCM. O primeiro estende-se do epicôdilo femoral lateral até a cabeça da fíbula e restringe o
estresse em varo e a rotação medial da tíbia em relação ao fêmur (DÂNGELO; FATTINI,
2007). O LCM, por sua vez, estende-se do epicôndilo femoral medial até a região anteromedial
da tíbia, sendo responsável por restringir o estresse em valgo e a rotação lateral da tíbia em
relação ao fêmur (ROBINSON et al, 2005).
Os músculos que cruzam o complexo articular do joelho do joelho dividem-se em dois
grandes grupos, extensores e flexores de joelho. O grupo extensor é formado pelo quadríceps
(reto da coxa, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio), que se insere indiretamente,
através do ligamento patelar, na tuberosidade da tíbia (FITHIAN et al, 2001). O ligamento
patelar associado aos seus retináculos são responsáveis tanto pelo movimento de extensão
de joelho como pela estabilização da patelofemoral (GARTH, 2001).
O grupo flexor de joelho, por sua vez, é formado, prioritariamente, pelos músculos
isquiotibiais. Além deste conjunto de músculos, também são flexores de joelho os músculos
sartório, grácil, gastrocnêmios (medial e lateral) e poplíteo.
Os músculos isquiotibiais são um grupo muscular localizado na região posterior da
coxa formado pelos músculos: bíceps femoral (cabeça longa e cabeça curta), semitendíneo e
semimembranáceo (DÂNGELO; FATTINI, 2007). Estes músculos são biarticulares, sendo
motores dos movimentos de extensão de quadril e flexão de joelho. Assim, eles possuem uma
ação mais efetiva no joelho quando eles se encontram alongados pela flexão de quadril. Por
outro lado, a extensão de quadril associada à flexão de joelho coloca-os em insuficiência ativa,
diminuindo a sua capacidade de produção de tensão (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
O bíceps femoral é flexor e rotador lateral do joelho. Sua cabeça longa é motora da
rotação lateral do quadril. Além disso, este músculo, associado ao seu tendão, também age
como estabilizador posterolateral da articulação tibiofemoral (SHAHABPOUR et al, 2005).
O semitendíneo tem sua inserção distal na borda medial da tíbia, em uma estrutura
chamada de pata de ganso, juntamente com os músculos sartório e grácil (DÂNGELO;

97
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

FATTINI, 2007). Este conjunto muscular, mais o músculo semimembranáceo são motores da
rotação medial do joelho (CANDAL-COUTO; DEEHAN, 2003).
Os músculos isquiotibiais também possuem uma importante função estabilizadora,
atuando concomitantemente com o LCA prevenindo a anteriorização da tíbia. Esta atuação
conjunta é evidenciada pela hipertonia desta musculatura como resposta adaptativa à lesão
total do LCA (RIEMANN; LEPHART, 2002).
Os demais músculos flexores de joelho são o poplíteo, o sartório, o grácil e os
gastrocnêmios, cabeça medial e cabeça lateral. Salvo o primeiro, os demais são biarticulares
e sua capacidade de produção de força é influenciada pela posição relativa nas articulações
por onde eles passam (NORKIN; LEVANGIE, 2001).
Os gastrocnêmios são responsáveis pela maior produção de torque de flexão plantar
e pela estabilização da articulação do tornozelo (DUNCAN; McDONAGH, 2000). No entanto,
acredita-se que eles atuam mais como estabilizadores dinâmicos do que flexores da
articulação do joelho. Elias et al (2003) verificaram, em seu estudo com cadáveres frescos,
que os gastrocnêmios agem como antagonistas do LCA e que o músculo sóleo, apesar de
não cruzar a articulação do joelho, atua como agonista deste mesmo ligamento, evitando a
anteriorização da tíbia ao tracioná-la posteriormente quando o pé está fixo.
O músculo poplíteo, por sua vez, atua deslocando o menisco lateral posteriormente, o
que permite que o movimento de flexão, a partir do joelho totalmente estendido, ocorra. Além
desta função motora, o poplíteo também age concomitantemente com o LCP, evitando a
posteriorização da tíbia. Em casos de ausência deste ligamento, o poplíteo pode, inclusive,
cumprir esta função em sua totalidade (HARNER et al, 1998).
A Figura 78 é uma representação esquemática de cada um dos estabilizadores
(dinâmicos e estáticos) da tibiofemoral. Nela é possível ver a direção em que os
estabilizadores agem de forma que, em caso de lesão, ocorrerá uma instabilidade na direção
em que ele atua (MAGEE, 2010).

Figura 79: Estruturas estabilizadoras de joelho. Adaptado de Magee (2010)

98
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

10.3. PERNA E COMPLEXO ARTICULAR TORNOZELO-PÉ


A perna é a região anatômica compreendida entre o joelho e o pé. Nela se originam
os músculos extrínsecos do pé e, embora seja constituída por dois ossos (tíbia e fíbula), o
movimento entre eles é mínimo, uma vez que as articulações tibiofibular proximal e distal
(Figura 80) são muito estáveis. A tibiofibular proximal é uma articulação plana reforçada pelos
ligamentos da cabeça da fíbula anterior e posterior com pequena ADM e, em 20% dos casos,
está inserida dentro da cápsula articular do joelho. A tibiofibular distal é uma articulação fibrosa
(sindesmose) em que os ossos são unidos pela membrana interóssea e pelos ligamentos
interósseo, tibiofibular (anterior, posterior e transverso). Toda esta estrutura ligamentar é
fundamental para a manutenção da pinça maleolar (DÂNGELO; FATTINI, 2007).

Figura 80: Perna em vista anterior (NETTER, 2015)

Os músculos extrínsecos do pé (Quadro 15 e Figuras 81 a 83) dividem-se em três


compartimentos: 1. Anterior, formado pelos músculos tibial anterior, extensor longo do hálux,
extensor longo dos dedos e fibular terceiro, todos inervados pelo nervo fibular profundo; 2.
Lateral, formado pelos músculos fibular longo e fibular curto, todos inervados pelo nervo fibular
superficial; 3. Posterior, que se divide em grupo superficial (gastrocnêmios, sóleo e plantar) e
profundo (poplíteo, flexor longo dos dedos, flexor longo do hálux e tibial posterior), todos
inervados pelo nervo tibial (MIRANDA, 2008).
Quadro 15: Músculos extrínsecos do pé
Origem: côndilo lateral e face lateral da tíbia
Tibial anterior Inserção: Cuneiforme medial e I metatarso (MT)
Ação: dorsiflexão e inversão
Origem: face anterior da fíbula e membrana interóssea
Extensor longo do
Inserção: I falange distal
hálux
Ação: extensão do hálux; sinergista de dorsiflexão e inversão

99
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Origem: côndilo lateral da tíbia, fíbula (superiormente) e membrana


interóssea
Extensor longo dos
Inserção: falange média e distal dos artelhos
dedos
Ação: dorsiflexão, eversão, extensão das metatarsofalangeanas
(MTF) e interfalangeanas
Origem: fíbula (inferiormente) e membrana interóssea
Fibular terceiro Inserção: base do V MT
Ação: dorsiflexão, eversão e pronação
Origem: cabeça da fíbula
Inserção: base do I MT e do cuneiforme medial
Fibular longo
Ação: eversão e pronação; sinergista de flexão plantar e abdução do

Origem: Face lateral da fíbula (inferiormente)
Fibular curto Inserção: base do V MT
Ação: eversão, pronação e sinergista de flexão plantar
Origem: face posterior dos côndilos do fêmur
Inserção: face posterior do calcâneo através do tendão do calcâneo
Gastrocnêmios
Ação: flexão plantar e inversão; sinergista de flexão de joelho;
estabilizadores de tornozelo e joelho
Origem: linha do sóleo da tíbia e parte proximal da fíbula
Inserção: face posterior do calcâneo através do tendão do calcâneo
Sóleo Ação: flexão plantar e inversão; sinergista de flexão de joelho;
estabilizadores de tornozelo e joelho (agonista do LCA com o
pé fixo)
Origem: linha áspera do fêmur
Plantar Inserção: região posterior do calcâneo
Ação: sinergista de flexão de joelho e flexão plantar
Origem: face posteromedial da tíbia
Flexor longo dos Inserção: falanges distais dos artelhos
dedos Ação: flexão de MTF e interfalangeanas, flexão plantar; sinergista de
inversão e supinação
Origem: posteroinferior em fíbula e membrana interóssea
Flexor longo do
Inserção: falange distal do hálux
hálux
Ação: flexão do hálux, sinergista de inversão e supinação
Origem: face posterior de tíbia, fíbula e membrana interóssea
Tibial posterior Inserção: navicular, cuneiformes e base dos MT
Ação: inversão, supinação e sinergista de flexão plantar

Figura 81: Compartimento anterior da perna (NETTER, 2015)

100
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Figura 82: Músculos posteriores superficiais da perna (NETTER, 2015)

Figura 83: Músculos posteriores profundos da perna (NETTER, 2015)

O complexo tornozelo-pé (Figura 84) é formado pelas articulações do tornozelo


(talocrural), intertársicas (entre os ossos do tarso), tarsometatársicas – TMT (entre os ossos
do tarso e do MT), intermetatársicas – IMT (entre os ossos do MT), MTF e interfalangeanas
(DÂNGELO; FATTINI, 2007).

101
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Figura 84: Complexo tornozelo-pé (NETTER, 2015)

A talocrural (Figura 85) é uma articulação sinovial em dobradiça que realiza os


movimentos de flexão plantar e dorsiflexão formada entre a tróclea do tálus e a pinça maleolar.
Sua cápsula é delgada, mas é reforçada medialmente pelo ligamento deltoide (que se fixa ao
maléolo medial, navicular e tálus) e, lateralmente, pelos ligamentos talofibulares (anterior e
posterior) e calcâneofibular. Sua maior estabilidade ocorre em dorsiflexão (MIRANDA, 2008).

Figura 85 Articulação talocrural e subtalar em vista posterior (NETTER, 2015)

O pé divide-se em retropé (tálus e calcâneo), mediopé (demais ossos do tarso) e


antepé formado pelo MT e falanges (MAGEE, 2010). O alinhamento entre o retropé e o antepé
é de grande relevância clínica, uma vez que ele pode impedir que ocorra o apoio nos três
pontos necessários para a marcha (calcâneo e cabeça do I e V MT). Esta alteração pode fazer

102
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

com que o pé tenha um comportamento dinâmico que implica em aumento ou diminuição do


período em que o pé realiza a pronação (pronação temporal), bem como em sua ADM
(pronação espacial) durante a marcha, com consequências que podem refletir até na função
do quadril e lombopélvica (BARWICK et al, 2012).
A subtalar é uma articulação funcional formada pela articulação entre o tálus e o
calcâneo (talocalcânea) e entre o tálus, calcâneo e navicular (talocalcaneanavicular). A
subtalar possui três graus de liberdade, realizando movimentos rotacionais e de deslizamento
que, em conjunto produzem a eversão e inversão. Sua posição de maior estabilidade ocorre
na supinação do pé (MAGEE, 2010).
As articulações entre o calcâneo e o cuboide e entre a cabeça do tálus e o navicular,
embora não possuam uma mesma cápsula, estão alinhadas em uma linha transversal, sendo,
por isto, chamadas de articulação transversa do tarso (ou mediotársica ou articulação de
Chopart). Ela é quem divide o retropé do mediopé e é reforçada por vários ligamentos, sendo
os de maior relevância o plantar longo, que conecta o calcâneo aos III a V MT (DÂNGELO;
FATTINI, 2007). Sua posição de maior estabilidade é a supinação do pé.
As TMT em seu conjunto são chamadas de articulação de Lisfranc. Elas e as IMT são
planas e sinoviais, realizando movimentos de deslizamento e com maior estabilidade em
supinação do pé. As MTF são sinoviais, condilares com dois graus de liberdade
(flexão/extensão e adução/abdução). As interfalangeanas são articulações em dobradiça com
um grau de liberdade, realizando flexão/extensão (MAGEE, 2010).
Os músculos intrínsecos do pé dividem-se em quatro grupos, de acordo com a região
em que se encontram: 1. Dorsal, com os músculos extensores curto (do hálux e dos dedos)
inervados pelo nervo fibular profundo; 2. Plantar medial, com os músculos abdutor, flexor curto
e adutor do hálux; 3. Plantar lateral, com os músculos abdutor, flexor curto e oponente do V
dedo; 4. Plantar central, com os músculos flexor curto dos dedos, quadrado plantar,
lumbricais, interósseos plantares e dorsais. Os músculos plantares são inervados pelos
nervos plantar medial e plantar lateral (MIRANDA, 2008).

Figura 86: Aponeurose plantar (NETTER, 2015)

103
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

O arranjo ósseo, associado à tensão gerada pela aponeurose (ou fáscia) plantar
(Figura 86) é responsável pela formação de três arcos plantares, os longitudinais (medial e
lateral) e o transversal (que é formado pelo alinhamento da cabeça dos MT). O mais
acentuado deles é o longitudinal medial, sendo que o seu aumento ocorre em função do
movimento coordenado de supinação do pé e a sua diminuição pelo movimento coordenado
de pronação do pé. Alterações dos arcos plantares estão relacionados à sobrecarga sobre a
fáscia plantar, que pode responder com um processo inflamatório, a fasciíte plantar, que pode
evoluir com a formação de osteófitos (RIDDLE et al, 2003).

10.4. MOVIMENTOS COMBINADOS DE CINTURA PÉLVICA E MMII


Os movimentos coordenados de cintura pélvica e MMII envolvem a correspondência
dos movimentos da pelve na coluna lombar e na articulação do quadril, bem como os
movimentos realizados durante a marcha. Assim, a anteversão pélvica implica em extensão
lombar e em flexão de quadril. De forma análoga, a retroversão tem correspondência na flexão
da lombar e na extensão de quadril (OATIS, 2016). Magee (2010) descreve a relação de
movimento entre a coluna lombar e a cintura pélvica como ritmo lombopélvico (Figura 87). No
entanto, é importante frisar que o excesso de flexão de coluna lombar é um dos mecanismos
que predispõe a hérnia de disco (McKENZIE, 1997). Desta forma, o uso excessivo da flexão
lombar, com a respectiva retroversão de pelve deve ser evitado.

Figura 87: Ritmo lombopélvico

A elevação da pelve implica em flexão lateral da coluna lombar homolateral e em


adução do quadril homolateral e abdução do quadril contralateral. A rotação da coluna lombar
implica em rotação da pelve homolateral e em rotação medial do quadril homolateral e rotação
lateral do quadril contralateral (OATIS, 2016).
Alterações distais também podem causa reflexo na posição relativa de todo o MI, da
cintura pélvica e da coluna toracolombar. A pronação do pé ou o excesso de varo de antepé
ou retropé (Figura 88) leva o MI a rotação medial, enquanto que a supinação leva o MI a
rotação lateral. A rotação do MI implica em rotação de joelho e quadril que, por consequência,
também roda a pelve e a coluna lombar (BARWICK et al, 2012).

104
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Figura 88: Efeito comum de varismo de antepé e retropé na posição relativa do pé

Os Quadros 16 e 17 apresentam um resumo das fases de apoio e de oscilação da


marcha com as respectivas ADM por articulação e ações musculares.
Quadro 16: Fases de apoio da marcha
Choque de Reação ao Elevação do
Apoio médio Impulsão
calcanhar peso calcanhar
20º de
Posição 30o de flexão 25º de flexão Neutro Neutro
extensão
Iliopsoas
GM e ITB resiste
Quadril
trazem o extensão.
Ação GM e ITB Iliopsoas Iliopsoas
quadril para GMed
muscular
extensão estabiliza
pelve
Posição Extensão total 15o de flexão 5o de flexão Extensão total 40o de flexão
Quadríceps
traz fêmur Gastrocnêmios Gastrocnêmios
Joelho Ação
Quadríceps sobre tíbia, evitam flexionam o Quadríceps
muscular
sóleo controla recurvatum joelho
tíbia
15º de flexão 10o de 20o de flexão
Posição Neutro Neutro
plantar dorsiflexão plantar
Tornozelo
Ação Flexores Flexores Flexores
Dorsiflexores Dorsiflexores
muscular plantares plantares plantares
Posição Supinação Pronação Neutro Supinação Supinação
Inversores
Pé Ação Inversores e
Inversores excentricamen Inversores Inversores
muscular eversores
te e eversores
30º de 60º de
MTF Posição 0º 0º 0º
extensão extensão
Legenda: GM (Glúteo Máximo); ITB (Isquiotibiais); GMed (Glúteo Médio)
Quadro 3: Fases de oscilação da marcha
Aceleração Oscilação media Desaceleração
Posição 20o de flexão 30o de flexão 30o de flexão
Flexores de quadril,
Quadril Ação GM controla flexão de GM e ITB controlam
GMed estabiliza pelve
muscular quadril flexão de quadril
contralateral
Posição 60o de flexão 30o de flexão Extensão total
Joelho Ação Quadríceps (concêntrico)
ITB Quadríceps
muscular e ITB (excêntrico)
Posição 20o de flexão plantar Neutro Neutro
Tornozelo Ação
Dorsiflexores Dorsiflexores Dorsiflexores
muscular
Retropé → pronado
Posição Discreta pronação Discreta supinação
Antepé → supinado

Ação
Fibulares Inversores Inversores
muscular

105
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Alteração em qualquer uma destas fases pode causar problemas em qualquer uma
das articulações de MMII, ou até mesmo na coluna (MAGEE, 2010). Adutores e abdutores de
quadril também podem causar componentes rotacionais e assimetrias no ciclo da marcha,
principalmente quando estão encurtados ou hiperativados em função de outras alterações
posturais. Desta forma, é importante que se analise, durante a marcha, a posição relativa das
articulações no plano transverso e a ativação dos músculos responsáveis pela rotação destas
articulações (CHUTER; DE LONGE, 2012).

11. BIOMECÂNICA
A Biomecânica usa os princípios da Física para estudar qualitativamente e
quantitativamente como é a interação do Ser Humano com o ambiente que implicam na
geração de forças. Desta forma, ela é relacionada à Cinética, que é o ramo da física que
descreve o efeito de forças ou de um campo sobre um corpo (NEUMANN, 2011).

11.1. LINHAS DE AÇÃO E VETORES MUSCULARES


O músculo é o tecido especializado em transformar energia química em energia
mecânica. Desta forma, ele converte os substratos que chegam a ele em capacidade de
produção de tensão (McARDLE et al, 2016). Toda a ação muscular implica em um
deslocamento, mesmo que em nível microscópico (como a que ocorre em uma ativação
isométrica), supõe-se que há uma aceleração inerente a ela. Assim, observa-se que se há
uma ação muscular em resposta a interação entre o corpo humano e um outro corpo ou campo
há uma força resultante (YOUNG; FREEDMAN, 2008).
Desta forma, a linha de ação de um músculo, que conecta sua origem e inserção,
representa a direção de um vetor, o tipo de ativação muscular representa o sentido de
deslocamento deste vetor e a quantidade de recrutamento de fibras representa a intensidade
deste vetor. Desta forma, há uma semelhança entre a linha de ação de um músculo e o vetor
força que o representa (MIRANDA, 2008).

11.2. TORQUE ARTICULAR


Uma vez que o vetor muscular tem um ponto de aplicação, e este ponto causa uma
rotação em um determinado eixo articular, tem-se a geração de torque (YOUNG; FREEDMAN,
2008). A análise do torque articular gerado é o objeto de diversas pesquisas, em especial com
dinamômetros isocinéticos. Este equipamento é utilizado para que se mantenha a velocidade
angular, e por consequência a velocidade da ativação muscular constantes de forma que é
possível visualizar em qual momento angular que o músculo foi capaz de gerar maior tensão
e torque, bem como a tensão e torque médios durante o movimento (DROUIN et al, 2004).

106
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

11.3. ELETROMIOGRAFIA
A eletromiografia (EMG) faz é o registro da presença de correntes elétricas em um
músculo durante sua ativação (SOARES et al, 2013). Esta corrente elétrica é decorrente da
estimulação proveniente de neurônios motores intrafusais ou de unidades motoras (McARDLE
et al, 2016). No entanto, este registro elétrico também pode ser decorrente da propagação
deste estímulo nervoso por todo o músculo, da contração de músculos vizinhos, da atividade
neural em outras partes do corpo e das contrações cardíacas. Por isto, aparelhos de EMG
mais modernos contam com sistemas de filtros que impedem a contaminação do sinal de
EMG (SOARES et al, 2013).
Como o músculo contrai em função da regra do tudo ou nada, o estímulo de uma
unidade motora leva a contração de todas as fibras musculares por ela inervada. Desta forma,
o trabalho muscular pode ocorrer em função do recrutamento de várias unidades motoras ou
pelo recrutamento de uma mesma unidade motora repetidas vezes (McARDLE et al, 2016).
Mas, nestes dois casos, haverá intenso registro de EMG, embora haja diferença significativa
no tipo de ação muscular gerada em ambos os casos. Assim, tem-se que o registro de EMG
não é um registro da quantidade de tensão gerada por um músculo durante uma interação
física, mas um registro da atividade elétrica durante a ação muscular (HAMMOND et al, 2016).
A Figura 89 apresenta duas curvas realizadas em um mesmo momento de um mesmo
exercício muscular. A curva superior apresenta a atividade elétrica deste músculo, ou seja, o
registro de EMG. A curva inferior, por sua vez, representa o torque muscular gerado, avaliado
por um dinamômetro isocinético. Verifica-se que a perda de capacidade de geração de torque
pelo músculo nos extremos desta curva não é acompanhada por alterações no registro de
EMG (GHORI et al, 1995).

Figura 89: Registro de EMG e torque durante ação muscular (GHORI et al, 1995)

11.4. DIAGRAMA DE CORPO LIVRE E ANÁLISE DE MOVIMENTO


O diagrama de corpo livre é um conceito oriundo da Engenharia em que um esquema
é usado para a análise cinemática do corpo de forma isolada, ou seja, livre de vínculos físicos.

107
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

Assim, este esquema possui a representação dos vetores de força e dos momentos de torque
que interagem e incidem sobre o corpo estudado, permitindo uma análise macro dos sistemas
de força presentes (LEITE, 2017).
O sistema de forças, por sua vez, é o somatório das forças que agem sobre um corpo,
podendo ser: 1. Com duração instantânea ou contínua; 2. Com intensidade constante ou
variável; 3. Numa mesma direção e sentido ou numa mesma direção em sentidos opostos; 4.
Concorrentes, em que há mais de uma força em um mesmo ponto, mas atuando em direções
diferentes; 5. Acoplamento de forças, quando há mais de um torque atuando em uma mesma
direção rotatória (NEUMANN, 2011).
Em pesquisas com o corpo humano, o diagrama de corpo livre é importante para que
se analise as ações musculares durante uma conduta motora. Para esta análise, deve-se
observar: 1. Relação do movimento com a ação da gravidade; 2. Segmentos corporais
envolvidos; 3. Movimento osteocinemático e artrocinemático que ocorreu em cada uma das
articulações envolvidas; 4. Tipo de ativação muscular; 5. Cadeia cinemática em que o
movimento ocorreu (principalmente se ele é proximal-distal ou distal proximal). Assim, a
análise do diagrama de corpo livre deve ter uma posição inicial (Figura 90), para servir de
referência e a posição final de uma dada conduta motora. A fragmentação do movimento entre
a posição inicial e final é facultativa, mas pode ajudar no entendimento da ação motora como
um todo (ZATSIORSKY, 2008).

Figura 90: Diagrama de corpo livre do movimento de sentar e levantar de uma cadeira

REFERÊNCIAS
AMIS, A. A. FIRER, P. MOUNTNEY, J. et al. Anatomy and biomechanics of the medial
patellofemoral ligament. The Knee, v. 10, n. 3, p. 215-220, 2003.

BARROS, F. H. LUZ JÚNIOR, A. R. RONCAGLIO, B. et al. Avaliação do tratamento cirúrgico


da síndrome do túnel do carpo com anestesia local. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 51, n.
1, p. 36-39, 2015

BARWICK, A. SMITH, J. CHUTER, V. The relationship between foot motion and lumbopelvic–
hip function: A review of the literature. The Foot, v. 22, p. 224-231, 2012.

108
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

BRYCE, C. D. ARMSTRONG, A. D. Anatomy and biomechanics of the elbow. Orthopedics


Clinics of North America, v. 39, p. 141-154, 2008.

CANDAL-COUTO, J. J. DEEHAN, D. J. The accessory bands of Gracilis and Semitendinosus:


an anatomical study. The Knee, v. 10, p. 325-328, 2003

CHUTER, V. H. DE JONGE, X. A. K. J. Proximal and distal contributions to lower extremity


injury: A review of the literature. Gait and Posture, v. 36, p. 7-15, 2012.

DÂNGELO, J. G. FATTINI, C. A. Anatomia Humana Sistêmica e Segmentar, 3. ed. Atheneu,


2007

DROUIN, J. M. VALOVICH-MCLEOD, T. C. SHULTZ, S. J. et al. Reliability and validity of the


Biodex system 3 pro isokinetic dynamometer velocity, torque and position measurements.
European Journal of Applied Physiology, v. 91, p. 22–29, 2004

DUNCAN, A. McDONAGH, M. J. Stretch reflex distinguished from pre-programmed muscle


activations following landing impacts in man. Journal of Physiology, n. 526, p. 457-468, 2000

EATHORNE, S. W. The wrist: clinical anatomy and physical examination. Primare Care
Clinical Office Practice, v. 32, p. 17-33, 2005

ELIAS, J. J. FAUST, A. F. CHU, Y. et al. The soleus muscle acts as an agonist for the anterior
cruciate ligament: an in vitro experimental study. American Journal of Sports Medicine, v.
31, p. 241-246, 2003

FARIA, C. D. C. M., 2006, Estabilizadores da Escápula no Retorno da Elevação dos


Membros Superiores em Indivíduos com Síndrome do Impacto. M.Sc. dissertação, Escola
de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

FITHIAN, D. C. NOMURA, E. ARENDT, E. Anatomy of patellar dislocation. Operative


Techniques in Sports Medicine, v. 9, n. 3, p. 102-111, 2001.

FREEMAN, M. A. R. PINSKEROVAD, V. The movement of the normal tibio-femoral joint.


Journal of Biomechanics, v. 38, p. 197-208, 2005.

GARTH, W. P. Clinical biomechanics of the patellofemoral joint. Operative Techniques in


Sports Medicine, v. 9, n. 3, p. 122-128, 2001.

GHORI, G. M. U. DONNE, B. LUCKWIL, R. G. Relationship between torque and emg activity


of a knee extensor muscle during isokinetic concentric and eccentric actions. Journal of
Electromyography and Kinesiology, v. 5, n. 2, p. 109-115, 1995

GOLDBLATT, J. P. RICHMOND, J. C. Anatomy and biomechanics of the knee. Operative


Techniques in Sports Medicine, v. 11, n. 3, p. 172-186, 2003.

GRENIER, J. GREEN, N. WESSELY, M. A. Knee MRI. Part I: basic overview.


Clinical Chiropractic, v. 7, n. 2, p. 84-89, 2004.

HAMMOND, B. MARQUES-BRUNA, P. CHAUHAN, E. et al. Electromyographic activity in


superficial muscles of the thigh and hip during the back squat to three different depths with
relative loading. Journal of Fitness Research, v. 5, n. 3, p.57-67, 2016

109
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

HARNER, C. D. HOHER, J. VOGRIN, T. M. et al. The Effects of a Popliteus Muscle Load on


In Situ Forces in the Posterior Cruciate Ligament and on Knee Kinematics. The American
Journal of Sports Medicine v. 26, p. 669-673, 1998.

HARRAST, M. A. STORM, S. A. FINNOFF, J. T. et al. Sports and performing arts medicine:


2. lower extremity injuries. American Academy of Physical Medicine and Rehabilitation,
S. 1, p. S60-S66, 2009

HILL, P. IWAKI, H. PINSKEROVA, V. FREEMAN, M. Tibiofemoral movement 1: the shapes


and relative movements of the femur and tibia in the unloaded cadaver knee. Jounal of Bone
and Joint Surgery, v. 82, p. 1189-1195, 2000.

HSIEH, Y. F. DRAGANICH, L. F. HO, S. H. REIDER, B. The effects of removal and


reconstruction of the anterior cruciate ligament on the contact characteristics of the
patellofemoral joint. American Journal of Sports Medicine, v. 30, p. 121-127, 2002.

HUROV, J. Anatomy and mechanics of the shoulder: review of current concepts. Journal of
Hand Therapy, v. 22, n. 4, p. 328-343, 2009.

IIDA, I; BUARQUE, L. Ergonomia: Projeto e Produção. 3. ed. Blucher, 2016

LASTAYO, P. C. LEE, M. J. The forearm complex: anatomy, biomechanics and clinical


considerations. Journal of Hand Therapy, v. 19, p. 137-145, 2006.

LEITE, A. E. Física: Conceitos e Aplicações de Mecânica. InterSaberes, 2017

LUGO R. KUNG, P. C. MA, B. Shoulder biomechanics. European Journal of Radiology, v.


68, n. 1, p. 16-24, 2008

MAKRIS, C. A. GEORGOULIS, A. D. PAPAGEORGIOU, C. D. et al. Posterior cruciate


ligament architecture: Evaluation under microsurgical dissection. The Journal of
Arthroscopic & Related Surgery, v. 16, n. 6, p. 627-632, 2000

MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética, 5. ed. Manole, 2010

McARDLE, W. D. KATCH, F. L. KATCH, V. L. Fisiologia do Exercício: Nutrição, Energia e


Desempenho Humano. 8. ed. Guanabara Koogan, 2016

McKENZIE, R. W. Lumbar Spine, 7. ed. Spine, 1997

MIRANDA, E. Bases de Anatomia e Cinesiologia. 7. ed. Sprint, 2008

NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. 6. ed. Elsevier, 2015

NEUMANN D. A. Cinesiologia do aparelho musculoesquelético – Fundamentos para


Reabilitação. 2. ed. Elsevier, 2011

NORKIN, C. C. LEVANGIE, P. K. Articulações Estrutura e Função, 2 ed. Brasil, Revinter,


2001

OATIS, C. A. Kinesiology – The Mechanics and Pathomechanics of Human Movement.


Wolters Kluwer, 2016

RIDDLE, D. L. PULISIC, M. PIDCOE, P. et al. Risk factors for plantar fasciitis: a matched
case-control study. The Journal of Bone and Joint Surgery, v. 85-A, n. 5, p. 872-877, 2003

110
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br
Anatomia e Biomecânica
Prof. Renato Ramos Coelho, D.Sc

RIEMANN, B. L. LEPHART, S. M. The sensoriomotor system, part II: the role of proprioception
in motor control and functional joint stability. Journal of Athletic Trainning, v. 37, n. 1, p. 80-
84, 2002.

ROBINSON, J. R. BULL, A. M. J. AMIS, A. A. Structural properties of the medial collateral


ligament complex of the human knee. Journal of Biomechanics, v. 38, n. 5, p. 1067-1074,
2005.

SALTER, R. B. Distúrbios e Lesões do Sistema Musculoesquelético 3. ed. Rio de Janeiro:


Medsi, 2001. 699p

SHAHABPOUR, M. M. DEMEYERE, N. DEMAESENEER, et al. Anatomie normale du genou


en imagerie par résonance magnétique. EMC – Radiologie, v. 2, n. 2, p. 165-182, 2005

SILVA, J. F. GERHARDT, S. PACHECO, I. Síndrome do aprisionamento fascial do nervo


torácico longo: escápula alada. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 50, n. 5, p. 573-577, 2015

SMITH, P. N. REFSHAUGE, K. M. SCARVELL, J. M. Development of the concepts of knee


kinematics. Archives of Physical Medicine Rehabilitation, n. 84, p. 1895-1902, 2003.

SOARES, S. B. COELHO, R. R. NADAL, J. The use of cross correlation function in onset


detection of electromyographic signals. Biosignals and Biorobotics Conference (BRC), p.
1-5, 2013

VEDI, V. WILLIAMS, A. TENNANT, S. J. et al. Meniscal movement: an in-vivo study using


dynamic MRI. Journal of Bone and Joint Surgery, v. 81, p. 37-41, 1999.

WILLARD, F. H. VLEEMING, A. SCHUENKE, M. D. The thoracolumbar fascia: anatomy,


function and clinical considerations. Journal of Anatomy, v. 221, p. 507–536, 2012

WOODWORTH, J. A. McCULLOUGH, M. T. GROSLAND, N. M. et al. Impact of simulated


proximal interphalangeal arthrodeses of all fingers on hand function. The Journal of Hand
Surgery, v. 31, n. 6, p. 940-946, 2006.

YOUNG, H. D. FREEDMAN, R. A. Sears & Zemansky: Física I – Mecânica. 12. ed. Addison
Wesley, 2008

ZANTOP, T. PETERSEN, W. FU, F. H. Anatomy of the anterior cruciate ligament. Operative


Techniques in Orthopaedics, v. 15, n. 1, p. 20-28, 2005.

ZATSIORSKY, V. Biomechanics in Sport: Performance Enhacement and Injury


Prevention. Blackwell Publishing, 2008

111
elephantmedia.com.br | fitnessmagazine.com.br
nomusconsultoria.com.br

You might also like