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PONTO 139/4 Pags. EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDARIO 12° Ano de Escolaridade (Decreto-Lei n.° 286/89, de 29 de Agosto) Cursos Gerals e Cursos Tecnolégicos Duragio da prova: 120 minutes 1? FASE 1999 2* CHAMADA, PROVA ESCRITA DE PORTUGUES B Esta prova é constituida por trés grupos de resposta obrigatéria. GRUPOI Leia atentamente 0 texto @ responda ao questionario. 1 Encostei-me para tras na cadeira de convés e fechei os olhos, . E 0 meu destino apareceu-me na alma como um precipicio. ‘A minha vida passada misturou-se-me com a futura, E houve no meio um ruido do saldo de fumo, 5 Onde, aos meus ouvidos, acabara a partida de xadrez. Ah, balougado Na sensagao das ondas, ‘Ah, embalado Na ideia tao confortavel de hoje ainda no ser amanhé, 10 De pelo menos neste momento nao ter responsabilidades nenhumas, De nao ter personalidade propriamente, mas sentir-me ali, Em cima da cadeira como um livro que a sueca ali deixasse. Ah, afundado Num torpor da imaginag&io, sem divida um pouco sono, 18. Imrequieto tao sossegadamente, Tao andlogo de repente & crianga que fui outrora Quando brineava na quinta e nao sabia algebra, Nem as outras algebras com x e y's de sentimento. ‘An, todo eu anseio 20 Por esse momento sem importancia nenhuma Na minha vida, ‘Ah, todo eu anseio por esse momento, como por outros andlogos — ‘Aqueles momentos em que ndo tive importancia nenhuma, ‘Aqueles em que compreendi todo o vacuo da existéncia sem inteligéncia [para 0 compreender 25 E havia luar e mar e a solidao, 6 Alvaro. Fernando Pessoa, Posmas de Avvaro de Campos, Lisboa, IN-CM, 1892 1399/2 1. No poema, o sujeito evoca uma viagem de barco. 1.1. Caracterize 0 espago fisico representado. 2. Explicite os efeitos de ritmo e de sentido produzidos pela repeti¢ao da interjeiggio «Ah» (v.68, 13, 19,22). 3. Interprete a comparagdo entre o «eu» @ «um livron (w. 11-12). 4. Comente 0 sentido da alus&o a infancia (vv. 16-18). 5. Explique por que razdo 0 sujeito poético ansela «por esse momento, como por outros andlogos» (v. 22). GRUPO TT Refira 0 momento da aogio de Frei Luis de Sousa que, segundo © seu ponto de vista, revela ‘maior tensc dramética. Fundamenta a sua opini&o com argumentos decorrentes da sua experiéncia de leitura desta pega de Almeida Garrett, num texto bem estruturado, de cem a duzentas palavras. Observagio - Um desvio dos limites de extenstio indicados implica uma desvalorizagio parcial do texto pproduzido. A prove continua na pagina seguint V.S.F.F. 1939/8 10 15 25 GRUPO IIT Resuma o excerto a seguir transcrito, constituido por trezentas e sessenta e quatro palavras, num fexto de canto e cinco a cento @ trinta e cinco palavras. ‘Antes de iniciar 0 seu resumo, leia atentamenta as observagtes apresentadas em final de pagina. Portugal é, além de um pais pequeno, uma terra pobre, cardcter que compartilha com a. maior extensao do mundo mediterraneo. Sabe-se como, depois de ter sido um dos focos mais fecundos de invengBes e da progresso técnico, e sede e campo de expanséo das maiores civilizagdes da Antiguidade, esta area do globo entrau numa espécie de estagnagao, distanciando-se cada vez mals dos paises da Europa média, que, tendo recebido do Sul os seus elementos superiores de civilizagao, se encontram hoje em muito melhor postura no que respeita a nivel de vida e a apetrechamento técnico. De facto, os fundamentos da vida tural ndo variaram essencialmente da Antiguidade cldssica aos nossos dias e, como disse um perspicaz geégrafo mediterréneo (J. Sion), ao passo que um alemao dificilmente imagina como viviam os seus antepassadas germanicos, um grego vé, nos portos @ nos campos, cenas que Homero descreveu. Por outro lado, a modemizagao da vida no Sul da Europa acompanha um movimento universal e deve-se, na quase totalidade, a aplicagao de técnicas que a ciéncia e a industria apuraram principalmente na Europa média e nos Estados Unidos. Serd assim a pobreza destes paises apenas uma consequéncia da sua inaptiddo para a técnica modema, de uma espécie de incapacidade para a invengao e o progresso?! «_Néo vird a despropésito recordar que a solugao de um dos maiores problemas do mundo no-deve. muito-ao-contributo.porttigués. © Océano Allantico era uma barraira a ‘expansao da Europa porque, nao possuirido um regime de inversdo de mongdes como 0 Indico, necessitava de um tipo especial de navio capaz de navegar contra o vento: esse navio foi @ caravela portuguesa, estreita, alongada e provida de um velame latino que a tomava leve e facil de manobrar. Por outro lado, os principios da navegagdo astronémica, se encontram o seu fundamento em especulagdes e observagdes da ciéncia grega, @ eram conhecidos de outros povos mediterraneos e germénicos, s6 entéo se tomaram simples, praticos @ acessivels aos pilotos de todos os navios. Assim, se a Europa média foi sede de invengdes fecundas [...], a maior transformagao que precédau 0 infcio da era mecanica @ abriu 0 caminho & expans&io europela eciodiu ainda ‘no ambiente mediterréneo. (Orlando Rivir, Originaliade da Expansdo Portuguese, Lisbos, Sd da Costa, 1994 Observagdes ~ Hi uma tolerdncia de quinze palavras relativamente ao total pretendido (noventa palavas como limite minimo, @ centa e cinquenta como limite maximo). Um desvio maior implica uma desvaloriza¢&o partcial do texto: produzido. Nola que, para efeitos de contagem, se considera uma palavra qualquer sequéncia delimitada por espagas ‘em branco, mesmo quando hifenizada. De acordo com este cristo, o fragmento a seguir ranscrto 6 constituido por vinta @ seis palavras: «Sabs-se/ como,/ dapois/ da/ ter! sida! unv dos/ focoay mais/ fecundos/ dey invengBesy (ef def progressoy técnica, e/ sede/ e/ campo/ de/ expanséo/ das/ matores/ civiizagées/». FIM 13974 COTAGGES DA PROVA GRUPOT. 100 pontos 1 40 pontos GRUPO It Contedido. 24 pontos 16 pontos Organizagao e correogao linguistica GRUPO Im Contetido 24 pontos Organizagao e comeoyao Linguistica 36 pontos, 1309/5

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