You are on page 1of 161

Table of Contents

Apresentaçã o 7
Capítulo 1
A Doutrina Acerca das Escrituras 9
Capítulo 2
A Doutrina Acerca de Deus 19
Capítulo 3
A Doutrina Acerca de Cristo 31
Capítulo 4
A Doutrina Acerca do Espírito Santo 41
Capítulo 5
A Doutrina Acerca do Homem 55
Capítulo 6
A Doutrina Acerca do Pecado 63
Capítulo 7
A Doutrina Acerca da Salvaçã o 73
Capítulo 8
A Doutrina Acerca da Igreja 87
Capítulo 9
A Doutrina Acerca dos Anjos 101
Capítulo 10
A Doutrina Acerca das Ú ltimas Coisas 111
Referências
MARCOS GRANCONATO

PEQUENO MANUAL DE
DOUTRINAS BÁSICAS

Ilustrações de Leandro Boer

São Paulo
2014

Copyright © 2014 por Marcos Granconato


Publicado pela Hermeneia Editora

Todos os direitos reseevados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998


É expressamente proibida a reproduçã o total ou parcial deste livro, por
quaisquer meios (eletrô nicos, mecâ nicos, fotográ ficos, gravaçã o e outros) sem
prévia autorizaçã o por escrito da editora.

Autorizado o uso de citaçõ es breves com indicaçã o da fonte

Contato:
editora@hermeneia.com.br

_________________________________________________________

Granconato, Marcos

Pequeno manual de doutrinas bá sicas / Marcos Granconato – Sã o Paulo:


Hermeneia, 2014.

5ª Ediçã o Revista e Ampliada

ISBN-13
978-1502738844

ISBN-10
1502738848
_________________________________________________________

Ilustraçõ es: Leandro Boer


Revisã o: Simone Matias
Diagramaçã o: Presto Produçã o e Comunicaçã o

Publicado no Brasil com todos os direitos reservados pela:


Hermeneia Editora Ltda
www.hermeneia.com.br

A Carlos Osvaldo Cardoso Pinto (in memoriam),


o grande professor que se tornou amigo;
e a Thomas Tronco dos Santos,
o grande amigo que se tornou professor.

Índice
Apresentaçã o 7

Capítulo 1
A Doutrina Acerca das Escrituras 9

Capítulo 2
A Doutrina Acerca de Deus 19

Capítulo 3
A Doutrina Acerca de Cristo 31

Capítulo 4
A Doutrina Acerca do Espírito Santo 41

Capítulo 5
A Doutrina Acerca do Homem 55

Capítulo 6
A Doutrina Acerca do Pecado 63
Capítulo 7
A Doutrina Acerca da Salvaçã o 73

Capítulo 8
A Doutrina Acerca da Igreja 87

Capítulo 9
A Doutrina Acerca dos Anjos 101

Capítulo 10
A Doutrina Acerca das Ú ltimas Coisas 111

Referências

APRESENTAÇÃ O
Embora contenha a Santa Escritura uma
doutrina perfeita, a que nada se pode
acrescentar, pois que aprouve a Nosso Senhor
revelar os infinitos tesouros de sua sabedoria,
entretanto, a pessoa que nã o seja bastante
experimentada no seu manuseio e
entendimento necessita de certa orientaçã o e
ajuda, para saber que deva nela buscar a fim de
nã o vaguear incerta, ao contrá rio, alcance rota
segura que lhe faculte atingir sempre o fim a
que a convoca o Santo Espírito.

João Calvino, Institutas da Religião Cristã.


Prefá cio à Ediçã o Francesa de 1541
O famoso pai da igreja Joã o Crisó stomo disse certa vez com a
propriedade que lhe era peculiar: “Quando a vida é corrompida, ela
concebe uma doutrina que combina com ela.” Certamente
Crisó stomo nã o ficaria indignado se eu de certo modo invertesse a
sua má xima para afirmar outra verdade do mesmo porte: “Quando a
doutrina é corrompida, ela concebe uma vida que combina com ela.”
Foi movido pela preocupaçã o com esta ú ltima verdade que
preparei, em 1987, este pequeno manual de doutrinas. Procurei
produzir algo de fá cil compreensã o, com vá rias ilustraçõ es, a fim de
que o conhecimento das principais doutrinas da fé cristã nã o se
tornasse propriedade de qualquer nú mero de pessoas que nã o
representasse a totalidade dos membros da igreja. Nã o ouso afirmar
que atingi este propó sito na íntegra, pois a sã doutrina, por ser
extremamente rica, nem sempre pode ser apresentada
satisfatoriamente com palavra superficiais.
De qualquer modo, eis aqui nosso manual. Sua ampla aceitaçã o
em minha pró pria igreja me encorajou a levá -lo ao povo evangélico
em geral, chegando a ser produzido em quatro ediçõ es distintas e
adotado como material didá tico em vá rias igrejas, grupos de
discipulado e seminá rios teoló gicos espalhados pelo Brasil. Minha
sincera expectativa é que esta nova ediçã o revista e ampliada seja
ainda mais ú til na trasmisssã o da doutrina cristã à igreja tã o carente
do nosso país.
De maneira nenhuma é meu intento apresentar este livro como
algo original. A pró pria ideia de preparar um livreto para o ensino
dos crentes é antiga na histó ria da igreja cristã . Na verdade, já no
século II, manuais de ensino prá tico eram usados pelos cristã os
sendo o Didaquê o exemplo clá ssico disso.
A falta de originalidade em nosso livreto nã o se limita, contudo,
à ideia de prepará -lo, mas se estende também, e de modo
necessá rio, ao seu conteú do. O que se encontra aqui é baseado nos
diversos livros alistados na bibliografia ao final, os quais devem ser
consultados caso o estudante tenha o desejo de se aprofundar mais
no estudo da doutrina bíblica.
O que temos à mã o é algo modesto. Apesar disso, é um trabalho
que requereu o auxílio de pessoas a quem eu sou grato. Dentre elas
quero destacar o nome do Pr. Thomas Tronco dos Santos que deu ao
manual um formato mais estético e didá tico. Também detaco o
esforço do meu querido irmã o na fé Leandro Boer que preparou
cuidadosamente cada uma das ilustraçõ es, sempre preocupado em
fazer delas ferramentas eficazes para a apreensã o e memorizaçã o
das verdades ensinadas. Eu sei que o Senhor recompensará o
trabalho dedicado desses homens.
É com bastante alegria que entrego o PEQUENO MANUAL DE
DOUTRINAS BÁ SICAS aos evangélicos do nosso país, na esperança
de que ele possa ser usado, conforme disse um teó logo amigo, “em
defesa da fé histó rica, atual e relevante”.

Marcos Granconato
Soli Deo gloria

CAPÍTULO 1
A DOUTRINA ACERCA DAS ESCRITURAS
(Bibliologia)

Quando a Palavra de Deus é negligenciada, a


religiã o pura e verdadeira desaba. Quando ela
desaba ninguém pode, nem será salvo.

Erasmus Sarcerius (1501- 1559)


Introduçã o
A Bíblia é a ú nica base da doutrina cristã . Por isso, se o conceito
formulado sobre as Escrituras for errado, todas as outras doutrinas
serã o afetadas de modo negativo.
Daí percebe-se a importâ ncia da concepçã o sadia da Bíblia.
Quando ela nã o é considerada do modo como exige, nã o pode servir
de base para a conservaçã o da “sã doutrina” (Tt 2.1).

Intimamente ligada à doutrina está a vida diá ria do cristã o. O


comportamento do crente deve ser um exemplo de doutrina posta
em prá tica. Portanto, se uma pessoa nã o tiver uma ideia correta
acerca da Bíblia, isso também influenciará o seu modo de andar.

Com efeito, a Bíblia deve ser para o cristã o um manual de


padrõ es para a vida. Se nã o for assim, o homem estará à mercê dos
seus pró prios modos errados e pecaminosos de pensar, os quais
fatalmente o conduzirã o à ruína.
Deve ser lembrado que há pessoas que, apesar de professarem
um conceito sadio da Bíblia, vivem em desacordo com isso. É claro
que essas pessoas envergonham o Evangelho. Suas vidas espirituais
sã o um verdadeiro fracasso.
A revelaçã o
Revelaçã o é, basicamente, o desvendamento de algo que era
desconhecido ou a manifestaçã o de alguma coisa que estava
escondida. No contexto judaico-cristã o essa palavra é usada para se
referir à comunicaçã o que Deus faz de si mesmo e da sua vontade.
Assim, em termos teoló gicos, a revelaçã o é um processo por meio do
qual Deus desvenda ao homem seu cará ter e seus desígnios. O
resultado desse processo também é chamado de revelaçã o.

Para fins de estudo, a revelaçã o de Deus se divide em dois


aspectos:

A revelação geral: Refere-se ao testemunho que Deus dá si


mesmo a todos os homens por meio da criaçã o (Rm 1.19-20), da sua
providência na histó ria (At 14.15-17) e da consciência humana (Rm
2.14-15). A revelaçã o geral alcança todos os homens em todos os
lugares (Sl 19.1-6), mas nã o tem conteú do redentor. O má ximo que
ela faz é expor alguns atributos de Deus, tornando os homens
indesculpá veis por rejeitá -lo (Rm 1.20-23).

A revelação especial ou específica: Refere-se ao


desvendamento do cará ter e do plano de Deus na histó ria da
redençã o (Sl 78; 107), na pessoa de Cristo (a expressã o má xima da
revelaçã o – Jo 1.18; 14.9; Cl 1.15; 2.9; Hb 1.1-3) e nas Escrituras
Sagradas (2Tm 3.16; 2Pe 1.20-21). A revelaçã o especial tem
conteú do salvífico, ou seja, é possível alguém compreender o plano
redentor de Deus por meio dela (2Tm 3.15). Contudo, ainda que
destinada a todos, a revelaçã o especial alcança efetivamente um
nú mero limitado de pessoas.

A inspiraçã o
Conforme visto, a Bíblia compõ e a revelaçã o especial de Deus,
tendo sido inspirada por ele. Quando se diz que a Bíblia é inspirada
por Deus, isto significa que o Espírito Santo supervisionou aquilo
que os autores bíblicos escreveram nos autógrafos, isto é, nos
escritos originais (as có pias nã o foram inspiradas) de tal modo que
eles o fizeram sem cometer qualquer erro.
Deus nã o ditou as palavras da Bíblia (apenas poucas partes
foram provavelmente ditadas – e.g., a Lei), nem tampouco os autores
bíblicos entraram em estado de êxtase para escrever os livros.
O que Deus fez na realidade foi mover (2Pe 1.21) ou dirigir os
escritores para que compusessem sua revelaçã o usando suas
personalidades, culturas e faculdades mentais. Desse modo, pode-se
dizer que Deus falou através do homem (Mt 1.22; 2.15;1Co 14.37).

É importante destacar que nã o é correto dizer que os autores


bíblicos foram inspirados por Deus. O termo “inspirados” se aplica
apenas aos livros bíblicos. Seus autores foram movidos ou impelidos
(Gr. ferómenoi) pelo Espírito Santo. Alguns textos bíblicos que
servem de base para esse ensino sã o Mateus 5.18; 22.43; 2Timó teo
3.16; 2Pedro 1.20-21e Hebreus 1.1.

Hoje nã o existe nenhum fragmento sequer dos escritos originais.


Todos se perderam ao longo dos séculos. O que se tem agora sã o
có pias, a maioria delas preparada por homens zelosos e habilidosos.
Para se chegar ao texto original um trabalho científico denominado
crítica textual tem sido realizado nessas có pias e em fragmentos
delas. Graças à açã o de Deus em preservar sua Palavra (1Pe 1.24-25)
e aos esforços da crítica textual, o conteú do dos autó grafos foi
mantido acessível com precisã o praticamente total.

O crente deve ter sempre em mente que a Bíblia, por ser


divinamente inspirada, é:
Inerrante: Nã o há erros na Bíblia, seja no campo da ciência, da
geografia, da histó ria ou da filosofia (Jo 10.35; 17.17).

Infalível: O que a Bíblia ensina nã o conduz as pessoas ao erro.


Nos caminhos e soluçõ es que prescreve, ela nunca falha, de modo
que a pessoa que a obedece pode caminhar segura, sabendo que está
seguindo um mapa que a leva na direçã o certa. Ademais, suas
promessas e profecias nunca falham. O que ela diz acerca do
amanhã , certamente se cumprirá (Nm 23.19; Sl 119.9,11; Mt 5.18; Tt
1.2).

Além disso, uma vez que Deus a destinou a criaturas inteligentes


com o objetivo de lhes transmitir verdades essenciais, a Bíblia
também é interpretável. Isso significa que há um sentido específico
(e nã o vá rios!) em cada porçã o do texto sagrado. Esse sentido pode
ser descoberto por meio do emprego das regras normais de
hermenêutica, usadas, inclusive, pelo pró prio Cristo (Mt 22.41-46).
É verdade que há trechos difíceis de entender, mas isso nã o
autoriza ninguém a dar ao que foi escrito o sentido que achar mais
conveniente, distorcendo as Escrituras (2Pe 3.15-16). Antes, o leitor
deve buscar o significado pretendido pelo autor sagrado, sabendo
que esse significado é claro na maioria das vezes e compõ e a
mensagem do pró prio Deus ao homem.
Por ser inspirada, inerrante, infalível e interpretá vel, somente
a Bíblia pode ensinar o que é correto acerca do Deus ú nico e
verdadeiro. Assim, qualquer crença que a rejeite jamais poderá levar
o homem ao real conhecimento da divindade.
A canonicidade
Sendo inspirados por Deus, os livros da Bíblia sã o dotados de
canonicidade. O termo “câ non” vem do hebraico (qaneh) e do grego
(kánon) e significa, basicamente, vara de medir ou régua. Com o
tempo, essa palavra passou a ter um significado mais amplo,
indicando também uma norma ou padrã o de qualquer natureza (Gl
6.16).
Assim, quando se afirma que um livro é canô nico, isso significa
que deve ser usado como uma régua para “medir” a validade do que
o homem crê e faz.
Deve ficar bem claro que a canonicidade dos livros bíblicos nã o
lhes foi imposta por homens. O fato de Deus tê-los produzido usando
o processo da inspiraçã o visto acima é que lhes confere
canonicidade. Os homens simplesmente reconheceram essa
qualidade presente nos livros bíblicos desde a sua produçã o. Aliá s,
mesmo os escritores bíblicos tinham consciência da autoridade de
seus escritos por serem revelaçã o de Deus. Isso se pode ver, por
exemplo, em 2Samuel 23.2; 1Coríntios 2.13e 14.37.
Para reconhecer um livro como canô nico foram usados os
seguintes critérios:

Autoria profética ou apostólica: Para ser reconhecido, o livro


deveria ser escrito por um profeta, por um apó stolo ou por alguém
sob a autoridade de um apó stolo (por exemplo, Marcos escreveu seu
evangelho sob a autoridade do apó stolo Pedro).
Aceitação: Para ser reconhecido, o livro tinha que ter ampla
aceitaçã o entre o povo de Deus. O reconhecimento da igreja em
geral foi considerado fator muito importante, uma vez que o Senhor
manifesta sua direçã o por meio do povo santo.

Conteúdo: Para ser reconhecido, o livro tinha que mostrar


harmonia doutriná ria com a ortodoxia já fixada. Livros que
apresentassem desvios ou negaçã o de doutrinas consagradas foram
rejeitados.

Inspiração: Para ser reconhecido, o livro tinha que dar evidências


de origem divina, falando com autoridade e apresentando valores
morais e espirituais elevados, pró prios de uma obra inspirada pelo
Espírito Santo.

O câ non
Enquanto o termo canonicidade se aplica a uma qualidade
sobrenatural dos livros bíblicos, a palavra “câ non” é usada para se
referir ao conjunto de livros que compõ em tanto o Antigo como o
Novo Testamento.

A Bíblia é composta por 66 livros. Dessas obras, 39 fazem parte


do Antigo Testamento e 27 do Novo. Os livros do Antigo Testamento
sã o classificados da seguinte maneira:
CLASSIFICAÇÃO LIVROS OBSERVAÇÕES
Gênesis, Ê xodo, Sã o os cinco
Pentatêuco Levítico, Nú meros livros de
e Deuteronô mio. Moisés
Josué, Juízes, Rute,
1e 2Samuel, 1e
Histó ricos 2Reis, 1e ‒
2Crô nicas, Esdras,
Neemias e Ester.
Os livros de
Jó , Salmos, Provérbios e
Provérbios, de Eclesiastes
Poéticos
Eclesiastes e sã o também
Cantares chamados de
sapienciais.
Isaías, Jeremias,
Lamentaçõ es de
Jeremias, Ezequiel,
Lamentaçõ es
Daniel, Oseias, Joel,
de Jeremias foi
Amó s, Obadias,
Proféticos escrito na
Jonas, Miqueias,
forma de
Naum, Habacuque,
poesia.
Sofonias, Ageu,
Zacarias e
Malaquias.

Quanto aos livros que fazem parte do Novo Testamento, sua


classificaçã o é a seguinte:
CLASSIFICAÇÃO LIVROS
Evangelhos Mateus, Marcos, Lucas e Joã o.
Atos ‒
Romanos, 1e 2Coríntios,
Gá latas, Efésios, Filipenses,
Epístolas
Colossenses, 1e
Paulinas
2Tessalonicenses, 1e 2Timó teo,
Tito e Filemom.
Epístolas Hebreus, Tiago, 1e 2Pedro, 1,
Gerais 2e 3Joã o e Judas.
Apocalipse ‒

O judaísmo ortodoxo nã o aceita os livros do Novo Testamento. Já


o catolicismo romano, desde o Concílio de Trento (1545-1563),
recepciona os livros apó crifos que sã o 13obras (incluindo
fragmentos de livros) escritas durante a época do Império Grego
(também chamado de período interbíblico) e que nã o sã o
reconhecidas nem pelo judaísmo, nem pelo protestantismo.
O termo “apó crifo” significa “oculto” e os livros sob essa
designaçã o sã o os seguintes: 1e 2Esdras, Tobias, Judite, adiçõ es a
Daniel (Salmo de Azarias, Câ ntico dos Três Jovens, Histó ria de
Susana, Bel e o Dragã o), adiçõ es a Ester, Oraçã o de Manassés,
Epístola de Jeremias, Baruque, Eclesiá stico (Siraque), Sabedoria de
Salomã o e 1e 2Macabeus. Alguns manuscritos da Septuaginta
incluem 3e 4 Macabeus e os Salmos de Salomã o.
A concepçã o de Jesus acerca das Escrituras
Jesus expressou uma concepçã o extremamente elevada das
Escrituras. No tocante a isso, os Evangelhos mostram o seguinte:

1. Jesus usou a Escritura para repudiar as tentaçõ es de Sataná s (Mt


4.1-11).
2. Jesus realçou a perenidade da Lei Mosaica e dos Profetas (Mt
5.17-18), tornando esses escritos compará veis à s suas pró prias
palavras (Mt 24.35).
3. Jesus destacou que o testemunho de todo o Antigo Testamento
acerca dele se cumpriria (Lc 24.44).
4. Jesus aprovou a visã o de que nas Escrituras se encontra a vida
eterna (Jo 5.39).
5. Jesus afirmou que o Espírito Santo falou através dos autores
bíblicos (Mc 12.36).
6. Jesus aceitou a historicidade de eventos bíblicos considerados
questioná veis na atualidade (Mt 12.39-41; Mc 10.6; Lc 17.26-27; Jo
6.49).
7. Jesus defendeu a inerrâ ncia (ou, talvez, a integridade. Cp. Tg 2.10)
da Escritura dizendo que ela nã o pode ser desmembrada (Jo 10.35).
8. Jesus destacou a importâ ncia de se conhecer profundamente a
Escritura (Mt 22.29).
9. Jesus valorizou detalhes gramaticais e palavras específicas do
texto bíblico (Mt 5.18; 22.31-32, 43-45).
10. Jesus garantiu a composiçã o inerrante do Novo Testamento,
dizendo que enviaria o Consolador que guiaria os apó stolos nessa
tarefa (Jo 14.26; 16.12-15).

A iluminaçã o
Iluminaçã o é o ministério do Espírito Santo de capacitar o
homem que é alcançado por sua graça a compreender a revelaçã o
escrita de Deus.
Essa obra é necessá ria porque as verdades da Palavra
pertencem a uma dimensã o que está muito acima do alcance da
mente humana (Is 55.8-9), sendo conhecida somente pelo Espírito
(1Co 2.11). Por isso, sem o auxílio do Senhor nã o há como o homem
acolher o que foi revelado (Lc 24.44-45; 1Co 2.12).
Pra piorar a situaçã o, Sataná s cega o entendimento das pessoas,
impedindo--as de compreender o evangelho (2Co 4.3-4). É por causa
disso que os incrédulos, nã o tendo a açã o iluminadora do Espírito,
nã o conseguem entender nem mesmo as verdades espirituais mais
elementares (1Co 2.14).
A iluminaçã o do Espírito Santo na mente do homem por ele
favorecido é iniciada, assim, ao tempo da conversã o, quando o
conhecimento da pessoa é aclarado, passando ela a enxergar as
realidades espirituais do evangelho (At 16.14; 2Co 3.15-16; 4.6; Hb
10.32). A partir daí, a açã o do Espírito Santo de trazer luz à mente
do crente prossegue (Ef 1.17-19), fazendo-o entender mais e mais a
verdade revelada e também levando-o à aceitaçã o dela, fatores
essenciais para o crescimento na vida cristã (2Co 3.18; Cl 1.9-10).

CUIDADO! VENENO!
Liberalismo teológico: Ensina que a revelaçã o de Deus
acontece por meio de fatos que se situam dentro da ordem natural
das coisas. Segundo os liberais, os escritores antigos testemunharam
esses fatos e os interpretaram como milagres, adicionando-lhes uma
dimensã o sobrenatural inexistente. Por isso, as descobertas da
ciência, da filosofia e da psicologia da religiã o devem ser usadas
para corrigir as ideias distorcidas dos autores bíblicos, removendo
do texto bíblico tudo que é mitoló gico (demitizaçã o ou
desmitologizaçã o).

Neo-ortodoxia: Ensina que Deus só pode ser conhecido


quando sua Palavra viva, o Cristo eterno, se encontra pessoalmente
com o indivíduo. A Bíblia descreve essa experiência na vida de
vá rios de seus personagens e assinala o caminho para esses
encontros existenciais. Dessa forma, as Escrituras contêm
testemunhos da revelaçã o divina feita a homens do passado e, na
medida em que servem para levar o indivíduo a um encontro com
Deus, sã o revelaçã o também hoje. Há , assim, dois momentos de
revelaçã o: um passado (as experiências registradas na Bíblia) e um
presente (desde que, lendo a Bíblia, o homem tenha um encontro
com Deus).

Movimentos sectários e heréticos: A seitas e os movimentos


heréticos que se dizem cristã os geralmente adotam um livro além da
Bíblia, atribuindo-lhe o mesmo grau de autoridade que dizem
reconhecer nas Escrituras. É assim com os mó rmons que creem na
natureza sacrossanta do Livro de Mó rmon. É assim também com os
Adventistas do Sétimo Dia que consideram como proféticos os
escritos de Hellen G. White. Outros movimentos heréticos põ em
certas pessoas, entidades ou tradiçõ es no mesmo pé de igualdade
das Escrituras. Esse é o caso do romanismo que confere autoridade
divina à sua tradiçã o e também ensina a doutrina da infalibilidade
papal. Também é o caso das Testemunhas de Jeová que consideram
o conselho que as preside, o chamado Corpo Governante, como
detentor de autoridade sobrenatural. Na prá tica, ainda que digam
estar sujeitos à Bíblia, esses movimentos tendem a situar seus livros
e líderes muito acima das Escrituras.
Traduções espúrias: O fato de existirem milhares de
manuscritos bíblicos antigos faz com que pequenas diferenças
surjam entre um e outro. Sã o as chamadas variantes textuais. Ao
lidar com essas variaçõ es, nem sempre o trabalho da crítica textual é
conclusivo, o que faz com que os tradutores da Bíblia tenham
eventualmente que escolher qual texto deverã o adotar em seu
trabalho. Ocorre, porém, que nã o raro os tradutores divergem em
suas opçõ es, o que faz com que traduçõ es diferentes apareçam.
Outras vezes, o leque de significado de um termo ou de uma
expressã o hebraica ou grega é muito amplo e o tradutor tem que
escolher a alternativa que acredita ser a melhor. Naturalmente, nem
sempre os tradutores fazem a mesma opçã o e, mais uma vez,
traduçõ es bíblicas distintas aparecem (ARA, ARC, ACF, NVI, NTV...).
Nada disso é condená vel ou errado. Na verdade, dificuldades assim
sã o comuns em qualquer esforço de transmitir a mensagem dada em
uma língua por meio de outra totalmente diferente. Ademais, é
preciso lembrar que, mesmo havendo um campo textual que admita
diferentes traduçõ es, esse campo é limitado e jamais afeta a
mensagem central das Escrituras. O que se deve evitar, porém, sã o
as traduçõ es espú rias, ou seja, traduçõ es que, sem a menor base
textual, gramatical ou semâ ntica, fazem acréscimos e alteraçõ es na
Bíblia com o fim (à s vezes declarado!) de transmitir conceitos
errados e até blasfemos. É o caso da versã o Novo Mundo das
Escrituras Sagradas (NM), traduçã o feita pelas Testemunhas de
Jeová . Essa traduçã o remove ou altera descaradamente qualquer
expressã o que aponte para a divindade de Cristo ou do Espírito
Santo. Há também traduçõ es feministas que evitam a referência a
Deus como Pai e chamam Cristo de “a criança de Deus”, em vez de
Filho. Sã o as chamadas versõ es com “linguagem inclusiva”. Em
tempos recentes, até mesmo pará frases repletas de gírias e
palavrõ es (e.g., Bíblia Free Style) têm sido preparadas sob o pretexto
de alcançar pessoas que usam esse tipo de linguagem. Esses
esforços, porém, sequer podem ser chamados de traduçõ es, posto
que em nada reproduzem a real mensagem do texto sagrado para a
língua a que se propõ em traduzi-la.

CAPÍTULO 2

A DOUTRINA ACERCA DE DEUS


(Teontologia)

(...) o mais portentoso fato a respeito de qualquer


homem nã o é o que poderá dizer ou fazer em um
dado momento, mas sim a imagem que ele leva de
Deus, no fundo do seu coraçã o.

A. W. Tozer, Mais Perto de Deus, p.7.

Introduçã o
Obviamente os crentes aceitam sem reservas o fato da existência
de Deus. Crendo na veracidade da Bíblia, nã o podem negar o Deus
que ela apresenta.
Assim, numa sociedade em que o ateísmo filosó fico e prá tico
finge ser incontestá vel, os discípulos de Jesus caminham na
contramã o das tendências seculares, proclamando a realidade de
um Deus criador, amoroso e santo com quem é possível o homem se
relacionar e, por meio disso, desfrutar de notá vel satisfaçã o .

Os cristã os também acreditam que o fato de alguém aceitar ou


nã o o Deus das Escrituras Sagradas influencia diretamente nã o
somente a sua religiosidade, mas também o estilo de vida que adota,
o qual abrange seu modo de pensar, falar e agir. O ateísmo, segundo
entendem, é, portanto, perigoso, uma vez que lança o homem num
vá cuo moral, longe de qualquer fundamento ético só lido sobre o
qual possa construir sua vida e conduta.

Fica claro, portanto, que a crença em Deus e a concepçã o sadia


acerca dele nã o sã o meras questõ es filosó fico-religiosas, mas
constituem fatores determinantes da felicidade e do bom viver do
ser humano.

A existência de Deus
A Bíblia nã o discute a existência de Deus. Antes, simplesmente a
afirma logo em seu primeiro versículo (Gn 1.1), dizendo
posteriormente que é possível perceber que Deus existe por meio da
criaçã o e da providência (At 14.17; Rm 1.20), sendo isso tã o ó bvio
que somente os insensatos sã o capazes de dizer que nã o há Deus (Sl
14.1).

Por causa disso, os argumentos a seguir nã o foram


desenvolvidos na Bíblia. Em vez disso, foram elaborados por
teó logos do passado que perceberam que a existência de Deus pode
ser comprovada pelo simples uso da razã o.
Há , basicamente, quatro argumentos ló gicos que sã o usados
para defender a existência de Deus. Veja-os a seguir:

O argumento cosmológico: Esse argumento afirma que existe um


mundo (Gr. kosmos). Logo, algo ou alguém deve tê-lo causado, pois
nã o existe efeito sem causa. Ademais, numa cadeia ininterrupta de
causas e efeitos, chega-se fatalmente a uma causa original nã o
causada. Essa causa primá ria só pode ser Deus. Os principais
expoentes desse argumento foram Aristó teles e Tomá s de Aquino.

O argumento teleológico: Aponta para o fato de que as coisas que


existem no universo têm um propó sito ou finalidade (Gr. telos).
Além disso, tudo revela um arranjo ordenado num grau de harmonia
e organizaçã o surpreendentes. Obviamente, um sistema
harmonioso, funcional e que atende a inú meras finalidades nã o pode
ter como causa uma força impessoal (como uma explosã o, por
exemplo) ou o acaso. De fato, somente uma mente inteligente pode
originar sistemas tã o complexos como os encontrados no universo.
Essa “mente” só pode ser Deus.

O argumento antropológico e moral: Esse argumento realça que o


homem nã o é apenas um ser físico, mas também um ente dotado de
consciência, senso moral, intelecto, emoçõ es e vontade. Esses
fatores psíquicos e morais nã o podem ter como causa uma força
cega ou meros componentes físico-químicos. Além disso, a crença da
divindade é inerente ao homem. Tudo isso só encontra explicaçã o
no fato de o ser humano ter sido criado à imagem e semelhança de
um Deus santo e pessoal que imprimiu nele algumas de suas marcas.

O argumento ontológico: Foi proposto inicialmente por Anselmo


de Canterbury (c. 1033-1109). Parte da afirmaçã o de que a crença
em Deus é universal, sendo certo que todo homem tem em si a ideia
de um Ser Perfeito. Segundo Anselmo, se o homem concebesse a
ideia de um Ser Perfeito que nã o existe, esse ser nã o seria perfeito,
dada a sua inexistência. Logo, o Ser Perfeito deve existir. Esse
argumento, além de confuso, tem sido muito questionado no tocante
à sua validade.
Os atributos de Deus
Um atributo é uma qualidade pró pria de um ser. Por atributos de
Deus entendem-se as propriedades que pertencem ao seu ser e que
consequentemente o caracterizam. Seus atributos sã o perfeiçõ es
que lhe sã o atribuídas nas Escrituras e que podem ser verificadas
nas obras da criaçã o, providência e redençã o.
Como os atributos de Deus sã o vá rios, alguns estudiosos os
dividem em dois grupos: os atributos naturais e os atributos morais.

Os atributos naturais
Sã o atributos ligados à existência de Deus, ou seja, à quilo que ele
é em si mesmo. Os atributos naturais sã o os seguintes:

Vida. Deus é um ser vivo. Ele pensa, sente e age. Sua vida é infinita.
Ele jamais morrerá (Jr 10.10; Mt 16.16; Jo 5.26; 1Ts 1.9).

Espiritualidade. Deus é Espírito. Ele nã o tem corpo, sendo,


portanto, invisível (Dt 4.15; Jo 4.24; 1Tm 1.17).
Personalidade. Deus é pessoal. Isto nã o significa que ele existe em
um corpo como as pessoas comuns, mas sim que ele tem uma
personalidade, sendo dotado de intelecto (ou inteligência), emoçõ es
e vontade (Ê x 4.14; Rm 8.28; 11.33-36; Ef 1.8-9).

Autoexistência. Deus existe por si mesmo. Ele nã o foi causado. Sua


vida nã o provém de nada que nã o seja ele mesmo. É necessá rio
frisar também que ele nã o se autocriou (Ê x 3.14; Jo 5.26).

Eternidade. Deus nã o tem começo e nem fim. Ele existe e sempre


existiu eternamente. Ele está acima do tempo (Sl 90.2; Hb 1.10-12;
Ap 1.8).

Onisciência. Deus conhece todas as coisas. Nã o há nada que ele


possa ou tenha que aprender. Seu conhecimento é infinito e
completo (Is 40.28; Rm 11.33; Hb 4.13). Ele sabe o que aconteceu, o
que acontece, o que acontecerá e o que aconteceria (Sl 139.3-4; Mt
11.21-23).

Onipotência. Deus tem poder ilimitado. Ele pode fazer tudo que
deseja e que planejou executar sem que nada o impeça ou dificulte
suas açõ es (Jó 42.2; Jr 32.17; Sl 115.3; Mt 19.26). Entretanto, todo o
seu poder é coerente com seu cará ter santo e sua natureza infinita.
Desse modo, há coisas que Deus nã o pode fazer como mentir,
morrer ou criar um ser melhor que ele pró prio (Tt 1.2; Hb 6.18).

Onipresença. Deus está presente em todos os lugares. Nã o se pode


fugir de sua presença. Isso nã o significa que Deus está contido em
sua criaçã o, mas, sim, que nã o existe lugar algum em todo o universo
onde ele nã o esteja (Sl 139.7-10; Jr 23.23-24).

Imutabilidade. Deus nã o muda. Ele permanece sempre o mesmo.


Seu relacionamento com as pessoas as transforma, mas ele mesmo
nunca é transformado. De fato, nada lhe pode ser acrescentado ou
tirado. Sua imutabilidade é real porque ele é perfeito, nã o havendo
nada em seu ser que precise mudar (Sl 102.27; Ml 3.6; Tg 1.17).

Os atributos morais
Sã o os atributos ligados ao cará ter infinitamente imaculado de
Deus. Podem ser resumidos em dois:

Santidade. Deus é absolutamente santo. Ele está separado de tudo o


que é mau e impuro. Ele é perfeito, puro e íntegro em seu cará ter (Is
6.3; 1Pe 1.15-16; 1Jo 1.5; Hb 6.18). A santidade de Deus se manifesta
por meio de sua retidã o, ou seja, ele faz e exige o que é reto (Sl 25.8).
Também por meio de sua justiça, que é a execuçã o das penalidades
contra o pecado (Sl 11.4-7), a santidade de Deus se evidencia.
Amor. Deus ama suas criaturas. Ele se preocupa com o bem-estar
delas. Movido pelo amor, Deus sai em busca do homem e procura se
relacionar com ele, mesmo quando isso envolve sacrifício (Is 63.9; Jo
3.16; 1Jo 4.16). O amor de Deus se manifesta também por meio de
sua misericó rdia, que é a disposiçã o que tem de nã o aplicar a pena
que o pecado merece, e por meio da sua graça, que é a disposiçã o
que tem de dar aquilo que o pecador nã o merece (Ef 2.8).

Outros importantes atributos de Deus sã o:

Soberania: Deus reina absoluto sobre todo o universo, governando-


o com sua infinita sabedoria e sem ter que oferecer explicaçõ es a
ninguém acerca de seus atos (Jó 40.1-9; Rm 9.20).

Liberdade: Sendo soberano e dono de tudo, Deus é livre para fazer


o que quiser, sendo impossível que ultrapasse seus “direitos”, uma
vez que nã o há limites para sua autoridade (Is 46.9-10; Rm 9.21).
Autossuficiência: Deus nã o precisa de nada nem de ninguém.
Quando ele realiza ou ordena algo, nã o o faz para suprir alguma
necessidade sua, mas para manifestar livremente seu amor,
sabedoria, poder e graça aos homens (At 17.24-25).

A Trindade
Deus é um ser em três pessoas. Pai, Filho e Espírito Santo sã o
pessoas distintas, que se inter-relacionam numa ú nica essência. Essa
doutrina nã o pode ser entendida pela ló gica humana, mas é
claramente ensinada na Bíblia que afirma a divindade do Pai (Ef
1.3), do Filho (1Jo 5.20) e do Espírito (At 5.3-4).
A doutrina da Trindade nã o deve ser entendida como triteísmo
(a crença em três deuses distintos), pois ainda que Deus seja
tripessoal, a Bíblia afirma claramente que ele é um só em essência
ou substâ ncia (Dt 6.4; Tg 2.19).

Também nã o se deve pensar que as pessoas da Trindade sejam


manifestaçõ es diferentes de uma só pessoa divina (sabelianismo ou
modalismo). Isso porque as três pessoas, ainda que unidas em
essência (Jo 10.30), sã o distintas entre si (Mt 3.16-17), sendo certo
que o Filho é eternamente gerado (unigênito) pelo Pai (Jo 1.14,18;
3.16,18) e a ele se sujeita (Jo 5.19; 8.28; 12.49), enquanto o Espírito
Santo procede somente do Pai, mas é enviado tanto pelo Pai (Jo
14.16,26) como pelo Filho (Jo 15.26).
Sendo as três pessoas da Trindade iguais em divindade, tanto o
Pai como o Filho e o Espírito Santo devem ser igualmente adorados,
cultuados, honrados invocados e obedecidos (Mt 28.19; 1Co 8.6; 2Co
13.14; 2Tm 1.2; 1Jo 1.3).

Os nomes de Deus
A Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, apresenta diversos
nomes pelos quais Deus é chamado. Cada um deles revela algo
acerca do cará ter ou das obras do Senhor.

EXEMPLO DE
NOME SIGNIFICADO
OCORRÊNCIA
Elohim Deus (alguém Gn 1.1
forte)
Adonai Senhor (de tudo) Js 3.11
Yahweh EU SOU QUEM Ê x 3.14-15
SOU
El Shaddai Deus Todo- Gn 17.1
Poderoso
El Elyon Deus Altíssimo Gn 14.18-22
El Olam Deus Eterno Is 40.28
Yahweh Jireh O Senhor proverá Gn 22.14
Yahweh Nissi O Senhor é minha Ê x 17.15
bandeira
Yahweh Shalom O Senhor é paz Jz 6.24
Yahweh O Senhor dos 1Sm 1.3
Sabbaoth exércitos
Yahweh O Senhor que vos Ê x 31.13
Meqaddishkem santifica
Yahweh O Senhor justiça Jr 23.6
Tsidkenu nossa

Os decretos de Deus
Decretos de Deus sã o seus planos e desígnios perfeitos,
estabelecidos na eternidade. Por meio deles o Senhor dirige
soberanamente a histó ria e realiza sua vontade em todo o universo,
atingindo, assim, seus propó sitos santos (Ef 1.11).
Os decretos de Deus sã o impossíveis de ser frustrados (Jó 23.13-
14; 42.2; Is 43.13; 46.10), sobrepõ em-se aos propó sitos humanos (Sl
33.10; Pv 19.21; Dn 4.35; Fp 2.13) e, sendo perfeitos, nã o sofrem
alteraçõ es (1Sm 15.29; Is 46. 10; Hb 6.17), subsistindo para sempre
(Sl 33.11).

A Bíblia ensina que os decretos de Deus envolvem “todas as


coisas” (Ef 1.11), mas é possível classificar as esferas de sua
abrangência da seguinte maneira:

A criação: Tudo o que Deus criou está sujeito aos seus planos e
cumpre o que ele determina (Sl 148.1-10). Foi, inclusive, por seu
decreto soberano que a natureza foi submetida à vaidade (ou seja,
foi condenada à uma existência fú til, fadada à deterioraçã o) até o dia
da libertaçã o dos crentes (Rm 8.20-21). De fato, nada acontece em
toda a criaçã o sem a autorizaçã o suprema de Deus (Mt 10.29).

A história: O Senhor determinou os tempos de ascensã o e queda de


todos os povos e também as regiõ es específicas que deveriam
ocupar (Dt 32.8; At 17.26). Ele decretou os atos cruéis da Assíria (Is
10.5-6) e a queda desse império por nã o reconhecer que era só um
instrumento nas mã os de Deus (Is 10.12-15). Ele decretou também a
destruiçã o das naçõ es pelos babilô nios (Sf 3.8), predeterminou o
castigo dos pró prios babilô nios (Jr 25.11-14) e planejou a
restauraçã o de Jerusalém por meio de Ciro (Is 44.24-28; 46.11). As
açõ es de Herodes, de Pô ncio Pilatos, dos gentios e do povo de Israel
no trato com Jesus foram predeterminadas por Deus (At 4.27-28).
Ele também traçou a trajetó ria de expansã o do cristianismo (At
16.6-10). O Senhor ainda decretou que a histó ria termine com a
sujeiçã o completa de todo o universo a Cristo (Ef 1.9-10). Na
verdade, as profecias do AT e os ensinos do NT acerca do futuro
nada mais sã o do que revelaçõ es dos decretos de Deus referentes à
histó ria universal.

O governo humano: Ainda que os diversos países sejam


governados por homens e sistemas legais injustos, é preciso
reconhecer que os decretos de Deus também estã o por trá s dos
governos das naçõ es, nã o havendo nenhuma autoridade política que
nã o tenha sido estabelecida pelo Senhor (Dn 2.21; Rm 13.1). Foi
Deus quem deu autoridade e poder a Faraó (Rm 9.17), a
Nabucodonozor (Jr 27.4-8), a Ciro (Is 41.2-4; 45.1-7) e a Pilatos (Jo
19.10-11), tudo com o objetivo de, por meio deles, cumprir os seus
decretos. Desse modo, ele, o Senhor, tem pleno domínio sobre o
reino dos homens e o dá a quem ele quer (Dn 4.17,25,32; 5.21),
movendo o coraçã o dos governantes de acordo com seus propó sitos
à s vezes misteriosos, mas sempre justos (Ê x 9.12; 10.20,27; 11.10;
14.8; Ed 7.21-28; Pv 21.1).
A vida dos indivíduos: Os planos de Deus se realizam também na
vida de cada indivíduo, sendo ele quem decide formar pessoas
fisicamente perfeitas (Sl 139.13-14) e pessoas mudas, surdas e cegas
(Ê x 4.11; Jo 9.1-3). O Senhor também decretou os limites da vida de
cada um, fixando o nú mero certo de seus dias (Jó 14.5; Mt 6.27) e
todos os detalhes da histó ria de todos os seres humanos (Jó 23.13-
15; Sl 138.8; 139.16), incluindo suas funçõ es (Jr 1.5; Gl 1.15-16),
suas capacitaçõ es (Dn 2.21), suas experiências (At 22.14-15) e a
forma como hã o de morrer (Jo 21.18-19; At 1.15-20). Deus age
livremente e como bem entende na vida de todo e qualquer
indivíduo, sempre com o objetivo de realizar seus objetivos (Dn
4.35). Ele fez com que Sansã o se interessasse por uma moça filisteia
a fim de cumprir seus planos contra os inimigos de Israel (Jz 14.1-4).
Ele impediu que os filhos de Eli ouvissem os conselhos do pai
porque queria matá -los (1Sm 2.25). Ele também decretou a traiçã o
de Judas revelando-a de antemã o na Escritura e usando o falso
discípulo para cumprir as profecias sobre a rejeiçã o e morte do
Messias (Mt 26.24; Jo 17.12; At 1.15-20).

A salvação: Os decretos de Deus abrangem a histó ria, o meio e os


alvos da salvaçã o. Na eternidade, ele planejou que seu Filho fosse
morto como sacrifício pelo pecado (At 2.23; 1Pe 1.18-20) e que a
oferta de salvaçã o em Cristo fosse feita a todas as naçõ es (Lc 24.44-
48). Ele também decretou quem seria salvo e quem seria destinado
para a ira (Pv 16.4; Rm 9.15-18,21-24; 1Pe 2.8). Essa decisã o foi
tomada antes dos tempos eternos (Ef 1.4-5) com base em sua
pró pria determinaçã o e graça e nã o com base em méritos pessoais
(Ef 1.11; 2Tm 1.9). Ao homem nã o cabe questionar o decreto
salvífico de Deus, uma vez que ele tem o direito de ser gracioso com
quem quiser e de endurecer o coraçã o de quem quiser (Is 63.17; Rm
9.18-21), sendo sempre justo em todas as suas decisõ es (Rm 9.14).
No cumprimento de seus santos desígnios, o Senhor também
decretou que uniria judeus e gentios num só corpo, a igreja (Ef 3.3-
11) e que só um remanescente de Israel seria salvo antes da vinda
do Senhor (Rm 9.27; 11.5,25-26).

Ressalvas importantes
Os decretos de Deus não tornam os homens inocentes pelos
males que praticam. Os caldeus foram considerados culpados por
sua maldade contra Judá (Hc 1.11), mesmo sendo o pró prio Deus
quem os levantou para realizar esses atos (Hc 1.6). Da mesma forma,
Herodes e Pô ncio Pilatos pecaram quando conspiraram contra Jesus,
apesar de ter sido Deus quem decretou que agissem assim (At 4.27-
28). O que se depreende disso é que o decreto de Deus nã o anula o
pecado dos perversos, nem torna Deus culpado por suas má s açõ es.
Note-se que Jesus reprovou Judas mesmo sabendo que ele, com sua
traiçã o, cumpriu o decreto divino (Mt 26.24). Pedro, por sua vez,
criticou os judeus de Jerusalém por matarem Jesus, mesmo sabendo
que isso tinha sido preestabelecido por Deus (At 2.23). A maneira
como Deus decreta o mal sem se tornar culpado e sem remover a
culpa dos perversos nã o é revelada na Escritura, estando além da
compreensã o humana. Trata-se de um dos muitos mistérios que
permanecem escondidos na mente insondá vel do Senhor (Dt 29.29)
e que deve estimular a humildade, a fé e a adoraçã o, e nunca a
rebeliã o ou o inconformismo (Rm 11.33-36).

Os decretos de Deus não podem ser alterados pelas orações


dos homens. Textos que dã o a impressã o de que Deus mudou de
plano por causa da intercessã o de alguém (e.g., Ê x 32.9-14) devem
ser entendidos no sentido de que a aparente mudança no desejo do
Senhor já estava fixada em seus planos pré-estabelecidos, sendo a
pró pria oraçã o parte integrante desses planos. É por isso que,
mesmo sabendo que Deus já tem tudo planejado, o crente deve orar.
Passagens bíblicas como 2Samuel 7.27-29, Daniel 9.2-3e Apocalipse
22.20 mostram pessoas orando mesmo depois de Deus ter revelado
o que já tinha planejado fazer.

Os decretos de Deus relativos à salvação não devem


desencorajar o evangelismo. Deus nã o somente decretou quem
seria salvo, mas também determinou que os seus eleitos fossem
alcançados por meio da pregaçã o (1Co 1.21). Assim, uma vez que o
crente nã o sabe quem é eleito, é seu dever pregar a todos. Ademais,
é preciso destacar que o decreto eletivo de Deus é, na verdade, um
estímulo ao evangelismo, uma vez que fornece a garantia do seu
sucesso. De fato, uma vez que é certo que os escolhidos atenderã o ao
convite do evangelho (Jo 10.16; At 13.48), os crentes devem se
sentir encorajados a proclamar com empenho as boas-novas. Note-
se que em Atos 18.9-10 foi a certeza de que havia eleitos de Deus em
Corinto que motivou Paulo a perseverar no trabalho de
evangelizaçã o daquela terrível cidade.
CUIDADO! VENENO!
Ateísmo materialista: Nega a existência de Deus e de qualquer
realidade espiritual. Para os ateus, o universo, as leis que o regem, a
matéria e a vida vieram à existência pelo acaso. Na concepçã o ateísta
mais inflexível, a crença em Deus é perigosa, pois gera intolerâ ncia,
sendo a base de todas as guerras religiosas e de inú meros abusos e
crueldades praticados pelos homens ao longo da histó ria. Muitos
ateus também afirmam que a crença em Deus é apenas um
instrumento de dominaçã o utilizado por uma minoria a fim de
incutir temor nas massas e, assim, obter obediência servil.

Panteísmo: De acordo com essa concepçã o, Deus tem um pó lo


espiritual e um pó lo material. O universo físico é o pó lo material de
Deus. Assim, Deus é tudo e tudo é Deus. O panteísmo nega a
realidade de um Deus pessoal e criador. É acolhido pelas religiõ es
orientais como o hinduísmo e o budismo. No ocidente, sua maior
expressã o se encontra nas seitas de Nova Era.

Teologia do Processo: Concebe toda a realidade como um


processo em desenvolvimento do qual Deus faz parte. Nesse
processo Deus se aperfeiçoa e aprende, sofrendo constantes
mudanças enquanto tenta influenciar o mundo e é influenciado por
ele. Os homens, uma vez que têm livre-arbítrio, podem resistir a
Deus e frustrá -lo na realizaçã o de seus ideais, fazendo-o sofrer. Essa
vertente doutriná ria ensina ainda que Deus nã o realiza intervençõ es
sobrenaturais na histó ria e nem conhece o futuro, pois este depende
das decisõ es livres dos indivíduos. No tocante ao problema do mal, a
Teologia do Processo afirma que Deus nã o pode impedir a maldade
e o sofrimento já que nã o direciona as açõ es das pessoas. Tudo o que
ele pode fazer é agir como um companheiro que entende a angú stia
e a dor.

Teísmo Aberto: Deus abriu mã o de sua soberania e nã o


interfere na histó ria de modo decisivo, nem tem o controle
meticuloso do universo, pois isso anularia a liberdade do ser
humano. Assim, para o teísmo aberto nã o existe predestinaçã o nem
qualquer decreto divino que seja imposto ao homem. Na verdade,
Deus sequer conhece o futuro plenamente, estando este em aberto.

Unitarismo e unicismo: O unitarismo nega a Trindade,


rejeitando a divindade do Filho e do Espírito. Já o unicismo, também
conhecido como modalismo ou sabelianismo, afirma que na
Trindade só existe um nú cleo pessoal que é o Pai (monarquianismo),
sendo o Filho e o Espírito Santo apenas modos distintos como o Pai
se manifesta. As Testemunhas de Jeová sã o um exemplo de seita
unitarista. Movimentos unicistas atuais sã o a Igreja Pentecostal
Unida do Brasil; o Ministério Voz da Verdade, o Taberná culo da Fé e
a Igreja Local, ligada ao ministério Á rvore da Vida.

Concepções populares: Deus é concebido como um ser


supremo, porém distante, nã o se importando com os detalhes da
vida humana ou com o modo como as pessoas vivem. Esse “deus”
nã o reprova praticamente nada, exceto os desvios que o senso
comum também reprova (crimes, abusos, etc.) ou as injustiças que a
pessoa acredita que foram feitas contra ela. Eventualmente pode ser
invocado, especialmente quando o suplicante passa por algum
problema mais sério. Esse deus imaginá rio nã o requer adoraçã o,
honra ou santidade das pessoas. É mais uma projeçã o mental a que
os homens recorrem para experimentar algum alívio em dias de
desespero.
CAPÍTULO 3
A DOUTRINA ACERCA DE CRISTO
(Cristologia)

Fiéis aos santos padres, todos nó s, perfeitamente


unâ nimes, ensinamos que se deve confessar um só e
mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à
divindade, e perfeito quanto à humanidade,
verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem (...); em
todas as coisas semelhante a nó s, excetuando o pecado.

Definiçã o de Calcedô nia (451)

Introduçã o
A figura de Jesus de Nazaré é, sem dú vida, a mais notá vel de toda
a histó ria. Sua grandeza, porém, estimulou a mente humana a criar
diferentes conceitos e teorias acerca do filho do carpinteiro que,
com sua mensagem e obra, mudou o mundo inteiro.
Foi assim que filosofias e seitas estranhas surgiram ao longo dos
séculos fazendo ousadas asseveraçõ es sobre Jesus, muitas vezes
desprezando o que ele pró prio disse de si mesmo ou o que os seus
discípulos afirmaram acerca dele. A proliferaçã o dessas seitas e
teorias afastou muitas pessoas da verdade acerca de Cristo
proclamada pela igreja com base no testemunho da Bíblia.
Essa verdade consiste, basicamente, da afirmaçã o de que Jesus
Cristo é o Filho de Deus, Deus-homem, impecá vel, que morreu em
lugar do ser humano a fim de que, pelo seu sacrifício, o homem
recebesse remissã o dos pecados (Ef 1.7).
Os cristã os creem ainda que Jesus Cristo ressuscitou dentre os
mortos ao terceiro dia e hoje está vivo, sustentando o universo (Cl
1.17; Hb 1.3), intercedendo a favor dos crentes (Hb 7.25) e
aguardando a chegada do dia fixado para sua volta (At 1.11).
Os crentes ensinam que as pessoas devem abandonar os
conceitos errados que as seitas e filosofias criaram sobre o filho de
Deus e, entã o, acolher a cristologia ortodoxa fundamentada nas
Escrituras. Isso porque aquilo que o homem pensa acerca de Jesus é
de má xima importâ ncia tanto para a vida presente como a futura. Na
verdade, a Bíblia deixa claro que o fato de uma pessoa crer ou nã o
em Cristo conforme pregado pelos apó stolos da Bíblia é fator
determinante do lugar onde ela passará a eternidade (Jo 3.36).

A pessoa de Cristo
Jesus Cristo é Deus-homem. Isto significa que ele tem duas
naturezas: a humana e a divina. No decorrer dos séculos muitos
teó logos se reuniram para discutir esse assunto. Os principais
concílios que trataram desse tema ao tempo da igreja antiga foram:

 Niceia (325): Defendeu a divindade de Cristo contra o


herege Á rio de Alexandria que negava a eternidade de Jesus.
 Constantinopla (381): Defendeu a plena humanidade de
Jesus contra Apoliná rio que dizia que em Cristo o Verbo
havia tomado o lugar da alma humana.
 Éfeso (431): Defendeu a cristologia ortodoxa contra Nestor
que defendia a existência de duas pessoas em Cristo em vez
de duas naturezas.
 Calcedônia (451): Negou a doutrina de Ê utiques que
afirmava que em Cristo as duas naturezas se fundiram
numa só (monofisismo).
Sob a luz da Bíblia, os teó logos reunidos nesses concílios
concluíram que Jesus Cristo é perfeitamente humano e plenamente
divino, sendo que essas duas naturezas estã o presentes numa só
pessoa. A isso se dá o nome de União Hipostática. Este é um dos
grandes mistérios da fé cristã e, de conformidade com Mateus 16.13-
17, é necessá ria a intervençã o de Deus para que alguém admita o
conceito correto sobre Jesus.
Veja-se a seguir os fatores e os textos bíblicos que mostram que
Jesus é tanto humano como divino.

Provas da real humanidade de Jesus


1. Ele teve um nascimento humano (Mt 1.18; Rm 9.5; Gl 4.4).
2. Ele veio da descendência de Davi (Lc 1.31-33; Rm 1.3).
3. Ele cresceu e se desenvolveu naturalmente (Lc 2.40,52).
4. Ele tem um corpo físico bem como uma alma humana (Mt
26.12; Lc 23.46; Jo 12.27; 1Jo 1.1).
5. Ele era sujeito a limitaçõ es físicas (Mt 21.18; Lc 22.44; Jo 4.6).

Provas da plena divindade de Jesus


1. Há nomes divinos que lhe sã o atribuídos (At 9.17; Rm 9.5; Hb
1.8; Ap 1.17 cp. 1.7-8).
2. Ele pode ser invocado e adorado como Deus (Mt 14.33; 1Co
1.2; Hb 1.6).
3. A ele sã o atribuídas obras divinas (Jo 1.3; Cl 1.16-17).
4. Ele pode perdoar pecados (Mc 2.5-11).
5. Ele pode dar a vida eterna (Jo 10.28; 17.1-2).
6. Ele é onipresente (Mt 18.20; 28.20; Jo 1.48).
7. Afirmaçõ es do Antigo Testamento a respeito de Deus sã o
reconhecidas como referentes a Jesus no Novo Testamento (Sl
102.24-27 cp. Hb 1.10-12; Is 6.1,10 cp. Jo 12.40-41; Is 60.19 cp.
Lc 2.32; Jr 17.10 cp. Ap 2.18,23).
8. O nome de Jesus é associado de maneira especial ao nome de
Deus Pai e ao Espírito Santo (2Co 13.13[ou v. 14 - NVI]; Tg 1.1).

Fica claro, portanto, que Jesus Cristo é totalmente homem (1Tm 2.5)
e totalmente Deus (1Jo 5.20) em uma só pessoa (Rm 9.5).

A preexistência de Cristo
Fortemente relacionado à divindade de Cristo está o ensino
acerca da sua preexistência e eternidade. Os textos que servem de
base para essa doutrina sã o: Miqueias 5.2; Isaías 9.6; Joã o 1.1-3;
8.56-58; Colossenses 1.17 e Hebreus 1.8.

O cará ter de Jesus


A seguir sã o listados alguns aspectos do cará ter de Jesus:

Santidade. Ele é sem pecado (Jo 8.46; Hb 4.15; 1Jo 3.5) e


absolutamente puro (Jo 8.12cf. 1Jo 1.5; 1Jo 3.3).

Amor. Inú meras passagens bíblicas falam a respeito do amor de


Jesus, bem como de seus objetos: o Pai (Jo 14.31); a igreja (Ef 5.25);
os crentes em particular (Jo 14.21; Gl 2.20); e os seus inimigos (Lc
23.34).

Mansidão. Jesus era manso, isto é, mantinha uma atitude contrá ria à
aspereza. Ele tratava as pessoas com brandura e docilidade (Mt
11.29; Lc 23.34; 2Co 10.1; 1Pe 2.23). Isso nã o significa, porém, que
eventualmente nã o lidasse com o pecado de forma severa e rigorosa
(Mt 23.33; Lc 13.32; Jo 2.14-16; Ap 19.11-16).

Humildade. Jesus nã o era arrogante ou orgulhoso. Sua humildade é


expressa, inclusive, no modo como ele se submeteu ao Pai e
dependeu dele (Mt 11.29; Jo 13.4-5; Fp 2.5-8).

A obra de Cristo
O autoesvaziamento de Cristo
O autoesvaziamento ou kenosis de Cristo é uma expressã o que
aponta para a disposiçã o humilde presente no Senhor de abrir mã o
voluntariamente da sua gló ria celestial enquanto esteve neste
mundo, assumindo assim a forma de servo e sendo obediente até à
morte, tudo por amor aos perdidos (Hb 12.2).
O texto principal acerca da kenosis é Filipenses 2.5-8. Note-se
que esse ensino é uma das principais bases doutriná rias para a
unidade cristã e para a convivência humilde, pacífica e nã o egoísta
entre os membros da igreja de Deus (Fp 2.2-5).

A obra redentora de Jesus Cristo


A obra redentora de Cristo envolve especialmente sua morte e
ressurreição (1Co 15.3-4). A Bíblia ensina que a morte de Cristo
abrangeu diversos aspectos, conforme mostra o quadro a seguir:

QUALIDADE SIGNIFICADO BASE BÍBLICA


Planejada com Lc 22.22; At 2.23;
Predeterminada
antecedência 4.27-28
Voluntá ria Por livre escolha Jo 10.17-18
Vicá ria Em favor dos outros 1Pe 3.18
Como sacrifício pelo
Sacrificial 1Co 5.7
pecado
Como consequência da
Expiató ria Gl 3.13
culpa
Satisfez as exigências de
Propiciató ria 1Jo 2.2; 4.10
Deus
Resgatou por meio de
Redentora Mt 20.28
pagamento
Substitutiva Em lugar de outros 1Pe 2.24

Apó s morrer e ser sepultado, Jesus ressuscitou dentre os mortos.


A ressurreiçã o do Senhor é um ensino central da fé cristã . Sua
negaçã o implica a destruiçã o completa do cristianismo (1Co 15.14-
19).

A seguir, sã o alistados alguns resultados que a ressurreiçã o de


Cristo produziu:

● Confirmou a divindade de Jesus (Rm 1.4).


● Serviu como garantia da justificaçã o dos crentes (Rm 4.25).
● Forneceu uma base para a certeza da ressurreiçã o futura dos
cristã os (1Co 15.20; 2Co 4.14).
O texto bíblico clá ssico acerca da ressurreiçã o, tanto de Cristo
como dos crentes, é 1Coríntios 15.

A ascensã o de Cristo e seu ministério presente


Apó s ressuscitar, Cristo foi assunto aos céus física e
visivelmente, fatores que mostram o padrã o que marcará também a
sua segunda vinda (At 1.9-11).
Nas alturas, o Senhor se assentou à direita de Deus (Hb 1.3-4; Cl
3.1), aguardando o dia designado para seu retorno a este mundo (At
2.34-35)e realizando as seguintes obras:

Ministraçã o sacerdotal em prol da igreja, compadecendo-se


dela (Hb 4.14-16) e intercedendo por ela (Rm 8.34; Hb 7.25; 1Jo
2.1).
Concessã o de dons ao seu povo (Ef 4.8-11).
Exercício da soberania sobre a igreja e sobre todo o universo
físico e espiritual (Ef 1.20-23; Fp 2.9-11; 1Pe 3.22).
Sustentaçã o da criaçã o (Cl 1.17).

QUADRO DAS PRINCIPAIS PROFECIAS JÁ


CUMPRIDAS SOBRE JESUS
TEXTOS CUMPRIMENTO
PROFECIAS
DO AT NO NT
Ele teria um
Is 40.3 Mt 3.3
predecessor
Ele viria como um
Is 9.6 Lc 2.6-7; Gl 4.4
menino
Ele nasceria de uma
Is 7.14 Mt 1.22-23
virgem
Ele seria da 2Sm
Mt 1.1
linhagem davídica 7.12-16
Ele nasceria em
Mq 5.2 Mt 2.5-6
Belém
Ele iria para o Egito Os 11.1 Mt 2.14-15
Ele moraria em
Is 9.1-2 Mt 4.13-16
Cafarnaum
Ele teria um
Is 61.1-
ministério de Lc 4.17-21
2
consolo e libertaçã o
Ele teria um
Is 53.4 Mt 8.16-17
ministério de curas
Ele evitaria
Is 42.1-
alardear seu Mt 12.16-20
4
ministério
Ele ensinaria por
Sl 78.2 Mt 13.34-35
pará bolas
Ele entraria em
Jerusalém montado Zc 9.9 Mt 21.1-9
num jumento
Ele seria traído por Sl 41.9 Jo 13.18; 17.12;
alguém bem At 1.16
pró ximo dele
Ele seria entregue Zc
Mt 26.15; 27.9-
por 30 moedas de 11.12-
10
prata 13
Ele seria rejeitado e
Is 53.3 Mt 27.15-31
humilhado
Ele teria as mã os e
Sl 22.16 Jo 20.25
os pés perfurados
Ele seria
Zc 12.10 Jo 19.33-37
traspassado
Seus ossos nã o
Sl 34.20 Jo 19.33-37
seriam quebrados
Repartiriam suas
Mt 27.35; Jo
vestes e lançariam Sl 22.18
19.23-24
sortes sobre elas
Ele seria ferido em
sua obra de Gn 3.15 Cl 2.15
derrotar Sataná s
Ele clamaria ao Pai
Sl 22.1 Mt 27.46
na hora da morte
Ele morreria entre
Is 53.12 Mc 15.27-28
malfeitores
Seu sepultamento
seria provido por Is 53.9 Mt 27.57-60
um rico
Ele ressuscitaria e Is
veria o resultado de 53.10- Lc 24.34-48
sua obra 11
Famílias de toda a Gn 12.3 Gl 3.8,14,29
terra seriam
abençoadas por
meio dele como o
descendente de
Abraã o

As inú meras profecias relacionadas ao reinado terreno de Cristo


(milênio) só terã o cumprimento em sua segunda vinda. Entre essas
profecias, pode-se alistar as seguintes:

1. Ele matará o Anticristo e seus seguidores antes de estabelecer


seu reino milenar (Zc 14.12-15; 2Ts 2.8; Ap 19.11-21).
2. Ele se colocará sobre o Monte das Oliveiras provendo
livramento para Jerusalém invadida (Zc 14.1-5).
3. Ele será chorado pela naçã o de Israel que se converterá a ele
(Zc 12.9-10; Mt 23.37-39; Rm 11.25-26).
4. Ele julgará as naçõ es separando os bodes das ovelhas e
definindo, assim, quem entrará no reino (Mt 25.31-46).
5. Ele se assentará sobre o trono de Davi (Is 9.6-7; Lc 1.32-33).
6. Ele reinará em Jerusalém que desfrutará de paz perfeita (Zc
14.11).
7. Ele inaugurará um reino mundial de paz, de justiça e de
conhecimento do Senhor (Is 2.2-4; 11.4-10; Zc 14.9,16).
8. Ele governará em meio a fartura e prosperidade (Gn 49.10-
12).
9. Ele reinará por mil anos (Ap 20.1-6).
10. Ele entregará o reino ao Pai (1Co 15.24,28).
11. Ele fará novos céus e nova terra (Ap 21.1,5-6).
12. Ele se assentará para sempre ao lado do Pai na Nova
Jerusalém (Ap 22.3).
CUIDADO! VENENO!
Liberalismo teológico: Ensina que Jesus se aproximou ao
má ximo do ideal divino para a humanidade, mas que nã o pode ser
considerado Deus manifesto em forma humana. Sua personalidade
sublime e singular incutiu em seus seguidores a crença no “Cristo da
fé” capaz de grandes milagres e, nesse aspecto, muito diferente do
Jesus histó rico. Sua ressurreiçã o foi apenas um mito e nã o um
evento ocorrido no tempo e no espaço.

Espiritismo: Defende que Cristo nã o é o Filho de Deus


encarnado que veio ao mundo para salvar o homem do pecado e da
perdiçã o (o espiritismo nã o acredita em céu e inferno). Segundo os
espíritas, Jesus é somente um espírito mais evoluído que serve de
guia para as pessoas, sendo que todos podem chegar ao mesmo
nível dele, evoluindo por meio de sucessivas reencarnaçõ es.
Surpreendentemente, os espíritas afirmam que suas doutrinas sã o
baseadas nos ensinos de Jesus!

Testemunhas de Jeová: Afirmam que Jesus nã o é divino, mas


sim uma criatura especial de Deus. De acordo com essa seita, a
criaçã o de Jesus ocorreu antes de todas as coisas e ele viveu como
uma criatura espiritual no céu até o dia em que nasceu em Belém. Os
mestres dessa religiã o ensinam que Jesus morreu e ressuscitou para
resgatar o homem, mas seu sacrifício foi somente humano. Por nã o
crerem que Jesus é Deus, as Testemunhas de Jeová nã o o adoram.

Religiões orientais e Nova Era: Creem na divindade de todos


os homens (e de tudo o mais que existe no universo). Logo, para
essas seitas nã o existe diferença essencial entre Jesus e os outros
seres humanos. Dizem ainda que Cristo foi mais um mestre
iluminado, assim como muitos outros, e que ele tinha consciência de
sua divindade, algo que todas as pessoas deveriam ter. Muitos
adeptos das religiõ es de Nova Era dizem que Jesus passou seus anos
de obscuridade na Índia ou no Tibet, adquirindo “iluminaçã o” junto
aos monges budistas.

CAPÍTULO 4

A DOUTRINA ACERCA DO
ESPÍRITO SANTO
(Pneumatologia)

Cremos (...) no Espírito Santo, Senhor e vivificador, que


procede do Pai, que com o Pai e o Filho conjuntamente é
adorado e glorificado, que falou através dos profetas.
Credo Niceno-Constantinopolitano

Introduçã o
A doutrina acerca do Espírito Santo talvez seja uma das á reas
mais debatidas da teologia cristã , sendo também o campo em que,
na prá tica, a igreja tem cometido seus maiores erros e excessos.
Definiçõ es confusas e obscuras, interpretaçõ es bíblicas intuitivas,
valorizaçã o da experiência mais do que do testemunho bíblico,
apego a costumes e tradiçõ es, tudo isso tem contribuído para a
construçã o de uma pneumatologia defeituosa, bem distante do
ensino apostó lico.
Obviamente, os desvios nessa á rea têm gerado consequências
desastrosas, tanto para a vida pessoal dos crentes, como para as
igrejas locais na realizaçã o de seus atos de adoraçã o, serviço e
proclamaçã o, o que impõ e a necessidade de estudo mais sério e de
francas correçõ es.
O material que segue visa atender um pouco a essa necessidade,
protegendo o estudante da Bíblia dos desvios tã o comuns com que o
povo de Deus se depara quando ouve falar sobre a pessoa e obra do
Espírito Santo. Neste capítulo, o cristã o encontrará também
ferramentas para desenvolver uma pneumatologia sadia e propagá -
la a seus irmã os de fé.

A personalidade do Espírito Santo


O Espírito Santo nã o é uma força impessoal, conforme dizem
algumas seitas. Ele tem personalidade, ou seja, tem inteligência (Rm
8.27; 1Co 2.10-11), emoçõ es (Is 63.10; Ef 4.30) e vontade (1Co
12.11).
Há outros fatores que demonstram a personalidade do Espírito:

1. É possível blasfemar contra ele (Mt 12.31-32).


2. Ele ensina os crentes (Jo 14.26).
3. É possível mentir para ele (At 5.3).
4. Ele guia os crentes (Rm 8.14).
5. Ele testifica aos crentes (Rm 8.16)
6. Ele intercede pelos crentes (Rm 8.26).
7. Ele fala aos crentes (Ap 2.7)
Os itens dessa lista mostram os diferentes aspectos pró prios da
personalidade do Espírito Santo. Suas emoçõ es e intelecto se
expressam, por exemplo, quando ele se entristece. Sua intercessã o
em favor dos crentes é evidência de sensibilidade (emoçõ es) e
vontade. Sua atividade de ensinar, guiar, falar e distribuir dons aos
crentes demonstra que ele tem vontade e inteligência. Note-se ainda
que a possibilidade de uma pessoa mentir e blasfemar contra ele
mostra que o Espírito nã o é algo, mas alguém!
A doutrina da personalidade do Espírito Santo é de importâ ncia
vital. Sua negaçã o implica, entre outras coisas, a rejeiçã o da
divindade do Espírito e, consequentemente, a negaçã o da doutrina
da Trindade.

A divindade do Espírito Santo


A Bíblia ensina que o Espírito Santo é divino, sendo uma das
pessoas da Trindade. As provas bíblicas da divindade do Espírito sã o
as seguintes:

1. Ele é chamado como Deus (At 5.3-4; 2Co 3.17).

2. Ele tem atributos divinos:

Eternidade (Hb 9.14).


Onipresença (Sl 139.7-10).
Onipotência (Lc 1.35).
Onisciência (1Co 2.10-11).

3. Ele realiza obras divinas:

Criaçã o (Gn 1.2; Jó 33.4).


Transmissã o de vida (Rm 8.11).
Autoria da profecia divina (2Pe 1.20-21).

4. Ele é identificado como Deus (Is 6.8-10 cp. At 28.25-27).

5. Ele tem o seu nome associado ao nome do Pai e do Filho (Mt


28.19; 2Co 13.13[ou v. 14 – NVI]).
O modo como o Espírito Santo é chamado nas Escrituras
também demonstra sua personalidade e divindade. Veja-se o quadro
a seguir:

Espírito de vosso Mateus 10.20


Pai
Espírito de Deus Mateus 12.28
Espírito do Deus 2Coríntios 3.3
vivo
Espírito do Senhor Lucas 4.18;
Atos 5.9
Espírito da Joã o 14.17;
verdade 15.26; 16.13
Espírito de Cristo Romanos 8.9;
1Pedro 1.11
Espírito de Jesus Atos 16.7
Espírito de Jesus Filipenses 1.19
Cristo
Espírito de seu Gá latas 4.6
Filho
Espírito Santo da Efésios 1.13
promessa
Espírito que 1Coríntios
provém de Deus 2.12
Espírito eterno Hebreus 9.14
Espírito da graça Hebreus 10.29
Espírito que em Tiago 4.5
nó s habita
Espírito da gló ria e 1Pedro 4.14
de Deus
Espírito de
sabedoria,
entendimento,
Isaías 11.2
conselho, poder,
conhecimento e
temor do Senhor
Senhor 2Coríntios
3.18
Consolador Joã o 14.26;
15.26

A obra do Espírito Santo nos crentes


A Bíblia apresenta a obra do Espírito Santo nos crentes sob
diferentes aspectos, a saber:

Regeneração. Regenerar significa gerar novamente. Para que


alguém se torne filho de Deus (Jo 1.12) é necessá rio que nasça de
novo, sendo gerado pelo Espírito Santo (Jo 3.3-6). A regeneraçã o é
necessá ria porque o homem, desde a Queda, é totalmente depravado
e, por isso, nã o lhe basta uma reforma. Ele precisa ser feito uma
nova criatura (2Co 5.17).
Batismo. Conforme se depreende de 1Coríntios 12.12-13, o batismo
do Espírito Santo é, basicamente, a inserçã o da pessoa no corpo
místico de Cristo que é a igreja. A Bíblia diz que é o pró prio Cristo
quem realiza esse batismo (Jo 1.33). Isso ocorre no momento da
conversã o da pessoa. Assim, o crente nã o precisa buscar o batismo
do Espírito Santo, pois já o recebeu quando creu em Cristo como seu
salvador (Rm 8.9). É preciso dizer ainda que a ideia de que o
batismo do Espírito Santo deve ser acompanhado do falar em
línguas é fantasiosa. Em Corinto, todos eram batizados no Espírito
(1Co 12.13), mas nem todos falavam em outras línguas (1Co 12.30).

Habitação. Também a partir do momento da conversã o, o Espírito


Santo passa a habitar permanentemente no crente, seja qual for o
nível de seu crescimento ou maturidade (At 19.1-2; 1Co 6.19). Essa
realidade confere ao crente segurança e paz (Rm 8.14-16). Ademais,
de acordo com Paulo, a habitaçã o do Espírito transforma o corpo do
crente num templo santo, devendo o cristã o, por isso, evitar fazer
uso pecaminoso dos seus membros (1Co 6.15-20). Ao que tudo
indica, a habitaçã o permanente do Espírito nã o era privilégio dado
aos santos do AT (1Sm 16.13-14; Sl 51.11). Por outro lado, Pedro
parece dizer que o Espírito estava nos profetas de forma constante
(1Pe 1.11). Seja como for, Joã o ensina que uma mudança ocorreu em
algum aspecto na forma como o Espírito passou a ser dado aos
crentes depois que o Senhor foi glorificado (Jo 7.38-39. Vd. Tb. Cl
1.26-27).
Selo. Relacionado à doutrina da habitaçã o permanente do Espírito
Santo no crente, há o ensino bíblico do selo do Espírito (Ef 1.13-14).
De acordo com esse ensino, o Espírito Santo atua como um selo de
propriedade de Deus no crente, a partir da sua conversã o. Esse selo
permanecerá em cada cristã o até o dia em que o Senhor vier
resgatar sua propriedade. Trata-se, portanto, de um penhor ou
garantia de que Deus completará a obra de salvaçã o que começou
em cada cristã o. A doutrina do selo do Espírito é, assim, uma das
mais claras evidências de que o crente nã o pode perder sua
salvaçã o.
Plenitude. A plenitude do Espírito Santo diz respeito ao controle
que o Espírito deve exercer sobre a vida do crente. Na Bíblia é
possível observar dois tipos distintos de plenitude espiritual. Há a
plenitude ocasional, experimentada somente por alguns instantes,
em ocasiõ es específicas ou para fins determinados (At 4.8,31), e a
plenitude vivencial que aponta para um estilo de vida em que a
pessoa se deixa dominar pela influência do Espírito no seu dia a dia
(Ef 5.18-20). Nesse segundo sentido em particular, estar cheio do
Espírito deve ser o estado comum de cada cristã o (At 6.3).

Fruto. O fruto do Espírito é o conjunto de virtudes que ele produz


no crente (Gl 5.22-23). Os vá rios aspectos desse “fruto” sã o
qualidades do cará ter de Jesus desenvolvidas no cristã o na medida
em que ele se deixa controlar pelo Espírito Santo (Gl 5.16). Vê-se,
assim, que o fruto do Espírito na vida de alguém é evidência clara e
resultado ó bvio de sua plenitude.

Os dons do Espírito Santo


Os dons do Espírito Santo, seu significado e continuidade, estã o
entre os temas mais debatidos dentro do contexto evangélico. É
nesse campo que ocorrem os maiores excessos na forma de agir de
muitos crentes e é também por causa dessa discussã o que terríveis
divisõ es acontecem nas igrejas.
De tudo isso decorre a necessidade de entender bem o que sã o
os dons do Espírito Santo, bem como seu propó sito, duraçã o e forma
de funcionamento. De fato, a histó ria já demonstrou
satisfatoriamente que a má compreensã o desses assuntos traz
prejuízos desastrosos para o povo de Deus, precisamente num
campo que deveria promover unidade e edificaçã o (1Pe 4.10-11).

Os dons alistados na Carta aos Romanos


Essa lista se encontra em Romanos 12.6-8 e é composta por sete
itens.

Profecia: O profeta era alguém que recebia revelaçõ es diretas de


Deus e as transmitia aos homens de forma inerrante e infalível. No
NT, as revelaçõ es proféticas eram predominantemente doutriná rias,
ou seja, os profetas revelavam verdades divinas ocultas de outras
geraçõ es. Essas verdades eram também chamadas de mistérios (Ef
3.4-5). Só mui raramente os profetas traziam revelaçõ es sobre o
futuro ou sobre a vida particular de alguém e, ao que parece, só o
faziam quando o que era revelado tinha forte impacto sobre a igreja
como um todo (At 11.28; 21.10-11). Os profetas tinham como funçã o
primá ria lançar as bases doutriná rias, éticas e funcionais da igreja
(Ef 2.20). Como essas bases foram todas lançadas nos tempos dos
apó stolos, os profetas deixaram de existir já no fim do século I. O
dom de profecia, portanto, nã o existe mais.

Serviço: É possível que esse dom abranja a habilidade dada por


Deus de realizar bem aqueles trabalhos que sã o considerados
inferiores pelas pessoas em geral. Nem todos sã o capazes de fazer
esses serviços com qualidade. Por isso, Deus dotou alguns homens e
mulheres da igreja com uma capacidade especial para realizar
tarefas dessa natureza em favor dos santos.

Ensino: Trata-se da capacidade de transmitir a verdade de Deus à


igreja com clareza e autoridade, promovendo sua edificaçã o e
amadurecimento. Por meio dos mestres, a igreja é protegida das
falsas doutrinas e adquire base teoló gica para viver com retidã o e
santidade.

Exortação: Esse dom abrange o trabalho de consolar, animar e


encorajar. Os cristã os geralmente sã o abalados nã o somente pelos
problemas comuns da vida, mas também por ataques e dificuldades
que lhes sobrevêm por causa da fé. Por isso, para que seu povo nã o
fique à mercê do conselho de incrédulos, o Senhor concede esse dom
a alguns crentes, a fim de que os santos encontrem neles amparo,
alívio e amizade.

Contribuição: A referência aqui é à tarefa de distribuir. Sendo a


igreja de Cristo formada por muitas pessoas pobres, há entre os
santos aqueles cujo coraçã o Deus dotou com a disposiçã o constante
de assistir os necessitados. Paulo diz que essas pessoas devem fazer
isso generosamente. Outrossim, os crentes que têm esse dom devem
se vigiar para que, no seu exercício, nã o sejam levados pelo desejo
de ser admirados pelos homens (Mt 6.1).
Liderança: A prá tica desse dom envolve a administraçã o de
recursos da igreja e a direçã o geral da comunidade cristã local. A
igreja nã o foi deixada por Deus à mercê das preferências de cada
membro, pois isso a lançaria na desordem total (Jz 17.5-6). Antes, o
Senhor lhe concedeu pessoas capazes de liderá -la, apontando seus
alvos e o modo como devem ser atingidos. De acordo com Paulo, os
líderes devem realizar seu trabalho com toda diligência, zelando
para que seu dom nã o seja negligenciado.

Misericórdia: A pessoa que tem esse dom se vê disposta a mostrar


favor a seus irmã os que sofrem por causa de doenças, perdas,
decepçõ es e tragédias. Por se tratar de uma tarefa pesada e, à s
vezes, bastante desagradá vel, pode acontecer de algum crente ter
esse dom e passar a exercê-lo com pesar. Por isso, Paulo diz que os
irmã os que têm o dom de misericó rdia devem exercê-lo com alegria.

Entre os dons alistados aqui somente o de profecia nã o existe


mais. Com efeito, nã o há nenhum indício ou razã o na Escritura para
afirmar que os demais também deixaram de existir. Na verdade, o
pró prio viver diá rio da igreja mostra sua permanência viva até os
dias de hoje.

Os dons alistados na Primeira Carta aos Coríntios


A Primeira Carta de Paulo aos Coríntios traz a maior lista de
dons espirituais do Novo Testamento. Sã o nove no total e se
encontram em 1Coríntios 12.8-10. Em 1Coríntios 12.28 há outra
pequena lista que repete em parte o que é alistado nos vv.8-10, além
de mencionar alguns dons citados nas listas de Romanos e de
Efésios.

Palavra de sabedoria: A pessoa que tem esse dom diz palavras de


sabedoria divina em contraste com os indivíduos que promulgam
filosofias vã s ou palavras de sabedoria humana (1Co 2.6-7,13; 3.19).
Os temas centrais abordados por quem tem o dom da palavra de
sabedoria sã o a graça de Deus (2Co 1.12) e, especialmente, a cruz de
Cristo (1Co 1.17,23-24). Esse dom, portanto, é fundamental para
quem exerce o trabalho de evangelismo (1Co 1.17; 2.1). Num
sentido mais estrito, a palavra de sabedoria também abrange a
revelaçã o de mistérios doutriná rios trazidos à luz no tempo do Novo
Testamento pelos apó stolos (1Co 2.7-13). Nesse sentido estrito, a
palavra de sabedoria nã o existe mais, permanecendo apenas a sua
expressã o geral, ou seja, a capacidade de interpretar a realidade à
luz da graça e da cruz do Senhor, expondo isso verbalmente aos
outros no evangelismo e no ensino da igreja.

Palavra de conhecimento: É difícil saber o que Paulo tinha em


mente quando fez distinçã o entre a palavra de sabedoria e a palavra
de conhecimento. Porém, parece correto que a palavra de
conhecimento se relaciona ao modo como se deve agir na prá tica da
vida cristã . Se for esse o caso, esse dom é ú til para conduzir a igreja
ao crescimento na compreensã o da sã doutrina, a fim de fazê-la
abandonar comportamentos imaturos ou errados (1Co 8.7; 15.33-
34).
Fé: Nã o se trata da fé salvadora, pois essa fé é um dom dado a todos
os crentes (Ef 2.8). O dom da fé aqui mencionado é provavelmente
uma convicçã o de origem sobrenatural de que Deus vai agir de
forma especial numa determinada situaçã o, quer por veículos
naturais, quer por meios milagrosos (1Co 13.2). Essa confiança
firme faz o crente agir como se o que espera estivesse prestes a se
realizar (Hb 11.7-12). Nã o se deve confundir esse dom com mero
otimismo ou com alguma forma de se autoiludir. O dom da fé é dado
por Deus e gera uma surpreendente onda de confiança real no
coraçã o da pessoa.

Curas e operação de milagres: Os dons de curas eram capacidades


dadas por Deus a alguns crentes de erradicar doenças, com o fim de
servi-lo. O uso do plural (“dons de curar”) dá margem para formas
diferentes de cura, o que pode abranger, além do milagre, o uso de
meios naturais como remédios e cuidado médico. Já o dom de
operaçã o de milagres, conforme geralmente é entendido, consistia
de realizar maravilhas fora da ordem natural das coisas. Parece
certo dizer que o dom de curas, em sua expressã o sobrenatural, era
uma categoria mais específica do dom de operaçã o de milagres que
abrangia prodígios num sentido mais geral. Feitos sobrenaturais
foram muito comuns na fase inaugural da igreja primitiva (At 5.15-
16; 6.8; 8.13). Porém, em poucos anos essa fase começou a
apresentar indícios de esfriamento (Fp 2.26-27; 1Tm 5.23; 2Tm
4.20). A razã o disso é que as curas sobrenaturais e os milagres
tinham por objetivo autenticar a mensagem nova que estava sendo
pregada (Mc 16.20; At 14.3; 2Co 12.12; Hb 2.4), nã o havendo
necessidade dessa autenticaçã o se perpetuar. Por isso, nã o se vê
hoje pessoas com dons de realizar curas ou feitos milagrosos. Isso,
contudo, nã o significa que o Senhor, eventualmente, nã o faça obras
grandiosas, além da compreensã o humana. Antes, significa que
quando Deus realiza feitos assim, ele o faz em resposta à oraçã o dos
crentes em geral e nã o por meio de indivíduos dotados por ele com
capacitaçõ es sobrenaturais (Tg 5.14-18).

Profecias: Veja-se o que foi exposto no item anterior. Deve-se


apenas acrescentar aqui que uma das responsabilidades da igreja no
tocante aos profetas era avaliar o que eles diziam, comparando suas
revelaçõ es com as verdades que o Senhor já havia transmitido (1Co
14.29). De fato, os profetas deveriam profetizar de acordo com a
“proporçã o da fé” (Rm 12.6), ou seja, suas profecias deveriam se
harmonizar com a doutrina cristã já fixada.

Discernimento de espíritos: Esse dom nã o consiste de descobrir


os nomes ou as supostas á reas de atuaçã o de demô nios, como alguns
tendem a crer. Antes, é a capacidade de discernir a origem de uma
mensagem ou ensino, isto é, trata-se do dom de discernir o que
realmente procede do Espírito Santo. Assim, o crente dotado desse
dom detecta se o que está sendo dito (com todos os seus
desdobramentos prá ticos) é de origem divina ou se é uma doutrina
demoníaca (ou meramente humana) propagada por falsos mestres
(1Tm 4.1-2; 1Jo 4.1-6). Nã o existe qualquer indício na Escritura ou
na histó ria do cristianismo que aponte para o desaparecimento
desse dom, sendo vital a sua permanência na igreja cristã de todas
as épocas.

Variedade de línguas e interpretação: O dom de línguas era a


capacidade dada pelo Espírito Santo a alguns crentes de falar sobre
as grandezas de Deus em um idioma humano jamais aprendido por
quem falava (At 2.7-11). Ao definir esse dom, Paulo citou Isaías
28.11-12, identificando-o, assim, como um sinal de juízo contra
judeus incrédulos que rejeitavam a mensagem de Deus (1Co 14.21-
22). De fato, Deuteronô mio 28.46,49 diz que ouvir uma língua
desconhecida seria um sinal do juízo de Deus contra Israel sempre
que esse povo rejeitasse sua mensagem (Jr 5.11-15). Ora, Israel
rejeitou o Filho (At 7.51-53). Por isso, Deus usou a igreja para fazer
com que os judeus daquela geraçã o ouvissem línguas que nã o
entendiam como sinal do juízo que estava por vir. Esse juízo foi
predito por Jesus (Mt 23.37-39) e chegou no ano 70 AD por mã os do
general romano Tito. Uma vez que o castigo contra Israel sinalizado
pelas línguas ocorreu, esse dom deixou de ser necessá rio e
desapareceu. Obviamente, o fim do dom de línguas trouxe também o
fim do dom de interpretaçã o.
Os dons alistados na Carta aos Efésios
Esses dons designam, na verdade, funçõ es dadas a algumas
pessoas com vistas ao preparo dos crentes para o serviço de Deus, a
fim de que a igreja seja edificada. A lista é pequena e se encontra em
Efésios 4.11:

Apóstolo: Num sentido geral, o apó stolo era simplesmente um


missioná rio pioneiro ou um mensageiro. Nesse sentido, Barnabé e
Tiago, por exemplo, foram chamados de apó stolos (At 14.14; Gl
1.19). Num sentido técnico, porém, esse termo tinha abrangência
bastante limitada, designando apenas aqueles que viram o Senhor
ressurreto e foram investidos diretamente por ele na funçã o
apostó lica (At 1.21-22; 1Co 9.1; Gl 1.1), recebendo também, da parte
de Deus, revelaçõ es doutriná rias especiais que servem como
fundamento doutriná rio para a igreja de todas as épocas (Ef 2.20;
3.4-5). Nesse sentido estrito, os apó stolos só existiram no século I e
foram apenas doze (Ap 21.14). No Capítulo 8 (A Doutrina Acerca da
Igreja) há um quadro que mostra como o apó stolo no sentido
técnico poderia ser identificado.

Profeta: Veja-se nos itens acima as consideraçõ es relativas ao dom


de profecia.

Evangelista: É alguém que proclama as boas-novas. Nos tempos do


NT designava especialmente missioná rios itinerantes que iam de
cidade em cidade anunciando a mensagem de Cristo (At 8.5,26,40;
3Jo 1.7), embora o termo também seja aplicado a indivíduos que
tinham um ministério fixo num determinado lugar (2Tm 4.5).

Pastor mestre: Essa expressã o pode designar duas funçõ es


distintas (pastores e mestres) ou somente a funçã o do ministro que
se ocupa de pastorear e ensinar a igreja. O artigo definido que
consta do texto grego aponta para a segunda opçã o, realçando a
dupla responsabilidade que recai sobre os pastores, a saber: o
cuidado e a instruçã o do povo de Deus (At 20.28; 1Pe 5.2-3).

LISTAS DE DONS NO NOVO TESTAMENTO


Profecia, serviço, ensino,
Romanos
exortaçã o, contribuiçã o,
12.6-8
liderança e misericó rdia.
Palavra de sabedoria,
palavra do
conhecimento, fé, curas,
1Coríntios operaçõ es de milagres,
12.8-10 profecia, discernimento
de espíritos, variedade
de línguas e
interpretaçã o.
Apó stolos, profetas,
mestres, operadores de
1Coríntios
milagres, dons de curar,
12.28
socorros, governos,
variedades de línguas.
Efésios 4.11 Apó stolos, profetas,
evangelistas e pastores
mestres.
Falar (de acordo com a
1Pedro
palavra de Deus) e
4.10-11
servir

Figuras associadas ao Espírito Santo


A Bíblia associa o Espírito Santo a algumas figuras, realçando
diferentes aspectos da sua obra por meio dessas imagens.

FIGUR REFERÊNCIA SIGNIFICADO


A
Mt 3.16; Jo Procedência
Pomba
1.32-34 celeste
Lavagem,
Jo 3.5; 7.37-
satisfaçã o
Á gua 39; 1Co
espiritual,
12.13; Tt 3.5
batismo
Espiritualidade,
impossibilidade
de ser
Vento Jo 3.8
controlado em
seus caminhos
e açõ es
Presença de
Fogo At 2.3 Deus, juízo,
purificaçã o
Ó leo Lc 4.18; At Unçã o,
10.38 capacitaçã o
para realizar
uma tarefa ou
assumir uma
funçã o
Segurança,
Ef 1.13-14;
Selo sinal de
4.30
propriedade.

CUIDADO! VENENO!

Doutrina da segunda bênção: Ainda que dentro do


pentecostalismo existam crentes verdadeiros, esse movimento erra
gravemente ao ensinar que o batismo do Espírito Santo só ocorre
algum tempo depois da conversã o desde que o crente o busque
intensamente, devendo ainda ser acompanhado pelo dom de
línguas. A crença de que essa chamada “segunda bênçã o” só é obtida
depois de muito esforço pró prio, por meio de jejuns, vigílias e
oraçõ es, tem colocado um peso insuportá vel sobre os ombros de
diversas ovelhas sinceras de Jesus, além de estimular a hipocrisia
por parte de quem finge ter obtido esse “batismo”. Ora, em Gá latas
3.2, Paulo censura seus leitores dizendo que o Espírito Santo nã o
pode ser recebido por meio da prá tica de obras de devoçã o.

Continuísmo: Os continuístas defendem a continuidade do


apostolado e/ou dos chamados dons espetaculares, tais como
profecias, línguas, curas e milagres (os que defendem a visã o oposta
sã o chamados cessacionistas). Sã o na maioria pentecostais, mas é
possível encontrar continuístas em todas as denominaçõ es
evangélicas. Seus argumentos se ancoram, obviamente, nas
passagens bíblicas que tratam desses dons e, em especial, no relato
de experiências que afirmam ter tido ou testemunhado. É , contudo,
precisamente no campo da experiência que a fragilidade do
continuísmo se mostra mais evidente. Isso porque uma busca
honesta demonstrará que nã o é possível encontrar hoje nenhuma
igreja onde os dons espetaculares estejam em vigor nos termos
descritos no Novo Testamento. Ao defender a continuidade desses
dons, os continuístas ficam com o ô nus da prova, tendo o dever nã o
somente de apontar textos bíblicos que provem suas concepçõ es,
mas também igrejas locais em que os referidos dons estejam em
completo, constante, nítido e real funcionamento. É , pois, sua tarefa
fornecer, além de referências bíblicas, endereços postais que
provem que os dons espetaculares estã o e vigor. Com efeito, se esses
dons perduram ainda hoje, onde é possível encontrá -los? Essa
“prova postal”, porém, que seria muito fá cil de produzir caso os tais
dons ainda existissem, nunca pô de ser apresentada pelos
continuístas. Tudo o que se encontra depois de uma acirrada busca
sã o simulacros dos dons espetaculares, prá ticas bem diferentes
daquelas vividas pela igreja dos tempos apostó licos.

Testemunhas de Jeová: Dizem que o Espírito Santo é uma força


impessoal, rejeitando sua personalidade e divindade. Na verdade,
essa seita designa o Espírito como a “força ativa de Deus” e chega a
usar essa expressã o para traduzir Gênesis 1.2. As Testemunhas de
Jeová , ao negarem a divindade do Espírito, se assemelham aos
pneumatomaquianos (oponentes do Espírito) ou macedonianos
(nome originado no Bispo Macedô nio de Constantinopla) do século
IV que diziam que o Espírito Santo nã o tinha substâ ncia divina,
sendo apenas uma criatura do Filho.
CAPÍTULO 5

A DOUTRINA ACERCA DO HOMEM


(Antropologia)

– Compreendo, senhor. Estava pensando que bem poderia


ter uma ascendência mais honrosa.
– Descende de Adã o e Eva – tornou Aslam – É honra
suficientemente grande para que o mendigo mais
miserá vel possa andar de cabeça erguida, e também
vergonha suficientemente grande para fazer vergar os
ombros do maior imperador da Terra. Dê-se assim por
satisfeito.

C. S. Lewis, O Príncipe e a Ilha Mágica

Introduçã o
O que é o homem? Como ele surgiu? Qual a razã o de sua
existência? O ser humano tem algum grau de dignidade? Se tem,
qual é a base dessa dignidade? O homem é somente um animal
constituído de simples matéria perecível ou sua estrutura abrange
algo mais? Tem ele deveres morais? Qual é a fonte e a base desses
deveres?
Essas perguntas e muitas outras sã o feitas frequentemente por
pessoas que veem com razã o a importâ ncia que as respostas a elas
têm para o sentido da vida e o procedimento ético. Diante dessas
questõ es, filó sofos seculares das mais variadas tendências
elaboraram diferentes respostas, sem que nenhuma delas
fornecesse bases só lidas para o respeito devido ao ser humano ou
para um sistema de conduta que pudesse ser esperado ou exigido
das pessoas.
Os cristã os, por sua vez, creem que a Bíblia responde todas essas
perguntas de modo claro e preciso, formando uma antropologia
sadia que eleva a importâ ncia de cada indivíduo e que lança as bases
para uma conduta honrosa.

A criaçã o

Fora da Bíblia nã o há nada que possa ser dito com certeza sobre
a origem do homem. Os povos antigos legaram vá rios contos e
lendas sobre o aparecimento da raça humana na Terra, mas todos
esses relatos sã o desprovidos de credibilidade.
Nos tempos modernos a ciência tem formulado teorias
relacionadas à origem do homem. Essas teorias, porém, baseiam-se
mais em hipó teses do que em fatos demonstrá veis.
A verdade é que, à luz do ensino bíblico, o homem nã o é produto
de uma evoluçã o natural como muitas pessoas acreditam. O homem
é, isto sim, um ser criado por Deus (Gn 1.26-27).

De fato, a Bíblia afirma que o homem recebeu de Deus um


organismo físico formado do pó da terra (Gn 2.7). Além de receber
um organismo físico, ao homem também foi dada uma alma (Gn 2.7).
Veja-se também os textos de Eclesiastes 12.7, Isaías 43.7 e
Zacarias 12.1.
VERDADES SOBRE O CORPO E A
ALMA
O CORPO A ALMA
Foi formado do Foi concedida por
pó da terra (Gn Deus ao homem
2.7). (Gn 2.7; Zc 12.1).
É reconhecido
como um Tem valor
organismo incompará vel (Mt
maravilhoso (Sl 16.26).
139.14).
É templo do
Tem
Espírito Santo no
personalidade (Sl
homem que se
139.14; Pv 21.10;
converte (1Co
Mt 26.38).
6.19).
É imortal,
Será restaurado
permanecendo
na ressurreiçã o
consciente apó s a
(1Co 15.51-53;
morte (Fp 1.22-
Ap 20.4-6).
23; Ap 6.9-11).
Concepçõ es divergentes sobre a origem da
alma
Traducianismo: A alma dos filhos deriva da dos pais, como
acontece com o corpo. É a concepçã o de Tertuliano e Agostinho (Gn
5.3; Hb 7.9-10). A ortodoxia cristã tende para essa posiçã o.

Emanação do Ser Supremo: Um ser supremo origina a alma ao


difundir e propagar sua pró pria essência. Esse ser supremo pode ser
o Logos (estoicos), o Uno (neoplatô nicos) ou a Substâ ncia (Spinoza).

Criação simultânea ou pré-existencialismo: Todas as almas


foram criadas por Deus de uma só vez quando o mundo se originou
ou pouco antes disso. Foi a concepçã o de Platã o, Fílon e Orígenes.
Essa teoria dá suporte para ideias reencarnacionistas (Ec 12.7).

Criação individual e direta: Deus cria cada alma no exato


momento da fecundaçã o e a une ao corpo (Nm 16.22; Sl 104.30, Hb
12.9). O problema é que, nesse caso, Deus criaria uma alma pura e
perfeita e a daria ao homem imperfeito. Outro problema é que Deus
cessou sua obra criadora (Gn 2.3).

Evolução da matéria: A alma (entendida apenas como


racionalidade, personalidade, etc.) nã o tem substâ ncia ou existência
independente. Trata-se de um fenô meno da corporeidade, o
resultado casual da evoluçã o. É a posiçã o de Marx e dos
materialistas.
A estrutura do ser humano
Há , basicamente, duas concepçõ es distintas acerca da estrutura
do ser humano:

TRICOTOMISMO DICOTOMISMO
O homem é O homem é composto
composto de por uma parte material
corpo, alma e (corpo) e uma espiritual
espírito. (alma ou espírito).
Base Bíblica
Mt 10.28; Lc 1.46-47
Base Bíblica
(aqui há um paralelismo
1Ts 5.23; Hb
em que alma e espírito
4.12
sã o sinô nimos); Rm
8.10; 1Co 5.5; 2Co 7.1

Existe, contudo, na Bíblia, bases para a formaçã o de concepçõ es


mistas. Em Gênesis 2.7, por exemplo, a alma é definida como o corpo
animado pelo espírito.
A condiçã o original
Originalmente o homem foi criado:

À imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27; 5.1; 9.6; 1Co 11.7). Isto
nã o significa que o homem é fisicamente semelhante a Deus, pois
Deus é espírito (Jo 4.24) e nã o tem um corpo. Certamente na
expressã o “imagem e semelhança” estã o envolvidos a
personalidade, o senso moral, a capacidade de se relacionar num
nível pessoal, o poder de dominar a criaçã o e a espiritualidade,
fatores que caracterizam o ser humano e que tanto o diferem dos
animais.
É preciso esclarecer que imagem e semelhança sã o termos
distintos usados para descrever uma mesma realidade. A expressã o
encerra um recurso de linguagem chamado hendíadis, palavra que
significa, literalmente, “um por meio de dois”. Na hendíadis,
portanto, duas palavras de conceito bá sico levemente distinto sã o
usadas para se referir a um ú nico conceito. Esse é, pois, o caso de
“imagem e semelhança”.
O fato de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus torna o
homem um ser digno de respeito.
Com faculdades intelectuais (Gn 2.19-20). Ao ser criado, o homem
podia pensar, falar e tomar decisõ es. Ele já possuía, entã o, uma
natureza racional.

Com uma natureza moral santa (Ec 7.29). Quando Deus criou o
homem, este nã o tinha qualquer pecado ou impureza. Certamente
esta foi a maior gló ria que recebeu. O homem, no princípio, era um
ser moralmente perfeito.
O propó sito da criaçã o do homem
O Catecismo Maior de Westminster, formulado pela Assembleia
de Westminster (1643-1649), ensina com precisã o o propó sito
principal da criaçã o do homem:

Pergunta 1: Qual é o fim supremo e principal do homem?

Resposta: O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e


deleitar-se nele para sempre.

A base bíblica para esse ensino se encontra em Romanos 11.36;


1Coríntios 10.31; Salmo 73.24-26; Joã o 17.22-24. (Vd. tb. Is 43.7).

CUIDADO! VENENO!
Evolucionismo/materialismo: Afirma que a realidade veio à
luz pelo acaso e que o homem é só mais um item que compõ e essa
realidade, tendo surgido por meio de forças impessoais que deram
andamento a um longo processo evolutivo. Foi, assim, por meio da
evoluçã o que o ser humano chegou ao atual está gio em que se
encontra bioló gica e mentalmente. Uma vez que o homem é somente
matéria, nã o existe vida além-tú mulo.
Existencialismo: O termo “existencialismo” abrange uma vasta
gama de ideias e concepçõ es. Em seu formato mais secularizado,
porém, parte da noçã o de que o homem simplesmente foi jogado e
abandonado neste mundo, de maneira que, se quiser ser feliz, deve
viver aqui por conta pró pria, elaborando seus valores e tomando
suas pró prias decisõ es. Portanto, de acordo com essa visã o, nã o há
nenhum sentido na vida. Contudo, o ser humano pode vencer esse
vazio existindo intensamente, isto é, vivendo de maneira apaixonada
(agindo, sentindo, provando, fazendo...), apesar de estar num mundo
absurdo e muitas vezes cruel. O tempo que o homem tem para
tomar as decisõ es que vã o dinamizar sua vida é muito curto. De
qualquer forma, no fim a morte transformará a existência humana
em nada. Existencialistas famosos sã o Karl Jaspers, Jean-Paul Sartre,
Martin Heiddeger e Søren Kierkegaard.

Religiões orientais e Nova Era: Toda a realidade é divina, o que


inclui o homem. Sendo divino, o ser humano tem poderes
sobrenaturais que deve desenvolver e também detém a prerrogativa
de criar suas pró prias verdades. Por meio da reencarnaçã o, as
pessoas vivem vá rias vidas até alcançar uma consciência
plenamente iluminada e, enfim, dissolver-se na força do cosmos.

CAPÍTULO 6
A DOUTRINA ACERCA DO PECADO
(Hamartiologia)

Frequentemente eu tenho tido percepçõ es muito


profundas da minha pró pria pecaminosidade e vileza; e
muitas vezes isto me faz chorar amargamente (...). Quando
olho para o meu coraçã o e vejo a minha iniquidade, ela se
parece com um abismo infinitamente mais profundo que o
inferno.
Jonathan Edwards (1703- 1758)

Introduçã o
O conceito bíblico de pecado e todas as verdades cristã s acerca
desse tema nã o têm recebido a merecida atençã o nos tempos atuais,
nem por parte do mundo (obviamente), nem tampouco da igreja em
geral (lamentavelmente).
Pouco se fala sobre o maior problema da humanidade, o que é
lastimá vel, posto que o pecado está na raiz de todas as desgraças
que se abatem sobre os indivíduos, as famílias e a sociedade como
um todo.
As razõ es dessa negligência sã o, basicamente, duas: o
secularismo que domina a sociedade e o utilitarismo que invade as
igrejas. Movidos pelo secularismo, os homens tendem a explicar
toda má conduta com base em noçõ es científicas, como doenças ou
distú rbios psíquicos ou sociais, rejeitando qualquer ideia de pecado.
Impulsionadas pelo utilitarismo, as igrejas, por sua vez, tendem a
evitar qualquer assunto que retarde ou impeça o seu crescimento,
afastando as pessoas que as visitam. Daí o silêncio acerca de temas
como o pecado e todas as suas conseqü ências tanto aqui como na
vida futura.
A Bíblia, contrariando isso tudo, fala bastante sobre o pecado,
tratando do assunto com notá vel clareza. O traço que tanto
caracteriza a raça humana nã o deixa de receber ampla atençã o na
Palavra de Deus. É , pois, esse aspecto da doutrina cristã , tã o
compreensivelmente mencionado nas pá ginas das Escrituras, que é
exposto a seguir.

O significado de “pecado”
A Bíblia diz que “as vossas iniquidades fazem separaçã o entre
vó s e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vó s
para que vos nã o ouça” (Is 59.2). Isso mostra que, basicamente, o
pecado é algo que provoca o rompimento das relaçõ es do homem
com Deus.
Falando, porém, de modo mais específico, o pecado pode ser
definido como:

1. Omissã o do dever (Tg 4.17).


2. Atitude errada para com Deus (Nm 21.7; Mc 3.29; 1Co 10.31).
3. Transgressã o de lei (1Jo 3.4).
4. Açã o errada em relaçã o aos homens (Pv 14.21; Tg 2.9).
5. Nã o crer em Jesus (Jo 16.8-9).
6. A tendência natural para o erro (Rm 7.15-17).
Os três aspectos do pecado
AÇÃO PECAMINOSA: Refere-se à s prá ticas que desagradam a
Deus. Todo homem as comete, tanto o salvo como o nã o salvo (Sl
51.4; 1Jo 1.8-10; 3.4). Dentro desse aspecto estã o também as
omissõ es que o Senhor reprova (Tg 4.17).

NATUREZA PECAMINOSA: É a tendência natural que o homem


tem para o mal desde o seu nascimento (Sl 51.5; Rm 7.15-25). Essa
natureza caída, ao que tudo indica, é transmitida de pai para filho
(Gn 5.3; Sl 51.5). Por ser uma realidade ligada à depravaçã o total do
ser humano (Rm 3.10-12), a natureza pecaminosa compõ e o
conceito de “pecado original”.

CULPA: Nã o é propriamente uma expressã o do pecado, mas sim


o impacto jurídico que a transgressã o de Adã o teve sobre toda a
humanidade, tornando-a condená vel (Rm 5.15-19; 1Co 15.22). Esse
impacto sobrevém ao homem por imputaçã o, uma vez que Adã o era
o representante de cada ser humano (concepçã o federalista).
Alguns teó logos entendem que a humanidade nã o teve em Adã o
um representante, mas sim que ela estava contida seminalmente
nele (como Levi estava em Abraã o, cf. Hb 7.9-10), sendo participante
do pecado cometido no É den (Rm 5.12). Segundo essa concepçã o, o
homem nã o é condenado por ser-lhe imputada a culpa de Adã o, mas
sim por sua pró pria culpa.
Seja qual for a posiçã o adotada, o fato é que todos os homens
nascem sob a condenaçã o decorrente do primeiro pecado (Rm 3.9-
10). Quando, porém, alguém crê em Cristo, essa condenaçã o é
anulada. A isso é dado o nome de justificação (Rm 3.23-24; 5.1; 8.1).
Deve ficar claro que ao morrer na cruz, Cristo nã o anulou a
possibilidade de o crente cometer transgressõ es. Tampouco ele
remove a natureza pecaminosa da pessoa que se converte, ainda que
a enfraqueça pela açã o do Espírito Santo (Rm 8.1-4; Gl 5.16,24). A
verdade é que, infelizmente, o cristã o ainda não está livre dos dois
aspectos do pecado aqui denominados como “açã o pecaminosa” e
“natureza pecaminosa”. Por isso, o crente aguarda ansiosamente o
dia em que seu livramento será total (Rm 7.24-25; 8.23; 2Pe 3.13;
1Jo 3.2-3).
O ú nico aspecto do pecado que Cristo anulou totalmente na cruz
foi a culpa. Sua morte teve um efeito jurídico. Ele sofreu em lugar do
pecador o castigo da condenaçã o que lhe era devido (Is 53.5; 1Pe
2.24; 3.18). Por isso, o crente desfruta da posiçã o de justo diante de
Deus sem ter que temer qualquer julgamento ou sentença (Rm 5.1;
8.1). Ao contrá rio do que muitos dizem, essa doutrina jamais deve
encorajar o pecado (Rm 6.1-2).

O alcance do pecado
Nada no universo que Deus criou está fora do alcance do pecado.
Tanto a realidade material como a espiritual foram afetadas pela
rebeliã o de criaturas racionais contra o seu Criador. Assim, o pecado
atingiu:

Os céus:O pecado entrou no universo por causa da rebeliã o de


Sataná s que, segundo a tradiçã o hermenêutica (questionada por
alguns exegetas), é descrita em Isaías 14.12-15 e Ezequiel 28.12-15.
Isso afetou os céus de modo a infestar as regiõ es celestiais de anjos
caídos (Jó 1.6; Ap 12.7) que também fazem guerra contra o crente
(Ef 6.11-12).

A terra: Com a queda do homem, o pecado afetou a terra, sujeitando


a natureza ao sofrimento e à inutilidade (Rm 8.18-23). Tanto o reino
vegetal (Gn 3.17-18) como o animal (Gn 9.1-3) foram prejudicados,
além de toda a humanidade (Ec 7.20; Rm 3.10-12,19,23; 5.12).

A origem do pecado do homem


O pecado, ao se perfazer na histó ria humana, passou pelas
seguintes etapas:

Prova: Refere-se ao período durante o qual o homem foi sujeito ao


teste que consistia na obediência a uma ordem específica de Deus
(Gn 2.15-17). Nã o se sabe quanto tempo esse período durou.
Tentação: Refere-se à atividade maliciosa e persuasiva que Sataná s,
sob a forma de serpente, exerceu sobre Eva, bem como à açã o da
mulher em oferecer o fruto ao seu marido (Gn 3.1-6; 1Tm 2.13-14).

Queda: Refere-se ao fato de o homem ter cedido à tentaçã o,


quebrando a ordem de Deus. A desobediência do homem foi
voluntá ria. Como ser pessoal, dotado de real livre-arbítrio, Adã o
pô de exercer plenamente sua capacidade de escolha quando decidiu
desobedecer ao Criador (Gn 3.6; Rm 5.12-19; 1Tm 2.14).

Os resultados da queda para a humanidade


Toda a raça humana estava, de algum modo, ligada a Adã o
quando ele pecou. Por isso, os resultados de sua desobediência
sobrevieram a todos os homens (Rm 5.12-19).
As consequências do pecado de Adã o para a raça humana foram
as seguintes:

A terra foi amaldiçoada, exigindo trabalho á rduo para produzir


alimento (Gn 3.17-19).
A mulher passou a ter dores no parto e conflitos no campo da
sujeiçã o ao marido (Gn 3.16).
Todos os homens sã o pecadores e estã o sob condenaçã o (Rm
5.16,18).
A morte, física e espiritual, entrou no mundo (Gn 2.17; 3.19; Rm
5.12,15,17; Ef 2.1).
A penalidade da morte eterna passou a existir (Rm 6.23; Jd 13; Ap
20.14-15).
Os efeitos da queda de Adã o podem também ser observados a
partir dos rompimentos que causou, conforme ilustrado a seguir:

1. O rompimento da harmonia do homem com Deus (Gn 3.8).


2. O rompimento da harmonia do homem consigo mesmo (Gn
3.10,16a,19c).
3. O rompimento da harmonia do homem com seu semelhante (Gn
3.12,16b).
4. O rompimento da harmonia do homem com a natureza (Gn 3.17-
19; 9.2).
5. O rompimento da harmonia na natureza (Rm 8.19-22).
6.

A depravaçã o total
O pecado afetou o ser humano em sua totalidade. A esse efeito
devastador do pecado, dá -se o nome de “depravaçã o total”.
Cabem aqui algumas ressalvas. Quando se diz que o homem é
totalmente depravado, isso nã o significa que cada pessoa do mundo
pratica todas as formas de abominaçã o imaginá veis. Também nã o
significa que os seres humanos sã o incapazes de realizar qualquer
ato de bondade ou virtude.

A doutrina da depravaçã o total afirma, isto sim, que as


faculdades do ser humano foram todas afetadas pelo pecado, nã o
que sua conduta é sempre marcada por todo tipo de açõ es má s.
O quadro a seguir mostra o alcance da destruiçã o do pecado no
ser humano, fornecendo algumas bases para a doutrina da
depravaçã o total.

ÁREA
AFETAD EFEITO BASE BÍBLICA
A
Mente O interior do Gn 6.5; Sl 58.3;
homem é uma Mt 15.18-19
fonte
inesgotá vel de
palavras e
açõ es má s.
Intelecto O homem nã o Rm 3.11; 1Co
consegue 1.18; 2.14; 2Co
entender as 3.14-15; 4.3-4
realidades
espirituais.
O homem tem Is 5.20; Rm
sua capacidade 1.32; Ef 4.17-
de julgar entre 19; 1Pe 4.4
o bem e o mal
limitada.
O homem Sl 14.1; Mt
tende a acolher 24.5,11; 2Ts
as mentiras e 2.9-11; 2Tm
fá bulas mais 4.3-4
grosseiras.
Emoçõ es O ser humano
Jó 15.16; Is
se alegra em
66.3; 2Ts 2.12;
prá ticas
2Pe 2.13
detestá veis.
O ser humano
nã o nutre afeto
algum pela Jr 6.10
Palavra de
Deus.
O ser humano Jo 3.19; 15.18-
ama as trevas, 19; 1Jo 3.13
mas odeia
Cristo e seus
discípulos.
O homem nã o
consegue Jr 13.23; Rm
realizar suas 7.15-23
boas decisõ es.
O homem nã o
Jo 1.13;
consegue, por
Vontade 6.44,65; Rm
si só , optar por
3.11
ir a Cristo.
O homem
deseja fazer a Rm 8.8; Ef
vontade da 2.1-3
carne.

O pecado e o livre-arbítrio
Livre arbítrio nã o é, como muitos pensam, a capacidade natural
que as pessoas têm de fazer as escolhas gerais do dia-a-dia. Isso, na
verdade, é mera expressã o do exercício comum da vontade e, ainda
que sofra as influências do pecado, nã o foi erradicada com a queda
do homem no É den.
Observe-se a seguir uma possível definiçã o de livre-arbítrio:

O homem desfrutou dessa faculdade antes da queda. Ao ser


totalmente corrompido pelo pecado, porém, isso se perdeu. Mesmo
no homem convertido o livre-arbítrio nã o foi plenamente
restaurado. De fato, todo crente descobre, com tristeza, que o querer
o bem está nele, nã o, porém, o efetuá -lo (Rm 7.18-19) e que existe
em sua carne uma lei que limita seu poder de realizar o que quer
(Rm 7.21).
A prova cabal do fim do livre-arbítrio nã o está , contudo, na á rea
das açõ es, posto que, eventualmente, os homens fazem “o bem que
querem”. A prova cabal do fim do livre-arbítrio está no campo das
inclinações. Com efeito, todo indivíduo que decide nã o desejar algo
ou nã o inclinar-se para determinada paixã o percebe de pronto que
essa decisã o nã o surte efeito algum, sendo necessá ria uma longa
batalha para que o mau desejo ou a inclinaçã o perversa sejam
(talvez!) neutralizados.
Por ter perdido o livre-arbítrio, o homem corrompido só pode
decidir acolher o evangelho e crer efetivamente em Cristo se Deus
agir poderosamente em seu coraçã o (At 16.14). A partir de si
mesmo, essa decisã o é impossível (Jó 14.4).

O crente e o pecado
Cristo proveu o sacrifício necessá rio para a satisfaçã o da justiça
de Deus (1Jo 2.2), de forma que, graças à sua obra na cruz, toda
transgressã o pode ser perdoada. Assim, o crente deve confessar
seus pecados a Deus sabendo que ele é fiel e justo para purificá -lo de
toda injustiça (1Jo 1.9). Essa confissã o deve ser expressã o de
verdadeiro arrependimento (Tg 4.8-9).
No tocante à natureza pecaminosa, o crente deve, pelo poder do
Espírito que nele habita, enfraquecê-la, a fim de nã o andar sob os
ditames de suas paixõ es carnais (Rm 6.12-13; 8.13; Gl 5.16-26; Ef
4.17-24; Cl 3.5). Ele deve fazer isso sabendo que foi revestido de
uma nova natureza (Rm 8.1-5, 9; 2Co 5.17; Cl 3.9-10) que o capacita
a nã o viver como escravo de suas má s inclinaçõ es.

CUIDADO! VENENO!
Humanismo otimista: Rejeita qualquer noçã o de pecado ou de
depravaçã o do ser humano. Parte do pressuposto de que os desvios
de comportamento das pessoas sã o devidos a influências externas
tais como a educaçã o recebida no lar, o ambiente social, as
experiências de frustraçã o ou sofrimento e as pressõ es culturais
e/ou religiosas. Os indivíduos sã o dotados, portanto, de bondade
intrínseca, a qual pode aflorar caso os fatores restritivos externos
sejam afastados. Esses pressupostos sã o acolhidos por algumas
vertentes da psicologia e da sociologia seculares.
Evolucionismo ateísta: Em suas expressõ es mais radicais,
ensina que o homem está evoluindo nã o só na esfera bioló gica, mas
também moral. Isso, porém, nã o significa que o ser humano está
crescendo no cultivo de boas virtudes, mas sim que, em seu
amadurecimento cultural, caminha no rumo da total liberdade em
relaçã o a qualquer padrã o ético que lhe seja imposto. Uma vez que
nã o existe Deus, o pecado e os conceitos de bem e mal sã o somente
fá bulas. Por isso, no auge de sua evoluçã o “espiritual”, o homem se
verá livre de qualquer consciência que lhe imponha uma conduta
considerada louvá vel à luz dos velhos ensinos cristã os.

CAPÍTULO 7

A DOUTRINA ACERCA DA SALVAÇÃ O


(Soteriologia)

Tu me chamaste e teu grito rompeu a minha surdez.


Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha
cegueira. Espargiste tua fragrâ ncia e, respirando-a,
suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede
de ti. Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo da
tua paz.

Agostinho de Hipona, Confissões, X:27


Introduçã o
No anseio de cumprir a ordem de Jesus de evangelizar o mundo
inteiro, os cristã os frequentemente falam sobre a salvaçã o em suas
conversas com os nã o crentes. Isso, à s vezes, gera certa confusã o,
pois os incrédulos nã o entendem o que significa a afirmaçã o de que
o pecador precisa ser salvo. Por isso, é preciso que o discípulo de
Jesus tenha em mente noçõ es bem claras acerca da soteriologia
bíblica, caso queria falar de forma mais eficaz acerca das boas-novas
que deve proclamar.
Basicamente, salvaçã o é o livramento da puniçã o eterna do
pecado (no momento em que se crê em Cristo), do poder
escravizante do pecado (na medida em que o cristã o cresce em
santidade) e da presença maligna do pecado (quando o homem
redimido estiver enfim com o Senhor). Esse livramento só é obtido
pela fé em Cristo como o Filho de Deus que morreu pelos pecados da
humanidade, mas ressuscitou dentre os mortos para justificaçã o de
todo o que crê (Jo 3.16; Rm 4.25).
A salvaçã o, em sua plena consumaçã o, abrange a alma do crente
que é levada ao céu quando chega a morte (At 7.59; Fp 1.23) e o seu
corpo que será revestido de incorruptibilidade ao tempo da
ressurreiçã o ou do arrebatamento da igreja (1Co 15.51-55; 2Co 5.1-
8; 1Ts 4.16-17).
Neste capítulo serã o brevemente expostos os diferentes
aspectos que compõ em a doutrina da salvaçã o, conforme
apresentada na Bíblia.

A predestinaçã o
Os verbos “predestinar” e “predeterminar” traduzem a palavra
grega proorízo. Predestinar é destinar de antemã o e se trata de uma
açã o de Deus que abrange todos os eventos (At 4.27-28). No campo
da soteriologia, a Bíblia afirma que Deus predestinou os crentes
para serem conforme a imagem de seu Filho e que o resultado final
disso será a glorificaçã o deles (Rm 8.29-30).
Deus também predestinou os crentes para a adoçã o de filhos.
Isso teve como ú nica causa a livre escolha do Senhor, realizada
segundo o conselho da sua vontade (Ef 1.5,11).
O propó sito ú ltimo da predestinaçã o dos crentes é o louvor da
gloriosa graça de Deus (Ef 1.6).

A eleiçã o
A eleiçã o (Gr. eklogé / eleitos, Gr. eklektoí) diz respeito ao ato
livre e soberano de Deus de escolher aqueles que, sem mérito algum,
serã o alvos efetivos da sua graça salvadora (Rm 9.14-24; 11.3-8).
O ato divino de eleger os que seriam salvos ocorreu na
eternidade, antes da fundaçã o do mundo (Ef 1.4), e foi realizado
conforme a graça e a livre determinaçã o do Senhor (2Tm 1.9; 1Pe
1.1-2), e nã o de acordo com qualquer fator positivo que ele,
porventura, tenha visto previamente no homem (Rm 9.11,16; 11.5-
6). De fato, a eleiçã o nã o busca homens dignos, mas sim produz
homens dignos (Cl 1.12), fazendo deles veículos de bênçã os (Mc
13.20) e protegendo-os do engano (Mt 24.24).
O Novo Testamento enfatiza que nã o há nenhuma injustiça da
parte de Deus em seu ato de eleger quem ele quer para a salvaçã o
(Rm 9.13-20).

Ao contrá rio do que dizem, a eleiçã o nã o desestimula o


evangelismo. Em vez disso, essa doutrina encoraja a pregaçã o da fé
(At 18.9-10), uma vez que afirma que os eleitos, cedo ou tarde,
atenderã o à mensagem das boas-novas (Jo 10.16; At 13.48; 1Ts 1.4-
5; 2Ts 2.13-14) e que os escolhidos que estã o dispersos serã o, com
certeza, reunidos num só corpo, cumprindo enfim o plano infalível
de Deus (Mt 24.31; Jo 11.51-52).

A aquisiçã o
Deus comprou (Gr. agorázo) ou adquiriu (Gr. peripoiéo) o crente
para si e o preço que pagou foi o sangue de seu pró prio Filho. Como
um escravo que foi adquirido por precioso valor, o cristã o agora
pertence a Cristo, sendo servo dele para sempre (At 20.28; 1Co 6.20;
7.23; Ap 5.9).

A libertaçã o
De acordo com Gá latas 3.10-11, todas as pessoas estã o debaixo
da maldiçã o da lei, sendo consideradas condená veis diante de Deus
em virtude de sua transgressã o. O crente, porém, foi liberto (Gr. vb.
exagorázo) dessa maldiçã o, pois Cristo o substituiu na cruz, fazendo-
se, ele pró prio, maldiçã o em lugar do pecador (Gl 3.13).
Cristo também libertou o crente do fardo da Lei a fim de que o
homem salvo nã o viva como um escravo oprimido, mas desfrute do
status de filho de Deus por adoçã o (Gl 4.5-6).

A redençã o
No conceito de redençã o (Gr. lytrosis – Hb 9.12/ apolytrosis – Rm
3.24; Ef 1.7) está embutida a ideia de livrar por meio do pagamento
de um resgate (Gr. lytron – Mt 20.28). Por meio do pagamento
realizado por Cristo na cruz, os crentes foram resgatados (Gr. vb.
lytróo) da iniquidade (Tt 2.14) e da maneira vazia de viver (1Pe
1.18).
A redençã o do crente tem também um aspecto futuro,
adquirindo o sentido de livramento da presente realidade marcada
pelo pecado e seus efeitos (Rm 8.23; Ef 1.14; 4.30).

A vocaçã o
A vocaçã o (Gr. klesis / aquele que é chamado, Gr. kletós, vb.
kaléo) de que se trata aqui é o chamado especial que o Senhor dirige
unicamente aos eleitos (Rm 1.6; 8.28,30; 1Co 7.17-24; Ef 4.1,4; Cl
3.15; Hb 3.1). Trata-se de um convite diferente do chamado geral,
dirigido a todas as pessoas (Mt 11.28; 22.14), uma vez que a vocaçã o
salvífica é eficaz e sempre conduz o eleito a Cristo (1Tm 6.12; Jd 1).
Essa vocaçã o especial é baseada unicamente na graça de Deus, sem
que o homem chamado tenha mérito algum (2Tm 1.9).
A resposta positiva à vocaçã o salvífica é garantida porque esse
chamado, uma vez que é dirigido somente aos eleitos, é
acompanhado pela obra de convencimento do Espírito Santo que,
com paciência e docilidade, atua no coraçã o do indivíduo até que ele
entenda e aceite a mensagem cristã (At 16.14).
Frise-se que essa obra eficaz de vocaçã o e convencimento nã o é
realizada em cada ser humano (Rm 11.4; 1Co 1.23-26), do contrá rio
todos os homens seriam salvos, hipó tese que, como é sabido, jamais
se cumprirá (Mt 25.46; 2Ts 1.9).
Assim, conforme dito, somente os eleitos sã o objeto do chamado
gracioso (Rm 8.28-30; 2Ts 2.13-14). Estes, ainda que possam resistir
à açã o de Deus em sua vida durante algum tempo, no fim fatalmente
se rendem à voz de Cristo e, ansiando por ele, curvam-se aos seus
pés cheios de fé, arrependimento e gratidã o (Jo 10.16). Os demais,
porém, sã o deixados na incredulidade ou punidos com
endurecimento ainda maior (Is 63.17; Jo 12.37-40; Rm 1.24-28;
9.17-18; 11.7-10; 2Ts 2.11).

O chamado eficaz é necessá rio porque, segundo a Bíblia,


nenhuma pessoa pode se voltar para Deus ou para Cristo sem que
primeiro o Senhor realize nela uma obra sobrenatural, inclinando-a
para a verdade, para a obediência e para a fé (Lm 5.21; Ez 36.25-27;
Jo 6.44,65; Fp 2.13).
Deve-se ainda notar que a vocaçã o salvífica se constitui na prova
de que a salvaçã o de um indivíduo depende primariamente da
vontade e da açã o de Deus (Mt 11.27; Jo 1.13; 5.21; Tg 1.18). A
salvaçã o pertence a ele (Jn 2.9) e sem a sua iniciativa ninguém
poderá ser liberto da incredulidade (Jo 6.37; Ef 2.8).

O perdã o
Na esfera da soteriologia, perdoar (Gr. charízomai / perdã o, Gr.
áfesis, vb. afíemi) é o ato de Deus que consiste em cancelar toda a
dívida que o pecador tem com ele (Cl 2.13), deixando-o livre para
prosseguir, sem qualquer cobrança (Veja-se uma ilustraçã o disso em
Mateus 18.23-27).
Esse perdã o salvífico é ú nico e ocorre ao tempo da conversã o (At
10.43). Nesse aspecto, é diferente do perdã o que, diversas vezes ao
longo da jornada cristã , Deus concede ao crente que confessa seus
pecados (1Jo 1.9).
O perdã o salvador de Deus só é possível porque Cristo sofreu as
consequências do pecado (Ef 1.7; 4.32).

A justificaçã o
Justificar (Gr. dikaióo) é declarar justo ou livre de culpa e de
castigo.
Assim, a justificaçã o (Gr. dikaíosis) é o ato judicial de Deus,
baseado na obra de Cristo, mediante o qual ele atribui justiça ao
homem que deposita sua confiança em Jesus, livrando-o da
condenaçã o decorrente da culpa do pecado (At 13.38-39; Rm 3.21-
24; 5.1; 8.1,30,33-34; Fp 3.9; Tt 3.5-7).
Obviamente, a justificaçã o abrange o perdã o (Rm 4.6-8), mas vai
além desse conceito, pois nã o somente cancela os pecados do
homem que crê, mas também atribui a ele a justiça de Cristo
realizada na cruz (Rm 5.18; 2Co 5.21).
A justificaçã o é imediata, ou seja, ocorre no exato momento em
que o homem passa a ter fé em Cristo (Rm 4.5).

A reconciliaçã o
Reconciliaçã o (Gr. katallagé, vb. katallásso) é o restabelecimento
da paz entre Deus e o homem. Por causa do pecado, o
relacionamento entre ambos foi rompido (Is 59.2; Tg 4.4). Cristo,
porém, sofreu em seu corpo, pela morte, as consequências dessa
inimizade (Cl 1.21-22– aqui consta o verbo apokathístemi,
restaurar). Agora, quem crê nele é reconciliado com Deus, sendo
salvo da sua ira (Jo 3.36; Rm 5.9-11). Assim, a reconciliaçã o ocorre
por meio de Cristo e abrange o perdã o dos pecados (2Co 5.18-19).
A mensagem que anuncia a disposiçã o de Deus em reconciliar o
homem consigo, mediante Jesus, é o cerne das boas-novas pregadas
pelos apó stolos, sendo essa a mensagem que faz do evangelista um
embaixador de Deus (2Co 5.20).
A reconciliaçã o que ocorre no momento da conversã o é ú nica e
definitiva. Porém, há um aspecto da reconciliaçã o que é mais
dinâ mico e que envolve repetiçã o. Trata-se das situaçõ es em que o
crente vê seu relacionamento com Deus ser abalado por causa do
pecado pessoal. Nesses momentos a orientaçã o bíblica é que o
cristã o busque, pelo arrependimento e obediência, a restauraçã o da
comunhã o que foi rompida (2Co 5.20).

A adoçã o
O termo “adoçã o” (Gr. huiothesía) é usado para descrever a
posiçã o que o crente ocupa diante de Deus, desfrutando dos direitos
e privilégios de filho.
Por causa da adoçã o, o cristã o deixa de ser como um escravo que
vive debaixo do medo e começa a participar de um relacionamento
com o Senhor marcado por intimidade e segurança (Rm 8.15; Gl 4.5-
6). Também pela adoçã o, o homem se vê livre do jugo escravizante
da lei e entra para a condiçã o de herdeiro de Deus (Rm 8.17; Gl 4.7).
A adoçã o é garantida na predestinaçã o feita pelo Pai (Ef 1.5), é
efetivada na conversã o ao Filho (Jo 1.12) e é testificada no coraçã o
pelo Espírito (Rm 8.16).

A regeneraçã o
Basicamente, regenerar (Gr. anagennáo / regeneraçã o, Gr.
palingenesia,) significa gerar de novo. Nã o se trata, portanto, de uma
mera reforma na vida de alguém, mas sim de um novo nascimento
que ocorre na esfera espiritual (Jo 3.3-6; 1Pe 1.3,23; 1Jo 3.9) e cuja
origem está em Deus.
Conforme o ensino de Jesus, ser regenerado é nascer “da á gua e
do Espírito” (Jo 3.5). Essa expressã o evoca a Nova Aliança
mencionada em Ezequiel 36.25-27. Dessa passagem se depreende
que nascer “da á gua e do Espírito” é ser purificado dos pecados e
habitado pelo Espírito Santo (Tt 3.5-6).

Note-se que a regeneraçã o é um ato soberano de Deus. É


somente por sua vontade e poder que alguém nasce de novo (Jo
1.13; Tg 1.18). Aliá s, a palavra traduzida como “de novo” em Joã o
3.3(Gr. ánothen), também significa “do alto”, indicando que a causa
primá ria da regeneraçã o é celeste e nã o terrena.

A vivificaçã o
A Bíblia ensina que o homem incrédulo está morto em meio a
delitos e pecados. Ocorrendo, porém, a fé em Cristo, o pecador é
ressuscitado, recebendo vida espiritual (Ef 2.1,5) e perdã o (Cl 2.13).
Ao ser vivificado (Gr. vb. syzoopoiéo, ser vivificado com), o crente
é, de certa maneira, elevado à esfera celeste, onde desfruta de
privilégios e bênçã os em sua nova associaçã o com o Cristo
ressurreto (Ef 1.3; 2.6).

A recriaçã o
O cristã o é o prenú ncio presente da nova criaçã o futura (Ap
21.5). De fato, a Bíblia diz que quem está em Cristo é parte da nova
criaçã o (Gr. kainé ktísis) de Deus. O efeito disso é que o homem
assim recriado abandona concepçõ es e cosmovisõ es mundanas (1Co
2.16; 2Co 5.16-17) e, na prá tica, se vê comprometido com as boas
obras, assim definidas segundo os padrõ es de Deus (Ef 2.10; 4.23-
24).

Nessa recriaçã o, a imagem de Deus no homem, que foi


pervertida pelo pecado desde o É den, entra num processo dinâ mico
e glorioso de restauraçã o (2Co 3.18; Cl 3.10).

A preservaçã o
A doutrina da preservaçã o é também conhecida como doutrina
da perseverança dos santos. Grosso modo, essa doutrina ensina que
aqueles que Deus escolheu por sua graça jamais poderã o perder a
salvaçã o, ainda que estejam sujeitos a quedas e até a desvios
temporá rios.
Uma das bases para essa doutrina está na afirmaçã o de que a
salvaçã o abrange uma sequência de açõ es de Deus que começa na
eternidade passada e se conclui com a glorificaçã o perene no futuro
(Rm 8.29-30). Considerando a soberania e o poder de Deus, essa
sequência nã o pode ser frustrada ou interrompida.
De fato, no texto de Romanos 8.29-30, vê-se que a corrente da
salvaçã o mostra seu elo inicial quando Deus conhece de antemã o e
predestina aqueles a quem decide alcançar. Em seguida, ele chama e
justifica essas pessoas, glorificando-as finalmente.
Evidentemente, nã o há como quebrar esse processo, estando a
salvaçã o garantida, inclusive, pelo selo do Espírito que é o penhor da
herança eterna (Ef 1.13-14).
Ademais, é absurdo conceber o Deus da Bíblia como um ser
incapaz, que predestina alguém para salvar, chama-o e o justifica,
mas no fim nã o consegue glorificá -lo. Aliá s, indo precisamente
contra essa ideia, a Bíblia afirma que é pelo poder de Deus que os
crentes sã o guardados para a salvaçã o (Jo 10.28-29; 1Ts 5.23-24;
1Pe 1.5; 5.10; Jd 24-25).
Outra base para a doutrina da preservaçã o está no conceito de
novo nascimento. Jesus ensinou que o homem salvo é aquele que
nasceu de novo pela fé nele, podendo agora ver o reino celeste (Jo
3.3). Sabe-se também que quem nasce de novo se torna filho de
Deus (Jo 1.12-13; 1Jo 5.1). Evidentemente, para perder essas
bênçã os, o crente teria que “desnascer”. E mais: se quisesse
recuperá -las teria de nascer de novo de novo! Ora, essas
possibilidades nã o existem nas Escrituras. Nascer de novo ou ser
regenerado, tornando-se filho de Deus, é experiência ú nica e,
infalivelmente, resulta na salvaçã o do crente (Gl 3.26-29).
A doutrina da preservaçã o dos santos também se sustenta na
afirmaçã o de que a salvaçã o nã o pode ser anulada pelo pecado
individual do crente. Em 1Coríntios 5.1-5, Paulo fala de um crente
que tinha envolvimento sexual com a mulher do pró prio pai. Era um
pecado tã o grave que ele diz nã o ser comum nem mesmo entre os
pagã os (v.1), devendo esse homem ser “entregue a Sataná s” (v.5), o
que significa ser expulso da igreja (v.13). Isso, porém, nã o fez com
que aquele homem perdesse a salvaçã o. Na verdade, Paulo diz que a
disciplina poderia trazer a destruiçã o do corpo, mas que o espírito
daquele homem seria salvo (v.5). Ademais, em 1Joã o 2.1, é ensinado
que se algum crente pecar, isso nã o gera sua condenaçã o eterna,
mas sim sua defesa, feita por um “Advogado junto ao Pai: Jesus
Cristo, o justo”.
Finalmente, é importante observar que a segurança do homem
salvo é testificada pelo pró prio Espírito Santo em seu interior (Rm
8.15-16).
Outros textos que falam da segurança do crente sã o os seguintes:
Joã o 6.37-40; Romanos 5.8-10; 8.33-39; 1Coríntios 1.7-8; 3.15;
Efésios 4.30; Filipenses 1.6 e Hebreus 7.25.

A santificaçã o
Basicamente, santificaçã o (Gr. hagiasmós) é a separaçã o de algo
por Deus para o seu uso. Quando relacionada à salvaçã o do homem,
a santificaçã o pode ser posicional e experimental.

Santificação posicional: É a fase instantâ nea da santificaçã o que


tem lugar no momento em que a pessoa aceita Cristo como Salvador
(1Co 6.11). Nesse instante, o homem passa a ocupar o status de
santo diante de Deus, ou seja, é considerado separado para
pertencer a ele e para servi-lo.

Santificação experimental: É a fase progressiva da santificaçã o


(Rm 6.19,22; 2Co 7.1; 1Ts 4.3-7; Hb 12.14). Começa no momento da
conversã o e segue se desenvolvendo até o dia da glorificaçã o (Fp
1.6). O texto de 2Coríntios 3.18 diz que o cristã o é transformado de
um grau de gló ria em outro, sendo aperfeiçoado em santidade.

A glorificaçã o
A glorificaçã o (Gr. vb. doxázo) diz respeito à consumaçã o da
salvaçã o do crente (Rm 8.17-18,21,30; 1Pe 5.4). Na glorificaçã o o
salvo entra para um estado de total livramento do pecado e dos seus
efeitos, passando a habitar com o Senhor para sempre (Cl 3.4; 1Jo
3.2).
Essa fase abrange nã o somente a entrada da alma no céu (Lc
23.43; At 7.59; Fp 1.22-23), mas também, em sua realizaçã o
completa, na ressurreiçã o, o recebimento de um corpo
transformado, totalmente livre de corrupçã o e sobre o qual a morte
nã o tem poder (Rm 8.23; 1Co 15.42-43,51-54; 2Co 5.1-4).
O ambiente definitivo em que a glorificaçã o será desfrutada é a
nova terra que o Senhor há de criar (Ap 21.1-4).

Como ser salvo


A salvaçã o ocorre pela fé em Cristo (Jo 3.16-18; Rm 1.16-17; Ef
2.8-9). Essa fé é precedida pela pregação, é acompanhada pelo
arrependimento e é seguida de perseverança e frutos. Se nã o for
assim, será uma fé falsa e logo deixará de existir.

Base bíblica para a pregação como fator que precede a fé:


Lucas 16.31; Joã o 17.20; Romanos 10.13-17; 1Coríntios 1.21; Efésios
1.13; 2Timó teo 3.14-15; Tiago 1.18,21; 1Pedro 1.23.

Base bíblica para o arrependimento como fator que


acompanha a fé: Mateus 21.28-32; Marcos 1.15; Atos 2.37-41;
3.19; 11.18.

Base bíblica para a perseverança e os frutos como fatores


que decorrem da fé: 1Tessalonicenses 1.3-10; Hebreus 10.39;
1Pedro 1.5; 1João 5.4-5.

A fé salvadora é a aceitaçã o de Cristo conforme ele é


apresentado nas Escrituras (Jo 1.12; At 8.37; 1Jo 5.10-12), isto é,
como o Filho de Deus que veio ao mundo para morrer pelos
pecados, tendo depois ressuscitado dentre os mortos (Rm 10.9; 1Co
15.3-4). Essa fé implica o abandono de qualquer outro caminho para
ser salvo e a dependência plena e exclusiva da obra completa de
Cristo (At 4.12; Gl 2.16; Fp 3.7-9).
A fé mediante a qual alguém é salvo tem origem sobrenatural (Ef
2.8; Fp 1.29; Hb 12.2) e, por isso, perdura e frutifica. Essa é a fé dos
eleitos (Tt 1.1).
Quando a fé é apenas uma anuência intelectual ou uma reaçã o
emocional, ela se mostra improdutiva e logo desaparece (Mt 13.20-
22). Essa é a fé morta que nada produz, pouco perdura e a ninguém
salva (Jo 2.23-25; 12.42-43; Tg 2.14,17,26).

CUIDADO! VENENO!
Arminianismo: O ensino bíblico que afirma que o crente nã o
perde a salvaçã o é chamado tecnicamente de doutrina da
perseverança dos santos. Trata-se de um dos temas principais
defendidos pela teologia reformada. Dentro do protestantismo, a
vertente que se opõ e à doutrina da perseverança dos santos é o
arminianismo, sistema idealizado pelo teó logo holandês Jacó
Armínio (1560-1609). Entre outras coisas, o arminianismo nega a
fó rmula “uma vez salvo, salvo para sempre”. Ainda que esse modelo
tenha sido condenado pelo Sínodo de Dort (1618-1619), muitas
igrejas evangélicas modernas o adotam, sendo possível encontrar
seus expoentes entre batistas (eventualmente), assembleianos
(principalmente) e presbiterianos (surpreendentemente). O perigo
do arminianismo, considerado sob esse aspecto, é que faz a
segurança do crente depender de seu esforço pró prio. No final das
contas, a salvaçã o acaba sendo devida à dedicaçã o e empenho do
homem em vez de ser pela fé somente. Na prá tica, as igrejas que
ensinam a perda da salvaçã o exigem que o crente desviado conserte
sua vida e volte para a igreja se quiser ser “salvo de novo”. A
implicaçã o ló gica é que, de acordo com essa concepçã o, a “segunda”
(ou terceira, ou quarta!) salvaçã o ocorre pelas obras, ainda que os
arminianos nem sempre estejam dispostos a assumir essa
conclusã o.

Catolicismo Romano: Enquanto o Novo Testamento ensina que


a justiça de Deus é imputada ao homem no momento em que ele crê
em Cristo (justiça imputada ou atribuída – Rm 5.1), o romanismo
ensina que a justiça de Deus é infundida na pessoa aos poucos, na
medida em que ela obedece aos ensinos da igreja cató lica (justiça
infusa). Assim, na doutrina papista, o indivíduo só descobre se foi
justificado quando comparecer diante de Deus e o Senhor avaliar se,
ao longo da vida, aquela pessoa acumulou a justiça necessá ria para
desfrutar da visão beatífica. Os cató licos creem que a fé em Cristo
abrange a adesã o completa aos ensinos e regras da igreja. É
precisamente a adesã o a isso tudo que tornará um homem
justificado ou nã o. Se ocorrer da obediência de alguém nã o ser
suficiente para a sua entrada no reino do céu, ele será enviado ao
purgató rio, a fim de passar por um castigo temporá rio e, uma vez
purificado, obter a justiça que falta para a sua salvaçã o. De acordo
com a doutrina romanista, rezas, missas e obras de penitência em
favor dos mortos auxiliam a reduzir o tempo no purgató rio. Nã o há
nada na Escritura que ensine essas coisas, mas os romanistas nã o se
incomodam com isso, posto que consideram sua tradiçã o no mesmo
pé de igualdade que a Bíblia em termos de autoridade.

Sinergismo: O termo sinergismo vem do grego e denota a ideia


de trabalho conjunto. Os sinergistas creem, assim, que a salvaçã o do
pecador é obra de Deus, mas que o homem coopera com ele, fazendo
sua parte. Os arminianos sã o considerados sinergistas, pois
acreditam que o ser humano trabalha em conjunto com Deus para
ser salvo na medida em que decide, de si mesmo, depositar sua fé
em Cristo e perseverar nos caminhos dele. Porém, de um modo
geral, qualquer crença que afirma que o indivíduo precisa “fazer sua
parte” para ser salvo pode ser considerada uma crença sinergista. O
oposto do sinergismo é o monergismo, proposto pela teologia
reformada ou calvinista. Essa concepçã o ensina que somente o
Senhor opera na salvaçã o do homem. Para os monergistas, mesmo a
fé e a perseverança do crente sã o obras de Deus na vida de seus
eleitos.

Universalismo: O universalismo entende que, ao final, todos


serã o salvos. Alguns universalistas ensinam que isso será precedido
por um período de juízo aplicado aos maus, mas que de forma
nenhuma esse juízo será eterno. O primeiro teó logo de destaque a
divulgar ideias universalistas foi Orígenes de Alexandria (c. 185-
253). Segundo ele, toda a realidade criada, inclusive a angélica,
caminha no rumo da apocatástase, ou seja, da plena reconciliaçã o
com Deus por meio de Cristo. Karl Rahner, John A. T. Robinson e
John Hick sã o os proponentes mais destacados do universalismo
atual. O “inclusivismo soterioló gico”, como o universalismo é
também chamado, encontra apoio na teologia do processo, no
teísmo aberto e em outras vertentes do cristianismo tanto
protestante quanto cató lico romano.

Aniquilacionismo: De acordo com essa visã o, nã o existe


nenhuma dimensã o além e, depois da morte, o homem
simplesmente apodrece. Ligada a essa concepçã o, mas com
contornos menos radicais, está o condicionalismo ou a doutrina da
imortalidade condicional, segundo a qual a imortalidade é uma
dá diva de Deus concedida a todos os homens, mas só poderã o retê-
la aqueles que preencherem a condiçã o de crer em Cristo. Assim,
para os condicionalistas, os que rejeitam o Salvador serã o
aniquilados, caindo na inexistência completa. Os condicionalistas
geralmente aceitam a possibilidade de um período indefinido de
sofrimento no inferno, antes da total aniquilaçã o do ímpio. A noçã o
de um inferno eterno e literal, porém, de acordo com essa
concepçã o, deve ser recusada, pois, segundo entendem, essa ideia
nã o se harmoniza com o conceito de um Deus justo que vencerá
definitivamente o mal.

Espiritismo: Para os espíritas a salvaçã o é o livramento do


espírito humano da realidade material em que está preso. Esse
livramento ocorre por meio do processo de reencarnaçã o, pelo qual
o espírito evolui passando por vá rios ciclos de existência no plano
material. A aceleraçã o desse processo de livramento ocorre por
meio de boas obras. O ensino acerca do pecado e da morte
expiató ria de Cristo, bem como as doutrinas da salvaçã o pela fé, da
ressurreiçã o dos mortos, do reino celeste e do inferno, nã o fazem
nenhum sentido dentro da concepçã o espírita, nã o havendo
qualquer ponto de semelhança entre esse modelo religioso e o
cristianismo bíblico.

CAPÍTULO 8

A DOUTRINA ACERCA DA IGREJA


(Eclesiologia)
Porque a igreja nã o tem outro Rei senã o Jesus Cristo.
Porque a igreja nã o deve ingerir-se na política do mundo,
tirar desta a sua pró pria inspiraçã o nem apelar para suas
espadas, suas prisõ es, seus tesouros. Porque a igreja
vencerá pelas forças espirituais que Deus depositou em seu
seio, e, acima de tudo, pelo reinado de seu Chefe adorá vel.
Porque a igreja nã o deve contar com tronos terrenos nem
triunfos efêmeros, mas que a sua marcha se assemelhe à do
Rei: da manjedoura para a cruz; da cruz para a coroa!

J. H. Merle D’Aubigné, História da Reforma do


décimo-sexto século, Vol. VI, p. 247

Introduçã o
Uma das doutrinas mais negligenciadas dentro do cristianismo é
a eclesiologia, ou seja, o ensino bíblico acerca da comunidade da fé,
sua natureza, relevâ ncia, deveres e propó sito.

Essa falta de conhecimento tem gerado prejuízos enormes para a


causa do Mestre. Desprovidos de conceitos claros, os crentes têm
dado o título de igreja a grupos que nem de longe se ajustam ao que
realmente o Corpo de Cristo é e, entã o, têm se associado com esses
grupos. Além disso, sem diretrizes acerca do modo como a igreja
deve funcionar, comunidades cristã s inventam formas estranhas de
louvor, de disciplina e de culto, fazendo com que o nome “igreja”
seja associado com prá ticas baderneiras, com crendices toscas e
com excessos inaceitá veis.
Como se nã o bastasse, a falta de conhecimento da eclesiologia
bíblica tem sido acompanhada por uma crítica severa contra
qualquer tipo de comunidade cristã formalmente organizada. Essa
crítica afirma que as igrejas locais sã o absolutamente dispensá veis
para quem quer adorar a Deus e que, na verdade, essas instituiçõ es
sã o somente instrumentos nas mã os de uma minoria que se deleita
em oprimir e explorar pessoas de boa-fé.
Todos esses desvios podem ser facilmente evitados pelos
crentes que conhecem o ensino cristã o sobre a igreja. Além disso, o
crente que entende a eclesiologia bíblica saberá nã o somente fugir
dos erros que tentam desfigurar a igreja de Deus, mas também se
sentirá motivado a se comportar de modo santo dentro dela.

O significado de “igreja”
A palavra “igreja” vem do termo grego ekklesía, que significa
“assembleia”. Juntando esse sentido bá sico com outras informaçõ es
dadas pelo Novo Testamento, é possível definir a igreja da seguinte
forma:

A igreja, para efeito de estudo, pode ser definida em termos de


organismo e organização. Como organismo, a igreja é o corpo
místico de Cristo, do qual ele é a cabeça e os crentes sã o os membros
(1Co 12.12-13). Na qualidade de organizaçã o, a entã o “igreja local” é
um grupo de crentes reunidos com os propó sitos mencionados na
definiçã o acima.

QUATRO RESSALVAS

 A igreja bíblica nã o tem um templo considerado como lugar


sagrado (At 20.20; Rm 16.5; 1Co 3.16-17; 6.19; 2Co 6.16; Ef
2.22; Cl 4.15; 1Pe 2.5).
 Nem todas as comunidades evangélicas sã o igrejas no
sentido bíblico (Mt 7.21-23).
 Nenhuma igreja pode se apresentar como a ú nica
verdadeira (Jo 14.6).
 Nenhuma igreja pode se apresentar como a melhor entre
todas as demais (Ap 3.17).

Distinçõ es comuns
Igreja local e igreja universal: A primeira designaçã o diz
respeito a uma comunidade de crentes que se reú ne numa
localidade específica. A segunda designaçã o se refere geralmente
aos crentes em Cristo espalhados por todo o mundo.
Igreja visível e igreja invisível: A primeira designaçã o refere-
se à igreja local. A segunda designaçã o aponta para a igreja
universal.
Igreja militante e igreja triunfante: A primeira é a igreja que
ainda batalha neste mundo. A segunda, o conjunto de crentes que já
está com Cristo na gló ria celeste.

Os símbolos da igreja
O corpo: É símbolo que denota a unidade dos membros da igreja e a
diversidade das suas funçõ es no corpo de Cristo (Rm 12.4-5).

O templo: É figura que destaca a igreja como habitaçã o de Deus (Ef


2.19-22).

O casal: Simboliza a uniã o singular e indissolú vel da igreja com


Cristo (Ef 5.31-32).

Os propó sitos da igreja


O propó sito da igreja se divide em dois aspectos: o imediato e o
final.

O propósito imediato:Esse aspecto do propó sito da igreja envolve


o testemunho que ela deve dar a este mundo acerca da verdade, seja
por meio da evangelizaçã o direta ou da vida de cada membro (1Pe
2.9).
O propósito final: Nesse aspecto a igreja cumpre o propó sito
eterno de Deus para a histó ria, ou seja, a sua gló ria. Por meio da
igreja, Deus será eternamente glorificado (Ef 1.6,12,14; 2.6-7).
A sublimidade da igreja
O NT destaca a sublimidade da igreja por meio do ensino de
diversas verdades relativas a ela. A lista abaixo mostra algumas
dessas verdades:

1. Ela é edificada e protegida por Cristo (Mt 16.18).


2. Ela foi comprada por Deus com o sangue de Cristo (At 20.28).
3. Ela é herdeira com Cristo (Rm 8.17).
4. Ela é defendida por Deus, sendo livre de qualquer acusaçã o
(Rm 8.31-34).
5. Ela é digna de ser protegida e de que se padeça por ela (2Co
11.28; Cl 1.24; 1Tm 5.16).
6. Ela é formada por pessoas santificadas por Cristo (1Co 1.2).
7. Ela é o corpo de Cristo (Ef 1.22; Cl 1.18).
8. Ela é, num sentido figurado e misterioso, o “complemento” de
Cristo (Ef 1.22-23).
9. Ela é o veículo especial por meio do qual Deus torna sua
sabedoria conhecida pelos principados e pelas potestades (Ef
3.10).
10. Ela é objeto do amor e do cuidado especial de Cristo (Ef 5.25-
27).
11. Ela é a casa do Deus vivo e o sustentá culo da verdade (1Tm
3.15).
12. Ela é descrita com termos altamente honrosos e sublimes
(1Pe 2.9).
13. Ela é supervisionada e disciplinada por Cristo (Ap 1.12-
13,20; 2.1,5).

A liderança da igreja
A Bíblia menciona cinco grupos distintos de líderes eclesiá sticos:
apó stolos, profetas, evangelistas, pastores-mestres (Ef 4.11) e
diá conos (Fp 1.1).

Apó stolos

O NT usa o termo “apó stolo” em dois sentidos. Num sentido não


técnico a palavra se refere a um missioná rio, mensageiro ou
pregador (At 14.14; Rm 16.7?; Gl 1.19), já que o vocá bulo significa,
literalmente, “alguém mandado”. No sentido técnico, porém, o termo
é restrito a um grupo que existiu somente no século I, quando a
igreja lançava seus alicerces (Ef 2.20). Esse grupo foi formado por
doze homens apenas (Ap 21.14). O quadro ao lado mostra os
requisitos que eram necessá rios para ser apó stolo nesse sentido
especial.
Profetas

Também pertenceram ao período em que a igreja lançava suas


bases doutriná rias, éticas e funcionais (Ef 2.20). Sua funçã o principal
era ser um canal de revelaçã o doutriná ria inédita (Ef 3.5), mas, à s
vezes, os profetas também faziam previsõ es, especialmente quando
o evento predito tinha grande impacto sobre a igreja como um todo
(At 11.28; 21.10-11).

Evangelistas
Sã o oficiais da igreja designados para proclamar a mensagem de
salvaçã o em Cristo (Ef 4.11). Veja mais informaçõ es sobre esse cargo
no Capítulo 4, subtítulo “Os Dons Alistados na Carta aos Efésios”.

Bispos, pastores, presbíteros ou anciã os


Todos esses termos se referem ao mesmo cargo (At 20.17,28; Ef
4.11; Tt 1.5,7). As designaçõ es distintas servem para realçar
diferentes aspectos do trabalho pastoral, conforme se vê a seguir.

Bispo: Supervisor, guardiã o ou superintendente (Gr.


Epískopos).
Pastor: Aquele que cuida de um rebanho, apascenta, vigia e
guia (Gr. Poimén). Em Efésios 4.11o termo está conectado à
palavra “mestre”. Veja a explicaçã o para isso no Capítulo 4,
subtítulo “Os Dons Alistados na Carta aos Efésios”.
Presbítero: Anciã o (Gr. Presbyteros). Evoca a funçã o de juiz
e a ideia de honorabilidade.
Ancião: É mera traduçã o de presbyteros.

REQUISITOS PARA SER PASTOR

REQUISITO SIGNIFICADO BASE BÍBLICA


A vida e a família
Vida do pastor devem 1Tm 3.1-7; Tt
exemplar servir de modelo 1.5-9
para a igreja
Vocaçã o Chamado
interior
1Tm 3.1
O desejo de ser
pastor
Chamado At 14.23
exterior
O
reconhecimento
da igreja
É vedada a
1Co 14.34;
Gênero liderança
1Tm 2.11-
masculino feminina na
14
igreja

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

 As bases para a proibiçã o de a mulher liderar a igreja nã o


sã o culturais, mas teoló gicas, a saber, a ordem da criaçã o e a
doutrina da queda (1Tm 2.11-14).
 Na igreja primitiva havia profetisas e, quando tinham
revelaçã o, era-lhes permitido falar (1Co 11.5). O dom de
profetizar, contudo, conforme visto, desapareceu ao fim do
século I.
 Na Bíblia é permitido que as mulheres ensinem os homens
fora do contexto eclesiá stico (At 18.26), pois isso nã o
compromete o funcionamento ideal da igreja (1Tm 3.15).
 As mulheres podem realizar alguma forma de diaconia
(serviço – Rm 16.1), mas sem assumir o diaconato, pois este
é um cargo pró prio de líderes eclesiá sticos.

Diá conos
O termo “diá cono” (Gr. diákonos) designa alguém que serve,
apoia ou auxilia. Está ligado ao verbo diakonéo, cujo sentido é servir
a mesa (Lc 12.37), cuidar ou ajudar.
A princípio, os diá conos eram apenas um grupo de amparo social
(At 6.1-6). Porém, ainda no tempo do NT, sua importâ ncia cresceu,
vindo o cargo a compor a liderança da igreja (Fp 1.1), tanto que os
requisitos bíblicos para o diaconato sã o quase os mesmos impostos
aos pastores (1Tm 3.8-13).

As ordenanças dadas à igreja


Por “ordenanças” se entende as duas instituiçõ es que Cristo
deixou para seus seguidores observar, a saber: o batismo e a ceia. As
ordenanças simbolizam verdades cristã s ligadas à salvaçã o.
Portanto, se o praticante desses atos nã o tiver provado as verdades
que eles simbolizam, sua observâ ncia nã o terá nenhum valor.

O Batismo
O batismo é obrigató rio a todo aquele que aceitou Jesus Cristo
como seu salvador, pois o pró prio Senhor o ordenou (Mt 28.19-20).
Essa ordenança tem quatro objetivos:

 A profissã o pú blica de fé (1Pe 3.21).


 A identificaçã o do batizando com os demais discípulos de
Jesus (Mt 28.19).
 A representaçã o da lavagem espiritual (At 22.16 cp. 1Co
6.11).
 A representaçã o da morte do crente para o pecado, seu
sepultamento com Cristo e sua ressurreiçã o para uma nova
vida (Rm 6.1-4; Cl 2.12).

A forma de batismo praticada nos dias do Novo Testamento era


a total imersã o do crente na á gua (Mc 1.9-11; Jo 3.23; At 8.36-39).
Porém, no meio cristã o há igrejas que praticam a aspersã o e a
efusã o, tendo por base textos como Atos 9.18; 10.47-48; 16.33;
22.16 e 1Coríntios 10.2.
O batismo infantil nã o é ensinado na Bíblia, uma vez que, antes
de ser batizado, o indivíduo deve crer (At 2.41; 8.36-38). É preciso
reconhecer, porém, que igrejas sérias têm um entendimento
diferente desse assunto e batizam crianças, tendo por base a
Teologia do Pacto e textos como Atos 16.33(é dito que
provavelmente havia crianças na casa do carcereiro), Romanos
4.11(a circuncisã o é definida aqui como um selo de fé e, mesmo
assim, era ministrada a bebês que ainda nã o podiam ter fé) e
1Coríntios 10.2(havia bebês participando dos eventos do Ê xodo
mencionados aqui).
É preciso destacar finalmente que, diferente do que algumas
seitas ensinam, o batismo nã o é necessá rio à salvaçã o (Lc 23.39-43;
1Co 1.14-17).

A Ceia do Senhor
A ceia do Senhor é um memorial que recorda o sacrifício de
Cristo (1Co 11.24-25), memorial este celebrado em meio a uma
realidade espiritual que transcende a experiência regular da igreja,
na medida em que proporciona aos crentes uma cumplicidade mais
plena com o pró prio Senhor presente de forma intensa no momento
da celebraçã o (1Co 10.16-17).
Jesus instituiu a ceia pouco antes de sua paixã o (1Co 11.23-26).
Cada elemento tem um significado: o pã o partido simboliza o corpo
de Cristo que foi ferido; o vinho é símbolo do seu sangue vertido na
morte em favor dos pecadores.

A ceia do Senhor tem um propó sito tríplice:

 Comemoraçã o (1Co 11.24-25).


 Comunhã o (1Co 10.16-17).
 Comunicaçã o (1Co 11.26).

Todo o crente tem o dever de participar da ceia, sendo exigido


dele que nã o o faça indignamente a fim de nã o se tornar réu do
corpo e do sangue de Jesus (1Co 11.27-30). O contexto de 1Coríntios
11mostra que participar da ceia indignamente é, basicamente,
comer e beber nutrindo desprezo e desconsideraçã o pelos irmã os
(1Co 11.18,20-22,33-34).

Quatro visõ es distintas

Transubstanciação – Catolicismo romano: Os


elementos da Ceia se transformam na carne e no sangue do
Senhor (Mt 26.26; Jo 6.53-57).
Consubstanciação – Luteranismo: A carne e o sangue de
Cristo literais estã o presentes na Ceia junto com os
elementos (Mt 26.26; Jo 6.53-57).
Presença Espiritual – Calvinismo: Cristo está presente
de forma espiritual nos elementos da Ceia (1Co 10.16).
Memorial – Zuinglianismo: Os elementos da Ceia
recordam o sacrifício de Cristo (Jo 6.52cf. 63; 1Co 11.24-25).

A disciplina na igreja
A igreja tem como um dos seus deveres aplicar a disciplina
conforme ensinada no Novo Testamento. Essa prá tica consiste na
expulsã o da pessoa disciplinada seguida do rompimento da
comunhã o dos crentes com ela. Dada sua severidade, a disciplina só
pode ser aplicada quando a pessoa se mostra incorrigível, recusando
se arrepender e abandonar o pecado. Se em casos assim nã o houver
a expulsã o, toda a igreja ficará maculada pelo pecado do membro
rebelde (1Co 5.6).
O Novo Testamento contempla dois modelos de processo
disciplinar eclesiá stico:

Trifásico: É o processo descrito em Mateus 18.15-17 no qual


três etapas precisam ser superadas antes da efetiva excomunhã o do
pecador. Esse processo deve ser aplicado a casos de pecados que, ao
tempo do início do processo, sã o conhecidos somente por um
indivíduo da igreja ou por uma pequena minoria. Havendo
arrependimento em qualquer das etapas, o processo termina sem
que haja expulsã o e o pecador arrependido recebe, entã o, o perdã o
dos que o exortaram.
Monofásico: É o processo descrito em 1Coríntios 5.1-5,9-11.
Aplica-se a casos de pecados de grande impacto e assumidos
publicamente pelo membro da igreja. Nesses casos, a obstinaçã o se
configura de pronto e a expulsã o ocorre imediatamente, tã o logo a
igreja possa se reunir para operá -la.

No trato com o pecado, os cristã os também têm na Bíblia


mostras de como lidar com o comportamento reprová vel de grupos
inteiros, deixando claro que em casos assim o problema deve ser
levado a alguém que tenha algum grau de autoridade na igreja (1Co
1.11-12). Também há uma orientaçã o específica para o caso de
pecados de líderes (1Tm 5.19-20). Nessa hipó tese, pode haver
repreensã o na presença de todos, mas o texto nã o deixa claro se
esses “todos” sã o os irmã os em geral ou se sã o os demais líderes.
Seja como for, o resultado da obstinaçã o será sempre a excomunhã o,
ou seja, a expulsã o do pecador rebelde e contumaz.

Os objetivos da disciplina eclesiá stica sã o os seguintes:


 Cumprir as ordens de Deus acerca do modo como sua igreja
deve lidar com a rebeldia.
 Colocar o ofensor sob a mã o punitiva de Deus (1Co 5.4-5) e
longe do amparo dos irmã os (Mt 18.17; 1Co 5.9-11) a fim de
que, sendo fustigado por tudo isso, enfim se arrependa (2Co
2.6-11).
 Manter a pureza da igreja (1Co 5.6-8).
 Gerar temor nos demais irmã os (At 5.11; 1Tm 5.20).
 Evitar o juízo que Deus traz sobre a igreja que tolera o mal
em seu meio (Ap 2.14-16,20-23).

UMA PERGUNTA, VÁRIAS RESPOSTAS

Porque é fundamental que o crente faça parte de uma igreja local


e se reúna regularmente com seus irmãos?

1. Porque cerca de metade do Novo Testamento foi escrita


tendo em vista especificamente o ensino, a correçã o e o
encorajamento de igrejas locais, mostrando a extrema
importâ ncia que o Espírito Santo confere à comunidade dos
crentes.
2. Porque só assim o crente poderá zelar pela pureza da igreja
em processos disciplinares (Mt 18.17; 1Co 5.3-5).
3. Porque a espiritualidade cristã é baseada na Trindade que é
marcada por perfeita comunhã o, amor e amizade (Jo
17.11,20-22).
4. Porque a uniã o dos crentes expressa na adoraçã o conjunta e
na alegre e amorosa comunhã o fornece o contexto em que
Deus age trazendo mais pessoas à salvaçã o (At 2.42-47).
5. Porque o Espírito Santo invariavelmente fala à sua igreja e
atua sobre ela nos momentos em que está reunida em
oraçã o e culto (At 4.31; 13.1-3).
6. Porque a igreja, tendo sido comprada por preço altíssimo,
precisa ser amparada, nutrida e protegida, sendo certo que
a participaçã o de crentes comprometidos ajudará na
realizaçã o dessa tarefa (At 20.28).
7. Porque longe do convívio eclesiá stico, os dons espirituais
que o crente recebeu com vistas à edificaçã o dos santos nã o
poderã o ser exercitados e ele será como um membro
paralisado no corpo de Cristo que se enfraquecerá por
causa dessa inércia (Rm 12.4-8; 1Co 12.4-27).
8. Porque sem estar na igreja o cristã o nã o poderá obedecer as
ordens de admoestar, amar, socorrer e suportar seus
irmã os (Rm 12.10; 15.14; Gl 5.13; Ef 4.2,32; 5.21; Cl 3.13,
16, 1Ts 4.18; 5.11; Hb 3.13; Tg 5.16; 1Jo 3.23).
9. Porque a Ceia do Senhor nã o pode ser celebrada fora do
convívio dos irmã os (1Co 10.17; 11.33).
10. Porque o desprezo pela igreja é censurado na Bíblia (1Co
11.22).
11. Porque Deus nã o habita somente no corpo do crente, mas
também na congregaçã o dos santos, realizando ali uma obra
especial de edificaçã o (Ef 2.20-22).
12. Porque é dentro do contexto coletivo cristã o que o crente
é fortalecido em seu interior e recebe capacitaçã o para
compreender melhor o amor de Cristo sendo, entã o,
dominado por Deus (Ef 3.14-19).
13. Porque é na igreja local que o crente é equipado para o
serviço santo por meio do ministério de homens que Deus
estabeleceu (Ef 4.11-16).
14. Porque Deus ordena o louvor coletivo como parte da sua
adoraçã o e nã o apenas o louvor individual (Cl 3.16).
15. Porque a igreja é a ú nica instituiçã o que protege e
sustenta a verdade neste mundo, o que aumenta o dever do
crente de zelar pelo fortalecimento e bom funcionamento
dela (1Tm 3.15).
16. Porque a Bíblia ordena que o crente nã o deixe de se
congregar e a desobediência a essa ordem é considerada
apostasia (Hb 10.25; 1Jo 2.19).
17. Porque a comunhã o com os irmã os é um dos resultados
de andar na luz (1Jo 1.7).

CUIDADO! VENENO!
Romanismo: Entende que a Igreja Cató lica Romana é a ú nica
instituiçã o verdadeiramente fundada por Cristo e herdeira dos
apó stolos, cujos sucessores sã o todos os seus bispos, em especial o
papa. Este é o chefe da igreja e sucessor de Pedro. Segundo a visã o
romanista, somente a Igreja Cató lica detém a totalidade dos meios
necessá rios à salvaçã o, o que inclui os sacramentos (principalmente
a eucaristia) que santificam, purificam e transformam os fiéis. Na
visã o cató lica menos radical, alguns elementos da verdade podem
estar eventualmente presentes em outras comunidades cristã s, mas
somente a igreja romana detém o depó sito integral da fé e o poder
exclusivo de interpretar corretamente a Bíblia. Segundo os
romanistas, Maria, sendo mã e de Jesus, é também a mã e da igreja
que deve, assim, venerá -la como concebida sem pecado,
eternamente virgem e assunta ao céu em corpo e alma. A
eclesiologia romanista abrange também uma estrutura altamente
hierarquizada que, em ordem decrescente, é composta por papa (a
quem, desde o Concílio Vaticano I, em 1870, se atribui infalibilidade
em questõ es de fé e moral), cardeais, patriarcas, arcebispos, bispos,
padres e diá conos. Todo o clero cató lico (excetuando os diá conos) é
celibatá rio.
Igreja emergente: Trata-se de um movimento evangélico
surgido no final do século XX que se propõ e a apresentar ao mundo
uma igreja aberta aos conceitos da pó s-modernidade e livre dos
“rígidos” padrõ es éticos, doutriná rios e funcionais propostos pelas
igrejas histó ricas formalmente organizadas. Os expoentes do modelo
eclesiá stico emergente defendem, portanto, uma tolerâ ncia maior
no diá logo entre a igreja e a sociedade pluralista presente, propondo
um discurso cristã o menos “radical”, uma pregaçã o evangelística
menos exclusivista, uma visã o ética mais flexível e tolerante, uma
liberdade mais ampla de expressõ es cultuais e um diá logo
conciliador com outras religiõ es.

Os sem igreja: Uma tendência comum na atualidade é a defesa


de uma espécie de cristianismo em que o crente nã o pertence a
nenhuma igreja, vivendo isoladamente sua fé. Os “sem igreja”, como
sã o chamados, geralmente justificam suas opiniõ es partindo de
experiências desagradá veis que viveram em alguma comunidade
cristã . Segundo seu parecer, essas experiências fornecem base só lida
para o que acreditam ser uma espiritualidade meramente
individual. A crítica a essa visã o tende a ser bastante severa, pois,
além de mostrar a farta evidência bíblica para a importâ ncia da
igreja local, destaca também que os defensores do cristianismo “sem
igreja” sã o geralmente pessoas que se fazem de vítimas com um
discurso piedoso, mas que, na verdade, sã o gente de difícil
convivência, pessoas que nã o aceitam nenhum tipo de autoridade,
crentes inclinados a criticar tudo e todos e também incapazes de
cooperar com um grupo, querendo apenas fazer valer suas
preferências e opiniõ es. A experiência mostra ainda que os “sem
igreja” geralmente sã o pessoas que nã o dã o certo em lugar nenhum
e que, na verdade, seu anseio maior nã o é por uma espiritualidade
individual, mas sim por uma vida cristã sem compromissos.
CAPÍTULO 9

A DOUTRINA ACERCA DOS ANJOS


(Angelologia)

Assim, pois, de maneira alguma e em tempo algum, os


espíritos que chamamos anjos começaram por ser trevas.
No mesmo instante em que Deus os criou foram luz;
criados, nã o para serem ou viverem simplesmente, mas
ainda iluminados para viverem vida feliz e sá bia.

Agostinho de Hipona, Cidade de Deus, XI:XI

Introduçã o
Contrariando as previsõ es dos racionalistas dos séculos XVIII e
XIX, o homem pó s-moderno tem um profundo interesse pelo
universo espiritual. Infelizmente, porém, por causa da ignorâ ncia
bíblica, esse interesse, via de regra, produz construçõ es
equivocadas, baseadas em mitos e superstiçõ es vazias.
É o caso das ideias gerais que as pessoas de hoje nutrem acerca
dos anjos. Livros e revistas aparecem vez por outra tratando desse
assunto e discursos sã o pronunciados acerca do tema até com certa
vivacidade, despertando o interesse de um pú blico enorme.
Contudo, as conclusõ es que muitas vezes sã o apresentadas pelos
“mestres” deste mundo raramente se harmonizam com a doutrina
cristã sobre o assunto, uma vez que nã o se baseiam na Bíblia e,
quando a Palavra de Deus é eventualmente citada para corroborar
alguma proposiçã o, seu texto é geralmente distorcido para atender
aos interesses do expoente.
Diante desse cená rio, este capítulo pretende oferecer elementos
com os quais o crente possa construir uma angelologia
verdadeiramente bíblica com que possa evitar e corrigir os desvios
modernos. Ademais, uma vez que esse tema, conforme será visto,
aparece na Bíblia inú meras vezes, fica fora de dú vida que sua aná lise
merece consideraçã o especial.

Terminologia
Anjos aparecem na Bíblia do princípio ao fim (Gn 3.24; Ap
22.16). Sã o mencionados 325 vezes em 33dos 66 livros. Só o
Apocalipse os menciona 76 vezes. Os termos que a Bíblia usa para se
referir aos anjos sã o os seguintes:

 Malak: Mensageiro, anjo (109 vezes no AT). Pode se referir


a um profeta (Ml 1.1), mas geralmente se aplica a anjos.
 Querubim: Singular Chetub. Significado incerto. Talvez
sugira alguém que está perto de Deus, ministrando a ele, ou
alguém admitido em sua presença (Gn 3.24; Ê x 25.18s; Ez
1.5s; 10.15s; 28.12s).
 Serafim: Possivelmente vem de uma raiz hebraica que
significa “consumir com fogo” (Is 6.2,6).
 Angelos: Mensageiro, anjo (186 vezes no NT).
 Outros nomes: “Filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1); “seres
celestiais” (Sl 89.6); “santos/assembleia dos santos” (Sl
89.5-7; Dn 4.13; Zc 14.5); “milícia celestial” (Lc 2.13);
“santas miríades” (Jd 14).

Informaçõ es gerais sobre os anjos


INFORMAÇÃO BASE BÍBLICA
Sã o espirituais
(invisíveis, mas Gn 18.2; Ez 9.2; Hb
podem tomar 1.14
forma).
Foram criados Jó 38.7; Sl 148.2-5;
perfeitos. Cl 1.16.
2Sm 14.20; Ez
Sã o seres
28.16-17; Lc 15.10;
pessoais.
Ap 22.7-8.
2Sm 24.17; Sl
Têm poderes
103.20; Mt 26.53;
extraordiná rios.
Ap 20.1-3
Pertencem a Dn 10.13s; 12.1; Lc
diferentes 1.19; 1Ts 4.16; Cl
classificaçõ es. 1.16; Jd 9
Sã o seres que nã o
Mt 22.30
se casam.
Sã o imortais. Lc 20.36
Sã o inumerá veis. Hb 12.22; Ap 5.11
A Bíblia se refere aos anjos usando o
pronome masculino. Contudo, segundo
o entendimento de alguns, há uma
ú nica exceçã o em Zacarias 5.9. É
questioná vel, porém, se o que é
descrito nesse texto é uma visã o
angélica.

A natureza moral dos anjos


Todos os anjos foram criados santos por Deus (Jó 38.4-7).
Contudo, a Bíblia diz que muitos se rebelaram contra o Criador,
tornando-se definitivamente maus (2Pe 2.4; Jd 6).
Desde os tempos antigos foi aceito pelos grandes teó logos da
igreja que os anjos que guardaram seu estado original foram
confirmados em bondade, uma vez que as Escrituras os apresentam
associados ao serviço permanente de louvor e a eventos do porvir
(Sl 103.20; Mt 25.31; Mc 8.38). Além disso, os anjos bons nã o podem
cair porque foram eleitos (1Tm 5.21).

Acerca dos anjos maus, também chamados de demô nios, a Bíblia


diz que muitos deles estã o em prisã o, reservados para juízo (2Pe
2.4; Jd 6). Isso, porém, talvez nã o signifique que eles estejam
confinados num lugar. A mençã o da prisã o (tá rtaro, abismo, trevas,
correntes) pode ser apenas uma referência à situaçã o em que se
encontram, aguardando o juízo de Deus. Seja como for, é certo que
há muitos anjos maus em plena atividade neste mundo (Ef 6.12).

No futuro, anjos maus serã o derrotados por Miguel e seus anjos


(Ap 12.7-8) e junto com o diabo, serã o lançados à terra, onde
provavelmente vã o atuar de modo intenso durante a Grande
Tribulaçã o (Ap 12.9,12). As Escrituras também ensinam que os
anjos maus serã o julgados pelos crentes (1Co 6.3), nã o havendo
esperança de salvaçã o para eles (Hb 2.16). Com efeito, no fim todos
serã o lançados no fogo eterno (Mt 25.41).

O ministério dos anjos


Os anjos realizam o ministério de adorar e servir ao Senhor (Sl
103.20; Is 6.2s; Dn 7.10; Ap 5.11-13; 19.1s), jamais aceitando
adoraçã o para si mesmos (Ap 22.8-9). Em seu serviço a Deus, eles
atuam na histó ria da salvaçã o trazendo mensagens, instruindo e
guiando os homens (Mt 1.20; 2.13; Lc 1.11-38; 2.8-15; At 10.3-5). Os
anjos também atuam como instrumentos na aplicaçã o do juízo
divino contra os maus (Gn 19.13; 2Sm 24.16; 2Rs 19.35; Mt 13.39;
At 12.23; Ap 20.1-3).
Talvez a tarefa principal dos anjos neste mundo seja ministrar
aos crentes (Hb 1.14). O modo exato como isso é feito nã o é
esclarecido nas Escrituras.
O Novo Testamento ainda dá indícios de que as crianças sã o, de
alguma forma, beneficiadas pelo ministério dos anjos (Mt 18.10),
que os salvos recebem amparo angélico em face da morte (Lc 16.22)
e que os anjos têm um interesse intenso pelo maravilhoso tema da
salvaçã o do homem (1Pe 1.12).
Sataná s
O termo “Sataná s” aparece em 7 livros do AT e é citado por todos
os autores do NT. Vem do hebraico (satan) e significa “adversá rio”. O
verbo relacionado a esse substantivo tem o sentido de “ficar em
emboscada” ou “opor-se”. No NT essa palavra aparece 36 vezes.
Sataná s é também chamado de “diabo” (Gr. diábolos. Ocorre 33vezes
no NT), vocá bulo que significa “caluniador” e/ou “difamador”.
Com base na Vulgata Latina (traduçã o de Jerô nimo) que traduz
“estrela da manhã ”, em Isaías 14.12, como lucifer (portador da luz –
Veja-se 2Co 11.14), Sataná s passou a ser chamado pelos teó logos
antigos de Lú cifer. No NT ele recebe as designaçõ es de Belzebu, o
maioral dos demô nios (Mt 12.24 – Em alguns manuscritos “senhor
das moscas”), maligno (Mt 13.38), Belial (2Co 6.15), tentador (Mt
4.3; 1Ts 3.5), inimigo (Mt 13.28-29), homicida e pai da mentira (Jo
8.44), deus deste século (2Co 4.4), príncipe da potestade do ar (Ef
2.2), príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11) e Abadom (no
hebraico) ou Apoliom (no grego). Esses dois ú ltimos termos
significam “destruidor” ou “exterminador” e servem para identificar
o “anjo do abismo” ou o rei dos demô nios (Ap 9.11).
O texto de Apocalipse 12.7-10 fornece outras designaçõ es para
Sataná s (grande dragã o, antiga serpente, sedutor de todo o mundo,
acusador de nossos irmã os, etc.). Essas designaçõ es revelam muito
do seu cará ter e se relacionam a diferentes aspectos da sua obra.
A origem e a queda de Sataná s
Sataná s é um anjo criado por Deus que posteriormente caiu de
sua posiçã o e estado original. Geralmente é aceito que as palavras de
Isaías 14.12-15 e de Ezequiel 28.11-19 foram dirigidas aos reis de
Babilô nia e de Tiro, respectivamente, mas que, de forma indireta,
dizem respeito a Sataná s. Assim, pode-se afirmar o seguinte:

 Sataná s foi criado perfeito (Ez 28.12,15).


 Sataná s tinha uma posiçã o elevada (Is 14.12; Ez 28.14).
 Sataná s se ensoberbeceu (Is 14.13-14; Ez 28.15-17; 1Tm
3.6).
 Sataná s foi deposto de sua elevada posiçã o (Is 14.15; Ez
28.16-19).

Satanás é... Satanás não é...


Um anjo mau (Ez Um deus mau (Tg
28.15) 2.19)
Astuto (2Co Onisciente (Jó
2.11; Ef 6.11-12) 1.9-11)
Poderoso (2Co Onipotente (Lc
11.14; 2Ts 2.9) 10.18; 2Co 2.11)
Atuante em todo Onipresente (Jó
o mundo (Ap 1.7)
20.3)

A obra de Sataná s e dos demô nios


Sataná s é o tentador por excelência (Mt 4.1-11; 1Tm 3.6-7). Ele
também confunde, engana (2Co 11.3,13-15; Ap 20.3) e vive em
busca de alguém para destruir (1Pe 5.8; Ap 12.17). No uso de sua
sagacidade (2Co 2.10-11), ele induz à imoralidade (1Co 7.5), semeia
o joio (Mt 13.39) e incita a perseguiçã o contra o povo de Deus (Ap
2.10). Por causa de sua terrível crueldade, Sataná s muitas vezes é
usado por Deus como um instrumento de disciplina para seus servos
(2Co 12.7), bem como para os crentes rebeldes e os apó statas (1Co
5.5; 1Tm 1.20).

O quadro que segue mostra outros aspectos da obra de Sataná s:


Ref.
OCAS DIREÇ OBRA
Bíblic
IÃO ÃO S
as
Deu Ez
PASS origem 28.15;

ADO ao Gn 3.1-
pecado 13
Jó 2.7;
Oprim
At
e
10.38
Causa
Hb
a
2.14
morte
1Ts
Tenta
3.5
2Tm
Ilude
2.26
Inspira
ideais
At 5.3
iníquo
s
Jo
Toma
13.2
posse
7
Cega o
2Co
entend
4.4
imento
Dissip
ao Mc
Evang 4.15
CREN
elho
PRES TES E
Produz Mt
ENT INCRÉ
minist 13.2
E DULO
ros do 5,38
S
mal -39
1
Sataná s tem acesso ao trono de Deus (Jó 1.6; 2.1; Zc 3.1-6; Lc
22.31; Ap 12.7-10), reina sobre a hierarquia dos demô nios (Mt
25.41; Ef 6.12; Ap 12.7) e também sobre este mundo (Lc 4.5-6; 2Co
4.3; Ef 2.1-3; 1Jo 5.19-20).

Quanto aos demô nios, a Bíblia ensina que eles:

1. Creem em Deus e têm temor dele (Tg 2.19).


2. Conhecem Jesus (Mc 1.24).
3. Sabem de sua condenaçã o (Mt 8.29).
4. Opõ em-se aos propó sitos de Deus (Dn 10.10-14).
5. Promovem o culto de si mesmos (1Co 10.20-21).
6. Têm suas pró prias doutrinas e as divulgam (1Tm 4.1-3).
7. Realizam grande feitos miraculosos (Ap 16.13-14).
8. Alguns, muito poderosos, enganam as naçõ es (Dn 10.13; Is
24.21; Ap 16.13-14).
9. Afligem e atacam os crentes (2Co 12.7; Ef 6.11-12).
10. Podem causar doenças (Mt 9.33).
11. Podem possuir pessoas (Mc 5.2).
12. Podem possuir animais (Mc 5.13).

É preciso destacar que, mesmo sendo contrá rios a Deus e


inimigos do seu povo, Sataná s e seus anjos muitas vezes sã o
instrumentos que cumprem os decretos do Senhor (Gn 3.15; 1Sm
16.14; 1Rs 22.23; 2Cr 18.18-21; 2Co 12.7-10).
O destino de Sataná s
No futuro, Sataná s será expulso dos lugares celestiais (Ap 12.9).
Ele será aprisionado no abismo e solto somente ao final de mil anos
(Ap 20.1-9). Por fim, Sataná s será lançado no lago de fogo (Ap
20.10).

O crente em relaçã o a Sataná s


• Deve revestir-se da armadura de Deus (Ef 6.11-18).
• Deve ser prudente e se autodominar, a fim de evitar a criaçã o
de circunstâ ncias propícias à atuaçã o do adversá rio (2Co 2.10-
11; Ef 4.27).
• Deve trabalhar para livrar os que caíram na armadilha do diabo
(2Tm 2.25-26).
• Deve resistir ao diabo (Mt 4.10; At 5.3; 1Tm 5.15; Tg 4.7; 1Pe
5.8-9).

Resistir a Sataná s significa fazer uso das grandes verdades da


Palavra de Deus na luta contra ele. Portanto, para resisti-lo é
necessá rio conhecer a Bíblia e as doutrinas nela ensinadas. Foi dessa
maneira que Jesus enfrentou Sataná s durante a tentaçã o no deserto
(Mt 4.1-11). É bom lembrar também que naquela ocasiã o Jesus
estava cheio do Espírito (Lc 4.1), sendo esta também uma condiçã o
necessá ria para vencer o inimigo.
Em Apocalipse 12.11encontram-se as três causas principais da
vitó ria total do crente sobre Sataná s, a saber: o sangue do Cristo (cf.
Hb 2.14-15), o testemunho firme e corajoso e a perseverança mesmo
em face da morte.

CUIDADO! VENENO!
Testemunhas de Jeová e Adventismo: As Testemunhas de
Jeová acreditam que o arcanjo Miguel era Jesus antes de se encarnar
e que ele retomou essa designaçã o apó s a ressurreiçã o. Os
Adventistas do Sétimo Dia pensam da mesma forma, mas nã o negam
a divindade de Jesus como fazem as Testemunhas de Jeová . O livro
de Hebreus reprova qualquer forma de identificaçã o de Jesus com
um anjo (Hb 1.4-14).

Mormonismo: Ensina que o arcanjo Miguel é Adã o e que ele


ajudou Javé a criar o mundo. Dentro do mormonismo existe também
a figura do anjo Moroni, central para a sua doutrina. De acordo com
o Livro de Mó rmon, Moroni foi um profeta que, apó s a morte, virou
anjo e mostrou a Joseph Smith o local onde estavam certas placas de
ouro cobertas com inscriçõ es. Essas placas, uma vez traduzidas,
formaram o Livro de Mó rmon. Moroni, quando homem, foi filho de
Mó rmon, o profeta que organizou as placas. O mormonismo ensina a
possibilidade de o homem se tornar divino passando antes pelo
estado angélico, como ocorreu com Moroni.

Catolicismo Romano: Ensina que, desde o nascimento, Deus


envia um anjo para proteger cada pessoa ao longo da vida. A partir
de 1670, o dia 2de outubro passou a celebrar a Festa do Anjo da
Guarda de cada indivíduo. Os cató licos também veneram os anjos
realizando festas em sua homenagem e dirigindo oraçõ es a Miguel,
Gabriel e Rafael. Cidades e países sob a influência cató lica adotam
esses seres como seus santos padroeiros. Ao que tudo indica, a
angelolatria se infiltrou na igreja cristã a partir das seitas gnó sticas,
cujos adeptos, desde o período formativo desses movimentos
heréticos, praticavam o culto dos anjos (Cl 2.18), tentando inseri-lo
na prá tica da espiritualidade cristã .

Evangelicalismo popular: Tende a atribuir quaisquer males e


até os mais simples desconfortos à açã o de demô nios e criam
estratégias (inclusive o uso de amuletos), oraçõ es e palavras de
ordem para refreá -los e combatê-los. A partir de Daniel 10.10-
13alguns evangélicos concluem que orar em voz alta pode ser
perigoso, pois os demô nios, tomando conhecimento do conteú do
das sú plicas, poderiam frustrá -las. Seguindo na esteira do antigo
paganismo, também adotam a ideia de que os demô nios atuam em
territó rios específicos, sendo, assim, “espíritos territoriais”. A base
que usam para essa crença sã o textos como Daniel 10.13e Marcos
5.9-10 (cp. Lc 8.31). Daí a prá tica de fazer passeatas e rodear
cidades e regiõ es reivindicando esses espaços para Jesus.

Esoterismo e Nova Era: Define os anjos como mensageiros e


intermediá rios da “Grande Mente Có smica” que é composta por tudo
e é um com tudo (panteísmo). Os anjos sã o capazes de proteger
pessoas, raças e até naçõ es e também têm poder para criar novas
realidades. Os mestres esotéricos e de Nova Era ensinam que as
pessoas têm anjos particulares cujos nomes podem ser descobertos
(geralmente por meio da data de nascimento do indivíduo) e com
quem podem se relacionar até o ponto de se fundirem com essas
entidades. Nessas buscas, é fomentado o uso de velas, oraçõ es e
pedidos por escrito. O contato mais desejá vel com esses seres,
porém, se dá por meio da “expansã o da consciência” que viabiliza
visõ es angélicas e até o acesso ao mundo dos anjos, tudo com o
objetivo de conhecer mistérios espirituais e obter auxílio ou
livramento.
CAPÍTULO 10

A DOUTRINA ACERCA DAS


Ú LTIMAS COISAS
(Escatologia)

A Deus, o arquiteto das eras, lhe pareceu bem fazer-nos


participantes de confiança do seu plano para o futuro, e
revelou seu propó sito e seu programa com detalhes na
Palavra.

J. Dwight Pentecost, Prefá cio de Things to come.

Introduçã o
Muitos crentes ficam confusos acerca dos eventos que Deus
determinou que tomassem lugar no futuro. Isso nã o é sem motivo.
Com efeito, a Bíblia apresenta certa obscuridade no tocante a essas
questõ es, o que fez com que surgissem posiçõ es escatoló gicas
distintas mesmo entre os teó logos mais sérios e zelosos.

Ainda assim, é inegá vel que existem certos elementos que


claramente compõ em o quadro bíblico escatoló gico, sendo aceitos
pela maior parte dos estudiosos da Palavra como eventos preditos
na Bíblia. É verdade que os estudiosos nem sempre estã o de acordo
quanto à ordem cronoló gica que esses eventos irã o seguir. Porém,
mesmo em meio a essa divergência, é perfeitamente possível
delinear os contornos de uma escatologia bíblica saudá vel, nutrindo
a firme esperança de um final glorioso para a histó ria, no qual Deus
reinará absoluto e será “tudo em todos” (1Co 15.28).
Neste capítulo serã o expostos os eventos principais que a Bíblia
aponta como componentes do plano de Deus para o futuro. Esses
eventos estã o dispostos aqui na ordem em que ocorrerã o, segundo a
posiçã o teoló gica adotada neste livro (premilenismo
pretribulacionista).

O arrebatamento da igreja
O arrebatamento é o primeiro de uma série de eventos que
tomarã o lugar na histó ria como cumprimento de prediçõ es bíblicas.
O texto clá ssico que trata desse assunto é 1Tessalonicenses 4.13-18.
Segundo esse texto, o arrebatamento da igreja acontecerá da
seguinte forma:

Os mortos em Cristo:Os crentes em Jesus que já morreram


ressuscitarã o e subirã o ao céu com corpos glorificados (1Co 15.20-
23; 1Ts 4.16). É bom destacar que as almas dos crentes que morrem
vã o imediatamente para o céu (Lc 16.22-23; 23.41-43; 2Co 5.6-8; Fp
1.23). Seus corpos, contudo, jazem sem vida na sepultura e, afinal, se
desfazem. Por ocasiã o do arrebatamento, porém, os corpos dos
crentes mortos serã o vivificados outra vez (Jó 19.25-27) e eles serã o
arrebatados para estar para sempre com Cristo.

Os crentes vivos: Logo apó s a ressurreiçã o dos crentes em Jesus


que já morreram, os crentes que estiverem vivos subirã o
juntamente com eles para o encontro com o Senhor nos ares (1Ts
4.17). Eles também terã o seus corpos glorificados (1Co 15.50-54;
2Co 5.1-5).

Apó s isso tudo, a igreja comparecerá diante do Tribunal de


Cristo (Rm 14.10; 1Co 3.10-15; 2Co 5.10) para, finalmente, receber
os galardõ es (Lc 14.14; 1Co 4.5; 2Tm 4.8; Ap 22.12).

A grande tribulaçã o
Logo apó s o arrebatamento da igreja, começará a “grande
tribulaçã o” ou a “septuagésima semana de Daniel”, o período de
“angú stia para Jacó ” (Jr 30.7). Jesus falou sobre a grande tribulaçã o
em Mateus 24.4-30, dizendo que será um período de muita afliçã o,
engano e apostasia que precederá imediatamente a sua vinda.
A Bíblia também ensina que a grande tribulaçã o vai durar sete
anos (Dn 9.27), sendo três anos e meio de falsa paz (1Ts 5.2-3) e três
anos e meio de dores (Dn 7.25; 12.1,7,11; Ap 11.2-3; 12.6,14; 13.5).
É por esse tempo que o anticristo estará atuando de maneira
poderosa sobre toda a terra (Dn 7.7-8,11,19-27; Mt 24.15; 2Ts 2.3-
12; Ap 13.1-8).
Mesmo sendo um tempo de engano, opressã o e sofrimento, a
graça salvadora de Deus será atuante durante a grande tribulaçã o.
De fato, a oposiçã o severa do anticristo nã o impedirá que multidõ es
se convertam e recebam a redençã o que Cristo oferece (Ap 7.9-14).
A maior parte dos eventos que tomarã o lugar no período da
grande tribulaçã o está registrada em Apocalipse 6-19.

A segunda vinda de Cristo


Ao fim do período da tribulaçã o, o Senhor Jesus voltará para
estabelecer o seu reino milenar neste mundo (Mt 24.30; Lc 21.25-
28). A segunda vinda de Cristo será um evento histó rico que todos
poderã o testemunhar (At 1.11; Ap 1.7).
Abaixo sã o enumerados fatos importantes que tomarã o lugar
quando o Senhor Jesus voltar:

1. Os crentes virã o junto com Cristo. Uma possível base para essa
afirmaçã o é Apocalipse 19.11-14.
2. O anticristo que estará atacando Jerusalém com seus exércitos
será derrotado (Zc 12.1-8; 14.1-15; Lc 21.20; 2Ts 2.8), sendo
entã o lançado no lago de fogo, junto com o falso profeta (Ap
19.15-21).
3. Sataná s será preso por mil anos (Ap 20.1-3).
4. Os judeus se arrependerã o e crerã o em Cristo (Zc 12.9-13cp.
Jo 19.36-37; Mt 23.39; Rm 11.25-27), entrando entã o no reino
para desfrutar finalmente da terra que lhes foi dada (Ez 28.25-
26).
5. Os santos do Antigo Testamento e os crentes mortos na
tribulaçã o ressuscitarã o para reinar com Cristo durante os mil
anos (Jó 19.25-27; Is 26.19; Dn 12.2-3,13; Ap 20.4-6).
6. As naçõ es serã o reunidas para julgamento e os gentios salvos
que estiverem vivos serã o separados para entrar no reino
milenar (Mt 24.30-31,36-41; 25.31-34,41).

O milênio
A segunda vinda de Cristo inaugurará o período de mil anos
durante os quais ele reinará na terra em cumprimento à s promessas
feitas a Davi (2Sm 7.10-16; Lc 1.32-33; Ap 20.4). Durante esse
período Sataná s estará preso (Ap 20.1-3) e a terra desfrutará de paz
e justiça (Is 2.1-5; 11.6-9; Zc 14.9).
A partir da aná lise bíblica, tudo indica que no reino milenar
pessoas ressurretas conviverã o com indivíduos ainda nã o
ressurretos. Isso nã o deve causar espanto, pois os episó dios que
seguiram a ressurreiçã o de Cristo mostram que essa convivência é
perfeitamente possível (Mt 28.9-10; Lc 24.28-31,39-43; Jo 21.1-14).
Assim, no milênio estarã o os crentes que serã o arrebatados
antes da tribulaçã o e que voltarã o com Cristo (Ap 19.11-14), os
santos do Antigo Testamento que ressuscitarã o (Dn 12.13), os
salvos da tribulaçã o que também ressuscitarã o (Ap 20.4-6) e os
salvos de Israel e das naçõ es que nã o terã o passado ainda pela
morte (Mt 25.31-34). Esses ú ltimos, sendo pessoas comuns, ainda
nã o ressurretas, viverã o vidas normais, trabalhando, constituindo
família e estando sujeitos à morte, ainda que em idade bastante
avançada (Is 65.18-25).
Sendo assim, novos indivíduos nascerã o durante o milênio e,
ainda que o temor do Senhor predomine nas novas geraçõ es
(especialmente, talvez, de judeus. Cf. Is 65.23), é certo que entre as
naçõ es surgirã o pessoas com inclinaçõ es naturais, nutrindo
disposiçõ es contrá rias ao grande Rei. Isso abrirá as portas para o
evento que é descrito a seguir.

A revolta final
Conforme Apocalipse 20.7-10, ao fim do milênio Sataná s será
solto e sairá seduzindo as naçõ es para que se rebelem contra o Rei.
Ele encontrará coraçõ es propensos à revolta e formará um exército
que atacará a cidade santa.
Um fogo do céu, contudo, destruirá a todos e Sataná s será
finalmente lançado no lago de fogo e enxofre onde já terã o sido
lançados o anticristo e o falso profeta.
O grande trono branco
Esta expressã o se refere ao conhecido “Juízo Final”. Depois da
ú ltima revolta, um trono será firmado para julgar os incrédulos
mortos de todas as eras (Ap 20.11-15). Será , assim, a ocasiã o em que
serã o julgados os que nã o tiveram parte na primeira ressurreiçã o
(Ap 20.5). Estes serã o julgados e condenados a passar a eternidade
no lago de fogo.
É bem prová vel que as pessoas que morreram durante o milênio,
salvas ou nã o, também ressuscitem para o juízo do grande trono
branco, já que a Bíblia nã o aponta nenhuma outra ocasiã o em que a
ressurreiçã o dessas pessoas possa ocorrer.

O novo céu e a nova terra


O juízo final marcará o fim de uma era, pondo termo à presente
criaçã o (2Pe 3.10-13). Apó s sua realizaçã o, haverá novos céus e
nova terra, com bênçã os infindas para os salvos e tormento
constante para os perdidos (Ap 21.1-8).

GRÁFICO PANORÂMICO ESCATOLÓGICO


Posiçõ es escatoló gicas distintas
No meio evangélico existem pastores sérios e zelosos que
acolhem posiçõ es escatoló gicas diferentes da exposta neste livro
(premilenismo pretribulacionista ou dispensacionalista). As
principais entre elas sã o as seguintes:

POSIÇÃO
DEFINIÇÃO
ESCATOLÓGICA
Nã o aceita o futuro
estabelecimento de um
reino de mil anos
literais. Para os
Amilenismo
amilenistas, o milênio é
Origens a partir do
o período entre a
séc. IV
ascensã o de Cristo e sua
segunda vinda, tempo
em que o Senhor reina
no céu.
Pó s-milenismo Ensina que o avanço da
Origens a partir do ciência e do evangelho
séc. XII inaugurará uma era de
paz e prosperidade no
futuro (o milênio).
Quando esse cená rio
novo e desejá vel estiver
pronto, ocorrerá a
segunda vinda de Cristo,
coroando esse tempo de
gló ria e iniciando o
estado eterno.
Defende que o
arrebatamento e a volta
de Cristo formam um
Premilenismo
ú nico evento, depois do
histó rico
qual será
Origens a partir do
imediatamente
séc. II
estabelecido um reino
de mil anos literais de
paz e justiça.
Afirma que a igreja
permanecerá na terra
até a segunda vinda de
Cristo, ficando sujeita à s
Pó s-tribulacionismo
afliçõ es do tempo do
Origens a partir do
anticristo e sendo
séc. II
arrebatada somente
quando o Senhor voltar,
a fim de encontrá -lo nos
ares.
Diz que a igreja será
Mid-tribulacionismo
arrebatada no meio da
ou
tribulaçã o, antes que
Mesotribulacionismo
comece o período de
Origens em meados
42meses de efetivo
do séc. XX
juízo e sofrimento.
Ensina que nem todos
os crentes serã o
arrebatados, mas
Arrebatamento
somente os que têm
Parcial
certa maturidade
Origens em meados
espiritual e que estã o
do séc. XIX
preparados, esperando
o dia do encontro com o
Senhor.

O grá fico abaixo ilustra a concepçã o do premilenismo histó rico.


Note-se que, segundo essa posiçã o, o arrebatamento da igreja ocorre
depois da tribulaçã o e coincide com a segunda vinda de Cristo.
Nos tempos do Império Romano, quando o imperador visitava
uma cidade, seus habitantes saíam ao seu encontro para recepcioná -
lo a certa distâ ncia dos muros. Depois todos entravam juntos
novamente na cidade.
Alguns teó logos entendem que essa figura se aplica ao
arrebatamento, sendo a igreja uma comitiva que sai ao encontro do
Senhor para recebê-lo honrosamente em sua vinda, voltando logo
em seguida à terra para o estabelecimento do Reino.
CUIDADO! VENENO!
Teologia do Processo e Teísmo Aberto: A teologia do processo
entende a realidade como um processo do qual Deus faz parte,
influenciando e também sofrendo influências. Nesse processo, Deus
respeita o livre-arbítrio das pessoas e tenta convencê-las a fazer o
que ele almeja. Porém, nã o pode coagir ninguém, de modo que tudo
o que lhe resta é desejar que as coisas ocorram como ele gostaria
que ocorressem. Quando os bons desejos de Deus nã o se cumprem e
suas tentativas de persuasã o se revelam infrutíferas, ele sofre e se
coloca ao lado daqueles que também padecem por causa das
decisõ es má s. Sendo alguém que apenas tenta influenciar o curso do
universo, Deus nã o conhece o futuro, pois este depende das decisõ es
ainda indefinidas de outros agentes que ele nã o pode obrigar em
nenhum sentido. O teísmo aberto segue nessa mesma direçã o,
ensinando igualmente que Deus jamais desrespeita o livre-arbítrio
do homem. A partir daí, seus proponentes negam que Deus
predeterminou o futuro, pois, segundo entendem, se ele o fizesse,
entã o o homem nã o teria liberdade de fato. Assim, também no
teísmo aberto Deus sequer conhece o futuro, posto que este nunca
foi fixado por ele de antemã o. É dessa forma que Deus se “abriu”,
limitando sua soberania, a fim de que o homem seja o real
construtor da histó ria.

Doutrina do sono da alma (psicopaniquia): Essa doutrina,


proposta pelos adventistas e por uma minoria de evangélicos,
entende que entre a morte e a ressurreiçã o, a alma da pessoa dorme,
ou seja, entra num estado de inconsciência, despertando no dia final
juntamente com a ressurreiçã o do corpo para receber a herança
divina ou a puniçã o eterna. Esse ensino geralmente se baseia nas
afirmaçõ es bíblicas que se referem aos mortos como “os que
dormem” (1Co 15.6,20; 1Ts 4.13-15). Porém, deve-se observar que
essa expressã o é apenas um eufemismo, isto é, o emprego de uma
linguagem branda para suavizar a referência à dura realidade da
morte. O pró prio Jesus usou essa linguagem eufemística em Joã o
11.11, explicando-a em seguida aos discípulos (Jo 11.12-14).
Também se deve observar que a referência aos que dormem aponta
para o estado dos corpos dos falecidos, estes sim inconscientes até o
dia da ressurreiçã o, quando, enfim, “despertarã o”. Textos como
Mateus 17.2-3, Lucas 16.22-26; 23.43; Atos 7.59; 2Coríntios 5.8,
Filipenses 1.23, Hebreus 12.23e Apocalipse 6.9-11mostram a falá cia
do ensino que propõ e o sono da alma.

REFERÊNCIAS

AGOSTINHO, Aurélio. A cidade de Deus, 2vols. Sã o Paulo: Vozes,


1990.
_________ Confissões. Sã o Paulo: Paulinas, 1984.
BANCROFT, E. H. Teologia elementar. Sã o Paulo: Imprensa Bíblica
Regular, 1979.
BERKHOF, L. Manual de doutrina cristã. Campinas; Luz para o
Caminho e Ceibel, 1985.
BERKOUWER, G. C. A pessoa de Cristo. Rio de Janeiro e Sã o Paulo:
JUERP/ASTE, 1983.
BETTENSON, H. Documentos da igreja cristã. Rio de Janeiro e Sã o
Paulo: JUERP/ASTE, 1983.
BILLHEIMER, Paul E. Seu destino é o trono. Sã o José dos Campos: CLC
Editora, 1984.
BONAR, Horatius A. Um recado para ganhadores de almas. Sã o Paulo:
Vida Nova, 1983.
BRATCHER, Robert G.; NIDA, Eugene A. A translator’s handbook on
Paul’s Letter to the Ephesians. New York: United Bible Societies,
1982.
BROWN, Colin. Filosofia e fé cristã. Sã o Paulo: Vida Nova, 1983.
BUBECK, Mark I. O adversário. Sã o Paulo: Vida Nova, 1985.
CALVINO, Joã o. As institutas da religião cristã, 4 vols. Traduzido por
Waldyr Carvalho Luz. Sã o Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1991.
CHAFER, L. S. Teologia sistemática, 2vols. Sã o Paulo: Imprensa
Batista Regular, 1986.
DARGAN, E. C. As doutrinas da nossa fé. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora Batista, 1971.
D’AUBIGNÉ , J. H. Merle. História da Reforma do décimo-sexto século.
Sã o Paulo: Casa Editora Presbiteriana, s/d.
DUBOIS, Jean-Jacques. Espírito Santo: batismo e plenitude. Sã o Paulo:
Açã o Bíblica do Brasil, s/d.
ELWELL, Walter A. (ed.). Enciclopédia histórico-teológica da igreja
cristã. 3vols. Sã o Paulo: Vida Nova, 1990.
ENNS, Paul. The Moody handbook of theology. Chicago: Moody Press,
1989.
FRANGIOTTI, Roque (Ed.). Padres apostólicos. Coleçã o Patrística. Vol.
1. Sã o Paulo: Paulus, 2008.
GRAHAM, Billy. O Espírito Santo. Sã o Paulo: Vida Nova, 1983.
GRANCONATO, Marcos. Fundamentos da teologia do Novo
Testamento. Sã o Paulo: Mundo Cristã o, 2014.
GRUDEM, Wayne. Teologia sistemática. Sã o Paulo: Vida Nova, 1999.
GRYSON, Roger. Bíblia Sacra Vulgata. 5.ª Ediçã o. Stuttgart: Deutsche
Bibelgesellschaft, 2007.
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
Juerp, 1985.
LEWIS, C. S. O príncipe e a ilha mágica. Sã o Paulo: ABU, 1984.
MACARTHUR, John. O caos carismático. Sã o José dos Campos: Fiel,
1992.
MORRIS, Leon, The Epistle to the Romans. Michigan/Cambridge:
William B. Eerdmans Publishing Company, 1988.
PENTECOST, Dwight J. Eventos del porvenir. Miami: Vida, 1984.
PINK, A. W. Deus é soberano. Atibaia: Fiel, 1977.
RYRIE, Charles. El Espiritu Santo. Chicago: Moody Press, 1982.
_________. Sintesis de doctrina bíblica. Barcelona: Publicaciones
Portavoz Evangélico, 1979.
_________. Teologia básica ao alcance de todos. Sã o Paulo: Mundo
Cristã o, 2004.
SANTOS, Thomas Tronco dos. Fundamentos da teologia do Antigo
Testamento. Sã o Paulo: Mundo Cristã o, 2014.
SPENER, Phillip Jakob. Pia desideria. Sã o Bernardo do Campo:
Imprensa Metodista, 1985.
The Lexham Analytical Lexicon to the Greek New Testament. Logos
Research Systems, 2013.
THISELTON, Anthony C. The First Epistle to the Corinthians: a
commentary on the greek text. Grand Rapids, Michigan / Cambridge,
U.K.: William B. Eerdmans Publishing Company, 2000.
TOZER, A. W. Mais perto de Deus. Sã o Paulo: Mundo Cristã o, 1984.
WRAY, Daniel E. Disciplina bíblica na igreja. Sã o Paulo: Fiel, 1982.
WRIGHT, N. T. Surpreendido pela esperança. Viçosa, MG: Ultimato,
2009.
Sobre o autor

MARCOS GRANCONATO é pastor titular da Igreja Batista


Redençã o em Sã o Paulo. Formou-se em teologia no
Seminá rio Bíblico Palavra da Vida. É graduado em direito
pela Universidade Sã o Francisco de Bragança Paulista e
mestre em teologia histó rica pelo Centro Presbiteriano de
Pó s-Graduaçã o Andrew Jumper.

You might also like