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Pequeno Manual de Doutrinas Bas - Marcos Granconato
Pequeno Manual de Doutrinas Bas - Marcos Granconato
Apresentaçã o 7
Capítulo 1
A Doutrina Acerca das Escrituras 9
Capítulo 2
A Doutrina Acerca de Deus 19
Capítulo 3
A Doutrina Acerca de Cristo 31
Capítulo 4
A Doutrina Acerca do Espírito Santo 41
Capítulo 5
A Doutrina Acerca do Homem 55
Capítulo 6
A Doutrina Acerca do Pecado 63
Capítulo 7
A Doutrina Acerca da Salvaçã o 73
Capítulo 8
A Doutrina Acerca da Igreja 87
Capítulo 9
A Doutrina Acerca dos Anjos 101
Capítulo 10
A Doutrina Acerca das Ú ltimas Coisas 111
Referências
MARCOS GRANCONATO
PEQUENO MANUAL DE
DOUTRINAS BÁSICAS
São Paulo
2014
Contato:
editora@hermeneia.com.br
_________________________________________________________
Granconato, Marcos
ISBN-13
978-1502738844
ISBN-10
1502738848
_________________________________________________________
Índice
Apresentaçã o 7
Capítulo 1
A Doutrina Acerca das Escrituras 9
Capítulo 2
A Doutrina Acerca de Deus 19
Capítulo 3
A Doutrina Acerca de Cristo 31
Capítulo 4
A Doutrina Acerca do Espírito Santo 41
Capítulo 5
A Doutrina Acerca do Homem 55
Capítulo 6
A Doutrina Acerca do Pecado 63
Capítulo 7
A Doutrina Acerca da Salvaçã o 73
Capítulo 8
A Doutrina Acerca da Igreja 87
Capítulo 9
A Doutrina Acerca dos Anjos 101
Capítulo 10
A Doutrina Acerca das Ú ltimas Coisas 111
Referências
APRESENTAÇÃ O
Embora contenha a Santa Escritura uma
doutrina perfeita, a que nada se pode
acrescentar, pois que aprouve a Nosso Senhor
revelar os infinitos tesouros de sua sabedoria,
entretanto, a pessoa que nã o seja bastante
experimentada no seu manuseio e
entendimento necessita de certa orientaçã o e
ajuda, para saber que deva nela buscar a fim de
nã o vaguear incerta, ao contrá rio, alcance rota
segura que lhe faculte atingir sempre o fim a
que a convoca o Santo Espírito.
Marcos Granconato
Soli Deo gloria
CAPÍTULO 1
A DOUTRINA ACERCA DAS ESCRITURAS
(Bibliologia)
A inspiraçã o
Conforme visto, a Bíblia compõ e a revelaçã o especial de Deus,
tendo sido inspirada por ele. Quando se diz que a Bíblia é inspirada
por Deus, isto significa que o Espírito Santo supervisionou aquilo
que os autores bíblicos escreveram nos autógrafos, isto é, nos
escritos originais (as có pias nã o foram inspiradas) de tal modo que
eles o fizeram sem cometer qualquer erro.
Deus nã o ditou as palavras da Bíblia (apenas poucas partes
foram provavelmente ditadas – e.g., a Lei), nem tampouco os autores
bíblicos entraram em estado de êxtase para escrever os livros.
O que Deus fez na realidade foi mover (2Pe 1.21) ou dirigir os
escritores para que compusessem sua revelaçã o usando suas
personalidades, culturas e faculdades mentais. Desse modo, pode-se
dizer que Deus falou através do homem (Mt 1.22; 2.15;1Co 14.37).
O câ non
Enquanto o termo canonicidade se aplica a uma qualidade
sobrenatural dos livros bíblicos, a palavra “câ non” é usada para se
referir ao conjunto de livros que compõ em tanto o Antigo como o
Novo Testamento.
A iluminaçã o
Iluminaçã o é o ministério do Espírito Santo de capacitar o
homem que é alcançado por sua graça a compreender a revelaçã o
escrita de Deus.
Essa obra é necessá ria porque as verdades da Palavra
pertencem a uma dimensã o que está muito acima do alcance da
mente humana (Is 55.8-9), sendo conhecida somente pelo Espírito
(1Co 2.11). Por isso, sem o auxílio do Senhor nã o há como o homem
acolher o que foi revelado (Lc 24.44-45; 1Co 2.12).
Pra piorar a situaçã o, Sataná s cega o entendimento das pessoas,
impedindo--as de compreender o evangelho (2Co 4.3-4). É por causa
disso que os incrédulos, nã o tendo a açã o iluminadora do Espírito,
nã o conseguem entender nem mesmo as verdades espirituais mais
elementares (1Co 2.14).
A iluminaçã o do Espírito Santo na mente do homem por ele
favorecido é iniciada, assim, ao tempo da conversã o, quando o
conhecimento da pessoa é aclarado, passando ela a enxergar as
realidades espirituais do evangelho (At 16.14; 2Co 3.15-16; 4.6; Hb
10.32). A partir daí, a açã o do Espírito Santo de trazer luz à mente
do crente prossegue (Ef 1.17-19), fazendo-o entender mais e mais a
verdade revelada e também levando-o à aceitaçã o dela, fatores
essenciais para o crescimento na vida cristã (2Co 3.18; Cl 1.9-10).
CUIDADO! VENENO!
Liberalismo teológico: Ensina que a revelaçã o de Deus
acontece por meio de fatos que se situam dentro da ordem natural
das coisas. Segundo os liberais, os escritores antigos testemunharam
esses fatos e os interpretaram como milagres, adicionando-lhes uma
dimensã o sobrenatural inexistente. Por isso, as descobertas da
ciência, da filosofia e da psicologia da religiã o devem ser usadas
para corrigir as ideias distorcidas dos autores bíblicos, removendo
do texto bíblico tudo que é mitoló gico (demitizaçã o ou
desmitologizaçã o).
CAPÍTULO 2
Introduçã o
Obviamente os crentes aceitam sem reservas o fato da existência
de Deus. Crendo na veracidade da Bíblia, nã o podem negar o Deus
que ela apresenta.
Assim, numa sociedade em que o ateísmo filosó fico e prá tico
finge ser incontestá vel, os discípulos de Jesus caminham na
contramã o das tendências seculares, proclamando a realidade de
um Deus criador, amoroso e santo com quem é possível o homem se
relacionar e, por meio disso, desfrutar de notá vel satisfaçã o .
A existência de Deus
A Bíblia nã o discute a existência de Deus. Antes, simplesmente a
afirma logo em seu primeiro versículo (Gn 1.1), dizendo
posteriormente que é possível perceber que Deus existe por meio da
criaçã o e da providência (At 14.17; Rm 1.20), sendo isso tã o ó bvio
que somente os insensatos sã o capazes de dizer que nã o há Deus (Sl
14.1).
Os atributos naturais
Sã o atributos ligados à existência de Deus, ou seja, à quilo que ele
é em si mesmo. Os atributos naturais sã o os seguintes:
Vida. Deus é um ser vivo. Ele pensa, sente e age. Sua vida é infinita.
Ele jamais morrerá (Jr 10.10; Mt 16.16; Jo 5.26; 1Ts 1.9).
Onipotência. Deus tem poder ilimitado. Ele pode fazer tudo que
deseja e que planejou executar sem que nada o impeça ou dificulte
suas açõ es (Jó 42.2; Jr 32.17; Sl 115.3; Mt 19.26). Entretanto, todo o
seu poder é coerente com seu cará ter santo e sua natureza infinita.
Desse modo, há coisas que Deus nã o pode fazer como mentir,
morrer ou criar um ser melhor que ele pró prio (Tt 1.2; Hb 6.18).
Os atributos morais
Sã o os atributos ligados ao cará ter infinitamente imaculado de
Deus. Podem ser resumidos em dois:
A Trindade
Deus é um ser em três pessoas. Pai, Filho e Espírito Santo sã o
pessoas distintas, que se inter-relacionam numa ú nica essência. Essa
doutrina nã o pode ser entendida pela ló gica humana, mas é
claramente ensinada na Bíblia que afirma a divindade do Pai (Ef
1.3), do Filho (1Jo 5.20) e do Espírito (At 5.3-4).
A doutrina da Trindade nã o deve ser entendida como triteísmo
(a crença em três deuses distintos), pois ainda que Deus seja
tripessoal, a Bíblia afirma claramente que ele é um só em essência
ou substâ ncia (Dt 6.4; Tg 2.19).
Os nomes de Deus
A Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, apresenta diversos
nomes pelos quais Deus é chamado. Cada um deles revela algo
acerca do cará ter ou das obras do Senhor.
EXEMPLO DE
NOME SIGNIFICADO
OCORRÊNCIA
Elohim Deus (alguém Gn 1.1
forte)
Adonai Senhor (de tudo) Js 3.11
Yahweh EU SOU QUEM Ê x 3.14-15
SOU
El Shaddai Deus Todo- Gn 17.1
Poderoso
El Elyon Deus Altíssimo Gn 14.18-22
El Olam Deus Eterno Is 40.28
Yahweh Jireh O Senhor proverá Gn 22.14
Yahweh Nissi O Senhor é minha Ê x 17.15
bandeira
Yahweh Shalom O Senhor é paz Jz 6.24
Yahweh O Senhor dos 1Sm 1.3
Sabbaoth exércitos
Yahweh O Senhor que vos Ê x 31.13
Meqaddishkem santifica
Yahweh O Senhor justiça Jr 23.6
Tsidkenu nossa
Os decretos de Deus
Decretos de Deus sã o seus planos e desígnios perfeitos,
estabelecidos na eternidade. Por meio deles o Senhor dirige
soberanamente a histó ria e realiza sua vontade em todo o universo,
atingindo, assim, seus propó sitos santos (Ef 1.11).
Os decretos de Deus sã o impossíveis de ser frustrados (Jó 23.13-
14; 42.2; Is 43.13; 46.10), sobrepõ em-se aos propó sitos humanos (Sl
33.10; Pv 19.21; Dn 4.35; Fp 2.13) e, sendo perfeitos, nã o sofrem
alteraçõ es (1Sm 15.29; Is 46. 10; Hb 6.17), subsistindo para sempre
(Sl 33.11).
A criação: Tudo o que Deus criou está sujeito aos seus planos e
cumpre o que ele determina (Sl 148.1-10). Foi, inclusive, por seu
decreto soberano que a natureza foi submetida à vaidade (ou seja,
foi condenada à uma existência fú til, fadada à deterioraçã o) até o dia
da libertaçã o dos crentes (Rm 8.20-21). De fato, nada acontece em
toda a criaçã o sem a autorizaçã o suprema de Deus (Mt 10.29).
Ressalvas importantes
Os decretos de Deus não tornam os homens inocentes pelos
males que praticam. Os caldeus foram considerados culpados por
sua maldade contra Judá (Hc 1.11), mesmo sendo o pró prio Deus
quem os levantou para realizar esses atos (Hc 1.6). Da mesma forma,
Herodes e Pô ncio Pilatos pecaram quando conspiraram contra Jesus,
apesar de ter sido Deus quem decretou que agissem assim (At 4.27-
28). O que se depreende disso é que o decreto de Deus nã o anula o
pecado dos perversos, nem torna Deus culpado por suas má s açõ es.
Note-se que Jesus reprovou Judas mesmo sabendo que ele, com sua
traiçã o, cumpriu o decreto divino (Mt 26.24). Pedro, por sua vez,
criticou os judeus de Jerusalém por matarem Jesus, mesmo sabendo
que isso tinha sido preestabelecido por Deus (At 2.23). A maneira
como Deus decreta o mal sem se tornar culpado e sem remover a
culpa dos perversos nã o é revelada na Escritura, estando além da
compreensã o humana. Trata-se de um dos muitos mistérios que
permanecem escondidos na mente insondá vel do Senhor (Dt 29.29)
e que deve estimular a humildade, a fé e a adoraçã o, e nunca a
rebeliã o ou o inconformismo (Rm 11.33-36).
Introduçã o
A figura de Jesus de Nazaré é, sem dú vida, a mais notá vel de toda
a histó ria. Sua grandeza, porém, estimulou a mente humana a criar
diferentes conceitos e teorias acerca do filho do carpinteiro que,
com sua mensagem e obra, mudou o mundo inteiro.
Foi assim que filosofias e seitas estranhas surgiram ao longo dos
séculos fazendo ousadas asseveraçõ es sobre Jesus, muitas vezes
desprezando o que ele pró prio disse de si mesmo ou o que os seus
discípulos afirmaram acerca dele. A proliferaçã o dessas seitas e
teorias afastou muitas pessoas da verdade acerca de Cristo
proclamada pela igreja com base no testemunho da Bíblia.
Essa verdade consiste, basicamente, da afirmaçã o de que Jesus
Cristo é o Filho de Deus, Deus-homem, impecá vel, que morreu em
lugar do ser humano a fim de que, pelo seu sacrifício, o homem
recebesse remissã o dos pecados (Ef 1.7).
Os cristã os creem ainda que Jesus Cristo ressuscitou dentre os
mortos ao terceiro dia e hoje está vivo, sustentando o universo (Cl
1.17; Hb 1.3), intercedendo a favor dos crentes (Hb 7.25) e
aguardando a chegada do dia fixado para sua volta (At 1.11).
Os crentes ensinam que as pessoas devem abandonar os
conceitos errados que as seitas e filosofias criaram sobre o filho de
Deus e, entã o, acolher a cristologia ortodoxa fundamentada nas
Escrituras. Isso porque aquilo que o homem pensa acerca de Jesus é
de má xima importâ ncia tanto para a vida presente como a futura. Na
verdade, a Bíblia deixa claro que o fato de uma pessoa crer ou nã o
em Cristo conforme pregado pelos apó stolos da Bíblia é fator
determinante do lugar onde ela passará a eternidade (Jo 3.36).
A pessoa de Cristo
Jesus Cristo é Deus-homem. Isto significa que ele tem duas
naturezas: a humana e a divina. No decorrer dos séculos muitos
teó logos se reuniram para discutir esse assunto. Os principais
concílios que trataram desse tema ao tempo da igreja antiga foram:
Fica claro, portanto, que Jesus Cristo é totalmente homem (1Tm 2.5)
e totalmente Deus (1Jo 5.20) em uma só pessoa (Rm 9.5).
A preexistência de Cristo
Fortemente relacionado à divindade de Cristo está o ensino
acerca da sua preexistência e eternidade. Os textos que servem de
base para essa doutrina sã o: Miqueias 5.2; Isaías 9.6; Joã o 1.1-3;
8.56-58; Colossenses 1.17 e Hebreus 1.8.
Mansidão. Jesus era manso, isto é, mantinha uma atitude contrá ria à
aspereza. Ele tratava as pessoas com brandura e docilidade (Mt
11.29; Lc 23.34; 2Co 10.1; 1Pe 2.23). Isso nã o significa, porém, que
eventualmente nã o lidasse com o pecado de forma severa e rigorosa
(Mt 23.33; Lc 13.32; Jo 2.14-16; Ap 19.11-16).
A obra de Cristo
O autoesvaziamento de Cristo
O autoesvaziamento ou kenosis de Cristo é uma expressã o que
aponta para a disposiçã o humilde presente no Senhor de abrir mã o
voluntariamente da sua gló ria celestial enquanto esteve neste
mundo, assumindo assim a forma de servo e sendo obediente até à
morte, tudo por amor aos perdidos (Hb 12.2).
O texto principal acerca da kenosis é Filipenses 2.5-8. Note-se
que esse ensino é uma das principais bases doutriná rias para a
unidade cristã e para a convivência humilde, pacífica e nã o egoísta
entre os membros da igreja de Deus (Fp 2.2-5).
CAPÍTULO 4
A DOUTRINA ACERCA DO
ESPÍRITO SANTO
(Pneumatologia)
Introduçã o
A doutrina acerca do Espírito Santo talvez seja uma das á reas
mais debatidas da teologia cristã , sendo também o campo em que,
na prá tica, a igreja tem cometido seus maiores erros e excessos.
Definiçõ es confusas e obscuras, interpretaçõ es bíblicas intuitivas,
valorizaçã o da experiência mais do que do testemunho bíblico,
apego a costumes e tradiçõ es, tudo isso tem contribuído para a
construçã o de uma pneumatologia defeituosa, bem distante do
ensino apostó lico.
Obviamente, os desvios nessa á rea têm gerado consequências
desastrosas, tanto para a vida pessoal dos crentes, como para as
igrejas locais na realizaçã o de seus atos de adoraçã o, serviço e
proclamaçã o, o que impõ e a necessidade de estudo mais sério e de
francas correçõ es.
O material que segue visa atender um pouco a essa necessidade,
protegendo o estudante da Bíblia dos desvios tã o comuns com que o
povo de Deus se depara quando ouve falar sobre a pessoa e obra do
Espírito Santo. Neste capítulo, o cristã o encontrará também
ferramentas para desenvolver uma pneumatologia sadia e propagá -
la a seus irmã os de fé.
CUIDADO! VENENO!
Introduçã o
O que é o homem? Como ele surgiu? Qual a razã o de sua
existência? O ser humano tem algum grau de dignidade? Se tem,
qual é a base dessa dignidade? O homem é somente um animal
constituído de simples matéria perecível ou sua estrutura abrange
algo mais? Tem ele deveres morais? Qual é a fonte e a base desses
deveres?
Essas perguntas e muitas outras sã o feitas frequentemente por
pessoas que veem com razã o a importâ ncia que as respostas a elas
têm para o sentido da vida e o procedimento ético. Diante dessas
questõ es, filó sofos seculares das mais variadas tendências
elaboraram diferentes respostas, sem que nenhuma delas
fornecesse bases só lidas para o respeito devido ao ser humano ou
para um sistema de conduta que pudesse ser esperado ou exigido
das pessoas.
Os cristã os, por sua vez, creem que a Bíblia responde todas essas
perguntas de modo claro e preciso, formando uma antropologia
sadia que eleva a importâ ncia de cada indivíduo e que lança as bases
para uma conduta honrosa.
A criaçã o
Fora da Bíblia nã o há nada que possa ser dito com certeza sobre
a origem do homem. Os povos antigos legaram vá rios contos e
lendas sobre o aparecimento da raça humana na Terra, mas todos
esses relatos sã o desprovidos de credibilidade.
Nos tempos modernos a ciência tem formulado teorias
relacionadas à origem do homem. Essas teorias, porém, baseiam-se
mais em hipó teses do que em fatos demonstrá veis.
A verdade é que, à luz do ensino bíblico, o homem nã o é produto
de uma evoluçã o natural como muitas pessoas acreditam. O homem
é, isto sim, um ser criado por Deus (Gn 1.26-27).
TRICOTOMISMO DICOTOMISMO
O homem é O homem é composto
composto de por uma parte material
corpo, alma e (corpo) e uma espiritual
espírito. (alma ou espírito).
Base Bíblica
Mt 10.28; Lc 1.46-47
Base Bíblica
(aqui há um paralelismo
1Ts 5.23; Hb
em que alma e espírito
4.12
sã o sinô nimos); Rm
8.10; 1Co 5.5; 2Co 7.1
À imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27; 5.1; 9.6; 1Co 11.7). Isto
nã o significa que o homem é fisicamente semelhante a Deus, pois
Deus é espírito (Jo 4.24) e nã o tem um corpo. Certamente na
expressã o “imagem e semelhança” estã o envolvidos a
personalidade, o senso moral, a capacidade de se relacionar num
nível pessoal, o poder de dominar a criaçã o e a espiritualidade,
fatores que caracterizam o ser humano e que tanto o diferem dos
animais.
É preciso esclarecer que imagem e semelhança sã o termos
distintos usados para descrever uma mesma realidade. A expressã o
encerra um recurso de linguagem chamado hendíadis, palavra que
significa, literalmente, “um por meio de dois”. Na hendíadis,
portanto, duas palavras de conceito bá sico levemente distinto sã o
usadas para se referir a um ú nico conceito. Esse é, pois, o caso de
“imagem e semelhança”.
O fato de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus torna o
homem um ser digno de respeito.
Com faculdades intelectuais (Gn 2.19-20). Ao ser criado, o homem
podia pensar, falar e tomar decisõ es. Ele já possuía, entã o, uma
natureza racional.
Com uma natureza moral santa (Ec 7.29). Quando Deus criou o
homem, este nã o tinha qualquer pecado ou impureza. Certamente
esta foi a maior gló ria que recebeu. O homem, no princípio, era um
ser moralmente perfeito.
O propó sito da criaçã o do homem
O Catecismo Maior de Westminster, formulado pela Assembleia
de Westminster (1643-1649), ensina com precisã o o propó sito
principal da criaçã o do homem:
CUIDADO! VENENO!
Evolucionismo/materialismo: Afirma que a realidade veio à
luz pelo acaso e que o homem é só mais um item que compõ e essa
realidade, tendo surgido por meio de forças impessoais que deram
andamento a um longo processo evolutivo. Foi, assim, por meio da
evoluçã o que o ser humano chegou ao atual está gio em que se
encontra bioló gica e mentalmente. Uma vez que o homem é somente
matéria, nã o existe vida além-tú mulo.
Existencialismo: O termo “existencialismo” abrange uma vasta
gama de ideias e concepçõ es. Em seu formato mais secularizado,
porém, parte da noçã o de que o homem simplesmente foi jogado e
abandonado neste mundo, de maneira que, se quiser ser feliz, deve
viver aqui por conta pró pria, elaborando seus valores e tomando
suas pró prias decisõ es. Portanto, de acordo com essa visã o, nã o há
nenhum sentido na vida. Contudo, o ser humano pode vencer esse
vazio existindo intensamente, isto é, vivendo de maneira apaixonada
(agindo, sentindo, provando, fazendo...), apesar de estar num mundo
absurdo e muitas vezes cruel. O tempo que o homem tem para
tomar as decisõ es que vã o dinamizar sua vida é muito curto. De
qualquer forma, no fim a morte transformará a existência humana
em nada. Existencialistas famosos sã o Karl Jaspers, Jean-Paul Sartre,
Martin Heiddeger e Søren Kierkegaard.
CAPÍTULO 6
A DOUTRINA ACERCA DO PECADO
(Hamartiologia)
Introduçã o
O conceito bíblico de pecado e todas as verdades cristã s acerca
desse tema nã o têm recebido a merecida atençã o nos tempos atuais,
nem por parte do mundo (obviamente), nem tampouco da igreja em
geral (lamentavelmente).
Pouco se fala sobre o maior problema da humanidade, o que é
lastimá vel, posto que o pecado está na raiz de todas as desgraças
que se abatem sobre os indivíduos, as famílias e a sociedade como
um todo.
As razõ es dessa negligência sã o, basicamente, duas: o
secularismo que domina a sociedade e o utilitarismo que invade as
igrejas. Movidos pelo secularismo, os homens tendem a explicar
toda má conduta com base em noçõ es científicas, como doenças ou
distú rbios psíquicos ou sociais, rejeitando qualquer ideia de pecado.
Impulsionadas pelo utilitarismo, as igrejas, por sua vez, tendem a
evitar qualquer assunto que retarde ou impeça o seu crescimento,
afastando as pessoas que as visitam. Daí o silêncio acerca de temas
como o pecado e todas as suas conseqü ências tanto aqui como na
vida futura.
A Bíblia, contrariando isso tudo, fala bastante sobre o pecado,
tratando do assunto com notá vel clareza. O traço que tanto
caracteriza a raça humana nã o deixa de receber ampla atençã o na
Palavra de Deus. É , pois, esse aspecto da doutrina cristã , tã o
compreensivelmente mencionado nas pá ginas das Escrituras, que é
exposto a seguir.
O significado de “pecado”
A Bíblia diz que “as vossas iniquidades fazem separaçã o entre
vó s e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vó s
para que vos nã o ouça” (Is 59.2). Isso mostra que, basicamente, o
pecado é algo que provoca o rompimento das relaçõ es do homem
com Deus.
Falando, porém, de modo mais específico, o pecado pode ser
definido como:
O alcance do pecado
Nada no universo que Deus criou está fora do alcance do pecado.
Tanto a realidade material como a espiritual foram afetadas pela
rebeliã o de criaturas racionais contra o seu Criador. Assim, o pecado
atingiu:
A depravaçã o total
O pecado afetou o ser humano em sua totalidade. A esse efeito
devastador do pecado, dá -se o nome de “depravaçã o total”.
Cabem aqui algumas ressalvas. Quando se diz que o homem é
totalmente depravado, isso nã o significa que cada pessoa do mundo
pratica todas as formas de abominaçã o imaginá veis. Também nã o
significa que os seres humanos sã o incapazes de realizar qualquer
ato de bondade ou virtude.
ÁREA
AFETAD EFEITO BASE BÍBLICA
A
Mente O interior do Gn 6.5; Sl 58.3;
homem é uma Mt 15.18-19
fonte
inesgotá vel de
palavras e
açõ es má s.
Intelecto O homem nã o Rm 3.11; 1Co
consegue 1.18; 2.14; 2Co
entender as 3.14-15; 4.3-4
realidades
espirituais.
O homem tem Is 5.20; Rm
sua capacidade 1.32; Ef 4.17-
de julgar entre 19; 1Pe 4.4
o bem e o mal
limitada.
O homem Sl 14.1; Mt
tende a acolher 24.5,11; 2Ts
as mentiras e 2.9-11; 2Tm
fá bulas mais 4.3-4
grosseiras.
Emoçõ es O ser humano
Jó 15.16; Is
se alegra em
66.3; 2Ts 2.12;
prá ticas
2Pe 2.13
detestá veis.
O ser humano
nã o nutre afeto
algum pela Jr 6.10
Palavra de
Deus.
O ser humano Jo 3.19; 15.18-
ama as trevas, 19; 1Jo 3.13
mas odeia
Cristo e seus
discípulos.
O homem nã o
consegue Jr 13.23; Rm
realizar suas 7.15-23
boas decisõ es.
O homem nã o
Jo 1.13;
consegue, por
Vontade 6.44,65; Rm
si só , optar por
3.11
ir a Cristo.
O homem
deseja fazer a Rm 8.8; Ef
vontade da 2.1-3
carne.
O pecado e o livre-arbítrio
Livre arbítrio nã o é, como muitos pensam, a capacidade natural
que as pessoas têm de fazer as escolhas gerais do dia-a-dia. Isso, na
verdade, é mera expressã o do exercício comum da vontade e, ainda
que sofra as influências do pecado, nã o foi erradicada com a queda
do homem no É den.
Observe-se a seguir uma possível definiçã o de livre-arbítrio:
O crente e o pecado
Cristo proveu o sacrifício necessá rio para a satisfaçã o da justiça
de Deus (1Jo 2.2), de forma que, graças à sua obra na cruz, toda
transgressã o pode ser perdoada. Assim, o crente deve confessar
seus pecados a Deus sabendo que ele é fiel e justo para purificá -lo de
toda injustiça (1Jo 1.9). Essa confissã o deve ser expressã o de
verdadeiro arrependimento (Tg 4.8-9).
No tocante à natureza pecaminosa, o crente deve, pelo poder do
Espírito que nele habita, enfraquecê-la, a fim de nã o andar sob os
ditames de suas paixõ es carnais (Rm 6.12-13; 8.13; Gl 5.16-26; Ef
4.17-24; Cl 3.5). Ele deve fazer isso sabendo que foi revestido de
uma nova natureza (Rm 8.1-5, 9; 2Co 5.17; Cl 3.9-10) que o capacita
a nã o viver como escravo de suas má s inclinaçõ es.
CUIDADO! VENENO!
Humanismo otimista: Rejeita qualquer noçã o de pecado ou de
depravaçã o do ser humano. Parte do pressuposto de que os desvios
de comportamento das pessoas sã o devidos a influências externas
tais como a educaçã o recebida no lar, o ambiente social, as
experiências de frustraçã o ou sofrimento e as pressõ es culturais
e/ou religiosas. Os indivíduos sã o dotados, portanto, de bondade
intrínseca, a qual pode aflorar caso os fatores restritivos externos
sejam afastados. Esses pressupostos sã o acolhidos por algumas
vertentes da psicologia e da sociologia seculares.
Evolucionismo ateísta: Em suas expressõ es mais radicais,
ensina que o homem está evoluindo nã o só na esfera bioló gica, mas
também moral. Isso, porém, nã o significa que o ser humano está
crescendo no cultivo de boas virtudes, mas sim que, em seu
amadurecimento cultural, caminha no rumo da total liberdade em
relaçã o a qualquer padrã o ético que lhe seja imposto. Uma vez que
nã o existe Deus, o pecado e os conceitos de bem e mal sã o somente
fá bulas. Por isso, no auge de sua evoluçã o “espiritual”, o homem se
verá livre de qualquer consciência que lhe imponha uma conduta
considerada louvá vel à luz dos velhos ensinos cristã os.
CAPÍTULO 7
A predestinaçã o
Os verbos “predestinar” e “predeterminar” traduzem a palavra
grega proorízo. Predestinar é destinar de antemã o e se trata de uma
açã o de Deus que abrange todos os eventos (At 4.27-28). No campo
da soteriologia, a Bíblia afirma que Deus predestinou os crentes
para serem conforme a imagem de seu Filho e que o resultado final
disso será a glorificaçã o deles (Rm 8.29-30).
Deus também predestinou os crentes para a adoçã o de filhos.
Isso teve como ú nica causa a livre escolha do Senhor, realizada
segundo o conselho da sua vontade (Ef 1.5,11).
O propó sito ú ltimo da predestinaçã o dos crentes é o louvor da
gloriosa graça de Deus (Ef 1.6).
A eleiçã o
A eleiçã o (Gr. eklogé / eleitos, Gr. eklektoí) diz respeito ao ato
livre e soberano de Deus de escolher aqueles que, sem mérito algum,
serã o alvos efetivos da sua graça salvadora (Rm 9.14-24; 11.3-8).
O ato divino de eleger os que seriam salvos ocorreu na
eternidade, antes da fundaçã o do mundo (Ef 1.4), e foi realizado
conforme a graça e a livre determinaçã o do Senhor (2Tm 1.9; 1Pe
1.1-2), e nã o de acordo com qualquer fator positivo que ele,
porventura, tenha visto previamente no homem (Rm 9.11,16; 11.5-
6). De fato, a eleiçã o nã o busca homens dignos, mas sim produz
homens dignos (Cl 1.12), fazendo deles veículos de bênçã os (Mc
13.20) e protegendo-os do engano (Mt 24.24).
O Novo Testamento enfatiza que nã o há nenhuma injustiça da
parte de Deus em seu ato de eleger quem ele quer para a salvaçã o
(Rm 9.13-20).
A aquisiçã o
Deus comprou (Gr. agorázo) ou adquiriu (Gr. peripoiéo) o crente
para si e o preço que pagou foi o sangue de seu pró prio Filho. Como
um escravo que foi adquirido por precioso valor, o cristã o agora
pertence a Cristo, sendo servo dele para sempre (At 20.28; 1Co 6.20;
7.23; Ap 5.9).
A libertaçã o
De acordo com Gá latas 3.10-11, todas as pessoas estã o debaixo
da maldiçã o da lei, sendo consideradas condená veis diante de Deus
em virtude de sua transgressã o. O crente, porém, foi liberto (Gr. vb.
exagorázo) dessa maldiçã o, pois Cristo o substituiu na cruz, fazendo-
se, ele pró prio, maldiçã o em lugar do pecador (Gl 3.13).
Cristo também libertou o crente do fardo da Lei a fim de que o
homem salvo nã o viva como um escravo oprimido, mas desfrute do
status de filho de Deus por adoçã o (Gl 4.5-6).
A redençã o
No conceito de redençã o (Gr. lytrosis – Hb 9.12/ apolytrosis – Rm
3.24; Ef 1.7) está embutida a ideia de livrar por meio do pagamento
de um resgate (Gr. lytron – Mt 20.28). Por meio do pagamento
realizado por Cristo na cruz, os crentes foram resgatados (Gr. vb.
lytróo) da iniquidade (Tt 2.14) e da maneira vazia de viver (1Pe
1.18).
A redençã o do crente tem também um aspecto futuro,
adquirindo o sentido de livramento da presente realidade marcada
pelo pecado e seus efeitos (Rm 8.23; Ef 1.14; 4.30).
A vocaçã o
A vocaçã o (Gr. klesis / aquele que é chamado, Gr. kletós, vb.
kaléo) de que se trata aqui é o chamado especial que o Senhor dirige
unicamente aos eleitos (Rm 1.6; 8.28,30; 1Co 7.17-24; Ef 4.1,4; Cl
3.15; Hb 3.1). Trata-se de um convite diferente do chamado geral,
dirigido a todas as pessoas (Mt 11.28; 22.14), uma vez que a vocaçã o
salvífica é eficaz e sempre conduz o eleito a Cristo (1Tm 6.12; Jd 1).
Essa vocaçã o especial é baseada unicamente na graça de Deus, sem
que o homem chamado tenha mérito algum (2Tm 1.9).
A resposta positiva à vocaçã o salvífica é garantida porque esse
chamado, uma vez que é dirigido somente aos eleitos, é
acompanhado pela obra de convencimento do Espírito Santo que,
com paciência e docilidade, atua no coraçã o do indivíduo até que ele
entenda e aceite a mensagem cristã (At 16.14).
Frise-se que essa obra eficaz de vocaçã o e convencimento nã o é
realizada em cada ser humano (Rm 11.4; 1Co 1.23-26), do contrá rio
todos os homens seriam salvos, hipó tese que, como é sabido, jamais
se cumprirá (Mt 25.46; 2Ts 1.9).
Assim, conforme dito, somente os eleitos sã o objeto do chamado
gracioso (Rm 8.28-30; 2Ts 2.13-14). Estes, ainda que possam resistir
à açã o de Deus em sua vida durante algum tempo, no fim fatalmente
se rendem à voz de Cristo e, ansiando por ele, curvam-se aos seus
pés cheios de fé, arrependimento e gratidã o (Jo 10.16). Os demais,
porém, sã o deixados na incredulidade ou punidos com
endurecimento ainda maior (Is 63.17; Jo 12.37-40; Rm 1.24-28;
9.17-18; 11.7-10; 2Ts 2.11).
O perdã o
Na esfera da soteriologia, perdoar (Gr. charízomai / perdã o, Gr.
áfesis, vb. afíemi) é o ato de Deus que consiste em cancelar toda a
dívida que o pecador tem com ele (Cl 2.13), deixando-o livre para
prosseguir, sem qualquer cobrança (Veja-se uma ilustraçã o disso em
Mateus 18.23-27).
Esse perdã o salvífico é ú nico e ocorre ao tempo da conversã o (At
10.43). Nesse aspecto, é diferente do perdã o que, diversas vezes ao
longo da jornada cristã , Deus concede ao crente que confessa seus
pecados (1Jo 1.9).
O perdã o salvador de Deus só é possível porque Cristo sofreu as
consequências do pecado (Ef 1.7; 4.32).
A justificaçã o
Justificar (Gr. dikaióo) é declarar justo ou livre de culpa e de
castigo.
Assim, a justificaçã o (Gr. dikaíosis) é o ato judicial de Deus,
baseado na obra de Cristo, mediante o qual ele atribui justiça ao
homem que deposita sua confiança em Jesus, livrando-o da
condenaçã o decorrente da culpa do pecado (At 13.38-39; Rm 3.21-
24; 5.1; 8.1,30,33-34; Fp 3.9; Tt 3.5-7).
Obviamente, a justificaçã o abrange o perdã o (Rm 4.6-8), mas vai
além desse conceito, pois nã o somente cancela os pecados do
homem que crê, mas também atribui a ele a justiça de Cristo
realizada na cruz (Rm 5.18; 2Co 5.21).
A justificaçã o é imediata, ou seja, ocorre no exato momento em
que o homem passa a ter fé em Cristo (Rm 4.5).
A reconciliaçã o
Reconciliaçã o (Gr. katallagé, vb. katallásso) é o restabelecimento
da paz entre Deus e o homem. Por causa do pecado, o
relacionamento entre ambos foi rompido (Is 59.2; Tg 4.4). Cristo,
porém, sofreu em seu corpo, pela morte, as consequências dessa
inimizade (Cl 1.21-22– aqui consta o verbo apokathístemi,
restaurar). Agora, quem crê nele é reconciliado com Deus, sendo
salvo da sua ira (Jo 3.36; Rm 5.9-11). Assim, a reconciliaçã o ocorre
por meio de Cristo e abrange o perdã o dos pecados (2Co 5.18-19).
A mensagem que anuncia a disposiçã o de Deus em reconciliar o
homem consigo, mediante Jesus, é o cerne das boas-novas pregadas
pelos apó stolos, sendo essa a mensagem que faz do evangelista um
embaixador de Deus (2Co 5.20).
A reconciliaçã o que ocorre no momento da conversã o é ú nica e
definitiva. Porém, há um aspecto da reconciliaçã o que é mais
dinâ mico e que envolve repetiçã o. Trata-se das situaçõ es em que o
crente vê seu relacionamento com Deus ser abalado por causa do
pecado pessoal. Nesses momentos a orientaçã o bíblica é que o
cristã o busque, pelo arrependimento e obediência, a restauraçã o da
comunhã o que foi rompida (2Co 5.20).
A adoçã o
O termo “adoçã o” (Gr. huiothesía) é usado para descrever a
posiçã o que o crente ocupa diante de Deus, desfrutando dos direitos
e privilégios de filho.
Por causa da adoçã o, o cristã o deixa de ser como um escravo que
vive debaixo do medo e começa a participar de um relacionamento
com o Senhor marcado por intimidade e segurança (Rm 8.15; Gl 4.5-
6). Também pela adoçã o, o homem se vê livre do jugo escravizante
da lei e entra para a condiçã o de herdeiro de Deus (Rm 8.17; Gl 4.7).
A adoçã o é garantida na predestinaçã o feita pelo Pai (Ef 1.5), é
efetivada na conversã o ao Filho (Jo 1.12) e é testificada no coraçã o
pelo Espírito (Rm 8.16).
A regeneraçã o
Basicamente, regenerar (Gr. anagennáo / regeneraçã o, Gr.
palingenesia,) significa gerar de novo. Nã o se trata, portanto, de uma
mera reforma na vida de alguém, mas sim de um novo nascimento
que ocorre na esfera espiritual (Jo 3.3-6; 1Pe 1.3,23; 1Jo 3.9) e cuja
origem está em Deus.
Conforme o ensino de Jesus, ser regenerado é nascer “da á gua e
do Espírito” (Jo 3.5). Essa expressã o evoca a Nova Aliança
mencionada em Ezequiel 36.25-27. Dessa passagem se depreende
que nascer “da á gua e do Espírito” é ser purificado dos pecados e
habitado pelo Espírito Santo (Tt 3.5-6).
A vivificaçã o
A Bíblia ensina que o homem incrédulo está morto em meio a
delitos e pecados. Ocorrendo, porém, a fé em Cristo, o pecador é
ressuscitado, recebendo vida espiritual (Ef 2.1,5) e perdã o (Cl 2.13).
Ao ser vivificado (Gr. vb. syzoopoiéo, ser vivificado com), o crente
é, de certa maneira, elevado à esfera celeste, onde desfruta de
privilégios e bênçã os em sua nova associaçã o com o Cristo
ressurreto (Ef 1.3; 2.6).
A recriaçã o
O cristã o é o prenú ncio presente da nova criaçã o futura (Ap
21.5). De fato, a Bíblia diz que quem está em Cristo é parte da nova
criaçã o (Gr. kainé ktísis) de Deus. O efeito disso é que o homem
assim recriado abandona concepçõ es e cosmovisõ es mundanas (1Co
2.16; 2Co 5.16-17) e, na prá tica, se vê comprometido com as boas
obras, assim definidas segundo os padrõ es de Deus (Ef 2.10; 4.23-
24).
A preservaçã o
A doutrina da preservaçã o é também conhecida como doutrina
da perseverança dos santos. Grosso modo, essa doutrina ensina que
aqueles que Deus escolheu por sua graça jamais poderã o perder a
salvaçã o, ainda que estejam sujeitos a quedas e até a desvios
temporá rios.
Uma das bases para essa doutrina está na afirmaçã o de que a
salvaçã o abrange uma sequência de açõ es de Deus que começa na
eternidade passada e se conclui com a glorificaçã o perene no futuro
(Rm 8.29-30). Considerando a soberania e o poder de Deus, essa
sequência nã o pode ser frustrada ou interrompida.
De fato, no texto de Romanos 8.29-30, vê-se que a corrente da
salvaçã o mostra seu elo inicial quando Deus conhece de antemã o e
predestina aqueles a quem decide alcançar. Em seguida, ele chama e
justifica essas pessoas, glorificando-as finalmente.
Evidentemente, nã o há como quebrar esse processo, estando a
salvaçã o garantida, inclusive, pelo selo do Espírito que é o penhor da
herança eterna (Ef 1.13-14).
Ademais, é absurdo conceber o Deus da Bíblia como um ser
incapaz, que predestina alguém para salvar, chama-o e o justifica,
mas no fim nã o consegue glorificá -lo. Aliá s, indo precisamente
contra essa ideia, a Bíblia afirma que é pelo poder de Deus que os
crentes sã o guardados para a salvaçã o (Jo 10.28-29; 1Ts 5.23-24;
1Pe 1.5; 5.10; Jd 24-25).
Outra base para a doutrina da preservaçã o está no conceito de
novo nascimento. Jesus ensinou que o homem salvo é aquele que
nasceu de novo pela fé nele, podendo agora ver o reino celeste (Jo
3.3). Sabe-se também que quem nasce de novo se torna filho de
Deus (Jo 1.12-13; 1Jo 5.1). Evidentemente, para perder essas
bênçã os, o crente teria que “desnascer”. E mais: se quisesse
recuperá -las teria de nascer de novo de novo! Ora, essas
possibilidades nã o existem nas Escrituras. Nascer de novo ou ser
regenerado, tornando-se filho de Deus, é experiência ú nica e,
infalivelmente, resulta na salvaçã o do crente (Gl 3.26-29).
A doutrina da preservaçã o dos santos também se sustenta na
afirmaçã o de que a salvaçã o nã o pode ser anulada pelo pecado
individual do crente. Em 1Coríntios 5.1-5, Paulo fala de um crente
que tinha envolvimento sexual com a mulher do pró prio pai. Era um
pecado tã o grave que ele diz nã o ser comum nem mesmo entre os
pagã os (v.1), devendo esse homem ser “entregue a Sataná s” (v.5), o
que significa ser expulso da igreja (v.13). Isso, porém, nã o fez com
que aquele homem perdesse a salvaçã o. Na verdade, Paulo diz que a
disciplina poderia trazer a destruiçã o do corpo, mas que o espírito
daquele homem seria salvo (v.5). Ademais, em 1Joã o 2.1, é ensinado
que se algum crente pecar, isso nã o gera sua condenaçã o eterna,
mas sim sua defesa, feita por um “Advogado junto ao Pai: Jesus
Cristo, o justo”.
Finalmente, é importante observar que a segurança do homem
salvo é testificada pelo pró prio Espírito Santo em seu interior (Rm
8.15-16).
Outros textos que falam da segurança do crente sã o os seguintes:
Joã o 6.37-40; Romanos 5.8-10; 8.33-39; 1Coríntios 1.7-8; 3.15;
Efésios 4.30; Filipenses 1.6 e Hebreus 7.25.
A santificaçã o
Basicamente, santificaçã o (Gr. hagiasmós) é a separaçã o de algo
por Deus para o seu uso. Quando relacionada à salvaçã o do homem,
a santificaçã o pode ser posicional e experimental.
A glorificaçã o
A glorificaçã o (Gr. vb. doxázo) diz respeito à consumaçã o da
salvaçã o do crente (Rm 8.17-18,21,30; 1Pe 5.4). Na glorificaçã o o
salvo entra para um estado de total livramento do pecado e dos seus
efeitos, passando a habitar com o Senhor para sempre (Cl 3.4; 1Jo
3.2).
Essa fase abrange nã o somente a entrada da alma no céu (Lc
23.43; At 7.59; Fp 1.22-23), mas também, em sua realizaçã o
completa, na ressurreiçã o, o recebimento de um corpo
transformado, totalmente livre de corrupçã o e sobre o qual a morte
nã o tem poder (Rm 8.23; 1Co 15.42-43,51-54; 2Co 5.1-4).
O ambiente definitivo em que a glorificaçã o será desfrutada é a
nova terra que o Senhor há de criar (Ap 21.1-4).
CUIDADO! VENENO!
Arminianismo: O ensino bíblico que afirma que o crente nã o
perde a salvaçã o é chamado tecnicamente de doutrina da
perseverança dos santos. Trata-se de um dos temas principais
defendidos pela teologia reformada. Dentro do protestantismo, a
vertente que se opõ e à doutrina da perseverança dos santos é o
arminianismo, sistema idealizado pelo teó logo holandês Jacó
Armínio (1560-1609). Entre outras coisas, o arminianismo nega a
fó rmula “uma vez salvo, salvo para sempre”. Ainda que esse modelo
tenha sido condenado pelo Sínodo de Dort (1618-1619), muitas
igrejas evangélicas modernas o adotam, sendo possível encontrar
seus expoentes entre batistas (eventualmente), assembleianos
(principalmente) e presbiterianos (surpreendentemente). O perigo
do arminianismo, considerado sob esse aspecto, é que faz a
segurança do crente depender de seu esforço pró prio. No final das
contas, a salvaçã o acaba sendo devida à dedicaçã o e empenho do
homem em vez de ser pela fé somente. Na prá tica, as igrejas que
ensinam a perda da salvaçã o exigem que o crente desviado conserte
sua vida e volte para a igreja se quiser ser “salvo de novo”. A
implicaçã o ló gica é que, de acordo com essa concepçã o, a “segunda”
(ou terceira, ou quarta!) salvaçã o ocorre pelas obras, ainda que os
arminianos nem sempre estejam dispostos a assumir essa
conclusã o.
CAPÍTULO 8
Introduçã o
Uma das doutrinas mais negligenciadas dentro do cristianismo é
a eclesiologia, ou seja, o ensino bíblico acerca da comunidade da fé,
sua natureza, relevâ ncia, deveres e propó sito.
O significado de “igreja”
A palavra “igreja” vem do termo grego ekklesía, que significa
“assembleia”. Juntando esse sentido bá sico com outras informaçõ es
dadas pelo Novo Testamento, é possível definir a igreja da seguinte
forma:
QUATRO RESSALVAS
Distinçõ es comuns
Igreja local e igreja universal: A primeira designaçã o diz
respeito a uma comunidade de crentes que se reú ne numa
localidade específica. A segunda designaçã o se refere geralmente
aos crentes em Cristo espalhados por todo o mundo.
Igreja visível e igreja invisível: A primeira designaçã o refere-
se à igreja local. A segunda designaçã o aponta para a igreja
universal.
Igreja militante e igreja triunfante: A primeira é a igreja que
ainda batalha neste mundo. A segunda, o conjunto de crentes que já
está com Cristo na gló ria celeste.
Os símbolos da igreja
O corpo: É símbolo que denota a unidade dos membros da igreja e a
diversidade das suas funçõ es no corpo de Cristo (Rm 12.4-5).
A liderança da igreja
A Bíblia menciona cinco grupos distintos de líderes eclesiá sticos:
apó stolos, profetas, evangelistas, pastores-mestres (Ef 4.11) e
diá conos (Fp 1.1).
Apó stolos
Evangelistas
Sã o oficiais da igreja designados para proclamar a mensagem de
salvaçã o em Cristo (Ef 4.11). Veja mais informaçõ es sobre esse cargo
no Capítulo 4, subtítulo “Os Dons Alistados na Carta aos Efésios”.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
Diá conos
O termo “diá cono” (Gr. diákonos) designa alguém que serve,
apoia ou auxilia. Está ligado ao verbo diakonéo, cujo sentido é servir
a mesa (Lc 12.37), cuidar ou ajudar.
A princípio, os diá conos eram apenas um grupo de amparo social
(At 6.1-6). Porém, ainda no tempo do NT, sua importâ ncia cresceu,
vindo o cargo a compor a liderança da igreja (Fp 1.1), tanto que os
requisitos bíblicos para o diaconato sã o quase os mesmos impostos
aos pastores (1Tm 3.8-13).
O Batismo
O batismo é obrigató rio a todo aquele que aceitou Jesus Cristo
como seu salvador, pois o pró prio Senhor o ordenou (Mt 28.19-20).
Essa ordenança tem quatro objetivos:
A Ceia do Senhor
A ceia do Senhor é um memorial que recorda o sacrifício de
Cristo (1Co 11.24-25), memorial este celebrado em meio a uma
realidade espiritual que transcende a experiência regular da igreja,
na medida em que proporciona aos crentes uma cumplicidade mais
plena com o pró prio Senhor presente de forma intensa no momento
da celebraçã o (1Co 10.16-17).
Jesus instituiu a ceia pouco antes de sua paixã o (1Co 11.23-26).
Cada elemento tem um significado: o pã o partido simboliza o corpo
de Cristo que foi ferido; o vinho é símbolo do seu sangue vertido na
morte em favor dos pecadores.
A disciplina na igreja
A igreja tem como um dos seus deveres aplicar a disciplina
conforme ensinada no Novo Testamento. Essa prá tica consiste na
expulsã o da pessoa disciplinada seguida do rompimento da
comunhã o dos crentes com ela. Dada sua severidade, a disciplina só
pode ser aplicada quando a pessoa se mostra incorrigível, recusando
se arrepender e abandonar o pecado. Se em casos assim nã o houver
a expulsã o, toda a igreja ficará maculada pelo pecado do membro
rebelde (1Co 5.6).
O Novo Testamento contempla dois modelos de processo
disciplinar eclesiá stico:
CUIDADO! VENENO!
Romanismo: Entende que a Igreja Cató lica Romana é a ú nica
instituiçã o verdadeiramente fundada por Cristo e herdeira dos
apó stolos, cujos sucessores sã o todos os seus bispos, em especial o
papa. Este é o chefe da igreja e sucessor de Pedro. Segundo a visã o
romanista, somente a Igreja Cató lica detém a totalidade dos meios
necessá rios à salvaçã o, o que inclui os sacramentos (principalmente
a eucaristia) que santificam, purificam e transformam os fiéis. Na
visã o cató lica menos radical, alguns elementos da verdade podem
estar eventualmente presentes em outras comunidades cristã s, mas
somente a igreja romana detém o depó sito integral da fé e o poder
exclusivo de interpretar corretamente a Bíblia. Segundo os
romanistas, Maria, sendo mã e de Jesus, é também a mã e da igreja
que deve, assim, venerá -la como concebida sem pecado,
eternamente virgem e assunta ao céu em corpo e alma. A
eclesiologia romanista abrange também uma estrutura altamente
hierarquizada que, em ordem decrescente, é composta por papa (a
quem, desde o Concílio Vaticano I, em 1870, se atribui infalibilidade
em questõ es de fé e moral), cardeais, patriarcas, arcebispos, bispos,
padres e diá conos. Todo o clero cató lico (excetuando os diá conos) é
celibatá rio.
Igreja emergente: Trata-se de um movimento evangélico
surgido no final do século XX que se propõ e a apresentar ao mundo
uma igreja aberta aos conceitos da pó s-modernidade e livre dos
“rígidos” padrõ es éticos, doutriná rios e funcionais propostos pelas
igrejas histó ricas formalmente organizadas. Os expoentes do modelo
eclesiá stico emergente defendem, portanto, uma tolerâ ncia maior
no diá logo entre a igreja e a sociedade pluralista presente, propondo
um discurso cristã o menos “radical”, uma pregaçã o evangelística
menos exclusivista, uma visã o ética mais flexível e tolerante, uma
liberdade mais ampla de expressõ es cultuais e um diá logo
conciliador com outras religiõ es.
Introduçã o
Contrariando as previsõ es dos racionalistas dos séculos XVIII e
XIX, o homem pó s-moderno tem um profundo interesse pelo
universo espiritual. Infelizmente, porém, por causa da ignorâ ncia
bíblica, esse interesse, via de regra, produz construçõ es
equivocadas, baseadas em mitos e superstiçõ es vazias.
É o caso das ideias gerais que as pessoas de hoje nutrem acerca
dos anjos. Livros e revistas aparecem vez por outra tratando desse
assunto e discursos sã o pronunciados acerca do tema até com certa
vivacidade, despertando o interesse de um pú blico enorme.
Contudo, as conclusõ es que muitas vezes sã o apresentadas pelos
“mestres” deste mundo raramente se harmonizam com a doutrina
cristã sobre o assunto, uma vez que nã o se baseiam na Bíblia e,
quando a Palavra de Deus é eventualmente citada para corroborar
alguma proposiçã o, seu texto é geralmente distorcido para atender
aos interesses do expoente.
Diante desse cená rio, este capítulo pretende oferecer elementos
com os quais o crente possa construir uma angelologia
verdadeiramente bíblica com que possa evitar e corrigir os desvios
modernos. Ademais, uma vez que esse tema, conforme será visto,
aparece na Bíblia inú meras vezes, fica fora de dú vida que sua aná lise
merece consideraçã o especial.
Terminologia
Anjos aparecem na Bíblia do princípio ao fim (Gn 3.24; Ap
22.16). Sã o mencionados 325 vezes em 33dos 66 livros. Só o
Apocalipse os menciona 76 vezes. Os termos que a Bíblia usa para se
referir aos anjos sã o os seguintes:
CUIDADO! VENENO!
Testemunhas de Jeová e Adventismo: As Testemunhas de
Jeová acreditam que o arcanjo Miguel era Jesus antes de se encarnar
e que ele retomou essa designaçã o apó s a ressurreiçã o. Os
Adventistas do Sétimo Dia pensam da mesma forma, mas nã o negam
a divindade de Jesus como fazem as Testemunhas de Jeová . O livro
de Hebreus reprova qualquer forma de identificaçã o de Jesus com
um anjo (Hb 1.4-14).
Introduçã o
Muitos crentes ficam confusos acerca dos eventos que Deus
determinou que tomassem lugar no futuro. Isso nã o é sem motivo.
Com efeito, a Bíblia apresenta certa obscuridade no tocante a essas
questõ es, o que fez com que surgissem posiçõ es escatoló gicas
distintas mesmo entre os teó logos mais sérios e zelosos.
O arrebatamento da igreja
O arrebatamento é o primeiro de uma série de eventos que
tomarã o lugar na histó ria como cumprimento de prediçõ es bíblicas.
O texto clá ssico que trata desse assunto é 1Tessalonicenses 4.13-18.
Segundo esse texto, o arrebatamento da igreja acontecerá da
seguinte forma:
A grande tribulaçã o
Logo apó s o arrebatamento da igreja, começará a “grande
tribulaçã o” ou a “septuagésima semana de Daniel”, o período de
“angú stia para Jacó ” (Jr 30.7). Jesus falou sobre a grande tribulaçã o
em Mateus 24.4-30, dizendo que será um período de muita afliçã o,
engano e apostasia que precederá imediatamente a sua vinda.
A Bíblia também ensina que a grande tribulaçã o vai durar sete
anos (Dn 9.27), sendo três anos e meio de falsa paz (1Ts 5.2-3) e três
anos e meio de dores (Dn 7.25; 12.1,7,11; Ap 11.2-3; 12.6,14; 13.5).
É por esse tempo que o anticristo estará atuando de maneira
poderosa sobre toda a terra (Dn 7.7-8,11,19-27; Mt 24.15; 2Ts 2.3-
12; Ap 13.1-8).
Mesmo sendo um tempo de engano, opressã o e sofrimento, a
graça salvadora de Deus será atuante durante a grande tribulaçã o.
De fato, a oposiçã o severa do anticristo nã o impedirá que multidõ es
se convertam e recebam a redençã o que Cristo oferece (Ap 7.9-14).
A maior parte dos eventos que tomarã o lugar no período da
grande tribulaçã o está registrada em Apocalipse 6-19.
1. Os crentes virã o junto com Cristo. Uma possível base para essa
afirmaçã o é Apocalipse 19.11-14.
2. O anticristo que estará atacando Jerusalém com seus exércitos
será derrotado (Zc 12.1-8; 14.1-15; Lc 21.20; 2Ts 2.8), sendo
entã o lançado no lago de fogo, junto com o falso profeta (Ap
19.15-21).
3. Sataná s será preso por mil anos (Ap 20.1-3).
4. Os judeus se arrependerã o e crerã o em Cristo (Zc 12.9-13cp.
Jo 19.36-37; Mt 23.39; Rm 11.25-27), entrando entã o no reino
para desfrutar finalmente da terra que lhes foi dada (Ez 28.25-
26).
5. Os santos do Antigo Testamento e os crentes mortos na
tribulaçã o ressuscitarã o para reinar com Cristo durante os mil
anos (Jó 19.25-27; Is 26.19; Dn 12.2-3,13; Ap 20.4-6).
6. As naçõ es serã o reunidas para julgamento e os gentios salvos
que estiverem vivos serã o separados para entrar no reino
milenar (Mt 24.30-31,36-41; 25.31-34,41).
O milênio
A segunda vinda de Cristo inaugurará o período de mil anos
durante os quais ele reinará na terra em cumprimento à s promessas
feitas a Davi (2Sm 7.10-16; Lc 1.32-33; Ap 20.4). Durante esse
período Sataná s estará preso (Ap 20.1-3) e a terra desfrutará de paz
e justiça (Is 2.1-5; 11.6-9; Zc 14.9).
A partir da aná lise bíblica, tudo indica que no reino milenar
pessoas ressurretas conviverã o com indivíduos ainda nã o
ressurretos. Isso nã o deve causar espanto, pois os episó dios que
seguiram a ressurreiçã o de Cristo mostram que essa convivência é
perfeitamente possível (Mt 28.9-10; Lc 24.28-31,39-43; Jo 21.1-14).
Assim, no milênio estarã o os crentes que serã o arrebatados
antes da tribulaçã o e que voltarã o com Cristo (Ap 19.11-14), os
santos do Antigo Testamento que ressuscitarã o (Dn 12.13), os
salvos da tribulaçã o que também ressuscitarã o (Ap 20.4-6) e os
salvos de Israel e das naçõ es que nã o terã o passado ainda pela
morte (Mt 25.31-34). Esses ú ltimos, sendo pessoas comuns, ainda
nã o ressurretas, viverã o vidas normais, trabalhando, constituindo
família e estando sujeitos à morte, ainda que em idade bastante
avançada (Is 65.18-25).
Sendo assim, novos indivíduos nascerã o durante o milênio e,
ainda que o temor do Senhor predomine nas novas geraçõ es
(especialmente, talvez, de judeus. Cf. Is 65.23), é certo que entre as
naçõ es surgirã o pessoas com inclinaçõ es naturais, nutrindo
disposiçõ es contrá rias ao grande Rei. Isso abrirá as portas para o
evento que é descrito a seguir.
A revolta final
Conforme Apocalipse 20.7-10, ao fim do milênio Sataná s será
solto e sairá seduzindo as naçõ es para que se rebelem contra o Rei.
Ele encontrará coraçõ es propensos à revolta e formará um exército
que atacará a cidade santa.
Um fogo do céu, contudo, destruirá a todos e Sataná s será
finalmente lançado no lago de fogo e enxofre onde já terã o sido
lançados o anticristo e o falso profeta.
O grande trono branco
Esta expressã o se refere ao conhecido “Juízo Final”. Depois da
ú ltima revolta, um trono será firmado para julgar os incrédulos
mortos de todas as eras (Ap 20.11-15). Será , assim, a ocasiã o em que
serã o julgados os que nã o tiveram parte na primeira ressurreiçã o
(Ap 20.5). Estes serã o julgados e condenados a passar a eternidade
no lago de fogo.
É bem prová vel que as pessoas que morreram durante o milênio,
salvas ou nã o, também ressuscitem para o juízo do grande trono
branco, já que a Bíblia nã o aponta nenhuma outra ocasiã o em que a
ressurreiçã o dessas pessoas possa ocorrer.
POSIÇÃO
DEFINIÇÃO
ESCATOLÓGICA
Nã o aceita o futuro
estabelecimento de um
reino de mil anos
literais. Para os
Amilenismo
amilenistas, o milênio é
Origens a partir do
o período entre a
séc. IV
ascensã o de Cristo e sua
segunda vinda, tempo
em que o Senhor reina
no céu.
Pó s-milenismo Ensina que o avanço da
Origens a partir do ciência e do evangelho
séc. XII inaugurará uma era de
paz e prosperidade no
futuro (o milênio).
Quando esse cená rio
novo e desejá vel estiver
pronto, ocorrerá a
segunda vinda de Cristo,
coroando esse tempo de
gló ria e iniciando o
estado eterno.
Defende que o
arrebatamento e a volta
de Cristo formam um
Premilenismo
ú nico evento, depois do
histó rico
qual será
Origens a partir do
imediatamente
séc. II
estabelecido um reino
de mil anos literais de
paz e justiça.
Afirma que a igreja
permanecerá na terra
até a segunda vinda de
Cristo, ficando sujeita à s
Pó s-tribulacionismo
afliçõ es do tempo do
Origens a partir do
anticristo e sendo
séc. II
arrebatada somente
quando o Senhor voltar,
a fim de encontrá -lo nos
ares.
Diz que a igreja será
Mid-tribulacionismo
arrebatada no meio da
ou
tribulaçã o, antes que
Mesotribulacionismo
comece o período de
Origens em meados
42meses de efetivo
do séc. XX
juízo e sofrimento.
Ensina que nem todos
os crentes serã o
arrebatados, mas
Arrebatamento
somente os que têm
Parcial
certa maturidade
Origens em meados
espiritual e que estã o
do séc. XIX
preparados, esperando
o dia do encontro com o
Senhor.
REFERÊNCIAS