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Ebook - Caderno Didático de LP para A Educação Básica
Ebook - Caderno Didático de LP para A Educação Básica
E R N
O D I D
Á T I
C O
DE LÍNGUA PORTUGUESA
P A R
A A E D U
C A Ç
à O
B Á S
I C A
PRODUÇÃO E ANÁLISE DE
MATERIAL DIDÁTICO
ORGANIZAÇÃO
Francieli Matzenbacher Pinton
Jeniffer Streb da Silva
Reitor da Universidade Federal de Santa Maria
Professor Dr. Paulo Afonso Burmann
Pró-reitora de Graduação
Professora Dra. Martha Boher Adaime
Organizadoras
Professora Francieli Matzenbacher Pinton
Professora Jeniffer Streb da Silva
Revisão de linguagem
Caroline Teixeira Bordim
Capa
Gabriela Eckert Pereira
Rosana Maria Schmitt
Diagramação
Gabriela Eckert Pereira
Rosana Maria Schmitt
1
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ 3
2
APRESENTAÇÃO
Caro leitor,
Boa leitura!
3
CAPÍTULO 1 – PRODUZINDO HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Aylon de Oliveira Dutra
Caro aluno,
a partir das atividades a seguir, esta unidade didática objetiva produzir um exemplar de
curta extensão do gênero história em quadrinhos (campo de atuação artístico-literário)
destinado a alunos dos anos finais do Ensino Fundamental. O foco deste material será
sobretudo seu planejamento, a criação de seu roteiro e o desenvolvimento das
personagens. Além disso, também abordaremos os aspectos sociocomunicativos do
gênero, ou seja, aspectos que estão para além da obra, como seu meio de circulação, seu
surgimento histórico, seu público-alvo e seu propósito comunicativo.
Boa produção!
Para começarmos a produzir uma história em quadrinhos, temos que pensar sobre
nossa experiência com esse gênero. Por isso, responda às seguintes perguntas e
compartilhe as respostas com a turma.
Para aprofundar a discussão criada pela pergunta “b”, vamos observar a seguir os
elementos que compõem as histórias em quadrinhos.
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1) Os quadros
Os quadros são os elementos responsáveis por nomear esse gênero. Eles dividem
o enredo em pequenas partes, registrando a movimentação das personagens e criando
a impressão de continuidade. Dentro deles estão os desenhos das personagens e do
cenário e, o nosso próximo elemento, os balões.
2) Os balões
Os balões são a parte que se sobrepõe à imagem para demonstrar que uma
personagem está falando ou pensando. Dentro deles está o texto verbal. Dependendo da
forma como são desenhados, podem indicar diferentes entonações, sentimentos ou
sensações das personagens, conforme podemos observar a seguir.
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Disponível em: encurtador.com.br/qyC03
Atividades
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A partir da atividade anterior, você pôde relacionar um elemento das histórias em
quadrinhos, o balão, com outros gêneros narrativos. Dessa forma, que outros elementos
que estão nesses gêneros também aparecem nas histórias em quadrinhos?
Diferentemente da pergunta anterior, agora iremos pensar o que as histórias em
quadrinhos têm que outros tipos de textos também possuem. Escreva nas linhas a seguir
os elementos que você lembrar:
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Banda Desenhada/Bande Dessinée (França e Bélgica): é como são
conhecidos os quadrinhos franco-belgas. São geralmente publicados
inteiramente coloridos e em formato grande como Asterix e As Aventuras de
Tintim.
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Outros países
▪ Muñequitos (Cuba)
▪ Histórias aos quadradinhos (Angola)
▪ Banda Desenhada ou BD (Portugal).
Voltando à atividade anterior, você deve ter conseguido elencar muitos elementos
com a ajuda do seu professor, sendo eles:
Atividades
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3. um lugar e uma época em que a história tenha se passado:
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4. Discuta com seus colegas e com seu professor e aponte qual foi o equívoco cometido
pela personagem Mafalda na última tira.
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Como foi discutido pela turma, o equívoco de Mafalda está relacionado com o
propósito com que se lê um dicionário. Dificilmente poderíamos pensar que alguém o
leria do início ao fim, pois, quando o utilizamos, é comum querermos saber o significado
de uma palavra em específico.
Dessa maneira, para não cometermos o mesmo erro, antes de produzirmos a
nossa história, temos que refletir sobre os motivos que levam alguém a ler esse gênero,
não é mesmo?!
Para aprofundarmos nossa reflexão, observe a capa do quadrinho a seguir.
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Disponível em: https://apublica.org/2016/06/hq-o-haiti-e-aqui/
5. No que diz respeito à capa, o que podemos observar como atípico do gênero História
em quadrinhos, pensando nos exemplares que você conhece e costuma ler?
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Essa história em quadrinhos, chamada O Haiti é aqui, foi criada pelo jornalista
Enio Lourenço e pelo ilustrador Adriano Kitani, publicada no site da agência de
jornalismo investigativo A Pública, em junho de 2016.
Ela conta a história de alguns imigrantes haitianos no Brasil, e, como você discutiu
com a sua turma, possui informações reais sobre a história dessas pessoas no Brasil.
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Se a história dos haitianos no Brasil está documentada em livros específicos sobre
o assunto e em notícias e reportagens em diferentes portais informativos na internet ou
na televisão, por que alguém escolheria receber essas informações através de uma
história em quadrinhos?
Dessa forma, qual seria o propósito de um leitor em consumir esse tipo de
quadrinhos? Discuta com sua turma e, caso tenha interesse, leia essa história através do
QR Code a seguir:
Com base na discussão com a turma, você deve ter chegado a muitas possíveis
respostas para a pergunta anterior.
Um elemento que deve ter perpassado essa discussão é o recurso expressivo
que a ilustração permite às histórias em quadrinho. Na reportagem cotidiana, a
objetividade das informações pode impedir que tenhamos empatia pelos imigrantes ou
que sejamos entretidos pela sua história. Através da imagem, visualizamos as
personagens, identificamo-nos com elas e apreciamos os traços do ilustrador.
Todos esses elementos corroboram para que um leitor escolha se informar
através do Jornalismo em História em Quadrinhos (JHQ), uma mistura benéfica de dois
gêneros.
Inclusive, o próprio leitor é um elemento importante para refletirmos sobre as
histórias em quadrinhos, assim como o meio de circulação pelo qual ele tem acesso a
esse gênero: gibis, livros, revistinhas etc. Dessa forma, devemos nos perguntar quem são
os leitores de histórias em quadrinhos e onde eles podem ter acesso ao seu meio de
circulação.
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6. Quem você acredita que seja o público alvo das histórias em quadrinho?
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Livros digitais ampliam o acesso à leitura do brasileiro e movimentam setor
Os livros digitais aos poucos têm se tornado mais presentes nas mãos dos
brasileiros, pois são possíveis de se ler em aparelhos próprios para isso como Kindle,
tablets e até pela tela do celular. Por conta de não envolver custos com impressão, lucro
das livrarias e outros acréscimos no valor final do produto, o e-book sai mais em conta
com uma diferença de 20% a 30% sobre o preço de capa nas lojas. [...]
Publicado no Portal de notícias Terra, em março de 2020. Disponível em:
https://www.terra.com.br/noticias/dino/livros-digitais-ampliam-o-acesso-a-leitura-do-
brasileiro-e-movimentam-setor,c9c8bf9b3a1a295c4f3ab416dfd3474bz4crjbmy.html
1. De acordo com o que você leu, assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para cada uma das
afirmações a seguir.
( ) A notícia 2 apresenta uma nova forma de leitura, cujo acesso foi possibilitado pela
tecnologia.
Propósito comunicativo
Meios de circulação:
Público-alvo
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Na seção SAIBA MAIS, em que apresentamos como as histórias em quadrinhos
são chamadas em outros países, você pôde observar que nos Estados Unidos há uma
outra forma de quadrinhos chamada “comic strips” Esse gênero, em português, é
chamado de tirinha, como a que você leu da Mafalda e, apesar dos quadros, possui
algumas diferenças em relação às histórias em quadrinho, assim como outros gêneros
semelhantes também o possuem.
Para compreendermos essa diferença, consulte em livros e materiais, indicados
pelo seu professor, a diferença entre História em quadrinhos e outros gêneros que
também se utilizam de quadros e ilustrações. A turma pode ser dividida de acordo com
os seguintes gêneros: tirinha, charge, cartum e caricatura.
Após a pesquisa, volte ao quadro anterior e discuta com sua turma, comparando
propósito, meio de circulação e público-alvo dos quadrinhos com os gêneros
pesquisados.
"Alguns adultos acham que os crimes descritos nas revistas em quadrinhos estão longe da
realidade que, para as crianças, não passam de pura fantasia. Mas despejar essas histórias
sórdidas nas mentes das crianças não é a mesma coisa que despejar água nas costas de um
pato. A delinquência juvenil cresceu em 20% desde 1947, período que corresponde com o
aumento da circulação de histórias em quadrinhos.”
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Sobre o fragmento, discuta com seus colegas:
2. Quantos anos se passaram entre a publicação de sua coluna e o ano em que você está
lendo esse fragmento? Você imagina que psicanalistas possuam a mesma opinião hoje
em dia? Por quê?
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Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/ciencia/2015/05/1626815-quando-nicolas-cage-faz-filmes-mortes-
sao-evitadas-veja-outras-correlacoes-estatisticas-que-mentem.shtml
UM POUCO DE HISTÓRIA
Maus tornou-se o primeiro graphic novel (como são chamadas as histórias em quadrinho
publicadas em formato de livro) a receber um prêmio Pulitzer, um importante prêmio literário
e jornalístico, em 1992. Maus, rato em alemão, é a história de Vladek Spiegelman, judeu polonês
que sobreviveu aos campos de concentração de Auschwitz, narrada por ele próprio ao filho Art
Spiegelman. O livro é considerado um clássico moderno das histórias em quadrinhos. Foi
publicado em 2 partes, a primeira em 1986 e a segunda em 1991. A obra é um sucesso
estrondoso de crítica e público. Desde que foi lançada, tem sido objeto de análises e estudos de
especialistas em diversas áreas, como artes, história, literatura e psicologia. Em nova tradução,
o livro é agora relançado com as 2 partes reunidas num só volume. Nos quadrinhos, os judeus
são desenhados como ratos e os nazistas como gatos, e, americanos como cachorros e poloneses
como porcos. Esse recurso, aliado à ausência de cor nos quadrinhos, reflete o espírito do livro:
trata-se de um relato incisivo e perturbador que evidencia a brutalidade da catástrofe do
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Holocausto. Art, porém, evita o sentimentalismo e
interrompe algumas vezes a narrativa para
espaçar a dúvidas e inquietações. É implacável
com o personagem principal, seu próprio pai,
retratado como destemido e valoroso, mas
também como mesquinho e racista. De vários
pontos de vista, uma obra sem equivalente no
universo dos quadrinhos e um relato histórico de
valor inestimável.
Disponível em:
https://www.skoob.com.br/livro/2259ED2994
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Aya de Yopougon, de Marguerite Abouet
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lenda e inspirou a criação do Dia da Consciência Negra.
Durante onze anos, Marcelo D’Salete, autor de Encruzilhada e do sucesso internacional Cumbe,
pesquisou e preparou-se para contar a história dessa rebelião que tornou-se nação, referência
maior da luta contra a opressão e o racismo no Brasil. O resultado é Angola Janga – Uma história
de Palmares, um épico com batalhas sangrentas, mas que demonstra a delicada flexibilidade da
resistência às derrotas.
Um grandioso romance histórico em quadrinhos que fala de Zumbi e de vários outros
personagens complexos, como Ganga Zumba, Domingos Jorge Velho, Ganga Zona e diversos
homens e mulheres que compõe o retrato de um momento definidor do Brasil.
4. Qual das histórias em quadrinhos você sentiu mais vontade de ler? Por quê?
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Por que quadrinho é a nona arte?
por SERGIO BARRETTO postado em mar 28, 2011 • 0:37
No começo eram as artes, como a dança, escultura, literatura, música, pintura e teatro. E
as artes eram boas e todas eram iguais aos olhos dos criadores. As artes existiam e faziam com
que os apreciadores se sentissem um pouco mais humanos e com que os criadores se sentissem
plenos. E isso era bom. E isso bastava.
Mas o homem, em sua infinita insatisfação e busca por expressão, inventou o cinema. E o
cinema maravilhou apreciadores e encantou criadores. E Ricciotto Canudo o considerou a mais
completa das artes, pois englobava todas as outras artes. E em 1923 publicou o "Manifesto das
Sete artes" organizando-as da seguinte forma:
A partir daí as artes passaram a ter classificação e a serem vistas tanto por apreciadores
quanto por criadores com olhos cartesianos. E quando Canudo chegou à clareira no final da
estrada, outros homens continuaram seu trabalho de sistematização das artes:
Mas com a classificação também veio a divergência: alguns acharam que o teatro deveria
ser colocado antes da literatura. Outros acham que a televisão poderia ser a oitava arte, ou até
mesmo a nona arte. Mas os quadrinhos, que começaram como entretenimento simples, barato
e de massa, evoluíram e se estabeleceram definitivamente como arte. E como arte se
apresentam ao mundo, como a nona arte!
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ENTRANDO NOS QUADROS
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1. Quais das personagens que apareceram no fragmento do quadrinho anterior você já
conhecia? De onde?
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2. Que diferenças essas personagens possuem em relação a como eram nos gibis ou em
outras mídias pelas quais você as tenha conhecido? Que semelhanças você encontra?
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Disponível em: https://www.culturaprojetada.com.br/turma-da-monica-lacos/#.Xve0HihKjIU
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3. Você pode observar que esse fragmento se utiliza de tons pastel para compor os
quadros. O que você acredita que justifique essa escolha?
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1. De acordo com o que foi lido, relate o que aconteceu nos quadrinhos anteriores.
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Disponível em: https://mangatom.files.wordpress.com/2015/07/a-galinha-sc3a1bia.png
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Agora que exploramos os recursos de trechos das histórias em quadrinho, chegou
a hora de lermos, na íntegra, exemplares desse gênero. Para isso, consulte a biblioteca
da sua escola e faça o registro das HQs que você leu no quadro a seguir:
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Disponível em: encurtador.com.br/mtyQT
Baixo ↔ Alto
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Para ficar mais claro, observe o infográfico a seguir:
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Após ter discutido com sua turma, você deve ter chegado à conclusão de que essa
oposição entre baixo e alto se dá através de uma escala de valores. Dizer que alguém não
é alto não significa dizer que alguém é baixo. Isso é o que chamamos de uma relação de
antonímia gradativa.
A seguir, nos dois extremos das linhas, teremos mais exemplos de características
que possuem essa relação. Para compor seu personagem, você deve riscar em que
medida ele se encontra nessa escala. Dessa maneira, você poderá refletir sobre suas
características antes de efetuar o desenho.
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Baixo Alto
Novo Velho
Medroso Corajoso
Lento Veloz
Obediente Desobediente
Avarento Generoso
Fraco Forte
Burro Inteligente
Maldoso Bondoso
Hora de criar
Você já jogou o jogo Super trunfo? Super trunfo é um jogo de cartas da Grow, e
nosso objetivo será criar nosso próprio super trunfo com as personagens da turma! Se
você nunca jogou, leia as regras do jogo a seguir:
SUPER TRUNFO
Participantes: 2 ou mais
Idade: a partir de 7 anos
Objetivo:
Ficar com todas as cartas do baralho.
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Preparação:
- As cartas são distribuídas em número igual para cada um dos jogadores.
- Cada jogador forma seu monte e só vê a primeira carta da pilha.
- As cartas possuem informações sobre carros como: potência, velocidade, cilindros,
peso e comprimento. É com estas informações que cada um vai jogar.
Como jogar:
Se você é o primeiro a jogar, escolha, entre as informações contidas em sua
primeira carta, aquela que você julga ter o valor capaz de superar o valor da mesma
informação que se encontra na carta que seus adversários têm em mãos. Por exemplo:
você escolhe a informação velocidade, menciona-a em voz alta e abaixa a carta na
mesa. Imediatamente todos os outros jogadores abaixam a primeira carta de suas
pilhas e conferem o valor da informação. Quem tiver o valor mais alto ganha as cartas
da mesa e as coloca embaixo de sua pilha.
O próximo jogador será o que venceu a rodada anterior. Assim prossegue o jogo
até que um dos participantes fique com todas as cartas do baralho, vencendo a partida.
Se dois ou mais jogadores abaixam cartas com o mesmo valor máximo, os demais
participantes deixam suas cartas na mesa e a vitória é decidida entre os que
empataram. Para isso, quem escolheu inicialmente diz um novo item de sua próxima
carta, ganhando as cartas da rodada quem tiver o valor mais alto.
O participante cuja carta da rodada for a marcada como "Super Trunfo"
automaticamente ganha a rodada, a não ser que a carta de um dos participantes seja
número 1, ex: A1, B1, C1, etc., quando este ganha a rodada e, consequentemente, a
carta "Super Trunfo".
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Conforme você leu nas regras, cada carta possui suas características numeradas, como
no exemplo a seguir.
Eleja, com sua turma, as características que irão compor o seu jogo. A seguir, você
irá desenhar o seu personagem. O professor irá escanear os desenhos e acrescentar as
características com os seus devidos números, assim formando o jogo da turma.
Nome da personagem
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Agora que você já tem a sua primeira personagem, temos que pensar em outros
personagens e em outros elementos que compõem uma narrativa. Para isso, responda:
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▪ Onde e quando se passa a sua história?
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Depois de você ter todos esses elementos de sua história de forma clara e de ter
recebido as orientações do seu professor, você deverá estabelecer a divisão de o que irá
acontecer em cada quadrinho a seguir.
Quadro 1
Quadro 2
Quadro 3
Quadro 4
Quadro 5
Quadro 6
Quadro 7
Quadro 8
Quadro 9
Quadro 10
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A seguir, escolha quais quadros terão balões e o que estará escrito neles. Registre a
seguir.
Quadro ____
Quadro ____
Quadro ____
Quadro ____
Quadro ____
Após, utilize uma régua para fazer a divisão dos quadros, lembrando-se de que o
tamanho deve ser o suficiente para aquilo que você irá inserir nele. Depois, é hora de
começar a desenhar as personagens.
Bom trabalho!
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Do lixo ao luxo: o surgimento dos quadrinhos
(EF89LP35) Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos,
narrativas de aventura e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao
gênero, usando os conhecimentos sobre os constituintes estruturais e recursos
expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de produção em
grupo, ferramentas de escrita colaborativa.
(EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares, contos de
suspense, mistério, terror, humor, narrativas de enigma, crônicas, histórias em
quadrinhos, dentre outros, que utilizem cenários e personagens realistas ou de fantasia,
observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais
como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais
adequados à narração de fatos passados, empregando conhecimentos sobre diferentes
modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos direto e indireto.
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CAPÍTULO 2 – GÊNEROS JORNALÍSTICOS: DA NOTÍCIA À CRÔNICA
Leara da Silva Soares e Verônica Loresent Padoin
Caro estudante,
as informações, cada vez mais, ocupam importante espaço no cotidiano das pessoas. Os
leitores querem, de maneira mais fácil e rápida, entender os fatos que acontecem no
mundo, por isso se ocupam dos meios de comunicação em massa.
Em razão disso, organizamos esta unidade didática a fim de que você experiencie
as práticas de leitura, análise linguística e escrita da língua portuguesa a partir de dois
gêneros textuais que circulam na esfera jornalística-midiática.
Ao mobilizar as práticas relativas ao trato com a informação e opinião no contexto
escolar, o que se pretende é “propiciar experiências que permitam desenvolver nos
adolescentes e jovens a sensibilidade para que se interessem pelos fatos que acontecem
na sua comunidade, na sua cidade e no mundo e afetam as vidas das pessoas” (BNCC,
2017, p. 140-141).
A presente unidade didática tem por propósito mobilizar conhecimentos sobre
dois gêneros textuais do campo de atuação jornalístico-midiático, sendo eles a notícia e
a crônica jornalística, que apresentam como tema o incêndio no Museu Nacional, no Rio
de Janeiro, em 2018. Com a seleção desses dois gêneros, pretendemos que os alunos do
9º ano do Ensino Fundamental sejam capazes de relacioná-los dentro da esfera
jornalística, além de construir conhecimento sobre as diferentes formas possíveis de se
manifestar a respeito de um mesmo assunto.
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POR DENTRO DO ASSUNTO
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Museu do Louvre
(Paris, França)
Museu do Vaticano
(Roma, Itália)
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O Brasil também tem alguns museus que se destacam no cenário internacional,
como o MASP – citado no mapa acima – e o Museu Nacional.
O Museu Nacional foi criado por Dom João VI, em 1818, sendo a “mais antiga
instituição científica do Brasil e o maior museu de história natural e antropológica da
América Latina” (informações fornecidas pelo site do Museu Nacional). Sua sede ocupa
o Palácio de São Cristóvão, que foi residência da Família Imperial Brasileira até 1889 e
está localizado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Em 1946, o Museu foi
incorporado à Universidade do Brasil e, atualmente, faz parte da estrutura acadêmica
da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.
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O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta segunda-feira (3)
avaliar que, agora que um incêndio destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, "tem
muita viúva aparecendo" para lamentar o que foi perdido.
O incêndio começou na noite deste domingo (2) e destruiu a área interna do museu.
O prédio completou 200 anos neste ano e o acervo tinha cerca de 20 milhões de itens.
Ao conceder uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira,
Marun foi indagado sobre o incêndio e avaliou que "está aparecendo muita viúva
apaixonada".
"Agora que aconteceu, tem muita viúva chorando. Na televisão não vi ultimamente
alguém destacando a história do museu, valorizando o museu para que ele se tornasse
mais amado pela nossa população. Está aparecendo muita viúva apaixonada, mas, na
verdade, essas viúvas não amavam tanto assim o museu em referência", disse Marun.
Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruído após incêndio — Foto: Thiago Ribeiro
Ao se referir ao incêndio, Marun disse ainda que a destruição do museu foi uma
"fatalidade". Questionado sobre uso deste termo, já que há relatos de dificuldades
financeiras do museu, Marun afirmou que não viu reportagens sobre o museu para
destacar a importância da instituição e do acervo.
O ministro aproveitou a entrevista para afirmar que o Museu Nacional é
administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Indagado sobre se a
universidade deveria ter gerido melhor os recursos, Marun afirmou que não iria colocar
a "culpa" em ninguém.
"Não vou culpar ninguém, não conheço o que a UFRJ priorizou. Só estou fazendo
afirmações que condizem com a realidade, a UFRJ tem autonomia financeira e o
orçamento do museu sai do orçamento da UFRJ", disse.
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Museu Nacional, no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução Roberto da Silva
O museu
Criado por D. João VI em 1818, o museu completou 200 anos em junho deste ano.
Logo que foi criado, serviu para atender aos interesses de promoção do progresso
cultural e econômico do país.
Desde 1892, o museu ocupa um prédio histórico, o palácio de São Cristóvão, que
foi doado por um comerciante ao príncipe regente D. João em 1808 e que depois tornou-
se a residência oficial da família real no Brasil entre 1816 e 1821.
Segundo o Bom Dia Brasil, o Museu Nacional estava há pelo menos três anos
funcionando com orçamento reduzido e a situação chegou ao ponto de o museu anunciar
uma "vaquinha virtual" para arrecadar recursos. [...]
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O que aconteceu?
Onde aconteceu?
Quando aconteceu?
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b) Você acredita que esse seria o único meio de circulação possível para uma notícia
como essa? Por quê? Quais outros seriam possíveis?
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c) Considerando o meio de circulação que você citou na pergunta “a”, quem seriam os
possíveis leitores do texto?
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2. Com base na leitura do texto, por que o fato ocorrido vale a pena ser noticiado?
Assinale a alternativa correta.
a) Porque é uma questão de utilidade pública saber o que os representantes do
governo pensam sobre acontecimentos nacionais.
b) Porque aconteceu em Brasília, capital do país.
c) Porque o fato envolve a opinião de um ministro, uma figura pública, sobre um fato
considerado uma tragédia por grande parte da população.
d) Porque envolve o Museu Nacional, o maior da América Latina.
Glossário:
Utilidade pública: declaração que pode servir para uma grande maioria de pessoas.
Figura pública: uma pessoa que tem uma certa posição social dentro de um certo escopo
e uma influência significativa, além de estar intimamente relacionado aos interesses
públicos da sociedade.
Fonte: https://www.dicionarioinformal.com.br/
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5. Ao acessar a notícia no seu meio de circulação original, temos acesso, além das duas
imagens, a um vídeo e a hiperlinks.
Leia o QR Code para assistir ao vídeo:
c) Seu entendimento sobre a notícia sofreu alguma mudança após você assistir ao vídeo?
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O incêndio começou na noite deste domingo (2) e destruiu a área interna do museu. O
prédio completou 200 anos neste ano e o acervo tinha cerca de 20 milhões de itens.
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7. Na notícia em questão, alguns trechos estão entre aspas.
a) Por que esses trechos estão entre aspas?
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9. Ao final da notícia, há uma seção intitulada “O museu”. Qual a função dessa seção?
Assinale a alternativa correta.
10. O gênero notícia, além de outros aspectos, é caracterizado por apresentar um título
e uma linha fina. Compare as informações apresentadas nesses dois locais do texto e no
primeiro parágrafo. Após, relacione as colunas de acordo com as informações
apresentadas em cada uma delas:
Informações:
Partes da notícia: ( ) Contextualização um pouco mais detalhada do
1. Título acontecido, com maiores informações sobre o fato.
2. Linha fina ( ) Breve contextualização do acontecido, com os
3. Primeiro parágrafo participantes e parte do fato.
( ) Contextualização completa do acontecido, com os
participantes, o fato, a data e local.
11. Na atividade número 10, você relacionou partes do texto com as informações que
elas apresentam. Na organização estrutural de uma notícia, por que é importante o uso
desse recurso de apresentação crescente das informações?
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12. Analise o trecho a seguir e responda o que se pede:
13. Qual a função sintática dos trechos em destaque? Assinale a alternativa correta.
a) Adjunto adnominal que retoma características espaciais e temporais.
b) Adjunto adverbial que destaca aspectos espaciais e temporais.
c) Complemento verbal que destaca um local.
d) Complemento nominal que retoma uma data.
14. Na frase “O prédio completou 200 anos neste ano e o acervo tinha cerca de 20
milhões de itens.”, a palavra destacada refere-se a que ano?
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16. Analise o seguinte trecho e responda:
b) O tempo verbal citado na questão “a” é predominante no gênero notícia. Por quê?
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Trecho 1:
Ao conceder uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, Marun
foi indagado sobre o incêndio e avaliou que "está aparecendo muita viúva apaixonada".
Trecho 2:
Ao se referir ao incêndio, Marun disse ainda que a destruição do museu foi uma
“fatalidade”. Questionado sobre uso deste termo, já que há relatos de dificuldades
financeiras do museu, Marun afirmou que não viu reportagens sobre o museu para
destacar a importância da instituição e do acervo.
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18. Analise o trecho a seguir e assinale a alternativa correta:
Segundo o Bom Dia Brasil, o Museu Nacional estava há pelo menos três anos
funcionando com orçamento reduzido e a situação chegou ao ponto de o museu
anunciar uma “vaquinha virtual” para arrecadar recursos.
RESUMINDO...
As perguntas que você respondeu anteriormente auxiliam na compreensão do
funcionamento e das características do gênero textual jornalístico notícia.
O objetivo de uma notícia é relatar um fato relevante, seja para a população local,
regional, nacional ou mundial – isso vai depender do alcance do jornal em questão. Para
isso, o texto deve responder às perguntas: O quê? Quando? Onde? Quem? Por quê? Ao
explicar o acontecido, o jornalista deve ser impessoal e imparcial. Ou seja, o texto deve
ser escrito em 3ª pessoa e não deve conter opiniões pessoais de quem escreve.
Além disso, o episódio relatado pode ou não vir acompanhado de imagens –
quando presentes, elas têm o objetivo de ilustrar o acontecido ou, então, apresentar uma
pessoa ou um local.
Os autores de uma notícia raramente são nomeados, já que eles representam o
jornal para o qual escrevem. Além disso, os meios em que circulam as notícias são
variados, podendo ser o jornal impresso ou on-line ou, ainda, o jornal apresentado pelas
redes de rádio e/ou televisão.
A notícia pode ser dividida em, pelo menos, três partes: título, linha fina e corpo
do texto. Alguns textos, ainda, apresentam o flashback, que é como um “anexo” ao final
do texto que tem o objetivo de dar alguma informação adicional sobre o que está sendo
tratado.
53
Se você quiser entender melhor as características e o funcionamento do gênero notícia,
acesse o canal no YouTube do Brasil Escola:
Agora que você conhece um pouco mais o gênero textual notícia, é válido ressaltar
que o conhecimento sobre os acontecimentos do mundo nos auxilia a formar nossa
opinião enquanto cidadãos. A partir da leitura da notícia Agora que aconteceu, tem
muita viúva chorando, diz Marun sobre incêndio no Museu Nacional e das respostas
dadas às questões, o que você pensa sobre o incêndio no Museu Nacional e a fala do
ministro Marun?
Além de você, outras pessoas também formaram opiniões sobre o acontecido, que
podem ser favoráveis ou contrárias às suas. O gênero textual que você vai ler a seguir
trata-se de uma crônica jornalística, um texto curto que tem por objetivo emitir um
parecer, uma opinião ou uma reflexão pessoal do autor sobre determinado
acontecimento.
Escrita pelo escritor Fabrício Carpinejar, a crônica foi publicada apenas um dia
após a fala do Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, conforme lemos
anteriormente.
Luzia é o fóssil humano mais antigo encontrado na América do Sul, com cerca
de 12.500 a 13.000 anos, e reacendeu questionamentos acerca das teorias da origem
do homem americano. O fóssil pertenceu a uma mulher que morreu entre seus 20 a
24 anos de idade e foi considerado como parte da primeira população humana que
entrou no continente americano.
O esqueleto foi descoberto nos anos 1970 em escavações na Lapa Vermelha,
uma gruta no município de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte. Em 2018, o fóssil foi queimado e quase destruído no incêndio do Museu
Nacional. Em 19 de outubro de 2018, o museu anunciou que conseguiu recuperar até
80% dos fragmentos e poderá reconstruir o esqueleto.
Disponível em: Wikipédia. Acesso em 25 jun. 2020.
54
“Agora que aconteceu tem muita viúva chorando”
Por Fabrício Carpinejar
Somos viúvos da Luzia mesmo, querido ministro. Nossas lágrimas são pântanos
onde nadam os crocodilos políticos.
O crânio mais antigo do país, com 11 mil anos, teve que falecer duas vezes para ser
descoberto pelos brasileiros.
Os museus no país não são museus, são depósitos.
As autoridades fazem questão de esconder as nossas instituições artísticas, de
tratá-las como secundárias, como irrelevantes, como desperdício de dinheiro público.
Não são mantidas com orgulho, não são alardeadas em projetos de recuperação, não são
reconhecidas como vitrines da nossa ciência, não têm brigadas de incêndio, muito
menos os sensores mínimos de fumaça, não estimulamos a iniciação científica e a visita
das escolas. O último presidente que pôs os pés no Museu Nacional, na Quinta da Boa
Vista, foi Juscelino Kubitschek. Faz tempo, né?
Ministro, agora que aconteceu é que as pessoas estão descobrindo o valor do
Museu Nacional. Antes do incêndio, quem passava por São Cristóvão devia pensar que
era a residência abandonada do imperador. E só.
Em dois séculos, não houve a decência de formar um público admirador e ensinar
aos outros a potência histórica daquele patrimônio inestimável.
Antes das chamas destruírem noventa por cento do acervo, grande parte da
população nem sabia que desfrutava de um museu com 20 milhões de itens, entre
dinossauros, esculturas, objetos indígenas, meteoritos, documentos históricos e a maior
coleção egípcia da América Latina.
A desinformação é a nossa primeira morte. Dentro do governo e fora do governo.
As outras mortes são meras consequências.
Luzia significa aquela que irradia luz. É um nome que corresponde a protetora dos
olhos. Mas a justiça vem sendo cega para a cultura. Unicamente enxergamos as cinzas,
tarde demais.
55
Se você ficou curioso e quer saber um pouco mais das obras de Carpinejar, pode
acessar a página do autor no Facebook ou visitar seu blog.
Facebook Blog:
:
Coluna 1 Coluna 2
1. Entreter os leitores.
( ) Jornais e revistas
2. Expressar e divulgar os sentimentos do autor.
( ) Livros de literatura
3. Refletir a partir de acontecimentos públicos.
( ) Livros didáticos
4. Refletir sobre aspectos linguísticos e literários a fim
( ) Blogs
de didatizá-los.
O crânio mais antigo do país, com 11 mil anos, teve que falecer duas vezes para ser
descoberto pelos brasileiros.
56
3. Na frase a seguir: “Os museus no país não são museus, são depósitos.”, qual é o
sentido atribuído à palavra destacada? Ele é apreciativo ou depreciativo? Explique.
____________________________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________________________
4. O autor usa a Luzia como argumento para iniciar e finalizar o seu texto. Como isso se
relaciona com o incêndio no Museu Nacional e a fala do ministro Marun?
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____________________________________________________________________________________________________
1. Metáfora é uma figura de linguagem que constrói sentidos figurados a partir de uma
comparação. A frase “Nossas lágrimas são pântanos onde nadam os crocodilos
políticos.” configura uma metáfora. Responda:
c) Por que figuras de linguagem são mais recorrentes no gênero crônica do que no
gênero notícia?
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____________________________________________________________________________________________________
57
2. Releia o segundo parágrafo do texto:
a) Nesse trecho, o autor usa o recurso da reiteração para dar significado ao seu texto.
Qual é o termo repetido pelo autor?
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____________________________________________________________________________________________________
c) O trecho acima é finalizado com a expressão “Faz tempo, né?”. O termo em destaque
pode ser usado em qualquer produção textual? Por quê?
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____________________________________________________________________________________________________
3. Por que esse termo pode aparecer na crônica jornalística, mas não na notícia?
Assinale a alternativa correta.
a) Porque é uma marca de oralidade que mantém a sequência da crônica jornalística.
b) Porque é uma marca de oralidade típica do gênero crônica jornalística.
c) Porque é uma marca de oralidade que agrega imparcialidade à argumentação do
autor.
d) Porque na crônica jornalística essa marca de oralidade serve para estabelecer uma
relação com o leitor.
58
4. Leia o trecho a seguir:
Luzia significa aquela que irradia luz. É um nome que corresponde a protetora dos
olhos. Mas a justiça vem sendo cega para a cultura.
59
7. O trecho 1 foi retirado da notícia ‘Agora que aconteceu, tem muita viúva
chorando’, diz Marun sobre incêndio no Museu Nacional e o trecho II da crônica
“Agora que aconteceu tem muita viúva chorando”:
Trecho 1:
O incêndio começou na noite deste domingo (2) e destruiu a área interna do museu. O
prédio completou 200 anos neste ano e o acervo tinha cerca de 20 milhões de itens.
Trecho 2:
Antes das chamas destruírem noventa por cento do acervo, grande parte da população
nem sabia que desfrutava de um museu com 20 milhões de itens, entre dinossauros,
esculturas, objetos indígenas, meteoritos, documentos históricos e a maior coleção
egípcia da América Latina.
II. O destaque explicativo dos itens que compunham o acervo do Museu Nacional, no
trecho II, auxilia na argumentação do autor sobre a importância da preservação desse
patrimônio.
60
A crônica jornalística pode ser caracterizada como um gênero
que mistura fragmentos narrativos – em geral, acontecimentos atuais são contados
para, em seguida, promover-se uma reflexão sobre eles – e trechos mais longos de
reflexão e argumentação sobre o fato relatado. Por ser publicada em jornais, é esperado
que o tema da crônica jornalística seja de interesse de um grupo social e não apenas do
próprio cronista. Normalmente, os principais acontecimentos do dia ou da semana
anterior são os assuntos redigidos nas crônicas jornalísticas.
Disponível em: https://www.portugues.com.br/literatura/a-cronica-.html
Você deve ter notado que a crônica de Carpinejar, “Agora que aconteceu tem
muita viúva chorando”, foi escrita com o propósito de refletir sobre a postura do então
ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, a respeito do incêndio no Museu
Nacional em 2018. O comportamento do ministro foi noticiado por um jornal por meio
da notícia ‘Agora que aconteceu, tem muita viúva chorando’, diz Marun sobre
incêndio no Museu Nacional.
Ambos os textos tratam do mesmo assunto – a fala do ministro Marun sobre o
incêndio no Museu Nacional em 2018 – mas de perspectivas distintas. A notícia tenta
ser imparcial, apenas relatando o acontecido. Enquanto que na crônica não há essa
preocupação, visto que sua intenção é justamente apresentar reflexões críticas sobre o
ocorrido. Tendo esclarecido os aspectos que aproximam os dois textos, iremos, agora,
esquematizá-los. A partir das respostas dadas às respectivas atividades de cada texto,
preencha a tabela com as informações solicitadas.
Nas colunas “Notícia” e “Crônica Jornalística”, você deve preencher com as
informações de cada texto, conforme solicitado na coluna “Aspecto”. Já na coluna
“Explicação”, você deve redigir uma breve explicação sobre a diferença ou semelhança
entre os dois textos naquele determinado aspecto. Observe o exemplo:
61
Crônica
“Aspecto” Notícia Explicação
Jornalística
Autoria
Marcas de
oralidade
Presença de
discurso direto
Presença de
adjuntos
adverbiais
Marcas de
opinião/juízo de
valor
62
Nesta unidade didática, aprendemos as características dos gêneros textuais
notícia – texto informativo que apresenta fatos reais de algum acontecimento atual – e
crônica jornalística – texto que promove uma reflexão crítica sobre acontecimentos
atuais –, além dos possíveis meios de circulação de cada um desses textos.
Agora é a sua vez de pôr em prática o que aprendeu! Pesquise em jornais e
revistas da sua cidade, estado ou país uma notícia que lhe chame atenção e tenha sido
publicada nos últimos dias. Com base na sua escolha, elabore uma crônica jornalística,
apresentando sua reflexão sobre o fato relatado.
As produções textuais da turma, após revisadas e reescritas, serão organizadas
no “Jornal do 9º Ano”, o qual será distribuído na escola (jornal impresso) e publicado
nas redes sociais (jornal online). Assim, ele poderá ser lido pelos alunos de outras
turmas, professores, funcionários e familiares. Sucesso na escrita! Capriche!
Para melhor encaminhar sua escrita, você pode se basear nos seguintes critérios
de avaliação:
Em
Critérios Sim Não
parte
1. Atendimento à proposta: seleção de notícia e escrita
reflexiva e crítica sobre ela.
2. Construção textual compatível com o gênero textual
solicitado.
3. Construção de argumentos relevantes e convincentes
para sustentar a posição crítico-reflexiva do autor em
relação ao tema abordado.
4. Desenvolvimento do tema com criticidade e
utilização de referências pertinentes, com presença
de articulação das ideias presentes na notícia.
5. Emprego adequado da linguagem em relação ao grau
de formalidade exigido pelo contexto de produção.
Para procurar a notícia que embasará sua crônica, deixemos algumas sugestões
de páginas online de jornais nacionais e internacionais. Se preferir, você também pode
optar por outras fontes.
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The New York Times
O Globo
Gaúcha ZH
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REESCRITA DA CRÔNICA
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Atividades de leitura
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Atividades de produção textual
67
CAPÍTULO 3 – O VÍDEO ENSAIO
Frederico Medina Fidler e Miguel Morais Bartolás
Caro aluno,
o surgimento das mídias digitais expandiu os horizontes da comunicação e incorporou
novos e atraentes elementos aos gêneros escritos, por vezes, transformando-os
completamente em matéria de narrativa. Neste capítulo, vamos explorar uma categoria
de textos multissemióticos, de teor expositivo e argumentativo. Difundido em
plataformas audiovisuais de livre acesso na internet, como YouTube e Vimeo, esse
gênero textual é orientado à divulgação e à popularização de conhecimentos pertinentes
a campos variados do saber humano em meio ao público altamente diversificado, os
consumidores de conteúdos digitais. Trata-se do vídeo-ensaio.
Este gênero pertence ao campo das práticas de estudo e pesquisa, que
compreende as habilidades necessárias à inserção do aluno no mundo da pesquisa e
divulgação científica. Os conhecimentos encaminhados nesta unidade didática visam ao
desenvolvimento da capacidade do aluno de reconhecer a importância do domínio
dessas práticas para a compreensão do mundo físico e da realidade social, para que seja
capaz de empregá-las em serviço de seu crescimento intelectual e profissional. Este
material é voltado para o público do Ensino Médio, tendo em vista a formação de um
cidadão autônomo, curioso e de espírito investigativo!
“Quero que me vejam aqui em meu modo simples, natural e corrente, sem pose nem
artifício: pois é a mim que retrato”. Assim o pensador francês Michel de Montaigne (1533
- 1592) define suas intenções ao registrar pensamentos e impressões, acerca dos mais
variados temas, que compõem os famosos Ensaios. Com essa afirmação, Montaigne torna
explícita sua opção por uma escrita mais pessoal e menos presa às regras de um
determinado gênero. É justamente a maneira leve e quase descompromissada de
transmitir conhecimentos que caracteriza o ensaio, uma modalidade de texto surgida a
partir da obra de Montaigne.
68
Da esquerda para a direita: retrato de Michel de Montaigne; capa de uma edição
francesa dos Ensaios, publicada em 1595; capa da edição brasileira dos Ensaios, de 1961,
publicada pela Editora Globo.
69
Leia abaixo um ensaio de Montaigne, publicado
originalmente em 1580:
Sobre o medo
Obstupui, steteruntque comae, et vox faucibus haesit.
Fiquei estupefato, meus cabelos se arrepiaram e minha voz parou em minha garganta.
Não sou bom especialista na natureza (como se diz) e não sei por quais
mecanismos o medo age em nós, mas seja como for é uma estranha emoção, e dizem os
médicos que não há nenhuma que deixe mais depressa nosso julgamento fora de seu
estado normal. Na verdade, vi muitas pessoas que ficaram enlouquecidas de medo, e até
no mais sensato ele engendra terríveis miragens enquanto dura seu acesso. Deixo à parte
o vulgo, para quem o medo representa ora os bisavós saídos do túmulo, envoltos em seu
sudário, ora os lobisomens, os duendes e as quimeras. Mas entre os próprios soldados,
em quem deveria encontrar menos espaço, quantas vezes transformou um rebanho de
ovelhas em esquadrão de couraceiros? Juncos e caniços em homens de armas e
lanceiros? Nossos amigos em nossos inimigos? E a cruz branca na vermelha? Quando o
senhor de Bourbon tomou Roma, um porta-estandarte que estava de guarda no burgo
São Pedro foi invadido por tamanho pavor ao primeiro alarme que, pelo buraco de uma
ruína, de estandarte em punho, se lançou para fora da cidade, direto sobre os inimigos,
pensando dirigir-se para dentro da cidade; e foi só quando viu a tropa do senhor de
Bourbon enfileirar-se para detê-lo, considerando que era uma investida que os da cidade
estivessem fazendo, a muito custo reconheceu o erro e, dando meia-volta, entrou por
aquele mesmo buraco do qual havia se afastado mais de trezentos passos no campo. Mas
o estandarte do capitão Julles não foi tão feliz quando Saint-Pol foi tomada de nós pelo
conde de Bures e o senhor du Reu. Pois, estando tão desvairado de pavor a ponto de
lançar-se com o estandarte para fora da cidade, por uma seteira, ele foi estraçalhado
pelos atacantes. E no mesmo cerco foi memorável o medo que apertou, invadiu e
paralisou com tanta força o coração de um fidalgo que ele caiu duro, morto, no chão,
numa brecha, sem nenhum ferimento. Fúria semelhante por vezes impele toda uma
multidão. Num dos combates de Germânico contra os alemães, duas grandes tropas
tomaram, de tanto pavor, dois caminhos opostos, uma fugindo de onde a outra partia.
Ora ele nos dá asas aos pés, como aos dois primeiros; ora nos prega os pés e os entrava,
como se lê a respeito do imperador Teófilo, que, numa batalha que perdeu contra os
agarenos, ficou tão perturbado e tão transido que não conseguiu decidir-se a fugir:
70
adeo pavor etiam auxilia formidat
de tal modo receia o pavor, mesmo nos socorros
até que Manuel, um dos principais chefes de seu exército, tendo o agarrado e
sacudido como para despertá-lo de um sono profundo, lhe disse: “Se não me seguirdes
hei de matar-vos, pois mais vale perderdes a vida do que, estando prisioneiro, virdes a
perder o Império”. E então ele exprime sua última força quando, para seu próprio
serviço, nos devolve a valentia que subtraiu de nosso dever e de nossa honra. Na
primeira batalha campal que os romanos perderam contra Aníbal, na época do cônsul
Semprônio, uma tropa de bem 10 mil homens de pé tomados de pavor, não vendo outro
lugar por onde dar passagem à covardia, foi jogar-se no meio do grosso dos inimigos,
atravessando entre eles num esforço maravilhoso e provocando grande matança dos
cartagineses, pagando por sua vergonhosa fuga o mesmo preço que pagaria por uma
gloriosa vitória.
É disso que tenho mais medo que do medo. É que ele supera em violência todos
os outros infortúnios. Que emoção pode ser mais dura e mais justa que a dos amigos de
Pompeu que estavam em seu navio, espectadores daquele horrível massacre? E no
entanto, o medo das velas egípcias que começavam a se aproximar a sufocou, de maneira
que se observou que eles só se preocuparam em exortar os marinheiros a se apressarem
e se salvarem com a força dos remos; até que, chegando a Tiro, livres do medo,
conseguiram voltar o pensamento para a perda que acabavam de sofrer e dar rédea solta
às lamentações e às lágrimas que aquela outra emoção mais forte suspendera.
Os que foram bem maltratados em alguma batalha de guerra são levados no dia
seguinte ao ataque, todos ainda feridos e ensanguentados. Mas os que sentiram um
grande medo dos inimigos, não os faríeis nem sequer olhá-los de frente. Os que estão
com o opressivo medo de perder seus bens, de ser exilados, de ser subjugados, vivem em
contínua angústia, perdendo a vontade de beber, comer, descansar, enquanto os pobres,
os banidos, os servos vivem amiúde tão alegremente como qualquer outro. E tantas
pessoas, não conseguindo suportar as estocadas do medo, se enforcaram, se afogaram,
se precipitaram, nos ensinaram que o medo é ainda mais importuno e mais insuportável
que a morte!
Os gregos reconhecem uma outra espécie de medo, que não se explica nem mesmo
por um extravagante raciocínio nosso: vindo, dizem eles, de um impulso celeste, e sem
causa aparente. Volta e meia povos inteiros e exércitos inteiros veem-se atingidos por
ele. Assim foi o que levou a Cartago uma terrível desolação. Ali só se ouviam gritos e
vozes apavoradas; viam-se os habitantes saírem de suas casas, como se tivesse soado o
alarme; atacarem-se, ferirem e matarem uns aos outros, como se fossem inimigos que
tivessem vindo ocupar sua cidade. Tudo ficou em desordem e tumulto, até que, por
orações e sacrifícios, aplacaram a ira dos deuses. A isso chamam de terrores pânicos.
71
Você deve saber que o canibalismo era praticado
religiosamente pelos índios Tupi, certo? Montaigne, mais do
que um ávido leitor dos clássicos, estava por dentro das notícias do
Novo Mundo e das tendências de sua época. Use o QR Code e veja o que
o ensaísta tinha a dizer sobre essa prática.
O VÍDEO-ENSAIO
72
A arte de contar histórias (em inglês,
storytelling) constitui aspecto relevante na
comunicação de ideias e informações - eventualmente
até mais que as próprias! - e deve ser, portanto, o fio
condutor na progressão do tema.
Vamos assistir?
▪ “Tomates, ou como não definir ‘Arte’” (Tomatoes, or How Not To Define "Art"):
Disponível no
73
Imagine que vamos fazer uma salada de frutas: banana, maçã, laranja, tomate,
morango… espera aí, tomate?! Você já deve ter ouvido falar que tomate é uma fruta, e
não um legume, certo? Mas você nunca colocaria um tomate na salada de frutas… eu
acho. E o que tomates têm a ver com a forma como definimos “Arte”? Assista ao vídeo
para descobrir.
Disponível no
Você reconhece a música tema de Star Wars? Você pode cantarolar a melodia de
Harry Potter? Se você é fã de cinema, provavelmente sim. Agora vem o desafio: você
consegue lembrar da música tema do Hulk, do Capitão América ou do Homem de Ferro?
Por que a Marvel não faz trilhas sonoras inesquecíveis? A resposta para essa pergunta
está neste vídeo.
74
▪ “A beleza dos meios deteriorados” (The beauty of degraded media):
Disponível no
Vamos conversar?
Qual você mais gostou? Compartilhe com a turma sua preferência e discuta as
seguintes questões:
▪ Qual a relação entre tomates e a definição de "arte"?
▪ Por que as trilhas sonoras dos filmes da Marvel são tão esquecíveis?
▪ Uma obra de arte precisa estar completa para ser apreciada?
▪ Qual a intenção comunicativa de cada vídeo?
▪ Qual é o ponto de vista que cada vídeo está defendendo? Que argumentos (verbais
e não-verbais) são empregados para convencer o telespectador?
▪ Como os vídeos integram a linguagem verbal com os recursos audiovisuais?
▪ Seria possível manter a mensagem dos vídeos integralmente mantendo apenas a
narração ou em formato de texto?
75
Explorando as temáticas
Disponível no
1Como a língua empregada nos vídeos é a inglesa, sugerimos que esta unidade seja desenvolvida 76
em diálogo com o professor de língua inglesa.
Sobre o conteúdo, responda:
1. Qual é a tese defendida pelo vídeo e quais são os argumentos apresentados para
defender essa tese? Cite no mínimo três.
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▪ Com o aumento do preço da gasolina nos Estados Unidos, nos anos 60, fabricantes
passaram a considerar a aerodinâmica dos modelos visando à maior economia de
combustível.
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____________________________________________________________________________________________________
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77
Observe os componentes visuais e reflita:
a) Que tipos de imagens são incorporadas ao vídeo? São utilizadas apenas figuras e fotos,
apenas vídeos, ou há combinação dos dois? Há animações?
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d) Há indicação das fontes para a trilha sonora? Em que local isso é indicado?
____________________________________________________________________________________________________
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78
Em vários momentos, são apresentadas fotos de manchetes e recortes de reportagens
de jornais da época. Também é muito comum encontrar em vídeo-ensaios imagens de
artigos científicos ou pesquisas acadêmicas. Veja os exemplos abaixo.
Imagem 2: Frame do vídeo Para Qual Lado Ele Foi? Movimento Lateral de Personagem
nos Filmes
Note que o texto só aparece por poucos segundos e geralmente não é lido pelo
narrador. Será que a intenção do autor ao inserir as imagens é de que esses trechos
sejam lidos ou eles servem outro propósito comunicativo? De que forma essas imagens
são empregadas como estratégia argumentativa?
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79
Vídeo 2 - “Como essa cadeira conquistou o mundo” (How this chair conquered the world)
Disponível no
Agora é sua vez: reúna-se em grupos e discuta sobre o vídeo 2. Depois, compartilhe
suas observações com o resto da sala. Considere os seguintes elementos:
CARACTERÍSTICAS DO VÍDEO-ENSAIO
80
▪ A intenção comunicativa é ensinar a usar ou produzir algo, geralmente por meio de
um passo-a-passo.
▪ O texto é baseado em um roteiro, mas pode ser flexível, com bastante espaço para
improviso.
▪ Oferece apenas dados concretos com fontes, não é expressa a opinião do autor.
▪ As imagens são meramente ilustrativas do que está sendo dito, sem contribuir muito
ao propósito comunicativo do vídeo.
▪ Há uma forte relação entre texto e imagem, as imagens são uma das ferramentas
para se alcançar a intenção comunicativa.
▪ Outras:
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____________________________________________________________________________________________________
81
Brainstorm
Algumas das características citadas na atividade anterior correspondem melhor
a outros gêneros de vídeo como o tutorial e a review. Que outros gêneros de vídeo do
YouTube você conhece e qual a diferença entre eles?
Leia um trecho do “Sobre a origem do vídeo-ensaio” (On the Origin of the Video Essay):
83
▪ Para sua proposta fazer sentido, você precisa pesquisar em fontes confiáveis.
Familiarize-se com ferramentas e plataformas de pesquisa acessíveis na internet. Sua
pesquisa pode partir da leitura da Wikipédia, por exemplo, mas não deixe de investigar
as fontes e o que há escrito sobre o assunto. Confira a lista de links (anexo)
▪ Somos pessoas diferentes quando conversamos com nossos pais, nossos amigos,
nossos colegas, figuras de autoridade etc. O modo que encaminhamos uma informação
é diferente se estivermos a tratar com alguém que conhecemos ou não, e mesmo as
palavras que escolhemos estão sujeitas a mudanças relativas ao contexto. Não poderia
ser diferente na criação do roteiro e na edição do vídeo-ensaio. Por isso, leve em
consideração seu público-alvo.
▪ Lembre-se que o modo de apresentação das informações, seja no âmbito textual do
roteiro ou na escolha de imagens e sons, serve a um propósito comunicativo. Um vídeo
cujo objetivo é informar será bastante diferente de outro que adota uma postura
argumentativa. Assim, será preciso criar estratégias para encaminhar o seu raciocínio.
▪ O conhecimento é inesgotável, mas o vídeo-ensaio possui só alguns minutos. Defina
as partes do argumento de modo a expressar sua ideia com início, meio e fim. Seu
objetivo não será esgotar o assunto em foco, então pense na organização mais adequada
dadas as limitações do gênero.
▪ Regra de ouro: Nada é tão mundano que não possa ser bonito. Estética é tudo e muito
mais.
CONSTRUINDO ARGUMENTOS
Quais componentes não podem faltar na elaboração de uma argumentação
coerente? Leia a seguir o esquema de uma típica estrutura argumentativa:
1. Proposição
A proposição, que também pode ser chamada de tese, não é senão a ideia central que
você pretende expor em seu vídeo-ensaio. Tenha em mente que a proposição deve ser
elaborada de modo que fique claro seu posicionamento a respeito do tema. Por isso, dê
preferência por teses afirmativas e específicas (porque a obra de Van Gogh pode ser
classificada como expressionista), ao invés de temáticas amplas (a obra de Van Gogh).
2. Análise da proposição
Esta é hora de apresentar e definir sua posição a respeito do tema, à maneira de uma
breve introdução no universo das suas ideias. Busque sempre elucidar o sentido das
palavras contidas na proposição para evitar ser mal compreendido pelos espectadores
do vídeo-ensaio e explicite, de início, o que você pretende provar com sua tese.
84
3. Formulação dos argumentos
Nesta etapa reside a argumentação em si. Dessa forma, você deve trazer fatos que
comprovem sua tese. Esses fatos, cabe mencionar, consistem em: dados estatísticos,
exemplos, ilustrações, comparações, opiniões autorizadas (isto é, emitidas por
especialistas no assunto), alusões históricas, entre outros recursos.
4. Conclusão
Todo processo argumentativo precisa de uma conclusão. Esta, podemos afirmar, é o
desfecho natural de seu empenho em demonstrar suas ideias. Ainda que proporcione
um "retorno" aos elementos iniciais da proposição, uma vez que consiste em uma
reafirmação de sua tese. A conclusão não deve funcionar simplesmente como resumo,
mas como confirmação do seu posicionamento.
Repositórios colaborativos:
▪ Imagem: Wikimedia Commons.
▪ Vídeo: Pexels.
▪ Arquivo: Prelinger.
▪ Áudio: Freesound e SoundBible.
85
CRITÉRIOS
Adequação da linguagem
Adequação ao gênero
Arte
▪ A morte de Sócrates: como ler uma pintura (The death of Socrates: how to read a
painting).
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=rKhfFBbVtFg
Cinema
▪ Cenas de abertura nos dizem tudo (Opening shots tell us everything).
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CZhFtd1QZWc
Música
▪ A arte do rap desconstruída: as melhores rimas de todos os tempos (Rapping,
deconstructed: the best rhymers of all time).
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QWveXdj6oZU&t=38s
▪ "O que fez John Bonham ser um baterista tão bom?" (What makes John Bonham such
a good drummer?).
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UvOm2oZRQIk
86
Arte Em português.
▪ A obsessão utópica de Van Gogh.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=MFcWwU4Ye5E
Cinema
▪ Por que este curta é um clássico do cinema brasileiro.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SF6L3ukz9sI
Bônus: Leia o QR Code para acessar uma lista com mais de 100 canais.
87
CAPÍTULO 4 – POESIA, LETRA E MÚSICA
Vanessa Meireles Barboza
Caro aluno,
antigamente, a poesia e a música estavam fortemente relacionadas. Durante a Idade
Média, os então chamados “trovadores” utilizavam a arte poética para se manifestar
musicalmente, por meio das “trovas”, composições poéticas que fazem alusão à arte
musical. Com o advento da imprensa, a poesia e a música seguiram diferentes caminhos,
e a poesia passou a existir para ser lida. Apesar disso, ainda pode-se perceber rastros
dessa união hoje em dia, pois muitas músicas presentes no repertório popular brasileiro
são originárias de poemas, e muitas letras de canções podem ser material de análise
literária nesse sentido.
Nesta unidade, serão abordados aspectos da análise da poesia em paralelo a letras
de músicas brasileiras. Para iniciar o estudo, pesquise e discuta com seus colegas e
professor(a) sobre quais fatores diferenciam propriamente a poesia da música.
Leia a seguir as três primeiras estrofes da música “Jesus Chorou”, do grupo de rap
Racionais MC’s:
(KL Jay, Mano Brown, Ice Blue e Edi Rock do Racionais MC — Foto: Klaus Mitteldorf / Divulgação)
88
Jesus Chorou
Ouça no
89
Atividades
1. Após ler e ouvir a letra da canção “Jesus Chorou”, reflita e discuta com seus colegas
sobre o conteúdo.
b) Qual pode ser o objeto do qual o autor fala na primeira estrofe: Que é Clara e
salgada/ Cabe em um olho e pesa uma tonelada/ Tem sabor de mar/ Pode ser
discreta/ Inquilina da dor/ Morada predileta?
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90
b) A utilização de uma linguagem coloquial, que foge à norma padrão é intencional.
Quais são as marcas de coloquialidade encontradas no texto? Por que o autor as
escolheu?
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4) Agora, em duplas, separem as estrofes analisadas e criem uma breve paráfrase para
cada uma. Após, procurem manifestações visuais que dialoguem com o conteúdo de
cada trecho, podendo ser imagens de revistas, jornais ou desenhos, tentando criar uma
breve narrativa sobre a ideia apresentada na música. Em seguida, apresentem as
produções para a turma.
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91
José
Ouça o poema no
92
Atividades
1. Após ler e ouvir ao poema “José”, discuta com seus colegas de turma sobre o conteúdo
do poema.
a) Há um verso reiterado ao longo do poema. De qual se trata? Qual o possível motivo
para ser repetido?
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b) Qual parece ser a maior intempérie do personagem “José”, no poema? Comprove sua
resposta com marcas linguísticas retiradas do poema.
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93
LETRA DE MÚSICA
Como mencionado antes, a letra de música também pode ser objeto para análise
linguística e literária. Leia a seguir a letra da música “O Mundo tá Sempre Girando”, do
músico carioca Rogério Skylab.
Os automóveis passando,
As ondas do rádio, a TV,
Um monte de gente falando,
O Homem Bomba !!!
Ouça no
94
Atividades
1. Após ler e ouvir a canção, discuta com seus colegas sobre o conteúdo da canção.
4. Você acha que a modernidade e seus aspectos (os meios de comunicação, por
exemplo) atrapalham ou auxiliam a nossa percepção quanto à passagem do tempo?
Discuta com seus colegas e, após, apresente sua posição.
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5. Em um texto, a passagem do tempo pode ser demonstrada através da escolha pelo
tempo verbal. Cada tempo verbal tem um propósito. Volte à letra da música e analise os
versos marcados: qual a forma verbal presente nesses versos? Qual poderia ser o
possível motivo para essa escolha? Assinale a alternativa correta.
▪ Particípio. Dá ao texto a ideia de ação finalizada.
▪ Infinitivo. Sendo a forma natural do verbo, apresenta uma ação não realizada.
▪ Gerúndio. Essa forma, presente na letra da música, dá ideia de continuidade da
ação presente no verso.
96
CAPÍTULO 5 – HISTÓRIA EM QUADRINHOS: CONSTRUINDO UM
LEITOR CRÍTICO
Aline Marafiga de Oliveira & Evandro Dinat e Silva
Querido aluno,
sabendo da importância e impacto que o ensino tem na vida dos alunos, esta unidade
didática foi pensada para despertar o seu senso crítico. Em se tratando de um 8° ano do
ensino fundamental e considerando o valor pedagógico das Histórias em Quadrinhos
(HQs) e sua contínua inserção no contexto escolar, esta unidade, além de apresentar a
importância desse gênero em sala de aula, poderá ajudar na formação dos estudantes
ativos na sociedade. Além disso, a unidade parte de uma proposta lúdica ao trabalhar
com um gênero que anteriormente era visto como menor. Segundo Waldomiro e Paulo
no livro “Quadrinhos na educação evidenciam tal situação”, “houve um tempo, não tão
distante assim, em que levar revistas em quadrinhos para sala de aula era motivo de
repreensão por parte dos professores. Tais publicações eram interpretadas como leitura
de lazer e, por isso, superficiais e com conteúdo aquém do esperado para realidade do
aluno’’. Nessa mesma linha, surgiam argumentos de que os quadrinhos geravam
“preguiça mental” nos estudantes e impossibilitavam a chamada “boa leitura’’.
Nosso intuito é mostrar que esse conceito está equivocado. Pesquisas posteriores,
como a de Valéria Bari (2008), comprovam que os quadrinhos não afastam os jovens da
boa leitura. Pelo contrário, muitos adultos que hoje tem o hábito da leitura, seja de livros,
jornais, revistas, costumavam ler histórias em quadrinhos quando pequenos ou no
período da adolescência. Segundo a autora, “crianças que têm acesso às histórias em
quadrinhos podem ser letradas mais facilmente e apresentar rendimento superior nos
estudos se comparadas às que não possuem contato com esse material’’.
Assim, considerando essa perspectiva, o objetivo geral desta unidade é que os
alunos reflitam sobre problemas sociais e que, assim, despertem a empatia com o
próximo. Para isso, as HQs apresentarão desde a estrutura desse gênero até a sua
produção.
97
Partindo dessa perspectiva, será apresentado o gênero HQ nesta unidade didática
para realização das atividades propostas, com foco na produção criativa e crítica do
aluno.
CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO HQ
1. Utiliza quadrinhos com desenhos para construir os sentidos;
2. Registra diálogos nos balões de fala;
3. Objetiva entreter, informar e, em algumas circunstâncias, criticar;
4. Articula linguagem verbal e não verbal (escrita e imagens na composição de histórias);
5. Usa frequentemente as onomatopeias.
HQs no Brasil:
No Brasil, a primeira revista em quadrinhos chamou-se O Tico-Tico e foi
publicada em 1905 pelo periódico “O Malho”. Idealizada pelo artista Renato de Castro,
foi influenciada pela HQ francesa La Semaine de Suzette e teve como personagem mais
popular o garoto Chiquinho.
98
Mas foi apenas em 1960 que o público brasileiro teve um gibi inteiramente
colorido com a publicação de “A Turma do Pererê”, do cartunista Ziraldo. O gibi foi
apresentado pela Editora O Cruzeiro e trazia personagens inspirados na cultura
nacional.
Em 1964, o gibi foi retirado de circulação por conta da censura instaurada
durante a ditadura militar e só voltou a ser publicado novamente em 1975.
Turma da Mônica:
Foi também na década de 60 que surgiu a HQ mais conhecida do Brasil, a Turma
da Mônica, criada pelo paulistano Maurício de Souza. A revistinha fez tanto sucesso que
hoje é publicada em mais 40 países e traduzida em 14 idiomas.
Evolução da personagem Mônica, de Maurício de Souza.
99
Mafalda, do argentino Quino.
.
Disponível: https://pt-static.z-dn.net/files/d76/d827e3cefa97c636503a1032fed1eaf8.jpg
1) Observe as expressões do Pato Donald, personagem criada por Walt Disney. Quais
sentimentos ou emoções podemos perceber em suas expressões?
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100
As histórias em quadrinhos são narrativas sequenciais. Embora, cada quadrinho
seja estático, a sequência deles cria um efeito temporal, como se conseguíssemos ver a
passagem do tempo e a movimentação das personagens de uma cena para a outra.
Os balões são recursos gráficos que servem para indicar ao leitor falas,
pensamentos e sentimentos das personagens. De acordo com a situação, os balões
podem ter vários formatos.
Outro recurso usado para tornar mais expressiva a fala das personagens é o
destaque de palavras. Podem-se usar o negrito, diversos tamanhos, formatos e cores das
letras para expressar emoções, atitudes, entonação e outras características da fala.
101
4) Que sentidos essas palavras destacadas trazem para a história em quadrinhos?
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Outra característica importante para as HQs é a utilização das imagens como único
recurso, sem recorrer às palavras.
Quando as HQs utilizam somente imagens, os traços, setas, linhas variadas são
recursos gráficos que podem indicar os movimentos corporais das personagens (como
vimos na tirinha acima). Os autores também utilizam símbolos, como bolinhas para
indicar alguém está com sono, gotas para indicar lágrimas ou suor, coração para indicar
que a personagem está apaixonada, entre outros recursos.
Recebem o nome de interjeições (ou locuções interjetivas) as palavras ou as
pequenas frases que são usadas para expressar emoções ou sentimentos em
determinadas situações. Exemplos: Oba!, Ah!, Oh!, Ufa!, Puxa vida! Oh, não!
102
O ponto de exclamação (!) é associado a frases que indicam emoções como surpresa,
alegria, entusiasmo, dor e nervosismo.
O ponto de interrogação (?) expressa geralmente dúvida, suspense e indecisão.
Muitas vezes, o ponto de exclamação é combinado com o ponto de interrogação,
indicando dúvida e surpresa ao mesmo tempo.
As reticências (...) podem indicar interrupção do pensamento, hesitação, surpresa,
dúvida ou timidez.
103
As atividades a seguir vão ajuda-lo a organizar o que aprendeu.
1) Leia a tira.
Mauricio de Souza. Saiba sobre histórias em quadrinhos com a Turma da Mônica, n.8, p.34, abr. 2008.
b) Por que o formato dos balões do primeiro quadrinho é diferente do formato do balão
do terceiro?
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d) Indique os sinais de pontuação presentes na tira e explique com que finalidade eles
são usados.
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104
2) Assinale as proposições verdadeiras e reescreva as falsas, corrigindo-as.
a) O ponto de exclamação é muito usado nas HQs e costuma acompanhar interjeições.
b) As reticências são usadas quando o autor não tem mais nada a dizer.
c) O ponto de interrogação é utilizado para mostrar que a personagem aumentou o
volume da voz.
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a) Interjeições
b) Onomatopeias
4) Leia a tira.
105
c) O que a expressão “DING-A-LING” significa?
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106
Entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da
mulher. Espancamento, atirar objetos, sacudir e apertar os braços, estrangulamento ou
sufocamento, lesões com objetos cortantes ou perfurantes, ferimentos causados por
queimaduras ou armas de fogo tortura.
Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial
ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores
e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas
necessidades. Controlar o dinheiro, deixar de pagar pensão alimentícia, destruição de
documentos pessoais, furto, extorsão ou dano estelionato, privar de bens, valores ou
recursos econômicos, causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela
goste.
107
É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. Acusar a
mulher de traição, emitir juízos morais sobre a conduta, fazer críticas mentirosas, expor
a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua
índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir.
Delegacia da mulher
A delegacia da mulher é especializada em violência contra a mulher. Para deixar
a vítima mais confortável, a equipe costuma ser formada só por mulheres. A indicação é
que nestes espaços também seja oferecido apoio psicológico e de Justiça. Procure a
unidade da sua cidade ou estado e faça um boletim de ocorrência. Peça uma medida
protetiva de urgência.
Ligue 180
O Ligue 180 é o canal do governo federal, o qual funciona 24 horas – incluindo
sábados, domingos e feriados –, do governo federal para denúncias de violência contra
a mulher. A ligação é anônima, funciona em todo Brasil e em mais 16 países. O número
pode ser acionado em casos de emergência ou em situações em que a violência é
contínua. A central dá orientações jurídicas, psicológicas e encaminha pedido de
investigação a órgãos de defesa à mulher, como o Ministério Público. Não é preciso ser
a vítima para fazer a denúncia.
108
Compreendendo e discutindo:
1) Forme grupos de 4 pessoas e discuta as perguntas em sala de aula, a partir das
reflexões feitas sobre a atividade de leitura.
a) Você já conhecia o gênero textual HQ? Quais outros gêneros textuais você conhece?
b) Qual é o objetivo do gênero HQ?
c) Qual a sua percepção após ler o texto “violência contra a mulher: uma leitura crítica”?
d) Quais são os tipos de agressão que a mulher sofre?
e) O que você faria se abordasse uma situação de violência contra a mulher?
f) Na sua visão, podemos relacionar o tema “violência contra a mulher” com o gênero HQ?
Por quê?
Violência cometida
Reação da vítima
109
Onde a personagem está?
Sequência narrativa
110
3. Divida a história em partes. Cada uma será desenhada em um quadrinho.
4. Continue a desenhar sua história em quadrinhos, criando as falas e os balões.
5. Lembre-se de usar onomatopeias, destacar palavras e variar os balões.
111
Avaliação e reescrita do texto:
1) Leia com atenção a HQ que você criou. Use o roteiro abaixo para avaliar sua produção.
a) Características de personagem:
• a personagem principal é uma mulher?
• é possível observar um dos cinco tipos de violência sofrido pela mulher?
• as características do(s) agressor(es) estão destacadas?
b) Sequência narrativa:
• os quadrinhos obedecem a uma sequência temporal?
• há um conflito a ser resolvido?
c) Recursos:
• as falas dos balões estão adequadas às atitudes das personagens?
• foram usados adequadamente recursos visuais (onomatopeias, palavras destacadas e
balões com diferentes formas) para representar os sons e expressar os sentimentos das
personagens?
Critérios de avaliação:
112
Reescrita do texto:
113
(EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares, contos de
suspense, mistério, terror, humor, narrativas de enigma, crônicas, histórias em
quadrinhos, dentre outros, que utilizem cenários e personagens realistas ou de fantasia,
observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais
como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais
adequados à narração de fatos passados, empregando conhecimentos sobre diferentes
modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos direto e indireto.
114
CAPÍTULO 6 – O QUE SÃO GÊNEROS TEXTUAIS?
Gustavo Rafael Hein & Roberta Morgana Petry
você já parou para pensar em como a vida do ser humano é permeada pela linguagem?
Tudo o que fazemos e pensamos, todas as nossas relações sociais, são possíveis apenas
através da linguagem. Do diálogo com um amigo a uma defesa de doutorado; de uma
lista de compras a uma reportagem; de uma telenovela a uma mensagem de áudio no
WhatsApp… todas essas interações só são possíveis porque somos seres capazes de
produzir linguagem. Porém, como você acabou de perceber, as interações humanas não
são todas iguais. Embora todas elas se materializem na e pela linguagem, não falamos
com um amigo da mesma maneira que apresentamos um trabalho acadêmico; não
escrevemos uma lista de compras da mesma forma que escrevemos uma reportagem;
não encontramos o mesmo conteúdo de uma telenovela em uma mensagem de áudio do
Whatsapp… Você já parou para pensar por quê?
Podemos adiantar um pouquinho a resposta para essa pergunta: porque cada
interação acontece por motivos ou por necessidades distintas, tem atores sociais
distintos e acontece em uma situação específica. Todos esses fatores geram, então, textos
distintos, sejam escritos, sejam orais ou multissemióticos. A pergunta é: como distinguir
um texto de outro? Como sabemos que uma telenovela é uma telenovela? Que uma
reportagem é uma reportagem? Ora, poderíamos apenas avaliar os fatores recém
mencionados, no entanto, para tornar essa distinção mais fácil nomeamos, etiquetamos
os textos, de forma que cada texto produzido, em cada ato comunicativo, corresponde a
um gênero textual. O diálogo com um amigo é um gênero, uma reportagem é um gênero,
uma telenovela é outro gênero.
Sendo assim, esta unidade tem por objetivo refletir sobre os diversos fatores que
fazem um texto pertencer a um gênero textual e não a outro. Ao longo da unidade,
portanto, você terá contato com diversos gêneros textuais e, ao final, estará mais
familiarizado com esse conceito.
115
PARA INTRODUZIR
ATIVIDADE 1
Imagine a seguinte situação:
a) Pensando na situação descrita, qual, entre as opções de texto abaixo, Isidoro deve
escolher para solicitar a troca do produto?
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116
TV liga, mas não aparece imagem? Veja possíveis causas e como resolver
Problema no sistema de LED da TV pode impedir que a tela funcione corretamente
Se a sua TV liga, mas permanece com a tela preta em vez de mostrar a imagem,
saiba que existem algumas maneiras de diagnosticar o problema e tentar resolvê-lo.
Mau contato nos cabos e entradas e erros de configuração são algumas das causas
mais comuns para essa situação. Porém, o caso também pode ser mais grave, como
defeitos no sistema de LED, por exemplo.
Para ajudar a solucionar esse tipo de problema, o TechTudo separou abaixo
algumas dicas. Ainda assim, é importante destacar que, caso nenhuma delas funcione,
o mais aconselhável é que o usuário procure por uma assistência técnica da fabricante.
117
Erros de configuração
Muitas televisões costumam vir de fábrica com um recurso chamado "Energy
Saving". Como o próprio nome sugere, sua função é diminuir o consumo de energia da
TV. Uma das maneiras desse recurso economizar a luz é desligando o modo de vídeo
da TV. Assim, quando essa função está ativada, a televisão passa a reproduzir apenas
o áudio.
Como o recurso não é tão conhecido pelos usuários – e nem sempre é tão fácil
de achar nas configurações da TV – a função acaba, na verdade, atrapalhando algumas
pessoas. Portanto, caso você esteja passando por essa situação, procure nos "Ajustes"
do seu aparelho a opção "Energy Saving" e desative.
Fonte: MENDES, L. TV liga, mas não aparece imagem? Veja possíveis causas e como resolver.
IN: TechTudo. 2018. Disponível em: <https://www.techtudo.com.br/>.
118
Televisão
Titãs
A televisão me deixou burro, muito burro demais
Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais
O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida
E agora toda noite quando deito é boa noite, querida
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa, mas eu não faço nada
A luz do sol me incomoda, então deixa a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais
119
Agora, leia o Texto 4, em que o autor Rafael solicita a resolução de um problema para a
empresa PhoneCell.
ATIVIDADE 2
Agora, compare o Texto 4 ao Texto 1 (lido anteriormente) e responda às questões que
seguem:
120
4. A relação entre os participantes (quem escreve e quem recebe o texto) é de
proximidade/intimidade ou de distanciamento/desconhecimento? Justifique sua
resposta, apontando marcas linguísticas de ambos os textos.
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7. Indique possíveis motivos para essa diferença. Justifique sua resposta com, no
mínimo, dois argumentos.
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8. Qual dos textos você considera mais adequado para alcançar o objetivo dos
consumidores (a troca do aparelho)? Por quê?
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9. Apesar das diferenças entre os textos, você acredita que ambos compradores podem
atingir seus objetivos? Justifique.
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10. Observe novamente os Textos 1 e 4, que nome você daria a cada um deles?
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121
Após a realização das atividades anteriores, é possível chegar a algumas conclusões:
1 – Todo texto parte de um evento deflagrador, uma situação que dá origem a algum
tipo de interação e, por consequência, a um texto.
2 – Todo texto tem um autor, aquele que o escreve, enuncia, sinaliza.
3 – Todo texto tem um interlocutor, para o qual ele se dirige.
4 – Todo texto funciona dentro de convenções específicas, determinadas socialmente, as
quais também determinarão o nível de linguagem (formal/informal) que será utilizado
na elaboração do texto.
5 – Todo texto tem um propósito comunicativo, ou seja, um objetivo que o autor almeja
atingir por meio do texto.
Observemos os Textos 1 e 2:
122
Refletindo...
E, se para resolver o seu problema, Isidoro tivesse optado pelo Texto 2 (tutorial),
ou pelo Texto 3 (letra de canção), ele teria o seu problema solucionado? Sua resposta
deve ser “NÃO” (5), pois a situação comunicativa não comporta o tipo de interação
previsto nesses textos. Se Isidoro tem o objetivo de solicitar a troca do televisor, seu
texto deve deixar claro esse propósito. Sendo assim, cada evento deflagrador originará
uma necessidade de interação, gerando diferentes textos, com características
específicas e socialmente convencionadas, de modo a garantir que o objetivo seja
alcançado.
123
Reunião de pais e Mestres
Senhores pais ou responsáveis,
O departamento de ensino da Escola Nossa Senhora de Fátima tem a honra de
convidá-los para a reunião de pais mestres a ser realizada no dia 29 de abril
de 2018, às 19h, no auditório do colégio.
Na reunião também serão apresentados os resultados do ano letivo e
informações sobre o desempenho individual dos alunos.
Contamos com sua presença.
Atenciosamente
A direção
124
Canção
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Cecília Meireles
▪ Após a leitura dos textos, reflita sobre a situação comunicativa envolvida em cada um
deles. Para facilitar a sua reflexão, utilize o quadro a seguir:
Qual o evento
Quem (possivelmente) Quem (possivelmente)
deflagrador que deu
escreveu o texto? lerá o texto?
origem a esse texto?
TEXTO 5
TEXTO 6
TEXTO 7
TEXTO 8
125
▪ Conclusão: Nesta atividade você foi capaz de observar que cada texto parte sempre
de um evento deflagrador ou necessidade comunicativa. No caso do Texto 5, temos uma
lista de compras que pode ter como autor e interlocutor uma única (mesma) pessoa, a
qual escreve a lista partindo de uma necessidade específica: lembrar-se do que deve
comprar quando for ao supermercado. No Texto 6, temos um convite escrito pela
direção de uma escola e endereçado aos pais dos alunos. Provavelmente, a situação
comunicativa envolve a necessidade de a escola receber os pais para conversar sobre o
andamento do ano letivo. No Texto 7, temos uma notícia, possivelmente escrita por um
jornalista do jornal Gaúcha ZH. Nesse caso, o evento que deu origem ao texto é o mau
tempo, que provocou estragos nas rodovias gaúchas. Surge então a necessidade de
alertar a população sobre tais acontecimentos. No Texto 8, temos um gênero do campo-
artístico literário (poema), em que a autora, Cecília Meireles, escrevendo em primeira
pessoa, cria um “eu-lírico” que divide com o leitor (todos aqueles que se interessam por
poesia) traços da sua interioridade.
126
a) Qual é o possível evento deflagrador do texto, levando-se em conta que ele foi
publicado no dia 12 de junho de 2020?
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e) Que nome você daria a esse texto? Quais elementos contribuem para a sua escolha
(estrutura do texto? imagens? marcas linguísticas…)?
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f) Imagine que a interlocutora desse texto descubra que o autor original não é Pedro
Scooby (foto), mas que outra pessoa tenha escrito por ele, já que ele não é “bom com as
palavras”. Você acha que o texto teria o mesmo impacto na namorada? Justifique.
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▪ Conclusão: por meio desta atividade, você foi capaz de perceber a importância que
carrega o autor (6) do texto. A alteração do autor, possivelmente, ocasionará mudanças
na compreensão da mensagem pelo interlocutor, fazendo com que o propósito
comunicativo do texto não seja atingido integralmente, (gerando até mesmo reações não
esperadas no destinatário). No texto apresentado, Pedro Scooby deseja impressionar e
127
ratificar o seu amor pela namorada. No entanto, se descobrisse que o texto não foi
originalmente escrito pelo amado, ela poderia questionar a validade do afeto
demonstrado pelas palavras, de forma que a função da postagem não seria alcançada.
128
c) Quem é(são) o(s) possível(is) interlocutor(es) desse texto? Justifique sua resposta.
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e) Existem informações que podem ser omitidas do texto sem prejudicar o propósito
comunicativo? Exemplifique a partir das marcas linguísticas do texto.
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f) Que nome você daria a esse texto? Que marcas linguísticas ou semióticas contribuem
para a sua conclusão?
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g) Tendo em vista o propósito comunicativo do texto, qual seria a única pessoa que não
poderia ser o interlocutor desse texto? Justifique sua resposta.
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▪ Conclusão: com essa atividade, você foi capaz de perceber o quão importante é o
interlocutor (7) de um texto. Quanto o texto não alcança o interlocutor pretendido, o
propósito comunicativo (8) não se efetiva. Por outro lado, se atinge um interlocutor
não pretendido, pode provocar situações indesejadas. No texto em questão, não se
conhece os autores, mas é possível inferir que sejam amigos ou familiares de Maitê, os
quais pretendem organizar uma festa de aniversário surpresa para ela. Os
interlocutores do texto são, provavelmente, outras pessoas do convívio da
aniversariante, das quais os autores desejam a presença na celebração. Como exemplo
de interlocutor indesejado, pode-se citar a própria Maitê, pois, se recebesse o convite,
ela descobriria a surpresa, inviabilizando o alcance do objetivo do texto.
129
ATIVIDADE 6 - Trabalhando com o nível linguístico
▪ Como toda a interação humana é mediada pela linguagem, todo o texto se estruturará
a partir de determinadas escolhas linguísticas realizadas pelo seu autor. Tais escolhas
são fortemente influenciadas pelas relações entre autor e interlocutor na interação e
pelas convenções sociais que regulam o grau de formalidade da situação comunicativa.
Sendo assim, as escolhas linguísticas deverão adequar-se à natureza da interação. Em
situações solenes (posse, evento, palestra, formatura, etc.) e em ambientes que se
pretendem sérios (empresas, escolas, instituições governamentais, etc.), verifica-se,
normalmente, a ocorrência de gêneros textuais que utilizarão um registro formal da
linguagem, pois subentende-se uma relação de afastamento entre autor e interlocutor.
Por outro lado, em situações recreativas (encontro de amigos, festa de aniversário,
intervalo de aula/trabalho, etc.) e em ambientes mais descontraídos (familiar, festivo,
etc.), observa-se a produção de gêneros textuais que utilizarão um registro informal da
linguagem, porque subentende-se uma relação de proximidade entre autor e
interlocutor.
NÍVEL DA LINGUAGEM
SITUAÇÃO JUSTIFICATIVA
<FORMAL / INFORMAL>
130
▪ Conclusão: ao analisarmos as situações apresentadas na tarefa, observamos que a
segunda e a quinta permitem a utilização de linguagem informal (9), uma vez que as
relações autor-interlocutor são de proximidade/intimidade e que os ambientes não se
pretendem formais ou solenes. Já a primeira, a terceira e a quarta situações evocam a
necessidade de uso de linguagem formal (10). A primeira se estabelece no ambiente
escolar, espaço que se pretende formal. A terceira diz respeito à busca por emprego e
convencionou-se que um currículo deve ser redigido em registro formal, pois o
ambiente empresarial costuma ser mais sério. A quarta, por fim, concerne à solenidade
de formatura de uma turma, ocasião especial no ambiente escolar, precisando manter
um certo grau de formalidade. Com isso, concluímos, portanto, que é natureza da
situação que a torna mais ou menos formal. Tal natureza está ligada estritamente com
as convenções sociais de uma determinada comunidade, pois são elas que regulam as
relações autor-interlocutor, o grau de seriedade dos ambientes e o status dos
participantes da interação.
cardápio
receita
notícia
novela
conto
mensagem de Whatsapp
131
▪ Conclusão: quando refletimos sobre os diversos gêneros textuais, é possível
percebermos que alguns são mais “estáveis” do que outros. É o caso da bula de remédio,
do cardápio, da receita, da notícia, ou seja, funções mais delimitadas. A bula de remédio
tem por objetivo orientar quanto ao uso de determinado medicamento; o cardápio
expor os pratos disponíveis em determinado restaurante; a receita ensinar a preparar
determinado prato; a notícia informar sobre um fato que aconteceu recentemente. Já a
novela e o conto, enquanto gêneros do campo artístico-literário, objetivam, num
primeiro plano, a fruição estética, o entretenimento do leitor/espectador, porém, além
disso podem apresentar tantos outros objetivos quanto a própria criatividade humana
(criticar, refletir sobre, satirizar, exaltar, etc), o que só será atingido a partir do contato
com cada texto em sua singularidade. Assim também acontece com outros gêneros, dos
quais a função pode variar amplamente. No caso da mensagem de Whatsapp e do e-mail,
sabemos que o objetivo de quem os envia é o de se comunicar com outra pessoa, seja
para contar algo que aconteceu, solicitar uma informação, pedir um favor, etc 2. Dessa
maneira, fica evidente que existem gêneros que são mais “estáticos” quanto a sua função,
e gêneros que são mais “fluidos”. De qualquer maneira, em última instância, para que a
comunicação seja satisfatória, cada texto deve ser visualizado na sua unidade e nas suas
particularidades, ditadas por todos os elementos que estudamos ao longo desta unidade
(evento deflagrador, autor, interlocutor, nível de linguagem e função do texto).
(EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/ escuta, com suas
condições de produção e seu contexto sócio-histórico de circulação (leitor/audiência
previstos, objetivos, pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero
do discurso etc.), de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de
análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
(EM13LP06) Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos da linguagem,
da escolha de determinadas palavras ou expressões e da ordenação, combinação e
contraposição de palavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades de construção
de sentidos e de uso crítico da língua.
(EM13LP07) Analisar, em textos de diferentes gêneros, marcas que expressam a
posição do enunciador frente àquilo que é dito: uso de diferentes modalidades
(epistêmica, deôntica e apreciativa) e de diferentes recursos gramaticais que operam
como modalizadores (verbos modais, tempos e modos verbais, expressões modais,
adjetivos, locuções ou orações adjetivas, advérbios, locuções ou orações adverbiais,
entonação etc.), uso de estratégias de impessoalização (uso de terceira pessoa e de voz
passiva etc.), com vistas ao incremento da compreensão e da criticidade e ao manejo
adequado desses elementos nos textos produzidos, considerando os contextos de
produção.
2 Nesta atividade consideramos Whatsapp e e-mail como gêneros e não como suporte. 132
CAPÍTULO 7 – DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO: ENSINAR É PRECISO!
Caro aluno,
Rapunzel
Era uma vez um casal que há muito tempo desejava inutilmente ter um filho. Os
anos se passavam, e seu sonho não se realizava. Afinal, um belo dia, a mulher percebeu
que Deus ouvira suas preces. Ela ia ter uma criança!
Por uma janelinha que havia na parte dos fundos da casa deles, era possível ver,
no quintal vizinho, um magnífico jardim cheio das mais lindas flores e das mais viçosas
hortaliças. Mas em torno de tudo se erguia um muro altíssimo, que ninguém se atrevia
a escalar. Afinal, era a propriedade de uma feiticeira muito temida e poderosa.
Um dia, espiando pela janelinha, a mulher se admirou ao ver um canteiro cheio
dos mais belos pés de rabanete que jamais imaginara. As folhas eram tão verdes e
fresquinhas que abriram seu apetite. E ela sentiu um enorme desejo de provar os
rabanetes.
133
A cada dia seu desejo aumentava mais. Mas ela sabia que não havia jeito de
conseguir o que queria e por isso foi ficando triste, abatida e com um aspecto doentio,
até que um dia o marido se assustou e perguntou:
- O que está acontecendo contigo, querida?
- Ah! - respondeu ela. - Se não comer um rabanete do jardim da feiticeira, vou
morrer logo, logo!
O marido, que a amava muito, pensou: "Não posso deixar minha mulher
morrer… Tenho que conseguir esses rabanetes, custe o que custar!"
Ao anoitecer, ele encostou uma escada no muro, pulou para o quintal vizinho,
arrancou apressadamente um punhado de rabanetes e levou para a mulher. Mais que
depressa, ela preparou uma salada que comeu imediatamente, deliciada. Ela achou o
sabor da salada tão bom, mas tão bom, que no dia seguinte seu desejo de comer
rabanetes ficou ainda mais forte. Para sossegá-la, o marido prometeu-lhe que iria
buscar mais um pouco.
Quando a noite chegou, pulou novamente o muro, mas, mal pisou no chão do
outro lado, levou um tremendo susto: de pé, diante dele, estava a feiticeira.
- Como se atreve a entrar no meu quintal como um ladrão, para roubar meus
rabanetes? - perguntou ela com os olhos chispando de raiva. - Vai ver só o que te
espera!
- Oh! Tenha piedade! - implorou o homem. - Só fiz isso porque fui obrigado!
Minha mulher viu seus rabanetes pela nossa janela e sentiu tanta vontade de comê-
los, mas tanta vontade, que na certa morrerá se eu não levar alguns!
A feiticeira se acalmou e disse:
- Se é assim como diz, deixo você levar quantos rabanetes quiser, mas com uma
condição: irá me dar a criança que sua mulher vai ter. Cuidarei dela como se fosse sua
própria mãe, e nada lhe faltará.
O homem estava tão apavorado, que concordou. Pouco tempo depois, o bebê
nasceu. Era uma menina. A feiticeira surgiu no mesmo instante, deu à criança o nome
de Rapunzel e levou-a embora.
Rapunzel cresceu e se tomou a mais linda criança sob o sol. Quando fez doze
anos, a feiticeira trancou-a no alto de uma torre, no meio da floresta.
A torre não possuía nem escada, nem porta: apenas uma janelinha, no lugar
mais alto. Quando a velha desejava entrar, ficava embaixo da janela e gritava:
- Rapunzel, Rapunzel! Joga abaixo tuas tranças!
Rapunzel tinha magníficos cabelos compridos, finos como fios de ouro. Quando
ouvia o chamado da velha, abria a janela, desenrolava as tranças e jogava-as para fora.
As tranças caíam vinte metros abaixo, e por elas a feiticeira subia.
Alguns anos depois, o filho do rei estava cavalgando pela floresta e passou perto
da torre. Ouviu um canto tão bonito que parou, encantado. Rapunzel, para espantar a
solidão, cantava para si mesma com sua doce voz. Imediatamente o príncipe quis
subir, procurou uma porta por toda parte, mas não encontrou. Inconformado, voltou
134
para casa. Mas o maravilhoso canto tocara seu coração de tal maneira que ele começou
a ir para a floresta todos os dias, querendo ouvi-lo outra vez.
Em uma dessas vezes, o príncipe estava descansando atrás de uma árvore e viu
a feiticeira aproximar-se da torre e gritar: "Rapunzel, Rapunzel! Joga abaixo tuas
tranças!" E viu quando a feiticeira subiu pelas tranças.
"É essa a escada pela qual se sobe?," pensou o príncipe. "Pois eu vou tentar a
sorte…."
No dia seguinte, quando escureceu, ele se aproximou da torre e, bem embaixo
da janelinha, gritou:
- Rapunzel, Rapunzel! Joga abaixo tuas tranças!
As tranças caíram pela janela abaixo, e ele subiu. Rapunzel ficou muito
assustada ao vê-lo entrar, pois jamais tinha visto um homem. Mas o príncipe falou-lhe
com muita doçura e contou como seu coração ficara transtornado desde que a ouvira
cantar, explicando que não teria sossego enquanto não a conhecesse. Rapunzel foi se
acalmando, e quando o príncipe lhe perguntou se o aceitava como marido, reparou
que ele era jovem e belo, e pensou: "Ele é mil vezes preferível à velha senhora…." E,
pondo a mão dela sobre a dele, respondeu:
- Sim! Eu quero ir com você! Mas não sei como descer… Sempre que vier me ver,
traga uma meada de seda. Com ela vou trançar uma escada e, quando ficar pronta, eu
desço, e você me leva no seu cavalo.
Combinaram que ele sempre viria ao cair da noite, porque a velha costumava
vir durante o dia. Assim foi, e a feiticeira de nada desconfiava até que um dia Rapunzel,
sem querer, perguntou a ela:
- Diga-me, senhora, como é que lhe custa tanto subir, enquanto o jovem filho do
rei chega aqui num instantinho?
- Ah, menina ruim! - gritou a feiticeira. - Pensei que tinha isolado você do
mundo, e você me engana!
Na sua fúria, agarrou Rapunzel pelos cabelos e esbofeteou-a. Depois, com a
outra mão, pegou uma tesoura e tec, tec! cortou as belas tranças, largando-as no chão.
Não contente, a malvada levou a pobre menina para um deserto e abandonou-a ali,
para que sofresse e passasse todo tipo de privação. Na tarde do mesmo dia em que
Rapunzel foi expulsa, a feiticeira prendeu as longas tranças num gancho da janela e
ficou esperando. Quando o príncipe veio e chamou: "Rapunzel! Rapunzel! Joga abaixo
tuas tranças!," ela deixou as tranças caírem para fora e ficou esperando. Ao entrar, o
pobre rapaz não encontrou sua querida Rapunzel, mas sim a terrível feiticeira. Com
um olhar chamejante de ódio, ela gritou zombeteira:
- Ah, ah! Você veio buscar sua amada? Pois a linda avezinha não está mais no
ninho, nem canta mais! O gato apanhou-a, levou-a, e agora vai arranhar os seus olhos!
Nunca mais você verá Rapunzel! Ela está perdida para você!
Ao ouvir isso, o príncipe ficou fora de si e, em seu desespero, se atirou pela
janela. O jovem não morreu, mas caiu sobre espinhos que furaram seus olhos e ele
135
ficou cego. Desesperado, ficou perambulando pela floresta, alimentando-se apenas de
frutos e raízes, sem fazer outra coisa que se lamentar e chorar a perda da amada.
Passaram-se os anos. Um dia, por acaso, o príncipe chegou ao deserto no qual
Rapunzel vivia, na maior tristeza, com seus filhos gêmeos, um menino e uma menina,
que haviam nascido ali.
Ouvindo uma voz que lhe pareceu familiar, o príncipe caminhou na direção de
Rapunzel. Assim que chegou perto, ela logo o reconheceu e se atirou em seus braços,
a chorar. Duas das lágrimas da moça caíram nos olhos dele e, no mesmo instante, o
príncipe recuperou a visão e ficou enxergando tão bem quanto antes. Então, levou
Rapunzel e as crianças para seu reino, onde foram recebidos com grande alegria. Ali
viveram felizes e contentes.
Disponível em: https://www.grimmstories.com/pt/grimm_contos/rapunzel
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4) O príncipe conseguiu encontrar a sua amada Rapunzel? Como ele voltou a enxergar?
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Agora que você já conhece um pouco mais do gênero que iremos trabalhar, vamos dar
início à leitura do conto “Negrinha”, de Monteiro Lobato.
Negrinha
Monteiro Lobato
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta?? Não. Fusca, mulatinha escura,
de cabelos ruços e olhos assustados.
Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos de vida, vivera-os pelos
cantos escuros da cozinha, sobre farrapos de esteira e panos imundos. Sempre
escondida, que a patroa não gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada pelos padres,
com lugar certo na igreja e camarote de luxo no céu. Entaladas as banhas no trono uma
cadeira de balanço na sala de jantar, — ali bordava, recebendo as amigas e o vigário,
dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora, em suma — “dama de
grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o padre.
Ótima, a D. Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva
sem filhos, não a calejara o choro da sua carne, e por isso não suportava o choro da
carne escrava. Assim, mal vagia, longe na cozinha, a triste criança, gritava logo,
nervosa:
— Quem é a peste que está chorando aí?
Quem havia de ser? A pia de lavar pratos?? O pilão?? A mãe da criminosa abafava
a boquinha da filha e corria com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em
caminho beliscões desesperados:
— Cale a boca, peste do diabo!!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio,
desses que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer...
Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com olhos eternamente assustados.
Órfã aos quatro anos, ficou por ali, feita gato sem dono, levada a pontapés. Não
compreendia a ideiados grandes. Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma
coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a
andar, mas não andava, quase. Com pretexto de que, às soltas, reinaria no quintal,
estragando as plantas, a boa senhora punha-a na sala, ao pé de si, num desvão de porta.
— Sentadinha aí, e bico!! Hem??
Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas. — Braços cruzados, já, diabo!!
Cruzava os bracinhos, a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria.
O relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas — um cuco tão engraçadinho! Era
seu divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as horas com a bocarra vermelha,
arrufando as asas. Sorria-se, então, feliz um momento.
137
Puseram-na depois a fazer crochê, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem
fim.
Que ideia faria de si essa criança, que nunca ouvira uma palavra de carinho?
Pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata choca, pinto gorado, mosca
morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa ruim, lixo — não tinha conta o número
de apelidos com que a mimoseavam. Tempo houve em que foi — bubônica. A epidemia
andava à berra, como novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim — por sinal,
achou linda a palavra. Perceberam-no e suprimiram-na da lista. Estava escrito que não
teria um gostinho só na vida, nem esse de personalizar a peste...
O corpo de Negrinha era tatuado de sinais roxos, cicatrizes, vergões. Batiam nele
os da casa, todos os dias, houvesse ou não motivo. A sua pobre carne exercia para os
cascudos, cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o aço.
Mão em cujos nós de dedos comichasse um cocre, era mão que se descarregaria
dos fluidos em sua cabeça, de passagem. Coisa de rir, e ver a careta...
A excelente D. Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão,
fora senhora de escravos e daquelas ferozes, amigas de ouvir contar o bolo e estalar o
bacalhau. Nunca se N 2 afizera ao regímen novo — essa indecência de negro igual a
branco; e qualquer coisinha, a polícia!! “Qualquer coisinha”; uma mucama assada ao
forno, porque se engraçou dela o senhor; uma novena de relho, porque disse: — “Como
é ruim, a sinhá!”....
O 13 de maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana.
Conservava, pois, Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Simples derivativo.
—Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
Tinha de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade: cocres,
mão fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do paciente. Puxões de
orelha: o torcido, de despegar a concha (bom! bom! bom! gostoso de dar!) e o a duas
mãos, o sacudido. A gama dos beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, a torcida
do umbigo, equivalente ao puxão de orelha. A esfregadela: roda de tapas, cascudos,
pontapés e safanões à uma — divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível, cortante:
para doer fino, nada melhor.
Era pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um castigo
maior para desobstruir o fígado e matar saudades do bom tempo. Foi assim com aquela
história do ovo quente.
Não sabem?? Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha — coisa de rir —
um pedacinho de carne que ela guardava para o fim. A criança não sofreou a revolta e
atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam, todos os dias.
— “Peste”?? Espere aí!! Você vai ver quem é peste. E foi contar o caso à patroa.
D. Inácia estava azeda, e necessitadíssima de derivativo. Sua cara iluminou-se.
— Eu curo ela! disse, desentalando as banhas do trono e indo para a cozinha, qual
uma perua choca, a rufar as saias. — Traga um ovo!!
Veio o ovo. D. Inácia mesma pô-lo na chaleira de água a ferver e, de mãos à cinta,
gozando-se na prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera. Seus olhos
contentes envolviam a mísera criança que, encolhidinha a um canto, trêmula, olhar
esgazeado, aguardava alguma coisa de nunca visto. Quando o ovo chegou a ponto, a
boa senhora exclamou:
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— Venha cá!! Negrinha aproximou-se. — Abra a boca!!
Negrinha abriu a boca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa então, com uma
colher, tirou da água “pulando” o ovo e zás! na boca da pequena. E antes que o urro de
dor saísse, prática que era D. Inácia nesse castigo, suas mãos amordaçaram-na até que
o ovo arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz. Esperneou. Mas só. Nem os
vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois:
— Diga nomes feios aos mais velhos outra vez!! Ouviu, peste??
E voltou contente da vida para o trono, a virtuosa dama, a fim de receber o vigário
que chegava.
— Ah! Monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela pobre
órfã, filha de Cesária; mas que trabalheira me dá!
— A caridade é a mais bela das virtudes! exclamou o padre.
— Sim, mas cansa...
— Quem dá aos pobres, empresta a Deus! A virtuosa senhora suspirou
piedosamente: — Inda é o que vale...
Certo dezembro vieram passar as férias com “Santa” Inácia duas sobrinhas suas,
pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de plumas.
Negrinha, do seu canto, na sala do trono, viu-as irromperem pela casa adentro
como dois anjos do céu, alegres, pulando e rindo numa vivacidade de cachorrinhos
novos. Negrinha olhou imediatamente para a senhora, certa de vê-la armada para
desferir sobre os anjos invasores o raio dum castigo tremendo.
Mas abriu a boca: a sinhá ria-se também... Quê? Pois não era um crime brincar??
Estaria tudo mudado e findo o seu inferno — e aberto o céu??!
No enlevo da doce ilusão, Negrinha levantou-se e veio para a festa infantil,
fascinada pela alegria dos anjos.
Mas logo a dura lição da desigualdade humana chicoteou sua alma. Beliscão no
umbigo e nos ouvidos o som cruel de todos os dias:
— Já, para o seu lugar, pestinha!! Não se enxerga?? Com lágrimas dolorosas, menos
de dor física que de angústia moral — sofrimento novo que se vinha somar aos já
conhecidos, a triste criança encorujou-se no cantinho de sempre.
— Quem é, titia? perguntou uma das meninas, curiosa. — Quem há de ser?! disse
a tia num suspiro de vítima. — Uma caridade minha. Não me corrijo, vivo criando essas
pobres de Deus... Uma órfã... Mas, brinquem, filhinhas!! A casa é grande.
Brinquem por aí a fora!! “Brinquem!!” Brincar! Como seria bom brincar! refletiu
com suas lágrimas, no canto, a dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em
imaginação com o cuco!
Chegaram as malas; e logo:
— Meus brinquedos!! reclamaram as duas meninas. Uma criada abriu-as e tirou-
os fora.
Que maravilha! Um cavalo de rodas!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca
imaginara coisa assim, tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo? Uma
criancinha de cabelos amarelos... que fala “papá”... que dorme...
Era de êxtase, o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia o
nome desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial.
- É feita??... perguntou extasiada.
139
E, dominada pelo enlevo, um momento em que a senhora saiu da sala a
providenciar sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o beliscão, o ovo
quente, tudo, e aproximou-se da criaturinha de louça. Olhou-a com assombro e
encanto, sem jeito sem ânimo de pegá-la.
As meninas admiraram-se daquilo. — Nunca viu boneca??
— Boneca?? repetiu Negrinha. — Chama-se Boneca?? Riram-se as fidalgas de
tanta ingenuidade.
— Como é boba! disseram. — E você, como se chama?
— Negrinha.
As meninas, novamente, torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha
perdurava, disseram, estendendo-lhe a boneca:
— Pegue!!
Negrinha olhou para os lados, ressabiada, com o coração aos pinotes. Que
aventura, santo Deus! Seria possível?? Depois, pegou a boneca. E muito sem jeito, como
quem pega o Senhor Menino, sorria para ela e para as meninas, com relances de olhos
assustados para a porta. Fora de si, literalmente... Era como se penetrara o céu e os
anjos a rodeassem, e um filhinho de anjo lhe viesse adormecer ao colo. Tamanho foi o
enlevo que não viu chegar a patroa, já de volta. D. Inácia entreparou, feroz, e esteve uns
instantes assim, imóvel, presenciando a cena.
Mas era tal a alegria das sobrinhas ante a surpresa estática de Negrinha, e tão
grande a força irradiante da felicidade desta, que o seu duro coração afinal bambeou.
E pela primeira vez na vida soube ser mulher. Apiedou-se.
Ao percebê-la na sala, Negrinha tremera, passando-lhe num relance pela cabeça a
imagem do ovo quente, e hipóteses de castigos piores ainda. E incoercíveis lágrimas de
pavor assomaram-lhe aos olhos.
Falhou tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo:
estas palavras, as primeiras que ouviu, doces, na vida:
— Vão todas brincar no jardim!! e vá você também!! mas veja lá!! Hem??
Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não
viu nela a fera antiga. Compreendeu e sorriu-se.
Se a gratidão sorriu na vida, alguma vez, foi naquela surrada carinha...
Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma — na princesinha e na
mendiga. E para ambas é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos
divinos à vida da mulher: o 4 momento da boneca — preparatório, e momento dos
filhos, — definitivo. Depois disso está extinta a mulher.
Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha alma.
Divina eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que ela trazia em si, e que
desabrochava, afinal, como fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ser
humano. Cessara de ser coisa e de ora avante lhe seria impossível viver a vida de coisa.
Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava!...
Assim foi, e essa consciência a matou.
Terminadas as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa
reentrou no ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra,
inteiramente transformada.
D. Inácia, pensativa, já a não atenazava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa
de coração, amenizava-lhe a vida. Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita.
140
Mal comia e perdera a expressão de susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora
nostálgicos, cismarentos.
Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro de seu doloroso
inferno, envenenara-a. Brincara ao sol, no jardim. Brincara!...
Acalentara dias seguidos, a linda boneca loura, tão boa, tão quieta, a dizer papá e
a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da imaginação. Desabrochara-
se de alma.
A repentina retirada de tudo isso fora forte demais para a débil resistência de uma
alma, com um mês de vida apenas. Enfraqueceu, definhou, como roída de invisível
doença consuntora. E uma febre veio e a levou.
Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono.
Ninguém, entretanto, morreu jamais com maior beleza. O delírio rodeou-se de bonecas,
todas louras, de olhos azuis. E de anjos... E bonecas e anjos rodamoinhavam em torno
dela, numa farândola do céu. Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça,
abraçada, rodopiada.
Veio a tontura, e uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida,
confusamente, num disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e o cuco pela última vez
lhe apareceu, de boca aberta.
Mas, imóvel, sem rufar as asas.
Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou... E tudo se esvaiu em trevas.
Depois, vala comum. A terra papou com indiferença sua carnezinha de terceira —
uma miséria, quinze quilos mal pesados...
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na
memória das meninas ricas:
— Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca??
Outra de saudade, no nó dos dedos de D. Inácia: — Como era boa para um cocre!...
1) Quem foi Monteiro Lobato? Faça uma pesquisa sobre o autor. Em sua pesquisa,
observe em qual época o autor viveu, quando escreveu sua obra e qual o impacto disso
para a literatura. As informações disponíveis nos Códigos QR a seguir podem ajudar na
sua pesquisa!
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2) Em que ano acabou a escravidão no Brasil? Em que ano o texto “Negrinha” foi escrito?
O que isso nos mostra?
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3) Se você não tivesse feito a pesquisa sobre o ano em que a obra foi escrita, que outros
elementos do texto te ajudariam a perceber o período de publicação do texto?
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1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o_no_Brasil
2. http://www.brasilescola.com/historiab/escravidao-indigena.html
3. http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o_no_Brasil
4. http://www.brasilescola.com/historiab/escravidao-indigena
142
4) Faça uma roda de leitura e dialogue com seus colegas sobre a temática do texto. Quem
sabe o colega percebeu algo que você não tenha observado e vice-versa.
5) Todos nós temos um nome, pelo qual somos chamados desde que nascemos. Por que
você acha que a menina não tem nome na história? Comprove sua resposta com
elementos linguísticos retirados do texto.
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6) Existem algumas palavras usadas no texto que não são do nosso cotidiano. Selecione
três, pesquise o significado no dicionário e analise o sentido no texto. É o mesmo que
está no dicionário? Organize um quadro e compartilhe com os colegas.
1.
2.
3.
7) Vamos pensar: por que será que algumas palavras são usadas com sentidos diferentes
dos seus significados reais?
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143
10) Leia o trecho a seguir retirado do conto:
“— Vão todas brincar no jardim!! e vá você também!! mas veja lá!! Hem??
Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não
viu nela a fera antiga. Compreendeu e sorriu-se.
Se a gratidão sorriu na vida, alguma vez, foi naquela surrada carinha...”
11) O que aconteceu com a personagem no final da narrativa? Comprove sua resposta
com fragmentos retirados do texto.
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13) Lendo o texto, você acha que a personagem principal do conto, denominada
“Negrinha”, era tratada como as outras crianças? Para explicar, retire trechos do texto
que corroborem com sua resposta.
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14) Por qual razão a personagem era tratada diferente das outras meninas da casa?
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ATIVIDADES DE PRODUÇÃO TEXTUAL
Tenho certeza que vocês conhecem muitos contos em que o personagem principal
é uma menina ou menino, por exemplo, Cinderela, Pinóquio, João e Maria e tantos
outros. Mas agora me digam, quantas dessas histórias tinham como personagem
principal uma garota ou garoto negro? Pois é, poucas, né?! Agora que você refletiu sobre
os textos trabalhados, é hora de produzir o seu próprio conto.
Comando da atividade:
Crie um conto, cuja narrativa seja um personagem principal negro. Ele poderá ser
completamente inventado por você ou ter características de pessoas do mundo real,
figuras públicas negras que ajudam no papel da representatividade. Caso escolha a
segunda opção, aí vão alguns exemplos que podem ajudá-lo: Lázaro Ramos, Taís Araújo,
Nelson Mandela. Lembre-se que seu texto tem por finalidade ajudar na mudança desse
estereótipo de personagem imposto pela sociedade. Seu conto será lido pelos colegas e
circulará na comunidade escolar.
145
(EF69LP44) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes
visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos formas de
estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas e
considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
(EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de textos literários,
percebendo diferenças e eventuais tensões entre as formas pessoais e as coletivas de
apreensão desses textos, para exercitar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
(EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares, contos de
suspense, mistério, terror, humor, narrativas de enigma, crônicas, histórias em
quadrinhos, dentre outros, que utilizem cenários e personagens realistas ou de fantasia,
observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais
como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais
adequados à narração de fatos passados, empregando conhecimentos sobre diferentes
modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos direto e indireto.
146
CAPÍTULO 8 – A LINGUAGEM DA POESIA
Lucas Sauzem Cruz
Caro aluno,
nesta unidade didática, vamos trabalhar um pouco com a linguagem poética e com um
gênero de texto pertencente ao campo artístico-literário: o poema. Tenho certeza de que
você já leu algum poema em sua vida, não é mesmo? Provavelmente até tenha
trabalhado alguma vez em sala de aula, aposto. Bom, preparei um percurso de atividades
que vão contribuir para a aprendizagem desse gênero e de seus elementos
característicos.
Esta unidade foi construída para estudantes do 8º e 9º anos e focaliza a construção
de sentidos na utilização de imagens do mundo cotidiano/concreto para expressarem
sentimentos do eu poético.
Para esse percurso de aprendizagem, escolhi um poeta muito querido por seu
trabalho mais lúdico com a poesia, o que facilita a compreensão de alguns de seus textos,
mas não diminui a magnitude e a profundidade poética da sua obra. No início, vamos
conhecê-lo e, após, realizaremos a leitura de um de seus poemas. Na sequência, você terá
mais autonomia para realizar a leitura de outros poemas e fazer a sua interpretação, e
eu fornecerei ferramentas para lhe ajudar. Ao fim, espero que você contribua ainda mais
realizando uma produção textual a partir das atividades realizadas e com os subsídios
fornecidos.
Assim, encare esta unidade de ensino não como um problema a ser resolvido ou
um desafio, mas como um percurso de agradáveis descobertas sobre o nosso universo
literário. Portanto, desejo-lhe uma boa caminhada.
O poeta que vamos trabalhar nesta unidade é o gaúcho Mario Quintana, que nasceu
em uma cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul, denominada Alegrete.
Entretanto, viveu grande parte da sua vida na capital Porto Alegre, onde desenvolveu
atividades como jornalista, tradutor e é claro, poeta.
Na capital gaúcha, o poeta é lembrado não somente como um ícone da literatura,
mas também como uma figura ácida e descontraída nos meios sociais em que conviveu.
O lugar onde viveu os últimos anos da sua vida, o Hotel Magestic, acabou se tornando
um espaço de memória e visitação na cidade de Porto Alegre, mantendo viva a arte do
poeta e de outros artistas de sua época.
147
Hoje, o hotel recebe o nome de Casa de Cultura Mario Quintana e tem como um
dos espaços mais conhecidos o antigo quarto do poeta, preservado exatamente como o
escritor deixou antes de partir.
De sua contribuição literária sabe-se que ele começou publicando poemas em
uma revista literária estudantil enquanto estudava no colégio militar de Porto Alegre.
Mas a sua primeira publicação editorial foi em 1940 com o livro de poemas A Rua dos
Cataventos, que já marcava seu gosto por uma linguagem prosaica e um tom um tanto
quanto irônico e/ou cômico.
Os Poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Esconderijos do Tempo, 1980.
148
Nesse poema, Mario Quintana vai trabalhar com um mecanismo que chamamos
de metapoema. Esse “palavrão” significa que o poema falará sobre si mesmo, ou sobre a
ideia de si, ou sobre a sua construção, ou sobre aquilo que o define, ou..., ou... Ou seja, o
sufixo meta- representa sempre uma reflexão sobre si, por exemplo, um dicionário dar
a definição de dicionário. No poema de Mario Quintana, denominado Os Poemas, a
reflexão recai sobre “o que é um poema?”.
Nesse primeiro poema, faremos uma leitura guiada para que você compreenda
alguns dos principais recursos utilizados. Alguns provavelmente você reconheceu
sozinho, o que é excelente, mas tentarei revelar aspectos que possam ter escapados a
sua leitura. É importante que você sempre retorne ao poema para compreender melhor
o que eu estou apresentando. Vamos lá!
Importante!
Verso: cada linha de um poema;
Estrofe: conjunto de versos, que tem seu limite definido em uma linha em branco;
Sujeito lírico: voz que expressa subjetividade no poema.
No primeiro verso do poema, o poeta vai criar uma ideia comparativa entre os
poemas e os pássaros, mas o que teria a ver os pássaros com os poemas?
Bom, essa ideia comparativa é realizada a fim de estabelecer sentidos comuns de
pássaros e poemas, em que um sentido seja compartilhado pelos dois, algo que na
literatura vamos chamar de metáfora, uma figura de linguagem.
Essa ideia compartilhada vai ser desenvolvida no verso: “Os poemas são (como)
pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam nos livros que lês.”
É claro que essa ideia comparativa não será tão concreta e perceptível, o que
exigirá do leitor uma contribuição interpretativa para o verso. Poderíamos dizer que os
poemas são livres no mundo e os encontramos nos livros, seu lugar de pouso, ou até
mesmo de que os poemas, assim como os pássaros, viajam num espaço que não
alcançamos, como o céu, e só poderemos ter contato com eles quando lermos um livro,
como quando um pássaro pousa no chão.
Na sequência, o sujeito lírico apresenta a ideia de que os poemas alçam voo do
livro, como se saíssem de um alçapão, e que eles não possuem um destino único, pois se
alimentam um instante em cada par de mãos que encontra.
Essa construção fica mais fácil de entender após compreendermos a ideia
comparativa do primeiro verso. Seguindo a mesma ideia, podemos dizer que os poemas
não estão presos nos livros, pois eles se libertam no momento da leitura, o instante em
que o leitor os lê. Mas ele também não é fixo a um leitor, ao contrário, ele é livre para se
alimentar em muitos leitores, assim como os pares de mãos que alimentam os pássaros.
No último verso, temos o fechamento da ideia comparativa, em que descobrimos
que o alimento do poema está em nossas mãos. Se podemos compreender que o
149
alimento do pássaro é dado por nossas mãos, como vamos compreender a ideia de que
somos nós leitores que alimentamos os poemas e de que esse alimento já está em nós?
Pense comigo: para que serve um poema que jamais será lido?
Um poema que jamais é lido não pode existir, não tem vida. Portanto, assim como
através do alimento nós damos vida ao pássaro, é através da leitura que damos vida ao
poema, ou seja, nós somos o alimento para a sobrevivência do poema.
Então, volte ao poema e faça uma nova leitura, alimente-o!
▪ Agora preste atenção! Nesse poema de Mario Quintana, você aprendeu o recurso e
o conceito de metapoema, e também salientei sobre a figura de linguagem que
representa uma ideia comparativa, a metáfora. Para compreendermos melhor essa ideia
comparativa, vamos antes conhecer o que é uma figura de linguagem e a figura de
linguagem denominada comparação.
Figuras de linguagem
As figuras de linguagem são mecanismos de expressão da linguagem a fim de criar
efeitos no discurso.
Definição Exemplo
A comparação é quando você quer
Comparação
O SENTIMENTO EM IMAGEM
Neste momento, você deverá realizar a leitura do poema abaixo, e na sequência
encontrará ferramentas para explorar melhor o poema. A atividade servirá não como
um teste para ver a qualidade da sua leitura, mas encontrará ferramentas para melhor
explorá-lo.
150
Poeminha Sentimental
O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.
Preparativos de Viagem, 1987.
1) No poema, o sujeito lírico estabelece várias relações entre seus sentimentos com
imagens do cotidiano. Em sua primeira leitura, como você descreveria a relação entre
os sentimentos amorosos do sujeito lírico com as imagens do fio telegráfico e com os
passarinhos?
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3) No quadro abaixo, mostre a relação das andorinhas e seus comportamentos no
poema. Estabeleça conexões de positividade e negatividade marcando um X na que
representa cada andorinha.
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CONSTRUÇÃO DE SENTIDO(S)
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Poeminha do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
Caderno H, 1973.
2) Retire do poema os versos que marcam a relação de “Eu” contra “Todos, eles, os
outros”, e destaque as palavras do trecho que representam esses dois lados.
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3) Observe o uso das palavras “Todos” e “Meu” no poema. A que classe de palavras
pertencem? Considerando que a primeira mostra uma relativização dos outros ao passo
que a segunda mostra uma definição pessoal, como podem ser subclassificadas? E por
que você acredita que o sujeito lírico indefine aqueles que o contrapõe?
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4) Na sequência, ele marca que os outros estão atravancando o seu caminho. Caminho
pode ser entendido como uma imagem utilizado pelo sujeito lírico para sugerir ideias
além de seu sentido mais comum, de estrada?
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5) Como podemos entender o sentido de atravancar?
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6) Leia este trecho do poema de Carlos Drummond de Andrade: “No meio do caminho
tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho / Tinha uma pedra / No meio
do caminho tinha uma pedra”. E então, se lermos a imagem da pedra e a expressão
“atravancando o meu caminho" em seus sentidos figurados, o que podem significar?
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7) Nos dois últimos versos, o sujeito lírico coloca duas resoluções: “Eles passarão... / Eu
passarinho!” Percebe-se que há um estranhamento na leitura. Para compreender
melhor, preencha o quadro com o que se pede:
154
Para saber mais sobre a estrutura das palavras...
VOCÊ É O POETA
Nas atividades anteriores, você trabalhou com três poemas do Mario Quintana.
Em Os Poemas, observamos um exemplo de metapoema, em que a reflexão recai sobre
si mesmo. Em Poeminha Sentimental, o sujeito lírico utiliza uma imagem bastante
comum do mundo concreto para expressar seu sentimento amoroso. Por último, em
Poeminha do Contra, o poeta utiliza da estrutura das palavras para criar um efeito que
surpreenda nossa expectativa de leitura. Há nesses poemas um elemento bastante
comum, uma das principais marcas do poeta. Leia os versos a seguir, retirados de cada
um dos três poemas.
Eles passarão
Eu passarinho
O meu amor é como um fio telegráfico
Aonde vêm pousar as andorinhas...
2) Com base nessa semelhança, como poderíamos explicar a linguagem da poesia, isto
é, o modo como o poeta usa a linguagem para expressar seus sentimentos sobre
diferentes assuntos?
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3) Nos poemas trabalhados, foi percebido que há diversos usos da imagem de pássaros
para expressar diferentes sentidos, especialmente no uso de comparações e/ou
metáforas. Usando sua criatividade, escreva um verso ou uma estrofe que relacione a
imagem de um pássaro com alguma temática de seu interesse (amizade, amor, paz,
natureza, escola...). Em cada par de pássaros, escolha um dos dois e escreva a sua
proposta poética.
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CAPÍTULO 9 – JORNAL VIRTUAL: NAVEGANDO PELAS NOTÍCIAS DA WEB
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a) Para quais públicos os jornais costumam ser produzidos?
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2) O jornal Joca é um jornal virtual. Acesse seu site para conhecê-lo um pouco mais!
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LENDO A NOTÍCIA
O que aconteceu?
Onde aconteceu?
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a) O verbo destacado está no pretérito perfeito. Por que esse tempo verbal é
recorrentemente utilizado nas notícias?
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COMENTANDO A NOTÍCIA
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a) Os comentários fazem referência ao conteúdo da notícia aos quais eles pertencem. De
acordo com os dois comentários, qual é o possível tema abordado pela notícia?
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Comentário:
Critérios de revisão
O seu comentário deve conter:
1. Uma síntese do assunto da notícia;
2. Um posicionamento diante do assunto (ser favorável ou contra);
3. Um parágrafo único.
161
(EF69LP03) Identificar, em notícias, o fato central, suas principais circunstâncias e
eventuais decorrências; em reportagens e fotorreportagens o fato ou a temática
retratada e a perspectiva de abordagem, em entrevistas os principais temas/subtemas
abordados, explicações dadas ou teses defendidas em relação a esses subtemas; em
tirinhas, memes, charge, a crítica, ironia ou humor presente.
162
CAPÍTULO 10 – RESSIGNIFICANDO A ESCRITA:
CONTOS BASEADOS EM FANFICS
Rúbia Keller Vieira & Laura Severo da Silveira
Caro estudante,
provavelmente você conhece alguém (ou seria você?) que resiste ao exercício da escrita,
mas que está sempre envolvido por uma história ou outra – seja ela musicada ou
televisionada, por exemplo. Já se perguntou quais os fatores que barram a iniciativa de
escrever, sua ou de seus colegas? Vivemos rodeados pelas mais diferentes narrativas,
assim como os pré-conceitos rondam as propostas de produção textual, como a
necessidade de um vocábulo rebuscado e de um enredo complexo e inédito.
Dessa forma, você está convidado a percorrer o caminho da literatura até chegar a
sua própria narrativa! Este material didático o ajudará simplificar as formas de ler e
escrever – e quem sabe despertará em você um talento reprimido! Vamos tecer sua
história pelas tramas de um gênero narrativo curto, mas muito envolvente: o conto.
Comecemos por Clarice Lispector, um dos grandes nomes da literatura brasileira e
mundial. Felicidade Clandestina, um conto de leitura fluida e fácil compreensão, ajudará
expandir seus limites e a identificar os componentes fundamentais desse gênero textual:
Felicidade Clandestina
Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio
arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas.
Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas.
Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai
dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo
menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai.
Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes
mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data
natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando
balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos
imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu
com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as
humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros
que ela não lia.
163
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura
chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de
Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele,
comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu
passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não
vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num
sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus
olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia
seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo
me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo
estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do
livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o
amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí
nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era
tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso
e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu
poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da
vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido,
enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar
que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às
vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que
eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes
ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de
modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as
olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e
silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição
muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve
uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora
achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa
entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro
nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
164
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a
descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de
perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao
vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma
para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com o
livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo
tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a
ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão.
Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí
andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos,
comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco
importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o
susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo,
fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não
sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais
falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade
sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu
vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem
tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.
Fonte: LISPECTOR, Clarice. In: Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro, Rocco, 1998.
2) Em que lugar a trama se desenvolve? Como o espaço é descrito? Você acha que a
descrição detalhada de um determinado espaço é sempre necessária? Compartilhe sua
opinião!
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3) Quanto ao tempo, ele é definido? Quando a história acontece? A passagem do tempo
é linear? Tente identificar no texto as marcas textuais que comprovam sua resposta.
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4) Quem conta a história? Ela é narrada em primeira ou terceira pessoa? Escreva o que
caracteriza cada uma delas. O narrador tem características específicas? Explique os
possíveis efeitos que o detalhamento do narrador ou a falta de informações sobre ele,
dá ao texto e ao leitor.
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O Homem Nu
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o
sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da
cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente
as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz
barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã
eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um
banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um
café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse
completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se
a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do
parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos,
porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo
vento.
166
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera,
olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro
interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já
era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro
subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador
passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos
nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares,
vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim
despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os
passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador,
apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava,
vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado,
enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em
pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava
sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um
verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e
desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-
o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que
sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam
a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora?
Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta,
enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem
nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-
se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
167
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou
como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos
minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.
Fonte: SABINO, F. O homem nu. Rio de Janeiro: Recorde, 1975.
168
2) Parece moleza, mas será que você está apto a identificar a estrutura de O Homem Nu?
Destaque, no texto, apresentação inicial, conflito, desenvolvimento, clímax e desfecho e
comente a importância de cada um dos movimentos:
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▪ Agora que o conto parece bem mais familiar, por que não produzimos uma narrativa
alicerçada no que aprendemos até aqui?
Antes que você pense na atividade com possível tédio, nossa proposta terá um
adicional como incentivo: seu conto poderá ser baseado na história ou no personagem
que você mais curte! Pensou em fanfics? Prepare-se para fazer de seu texto sinônimo de
criatividade e diversão! Caso esse gênero não faça parte de suas leituras, desvende
agora...
169
Algumas das principais categorias:
Angst: a angústia dos personagens centrais é o que rege as histórias desse gênero.
Em geral, os protagonistas sofrem por algum motivo, como perda de alguém,
término de relacionamento, problemas existenciais, entre outras questões.
Oneshot: fanfics com somente um capítulo, que não têm continuidade.
Drabble: contos com, no máximo, mil palavras. De acordo com o Urban Dictionary,
elas são normalmente escritas para destacar personagens, eventos ou determinado
ponto de vista.
Canon: seguem fielmente a história original, usando os mesmos personagens e
locações. Costumam manter os casais criados pelo criador do universo no qual se
inspiram.
Crossover: fanfics que misturam dois universos fictícios diferentes, unindo
personagens e itens de Harry Potter e Crepúsculo em uma mesma história, por
exemplo.
AU ou Alternate Universe (universo alternativo em livre tradução): quando os
personagens são inseridos em um universo diferente daquele de origem.
Lime: romance adulto, não necessariamente sexual. Indicado para maiores de 16
anos.
Mary Sue: fanfics consideradas mais água com açúcar, no estilo romance romântico.
Songfic: a história criada é baseada em uma canção.
Com base em suas preferências, escolha o objeto que inspirará seu conto. Lembre-
se que não só na TV, na literatura ou no cinema estarão as boas referências: tudo ao seu
redor é capaz de inspirar uma boa história, contanto que você considere seus prováveis
leitores enquanto público-alvo. Já pensou escrever sobre algo que só você conhece? Será
muito difícil conquistar fãs, não concorda?
Use a imaginação em sua primeira versão de sua fanfic, que será entregue e
devolvida com as observações necessárias. É fundamental que, em seu texto, conste a
estrutura e os elementos básicos do gênero estudados até agora – assim como todo seu
conhecimento em Língua Portuguesa!
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A primeira versão de sua fanfic está nas mãos da professora, que precisa extrapolar
as noções de Língua Portuguesa, pois provavelmente não conheça boa parte das
produções originais em que os contos da turma foram baseados – incluindo o seu.
Para ajudar a esclarecer não só as dúvidas da professora, mas de leitores que
poderão se interessar por sua escrita, é preciso que o conteúdo da obra original
escolhida por você seja apresentado em um texto que chamaremos de resenha
indicativa. A construção desse texto, que seguirá passos simples e objetivos, ajudará a
justificar sua escolha e a atrair outros fãs.
Comecemos por identificar elementos básicos: o título, o autor e o gênero literário
da produção em que sua fanfic foi inspirada. Caso não se trate de literatura, mas de uma
banda, por exemplo, tire todas as informações básicas possíveis, como sua origem, seu
estilo musical, os integrantes que a compõe, suas canções de sucesso, etc.
Em seguida, identifique qual o tema principal, mas levante, também, assuntos
discutidos e percebidos por você. Destacar o público-alvo também é importante, pois
sua fanfic poderá ser destinada a leitores de mesma faixa etária ou – por que não? –
pensada para um público totalmente diferente!
O que você teria a dizer sobre a produção escolhida por você? Identifique o gênero
e fale mais sobre a linguagem empregada, a fluidez do texto, as escolhas lexicais, o tom
humorístico ou dramático... Esses dados ajudarão você a visualizar sua escolha com mais
clareza e decidir sobre sua versão da história.
Seja livre para fazer suspense: nem todas as etapas precisam estar contidas em sua
resenha indicativa. Pense nos recursos que ajudarão você a chamar a atenção de seu
leitor. Seria interessante omitir o fim da história? Como seria se não revelasse seu
gênero? Como falar (sem dizer) quais as minhas alterações em relação ao texto original?
Por fim, justifique sua escolha e reforce seu posicionamento: hipoteticamente, por
que escolhi a produção X e o que ela traz de tão importante a ponto de fazer meus
leitores se interessarem? Seus argumentos funcionarão como um chamariz e, assim,
poderá atrair novos leitores.
Desenvolva e entregue à professora antes que ela desista de entender.
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Depois de reescrever seu conto, ter em mãos a versão final e de não restarem
dúvidas quanto à produção de origem em que seu texto foi baseado, como você
resumiria sua fanfic?
A esse resumo damos o nome de sinopse, e é a partir dele que você fará, com seu
público, o primeiro contrato de leitura – que significa manter o interesse do leitor por
sua produção.
Observe as sinopses de diferentes produções. Discuta com seus colegas e faça
registros sobre o que as diferenciam. Você pode usá-las como exemplo ou aprimorar os
modelos apresentados para construir a sua. Essa sinopse deverá anteceder a versão
final de seu conto e poderá ser desenvolvida com toda sua criatividade!
Livro O Pequeno Príncipe: “Um piloto cai com seu avião no deserto e ali encontra uma
criança loura e frágil. Ela diz ter vindo de um pequeno planeta distante. E ali, na
convivência com o piloto perdido, os dois repensam os seus valores e encontram o
sentido da vida”.
Disponível em: https://www.livrariadavila.com.br/pequeno-principe-o-pocket-395938/p
Livro IT, A Coisa: “O mais profundo e tenebroso medo. Naquele verão, eles
enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou
terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se
encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade”.
Disponível em: https://www.livrariadavila.com.br/it-a-coisa-376204/p
Filme IT, A Coisa: “Um grupo de crianças se une para investigar o misterioso
desaparecimento de vários jovens em sua cidade. Eles descobrem que o culpado é
Pennywise, um palhaço cruel que se alimenta de seus medos e cuja violência teve
origem há vários séculos”.
Disponível em: https://www.famdvd.com.br/blu-ray-it-a-coisa.html
Série Gotham: “Antes de Batman, a cidade de Gotham já existia. James Gordon (Ben
McKenzie) é um detetive iniciante polícia. Corajoso, sincero e ansioso para mostrar
serviço, o recém-promovido tem como missão solucionar o caso do assassinato dos
bilionários Thomas e Martha Wayne, um dos casos mais complexos da cidade. Com seu
parceiro, o oficial Harvey Bullock (Donal Logue), Gordon conhece o único sobrevivente
do assassinato: Bruce (David Mazuouz), um garoto de 12 anos, filho do casal, por quem
ele imediatamente sente uma grande afeição”.
Disponível em: http://www.adorocinema.com/series/serie-16973/
172
Fanfic Maktub (Luan Santana): “‘Estava escrito, ou melhor, tinha que acontecer’. O
destino jamais escreve errado, é como dizem naquele ditado: o destino escreve certo
por linhas tortas. Bianca Bittencourt, 25 anos, mora em SP com seu namorado
Andrews, professora de séries iniciais, ela vivia em harmonia com seu emprego e sua
vida pessoal, mas a pergunta que fica é: até quando?
Luan R. Santana, 27 anos e policial federal, vive em meio a adrenalina e entrar em
um relacionamento é seu último pensamento, mora em SP com sua irmã Bruna a qual
ele não vê quase nunca por causa do trabalho”.
Disponível em: https://www.spiritfanfiction.com/historia/maktub-15766665
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(EF67LP30) Criar narrativas ficcionais, tais como contos populares, contos de
suspense, mistério, terror, humor, narrativas de enigma, crônicas, histórias em
quadrinhos, dentre outros, que utilizem cenários e personagens realistas ou de fantasia,
observando os elementos da estrutura narrativa próprios ao gênero pretendido, tais
como enredo, personagens, tempo, espaço e narrador, utilizando tempos verbais
adequados à narração de fatos passados, empregando conhecimentos sobre diferentes
modos de se iniciar uma história e de inserir os discursos direto e indireto.
174
CAPÍTULO 11 – PRODUZINDO VERBETE DE ENCICLOPÉDIA
Fernanda De Oliveira & Clea Castro
Sistema solar
Introdução
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e tudo o que orbita ao seu redor, como os
oito planetas e suas luas, os planetas anões e inúmeros cometas, asteroides e outros
pequenos corpos gelados. Entretanto, a maior parte do Sistema Solar é um espaço
vazio.
175
O Sistema Solar é somente a pequena parte de um imenso sistema formado por
estrelas e outros corpos celestes e chamado Via Láctea. A Via Láctea é uma dos bilhões
de galáxias que existem no Universo.
O Sol
No centro do Sistema Solar existe uma estrela chamada Sol, que é o maior objeto
deste sistema. O Sol é uma bola incandescente, formada pelos gases hélio
e hidrogênio. No seu núcleo, ocorrem constantes transformações de hidrogênio em
hélio, processo que libera grandes quantidades de energia. A vida na Terra depende
da luz e do calor emitidos pelo Sol.
Vento solar
Os gases ao redor do Sol liberam jatos de pequenas partículas, conhecidos como
vento solar, que atingem o Sistema Solar inteiro. É o vento solar que provoca
as auroras, isto é, faz o céu brilhar à noite em alguns lugares da Terra.
Os planetas
Depois do Sol, os maiores objetos do Sistema Solar são os planetas. Em ordem do
mais próximo para o mais distante do Sol, os planetas são Mercúrio, Vênus,
Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Todos transitam ao redor do Sol em
movimentos circulares. A maioria deles possui pelo menos uma lua. No
passado, Plutão era considerado o nono planeta, mas em 2006 ele foi reclassificado
como planeta anão.
Asteroides
Milhões de pequenos blocos de metal e rocha, chamados asteroides, também
orbitam ao redor do Sol. A maioria deles se encontra em um anel de poeira cósmica
que existe entre Marte e Júpiter. Pequenos asteroides caem regularmente na Terra,
ou se incendeiam na atmosfera antes de cair. São os chamados meteoros.
Cometas
Os cometas são pequenos blocos formados por impurezas e gelo. Bilhões deles
transitam ao redor do Sol, descrevendo longas trajetórias elípticas. Geralmente eles
são tão pequenos em comparação com os outros objetos do Sistema Solar, que não é
possível observá-los da Terra. Os cometas vêm de duas regiões externas ao Sistema
Solar: o Cinturão de Kuiper e a Nuvem de Oort.
176
Regiões externas
Depois de Netuno, o planeta mais distante do Sol, encontra-se o Cinturão de
Kuiper, um anel achatado formado por milhões de pequenos corpos gelados, que
giram ao redor do Sol a uma grande distância. Eles estão cerca de trinta a cinquenta
vezes mais distantes do Sol do que a Terra.
Nos limites externos do Sistema Solar, fica a Nuvem de Oort, uma imensa nuvem
formada por incontáveis pequenos objetos gelados, circundando todo o Sistema Solar.
Em nosso dia a dia, no contato com outras pessoas e com as diversas informações
que recebemos, estamos expostos a várias situações comunicativas, cada uma situada
em seu devido contexto. Na escrita e na fala existem algumas estruturas padronizadas
que recebem o nome de gêneros textuais.
177
Os gêneros textuais atendem às necessidades comunicativas dos usuários da língua
e podem ser variáveis, apresentando assim diversos estilos e conteúdos temáticos.
Sempre que escrevemos ou falamos, isto é, produzimos um determinado texto, oral
ou escrito, acionamos, até mesmo inconscientemente, determinadas representações
sobre o contexto de produção desse texto, representações essas que vão influenciar
muitas das características de nossos textos.
Autor
Público-alvo
Finalidade
Circulação
Linguagem
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▪ Classifique os mecanismos de progressão textual correspondentes aos termos
destacados a seguir como anáfora (que se refere a informação anterior no texto) ou
catáfora (que se refere a informação posterior no texto), indicando os referentes dos
termos no texto 1.
a) “O Sistema Solar é constituído pelo Sol e tudo o que orbita ao seu redor...”.
d) “Eles estão cerca de trinta a cinquenta vezes mais distantes do Sol do que a Terra”.
CONSTRUÇÃO COMPOSICIONAL
Em um verbete de enciclopédia, há título, definições e fotografias. Às vezes, as
fotografias possuem legendas. Geralmente, os verbetes enciclopédicos apresentam
subtítulos. Por se tratar de um texto expositivo, não aparece opinião do autor.
Com base nessas informações, analise se o texto 1 possui (ou não) os elementos
destacados no parágrafo anterior.
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MARCAS LINGUÍSTICAS
Em um verbete enciclopédico, você encontrará verbos estáticos e de ligação no
presente do indicativo e o emprego de um vocabulário técnico ajudando a caracterizá-
lo como um. No texto 1, encontre exemplos de cada um desses tipos de marcas
linguísticas.
179
O contexto de produção, a construção composicional e as marcas linguísticas de
um verbete de enciclopédia contribuem para torná-lo um gênero textual de natureza
expositiva. Explique essa afirmação a partir do que você entendeu com as atividades
anteriores.
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Sistema Solar
O Sistema Solar é formado por um conjunto de oito planetas e uma grande
quantidade de outros corpos celestes orbitando ao redor do Sol
Um Sistema Solar é composto por um Sol e todos os planetas e corpos celestes
que orbitam ao redor dessa estrela. Há casos de sistemas solares formados por duas
estrelas (binários) ou até três estrelas (ternários). Mas no caso do sistema do qual o
nosso planeta, a Terra, faz parte, há apenas uma estrela, que é considerada de pequeno
porte.
Além do sol, existem no Sistema Solar um total de oito planetas, cinco planetas
anões, 179 luas e uma grande quantidade de corpos celestes, como asteroides,
cometas e outros, incluindo aqueles presentes no Cinturão de Kuiper. A idade
estimada para a formação desse Cinturão de Kuiper é de pouco mais que 4,6 bilhões
de anos.
Os oito planetas do Sistema Solar, em ordem de proximidade ao
sol,são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno Os planetas
anões são: Ceres, Plutão, Haumea, Makemake e Éris, com a possibilidade de inclusão
do objeto celeste Sedna e dezenas de outros nessa categoria nos próximos anos. Vale
lembrar que Plutão já foi considerado como um planeta, mas, a partir de 2006, foi
“rebaixado” à categoria de planeta anão.
Entre os planetas citados, os quatro primeiros são planetas rochosos, ou seja,
apresentam uma superfície composta por uma litosfera rochosa. Esses planetas, por
se encontrarem mais próximos ao sol, apresentam uma atmosfera gasosa com
diferentes composições. Os quatro últimos planetas são chamados de planetas
gasosos por não possuírem uma superfície rochosa e serem compostos por uma densa
atmosfera, sendo muito maiores em razão das baixas temperaturas e do afastamento
em relação ao sol.
A seguir é possível visualizar o tamanho comparativo dos planetas solares em
escala proporcional de tamanho.
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Esquema com o tamanho proporcional dos planetas
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▪ Com base em sua leitura, o que caracteriza um verbete de enciclopédia? Justifique sua
resposta com fragmentos do texto.
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EM
CRITÉRIOS SIM NÃO
PARTE
Contexto de produção adequado ao gênero.
Construção composicional adequado ao gênero.
Presença de marcas linguísticas correspondentes ao gênero.
Uso adequado de mecanismos de progressão temática.
Uso adequado de conjunções.
Uso da norma padrão da língua portuguesa.
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▪ A próxima etapa é a reescrita. Entregue seu texto para que as professoras possam
fazer uma primeira avaliação. Após, você receberá seu texto de volta, com um bilhete
orientador contendo comentários sobre o que está satisfatório e o que ainda precisa
melhorar. Esse bilhete auxiliará a reescrita do seu texto.
183
(EF69LP35) Planejar textos de divulgação científica, a partir da elaboração de esquema
que considere as pesquisas feitas anteriormente, de notas e sínteses de leituras ou de
registros de experimentos ou de estudo de campo, produzir, revisar e editar textos
voltados para a divulgação do conhecimento e de dados e resultados de pesquisas, tais
como artigo de divulgação científica, artigo de opinião, reportagem científica, verbete de
enciclopédia, verbete de enciclopédia digital colaborativa, infográfico, relatório, relato
de experimento científico, relato (multimidiático) de campo, tendo em vista seus
contextos de produção, que podem envolver a disponibilização de informações e
conhecimentos em circulação em um formato mais acessível para um público específico
ou a divulgação de conhecimentos advindos de pesquisas bibliográficas, experimentos
científicos e estudos de campo realizados.
(EF69LP36) Produzir, revisar e editar textos voltados para a divulgação do
conhecimento e de dados e resultados de pesquisas, tais como artigos de divulgação
científica, verbete de enciclopédia, infográfico, infográfico animado, podcast ou vlog
científico, relato de experimento, relatório, relatório multimidiático de campo, dentre
outros, considerando o contexto de produção e as regularidades dos gêneros em termos
de suas construções composicionais e estilos.
(EF69LP33) Articular o verbal com os esquemas, infográficos, imagens variadas etc. na
(re)construção dos sentidos dos textos de divulgação científica e retextualizar do
discursivo para o esquemático – infográfico, esquema, tabela, gráfico, ilustração etc. – e,
ao contrário, transformar o conteúdo das tabelas, esquemas, infográficos, ilustrações
etc. em texto discursivo, como forma de ampliar as possibilidades de compreensão
desses textos e analisar as características das multissemioses e dos gêneros em questão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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