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A Senda Do Calvario
A Senda Do Calvario
Sumário
Prefácio ................................................................................................. 2
Capítulo 1 Quebrantamento ................................................................ 10
Capítulo 2 Cálices transbordantes ...................................................... 15
Capítulo 3 A senda da comunhão ....................................................... 22
Capítulo 4 A estrada da santidade ...................................................... 31
Capítulo 5 A Pomba e o Cordeiro ...................................................... 42
Capítulo 6 Avivamento no Lar ........................................................... 50
Capítulo 7 O argueiro e a trave........................................................... 59
Capítulo 8 Você está pronto a ser um servo? ..................................... 65
Capítulo 9 O poder do Sangue do Cordeiro ....................................... 72
Capítulo 10 Afirmando nossa inocência? ........................................... 79
Prefácio
A primeira edição deste livro saiu em 1950. Com o
passar do tempo, cada vez mais me certifico de que as
verdades expressas nestas páginas constituem a base de
todos os movimentos de avivamento pelos quais Deus tem
revigorado sua igreja com nova vida, em suas horas de
sequidão e necessidade. Esses movimentos de avivamento
não são apenas memórias gloriosas do passado, mas
estão em atuação agora mesmo em várias partes do
mundo.
As formas externas dos avivamentos naturalmente
diferem bastante, mas o seu conteúdo interno e
permanente é sempre o mesmo — uma nova
experiência de convicção de pecado entre os salvos; uma
nova visão da cruz de Jesus e da redenção; uma nova
disposição para o quebrantamento, o arrependimento, a
confissão e a restituição; uma alegre experiência do
poder do sangue de Jesus para limpar completamente
do pecado e restaurar e curar tudo que o pecado arru-
inou e tudo que nos fez perder; uma nova compreensão da
plenitude do Espírito Santo e do seu poder de realizar sua
própria obra através do seu povo; e uma nova volta dos
perdidos para Jesus.
Como essas coisas estão acontecendo em nossa época,
em diferentes partes do mundo, estas páginas têm uma
significação especial para o leitor de nossos dias. Espero
que este livro possa ser com a bênção de Deus, a maneira
de ajudar muitos outros a chegarem à cruz e se
apresentarem como candidatos ao avivamento, pela
confissão do seu vazio e do seu fracasso. Porque o
avivamento não é como um vale verdejante que se torna
ainda mais verdejante, mas um vale cheio de ossos secos
que tornam a viver (Ezequiel 37). Aqueles ossos mortos se
erguem como um grande exército. Não se trata de bons
cristãos se tornarem melhores — porque do ponto de
vista de Deus não há bons cristãos — e sim de cristãos,
sinceramente, confessarem que sua vida espiritual é um
vale de ossos secos e, por essa mesma confissão, se
habilitarem a receber a graça que emana da cruz e que
faz novas todas às coisas.
Este livro expressa as verdades que constituem o
âmago do avivamento, justamente porque ele mesmo é
produto do avivamento. Em 1930, Deus começou a
operar de um modo novo na incipiente igreja de
Ruanda, na África Oriental. Apesar de nova, a igreja
trazia dentro de si as sementes da decadência, mas
uma decadência que Deus começou a transformar
em frutificação gloriosa, quando o avivamento surgiu.
Com o passar dos anos, a bênção do avivamento se
espalhou pelas igrejas dos países vizinhos — Uganda,
Quênia e Tanzânia. Uma grande multidão de africanos,
entre eles missionários, não só vieram a conhecer
Cristo como Salvador pessoal, mas começaram a desfrutar
uma qualidade de vida raramente experimentada,
mesmo nas igrejas mais evangélicas do Ocidente. Esse
avivamento tem continuado na África Oriental até o
dia de hoje, numa parte ou noutra, com todas as
vicissitudes e lutas que naturalmente se podem esperar
de um movimento de vida.
Em 1947, eu estava trabalhando como evangelista na
Grã-Bretanha, quando me senti em profunda
necessidade espiritual. De algum modo perdera o poder do
Espírito Santo que antes conhecera na obra do Senhor.
Todavia, tinha de continuar realizando campanhas de
evangelização. Era uma experiência terrível fazê-lo sem
o poder do Espírito! Eu me sentia como o filho de profeta
na escola de Eliseu, que havia perdido o machado ao
derrubar uma árvore, mas que talvez tenha continuado
por algum tempo a cortar só com o cabo, sem saber
por que não estava tendo resultado em seu trabalho!
Sem perceber o que realmente havia acontecido, redobrei
meus esforços e me tornei cada vez mais tenso e ativo,
mas tudo isso nem de longe podia tomar o lugar do
poder suave e penetrador do Espírito. Naturalmente, é ao
olhar para trás que posso descrever minha situação
desse modo. Naquele tempo eu ignorava qual era minha
necessidade.
Em abril de 1947, convidei diversos missionários da
África Oriental para falarem em uma conferência de
Páscoa que eu estava organizando, porque tinha ouvido
que eles estavam experimentando um avivamento em seu
campo havia vários anos. Como evangelista, eu estava
interessado em avivamento. O que eles tinham para
dizer era muito diferente daquilo que eu havia
associado com a palavra avivamento. Era algo muito
simples e muito calmo. Quando apresentaram sua mensa-
gem e deram seus testemunhos, descobri que eu era a
pessoa mais necessitada na conferência. Precisava ser
avivado — muito mais do que pensava! Essa descoberta,
todavia, veio muito vagarosamente. Sendo um dos
oradores, creio que estava mais preocupado com as
necessidades dos outros do que com as minhas próprias.
Ao passo que minha esposa e outros se humilharam
diante de Deus e experimentaram a purificação pelo
sangue de Jesus, eu fiquei sozinho em meu orgulho e minha
aridez. Fui humilhado pela simplicidade da mensagem, ou
melhor, pela simplicidade do que eu tinha de fazer para
ser avivado e cheio do Espírito. Quando, ao final da
conferência, outros testemunharam de como Jesus os havia
quebrantado ao pé de sua cruz, e enchido o coração deles
com o Espírito até transbordar, eu não tinha um teste-
munho desses para dar. Foi só mais tarde que aprendi
a desistir de tentar encaixar as verdades em meu esquema
doutrinário e resolvi chegar humildemente à cruz para
receber a purificação dos meus próprios pecados. Foi como
começar minha vida cristã toda de novo. Minha carne "se
tornou como a carne de uma criança", como aconteceu
com Naamã quando se dispôs a humilhar-se e mergulhar no
Jordão (2ª Reis 5.14). Desde então um capítulo
inteiramente novo começou em minha vida. Como
resultado, entretanto, preciso escolher constantemente
morrer para o grande "EU" a fim de que Jesus se torne
tudo. Tenho de ir constantemente a ele para ser
purificado em seu precioso sangue.
Aquilo que aprendi naquela ocasião e nos meses
seguintes escrevi e publiquei em forma de artigos, os
quais foram reunidos para formar este livro. Desde que foi
publicado, espalhou-se por todo o mundo de língua
inglesa, e foi traduzido em aproximadamente quarenta
línguas — para minha grande surpresa. Sua vasta divul-
gação é simplesmente a evidência de que em todo o
mundo os cristãos têm fome de uma realidade
espiritual e de um cristianismo que na verdade
funcione. Mais do que isso, é uma das muitas
evidências de que "é tempo de te compadeceres dela
(de Sião), e já é vinda a sua hora" (Salmos 102.13) e de
que o propósito de Deus, de construir os muros de
Jerusalém que estão demolidos, está chegando (Neemias
2.13).
Não quero que pensem que este livro representa
uma contribuição puramente pessoal de minha parte.
As coisas registradas aqui foram aprendidas na comunhão
com muitos outros, em diferentes lugares, que
começaram a andar na senda do Calvário de um modo
novo. Outros participantes dessa comunhão poderiam ter
escrito estes capítulos tão bem quanto eu. É uma comu-
nhão que está crescendo continuamente, porque um
grande número de vidas foi influenciado em todo o
mundo, na medida em que equipes visitaram diversos
países em várias viagens. Creio que esse fato aumenta a
força e a significação do que está escrito neste livro. É
preciso compreender que, sem dúvida, essa corrente de
bênção de que somos parte é apenas uma de diversas
correntes de nova vida, todas elas emanando da mesma
fonte, que é a cruz, e estão todas contribuindo para esse
tão necessário avivamento da igreja.
Através dos anos, alguns ocasionalmente põem em
dúvida o uso do termo avivamento para descrever o tipo de
mensagem e de experiência expresso neste livro. Salientam o
fato de não poderem ver nenhum despertamento religioso
espetacular, envolvendo grande número de pessoas, com
muitos voltando-se para o Senhor, como se costuma
pensar popularmente ao ser empregado o termo
avivamento. Mas nunca pudemos concordar com essa
objeção. Antes, sentimos que devemos insistir em que as
coisas que aprendemos durante todos esses anos,
algumas das quais se acham nestes capítulos, são a
própria essência do avivamento. Sua aceitação e
aplicação resultariam no mais amplo avivamento da igreja
— tão amplo quanto o atendimento à chamada ao que-
brantamento junto à cruz. Certamente, para aqueles
que se humilharam sob a mão de Deus no lugar em que
os pecados são lavados, isso significou o avivamento de sua
vida no sentido mais verdadeiro e simples da palavra. Há
realmente agora crescentes cabeças-de-ponte de
avivamento em muitos corações, num grande número de
igrejas em diferentes países. Aqueles em cujo coração
Jesus estabeleceu essas cabeças-de-ponte devem
manter firme a visão de que aquilo que eles
descobriram, e continuam descobrindo em sua
experiência, é de fato avivamento. Essas cabeças-de-ponte
são certamente só o prelúdio da invasão de Deus com
grande e extenso poder em nossas situações de
necessidade. Enquanto escrevo, chegam notícias
alentadoras sobre o poder com que Deus está avivando
sua igreja nesse e naquele lugar, de acordo com a sua
graça soberana. Que estejamos prontos nesse dia do
seu poder!
Isso me leva a dizer uma palavra sobre a atitude de
coração necessária por parte do leitor. Para que Deus
possa abençoá-lo através da leitura destas páginas, você
precisa vir a elas com uma fome profunda no coração.
Precisa estar possuído de insatisfação quanto ao estado da
igreja em geral, e quanto a si mesmo em particular — espe-
cialmente quanto a si mesmo! Deve estar pronto a
permitir que Deus comece a obra dele primeiramente em
sua pessoa, e não em outra. Precisa, além disso, ser
possuído de uma santa expectativa de que Deus pode
satisfazer sua necessidade e irá fazê-lo. Se é em qualquer
sentido um líder cristão, a urgência do assunto se
intensifica. A disposição de admitir sua necessidade e de ser
abençoado determinará o grau de que Deus irá abençoar o
povo a quem você ministra. Acima de tudo, é preciso
que compreenda a necessidade de ser o primeiro a se
humilhar junto à cruz. Se uma nova sinceridade com
respeito ao pecado se faz necessária entre o seu povo,
precisa começar consigo mesmo. O povo de Nínive se
arrependeu quando seu rei se levantou do trono, cobriu-
se com um saco e se assentou nas cinzas como sinal do
seu arrependimento.
Não aconteça, porém, que os leitores que não são
líderes sejam tentados a olhar para os que o são e
fiquem esperando por eles. Deus deseja começar com
cada um de nós. Ele quer começar com você. — O autor.
Capítulo 1 Quebrantamento
Debaixo do sangue
Luz e trevas
Mirar escravidão
A estrada
Fora da estrada
A humildade de deus
As características do cordeiro
Volta, ó pomba
Falta de amor
Leve ao calvário
Justificando a deus