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Grupo 12 - DIMENSIONAMENTO DE ENSECADEIRAS
Grupo 12 - DIMENSIONAMENTO DE ENSECADEIRAS
GRUPO 12
Palmas – TO
2021
CAROLAINY SOUZA ARAÚJO BATISTA – 2016212867
WANDER EMIDIO DA SILVA GUIMARÃES - 2016213267
GRUPO 12
Palmas – TO
2021
RESUMO
Este trabalho irá apresentar um dos principais esquemas de desvios de rios que é as ensecadeiras,
caracterizar sua utilização e aplicabilidade. Os principais métodos de dimensionamento de
ensecadeiras que embora tenham caractér próvisórios possuem uma grande importância na
construção das obras de desvios de rios para a construção de barragens dentro das suas
especificidades. Com base nos resultados obtidos, pode ser feita uma análise de como funcionada
o dimensionamento nos métodos apresentados. Observando ainda que os estudos são baseados
em métodos aproximados, desenvolvidos por meio de considerações experimentais de
láboratórios e de campo, e possibilitam que o projetista faça um dimensionamento de adequado
e viável para as barragens.
This work will present one of the main river diversion schemes which is like cofferdams,
characterize its use and applicability. The main methods of dimensioning cofferdams which,
although provisional in nature, are of great importance in the construction of river diversion works
for the construction of dams within their specificities. Based on the results obtained, an analysis
of how the sizing in the forwarded works can be carried out. Also noting that the studies are based
on approximate methods, developed through experimental considerations in laboratories and in
the field, and allow the designer to make an adequate and viable dimensioning for the dams.
Figura 10 - Foto da obra da UHE Serra da Mesa. Ensecadeiras e área ensecada, com desvio
pelos túneis ............................................................................................................................... 25
Figura 11 - Tipos de Ensecadeiras celulares ............................................................................ 26
Figura 12 - Configuração de bloco sem apoio lateral .............................................................. 31
Figura 13 - Configuração de locos com apoio lateral .............................................................. 32
Figura 14 - Diagrama de SHIELDS ......................................................................................... 33
Figura 15 - Localização geral UEH Machadinho ...................................................................37
Figura 16 - Plano de manejo do rio Pelotas para a construção da UHE Machadinho .............38
Figura 17 - Foto da 2ª etapa de desvio da UHE Machadinho..................................................38
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 8
1.1 Considerações iniciais........................................................................................................... 10
1.2 Objetivos ................................................................................................................................ 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................... 11
2.1 Conceitos e definições.................................................................................................................. 11
2.2 Esquemas Comuns para Ensecadeiras ...................................................................................... 13
2.2.1 Ensecadeira de Enrocamento com Terra ............................................................................... 16
2.2.1.1 Tipos de Ensecadeiras e Pré-Ensecadeiras de Enrocamento com Terra – Seções
Transversais Usuais ........................................................................................................................ 16
2.2.1.2 Fases Construtivas de Ensecadeiras de Enrocamento com Terra .................................... 17
2.3 Ensecadeira com Cortina Impermeável .................................................................................... 20
2.4 Ensecadeira Galgável .................................................................................................................. 21
2.5 Ensecadeira Incorporada............................................................................................................ 22
2.6 Ensecadeira Celular .................................................................................................................... 23
3.DIMENSIONAMENTO ................................................................................................................ 25
3.1 Caracterização do material lançado na ensecadeira de enrocamento.................................... 25
3.1.1 Método de IZBASH (1936) ...................................................................................................... 26
3.1.2 Método de SHIELDS (1936) .................................................................................................... 28
3.1.3 Critério Recomendado pela ELETROBRAS (2003) ............................................................. 29
3.2 Ângulo de repouso de material lançado .................................................................................... 29
3.3 Modelo Hidráulico reduzido....................................................................................................... 30
3.4 Crtiério de semelhança de Froude ............................................................................................. 31
4.ESTUDO DE CASO ....................................................................................................................... 32
4.1 Visão geral do empreendimento. ......................................................................................... 32
4.2 Características principais .................................................................................................... 32
4.3 Condicionantes para o Projeto do Sistema de Desvio do Rio ........................................... 32
4.4 Ensaios em Modelo Reduzido ..................................................................................................... 34
4.5 Características Finais do Sistema de Desvio do Rio ................................................................. 34
4.6 Fases do Desvio ............................................................................................................................ 36
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 40
1 INTRODUÇÃO
Para construção de obras nos leitos dos rios, via de regra é necessário fazer o desvio
provisório do rio, no trecho de seu leiito onde se pretende trabalhaR, em esspecial para a
construção de barragens sendo considerada grandes obras.
As grandes obras surgiram para que facilitasse e melhorasse de alguma forma o
cotidiano da humanidade. Com isso, veio o uso das ensecadeiras sendo um grande feito da
engenharia, que é um tipo de proteção à prova d'água destinada a facilitar projetos de
construção em áreas que são normalmente submersas, como pontes e cais. Uma variedade
de materiais pode ser usada para construir esta estrutura e elas são provisórias.
Assim, nas obras hidráulicas, o manejo do rio durante a construção é um fator
importante com relação ao esquema geral da obra. A construção das ensecadeiras em água
corrente com a função de controlar o rio, é frequentemente uma atividade muito complexa,
envolvendo os principais problemas de construção. Apesar do custo do fechamento
corresponder, geralmente, a uma pequena porcentagem do custo total da obra, deve ser
estudado com cuidado, pois uma falha pode causar um atraso sério e custoso no
cronograma, logo o dimensionamento é fundametal.
Os estudos disponíveis sobre as condições de estabilidade do enrocamento no
fechamento de rios para a construção de obras hidráulicas são baseados em métodos
aproximados, desenvolvidos por meio de considerações teóricas, observações
experimentais de laboratório e de campo, e possibilitam que o projetista determine o
diâmetro do material necessário para executar o fechamento do rio, ressaltando um bom
dimensionamento.
São dois os principais métodos de fechamento de rio: lançamento transversal
uniforme, no qual as pedras são lançadas, tanto quanto possível, uniformemente ao longo
de toda seção transversal do rio; e lançamento lateral progressivo, quando o enrocamento é
lançado de uma margem ou das duas até o fechamento total do rio (ICOLD, 1986; PINTO,
1977; LINFORD, 1967; PEREIRA, 2001).
A escolha da forma de fechamento depende, além das vantagens e desvantagens de
cada sistema, de fatores ligados às características do próprio rio como: a qualidade do
material rochoso disponível, as finalidades da barragem a construir, equipamentos
disponíveis e prazos de execução (PINTO, 1977). Contudo, odimensionamento da
ensecadeira dependem também de fatores físicos, tais como a topografia, a geologia
e a hidrologia, mas também dependem das características da obra a ser executada,
podendo-se salientar como fatores determinantes os tipos de estruturas a serem
utilizadas na obra (tipo de barragem, vertedor
casa de força), o cronograma da obra e os riscos aceitáveis. Porém , deve-se buscar
sempre a solução mais econômica dentro dos padrões de segurança aceitáveis e das boas
práticas de engenharia.
1.1 Considerações iniciais
1.2 Objetivos
As ensecadeiras são apenas umas das finalidades que existem para realizar-se o desvio
de um rio durante a construção de um barramento. Duas são as soluções mais comuns para essa
problemática:
• Única fase: ensecadeiras de montante e jusante fechariam completamente o curso
d’água e as águas seriam desviadas por galerias, canais ou tuneis;
• Duas fases: na fase inicial seriam construídas ensecadeiras de montante e jusante,
conduzindo a seção do rio. Na próxima fase, o curso é completamente fechado e as
águas são desviadas por estruturas que foram construídas na fase inicial, como canais,
galerias, etc.
Essas etapas não representam uma regra que sempre deverá ser seguida. São muitos os
fatores que influenciam na construção e ensacadeiras para barragens, como a complexibilidade
do empreendimento, o tempo de duração e a valor a ser aplicado. Cada caso der ser analisado
individualmente para que se possa definir a melhor solução para os mesmos, buscando sempre
a redução de custos e do impacto ambiental.
Apesar das ensecadeiras terem basicamente a mesma função de uma barragem, estas duas
estruturas apresentam grandes diferenças entre si. Estas diferenças podem ser explicadas pelo
fato das ensecadeiras terem uma vida útil menor e devido às condições de construção e operação
das ensecadeiras. Para efeito de melhor comparação, podemos citas algumas condições que
influenciam de maneira mais severa em ensecadeiras do que em barragens:
• Construção em situações com clima desfavorável e em menor tempo;
• Ausência de espaço para locomoção e dificuldade de acesso;
• Altas vazões no ato da construção;
• Como o período de retorno em ensecadeira é menor, há maior risco de galgamento;
• Controle ineficaz do enchimento do reservatório.
Apesar dessas desvantagens, podemos listas condições que as favorecem:
• Maior facilidade de manutenção e reforço;
• Como são obras de porte menor, são aceitos maiores índices de movimentação e
vazamentos;
• Utilização de matérias que não poderiam ser usados em barragens, exceto quando a
ensecadeira não é parte dela;
• Menores riscos e danos a jusante.
A escolha e dimensionamento da ensecadeira dependem de fatores físicos, tais como a
topografia, a geologia e a hidrologia, mas também dependem das características da obra a ser
executada, podendo-se salientar como fatores determinantes os tipos de estruturas a serem
utilizadas na obra (tipo de barragem, vertedor, casa de força), o cronograma da obra e os riscos
aceitáveis. Porém, deve-se buscar sempre a solução mais econômica, dentro dos padrões de
segurança aceitáveis e das boas práticas de engenharia.
Em sua grande maioria, as ensecadeiras são feitas com o material disponível no local de
construção, para fins de melhor logística e redução de custos. Os principais tipos são:
• Enrocamento e terra;
• Celulares;
• Com cortina impermeável;
• Ensecadeira galgável;
• Ensecadeira incorporada.
O tamanho da ensecadeira deve ser capaz de proporcionar uma área de secagem que
permita a execução da engenharia com o equipamento que permita movimentação adequada.
O tipo e a forma da ensecadeira devem obedecer às características geológicas,
hidrológicas e topográficas e respeitar as normas hidráulicas. Desta maneira, é definida a altura
da ensecadeira, necessidade de espigões para direcionar o fluxo e minimizar a erosão, entre
outras características.
Por mais que a principal função e uma ensecadeira seja manter seco o local planejado, é
permitido um certo nível de tolerância para infiltrações que acabam ocorrendo na maioria das
vezes. É de extrema importância a previsão adequada dos equipamentos de bombeamento para
garantir a segurança e trabalhabilidade adequada do ambiente ensecado.
A fim de garantir a estanqueidade da ensecadeira, muitas vezes opta-se por aumentar a
espessura dela. Porém, isso pode prejudicar a trabalhabilidade pois esse aumento pode reduzir
significamente o local e trabalho.
Em casos onde possuem pouco conhecimento do local a ser trabalhado, é recomendado
adotar folgas no dimensionamento a fim de evitar acidentes e imprevistos. A imagem a seguir
trata-se do desvio do Rio Chipon no Paraná, para finalização das obras da Pequena Central
Hidrelétrica Bela Vista.
São, de forma geral, o método mais utilizado por apresentarem um baixo custo. O
enrocamento é utilizado para fazer o fechamento do rio e proteger a impermeabilização. No
enrocamento a terra é o responsável pela estanqueidade da ensecadeira. Somente quando as
velocidades são baixas, pode-se dispensar o uso de enrocamento, mas isso se dá em caso esporádicos.
Essas ensecadeiras de terra, podem ser construídas de duas maneiras, que são, por ponta de
aterro ou em camadas. O método por ponta de aterro pode chegar a demonstrar duas configurações,
uma por cordão simples ou por condão duplo.
As ensecadeiras podem ter inúmeras configurações para sua seção transversal, podendo-se
combinar o uso do enrocamento e da terra de diversas formas ou usar estes materiais separadamente,
porém, o mais comum é a utilização conjunta dos dois materiais. Entre as possíveis configurações,
pode-se ter apenas o uso de terra, a terra a montante ou a jusante do enrocamento ou ainda pode-se
ter uma ensecadeira de enrocamento com núcleo argiloso.
A seção da ensecadeira a ser utilizada é influenciada por diversos fatores, mas a geologia e as
condições hidrológicas são as que mais afetam a escolha. Quando se executa a ensecadeira de
enrocamento com terra pelo método ponta de aterro pode-se escolher entre dois tipos básicos de
conformação que são: cordão simples (mais usual); e cordão duplo. Já pelo método de execução em
camadas, apenas cordão simples é utilizado.
A figura a seguir mostra esquemas típicos para seções transversais de ensecadeiras de
enrocamento com terra tanto de cordão simples como de cordão duplo.
Figura 5: Esquema para cordão simples
Podemos dizer que ambos os métodos de execução das ensecadeira de enrocamento com terra
seguem em linhas gerais as mesmas fases construtivas, que podem ser as seguintes:
1ª - Lançamento da pré-ensecadeira;
2ª - Impermeabilização da pré-ensecadeira;
3ª - Alteamento da ensecadeira;
4ª - Remoção da ensecadeira.
A seguir, estas quatro etapas serão brevemente abordadas.
1ª - Lançamento da pré-ensecadeira:
A pré-ensecadeira tem a finalidade de realizar o fechamento da área a ser esgotada. O primeiro
passo é realizar uma limpeza do fundo do leito do rio, onde a ensecadeira se apoiará. Deve-se retirar
o material indesejado, depositado no fundo, que pode prejudicar a estanqueidade (areias permeáveis)
ou a estabilidade da ensecadeira (material com baixa resistência). A limpeza pode ser feita através de
dragas.
Após a limpeza, procede-se com o lançamento da pré-ensecadeira, seja “por camadas” ou por
“ponta de aterro”, que neste caso pode ser por uma ou duas frentes. No caso de ponta de aterro, pode-
se escolher entre ensecadeira de cordão simples ou de cordão duplo.
Figura 6: Fechamento do rio na obra da UHE Barra Grande
2ª - Impermeabilização da pré-ensecadeira:
A impermeabilização da ensecadeira de cordão simples é feita lançando-se o material argiloso
(fino) pelo lado externo da área a ser ensecada, ou seja, no talude de montante na ensecadeira de
montante e no talude de jusante na ensecadeira de jusante. Deve-se lançar o material dentro d’água,
até que se obtenha a espessura desejada.
Nos casos de ensecadeira de cordão simples, onde se tenha correnteza muito forte (velocidade
alta, bem maior que 1m/s) e o rio tenha sido ensecado apenas parcialmente, o lançamento do material
argiloso depende da utilização de espigões, que tem a finalidade de deslocar o fluxo de água para
fora da região de lançamento.
Quando a ensecadeira for de cordão duplo, a impermeabilização é feita, lançando-se o
material argiloso entre os dois cordões pelo método do aterro de ponta, avançando-se ao longo da
pré-ensecadeira. Conforme a argila for sendo lançada, o aterro vai sendo compactado.
Figura 7: Lançamento submerso de solo para a impermeabilização da ensecadeira de
montante
3ª - Alteamento da ensecadeira:
Após a impermeabilização da pré-ensecadeira, deve-se proceder com o alteamento da
ensecadeira até a cota definitiva, prevista em projeto.
Para pré-ensecadeiras de cordão simples, deve-se primeiro drenar a área entre as pré-
ensecadeiras de montante e de jusante. Em seguida, escava-se o fundo do leito do rio, junto ao pé,
até alcançar a rocha sã, ou material de boa qualidade. Começa-se então a fazer o aterro compactado,
alteando a ensecadeira até a cota desejada.
No caso de pré-ensecadeira de cordão duplo, não é necessário drenar a região ensecada,
bastando-se colocar camadas de terra sobre o material impermeabilizante da pré-ensecadeira, até
atingir a cota desejada.
4ª - Remoção da ensecadeira.
A remoção da ensecadeira deve ser feita apenas quando e onde necessário, uma vez que
acarreta em custos que devem ser evitados. Os casos que requerem que a ensecadeira ou parte dela
sejam removidas são:
• Casos onde a não remoção da ensecadeira ou parte dela acarretem no aparecimento de
vórtices na tomada d’água e no vertedor, que podem causar problemas para a operação
do vertedouro e da casa de força;
• Casos onde a ensecadeira aumente as perdas de carga a montante do vertedor e tomada
d’água, acarretando em diminuição na capacidade de vazão do vertedor e diminuição da
queda líquida para geração;
• Casos que a ensecadeira cause perdas de carga a jusante do canal de fuga, o que também
causa redução na queda líquida para geração, reduzindo a eficiência da usina; e
• Remoção da ensecadeira de 1ª fase de desvio para possibilitar a passagem do fluxo da
água pela estrutura a ser utilizada na 2ª fase do desvio.
Por razões econômicas deve-se sempre evitar remoção desnecessária das ensecadeiras de
montante e de jusante.
Uma das opções de arranjo de desvio do rio possível, é a que considera que as ensecadeiras
podem ser galgadas durante o período de chuvas. A utilização deste tipo de concepção em geral é
feita em situações onde os danos causados pelo galgamento da ensecadeira são aceitáveis.
A utilização de ensecadeira galgável é usual quando se tem vazão no período chuvoso bem
superior a de estiagem, de forma que no período de estiagem o risco de galgamento seja baixo,
possibilitando os trabalhos na região ensecada. Este tipo de comportamento hidrológico é comum em
rios localizados em vales estreitos, e também nos rios da Amazônia, que aumentam muito sua vazão
durante o período chuvoso.
A utilização de ensecadeira galgável pode ser motivada principalmente por dois fatores. O
primeiro seria a redução do custo do desvio, que não só diminuirá a altura e tamanho da ensecadeira,
mas também reduzirá a capacidade de vazão da estrutura de desvio associada. Outra motivação, que
é resultante da primeira, seria a redução dos trabalhos no primeiro ano da obra, a qual não mais
necessitaria de volumes de aterro tão grandes para altear a ensecadeira até cotas elevadas e também
a redução do volume de escavação de túneis. Isto pode beneficiar o fluxo de caixa e trazer benefícios
financeiros, além de facilitar a execução da obra. A medida que as obras principais na região galgável
são alteadas, elas passam a servir de ensecadeira, reduzindo o risco de galgamento das mesmas. Em
muitos casos, apenas no período chuvoso inicial há risco de galgamento das estruturas, uma vez que
após dois períodos de estiagem, as estruturas já atingem cotas onde o risco de galgamento é baixo e
dentro de padrões aceitáveis, possibilitando que os serviços não precisem ser novamente
interrompidos no período chuvoso. Mas esta condição depende do tipo de obra e dos tipos de
estruturas envolvidas, entendendo-se que apenas a região sobre os maciços construídos são
suficientes para trabalhar, sem necessidade de áreas adicionais no leito do rio.
Para se impermeabilizar a ensecadeira de cordão simples, deve-se lançar argila a montante do
enrocamento. Porém para se conseguir lançar este material fino, é necessário que a velocidade de
escoamento, junto a ensecadeira, seja baixa, ou seja, bem inferior a 1m/s. Quando as velocidades não
permitem a fixação da argila no talude, são utilizados espigões para possibilitar o lançamento do
material. Entretanto, se um número muito elevado de espigões for necessário, pode-se optar pela
utilização de ensecadeira de cordão duplo.
Figura 10: Foto da obra da UHE Serra da Mesa. Ensecadeiras e área ensecada, com desvio
pelos túneis.
Esta solução traz dois benefícios principais, o primeiro e mais importante é a redução do
volume de aterro necessário e o segundo é evitar a necessidade de remoção da ensecadeira, quando
ela não for mais necessária.
A utilização desta solução não é possível em qualquer situação. A sua viabilidade técnica é
limitada pelo tipo de maciço da barragem principal e pelo tipo de ensecadeira utilizada, incluindo o
material a ser usado e a forma construtiva da mesma.
As barragens onde são mais comuns a incorporarão da ensecadeira em seu maciço são quando
estes são de terra ou de enrocamento, ou ainda variações destas, como por exemplo enrocamento com
face de concreto e terra com enrocamento.
Consiste de estacas pranchas verticais encaixadas umas às outras formando cilindros (ou
“células”), que são preenchidos com material solto. As estacas dão impermeabilidade e o material
solto garante a estabilidade.
A ensecadeira celular é usualmente utilizada quando se tem pouco espaço no leito do rio para
a execução de outros tipos de ensecadeiras, ou ainda quando se tem escassez ou falta de material
impermeabilizante, como argila. Em princípio, pode-se admitir, que o diâmetro da célula deve ser
igual à altura da célula. Elas podem ser formadas por uma série de células iguais ou por um conjunto
de células denominadas células principais e células de ligação.
As ensecadeiras celulares podem ser construídas a seco, ou submersas. Em alguns casos, faz-
se uma pré ensecadeira para possibilitar a construção da ensecadeira celular a seco.
A construção a seco deve ser feita sempre que possível, uma vez que facilita o processo e
aumenta a garantia de estanqueidade da célula, já que permite um melhor tratamento do fundo do
leito, por onde podem ocorrer infiltrações.
A ensecadeira celular tem custo mais elevado que a ensecadeira mais convencional como a
de enrocamento com terra, mas pode acarretar em uma solução mais econômica em alguns casos,
devido a outros benefícios que pode trazer para a obra como um todo.
3. DIMENSIONAMENTO
O uso de materiais leves e finos conduz a grandes perdas, devido ao arraste de material
provocado pela alta velocidade do escoamento, porém o uso de materiais com grande diâmetro eleva
o custo de construção. Tendo isso em conta os materiais mais pesados devem ser utilizados apenas
nas situações necessárias, ou seja, em que esteja havendo arraste do material de menor diâmetro
impossibilitando o avanço da construção da ensecadeira.
Para dar início à analise teórica de dimensionamento dos blocos lançados em ponta de aterro,
aplica-se a equação da conservação da energia à montante e à jusante da ensecadeira.
(3.1)
(3.2)
(3.3)
3.1.1 Método de IZBASH (1936)
Para blocos sem apoio lateral a equação (2.4) indica a velocidade crítica de arrastamento:
(3.4)
sendo Vcr a velocidade crítica de arrastamento (m/s); η é o coeficiente experimental; ρs é a
massa específica do bloco (kg/m³); ρ é a massa específica da água (kg/m³); g é a aceleração da
gravidade (m/s²); e d é o diâmetro nominal do material - diâmetro da esfera de mesmo volume (m).
Igualando as expressões (2.3) e (2.4), pode-se obter a relação (2.5):
(3.5)
Considerando a massa específica do bloco ρs=2700 kg/m³; massa específica da água
ρ=1000kg/m³ e η =0,86 é o coeficiente experimental para blocos sem apoio lateral. A equação de
dimensionamento para blocos sem apoio lateral resulta em
(3.6)
onde d é o diâmetro nominal do material (m) e ΔH é a diferença de nível de água entre
montante e jusante da ensecadeira (m).
Para blocos com apoio lateral, a equação (2.7) determina a velocidade crítica de arraste:
(3.7)
sendo η’=1,2 o coeficiente experimental para blocos com apoio lateral; f’ o coeficiente
numérico que depende do formato do bloco e α é o ângulo da superfície formada pelos blocos em
relação a horizontal (graus).
Segundo DALMORA (2015) em barragens foi verificado que α é muito pequeno logo
simplificou-se √f′cosα senα=1.
Igualando com a equação (3.3) com a equação (3.7) e considerando a massa específica do
bloco 2700 kg/m³, η=1,2 é o coeficiente experimental para blocos com apoio lateral, obtém-se a
equação (3.8) para blocos com apoio lateral:
(3.8)
3.1.2 Método de SHIELDS (1936)
SHIELDS (1936) apresenta a relação entre a força de atrito do fluido e o peso da partícula
submersa. Segundo GRAF (1970) a tensão de arraste é um resultado das forças da água tentando
mover a partícula na direção do escoamento. Para determinar esta tensão é necessário conhecer as
características do bloco, como peso e diâmetro, e características do fluido.
A tensão adimensional crítica, ou tensão de Shields (Ycr), é definida pela equação
(3.9)
sendo, τc a tensão crítica de arraste; ρs a massa específica do bloco; ρ a massa específica da
água, g a gravidade e d o diâmetro nominal do material.
O número de Reynolds da partícula (Re) é dado pela equação (3.10):
(3.10)
sendo v*c é a velocidade de corte dada por √𝜏𝑐𝜌⁄; d é o diâmetro nominal do material e v a
viscosidade cinemática da água.
O diagrama de Shields apresenta a relação entre a tensão adimensional crítica e o número de
Reynolds da partícula. Para valores de Reynolds acima de 500 a tensão adimensional crítica tende a
0,060, conforme mostra a Figura 14.
(3.11)
Igualando a equação (2.11) com a equação (2.3) e adotando g=9,81 m/s² obtém-se (3.12):
(3.12)
Conforme cita CHOW (1959) para cálculo da velocidade em uma seção contraída deve ser
levado em conta o coeficiente de descarga C1. Segundo MOREIRA et al. (1987), este coeficiente é
em função do número de Froude, esconsidade e grau de contração da seção em estudo.
De acordo com CHOW (1959) partindo da equação (2.3) e (2.4) de Izbash, o diâmetro pode
ser expresso como
(3.13)
sendo
(3.14)
Segundo MOREIRA et al. (1987) a média de K, para diferentes valores de C1 e graus de
contração, é de 0,30. Logo a dimensão do enrocamento para a construção de ensecadeiras em água
corrente pode ser definida como
d=0,30×ΔH (3.15)
onde d é o diâmetro nominal do material - diâmetro da esfera de mesmo volume (m) e ΔH é
a diferença de nível de água entre montante e jusante da ensecadeira (m). Esse critério apresentado
por MOREIRA et al. (1987) é similar ao recomendado pela ELETROBRÁS (2003).
(3.16)
(3.17)
onde V é a Velocidade de escoamento; y é a profundidade do escoamento e g é a aceleração
da gravidade.
As principais grandezas envolvidas no estudo em modelo reduzido obedecem às relações
baseadas na escala geométrica (λ), a partir do critério da semelhança é realizada a redução das
características geométricas do protótipo e esta relação é fixa. Sendo o mesmo fluido no modelo e no
protótipo a escala é definida pela expressão (3.18):
(3.18)
onde lm representa uma dimensão linear no modelo reduzido e lp é a dimensão linear
correspondente no protótipo.
A semelhança cinética (λv), ou escala de velocidades, mostrada na equação (3.19), é a
semelhança do movimento, e é alcançada se as partículas em movimento apresentarem a mesma
taxa de velocidade ao longo de curso geometricamente similares entre modelo e protótipo.
(3.19)
Os métodos de dimensionamento apresentados conduzem, em geral, à resultados muito
próximos, quando considerados para a situação de lançamento em ponta de aterro. Estes métodos
apresentam algumas diferenças conceituais, visto que abordam fenômenos físicos diferentes. A
análise geral dos métodos despreza a velocidade de aproximação e a perda de carga que ocorre na
seção da ensecadeira, é definida a partir da relação 𝑉=√2𝑔Δ𝐻. Esta relação é aplicada em todos os
métodos de dimensionamento apresentados.
4. ESTUDO DE CASO
Todos os cursos d’água da bacia, com exceção do curso superior do rio Canoas e do
curso médio do rio Inhandava, apresentam grandes declividades e vales muito encaixados,
estreitos e profundos, com áreas de drenagem predominantemente desmatadas, onde
geralmente ocorrem solos pouco espessos e de baixa permeabilidade. Tais características
são responsáveis por um regime fluvial estritamente ligado ao regime pluvial, e têm, como
conseqüência, deflúvios diários com uma grande variabilidade. As cheias, em face do
reduzido tempo de concentração da bacia, apresentam picos instantâneos muito altos, quase
sempre associadas a precipitações de grande intensidade.
As características têm repercussões marcantes no projeto do sistema de desvio do
rio. A possibilidade de cheias rápidas com altos valores da vazão de pico levou a se projetar
um sistema de desvio com elevada capacidade de vazão.
A solução adotada para o desvio do rio Pelotas para permitir a construção da UHE
Machadinho foi um esquema típico de desvio por túneis em vales encaixados com
fechamento do rio por meio de ensecadeira de montante e de jusante. Os diferenciais do
desvio da UHE Machadinho foram principalmente dois. O primeiro foi a utilização de
ensecadeira de jusante incorporada à barragem. O segundo, e principal diferencial foi a
utilização de túneis em cotas diferentes, que acarretaramconsiderável economia para seu
fechamento, além de possibilitar o uso de um dos túneis altos para instalar o sistema de
descarga de vazão sanitária.
Foram utilizados 4 túneis, dois na margem direita em cotas mais baixas,
denominados túneis inferiores, e dois na margem esquerda em cotas mais altas,
denominados túneis superiores. Os túneis superiores aproveitaram a condição favorável
da topografia e foram implantados no afluente do rio Pelotas, no rio Inhandava,
possibilitando uma reduzida extensão para eles.
Os dois túneis mais baixos permitiam o corte do fluxo do rio no período de
estiagem,com desníveis usuais nas pré-ensecadeiras de fechamento e nos dois túneis.
Os dois túneis em cota mais elevada, só eram utilizados quando ocorriam vazões
maiores que 2.000 m³/s, que tem freqüência inferior a 5% no período seco.
Para possibilitar o fechamento final dos túneis inferiores, foi necessário construir
uma estrutura de emboque em concreto, onde pudessem ser operadas comportas para cortar
o fluxo do rio e vedar os túneis. Os túneis superiores não precisaram de estrutura de
emboque, pois como foram fechados no período de estiagem, foi feita apenas uma
ensecadeira de proteção a montante dos emboques.
Para possibilitar o tamponamento dos 4 túneis, foi necessário ensecá-los, pela
construção de ensecadeiras em seus desemboques.
Vale ressaltar que a utilização de túneis em cotas diferentes, no caso da UHEMachadinho,
propiciou grandes vantagens e apenas pequenas desvantagens, em relação à solução de
utilização de todos os túneis numa mesma cota.
Vantagens:
• Eliminação da estrutura de emboque dos túneis superiores e da área demontagem
e operação dos guindastes de operação das comportas;
• Eliminação das comportas de fechamento para os túneis superiores;
• Facilidade maior da operação de fechamento dos túneis superiores;
• Utilização de um dos túneis superiores para a instalação do esquema dedescarga de
vazão sanitária, eliminando a necessidade de construção de um 5º túnel. Isto foi
possível pois os túneis superiores foram fechados antes dos túneis inferiores; e
• Maior capacidade de vazão dos túneis superiores para vazões altas. Como a cota de
saída dos 4 túneis é a mesma, em princípio não há perda na capacidade de vazão
do túnel superior para vazões altas, uma vez que estas elevam o nível d’água,
fazendo com que a cota do emboque não tenhainfluência na capacidade do túnel.
Porém, como os túneis superiores têm extensão menor e não tem emboque, que
funciona como um gargalo, asperdas de carga nele são menores, portanto, para
vazões altas, sua capacidade é ainda maior que a dos túneis inferiores.
Desvantagens:
• Mais dificuldade na operação de fechamento do rio. O fechamento do rio fica um
pouco dificultado, uma vez que se os 4 túneis estivessem nas cotas inferiores,
resultaria em menor desnível a ser vencido pela pré-ensecadeira. Porém, foram
feitas análises de risco que constataram que no período de estiagem as cheias são
eventuais e curtas, representando atrasos pouco significativos;
• Maior risco de galgamento da ensecadeira de montante no início de seualteamento.
No início do alteamento das ensecadeiras, o risco de galgamento destas também é
maior, uma vez que as águas ainda não estão passando pelos túneis superiores.
Porém, como este risco também existiria se os 4 túneis fossem inferiores, foi
verificado que a diferença de risco entre um caso eoutro era pequena. Além
disso, os prejuízos que poderiam acarretar eram pequenos, uma vez que as
ensecadeiras ainda estariam baixas;
• Maior risco durante a concretagem dos túneis superiores, uma vez que a ensecadeira
de proteção executada a montante poderia não ser suficiente caso cheias maiores
ocorressem durante a concretagem, o que não aconteceria caso os túneis estivessem
vedados por comportas.
• O balanço entre benefícios e prejuízos levou a adoção de túneis em cotas diferentes.
A escolha se mostrou eficiente, uma vez que não ocorreram problemas durante a
execução da obra.
CHOW, V.T. Hidráulica de los canales abiertos. 4ª ed. México: Diana, 1986. 633p.