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Acordios STS Acérdio do Supremo Tribunal de Justica Processo: 078925 N* Convencional: JSTJO0001277 Relator: ELISEU FIGUEIRA Descritores: PROMESSA DE CASAMENTO INCUMPRIMENTO UNIAO DE FACTO INDEMNIZAGAQ_ N* do Documento: '$J199003140789251 Data do Acordio: 14-03-1990 Votas: UNANIMIDADE Referéncia de Publicagio: | BMJ.N395 ANO1990 PAGS91 Tribunal Recurso: TREL LISBOA Processo no Tribunal Recurso: 1990/89 Data: 27-06-1989 Texto Integral: s Privacidade: 1 Meio Processual: AGRAVO. Decisio: NEGADO PROVIMENTO. Area Temitics DIR CIV - DIR FAM. Legistagio Nacional: CCIV66 ARTIGO 1594 Sumirio : 1- O incumprimento da promessa de casamento nio gera 0 direito de exigir a celebragdio do ccasamento, mas apenas 0 de reclatrar a restituigio dos donativos efectuados em virtude da promessa ¢ indennizagio pelas despesas e obrigagdes contraidas ma previsio do casarento {artigo 1594 do Codigo Ci IL-Por isso, no slo susceptiveis de indenmizagdo os danos morais, nemos lueros cessantes, rnemos danos emergentes, quer a titulo de responsabilidade contratual, quer extra- -contatual. IL- 05 danos softidos pela cessagio de contrato de trabalho, a cuja resolusdo o lesado foi convencido, nfo se integramna categoria daqueles que a Lei considera indemmizaveis. IV- No plano da tno de facto, a injusta cessagao desta situago paraconjugal nlo esta cexcluida de tutela ressarcitoria € do dever de assistencia que a ordem juridiea define para a ruptura por divorcio no caso de casamento formalizado (artigos 36 e 67, n.1 da Constituigdo). \V- Porein, para as pessoas ainda vinculadas pelo casamento, a unio de facto ndo podera ualificar-se de formagio familiar, pois isso seria contrario aos valores fundamentais do ordenatnento, a0 condenar a bigamia, Acordam no Supremo Tribunal de Justiga. A, solteira, donmstica, residente em Torres Vedras, pede ma presente acco ordinaria, com fandarento em ruptura de promessa de casamento, que o reuB, casado, conerciant, tambem residente em Torres Vedras, seja condenado a pagsr-Ihe a quantia total de 8000000 escudos, a titulo de indemnizagio pelos danos causados, sendo 7000000 escudos pos danos ‘patrimoniais e 1000000 escudos por danos morais, Por despacho lininar, combase em inviabilidade do pedo, foi indeferida a petigio, Emrecurso de agravo, interposto pela autora, 20 mesmo foi negado provimenio, Desa decistio vero presente recurso de agravo, igualmente interposto pela autora, emcuja alegagio conclui por violagdo dos artigos 1594 e 405 do Codigo Civil, dizendo em resumo que o agravado se constituit na obrigagao de a indermizar pelos danos causados ao ter rompido dolosamente as promessas de casarento que Ihe fez, convencendo-2 a comele viver ‘emunido de facto durante mais de umano e a, para tal, cessar o contrato de trabalho coma ‘empresa onde trabalhava, Orecorido ndo apresenta contra-alegacio, Tudo visto. 1- A recorrente alega, na sua petigdo inicial, que, sendo empregada de uma empresa ‘comercial, onde exercia a actividade de professora de corte e bordados, passowa viver com ‘ recorrido como marido e mulher, porque este, embora casado ¢ com filhos, Ike prometera ‘casamento, pata o que ja havia iniciado diligencias no sentido de se divorciar, 'Na base das referidas promessas de casamento e sob pressfo do recorrido a agravante, segundo refere, deixou o seu emprego e passou comaquele a viver na situago de unizo de facto, desde Julho de 1986, na casa por ele entio comprada pera esse efeito, Decorrido cerea de um ano, o agravado rompeu a promessa de casamento ¢ expulsoaa recorrente de casa no dia 29 de Noventbro de 1987. Il- O pedido de indemizagao, formilado pela autora, decorrente dos danos patrimoniais e ‘morais causados pelo acto ilicito do recorrido, tempor suporte ou causa de pedir, ma ‘configurago quc a propria recorrenfé Ihe atribui no seu articulado inicial, o rompimento da le2 rnatnonra 18-4, ‘ordao do Supreme ‘Irtbunal de Justia np fw dgsi.ptljst}.ns79S4fOce6ad9dd8b980256bS1003fH8 14/44, promesa de casamento que aquele recorrid reiteradamente Ihe propos ¢ em que ambos acordarame que, 20 cabo de umano de vida em.comum, como marido e mulher, ele rompeu semjusto motivo, expulsando a autora de asa. No plano juridico, a autora apoia o seu pedido nos artigos 1594 e 405 do Codigo Civil, partindo daqui para reclamar ressarcimento dos danos morais por si softidos como ‘conportamento ilicito do teu e dos danos emergentes e Iucros de natureza patrimonial ‘consequentes da cessagdo do contrato de trabalho a cuja resolugdo 0 reua convenceu. Colocada a questio emsede de ruptura de esponsais, tal como 0 fez a recorrente, mostra-se Juridicamente ajustada a decisio recorrida, ja que o incumprimento da promessa de ‘casamento, nos termns dos artigos 1591 ¢ 1594 do Codigo Civil, no confere dircito a exigir a celebragdo do casarento, ms apenas a reclamar a restituigio dos donativos efectuados em vvirtude da promessa e da expectativa de casamento,e indermizagio pelas despesas feitas ¢ obrigagdes contraidas na mes previsto. Esta limitago do dever de indermizar assenta no interesse de valor preeminente que consiste cempreservar a livre determinagio dos nubentes ate ao momento da celebrago do casamento Por isso, nem sdo susceptiveis de indemnizagio os danos morais, nemos lucros cessantes, nemos danos emergentes, quer a titulo de responsabilidade contratual quer extra-contratual, ue nto sejam constituidos pelas ja referidas despesas ou obrigagées contraidas na previsio do casarrento, (ra, 0s danos apontados pela recorrente ndo se integram na categoria daqueles que a lei considera indemnizaveis. 5 prejuizas softidos pela recorrente coma cessagio do contrato de trabalho nio se qualificam como obrigaySes contraides na previsio do casamento, temsima natureza de Jueros cessantes ou entio de datos emergentes diferentes das obrigagSes contraidas ema vista do casamento, IL- A colocar-se a questio no plano da unio de facto, para onde a peticio inicial revela tendencial configuragio, dela podendo inferir-se que 0 pedido ressarcitorio se apoia, na perspectiva da recorrerte, em injusta cessaglo daquela situagdo familiar por parte do recorrido, ao cabo de mis de um ano de convivencia marital, tambem estaria comprometida 2 viebilidade do pedido formmlado. Dos artigos 36 € 67 n, I da Constinuigio no pode concluir-se pelo principio da cexclusividade de tutela da familia assente no casamento, ¢ tambema preferencia dada pelo legislador ordinario a familia legitima assente em negocio juridico formalizado, com o lugar ‘mais favoravel « realizacdo pessoal dos seus membros, na presungo de uma maior seriedade 4e intengdes dos contraentes, no significa que, para alem da tutela ja conferida pelo nosso cordenaraento cm casos pontais artigos 2020, 495 n. 3 e outros do Codigo Cieil), a commidade familiar, no assente no casamento, esteja excluida de protegio juridica, sempre que esta revista as caraceristcas de commio de vida e de seriedade, de continuidade, de lealdade, que The confere a ficacia de instrumento capaz de realizar os mesmms firs. Por isso, a ruptura sem justo motivo dessa situagdo paraconjugal nlo esta excluida de tutsla indemmizatoria ¢ do dever de assistencia que a ordemjuridica define para a ruptura por divorcio no caso de casamento formalizado, Porem, © ¢ isso o que se verifica no caso concreto, para as pessoas ainda vinculadas pelo ‘casamento, as situagdes “conjugais" de facto nio poderdo qualificar-se de formagBes fariliares, por isso seria contrario aos valores fundamentais do ordenamento, 20 condenar a bigamia, Aceste nivel, tambem a pretensio da recorrente estaria voinda ao fracasso. 1V-- Pelo exposto, nega-se provimento a0 agravo e confirmn-se a decisio recorrida, com custas pela agravant. Bliseu Figueira, Jorge Vasconeetos. Acérdio do Supremo Tribunal de Justiga http: www.dgsi-pUjst.nsi/954Mce6ad9dd8b980256S100314814/44... promesa de casarento que aquele recortido reiteradamente Ihe propos e em que ambos ‘cordarame que, ao cabo de umano de vida emcomum, como marido ¢ nulher, ele rompeu semjusto motivo, expulsando a autora de casa. No plano juridico, a autora apoia o scu pedido nos artigos 1594 e 405 do Codigo Civil, partindo daqui para reclamar ressarcimento dos danos morais por si softidos como comportamento ilicito do reu ¢ dos danos emergentes © lucros de natureza patrimonial consequenis du cessaybo do coneado de vabeldo 2 2aha resoluyo Orewa comene Colocada a questio emsede dc ruptura de esponsais, fal como 0 fez-a recorrente, mosira-se juridicamente ajustada a decisto recorrida ja que o incunprimento da promessa de ccasamento, nos terms dos artigos 1591 e 1594 do Codigo Civil, nfo confere direto a exigit a celebraglo do casamento, mas apenas a reclammar a restituigfio dos donativos efectuados em virtude da promessa e da expectativa de casamento, e indemmizagio pelas despesas feitas e obrigacdes coniraidas na mesma previsio. Esta limitagdo do dever de indenizer assenta no interesse de valor preeminente que corsiste empreservar a livre determinago dos mubentes ate ao momento da celebracio do casamerto. Por isso, nemstio susceptiveis de indermizac2o 0s danos morais, nemos lucros cessantes, rnemos danos emergentes, quer a titulo de responsabilidade contratual quer extra-contramual, que nko sejam consttuidos pelas ja referidas despesas on obrigagSes contraidas ma previsio do casamento, Ore, os danos apontados pele recorrente no se integram na categoria daqucles que a lei considera indemnizaveis. Os prejuizos softidos pela recorrente coma cessago do contrato de trabalho no se ualificam como obrigagGes contraidas na previsto do casamento, tem sima natureza de Iucros cessantes ou entio de danos emorgentes diferentes das obrigagées contraidas em vista do casement, I-A colocar-se a questio no plano da unido de facto, para onde a petiglo inicial revela tendencial configurasao, dela podendo ingerir-se que 0 pedido ressarcitorio se apoie, na porspectiva da recorrente, eminjusta cessago daquala situagio familiar por parte do ecortido, ao cabo de mais de umano de convivencia marital, tambem estaria comprometida a viabilidade do pedido fornulado, Dos artigos 36 ¢ 67 n. 1 da Constituicdo nto pode conchuir-se pelo principio da exclusividade de tutela da familia assente no casamento, ¢ tambema preférencia dada pelo legislador ordinario a familia legitima assente ema negocio juridico formalizado, como 0 lugar ‘mais favoravel a zealizagio pessoal dos seus membros, na presungo de ura maior seriedade de intengdes dos contraentes, no significa que, para alem da tutcla ja conferida pelo nosso ‘ordenamento em casos pontais (artigos 2020, 495 n. 3 ¢ outros do Codigo Cicil), a ‘comunidade familiar, nfo assenie no casament, esteja excluida de protegao juridica, sempre que esta revista as caracteristicas de comumbiio de vida e de seriedade, de continuidade, de Tealdade, que Ihe confere a efcacia de instrumento capaz de realizar os mesmos fin. Por isso, a ruptura semjusto motivo dessa situngdo paraconjugal nfo esta excluida de tela indermizatoria e do dever de assistencia que a ordem juridiea define para a ruptura por divorcio no caso de casamento formalizado, Porem, ¢ isso o que se verifica no caso concreto, para as pessoas ainda vinculadas pelo ‘casamenio, as situagBes "conjupais" de facto nko poderio qualificar-se de formagées, familiares, por isso seria contrario aos valores fundamentsis do orderamento, a0 condenar a Digatia. Aste nivel, tarbema pretensto da recorrente estara votada ao fracasso, JV - Pelo exposto, nega-se provinento ao agravo e confirma-se a decisio recorrida, com custas pola agravante, Elisea Figueira, Jorge Vasconcelos. Acérdiios STS Acérdao do Supremo Tribunal de Justica Processo: 98A018 N* Convencional: 438100033123 Relator: ‘CESAR MARQUES Deseritores: PROMESSA DE CASAMENTO INCUMPRIMENTO CULPA ONUS DA PROVA INDEMNIZACAO_ 1N* do Document '$3199805060000181 Data do Acordic 06-05-1998 Yotagio: UNANIMIDADE ‘Tribunal Recurso: T REL LISBOA Proceso no Tribunal Reeurso: 3908/97 Data: 19-06-1997 ‘Texto Integral s Privacidade: 1 Meio Processual: REVISTA. Decisio: CONCEDIDA A REVISTA. Area Temitica: DIR CIV - DIR FAM. Legislacdo Nacional: CCIV66 ARTIGO 799 N1 ARTIGO 1591 Ni ARTIGO 1592 NI ARTIGO 1594 N1N3. Sumi 1. B a0 esposado que rompeu a promessa de casamento que compete provar ter tido, para isso, um justo motivo. IE- Se o do fizer, seré cbrigado a indemnizar o inocente do prego que pagou para mobilar 0 andar, onde tenefonavam viver, mobilia adaptivel a este e a gosto do faltoso, tudo nos termos don 1 do artigo 1594 ¢ nto nos do n. 1 do artigo 1592 do Cdigo Civil, Decisio Texto Integral: __Acordarno Supremo Tribunal de Justiga: ‘A demmandou emacgo com processo ordinario B pedindo que fosse condenada: a) a indermizé-lo, nos termos do artigo 1594 do Cédigo Civil, na importincia de 8627260 escudos; b) ea restitir ao autor e & mie deste os donativos ue Ihe foram feitos na previsio do casamento; ) quando assim nfo se enterda, a indemmizi-lo na quantia pedida a titulo de enriquecimento sem causa por parte da ré Articulou, emsintese, que apés anos de namoro, prometeram casamento um a0 outro e, com vista a0 casamento, adquirirama ffacgdo auiénonn de um prédio sito na Quinta... em Amora, bem como todo o recheto. Para isso contrairam um emmpréstimo de 3100000 escudos junto da Caixa Geral de Depésitos (CGD), o qual ficou apenas em nome da ré unm vez que 0 autor, naquela instituigio de crédito, ja figurava como rmituério relativamente & aquisigdo de um fracgSo ausénoma destinada & sua mie Para aquisigdo da fiacgio auténome do prédio sito na Quinta... 0 aufor entregou 300000 escudos a title de sina, Foi entre autor e ré acordado que a prestagio mensal para amortizagio do empréstin seria suporiada por ambos em partes iguais, para o que abriram ‘wma conta conjunia na C.G.D. Despencieu 200000 escudos com despesas de escritura e registos da que seria a futura casa de ‘morada de familia, ¢ 980680 escudos como recheio dessa casa, além de 291600 escudos em benfeitorias, outro mobilfério e diversas despesas na mesma cass, 4 qual agora no tem acesso por a ré haver mudado a fechadura, Em 19 de Outubro de 1993 a ré, sem motivo, rompew a promessa de casamento, faltando reiteradamente a encontros que marcava como auto, tendo comesado a prevaricar com uns e com outros e sendo vista ultimamente em comportamentos de grande intimidade com um individuo que tudo indica ser o seu actual nemorado. Eemd de Fevereiro de 1994, emnotificagio judicial avulsa dirigida ao autor, veio arrogar-se exclusiva proprietiria da mencionada fracyo auténom do prédio sito na Quinte Para o prego desta frace0, que na realidade foi de 5900000 escudos, contribuiu 0 autor, além da ja referida quantia entregue a titulo de sinal, com 2700000 escudos que o vendedor descontou devido a trabalhos efectuados pelo autor 4 construtora, fora do seu hordirio normal de trabalho ¢ coma colaboragio de umamigo; o restante foi pago como enpréstimn, tendo 0 que excedeu sido entregue pela construtora aos compradores. Até Fevereiro inclusive de 1994 o autor pagou mersalmente 2 sua quota na prestacio da casa, ‘no montante total de 555000 eseudos; bem como pagou despesas de condominio na importincia de 76000 escudos. ‘Tambéma mile do autor dew ré, na perspectiva da realizaglo do casamento, os objectos eseritos no artigo 51 da peticdo inicial, pretendendo que Ihe sejam devolvidos; assim como 10-10-2014 18:25, 6rdio do Supremo ‘Inibunal de Justiga HWW w.dgs1.pUjsY.ns/9541Ucebaddd8b980256b51003 fa8 14/10. pulsy ‘autor, pelo mesmo motivo, pretende a devoluglo dos artigos mensionados no artigo $2 da referida petigio, ‘A fraegdo auténom, que a ré esti a usufuit, vale, no minim, 12000000 escudos, pelo que hi Uumocupletamento dela & custa do autor no montante de 6100000 escudos.

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