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Três Coisas sobre Sua Pergunta...

April 10, 2021

Suponha uma forma diferencial (de grau 1, existem de graus maiores também...):

ω = M (x, y)dx + N (x, y)dy,

com M e N definidas para todo (x, y) numa região aberta e simplesmente conexa

A ⊂ R2 .

1. Por definição, ω é exata (ou total) quando existe uma função f (x, y) difer-

enciável (mas não necessariamente C 1 nem C 2 ) tal que df = ω, ou seja, tal

que

∂x f = M e ∂y f = N. (1)

E, neste caso, dizemos também que f é uma primitiva da forma ω: não é única

pois f +const. também é primitiva de ω (d[f + const.] = df + 0 = df = ω).

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2. Pode ocorrer de ω ser exata e M e N não serem nem contı́nuas,

muito menos de classe C 1 . Um Exemplo, não se preocupe com as contas,

(com A = R2 ). Tome ω = M dx + N dy onde M (x, y) = 2xsen(1/x) − cos(1/x)

para x 6= 0 com M (0, y) = 0 e onde N (x, y) = 2ysen(1/y) − cos(1/y) para y 6= 0

com N (x, 0) = 0 que são descontı́nuas: a primeira em todos os pontos (0, y) e

a segunda em todos os pontos (x, 0). Mas ω é uma forma exata com primitiva

1
diferenciável dada por f (x, y) = x2 sen(1/x) + y 2 sen(1/y) se x 6= 0 e y 6= 0

mas, nos outros pontos, com f (0, y) = f (x, 0) = 0. Note que esta f não é C 1

muito menos C 2 em R2 : as derivadas ∂x f = M e ∂y = N não são contı́nuas,

conforme acima, e portanto f não é C 1 .

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3. Se ω é exata e, além disso, M e N são C 1 (ou seja, possuem derivadas

contı́nuas) então, pelas Eqs. (1), temos f de classe C 2 (f tem derivadas

contı́nuas até segunda ordem). E neste caso, pelas Eqs. (1), teremos

∂y M = ∂y (∂x f ) e ∂x N = ∂x (∂y f ).

E, mais ainda, sendo f de classe C 2 então vale o teorema de Schwartz segundo

o qual ∂y (∂x f ) = ∂x (∂y f ), donde segue que

∂y M = ∂x N. (2)

E ainda neste terceiro caso, a condição dada pela Eq. 2 (sob M e N de classe

C 1 num aberto simplesmente conexo), além de necessária, é também suficiente

para garantir que ω é exata (ver demonstração em textos, caso deseje). Esse

é o caso de maior interesse, como podem perceber na disciplina de

EDO, onde se quer resolver equações tipo ω = 0 para as quais se

tem soluções gerais na forma f (x, y) = C, onde f é primitiva de ω e,

principalmente, para assegurar solução única para um problema de

valor inicial, a hipótese de M e N serem C 1 é requerida (mas não

confundir com necessária...).

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2
4. Generalizações... Se tivermos formas diferenciais de grau 1 mais gerais

(pafaffianas)

n
X
ω= Mi (x1 , x2 , ..., xn ) · dxi = M1 · dx1 + M2 · dx2 + ... + Mn · dxn .
i=1

o critério da Eq. 2 se generaliza, mas requer cautelas... Para dimensão n = 3


~ = 0, onde V
ele se torna RotV ~ = (M1 , M2 , M3 ) mas em dimensões maiores do

que 3 (onde o rotacional usual não faz mais sentido) o critério é estabelecido

via linguagem de Álgebra Exterior onde são definidas operações envolvendo

produtos de formas diferenciais e derivadas de formas diferenciais... Mas isto

fica pra um outro material (estou lendo aqui alguns ainda...) ... Por enquanto

não é nossa prioridade.

Abraço a tods.

Wilson Hugo C. Freire.

1 Formas Diferenciais no Rn

Uma 1-forma (pafaffiana) é uma expressão da forma

ω = M1 (x1 , . . . , xn ) · dx1 + M2 (x1 , . . . , xn ) · dx2 + · · · + Mn (x1 , . . . , xn ) · dxn (3)

ou, de forma “condensada”,

n
X
ω= Mj (x1 , ..., xn ) · dxj .
j=1

Suporemos que as Mj ’s são de classe C 1 num conjunto aberto simplesmente

conexo A ⊂ Rn .

Dizemos que ω é exata ou total quando existe uma função f (x1 , . . . , xn ) difer-

enciável (em A) tal que df = ω e a condição necessária e suficiente para isso é

3
que
Z n
Z X
ω= Mj · dxj
C C j=1

seja independente do caminho C (de classe C 1 ) dentro de A. Ou, equivalente-

mente, se
I n
I X
ω= Mj · dxj
C C j=1

para todo caminho fechado C (dentro de A).

Teorema de Stokes (para Superfı́cies em Rn ): Dada uma superfı́cie S ⊂

A ⊂ Rn regular e orientada e dada uma 1-forma (pafaffiana) ω = j Mj · dxj


P

então
I Z
ω= dω,
∂S S

onde ∂S é a fronteira (ou bordo) de S orientada compativelmente com esta

superfı́cie e dω é a diferencial da forma ω (definida a seguir).

Observação “mnemônica”: é como se o “operador bordo”, “∂”, do lado

esquerdo desta igualdade se transformasse no operador doferencial “d” do lado

direito...

Diferencial (ou Derivada) da 1-Forma ω. Definimos a diferencial da forma

ω como sendo uma 2−forma (forma de grau 2, “esclarecerei” depois)

n
X
dω = dMj ∧ dxj
j=1

onde
n
X ∂Mj
dMj = · dxi
i=1
∂xi

e a operação “∧” é a operação produto exterior (esclarecerei adiante...). Assim,

temos que
X X ∂Mj
dω = · dxi ∧ dxj
j i
∂xi

4
“Esclarecimentos”. Uma regra da operação “∧” (guarde isto):

dxi ∧ dxj = −dxj ∧ dxi ,

e, em particular,

dxi ∧ dxi = 0

para todo i. Então temos:

X X ∂Mj X X ∂Mj
dω = · dxi ∧ dxj + · dxi ∧ dxj
j i<j
∂xi j i>j
∂xi

X X ∂Mj X X  ∂Mj 
dω = · dxi ∧ dxj + − · dxj ∧ dxi
j i<j
∂xi j i>j
∂xi

X X ∂Mj X X ∂Mi
dω = · dxi ∧ dxj − · dxi ∧ dxj
j i<j
∂xi i j>i
∂xj

X X  ∂Mj ∂Mi

dω = − · dxi ∧ dxj
j i<j
∂xi ∂xj

X X  ∂Mj ∂Mi

dω = − · dxi dxj .
j i<j
∂xi ∂xj

Assim, pelo teorema de Stokes, ω é exata se e só se, para todo caminho C, temos

I Z Z XX 
∂Mj ∂Mi
0= ω= dω = − · dxi dxj
C S S j i<j
∂xi ∂xj

qualquer que seja a superfı́cie regular S ⊂ A tal que ∂S = C e com orientação

compatı́vel com C. Para isto (com A simplesmente conexo) é necessário e sufi-

ciente que
∂Mj ∂Mi
− = 0,
∂xi ∂xj

5
para todo i e para todo j. Em dimensão n = 3 isto equivale à

~ =0
RotM

~ = (M1 , M2 , M3 ).
onde M

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