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2orr02019 Portal Seca (home) RELAGAO TERAPEUTICA NO CONTEXTO DA CLINICA: ENFOQUE ANALITICO- COMPORTAMENTAL DENIS ROBERTO ZAMIGNANI ROBERTO ALVES BANACO m INTRODUGAO ‘A terapia analitico-comportamental (TAC) consiste na aplicagéo dos principios e técnicas da andlise do comportamento ao campo da psicoterapia (0s procesosemvelvidos no desenvoMment a intrvenglo dic em im sida eetutados em petuisas de proceste desenvhites no Brasil desde a década do 1990, O present ago fem como objeto apesentar uma inrprelaglo dos procassosconperameias focoveras que ocorem no intr ca TAC, especialmente aquls envodos na manvtenao da rag terapéutea, por meio do Concel de eon ginetes enelagadas Para a descrigdo desses processos, sdo utiizadas as categorias do Sistema Mutidimensional de Categotizago de Comportamentas na Interagao Terapéutica (SIMCCIT), desenvolvido por Zamignani e Meyer. m OBJETIVOS ‘Ap6s aleitura deste artigo, 0 letor seré capaz de ‘= apresentar 0 conccito de contingéncias entretagadas como principio para o entencimento dos comportamentos sociais; ‘= esclarecer 0s processos envolvidos no comportamento social-verbal que o tomam tanto fonte quanto solugo de problemas de comportamente; ‘= apresentar os fundamentos para que uma relagéo seja considerada terapeutica; = descrever de que forma os comportamentos do cliente e do terapeuta devem estar entrelagados para que o resultado da relagéo seja torapéutco. m ESQUEMA CONCEITUAL 4 Terapia analitco-comportamental a hitps:wwn-portalsecae.com brartiga/6112 ane 2orror2019 Portal Seca O inicio da relagao ‘ operagdo motvadora Manutengéo da relago terapéutica descrta em contingéncias entrelacadas Ientiicagao das relagies funcionais Passo final a preparagdo para a autonomia do cliente + Exemplo clinica Conctussio m TERAPIA ANALITICO-COMPORTAMENTAL A intervengao clinica baseada nos prineipios do behaviorismo radical de Skinner recebeu varias denominagSes no Brasil" AS mais ‘comumenis encoriradas so a Andl'se Comportamental Clinica? a Terapia por Contingéncias de Reforcamento® e a TAC, sendo essa dita a mais utiizada pela comunidade que se dedica a intervengGes no context cinco. Independentemente das ciferengas que definem as intervengGes no contexto clinico, todas elas tomam por base a anlise experimental do comportamento como referencial Leérico, provedor de modelos inlerpretaivas para a condugéo dos casos dinicos. Os pressupostos principais @ que as colocam sob a mesma égide sao. 1 behavirismo radical e contextualismo como suas flosofias fundamentals; '=visdo monisia e materialsta da consituigao do ser humano, alinhando os problemas psicol6gioos a uma abordagem do comportamento como mais uma das caracterstcas biolgicas de interago dos organismas com o ambiente no qual esto inserides. Portanto, um recorte externalsta e contextualista de andlise dos fendmenos a serem investigados; ‘= determinagao dos comportamentos interprelada pelo modelo de selegdo pelas consequéncias, segundo o qual o individuo age sobre o ambiente, produzinda mudangas que, por sua vez, selecionardo suas probabllidades futuras de ago. Porlanto, comportamento é entendido como a determinagao reciproca entre agdes do organismo e mudangas ambientais, em relagdes de contingéncias operantes © respondentes. 0 comporlamento &, desse modo, compreendida como objeto de estudo em si, e ndo como um sintoma de causas subjacentes a ole, ‘Aos pressupostos apresentados, devem-se induir mais cinco caracteristicas = o.alvo da analise é repertrio do cliente como um todo, e ndo apenas a queixa apresentada;®"? =o. comportamento-queixa envolve, necessariamente, uma histta de selagdo de repertrio,e, portant, aquilo que & descro pelo cliante como fonte de sotimento, em alguma insténcia, produz benefcios para esse indviduo;" + a relagio terapéutica tem papel central na andlse, sendo de grande imporéncia 0 comportamento do cliente que ocore durante a sessdo,!? Essa caracteristica néo era observada nas primeiras propostas de intervengao clinica fundamentadas na andlise do comportamento — conhecidas pela denominagéo ‘modticagdo do comportamento', que enfatizavam quase que exclusivamente as ‘técnica utlizadas como agente de mudanca = 0 comportamento verbal avo direto da intervengdo, e no apenas fonte de informagéo sobre eventos externas ao processo terapéutico. Esse principio se basela em evidéncias de que aquilo que as pessoas falam sobre eventos do mundo, inclusive sobre elas proprias, pode consttuir parte da determinago do comportamento. Isso porque o comportamento verbal pode evidenciar ou minimizar aspectos do ambiente, drgindo respostas de observagéo a determinados eventos e, assim, tomando 0 indviduo mais ou menos susceptvelaeles;"*!5 = otermo “terapia referee a um provesso que, embora se utlize de técicas, ndo se restringe a uma ou outa forma de proceder, ou mesmo a um pacote ce técnicas destinadas para a solugéo de quelxas relacionadas a um diagnéstico especifico. A utilzagio das ‘écnicas é decorente de uma andlise embasada na histiria de vida do clente, no seu repertério comportamental ¢ no ambiente no qual ele opera. Nao se utliza, portato, o termo “erapia" para se refer atécricas especticas para mudancas pretendidas em microprocessos. ‘As caracleristicas ¢ os pressupostes apresenlades vieram a configurar a interpretacéo sabre o comportamento humana —e também sobre (08 seus problemas —, com base em concetos e processos ja descritos e definidos pela anaiise experimental do comportamento.'® Isso implica formular a andlise e elaborar um plano terapéutico considerando trés niveis de selego do comportamento: = ilogenético - referente & evolugdo das espécies e sua adaptagao ao ambiente, que envole respostas tipicas da espécie, com as devidas variagdes individuals na responder e na sensiblidade aos eslimulos antecedents e subsequentes; = ontogenético ~ fruto da histéria de aprendizagem do individuo, que repousa sobre as suas possiblidades fiogenétcas e as hitps:lwwn portalseca.com brartiga/6112 ano zevtorzot9 oral Seas «cultural resultado da evflR#Rbmana, apart do surgimento do comportamento verbal, que permiiy uma organizagao social mpar na natureza € que se refere @ interacao do individuo com padrées de comportamento dos grupos nos quais ele esta inserido."” Do panto de vista das analises clinics, posstvels no campo das psicoterapias, ha trabalhos a serem desenvolvidos em cada um dos niveis de seleoo. Nas é especialmente no nivel cultural de selegao do comportamento que de forma mais clara os problemas psicoldgicos sdo definidos como tale exigem solugdo por meio da psicolerapia. No nivel flogendtico, @ possivel encontrar diferentes graus de sensiblidade a estimulos nas mals diversas variagSes individuals da espécie humana. Mas é no convivio social que os comportamentos decorrentes da sensibiiade diminuida ou aumentada sero evidenciados. Por ‘exemplo, pessoas pouco ou muito sensiveis a contato fsico podem ser tratadas como autistas, esquizofénicas,frigidas, codependentes, ninfomaniacas, 6 Quanto ao nivel ontogenético, alguns individuos podem demorar mais tempo para aprenderem habilidades comumente exigidas para 0 convivio social, por uma combinagao tanto de sensbilidade excessiva ou diminuida aos estimulos que sa ullizados pelo grupo quanto pelo métoda de ensino de diseriminaga que colocaria, em tese, o indviduo sab o controle de estimulas. ‘Seja qual foro tno de défi, 6 a cultura que classifica o individuo como “atrasado’, “deficient, “incapaz’, apicando consequéncias sociais bastante aversivas, tals como rejelté-o para paticipar em tarefas ou diverientos,isol-o, fazer uso de chacota etc. Portanto, € esse contexto, 0 social, que a andlise se mostra extremamente importante para o entendimento de como uma relagéo social, ou um conjunto de relagdes sociais, pode tanto criar um problema de comportamento quanto pode contribuir para a redugao do sofrimento Psicolégico. Esse timo caso ocorre em uma relagdo especial a relagdo terapéutica. m COMPORTAMENTO SOCIOVERBAL E CONTINGENCIAS ENTRELACADAS Uma das interpretagGes fundamentais sobre o desenvolvimento da raga humana e de como o ser humano se distancia dos outros animais é a de que o cérebro humano evoluiu de maneira especial para dar conta de relagdes sociais, especialmente mediadas pelo ‘comportamento verbal.'® Mudangas nas estruturas dos membros da nossa espécie permitiram o desenvaWimento de repertris individuals, gradativamente mais independentes de oadrées fixos, concedendo a mais profusa diversidade de comportamentos jamais experimentada por outra eespécie vivente. O mais proeminente foi o comportamento verbal, que permitiu 0 aparecimento de uma cultura humana,"® (0 comportamento verbal permitiu que © comportamento operante dos indlviduos tivesse um alcance potenciaizado pela agio de ‘outros individuos que estverem sob o controle dessetpo de compotamento® Para que isso aconteca de ma forma que coordene a vida social de um grupo, as culturaseraram agEncias controladores das comportamentos dos inividuos Para isso, por vezes, essas agéncias s@ utlizam do controle aversivo — uma das principals fontes dos problemas de compartamento.21 A rolagbes socias permeadas por controle aversvo tém sido interpretadas como fonte de problemas, tals como ansiedade © depressao, assim como de boa parte das queixas apresentadas pelos clientes em consuttros de psicoterapia ?"* ‘Outra parte representativa das queixas sofridas em razdo delou da origem a varios comportamentos de fuga e esquiva de elementos do mundo nao humano, tis como as fobias, os transtornos obsessivo-compulsvos, o transtomo de pico, etc. Uma parte da patologia dos ‘comportamentos também é orginada nas tentatvas de contracontrole, em geral,identficadas em comportamentos agressivos e de fuga do convivio social, ais como aqueles diagnosticados como transtornos de personalidade antissocial efobia socal?" Contacontole é um temo que se refere, em geral, a uma classe de respostas que ocorTe no controle do reforgamento negatvo (fuga ou esquiva) tem como fungao eliminar ou minimizaro controle aversivo exerido por um agente controlador 221 Todas as manfestabes consideradaspatolgicas pela iteraturapsiquiria epsicligica tim envol¥idas em sua oigem ou manutengao as ralagées socials. Desse modo, pade-se entender 2 patologia,seja ela qual for, em pare, consiruida nas relagbes sociais nas quals os indviduoseslao se desenvaivendo, como um processo continuo de interegao com as pessoas que compdem os diferentes grupos nos qua, las esto insridas, ‘Skinner® props que a psicoterapia fosse interpretada como uma agéncia social, responsavel por desfazer os efeitos decorrentes do controle aversvo imposto por outras agénclas de controle social, que operam sabre os comportamentos dos indviduos. Exercendo essa fungéo, toda uma cultura da psicateraia se desenvoeu, ocupando-se do sofrimento psicoligico humano, aparentemente com excelentes resultados. PR 0 22 8% responder &: Que processos de interagdo ocartem em uma relao social humana que possam clssicéla como hitps:lwwn portalsecac.com brartigal6112 ane 2orror2019 Portal Secad come wrepeuuas (home) ACAS TERAPEUTICA 0s resuliados da psivoterapa, embora evidentes no senso comum, foram contundentemente questionados por Eysenck2” Desde entéo, a ‘elagao torapéutca tom sido escrutnizada para se tentar responder o que ha — ou no — de especial nesse tipo de relagdo que dé a ela a capacidade de interferr em um processo de vida de forma a alviar osofrimento psiolégico humano, Evientemente, néo se esta questonando no presente texto o valor e a eftivdade de técnicas psicoligicas especticas que tém tdo sua validagéo comprovada em diversos e infindos trabalhos técnicos. A questéo de interesse & a inferagdo terapéutica como uma ccontingéncia especial, criada para que os individuos se submetam a um trabalho técnico que, por vezes, pode envolveralgum grau de aversividade,e, mesma que ndo ofaga, pode demandar um grande custo de resposta de mudanca de repetirio,o que pode ser aversivo em si Para comecar a desenrolar a relagdo apresentada, a proposta aqui & encarar a inleragdoterapéutica como uma prétca cultural em que duas contingéncias individuals se entrelacam e t8m como resultado um produto agregado que nao havera caso elas nao se entelacassem dessa rmane'ra.””**28 Dessa forma, dos individuos (pelo menos) entram em uma relagdo social especial ® na qual o comportamento de um pode ser analisado como resposta ao compertamento do outro ‘Ao mesmo tempo, as mesmas respostas podem ser vistas como contexo social — estmulos antecedents e subsequentes — para que as respostas do outro sejam analisadas. Dessa manera, a relagSo terapéutica pode ser interpretada ao longo de divarsos episédios socais de rmaneira entrelacada (Figura ‘). Entretagamento: “Toca reciproca *Episbdio social Estimulo Resposta Estimulo Figura - Una iusraio do um ens sca Nol se representa cuascorangécis vidas erragads. Obsera se ‘om cad ine uma saqunca de ests (Se resposas para cade um dos inves (eB ropresarandoo fo congetamerta nna A caracontes que onblag as contngénas 6 que o que sere camo extn (5) ars. 0 individu A 60 everts que a respst A} para ovo Be vie-arsa Assn, d-so que em ura contngénaa ‘entolagada,ocompotamento de um indus o coro do campmor docu advo ‘Assi, a nterpetagao proposta é de que possam ser identiicados no proceso terapéutico varios microprocessos que podem ser extaidos do problema que estiver em andlse. Para o objetivo proposto, serdo observadas as insténcias em que o microprocesso ‘Manutengéo da relagao terapéutica’ poderia ser identficado por meio das contingéncias entrelacadas de clente terapeuta, Existem diferentes modelos de andlse do enirelagamento de contingéncias * Desses, o que permite melhor visualizagéo dos processos envolvides na manutengao da relagao terapéutica & o modelo de troca reciproca, segundo 0 qual a resposta de um ingividuo & consequéncia para as respostas anteriores do outro, e a0 mesmo tempo, o antecedente para a préxima resposta, produzindo uma conseauéncia propria dessa interagdo. (© modelo de troca reciproca é representado na Figura 2. hitps:wwn-portalsecaé.com brartigal6112 ang 2arrorzot9 otal Secad (home) Figura 2~ Coningbcisenteoyads tipo "wos reine” Na verte et repesertad xo de venos pare cada Ing hog wiopante da condegdcia entelgada. Em cada lint, un inc event st representa por dl lings da ‘peri 2a, mas em fangs dstinas para aansise do comport de cad um dos iavids.Oretérgul zu 8 ets, ‘essa um prod aregad que tere Stra os conporaments de cada um dos patipate do pista, nce ‘abr o enelgamento ene ees. No entanto, sxe prodio agregado pode se produto porueoentelzamento se dou Fane: Sango Aa (210) ‘partir do modelo de troca reciproca, a interpretagdo aponta que, para se entender a relagdo terapéutca, se deveria ‘= encontrar as respostas de cada um dos partcipantes da contingéncia comportamental entrelagada @ as suas possiveis consequéncias que estariam dispostas polas respostas do outra parliipante; ‘= descrever 0s possiveis produtos agregados que manteriam as contingéncias entrelagadas no nivel cultural de andlse, Zamignani® desenvolveu um sistema de classificagio de respostas de clientes e terape aperteigaado em Zamignani e Meyer." ‘odem ocorrr entre cientee terapeuta. ue ocorrem em sessbes de psicoterapia, 0 um excelente ponto de partida para se observar os microprocessos que LEMBRAR Com o objetivo de identiicar alguns dos entrelagamentos possive's em um processo de “manuten¢do da rela uta’, sero destacadas especialmente algumas categorias de comportamentos do cliente e do terapouta, descrtas no SIMCCIT, Vale lembrar, entretanto, que 0 processo terapéutico como um todo vai além das categorias aqui Iistadas, como é 0 caso das classes que estariam conlidas nos microprocessos que constituem as intervenges terapeutcas, que sero apenas tangenciadas neste algo, BB vwoaves 1. A intervened clinica, baseada nos princlpios do behaviorismo radical de Skinner, recebeu varias denominagées no Brasil. A(s) mais utiizada(s) pela comunidade que se dedica a intervengSes no contexte clnico &/séo: | — Terapia por contingéncias de reforgament. Tac. Ill — Andlise camportamental clinica (Qual (ais) esta(ao) correta(s)? AA) Apenas al B) Apenas al eal ) Apenas a Il D)ALallealll Contra aqui a resposta 2. Uma das caractristcas principals que define af AA) processo que procura se centrar na queixa especiica @ s6 aplica a técnica necesséria, no dando imporlancia a relagdo terapéutica 8) nao faz mengao (¢ tenta evita) a relatos sobre eventos privados por consideré-ios mentalstas e uma perda de tempo. se prope como um processo de intervengao social por meio de uma relagéo denominada “terapéutca’, no qual diversas ‘écnicas podem ser utiizadas, dependendo da demanda do caso D) 6 toda e qualquer técnica que tenha o termo “terapia” em sua denominagao. Conta aua spa 4. Sobre a TAC, marque V (verdadero) ou F (also). (.) Oalvo da andlse é o epertério do cliente como um todo. (.)0 comportamento verbal é uma fonte de informagao, ()0 comportamento-queixa envolve, necessariamente, uma historia de selegdo de repert6ro. ‘Assinale a alternativa que apresenta a sequéncia correta, A)V—F-V 8)V—v—F ciF—F-V hitps:lwwn portalsecad.com brartiga/6112 519 2orr02019 Portal Seca Dj)F—v—F (home) contra ares como Ho 3 4. Aques bse os distirblos ne comportamenta humano é vista pel |A) uma falha no desenvolvimento genético da raga humana, 8) o resultado de um conflo existente entre niveis de selego de comportamenta que reforgam e punem uma ou varias classes de respostas, C} um comportamento que se toma rebelde e que atrapatha o convivio social dos seres humanos. Dj um problema facimente resolvido quando o terapeuta demonstra a suspensto da punigdo, aceitando toda e qualquer fala do cliente, Contra aqui a rosposta 5, Todas as manifestagdes consideradas patolégicas pela literatura psiquiarica e psicoligica 18m envolvidas em sua origem ou manutengéo A) a fuga do convivio social 8) 0 comportamento verbal, C) as relagdes sociais, jo comportamento de fuga. Conta sui esposta m O INICIO DA RELAGAO: OPERAGAO MOTIVADORA Clientes vém para terapia por estarem atravessando alguma situagao aversiva (uma condigdo de softimento, um problema a ser resolvido © uma situagdo de crse etc). Seus comportamentos, ao mesmo tempo em que estéo envolvides em alguma contingéncia aversiva, que da ‘origem & queixa, permanecem ocorrendo porque estéo produzindo beneficios (proporcionam uma mudanga ambiental — social ou néo — reforgadora postva elou negativa). A queixa apresentada & decorrente da situagdo de confi dal resutante: os clentes emitem as respostas porque elas produzem reforgadares, mas essas mesmas respostas sto alvo de punicdo, ‘Skinner descrevia que a psicoterapia 6 uma agéncia de controle do comportamento individual responsdvel por aliviar e remover os feits do controle aversivo sobre os comportamentas ds clientes, que promover, por sua vez, comportamentos de fuga ¢ esquiva quo impedem também a produgdo dos reforgadores positives.” ‘A aversividade exercida por outras pessoas e a adaptagéo do comportamento ao ambiente fisico e social por meio de fuga e esquiva, {ue impedem a obtencao de reforgadores, é que seriam as operagées que motivam o ciente a procurar pelo processo terapéutico. No ‘momento em que o cliente se disp6e a se submeter a um processo terapéutico, pode-se depreender que o sofrimento experimentado é maior do que os beneticios que ele obtém por se comportar de certa forma, © proceso terapéutico promete e sinaliza a possibilidade de mudanga. Submeter-se, entdo, a esse provesso implica um esforgo (a isponiblidade de tempo para o trabalho, a disposicao para 0 esforgo em directo a mudanga e a disposigSo de despender uma remuneracdo) que pode levar a diferentes consequéncias, algumas aversivas,tais como o conhecimento de aspecios indesejaveis de seu “funcionamento’, o custo financeiro, o custo da resposta do deslocamento e 0 tempo despendido. Mas a essas consequéncias razoavelmente aversivas se soma a possibilidade de solugao do problema e a sinalizagao de um alii, Ba 2 sree ester o cient, tom sae conequteie tbs sizes frm como tet i nts a tua de urka & remunerado por esse trabalho. Além disso, caso tenha sucesso na candugéo do proceso, tem ainda como reforgadores a salisiagdo e o reconhecimento sociale profissional m MANUTENGAO DA RELAGAO TERAPEUTICA DESCRITA EM CONTINGENCIAS ENTRELAGADAS CConforme ja apontado, o cliente busca 0 processo terapéutico com uma queixa resutante de um confito entre contingéncias que vive © ‘experiencia. Nelas, respostas que podem estar sendo reforcadas em um nivel (geralmente o filo © o ontogenético) estéo submetidas & punigdo no nivel cultural Por exemple, 0 comportamento de furar de um cliente adicto & nicotina pode estar sendo reforgado negativamente pela remogao de hitps lawn portalsecae.com brartigal6112 ang 2oniorors Portal Secad Sioa avesvs de retain goae ato no nivel gent (osproestos de dependncaquiica sd cos gas expéis © explicados por reflexos inconSiconados e condicionados — ver Banaco*?) quanto no ontogenico, consttuindo-se em uma resposta de fuga fos +intgmas de abstinéncie aprendida, he counts, a meame uid aessa pes: pormitdos apenas. sspesta apresentada estard sendo punida em nivel cultural por citicas e retirada de convivio social por alguém que 1 2808 © reprimendas do médico responsavel e por normas requlatérias do comporlamento de fumar em locais, Por essa caracteristica geral dos comportamentos que se constiuirgo em queixa clinica, 0s clientes chegam para a relagéo social com cextensa histiria de punigao social, o que dificulta a explanagéo de todas as variaveis importantes para a analise. Uma parte ja foi punida por pessoas, e boa parte & desconhecida pelo cliente e seré revelada pela andlise no processo terapéutico, se esse obtver sucesso. Para a compreensdo do que sera exposto a sequi, sero apresentadas as defnigdes das classes de comportamentos no Quadro 1. Elas podem ser encontradas no SiMCCIT,*" onde estdo muito mais extensas e precisamente descrtas. Os exemplos fomnecidos neste artigo consttuem apenas registos pictéricos de instancias em que “aquela” resposta descrita esteve presente na relagdo de contingéncia com “aquela’fungéo que a categoria descreve, Quadro 4 Rolato Contempla verbalzagbes nas quis oclnts descreve ou informa ao terapeuia a ocaréncia de eventos, ov aspectos relatives a evenos,respostas emocionals, suas ou de tercaros, seus estados motvaconas eou tendncas a ages, ‘sem estabelecerrelagdes causais ou funconas entre eles, Faciltagio \erbalzagées curtas ou exoressdesparaingustica que ocorem durante fala do cent. Geralmente, essas, vatbaizagbesincicam atensao 20 lato do clntee sugerem a sua contnuidade Cconcordin Gostos ou expresses facials do torapeuta relacionados & concordncia, aprovagdo, a comproensdo com ela fala terapeuta do interlocutor e que ocorrerem iidamente como slgnos dainlerago terapeuta-cente Empatia \erbalzagdes do terapeuta que sugerem acolhimento,aeitagao, cidado, entendimento, vaidagao da experéncia ou -sentimento do clans, Essa classe de verbaizaies tem sido associada goralmante@ criagéo de um ambient trapéutco _arisoso, seguro ndo punitvo, para que oclente se sila vontade para vetbalizar eventos que, em outos contexts, poderiam ser alos de punigo. ‘Aprovagdo contempla Verbalzagdes do terapeuta que sugerem avalagdo ou ugamentofavordvel a respeto de agtes, de pensamentos, de caractersicas ou de avaiagies do clente.VerblizagSes de aprovagaodirgom-se aapSes ou ‘atacersticas especiicas do cletee pressupdem 0 terapeuta como alguém que pode selecona fortaleceraspectos {sou comportamenta que sariam mais au menos aproprias. Iso dfere da catogoria EMPATIA. Methora \Verbalzagées nas qualso clans relata mudangassatsfatrias com relagao& sua queixa clinica, a problemas médias, a ‘comportamentos relacionados 8 sua queixa ou a comportamentos considerados, pelo lente ou pelo terapeuta, como indesejaveis ou inadequados (independentemente da concardénca de ambos quarto & melhor). Solicitagdo de relato | VerbalzagSes do terapeutanas quals ele slcta ao clante descrigdes a respeto de ages, de eventos, de sentimentos ou Os relatos das observagies ¢ 0s registos serdo tomados como os CRB2 que so pré-correntes para a emisséo de novos comportamentos mais adaptados ao meio social do cliente. ® ‘As perguntas que s4o fornecidas pelo terapeuta, de certo modo, sugerem um modelo de anélise, uma vez que apontam para onde se deve diigir a resposta de observaro do cliente. Desse modo, desde as primeiras solicitagSes de relato do terapeuta,j8 tem inicio a madelagao do ‘comportamento de estabelecerrelagtes (funcionais) no repertiro do cliente, 0 terapeuta necessita, ainda, nas sessdes inicials, conhecer as relagdes que o cliente estabelece, além de valores, conceitos © preconceitos que ele tiiza previamente ao proceso terapéutico para explicar ou compreender seus comportamentos e os comportamentos de autras pessoas. Para isso, o terapeuta solicita reflexdo, especialmente das subcalagorias solicitagdo de andlise ¢ solicitagdo de avaliagéo, Diferentemente de solicitagao de relato, na qual 0 terapeuta pede que o cliente apenas relate a ocorréncia de eventos, sentimentos ou pengarenos, nesse cas, 0 eapea sic ue o cere anaic ou elabelea relates ef os everios em acusdo. Em sesses do FERC, essa dass de vebalzagion oowre german quand o arpeia bse falco etabelocmeto de roagieafundonls@ & formagao de autorregras. Em osposta solctago do rapt, om gral o lente estabelecerelagdes o quo complementa a ifomagéesobtias ia relat para a ne das conngdciag, nececdria arto plangjamera eo deinearefo davon, Lm aspect fundamental que deve se cufado na insalaho ds rlrdes esposias& a conespondéncia nt 0dr eo tz Supte-se ‘que um relato mais fidedigno com os eventos relatados promova andlises mais apuradas. Sabe-se que o terapeuta nao tem acesso a grande. Date do que ocoe no ambient ete 8 sesso, mas epldos que oconem na propa sesso podem ser boas oporuidades para & Fodeloger do rls comespenderies ~ esses an Gbsrvados pels teapeua © terapeuntanbém tem acsso na seston una pers dos eveice cola a respetas eran de clea» pode, nese conte, hs trpralseca.com aria 12 te 2orror2019 Portal Secad rmodelarresposias verbais dermal de eventos privados que sejam compativeis com os eventos observados, Os reforgadores disponiveis na condigdo de sessdo terapéutica para o reforcamento da correspondéncia entre o dizer ¢ 0 fazer so eventuas elogios do terapeuta (+ tea verhais de aprrv 0) e a experiéncia por parte do cliente da melhor condigdo para a elaboragdo de andlse e a solugdo de seus ects. 1a5, > opercicua i pla correspondéncia. ‘A observagdo do proprio compartamento (que & solitada pelo terapeuta) ja € capaz de forecer ao dente um maior autoconhecimento, por ‘esvendar importantes varive's de contole que operam sobre suas agdes. O autoconhecimento, por sua vez, facia e propcia operar de ‘odo mais efetvo sobre o ambiente —o que também & chamado autocantrole. A Figura 3 mostra a manutengéo da relacdo terapéutca nas primeiras sessGes: enelagamento de comportamentos e classes de respostas do cliente e do terapeuta descrtas pelo SIMCCI A Mow hassce Aovimorarenton two pnitva repertro de SOLICITAGAD auloobservagao DE RELATO ‘Arima cor SOLICITAGAD respondéncia DE REFLEXAO (para efeitos ‘de aveliagio) Figura 3 = manutongio da elo trapbutica nas piri sossins enragamerto de comportamentos 0 casses de cio cnt odo terapeuta desass pl sistema musinesiona de categrzao de campataments nanan feepéutcs | lnicament releants (dings cneal evant © awovoes 6. Aclasse de comportamento relato contempla OA) verbalizagées nas quals o cliente descreve ou informa ao terapeula a ocorréncia de eventos, ou aspectos relativos a eventos, a fespostas emocionais suas ou de terceros, a sous estados motvacionais e/ou tendéncias a agées, estabelecendo relagdes ‘causais ou funcionais entre eles. 8) verbalizagées nas quals o cliente descreve ou informa ao terapeuta a ocorréncia de eventos ou aspectos relatvos a eventos, ‘espostas emocionais unicamente suas, seus estados motivacionais elou tendéncias a agdes, estabelecendo relagdes causais, ‘ou funcionais entre eles. ©} verbalizagies nas quais o cliente descreve ou informa ao terapeuta a ccorréncia de eventos, ou aspectos relatives a eventos, respostas emocionais unicamente suas, seus estados motivacionais e/ou tendéncias a agdes, sem estabelecer relagdes ‘causais ou funcionais entre eles. » D} verbalizagies nas quais o clente descreve ou informa ao terapeula a ecorréncia de eventos, ou aspectos relatives a eventos, hitps:wwn portalseca.com brartigal6112 sng 2orr02019 Portal Seca respostas emoffvasivejvas ou de terceiros, estados motvacionaiselou tendéncias a agdes, sem estabelecerrelagbes causais, ‘ou funciona entre els. cm 7. A classe de compcrtamento concordéncia do terapeuta pressupoe A) verbalizagées curtas 8) expressoes paralnguisticas. CC gestos ou expressdes faciais, D) expressées facia. Contra aqui rosposta 8, Empatia ¢ uma das classes essenciais a serem emitidas pelo terapeuta, especialmente no inicio da relagSo terapéutica, pois para que o terapeuta possa receber e formular suas hipdteses funcionais o lente deve fazer um relat, o mais preciso possivel sobre as contingéncias em que esta insetda, incluidas ai instincias do comportamento socialmente punido. O terapeula precisa consitui-se em uma audiéncia ndo puniva para que esses relatos sejam passives, ll — ele deve ser treinado a acetar todos os relalos incondicionalmente, para que o terapeuta behaviorista ndo seja visto como alguém que tolhe a lberdade individual de seu cite, Ill — esta @ a estratégia de interven¢ao que vai fazer o cliente senti-se melhor porque agora sabe que ndo tem culpa nem responsablidade pelo que o faz sentir-se mal Qual(ais)esta(G0) corretals)? A) Apenas a B) Apenas alle al } Apenas all DjALallealll 8. Com relagéo & empatiae & aprovagéo, & correto afimar que AA) no hé nenhuma diferenga substancal. Denomina-se empatia a aprovagéo lberada no inicio do provesso, e aprovagao & 0 nome que se dé a empata,utizada no meio do processo terapéutico BB) empatia refere-se a uma aceitagdo incondicional e genérica do relato e do comportamento no verbal do cliente cdemonstrando que o terepevla encara os fenémenos ali apresentados como processos nalurais; aprovagao lem o carer de selecionarrespostas que podem ser solugdo para o problema apresentado, CC empatia & demonstraraceitagdo sortindo e balangando a cabeca afimativamente, demonstrar tristeza quando o cliente chora, « aprovacéo & elogar genericamente todas as ages que o cliente diz que vai fazer, incentvando-. ) empatia e aprovagao sao faces da mesma moeda: enquanto demonstrar empaia, 0 terapeutaestaré aprovando tudo o que 0 cliente dz; aprovagao & s6 uma forma de demonstrar empatia, tendo como consequénciao cliente se aceitar como é e parar de sofrer. ai a rsposta 410, Salctagdo de reflexdo por parte do teraneuta A) deve ser utlzada a todo e qualquer momento, porter como efeto a valorizagdo da consciéncia do cent, auxtando-o a fencantrar 0 préprio caminha com seus préprios pés. A reflexdo do cliente sempre é soberana e € 0 que diige seu comportament, ao final das conta, 8) deve ser uilzada com a funedo de avaliagdo, na inicio do processo, para que o terapeuta entre em contto com sistemas de valores, avaiagese julgamentos com os quaso cliente se tem relaconado sociamente até enti, e durante o processo, com 2 fungdo de modelar uma avaiagéo funcional dos aspectos de sua vida para que possa fazer novos e melhores julgamentos eslabelocer metas mais raise efcazes. ©) ndo deve ser ulizada porque € uma constugo verbal apenas ¢ esconde as variévels de contol importantes que expicam 0 comportamentoproblematico, Hé um tanto de esquiva em respostas de reflexao. D) 36 deve ser aplicada sobre continggncias da relagdo lerapéutca porque a Gnica que o terapeuta consegue observa. Fidedignidade © confablidade séo elementos essercais para uma andlise, e s6 um analista do comportamento tarmbado seria capaz de crié‘as em um relato sobre elementos do mundo, ue possa acompanhar por observacdo dea, hitps:wwn-portalsecae.com brartigaN6112 1019 2arrorzot9 Pot Secad (home) T ‘PENTIFICACAO DAS RELACOES FUNCIONAIS Com pase nas inormactes disponiveis, obtidas por meio do relato do ciente, das relagées por ele estabelecidas (cliente estabelece relagbes) ¢ nos dados obtides via observagao do comportamento do cliente em sesso, o terapeuta agora esté pronto para apresentar suas primeiras andlises das contingéncias envolvidas no comportamento do cliente. A apresentacdo sé d& por meio da classe de respostas interpretagio — consituida por verbalizagées nas quais ele descreve relagdes explicatvas ou causais a respeito do compertamento do cliente ou de terceios (Quadro 2), Quadro2 Interpretagdo(terapeuta) | Verbalzagées nas qualsoterapeuta descreve, supbe ou infererelagSes causal eou explicatvas (unconals, corelacionas, ou de cortiguidade) a respaito do compartamento do cts ou de tercairos, ou dentfca padres de interagao do cliente elou de terceiros. Esse itr diferencia a categoria de Informagao, que, por Sua vez, contém ‘explcagies a respeli de outros eventos que ndo o comporlamento do dente eou de teceiros, Concordéncia cliente) | VerbalzagSes nas quaso cnte expressa dscordéncia, julgamento cu avalaclo destavordveis arespiio de afimacées, do sugostivs, de anases ou de outros comportamentos omitdos palo trapeuta Metas (cliente) Contempla verbalzages do cents nas quals ele descrave seus projeos, panos au esalégas para a saludo da problemas trazidos como quebas para a teria, Na ieratura clinica analtico-comportamental,a andlise de contingéncias ou andlise funcional apresentada pelo terapeuta envalve, em parte, a referda classe de verbaizagdes, Por vezes, id na primeira sesso, o terapeuta pode apresentaralguma interpretagdo que siva de modelo de andlise para dirgir as respostas de observacéo do cliente. A interpretagao pode se dar pelas sequites subcategorias descrgdo de reqularidades ou padrées recorrentes apresentagdo de diagndstico relatvo a um padréo de interagao: conclusdo relatva a algum teste, escala ou instrumento de avaliagéo psicol6gica; sinleses, conclusées ou reorganizagao da fala do cliente; metéforas ou analogias expiicatvas; suposigGes sobre a ocorréncia de relagGes ou eventos até entéo ndo relatados pelo cliente (nao diz respelto a sentimentas e emogSes do cliente: esse criti diferencia essa subcategoria de interpretagdo da categoria empati). previsoes; confronlagBes — terapeuta aponta discrepancias ou contradigdes no discurso do cliente; normalzagdes — terapeuta sugere que algo que o cliente ou terceirs sentem ou fazem é normal ou esperado; descrgéo de processo ~ terapeuta descreve ao cliente sua andlise a respeilo de um processo que vem ocorrendo ou de transformagdes que ele percebe ao longo desse processo. ‘Todas as interpretagdes apresentadas tém por base a ciéncia abracada pelo terapeuta como a sistema explcatvo do qual ele se utliza para formular suas hipéteses e intervengdes. Apresentadas essas andises, ¢ a concordancia, oposigao elou a apresentagéo de dados ccomplementares pelo cliente que confirmardo ou refutardo a hipétese apresentada pelo terapeuta, Vale ressallar que o fato deo cliente concordar ou se opor no necessarlamente representa precisdo da andlise, uma vez que o cliente pode apresentar comportamento dependente ou opositer, ¢ 6 a observagdo da consisténcia dessas respostas no decorter das sessdes que permit a verticagao da hipotese, [As hipdteses elaboradas pelo terapeula e testadas com o cliente iro orientar e organizar a selegdo das estratégias de inlervengéo a serem propostas pelo terapeuta, Se a hipétese formulada é coerente com 0 que o cliente vem, de fato, experimentando, ela pode romover mudangas terapéuticas,orientando e organizando o comportamento de autogerenciamento e evocando metas de mudancas. Caso a hipétese ndo se mostre plausivel, o lerapeula deve favorecer, par meio de perguntas, que o cliente oferega informacées relevantes para reformulagao da hipStese original © que se espera como resultado da intervencio & que as interpretagdes do terapeuta comecem a servr como modelo para estabelecer relagdes com o cliente, consttuindo-se em CRB3 (uma interpretagdo verbal por meio de anélise de contingéncias) ¢ em CRBZ (um ccomportamento — verbal — que deve ser modelado e instalado no repertéro do cliente para que seja parle da solugdo de seu problema) Com a introdugéo de interpretagao, o resultado esperado é a produgdio de mais autoconhecimento e, por sua vez, maior controle sobre o ambiente por meio de sua prépria agdo. Dessa maneira,o cliente dspde de melhores meios de previsdo e faz melhores escolhas antes de ‘gir (compara com antecedéncia). Gradativamente, o cliente passa agora a declarar, em sesséo, relatos que podem ser classfcados como estabelecer metas e, por vezes, melhora A grande dferenca ocorrida & que metas no so as quelras ou os objetivos terapéutcns a serem alcangados. Metas referem-se a slanejamento de estratégia de mudanga de agdo, por conta prépria, bem como propostas de agdes futuras para a solugéo de problemas especifices. Dessa maneira, metas podem ser classficadas como uma nova categoria de respostas que ocorrena sesso terapéutica: agora o lente & capaz de estabelecer verbalmente as relagées funcionals entre suas agdes e as mudancas ambientais (CRE3"), As declaragoes identificadas como methora referem-se a hitps:wwn-portalsecae.com brartigaN6112 wmne 2orr02019 Portal Secad + ganhos terapéutcos em B@ETRbortantes ou positvas ou diminuigao de problemas com relagéo a queixas médias ou a suas queixas lorapéutcas, +o angae parities 16 comportamenta de terceiros que tem relagdo com a queixa; 25098 r6 anon ols -4 medidas que o cliente tomou por conta prépra para mudar certos comportamentos ou situagdes; 1 latos de descoberta, consciéncia, aceitagdo ou compreensdo de eventos dos quais ele até entao ndo havia se dado conta, ‘A Figura 4 mostra @ manutengdo da relagdo terapéutica nas sessoes intermed comportamentos e clases de respostas do cliente edo terapeuta descitas pelo SIMCCIT. de um processo terapéutca: entrelagamento de Terapeuta 1m Pianejamento e desenvohimento da intervencao = Tetapeuta tem agora “astro” para aplicagao de Técnicas Figura 4 & nentngio da roo traps nas sssées items de un proceso {erp enagamont de comporamontos elses resets cone do eapeta Beep see mt ert mpeg ee SMccr. AA relagdo terapéutica seguiré mantda, pois, agora, além do terapeuta continuar a oferecer um ambiente que é isento de punigo, o lente segue oferecando informagbes (algumas delas passiveis de punigéo social), © 0 terapeuta, por sua vez, pode elaborar © oferacer boas, hipéteses funcionais ‘Arelagdo propicia malor ¢ melhor autoconhecimento,o cliente relata metas e melhora ¢, dessa forma, a relagéo terapéutica agora tem um “asto” grande de reforgamento posttvo para que a apicagdo de técnicas, que, por vezes, s2o aversivas (por exemplo, confrontagéo), posse ser ulizada sem afetar a alanga terapéutica jé fortalecida (ver Figura 4) m PASSO FINAL: A PREPARACAO PARA A AUTONOMIA DO CLIENTE Tendo como modelo as interpretagdes do terapeuta e as solictagSes de relat diigidas a aspectos especificas da interagdo, o elionte & ‘capaz de emitir um relato funcional de seu préprio comportamento. © terapeuta parte, enti, desse novo reperéro ¢ precisa evocar respostas de analise (cliente estabelece relagGes) e de estabelecimento de metas por parte do cliente AA classe estabelecer relagées & caracterizada por verbalzagbes nas quais o cliente estabelece relagies causals efou explcativas {(uncionais, correlacionais ou de contguidade) entre eventos, descrevendoras de forma expliita ou sugerindovas por meio de metaforas ou Iitpszw-portalsecad.com briartigo(6112 vane 2orror2019 Portal Seca Aanalogias, Para isso, oterape{Hortee) ensinar ao seu dite a ‘ics, julgar.erticar - a avaliagdo & um comportamento que exige um exame critico do que esté sendo discutido* que pode levar em > side ca sues ara Zeristicas positvas e negativas, quaidades, defeitos ou limitagdes. A avaliagdo ou julgamento do cliente no pode ocorTer sem que haja alguma base para comparagdo, ¢ essa base se dé a partir dos modelos e valores do cliente (esse é um aspecto importante, uma vez que 0 alvo final do processo é 0 alcance de metas que sejam correspondentas a esses modelos @ valores)" Avaliar, entdo, pressupde comparar, = comparar ~ a partir do que & observado pelo cliente, dretamente ou pela imaginagéo, a comparagéo se dé pela identiicagdo de diferengas ¢ semelhangas, relagdes mutuas, pontos de acordo ou aiscordéncia entre eventos ou argumentos, pela observagdo do que esl presente em um episédio ¢ ausente em outro A partir de solcitagdo de relato ou solctagdo de reflexdo, o terapeuta modela as resposias de comparacao, aprimorando o autoconhecimento e ampliando as possibildades de tomada de deco; += classificar — uma vez que o clente possa estabelecer avaiagdes e comparagGes entre eventos e argument, ele passa a agrupar os eventos de acordo com principios e crtérios a ele relevantes,identificando caractersticas (propriedades) comuns entre esses eventos @ 0 reunir a pati delas.® A classificacdo auxiia no planejamento das metas do lente, uma vez que permite @ construgdo de hierarquias em fungdo de seus ciléios de priridade e importancia; = interpretar- a itorpretagao ¢ 0 processo de atrbuir sentido &s experiéncias, que se dé por meio do estabelecimento de rolagbes causais lou explcativas, inferéncias, previsies, generaizagbes, analogias, metéforas e “palpites’* A interpretagdo do clente pode se dar com base em argumentos e dados consistentes ou inconsistent, e & atrbuigdo do terapeuta prover, por meio de solicitagées de relato © solicitagdes de reflexdo, as condigdes para 0 aprimoramento das anaiises do cliente e, consequentemente, @ maior efetvidade de sua aluagdo no ambiente; = faze cias — consiste em extra conclusées ou suposigses a partir de evidéncias prévas.® Inicialmente, as suposigdes ou conclusdes apresentadas pelo clente nas sessbes podem ser baseadas em uma faia esteta de evidéncias. Cabe ao terapeuta apresentar pergurtas de modo a ampliar o controle de estimulos, evacando novas respostas de observagéo e, consequentemente, aprimorar ossas inferéncias,possibiitando agdes mais efetvas sobre o ambiente += fazer previsées - a partir de observagdes realizadas e de padres de comportamento identifcados (do cliente ¢ de terceirs),o terapeuta pode solar ao cliente que analse probabldades de ocorréncia de eventos, de acordo com determinadas situagdes propostas, Fazer previsdes contribui para a tomada de perspectva perante sitagdes de mudanga, para promover observagao de relagdes entre agdes € consequéncias e, por itimo, para o planejamento de metas, evocando propostas de ago. Quando o cliente esté capacitado para fazer sozinho o tipo de andlse apresentado, depois de todos os repertérios instalados, gradativament, ele agora apresenta como respostas as classes de estabelecerrelagdes, cada vez mais funcionais, inter-relacionando os {ts ou mais termos da contingncia de reforgamento & qual seus comportamentos respondem. Tal comportamento € pré-requisito para a claboragéo de metas que 0 auxliam a atuar om giregao a seus valores. Se as andlises © as metas estabelecidas pelo cliente forem efetivas, & esperado que o cliente apresente, aos poucos, relatos de melhora, Pode ocorrer ainda que, a medida que o cliente apresenta ganhos em alguns aspectos de seu colidiano, agora com um Tepertério de observagao mais apurado, outras questées, que até onto ndo o incomodavam, ficam evidenciadas, dando origem @ um Novo ciclo de relatos, estabelecimentos de relagdes e metas, com as devidas intervengdes do terapeuta. Caso no haja mais (questies serem manejadas no processo, a relagdo estaré se encaminhando para seu encerramento: o cliente agora apresenta autonomia para gerenciar seus problemas comporiamentais, AA solicitagao de reflexo, porianto, ¢ uma das classes de comportamento do terapeuta mais importante no desenvolvimento da ‘autonomia do cliente, pois é a condigéo para a ampliagdo do controle de estimulas sobre suas respostas de observaco, ampliando as possibilidades de estabelecimento de relagbes # metas @ levando & independéncia da relacdo terapéutica, ‘Quando 0 processo terapéutico chega ao ponto apresentado, o cliente jé apresenta maior e melhor autogerenciamento e controle sobre 0 ambiente, dispde de meios ainda melhores de previsdo e faz escolhas pautadas em um conhecimento mais amplo das variéveis envolvdas ‘em seu cotiian, podendo comparar e analsar os aspectos envolvidos para agir de modo mais efetvo By swaves ‘1, Quanto & identificagdo das relagdes funcionas,assinale V (verdadero) ou F (flso). (()Na primeira sesséo, 0 terapeuta nao tem condigées, ainda, de apresentaralguma interpretago que siva de modelo de andlse para diigir as respostas de abservacao do cliente. ( ) O fato de o cliente concordar necessariamente representa precisdo da andlse do terapeuta, (() As hipoteses elaboradas pelo terapeuta e testadas com 0 cliente rdo orientar e organizar a selego das estratégias de intervengGes a serem propostas pelo terapeuta Assinale a altornativa que apresenta a sequéncia coreta A)V-F-V 8)V—V—F c)F—F—V hitps:lwwn portalseca.com brartigal6112 1319 2orr02019 Portal Seca D)F—V—-F (home) 412, A lay tovapé.tica 6 um processo de mudanga de comportamento porque promove o autoconhecimento & 0 autocontrole |A) de manoira lingar e automtica: assim que o terapeuta apresenta uma classe de resposta espectfica, esperase, de um cliente saudavel, que ele apresente a classe de respostas esperadas. 8) de maneira errtica e probabilistica: nfo se pode esperar muito do cliente, pois se ele soubesse fazer lerapla no precisaria star al CC) de forma gradativa, constuindo microprocessos de andiise que vao revelando para o cliente, aos poucos, as variaveis de controle que operam sobre seus comportamentos, podendo estabelecer condlgdes de solugbes de seus problemas. ) que sto duas construgtes verbais que nao interferem no processo terapéutico, A Gnica coisa que domina o responder so as contingéncias. 18, Sobre os resuitados de uma relagdo terapéutica,& correto afar que AA) as consequéncias individuals que o terapeuta e o dente ablém por meio do processo e mals alguns produtas agregados que se deram apenas porque as contigéncias individvais se entrelagaram de tal forma que pudessem produzios. As mais notéveis s20 a eliminagao da queixa do cliente, a satistagdo profissional do terapeuta e a manulengSo e frtalecimento da cultura da psicoterapia, 8) as pessoas se dao conta de que o mundo & como ele 6 e aceitam a condicao de sotrimento & qual as contingéncias as arrastam. Este 6 um mundo de sobrevivéncia pela selegdo das consequéncias e querer néo softer ndo & uma op¢do ‘disponivel, O mximo que se consegue & ter consciéncia da condigdo humana, C revisitar os eventos traumaticos @ revivé-los de uma maneira mais feliz, aceitando sua propria historia, enfrentando-a, Coragem para seguir em frente por saber que a vida é cheia de traumas é o melhor resultado. D} so étimos quando a relagdo terapéutica dé certo. Pode ser que ndo dé certo porque o estilo de atendimento de determinado terapeuta ndo combine com 0 modo de funcionamento do cliente, Quando o estilo de atendimento é adequado ao modo de funcionamento do cliente, tudo vai muito bem, com étimos resultados. Conta sui rasposia m EXEMPLO CLINICO Luciano, 22 anos de idade, soltero, recém-formado em Adminisragao de Empresas, mora com 0s pais, namora hé quatro anos e iniciou mesirado em uma universidade concelluada. ‘Queixa inicial: Luciano buscou a terapia por iniciatva prépria devido a pensamentos iniusivos @ repettvos sobre doenga, que eram desencadeados por percepeaa de quaisquer sintomas fiscos, sensagdes corporais ou sinais na pele. Os pensamentos eran seguidos por veriicagao com diferentes médicos, pais e namorada sobre a possibilidade de uma doonca grave, Apés inimeras vericagdes que nao confirmavam sua hipétese, ele continuava convencido de que havia algo grave e que teria um final trgico, o que o levava a um petiodo que ‘le nomeava como depresséo, om quo “desistia de tudo" e ndo conseguia levantar da cama, ‘A apresentagao nical da queixa pelo cliente (relato) era seguida por verbalizagdes de ompatia, facilitagao, gestos de facilitagaolconcordncia e expressées faciis compativeis com seu relato, denotando aceitagdo, compreensdo e validagdo de seus sentimentos. Subsequentemente aos relatos apresentados pelo client, o terapeuta apresentava solicitagdo de relato, de modo a esclarecer ‘© complementar alguns aspecios, visando a uma caracterizagdo inicial da queixa, ao histrico do cliente e do comportamento-queixa e 20 cconhecimento de alguns aspectos basicos do dia a dia do clente. ‘A partir dos relatos iniciais do cliente, fl possivel fazer uma primeira avaliagdo, que sugeria um padtéo de funcionamento de um quadro do ‘spectro obsessivo-compulsvo. Nesse, a percopgéo dos sintomas fisicos eliciava respostas de ansiedade, ao mesmo tempo em que ‘evocava os pensamentos intrusivos, seguidos pelas ruminagées sobre doenga e morte, AS respostas de veriicagao neutralizavam a ansiedade eliciada pelos pensamentos obsessives, oferecendo um alivia apenas temporario. Com base na avaliacto preliminar, realizada na primeira sesso, 0 terapeuta dispés algumas orientagbes sobre o funcionamento do quadro & algumas estratégias basicas de prevengao de resposta(informagéo), além de estabelecer 0 contrato terapéutco, Alguns dados da Iteratura méica e analtico-comportamental permitem derivar essas estratglas a partir da andlise das contingéncias de fuga-esquiva tipica de ‘quadiros obsessivo-compulsivos.** Terapeuta fomece informagdes (informagéo): verbalizagdes nas quais 0 terapeuta relata eventos ou informa o cliente sobre eventos (que no o comportamento do cliente ou de terceirs), estabelecendo ou nao relagGes causals ou explicativas entre eles. Essa classe de verbalizagées é geralmente associada a intervengées “psicoeducacionais”e ao “enquadre” ou contrato terapéutico. hitps:wwn portalsecad.com brartigal6112 san 2orr02019 Portal Seca (home) A ientficagio do padréo obsessivo-compulsivo,enetanlo,ndo é sufiiente para o delineamento da intervenglo como um fodo, uma vez ( eminformagies cove a fungéo do comporlamenio e sobre como esse interage com o repertério do cliente camo um todo, € ié..c84fi0 antiwar a ve" tigagdo, principalmente pela apresentacdo de solicitagao de relato e solicitagao de reflexac Histérico familar: Luciano 6 o segundo fiho de uma familia de classe média ata, Relata que sua irma tom transtomo bipolar, e que desde que © dagnéstico {oi revelado a familia age com a irma de mado bastante protetor e invasivo, sendo percebida pela familia como alguém mais trig e cas expeciativas de sucesso pessoal sio minimas. Luciano sempre foi um aluno dedicado, com excelente desemponho acadérico. & ambicoso, compettva e exigete, soja no ambito académico, nos espores ou mesma no lazer. Apart dos relatos de sequéncas de eventos, & possvel pereeber um pacfao tipco ce funcionamento: Luciano, na lentatva de coresponder sua alisima expectava de desempento, engajase em episédos exaustivs de trabalho e estudo até o limite de sua resisténcia fisica. Nesse momento, as sensagies fisicas so percebidas, tendo inicio os episédios de bensamentos obsessives Com base nessas novas informagées, novas hipéleses so formuladas, permitindo a apresentagdo de interpretagao sobre a fungao do cepisédio obsessivo: ‘a episédio obsessive tem uma fungdo de autorizar que voc8 pare, quando vacé ulrapassa seus limites”. Com base na concordncia do cliente sobre a interpretagdo, o terapeuta recomenda que o cliente aumente as oportunidades de lazer e écio, de modo a ‘observar o que essas situagées desencadelam de pensamentas e sentimentos(salictacdo de observacdo) Terapeuta recomenda ou solicita a execugo de agbes, tarefas ou técnicas (recomendagao): sugestio de atemativas de agdo ou sdlctago que clente se engaje em agées ou tarefas, Recomendacéo contempla verbalizagées nas quais 0 terapeuta sugere altemativas de ago ao cliente ou solicita 0 seu engajamento em agoes ou tarefas. Deve ser utizada quando o terapeuta espectica 2 resposta a ser (ou no) emitida pelo cliente. A literatura refere-se a essa classe de comportamentos também como aconselhamento, orientagao, comando, ordem. ‘Apesar de haver avangado no entendimento da fungao do episédio obsessive, ainda nao ha informagdes sobre as variaveis responsaveis pelo padrdo "perfeccionsta” de Luciano. O perfeccianismo nao pode ser utlizado como explicagao de seu comportamento — & apenas um padrao, desenvalvido em funga de outro conjunto de varidveis, que serdo investigadas ainda por solictagdo de relato e solictagio de reflexdo, (© processo terapéutico avanga com 0 acréscimo de muitas informagses sobre relagdes afetvas, sociais, familiares, Os dados obtdos permitem levantarhipéteses sobre relago de superprotegdo com a mae, com atengSo demasiada dela aos relatos de queixa ou desconforto {padréo reproduzido pela namorada), comportamenta excessivamente autocentrado, com pouca atengdo a oulras pessoas e suas necessidades. Luciano, apesar de apresentar grande habiidade social, tanto em contextos pessoais ou profissionais, apresenta um padréo de esquiva social, com cerla desconforto na interagdo com pessoas de autoridade e tendéncia a se aproximar apenas de pessoas que ele considerasse, ‘em algum aspecto, “nfeiores’. Ele apresenta, ainda, a nacessidade de ser alvo de admiracao @ prestigi, mostrando-se sempre uma pessoa bem-sucedida, educada, correla, o que fazia com que eslabelecesse, com frequéncia, relagGes superfciais, com pouca intmidade (uma vez que intmidade implica mosirar-se vulnerdvel:® de certo modo, represenlando um personagem “impecavel” e estabelecendo sempre relagdes de competicao. ‘Tals andlises eram apresentadas a Luciano por meio de nterpretagées, muilas vezes com o uso de metéforas “Vocé ndo interage com o outro como parcero, mas como rival — ou ele & inferior ou & melhor “Parece que vocé nao se permite aprender com o outro’ “Nao hd uma relagao horizontal — sempre alguém tem de ser melhor ou pot’ “Voc se colaca como réu, como alguém que vai ser jlgado, nunca camo alguém que pode cantibuir au receber a contribuigo de outras pessoas’; = ‘Ou voc’ brihante ou é um lio... Nao hé nada entre os dois extremos" 1 ‘Nao existe proceso, s6 0 produto final; = *E-como se nao existisse 0 outro... 0 outro é apenas um espelho para refletir o seu brio’ ‘Algumas dessasinterpetagGes podem ser classifcadas como confrontagéo; entretanto, foram apresentadas apenas apds o fortalecimento da relagdo terapéutica, com 0 cuidado aticional de serem emiidas em tom de vor e com expressbes facials que amenizassem o conteddo aversivo,além de serem acompanhadas por verbalizagdes de empatia ‘A essas eventuais interpretagées se somavam solcitagBes de reflec, em busca de amplar seu repertério de observacéo @ promover autorregras e aulogerenciamento. Luciano, a par dessas observagdes © andlises, passou a aumentar as oportunidades de interagir com 0 ‘grupo social, buscando perguntar mais sobre as outras pessoas e falar menos de si, procurando colocar mais limites em situagdes que 0 ddesagradavam e expor mais seus sentimentos pensamentos. ‘A Figura § apresenta uma representagao das hipéteses funcionais relacionadas as duas principais classes de comportamento-problema de Luciano e das variaveis que deveriam ser investigadas em busca de se idenlficar as relagGes funcional. hitps:lwwn-portalsecae.com brartigal6112 1519 2orr02019 Portal Secad = Variavets histéricas? m Relacao entre as classes Figura 5- Representa das hbsteses urinals relacionadas uss principal esses de campotaments— problems de Luan ods varios quo dovenam sr ivestgadas om bscado so eta as apes uncial. ‘Uma sesso importante para uma melhor compreenso do quadro ocorreu quando Luciano chegou bastante desgastado, apés um feriado prolongado que passou com os pais ¢ a namorada em um resort. Relatou que, em diversos momentos, desde a viagem de ida, ocorreram discusses nas quais 0 pai invaldava e crtcava suas opinides, humilhando-o frente & me e 4 namorada e levando a confltos em todo 0 final de semana, até que Luciano se descontrolou, gerando uma briga intensa. A investigagdo desse episédio permit identiiar um padréo antigo de compeligéo com o pai, tamibém administrador, que s@intensiicou na adolescéncia ¢ ovoria especialmente na presenga da mae. Luciano dizia que quando estava sozinho com « pai tnha uma boa interagdo, ‘mas, prante a mée, o pai tendia a agred-lo, especialmente desvaloizando sues piides e sua formagdo profsiona o pai abalhava no ‘mercado, eo fiho haviaoptado pela vida acadéica}. ‘Aos poucos, fl possvel perceber que a mae tencia a tratar Luciano com muitos cuidados e atengdo, chegando a preter o pal e a ima quando ele estava presente. O pai, excluido, passou a agredro flho, competindo pela atengao e afeto da esposa e mesmo do fino, pelo qual se percebia rejetado. Luciana, por sua vez, desvalorzava o pai e seu status profssionat:“E sempre assim... Ele sempre fica me hhumihando"; le s6 para quando mo v6 mal; ‘AT ele se sant culpado fica cheia de cuidados” ‘Quando Luciano se formou na mesma carrira do pal, esse contava com sua presenga na empresa, © passou a atacé-o ainda mais quando Luciano se negou, optando pela camera académica: “Vocé acha que eu construl tudo isso aqui me escondendo atrés de livros?’ “Vooé acha {que coma professor vocé vai conseguir dar & sua espasa a vida que eu te del?” A andlise dessa relagdo familar permits a compreensdo ¢ a intervengdo sobre uma série de aspectos caja varaveis de controle, até entéo, eram desconhecidas por Luciano. ‘Duas condigées contribuiam para que Luciano apresentasse um padréo de excessiva cobranga por desempenho: a ima como modelo de “fracasso’, evidenciado pela superprolego e auséncia de expectatvas dos pais e, ainda mais importante, a historia de competicdo estabelecida com o pai, que tinha como origem 0 apego excess por parte da mée. A essa cobranca por desompenho se sogua 0 ‘engajamento demasiado em atvidades e o esgotamento sequido por episédios de “adoecimento’ Luciano s6 podia se perceber fag no adoecimento, quando cessavam os ataques do pai, ao mesmo tempo em que abria a “autrizagdo" ara os cuidadas intensos da me, gerando mais essentimento e novos cilos de ataques. A mesma relacdo palfiho esclarece a diftculdade de estabelecerrelagdes de itimidade @ a necessidade de mostrar-se sempre “impecavel’ com diculdades de se expor socialmente e com ‘pessoas que exerciam posigao de autordade. ‘Todas as relagSes apresentadas foram sendo identficads por meio de solicitagao de relato e solictagdo de reflexdo. A intervencdo sobre .ssas felagbes envolveu principalmente interpretagdo sobre as relagSes funcioalsidentfcadas pelo terapeutae soictagdes de reflexdo, de ‘modo que 0 cliente pudesse perceber os excess0s no cuidado matermo e as evidéncias de afeto por parte do pai (por exemplo, a critica que {aia é sua escola pela drea académica como reacdo & rejeigdo e insisténcia para que ele estivesse ao seu lado, e ndo como fata de afeto). ‘A Figura 6 traz uma representago das relagSes identiicadas como fonte de conflto central em relago ao exemplo clinic de Luciano, F 1 hitps:wwn portalsecae.com brartigal6112 1619 2orr02019 Portal Secad (home) I mu an “Excluidal ch Seercede — => scorta alana “Ataques a0 flo thew ‘axe “Humilhado reconhecamento! valonzagao, ? J ®% v rf \ “Fragidade £ a 866 possh = a (ine = uid sien a yy Befiho: Figura 6 - Represrtgo dos lees entices coo foe de conocer que are spins css de comporamertosrblens, 0 paren oo padi absesivozompulo. Notes um cl ue ao fal da cad, flac a ces decides por pare da me, ‘mentands novos ends de aresic dopa, mantendoo paki emir poleno, ‘Luciano, como meta de mudanga, prope aumentar as oportunidades de encontros com o pai, sem a presenga da mae, encontros nos quais procurara evidenciar a admiragéo que tnha pelo pal e suas conguislas profissionais. Passa também a se retirr ao inicio de situagées de confit, evitando contra-atacar ‘Ao compreender coma parte de seu comportamento autoreferente 0 excesso de cuidados, especialmente da mde, Luciano coma dalberadamente, dar menos informagies sobre sie perguntar mais sobre os pas ¢ outros eventos. Aos poucos, esses e outas estatégias levam a mudancas em suas relagbes faiiares, causando, por sua vez, a diminuigdo do padrdo absessivo-compulsivo e perfecconsta Por fim, os comportamentos envalvidos em uma “elagdo", que possa ser chamada de “terapéulca’, passam a ser revelados no estudo do proceso @ podem agora ser mais bem visualizados @ mais amplamente reproduzidos, Na Figura 7 estéo contidas algumas das classes de respostas de terapeuta e clente envoWvidas no processo de “manutengdo da relagao terapéutica’ Deve-se considerar que 0 processo representado pode ocorrer para cada uma das queixas apresentadas ¢ que o desenvolvimento de uma ‘ova resposta de cada paricipante néo implica necessariamente cue o elo anterior tenha cessado. Assim, por exemplo, o cliente apresenta ‘sua queixa, ¢ 0 terapeuta responde com empatia, mas ndo cessa essa resposta depois que o cliente comer a fazer relato (igo). Aqui, 2s respostas vo se somando e néo apenas sucedendo umas &s outras. Os produtos agregados que mantém a pratica cultural constiuem 0 préprio entrelacamento das classes de respostas de cliente e de terapeuta, bem como o resultados de melhor, Cliente meta hitps:lwwn-portalsecae.com brartigal6112 a9 2orr02019 Portal Seca (home) aq ' ACONTINGENCIA | EENTRELACADA & PRODUTO. | EAGREGADO. Figura 7- Rprosentogbo esqvmitia de contngéniasertoazadas dbsorvads om ume mlgGoerapbuten = CONCLUSAO Neste artigo foram demonstradas as classes de respostas de cliente e terapeuta que, entrelagadas, compGem as contingéncias indviduals ue agem sobre 0 comportamento dos dois individuos inseridos na relagéo terapéutica, Resposlas do terapeula tiveram a fungao de consequéncia para determinadas classes de respostas do cliente e de antecedents para a proxima classe planejada para o progresso do processo terapéutico. 0 terapeuta, por sua vez, s6 lerd se demonstrado hébil na conducdo do processo porque também foi capaz de fcar sob o controle de determinadas classes de respostas do cliente — como antecedentes —, emit respostas apropriadas para a consecugao dos objetivos terapéutios e teve como resultados (consequéncias), para cada etapa do processo, mudancas gradativas no repertrio do cliente em diregdo a0 repertirio desejado, Tendo ocorrido tal processo, ele poderd, entao, ser classificado como terapéutco, uma vez que a aluagao responsiva do terapeuta produziu a mudanga solictada a partir da demanda do cliente No entanto, oi dito também que em relagées de contingéncias entrelagadas é produzido um produto agregado que no aconteceria caso os ‘comportamentos dos dois membros dos episddios sociais ndo fossem encadeadas dessa maneira. Nesse caso, 0 proprio resultado da “manutengéo da relagdo terapéutica' um dos produtos agregados — o entrelagamento é um deles.>” ‘Ou seja, a propria manuten¢ao da relagdo terapéutica pode ser interpretada como uma contingéncia entrelagada de troca reciproca.* As classes de respostas do terapeuta foram capazes de reforgare promover mudangas sobre as classes de respostas do lien, e vice-versa: & medida que o cliente apresenta uma mudanga no sentido desejado coloca oterapeuta no controle de novas respostas de seu repertirio, que modelam novos repertrios em clientes. ‘A pratica cultural da psicoterapia resulta também fortalecida por outros produtos agregados que s6 se deram devido ao entrelagamento de contingéncias desses dois individuos: o bem-estar do cliente e a satisfagdo profissional do terapeuta, que se comportaram de maneira a fortalecer uma inhagem cultural-comportamental®? que vem sendo desenvolvda desde que essa pratca cultural foi estabelecida.® m RESPOSTAS AS ATIVIDADES E COMENTARIOS Aividade 1 Resposta: A Comentario: A intervengéo clinica baseada nos principios do behaviorismo radical de Skinner recebeu varias denominac mais comumente encontrades sao a andlse comportamental clinica, a terapia por contingéncias de reforcamento e ditima a mais utizada pela comunidade que se dedica a intervengées no cantexto cinco. Aiividade 2 Resposta: C Comentario: A TAC! se propde como um processo que recebe a queixa do cliente, mas também investiga 0 seu repertrio como um todo Esse processo désse por meio de uma relagdo social, terapeuta-clente, que deve ter algumas caracterstcas bastante especitics. Utliza-se dos relatos sobre eventos encobertos para 0 levantamento de contingéncias passadas e tendéncias agdo que o cliente apresenta no momento da intervencéo. Ela ndo se centra em um tnico microprocesso verbal, utlizando-se de processos jd desenvolvidos e estudados em técnicas,tais como a FAP, a ACT @ a DBT. Atividade 3 Resposta: A Comentario: © comportamento verbal é alvo dieto da intervengao, e no apenas fonte de informagao sobre eventos extemos 20 processo terapéutico. Esse principio se baseia em evidéncias de que aquilo que as pessoas falam sobre eventos do mundo — inclusive sobre elas oréprias - podem consiitur parte da determinagéo de seu comportamento. Isso porque seu comportamento verbal pode evidenciar ou minimizar aspectos do ambiente, dirgindo respostas de observacao a determinados eventos e, assim, tornando o individuo mais cu menos susceplivel a eles, Alividade 4 Resposta: B Comentario: O confito entre contingéncias fiogenéticas, ontogenéticas culturais, que podem se manter por reforgamento positive ou negatvo uma tovoarafia de resbosta aue € socialmente oassivel de ounicao. E deste confito que suraem os dstirbios do comoorlamento, hitps:wwn-portalseca.com brartigal6112 1819 2onorz019 Porial Secad . rr) = Atvidade § Pes Lov. imu’ Todas 25 ran estagbes consideradas patolégicas pela literatura psiquitrica e psicolégica tém envolvidas em sua origem ou manutengéo as relagies socials. Desse modo, pode-se entender a palologa, seja ela qua for, em parte, construida nas relagées socais nas {quais 0s indviduos estéo se desenvolvendo, em um processo continuo de interagao com as pessoas que compdem os dferentes grupos nos quais ees esto inseridos Alividade 6 Resposta: D ‘Comentario: Cliente relata eventos (relato) — contempla verbalizagdes nas quais o cliente descreve ou informa ao terapeuta a ocorréncia de eventos, au aspectos relativos a eventos, a respostas emocionals suas ou de lerceros, a seus estadas motivacionais elou tendéncias a ‘agbes, som estabelecer relagdes causais ou funcionais entre eles, Atividade 7 Resposta: © Comentario: Respostas néo vocais de facilitagdofconcordancia (concordéncia terapeuta) - gestos ou expressées faciais do terapeuta relacionados a concordéncia, & aprovacéo, & compreensdo com relagéo @ fala do interlocutor e que ocorrem nitidamente como signos da inleragéo terapeuta-clente. Aividade 8 Resposta: A CComentiro: A suspensdo de punigdo social favorece tanto o relat de resposas socalmente punidas quanto a emissao de algumas delas durante o prépria pracesso terapButco, deforma que o terapeuta possa observélo na relagdo que estabelece com o cliente, podendo, dessa forma, anasé-la © consequencié-la adequadamente Atividade 9 Resposta: B Comentario: Empatia é a forma pela qual se dé o acolhimento ao sofrimento do dient, respeitando a gravidade desse sofimento © de ‘alguma manera sinalizando a compreensdo e a possibilidade de saida do problema; acetagao faz parte de uma estratégia de intervend0 {ue venha a modelar compartamentos verbais e ndo verbais de forma a constr o repertéria novo desejado. Atividade 10 Resposta: B Comentario: Solicitagdo de reflexdio & uma das classes de respostas que trazem boas informagées inicias sobre como o cliente tem ‘explicado seu comportamento @ o funcionamento de seu mundo social. Quando utiizada durante o processo terapéutico, depois que o cliente 6 capaz de estabelecer algumas relagdes funcionais, 6 uma condigao que gradativamente vai propiciando autonomia de analise, avaiagao estabelecimento de melas melhores e factives, Aiividade 14 Resposta: © ‘Comentario: Por vezes, ja na primeira sesso, o terapeuta pode apresentar alguma interpetagdo que siva de modelo de analise para drgit PROXIMO (home) ‘Acompanhe OD (httpeipenfavetnaledimmadcad@farig!l 274587? lickedVertical%3Acompany%2CclickedEntityld%3A1274587%2Cidx%3A2- 2%2Ctarld%3A1459119034753%2Ctas%3Aartmed%20paname) hitps:wwn-portalsecae.com brartigaN6112 1919

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