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Estados Limites de Utilização
Estados Limites de Utilização
UNIVERSIDADE DE SAO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS
Julho de 1997
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
1.1 ESTADOS Lll\1ITES .......................................................................................... .
1.2 VALORES DE CÁLCULO DAS AÇÕES .......................................................... 1
1.3 SITUAÇÕES A CONSIDERAR .......................................................................... 2
2 FISSURAÇÃO ............................................................................................................ 3
2.1 FORMAÇÃO DE FISSURAS ............................................................................. 4
2.1.1 Momento de fissuração .. ..... ........................... ... .... .. ... .... ........ ... ............... 5
2.1.2 Combinação rara de utilização ....................... ............. ......... .... .. ....... ....... 5
2.1.3 Armadura mínima .................................................................................... 6
2.2 ABERTURA DE FISSURAS .............................................................................. 6
2.2.1 Problemas a evitar ................................................ ... .. ... .... ..... .... ... ............ 6
2.2.2 Combinação freqüente de utilização ... ..... ... ..... .... ........... ......................... 7
2.2.3 Critérios de verificação ........... ... ........ ... ...... .. ... ... ..... ........ ... .. .................. . 8
2.2.4 Bases teóricas ...................................................... ................................... 1O
2.2.5 Critérios de aceitação ... ..... ..... .. ..... .. ....... ........ ... ... ... ... .... ...... .... ......... ... .. 1O
2.2.6 Providências possíveis ........................................................................... 11
3 DEFORMA.ÇÕES .................................................................................................... 11
3.1 DANOS PROVOCADOS .................................................................................. 11
3.2 FATORESQUEINFLUEM .............................................................................. 12
3.3 COMBINAÇÃO QUASE-PERMANENTE DE UTillZAÇÃO ....................... 14
3.4 TIPOS DE DEFORMAÇÕES ............................................................................ 14
3.5 SITUAÇÕES A CONSIDERAR ........................................................................ 15
3.5.1 Estádio I ................................................................................................. 15
3.5.2 Concreto fissurado ................................................................................. 16
3.6 CÁLCULO DAS FLECHAS ............................................................................. 17
3.6.1 Flecha imediata para ações de longa duração ........................................ 18
3.6.2 Flecha total para ações de longa duração ............................................... 20
3.6.3 Flecha imediata para ações de curta duração ......................................... 23
3.7 CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO ......................................................................... 23
3.8 PROVIDÊNCIAS POSSÍVEIS .......................................................................... 24
4 EXEJ\1PLOS ............................................................................. ....................... ......... 25
4.1 CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DA SEÇÃO ..................................... 26
4.2 MOMENTO DE FISSURAÇÃO ....................................................................... 27
4.3 ABERTURA DE FISSURAS ............................................................................ 28
4.4 DEFORMAÇÕES .............................................................................................. 29
BffiLIOGRAF'IA ............................................................................................................ 31
OBSERVAÇÃO
As estruturas de concreto armado devem ser projetadas não só para atender aos critérios de
segurança contra a ruína mas também para satisfazer às condições de utihzação. O cálculo na
ruina é fundamental para conferir às estruturas um nível adequado de segurança com relação à
sua capacidade portante, ou seja, à sua capacidade de resistir satisfatoriamente a todas as
solicitações possíveis de ocorrer durante o tempo previsto para a sua existência. Por outro lado. o
cálculo em serviço é imprescindível para garantir um desempenho satisfatório das estruturas
quando em uso normal, ou seja, nas condições de utilização para as qurus foram projetadas.
Com relação aos estados limites de utilização. a verificação da segurança dos elementos
estruturais é feita com a consideração das situações de serviço. atribuindo-se às ações seus
valores característicos usuais. sem majoração. ou seja, o coeficiente de ponderação das ações
vale y f = 1,0.
2
caracterizado pela presença de fissuras nas zonas de tração e, portanto, o concreto situado nessas
regiões é desprezado. Portanto, neste caso, a inércia da barra fletida não pode ser calculada como
se ela fosse constituída de material homogêneo. É preciso conhecer a posição da linha neutra, em
serviço, para que se possa efetuar o cálculo do momento de inércia e das tensões na seção
transversal.
2 FISSURAÇÃO
3
a)
b)
4
2.1.1 Momento de fissu:ração
Define-se momento de jissuração ( Mr ) como sendo o momento fletor capaz de provocar a
M M crt. I
cr 1 =-·y=-·(h-x) M=--
I I h-x
fctm ·I
M = --"-'="-- (2.1)
r h-x
fck
para fck $ 18 MPa
fctk = 10
{
0,06-fck +0,7 MPa para fck > 18 MPa
Se o momento fletor atuante numa dada seção da peça for menor do que o momento de
fissuração, isto significa que esta seção não está fissurada e, portanto, encontra-se no estádio I.
Caso contrário, se o momento atuante for maior do que o de fissuração, a seção encontra-se
fissurada e, portanto, no estádio II. Neste caso, diz-se que foi ultrapassado o estado limite de
formação de fissuras.
5
considerada a combinação rara de utilização, na qual a ação variável é tomada com seu valor
característico, sendo:
Fd,rara = Fg,k + Fq,k
Observa-se que a atuação de toda a ação variável sobre a estrutura não é usual e tem baixa
probabilidade de ocorrer. Esta probabilidade, no entanto, não é desprezível. A combinação rara
atua, no máximo, algumas horas durante a vida da estrutura e pode provocar a formação de
fissuras. Estas vão continuar existindo mesmo quando deixarem de agir as solicitações que as
provocaram. Por este motivo é que se considera a combinação rara na verificação do estado
limite de formação de fissuras.
6
características de estanqueidade exigidas para os reservatórios, por exemplo, podem ser
gravemente afetadas pela formação de fissuras de grandes aberturas. Este inconveniente pode ser
contornado por meio de impermeabilização das paredes e da laje de fundo dos reservatórios. A
água que percola através das fissuras carreia os hidróxidos de cálcio presentes nos poros do
concreto, resultando em eflorescências esbranquiçadas nas superfícies externas dos elementos.
Outro grave problema que pode ser evitado através da limitação da abertura das fissuras é a
corrosão das armaduras. De fato, aberturas excessivas facilitam a penetração, do meio externo
para o interior da massa de concreto, de agentes agressivos capazes de provocar a degradação do
próprio concreto e, também, das armaduras, podendo conduzir ao colapso da estrutura
Além disso, vale salientar que fissuras demasiadamente abertas geram um certo
desconforto psicológico aos usuários, além de prejudicarem a aparência.
Com vistas à garantia da durabilidade das estruturas, segundo a literatura técnica, deve-se
limitar a abertura das fissuras em 0,4 mm. A corrosão das armaduras praticamente independe da
abertura de fissuras abaixo deste valor.
Com relação à estética e ao efeito psicológico causado nos usuários, a fixação de um valor
limite para a abertura das fissuras depende de diversos fatores, dentre os quais: distância do
observador, tipo e finalidade da estrutura e posição e condições de iluminação das peças. Sob
esse aspecto, observou-se que, em geral, aberturas de fissuras até 0,3 mm não causam
inquietação nas pessoas e não prejudicam a aparência das estruturas.
O fator de combinação 'V 1 para valores freqüentes das ações é fornecido pela norma
NBR 8681 (1984) e vale 0,3 para edifícios em geral. Os valores freqüentes das ações
caracterizam-se por se repetirem muitas vezes ou atuarem por mais de 5% da vida útil da
construção.
7
2.2.3 Critérios de verificação
Os critérios de verificação a seguir apresentados são baseados nas prescrições das normas
NBR 6118 (1978) e no anexo da norma NBR 7197 (1989). Segundo estas normas, a abertura
nominal das fissuras (w) é dada pelo menor valor obtido através das seguintes expressões:
(2.2l
!2.3l
~ para tirantes
As
Pr =--
Acr
Acr ~ área do concreto de envolvimento das barras da armadura (ver Figura 2.2)
fctk ~ resistência característica do concreto à tração (ver item 2.1.1)
8
b) O coeficiente de conformação superficial ( 1lb) das barras da armadura depende do tipo
de aço empregado, -sendo igual a 1,0 para barras lisas. Para efeito das expressões (2.2) e
(2.3), não se tomará 1lb > 1,8. Na Tabela 2.2, são indicados os valores deste coeficiente
c) O cálculo de cr s deve ser feito no estádio ll, admitindo razão entre os módulos de
elasticidade do aço e do concreto ( <le) igual a 15. O braço de alavanca (z) pode.
retângulo cujos lados não distam mais de 7,5 · <1> do eixo da barra, conforme indicado na
Figura2.2.
Analisando as expressões (2.2) e (2.3), conclui-se que a abertura nominal das fissuras é
função da armadura longitudinal, sendo proporcional ao diâmetro das barras ( <1> ) e à tensão de
9
Figura 2.2 - Área do concreto que influencia a fissuração.
Para efeito de raciocínio, pode-se admitir que tudo se passa como se a barra que atravessa a
primeira fissura estivesse duplamente ancorada no concreto adjacente. Sendo pequena a taxa de
armadura, a tensão de tração na seção fissurada é totalmente transferida para o concreto através
de aderência, impedindo a formação da segunda fissura.
<::> w 1im = 0,2 mm ~ para peças não protegidas em meio não agressivo
10
Quando o cobrimento (c) da armadura longitudinal de tração que compõe a taxa Pr for
superior ao mínimo exigido ( cmin ), o anexo da NBR 7197 (1989) permite aumentar o valor
limite da abertura das fissuras proporcionalmente à razão c/cmin , não devendo este aumento ser
3 DEFORMAÇÕES
11
excessivas nas lajes ou vigas, nas quais se apoiam. Devido à grande rigidez dessas
paredes, elas não conseguem acompanhar a deformação dos elementos flexíveis de
apoio e, assim, surgem fissuras inclinadas de cisalhamento (ver Figura 3.la);
~ Deformações de lajes e de vigas podem afetar o bom funcionamento de esquadrias de
portas e de janelas e, em particular, os grandes painéis de vitrinas;
~ Perigo de flambagem de paredes ou pilares esbeltos, devido à rotação provocada pela
deformação da laje ou de vigas esbeltas do piso, que estejam ligadas rigidamente à
flexão com os respectivos apoios (ver Figura 3.lb);
~ O ângulo de rotação do apoio de lajes que apresentam flechas pode pôr em risco a
estabilidade de paredes de alvenaria ou causar fissuras horizontais nas paredes externas.
ao longo do bordo inferior da laje, e nas paredes internas, ao longo do bordo superior da
laje, conforme indicado na Figura 3.lc. Nas paredes internas, esta fissuração representa
apenas um problema de caráter estético. As fissuras das paredes externas, ao contrário.
podem permitir a penetração de umidade, o que não é desejável do ponto de vista da
durabilidade;
~ Vibrações em pisos causam sensações desagradáveis aos usuários. Essas vibrações
decorrem de deformações excessivas associadas a pequena rigidez;
~ Em regiões de juntas de dilatação, deformações diferenciais entre os elementos
estruturais adjacentes podem influenciar desfavoravelmente na qualidade das estruturas.
No caso de pontes, essas deformações podem, inclusive, gerar conseqüências bastante
negativas para a segurança do tráfego;
~ Flechas excessivas podem provocar o aparecimento de fissuras na peça, afetando a
estética e a durabilidade.
12
Parede
interna
Fissuras
a)
b)
c)
Fissura externa
Parede de maciça
alvenaria
Figura 3.1 -Alguns danos causados por deformações em peças de concreto armado.
13
A consideração da fissuração é feita através de uma redução no momento de inércia
adotado nos cálculos. Já a parcela da fluência é levada em conta majorando-se as flechas
imediatas por um coeficiente ~ , conforme será visto oportunamente. Por último, tem-se a
retração, cuja influência é considerada através da adoção de valores relativamente altos para a
relação entre o módulo de elasticidade do aço e do concreto ( a.e ), o que se traduz numa redução
do módulo de elasticidade do concreto.
A NBR 6118 ( 1978) permite dispensar a verificação de flechas em alguns casos.
dependendo da esbeltez dada pela relação 1!/h, sendo R o vão teórico (da laje ou da viga) e h a
altura do elemento. O critério apresentado para esta dispensa, entretanto, é pouco confiável e
tende a ser abandonado. Por este motivo, não será apresentado neste texto.
O fator de combinação '!f 2 para valores quase-permanente das ações é fornecido pela
norma NBR 8681 (1984) e vale 0,2 para edifícios em geral. A combinação quase-permanente
pode atuar durante grande parte da vida útil da estrutura, num período da ordem de 50% desta
vida útil.
14
As deformações que dependem do carregamento têm direção definida. A deformação
elástica imediata, aqui simplesmente referida por flecha imediata, ocorre por ocasião da
aplicação do carregamento e é reversível, isto é, removido o carregamento que a produziu, a peça
retoma à sua configuração original. A deformação lenta ou fluência é definida como o aumento
de deformação sob tensão constante. Esta parcela, conforme será visto, exerce importante
influência no valor da flecha total.
As deformações independentes do carregamento, por outro lado, não têm direção definida.
A retração é o fenômeno caracterizado pela redução do volume da massa de concreto causada
principalmente pela evaporação da água contida nos poros do concreto. A presença dessa água
livre se deve ao fato de que, em geral, a quantidade de água utilizada na mistura do concreto é
maior do que a necessária para as reações de hidratação do cimento.
O efeito da retração numa peça de concreto armado sob flexão caracteriza-se pela
contração diferencial das faces do elemento, resultando em flechas. Esta contração diferencial é
devida ao fato de que nas regiões onde há armadura, a contração é parcialmente impedida.
provocando o abaulamento da peça. O mesmo abaulamento pode ser causado por variações de
temperatura Neste caso, uma face do elemento expande mais do que a outra, por apresentar
maior temperatura.
3.5.1 Estádio I
Assim, se o momento atuante (para combinação rara das ações) for menor do que o
momento de fissuração, pode-se calcular a rigidez no estádio I, considerando a seção
homogeneizada e a contribuição do concreto na resistência à tração. Além disso, pode-se tomar o
módulo de elasticidade do concreto tangente na origem, em função do baixo nível de solicitação.
Caso contrário, admite-se o concreto fissurado.
15
3.5.2 Concreto fissurado
Neste caso, há que se considerar a significativa influência da fissuração sobre a ngidez do
elemento. Esta influência é de difícil avaliação pois depende do grau de fissuração. que é um
fenômeno progressivo e dependente dos momentos fletores. os qua1s sofrem red1stnbmção a
medida que as fissuras se desenvolvem.
Considerar a rigidez no estádio II não constitui medida apropnada. vtsto que não condtz
com a realidade, pois nem toda a peça está fissurada. e sun. apenas algumas seções. De fato. na..,
seções mais solicitadas onde há fissuração. a peça apresenta um comportamento de estádio Il
Porém. à medida que se afastam destas regiões, as seções não-fissuradas encontram-se no estádío
I. Assim, um procedimento mais coerente consiste em considerar um grau de fissuração
mtermediário entre o de peça não-fissurada e o de peça completamente fissurada. Deve-se
utilizar uma rigidez equivalente, situada entre a do estádio I e a do estádio ll, pois a peça
estrutural apresenta regiões fissuradas e regiões entre fissuras. configurando uma situação
intermediária entre os dois estádios. A NBR 6118 ( 1978) é omissa neste aspecto.
Desta forma, tem-se urna situação em que o momento de inércia assume um valor
intermediário entre os momentos de inércia dos estádios I e II. Nesta Situação mtermed1ána
equivalente. valem as fórmulas de Branson. propostas pelo ACI 318 ( 1989). dadas por
Xe =( Mr
Md.rara
]
2.5
Xl
"
+ iI I -
iL
l
1
Mr
\2.5l
i'
Mct.rara ·
I X2 ~ X I i3 I 1
t3.2'!
A expressão (3.2) representa o momento de inércia efetivo ao longo do vão de urna v1ga
biapoiada ou entre pontos de momento nulo de vigas contínuas. Para avaliação da inércia de
elemenros contínuos, são propostas as seguintes expressões (MacGREGOR, 1992):
16
~ para elementos contínuos nas
duas extremidades
lei. Ie 2 ~ momentos de mérc1a efetivos nas "eçõe" de momento~ neganvo~ 1no~ apow"
contínuos)
lem ~ momento de mérc1a efet1vo na "eção de momento positivo máximo
de concreto simples. O erro cometido com esta simplificação é multo pequeno Assim. para
seções retangulares, tem-se.
bh~
I---
1- 12
17
atl ~ flecha total para ações de longa duração
a0 ~ contraflecha
a) Vigas
Considere uma barra solicitada por um momento fletor positivo M (flexão pura). Na Figura
3.2a, mostra-se a viga antes do carregamento e na sua posição deformada.
~~f
A
I\
I\
I \
I \
r I
I
\
\/]
lt l{ êc ·dx
r - raio de curvatura ! I
i \_ I
I
I I
I
I D\
~~
\
L.N
- -\C- - -
/; I \
"' ...... ...... /'
X
-- /' I E \F
dx
y
a) b)
(3.3)
18
r ~ raio de curvatura da linha elástica
y ~ ordenadas da linha elástica
Integrando-se a equação diferencial (3.3 ). obtém-se as flechas (y) da viga fletida. Todavia.
o cálculo por esta equação é muito trabalhoso e. por esse motivo. foram construídas tabelas
Algumas tabelas, como por exemplo as de PINHEIRO (1993), fornecem coeficientes a que
podem ser utilizados no cálculo das flechas imediatas. dadas por expressões do tipo:
p·R4
a=a·--
E c ·I
b) Lajes
Da mesma forma que para vigas, podem-se obter as flechas elásticas em lajes. a partir da
integração da equação diferencial:
4 4 4
a w a w a w p
--+2· + - - = - (3.4)
ax4 ax 2 · ()y 2 ()y 4 D
w ~ deslocamentos da laje
p ~ carga uniformemente distribuída na laje
A flecha elástica pode ser calculada considerando a placa em regime elástico, com base na
equação (3.4). Porém, sendo este um processo trabalhoso, foram construídas tabelas que
19
consideram a vinculação e a relação entre as dimensões da laje. Estas tabelas foram elaboradas
através de processos numéricos e fornecem o coeficiente o: para o cálculo das flechas através das
expressões:
a---.
0: p·é o:·b p·f 4
3
ou a=--·--
-100E·h
c 1200 Ec ·I
o: ~ coeficiente determinado pela teoria elástica das placas, que depende do tipo de
vinculação, da relação entre os comprimentos dos lados da laje e do coeficiente de
Poisson do material
f ~ menorvão
As tabelas de Czemy foram adaptadas por PINHEIRO (1993) para coeficiente de Poisson
(v) igual a 0,2 (já que foram originalmente elaboradas para v = O).
Para lajes armadas em uma direção, simplificadamente, podem-se utilizar as tabelas de
flechas elásticas em vigas.
permanente, já que o restante do carregamento, por ser de curta duração, não causa fluência
Para levar em conta o efeito da deformação lenta, a NBR 6118 (1978) permite avaliar a
flecha fmal devida às ações de longa duração, como o produto do valor da flecha imediata
respectiva, pela relação das curvaturas final e inicial da seção de maior momento em valor
absoluto. Sendo assim, define-se o coeficiente ~ :
20
(3.5)
1/)
(7r ~ curvatura inicial
1
O raio de curvatura da elástica de uma peça fletida de concreto armado. dado pela
expressão (3.3), pode ser expresso em termos de deformações específicas. considerando
semelhança dos triângulos ABC e DEF na Figura 3.2b. Assim. tem-se:
(3.6)
d ~ altura útil
A relação entre as deformações final e inicial no concreto assume valor 3, para cargas
aplicadas após a execução da peça, e vale 2, no caso da aplicação da carga se dar, pelo menos.
seis meses após a concretagem. Sendo o primeiro o caso mais usual e admitindo a deformação no
aço constante, tem-se:
(Es)f =(Es)i = Es
mf
(Ec)f +(Es)f 3·Ec +Es
d d
m (Ec)·1 +(Es)·1
d
=
Ec +Es
d
21
(X)f 3·ecd+es
~=(X). = Ec +Es
1 d
~ = 3·Ec +Es
(3.7)
Ec +Es
~-~ X
Ec =Es .-d- (3.8)
x d-x -x
X,
I
h d -i- L.N.
~= 2·x+d (3.9)
d
A expressão (3.9) pode ser reescrita em função do parâmetro ~x = xfd, o que resulta em:
(3.10)
22
Vale observar que o valor de x corresponde à situação em serviço que estiver sendo
considerada, ou seja, x 1 para peça não-fissurada (estádio Dou Xe para peça fissurada (situação
intermediária equivalente).
O cálculo da flecha imediata relativa a esta parcela segue procedimento análogo ao que foi
empregado para ações de longa duração, podendo ser obtida por proporcionalidade:
Fct,sup
ais = · ail
Fct,qp
ou
(3.11)
para balanços
~ A flecha causada pela ação de curta duração não deve ser superior a 1/500 do vão
teórico, exceto no caso de balanços, para os quais o limite é de 11250 do respectivo
comprimento teórico:
ais-
<{Ysoo
R./
ou
(3.12)
/250 para balanços
23
3.8 PROVIDÊNCIAS POSSÍVEIS
Dentre as diversas maneiras possíveis de limitar as deformações, citam-se:
a) Aumentar a rigidez do elemento, adotando valores baixos de esbeltez. dada pela
relação f./h .
Se uma das condições (3.11) e (3.12) não for atendida, devem ser previstos dispositivos
adequados para evitar as conseqüências indesejáveis provenientes de deformações excessivas. Se
as providências citadas não forem suficientes para garantir a segurança das peças com relação ao
estado limite de deformações excessivas, pode-se lançar mão de contraflechas. Este é um
artifício que consiste em aplicar uma deformação inicial em sentido contrário ao do
carregamento, através do escoramento das fôrmas, antes da concretagem, conforme indicado na
Figura 3.4.
Contraflecha
24
A contraflecha ( a 0 ) deve ser, pelo menos, igual à flecha imediata para ações de longa
duração ( ail ), porém não maior do que esta flecha acrescida da metade do valor correspondente à
acl
ail ~ ao ~ ail + 2
acl = atl - ail = ~ · ail - an = (~- 1) · au
Portanto:
(3.13)
V ale ressaltar que o uso de contraflechas em lajes é pouco eficiente. Isto se deve ao fato de
que, durante a execução, não é dada a devida atenção à manutenção da altura total prevista para a
laje. O que acontece é que os operários nivelam a face superior da laje, resultando numa redução
de altura no centro do painel, onde geralmente é aplicada a contraflecha. A conseqüência direta é
o comprometimento da segurança da laje, visto que esta apresentaria altura reduzida na região
onde atuam os maiores momentos fletores positivos.
A contraflecha, sendo aplicada em sentido contrário ao das ações, proporciona uma
redução no valor da flecha total. Assim, a limitação representada pela expressão (3.11) passa a
ser:
4 EXEMPLOS
25
e vão teórico: f. = 4,1 o m
variável: qk = 10 kN lm
L--ll hl
i
I
I
I .. .. =td'
...
a) Altura útil
<j)p_ 2,0
d'=c+..t..~t +-=2+063+-
2 , 2 ~ d'=3,63cm
22·40 2
2 + 10 ·12,60. 36,5
= x1 = 22,07 em
22 ·40+ 10·12,60
26
3
I 1 = 22·40 +22-40··(22,07-- 40) 2
+10·12,60-(36,5-22,07) 2
12 2
2 10-12,60 10-12,60
x 2 +2· -x 2 -2· -36,5 =o
22 22
b-x~ ( )2 22-15,51
3 ( )2
l2 = --+a.e ·As· d-x2 = +10·12,60· 36,5-15,51
3 3
12 = 82.874 cm4
a) Cálculos preliminares
27
b) Cálculo do momento de fissuração
fctm · l1 0,33·147.340
Mr= ------ ~ Mr = 2.711 kN.cm = 27,1 kN.m
h- X1 40- 22,07
a) Cálculos preliminares
Momento fletor:
Mct,freq = Mg,k + '1'1 · Mq,k = 84,08 + 0,3· 21,02 ~ Mct,freq = 90,4 kN.m
Tensão na armadura:
Mct,freq 9040
~ cr 5 = 23,12 kN I cm2
<Ts = 0,85·d·A 5 = 0,85·36,5·12,60
17,5·<Pe
=td'
l
'
28
Taxa de armadura:
As 12,60
~ Pr =3,07%
Pr = Acr = 409,86
1 <1> f (j s ( 4 45 ) 1 20 23,12 ( 4 45 )
Wl=l0·2·T\b-0,75·~· p;+ =lo·2·1,5-0,75.21.000. 0,0307+ ~
~ w 1 =0,17 mm
~ w2 =0,31 mm
4.4 DEFORMAÇÕES
Tendo sido ultrapassado o estado limite de formação de fissuras (ver item 4.1), a posição
da linha neutra e o momento de inércia serão calculados através das fórmulas de Branson.
a) Cálculos preliminares
2 2
X = -271)
'- ,5 · 22 07 + [1- (271)
- ' - ,5] ·15,51 < 22 07
e ( 105,1 ' 105,1 - '
Xe = 15,73 em
29
Momento de inércia para situação equivalente:
3 3
27 1 ) ·147.340+ [ 1- ( lO;,l
le = ( lO;,l 27 1 ) ] ·82.874::;; 147.340
Ie = 83.980 cm4
Ação quase-permanente:
Pd,qp = gk +'1'2 ·qk = 40+0,2·10 ~ Pd,qp = 42 kN I m = 0,42 kN I em
Ação suplementar:
30
Flecha imediata para ação suplementar:
Pd,sup 0,08
ais = ·ai! = · 0,58 ~ ais = OJ 1 em
Pct,qp 0·42
Flecha total:
atot = atl +ais = 1,08 + 0,11 ~ atot = 1,19 em
c) Verificações
f_ 410
atot = 1,19 em < 300 = 300 = 1,37 em (ok!) (contraflecha desnecessária)
f_ 410
ais= 0,11 em < -=-=082cm (ok!)
500 500 '
BffiLIOGRAFIA
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (1992). ACI 318: Building code requirements for
reinforced concrete. Detroit, Michigan.
AMED, Paula C. (1995). Associação do cálculo elástico com a teoria das chameiras plásticas
para lajes retangulares com uma borda livre. São Carlos. 169p. Dissertação (Mestrado) -
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
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