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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE QUÍMICA


QUÍMICA EXPERIMENTAL - 207
ENGENHARIA QUÍMICA

Preparação e purificação do Iodo: verificação de


suas propriedades físico-químicas

Acadêmicos: RA:

Giovana Junges Pattaro 124833


Laura Andrade da Mota 123511
Maria Fernanda Rodrigues 125149
Pedro Antonio Galacci Reinert 125101
Pedro Augusto Ascencio Dalla Vecchia 124023

Prof. Paulo Cesar S. Pereira

MARINGÁ
2022
1 - INTRODUÇÃO

1.1 – Fundamentação teórica


O grupo 17 da tabela periódica, também conhecido como halogênios, constituído por
elementos como o flúor (F), cloro (Cl), bromo (Br), iodo (I) e astatínio (At) possuem algumas
características semelhantes, como por exemplo suas configurações eletrônicas (ns2np5), suas
afinidades eletrônicas negativas, altas eletronegatividades e também suas variações suaves das
propriedades físicas em comparação com o próprio grupo.
Os halogênios precisam de apenas um elétron para completar sua camada de valência, e
para completar o octeto de elétrons referentes a essa camada, os halogênios utilizam dois
átomos para formar moléculas diatômicas (através de ligações covalentes) e assim obter uma
maior estabilidade, como por exemplo o que ocorre com as moléculas de F2, Cl2, I2 e Br2.
Desconsiderando o flúor, os outros elementos desse grupo podem também perder elétrons da
camada de valência, tendo números de oxidação que variam entre -1 e +7.
Devido à alta eletronegatividade os halogênios tendem a ganhar elétrons de outras
substâncias se caracterizando nesses casos como agentes oxidantes. Determinado halogênio
consegue oxidar ânions haletos de outro halogênio que se localiza abaixo dele no grupo. Por
exemplo o Cl2 que consegue oxidar o Br- e o I-, porém não oxida o Flúor.
Tabela 1 - Propriedades dos elementos do grupo 17 da tabela periódica

Z Nome Massa Molar Ponto de fusão Ponto de Densidade


(g/mol) (°C) ebulição (°C) (g/cm3)

9 Flúor 19,00 -220 -188 1,51

17 Cloro 35,45 -101 -34 1,66

35 Bromo 79,90 27 59 3,12

53 Iodo 126,90 114 184 4,95

85 Astatínio (210) 300 350 —

Fonte: Atkins, 2018.

Dentre os halogênios, o iodo é um elemento relativamente raro e de bastante enfoque,


principalmente devido à sua importância na biologia e medicina. É encontrado na natureza em
sua forma sólida, com coloração preta e levemente brilhosa, sendo também encontrado na
natureza em forma de iodo elementar (I), iodo molecular (I2), iodeto (I-) ou triiodeto (I-3),
principalmente nos compostos: iodeto de sódio (NaI), iodeto de potássio (KI) e iodato de sódio
(NaIO3). O iodo em sua forma sólida é considerado um sólido volátil pela ação da luz e do calor,
ou seja, possui uma grande capacidade de sublimação.
A principal aplicação do iodo é na medicina, sendo este essencial para a síntese dos
hormônios triiodotironina e tiroxina (T3 e T4, respectivamente), os quais são produzidos pela
glândula tireóide. Esses hormônios são de extrema importância para o controle do metabolismo
do ser humano e outros animais domésticos, influenciando diretamente a produção de leite,
ovos, lã e a reprodução desses animais. A deficiência de iodo na população humana implica a
baixa produção de hormônios tireoidianos (quadro chamado hipotireoidismo), que em casos
mais extremos, leva à formação de bócio endêmico. Por outro lado, o excesso de iodo é
considerado tóxico para o organismo.

1.2 – Objetivos
Os objetivos dessa prática foram: estudar os elementos do grupo dezessete da tabela
periódica e obter a preparação e purificação do Iodo, juntamente com a verificação de suas
propriedades físico-químicas.

2 - PROCEDIMENTOS

2.1 – Preparação do iodo


a) Foram adicionados alguns fragmentos de iodeto de potássio (KI) a um almofariz para
triturá-los e misturá-los à uma porção bem pequena de dióxido de manganês
(MnO2);
b) Em seguida, as partículas foram movidas para um tubo de ensaio, ao qual
adicionou-se 1 mL de ácido sulfúrico concentrado;
c) Após, o tubo foi vagarosamente aquecido e observada sua reação.
2.2 – Sublimação do iodo
a) Em um béquer vazio, alguns cristais de iodo foram colocados;
b) Esse foi colocado sobre uma tela de amianto escorada a um tripé, para ser aquecido;
c) A fim de fechar o béquer, acima dele, foi colocado um balão de fundo redondo
contendo água à temperatura ambiente;
d) Em seguida, foi levado ao aquecimento e observado a sublimação do iodo, tal como
sua coloração violeta enquanto gasoso e seus cristais se formando no fundo do
balão;
e) Por fim, foram coletados os cristais formados e inseridos em outro tubo de ensaio.

2.3 – Propriedades oxidantes do iodo


a) Em um tubo de ensaio, colocou-se uma fração de água de iodo misturado com
iodeto de potássio (KI), obtidos no almofariz no primeiro experimento;
b) Depois, uma pequena porção de zinco metálico foi adicionada à solução e
observou-se sua reação e suas características alteradas.
c) Também, foi adicionada uma parcela dos cristais obtidos no experimento da
sublimação do iodo a outro almofariz, para misturá-los à um pouco de zinco em pó;
d) A mistura foi deslocada a uma cápsula de porcelana;
e) Ao final, em um local arejado, adicionou-se gotas de água destilada, visando
observar o vapor de iodo molecular e suas características.

2.4 – Solubilidade do iodo


a) Em um tubo de ensaio limpo foi posto a parte restante dos cristais de iodo formados
no processo da sublimação;
b) Seguidamente, adicionou-se por volta de 2 a 3 mL de água destilada e agitou-se o
tubo, para visualizar a solubilização em água a temperatura ambiente;
c) Após as análises, acrescentou-se um fragmento de iodeto de potássio, e,
novamente, agitou-se e visualizou-se sua reação e discutiu-se sobre;
d) Para finalizar, 1 mL de tetracloreto de carbono foi incorporado ao tubo e, pela última
vez, agitado e discutido.
3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 – Preparação do iodo


Para obter o iodo na sua forma molecular (I2) é necessário reagir o iodeto (I-) liberado
pelo iodeto de potássio (KI) com um elemento de maior potencial padrão de redução, que no
caso do experimento foi o dióxido de manganês (MnO2). A reação ocorreu em um meio ácido
com H+ provenientes do 1 mL de ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado adicionado.
Há as seguintes semi reações de redução para o iodeto e dióxido de manganês com os
seus respectivos potenciais padrão de redução:
+ 2+ ◦
𝑀𝑛𝑂2 + 4𝐻(𝑎𝑞) + 2 é → 𝑀𝑛(𝑎𝑞) + 2𝐻2𝑂 𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 =+ 1, 23 𝑉 (1)
(𝑠) (𝑙)

− ◦
𝐼2 + 2 é → 2𝐼(𝑎𝑞) 𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 =+ 0, 53 𝑉 (2)
(𝑠)

Dessa forma, ao reagir o iodeto com o dióxido de manganês ocorre uma reação de
oxirredução espontânea na qual o iodeto oxida e o dióxido de manganês reduz. Isso pode ser
expresso na reação a seguir:
+ −
𝑀𝑛𝑂2 + 4𝐻(𝑎𝑞) + 2𝐼(𝑎𝑞) → 𝑀𝑛(𝑠) + 2𝐻2𝑂 + 𝐼2 (3)
(𝑠) (𝑙) (𝑠)

O potencial padrão da Eq. (3) pode ser calculado pela equação abaixo:
◦ ◦ ◦
𝐸𝑅𝐸𝐴ÇÃ𝑂 =𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 (𝐶Á𝑇𝑂𝐷𝑂) − 𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 (Â𝑁𝑂𝐷𝑂) (4)

No caso dessa reação, o cátodo é o dióxido de manganês e o ânodo é o iodeto. Assim:



𝐸𝑅𝐸𝐴ÇÃ𝑂 =1, 23 − 0, 53 = 0, 70 𝑉 (5)

Para que a reação na Eq. (3) ocorresse, foi necessário fornecer calor, por mais que a
adição de ácido sulfúrico liberou uma certa quantidade de calor ao meio reacional, foi feito o
aquecimento suave do tubo de ensaio com os reagentes. Conforme a reação ocorria, pode-se
observar a liberação de um gás roxo, o que é representado na imagem a seguir:
Figura 1 - Resultado do experimento da preparação do iodo.

Fonte: Autoria própria, 2022.

3.2 – Sublimação do iodo


Ao aquecer uma amostra de iodo molecular sólido foi possível observar a liberação de
um gás roxo, o qual corresponde ao iodo molecular na sua forma gasosa. A passagem direta do
estado sólido para o gasoso é conhecida como sublimação.
Esta facilidade em sublimar prova que o iodo molecular é um composto volátil. A
principal justificativa para isso é a presença de interações intermoleculares fracas do tipo
dispersão de London. Isso faz com que as moléculas de iodo não estejam tão coesas ao ponto de
que fornecer uma pequena quantidade de calor já seja suficiente para romper tais interações,
afastando as moléculas uma das outras e levando o composto diretamente do estado sólido
para o gasoso.
Pelo fato do sistema utilizado não ser totalmente estável, foi possível observar também
uma certa quantidade de iodo molecular na forma líquida.
Ao mesmo tempo em que ocorria a sublimação do iodo molecular, também ocorria a
ressublimação, ou seja, parte do composto presente no estado gasoso retornava ao estado
sólido, resultando em cristais de iodo molecular com altíssima pureza. Isso significa que esse
experimento também pode ser utilizado para a purificação de amostras de iodo molecular.

3.3 – Propriedades oxidantes do iodo


Inicialmente ao adicionar uma pitada de zinco metálico em pó a um pouco de água de
iodo na presença de KI obteve-se a seguinte solução com uma coloração amarelada, indicando a
presença de iodo dissolvido:

Figura 2 - Solução obtida inicialmente de água de iodo e zinco.

Fonte: Autoria própria, 2022.


Na água de iodo, ocorreu a formação de triiodeto (I-3):
− −
𝐼2 + 𝐼(𝑎𝑞) ⇋ 𝐼3 (6)
(𝑎𝑞) (𝑎𝑞)
Para o triiodeto e o zinco metálico há as seguintes semi reações de redução com os seus
respectivos potenciais padrão de redução:
− − ◦
𝐼3 + 2 é → 3𝐼(𝑎𝑞) 𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 =+ 0, 54 𝑉 (7)
(𝑎𝑞)

2+ ◦
𝑍𝑛(𝑎𝑞) + 2 é → 𝑍𝑛(𝑠) 𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 =− 0, 76 𝑉 (8)

Com isso, ocorre a reação expressa abaixo entre o zinco metálico em pó e o triiodeto
presente na água de iodo, na qual I-3 reduz e Zn oxida :
− − 2+
𝐼3 + 𝑍𝑛(𝑠) → 3𝐼(𝑎𝑞) + 𝑍𝑛(𝑎𝑞) (9)
(𝑎𝑞)

Em Eq. (9) o cátodo corresponde ao triiodeto e o ânodo ao zinco metálico. Assim,


substituindo os valores da Eq. (7) e Eq. (8) em Eq. (4), obtém-se o potencial padrão da reação:

𝐸𝑅𝐸𝐴ÇÃ𝑂 =0, 54 − (− 0, 76) = 0, 54 + 0, 76 = 1, 30 𝑉 (10)

Foi possível notar uma mudança na coloração da solução inicial, mudando de tom
amarelado para um aspecto incolor com a deposição de zinco metálico no fundo. Isso é
explicado com base nas reações acima. A reação de oxirredução na Eq. (9) consumiu triiodeto,
fazendo com que o equilíbrio em Eq. (6) fosse deslocado, favorecendo o lado dos produtos e,
consequentemente, a perda da coloração característica da água de iodo presente no início do
experimento.
Tal mudança de coloração está representada a seguir:

Figura 3 - Solução obtida após a reação entre iodo e zinco.

Fonte: Autoria própria, 2022.


A seguir foi realizada a segunda parte do experimento para analisar as propriedades
oxidantes do iodo, na qual cristais de iodo foram misturados com zinco em pó, adicionando
gotas de água.
Cada vez que se adicionava uma gota à mistura de iodo molecular e zinco era possível
observar a liberação de gás roxo em pequena quantidade, indicando que a sublimação do iodo
molecular havia ocorrido.
Para que um composto sublime é necessário que uma certa quantidade de energia na
forma de calor seja fornecida a ele, no caso desse experimento a fonte de calor para a
sublimação do iodo molecular foi a reação de oxirredução entre o zinco metálico e a água, cujas
semi reações devidamente balanceadas e os respectivos potenciais padrão de redução estão
dispostos a seguir:
− ◦
𝑂2 + 2𝐻2𝑂 + 4 é → 4𝑂𝐻(𝑎𝑞) 𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 =+ 0, 40 𝑉 (11)
(𝑔) (𝑙)

2+ ◦
2𝑍𝑛(𝑎𝑞) + 4 é → 2𝑍𝑛(𝑠) 𝐸𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜 =− 0, 76 𝑉 (12)

A reação de oxirredução resultante na qual a água reduz e o zinco metálico oxida está
representada abaixo:
− 2+
𝑂2 + 2𝐻2𝑂 + 2𝑍𝑛(𝑠) → 4𝑂𝐻(𝑎𝑞) + 2𝑍𝑛(𝑎𝑞) (13)
(𝑔) (𝑙)

Em Eq. (13) o cátodo é a água e o ânodo é o zinco metálico. Dessa forma, substituindo os
valores de Eq. (11) e Eq. (12) em Eq. (4), obtém-se o potencial padrão da reação:

𝐸𝑅𝐸𝐴ÇÃ𝑂 =0, 40 − (− 0, 76) = 0, 40 + 0, 76 = 1, 16 𝑉 (14)

Assim, em (13) há uma reação exotérmica, pois foi devido a esta liberação de calor que
os cristais de iodo molecular conseguiram mudar para o estado gasoso, justificando a formação
do gás roxo observado no experimento.

3.4 – Solubilidade do iodo


Ao adicionar os cristais de iodo molecular no tubo de ensaio com água destilada e
agitá-lo, foi possível perceber que praticamente não houve a solubilização. Isso pode ser
explicado pelo fato do iodo molecular ser uma molécula apolar, enquanto a água é polar, ou
seja, não há ‘’afinidade’’ entre elas.
Após adicionar um pequeno cristal de iodeto de potássio (KI), pode-se observar que a
solubilidade do iodo na água aumentou. Isso ocorreu porque KI é um composto iônico, logo em
solução aquosa ele libera íons de potássio (K+) e iodeto (I-), este contribui para a formação de
triiodeto, igual a reação em Eq. (6). Isso pode ser percebido pela coloração da solução ter
adquirido tons mais alaranjados e a formação de um líquido roxo, proveniente das reações
envolvendo o iodo.
Por último, foi adicionado a solução 1 mL de tetracloreto de carbono (CCl4), o qual é um
composto apolar, igual ao iodo molecular, garantindo a solubilização do restante da amostra
inicial de cristais de iodo molecular. Assim, obteve-se um sistema com duas fases, as quais estão
representadas na figura a seguir:

Figura 4 - Sistema bifásico formado por iodo molecular, iodeto de potássio, água destilada e tetracloreto de
carbono.

Fonte: Autoria própria, 2022.


Com isso, é possível afirmar que o iodo molecular é parcialmente solúvel em compostos
polares, como a água, podendo ter a sua solubilidade aumentada com a adição de iodeto de
potássio, um composto iônico altamente solúvel em água, e que em solventes apolares, como o
tetracloreto de carbono, a sua solubilidade aumenta.
4 - CONCLUSÃO

Dessa forma, foi possível concluir os objetivos propostos inicialmente na atividade.


Foram observados e estudados os elementos do grupo 17 da tabela periódica e as propriedades
físico-químicas do Iodo.
Foi identificada uma alta volatilidade no iodo molecular devido a facilidade em sublimar,
além disso, enquanto havia a sublimação do mesmo, também acontecia a ressublimação, o que
resultou em cristais de iodo molecular com alto nível de pureza. Para a sublimação, a energia
fornecida foi a reação exotérmica de oxirredução entre o zinco metálico e a água, por conta
dessa liberação de calor que os cristais de iodo molecular mudaram para o estado gasoso,
formando o gás violeta observado no experimento.
Sobre a solubilidade do iodo molecular, ao misturar os cristais de iodo molecular com
água destilada foi possível perceber que não houve solubilização, pelo fato do iodo molecular
ser uma molécula apolar e a água polar. Porém, ao misturar um cristal de iodeto de potássio
com água destilada, a solubilidade aumentou, isso por ser um composto iônico e ter havido a
formação de triiodeto. Utilizando um solvente orgânico, tetracloreto de carbono, que é apolar, a
solubilidade do iodo molecular aumentou.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Apostila de Química Experimental, UEM, 2022.

ATKINS, P; JONES, L; LAVERMAN, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o


meio ambiente. 7. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. p. 1094.

BERNADÁ, Maria Helena Guerra. Metabolismo do Iodo. Porto Alegre, 2004. p. 12. Disponível
em: https://www.ufrgs.br/lacvet/restrito/pdf/iodo.pdf. Acesso em: 28 ago. 2022.

BROWN, T. et al. Química: A Ciência Central. 13. Ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2016. p. 1229.

DOS SANTOS, Vanessa da Matta; AFONSO, Júlio Carlos. Iodo. Química Nova na Escola, São Paulo,
v. 35, n. 4, p. 297-298, 2011.

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