Professional Documents
Culture Documents
Notas de Aula de SMA308: Analise 2 - Wagner Vieira Leite Nunes
Notas de Aula de SMA308: Analise 2 - Wagner Vieira Leite Nunes
9 de abril de 2015
2
Sumário
1 Introdução 5
2 A Integral de Riemann-Stieltjes 7
3
4
SUMARIO
Capı́tulo 1
Introdução
O objetivo destas notas e ser um texto de apoio para a disciplina SMA308 - Analise II,
que trata, em uma primeira parte, de conceitos relacionados com a integral de Riemann
e Riemann-Stieltjes de funco~es de uma variavel real a valores reais ou a valores vetoriais,
propriedades das mesmas, relaco~es entre estas e aplicaco~es.
Em uma segunda etapa, ser~ao estudados topicos relacionados com sequ^encia e series de
funco~es; estudo da converg^encia pontual ou uniforme, propriedades e aplicaco~es.
Em uma terceira etapa trataremos da continuidade, diferenciabilidade de funco~es de varias
variaveis reais a valores reais ou vetoriais, propriedades e aplicaco~es.
Finalizando com enunciaremos, provaremos e aplicaremos os Teoremas da func~ao implcita
e da func~ao inversa para funco~es de varias variaveis reais, a valores reais ou vetoriais.
Iniciaremos xando a notac~ao dos elementos que ser~ao utilizados ao longo das notas.
Notação 1.0.1
.
N = {1 , 2 , 3 , · · · } (conjunto dos numeros naturais)
.
Z = {· · · , 3 , −2 , −1 , 0 , 1 , 2 , 3 , · · · } (conjunto dos numeros inteiros)
{ }
. p
Q= ; p , q ∈ Z, q ̸= 0 (conjunto dos numeros racionais)
q
{ }
. p
I = x ̸= ; para todo p , q ∈ Z , q ̸= 0 (conjunto dos numeros irracionais)
q
.
R=Q∪I (conjunto dos numeros reais)
5
6 CAPITULO 1. INTRODUC ~
AO
Capı́tulo 2
A Integral de Riemann-Stieltjes
Notemos que
7
8 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
Demonstração:
Foi vista no curso de Analise I e sera deixada como exerccio para o leitor.
Temos os:
Observação 2.1.1A denic~ao acima nos diz que o numero real α e o menor limitante
superior do conjunto E (se existir).
Observação 2.1.2 A denic~ao acima nos diz que o numero real β e o maior limitante
inferior do conjunto F (se existir).
Resolução:
Notemos que o conjunto formado por todos os limitantes superiores do conjunto E sera o
seguinte subconjunto de R:
.
LS = [1 , ∞) .
Assim o menor limitante superior sera 1, ou seja,
sup(E) = 1 .
10 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
Por outro lado, o conjunto formado por todos os limitantes inferiores do conjunto E sera
o seguinte subconjunto de R:
.
LI = (−∞, 0] .
Assim o maior limitante inferior sera 0, ou seja,
inf (E) = 0 .
Temos um modo equivalente a Denic~ao de supremo (isto e, a Denic~ao (2.1.2)) que e
dada pelo:
Observação 2.1.3 Notemos que, no Exemplo acima, tem-se:
sup(E) ∈ E e inf (E) ̸∈ E .
Temos agora o seguinte importante resultado:
Teorema 2.1.1 Seja E ⊆ R um conjunto n~ao vazio e limitado superiormente em R.
Ent~ao
α = sup(E)
se, e somente se,
1' α e limitante superior do conjunto E;
2' dado ε > 0, podemos encontrar e ∈ E, de modo que
α − ε < e ≤ α.
Demonstração:
Foi vista no curso de Analise I e sera deixada como exerccio para o leitor.
Temos um resultado analogo ao acima para o nmo, a saber:
Teorema 2.1.2 Seja F ⊆ R um conjunto n~ao vazio e limitado inferiormente em R.
Ent~ao
β = inf (F)
se, e somente se,
1' β e limitante inferior do conjunto F;
2' dado ε > 0, podemos encontrar f ∈ F, de modo que
β ≤ f < β + ε.
Demonstração:
Foi vista no curso de Analise I e sera deixada como exerccio para o leitor.
Antes de prosseguir temos o seguinte resultado sobre a exist^encia do supremo (respecti-
vamente, nimo) de um conjunto limitado superiormente (respectivamente, inferiormente):
2.1. SUPREMO E INFIMO DE SUBCONJUNTOS DE R 11
2. Se F1 ⊆ F2 , ent~ao
inf (F1 ) ≥ inf (F2 ) .
3. o conjunto
.
E1 + E2 = {e1 + e2 ; e1 ∈ E1 e e2 ∈ E2 }
e limitado superiormente em R e
sup(E1 ) + sup(E2 ) ≥ sup(E1 + E2 ).
e limitado superiormente em R e
sup(c E1 ) = c sup(E1 ) .
Demonstração:
Foi vista no curso de Analise I e sera deixada como exerccio para o leitor.
Como consequ^encia dos itens 8. e 10. da Proposic~ao acima temos o:
Demonstração:
A demonstrac~ao deste sera deixada como exerccio para o leitor.
O conjunto
.
P = {xo , x1 , · · · , xn }
Temos tambem a
(como a func~ao f e limitada em [a , b] segue que existem os supremos e nmos acima)
e
. ∑
n
U(P , f) = Mi ∆xi , (2.4)
i=1
. ∑
n
L(P , f) = mi ∆xi , (2.5)
i=1
1. Como
mi ≤ Mi , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n} ,
segue que
L (P , f) ≤ U(P , f) . (2.6)
3. Se
.
m = inf f(x) , (2.7)
x∈[a ,b]
14 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
ent~ao
∑
n
m (b − a) = m ∆xi
|∑ {z }
n i=1
= i=1 ∆xi
ou seja,
m (b − a) ≤ U(P, f) . (2.8)
ent~ao
∑
n
L(P , f) = mi ∆xi
i=1
mi ≤Mi , em cada [xi−1 ,xi ] ∑
n
≤ Mi ∆xi
i=1
Mi ≤M , para cada i∈{1 ,2 ,··· ,n} ∑
n
≤ M ∆xi
i=1
∑
n
=M ∆xi = M(b − a) ,
| {z }
i=1
=b−a
ou seja,
L(P, f) ≤ M(b − a) . (2.10)
∫b
.
f(x) dx = inf U(P , f) (2.11)
a P∈P
∫b
.
f(x) dx = sup L(P , f) . (2.12)
a P∈P
Se ∫b ∫b
f(x) dx = f(x) dx ,
a a
Denotaremos por
R([a , b]) ,
ou simplesmente por R (omitindo o intervalo fechado e limitado [a , b]), o conjunto
formado por todas as func~oes, a valores reais, que s~ao Riemann integraveis no intervalo
[a , b].
Observação 2.2.2
Quest~ao: se f : [a , b] → R e uma func~ao limitada ent~ao f ∈ R([a , b])?
A resposta a esta quest~ao e negativa.
Para ver isto, notemos que a func~ao f : [0 , 1] → R, dada por:
{
. 0, para x ∈ Q ∩ [0 , 1]
f(x) =
1, para x ∈ I ∩ [0 , 1]
16 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
e uma func~ao limitada no intervalo [0 , 1], mas não e uma func~ao Riemann integravel
em [0 , 1].
De fato, seja
.
P = {0 = xo , x1 , · · · , xn = 1}
uma partic~ao do intervalo [0 , 1].
Com isto, teremos que
. I∩[0,1]̸=∅
Mi = sup f(x) = 1, (2.14)
x∈[xi−1 ,xi ]
. Q∩[0,1]̸=∅
mi = inf f(x) = 0 (2.15)
x∈[xi−1 ,xi ]
e assim
. ∑
n
U(P, f) = Mi ∆xi
i=1
(2.14) ∑
n
= ∆xi = 1 − 0 = 1 , (2.16)
i=1
. ∑
n
L(P, f) = mi ∆xi
i=1
(2.15) ∑
n
= 0 ∆xi = 0 . (2.17)
i=1
Logo,
∫b
. (2.16)
f(x) dx = inf U(P, f) = 1 (2.18)
a P∈P
e ∫b
. (2.17)
f(x) dx = sup L(P, f) = 0 . (2.19)
a P∈P
Portanto ∫b ∫b
(2.18) (2.19)
f(x) dx = 1 ̸= 0 = f(x) dx ,
a a
. ∑
n
L(P , f , α) = mi ∆αi , (2.22)
i=1
e que
∑
n
∆αi = α(b) − α(a) .
i=1
∫b
.
f dα = sup L(P , f , α) . (2.29)
a P∈P
Se ∫b ∫b
f dα = f dα ,
a a
Observação 2.2.4
pois
∆αi = ∆xi .
4. Notemos que a func~ao α : [a , b] → R so precisa ser monotona crescente em [a , b],
para podermos denir a integral de Riemann-Stieltjes de uma func~ao f : [a , b] → R
limitada, relativamente a func~ao α.
5. Vamos supor, daqui em diante, que
α(b) > α(a) ,
P ∗ = P ∪ {x∗ } .
Logo, de (2.39), segue que existe io ∈ {1 , 2 , · · · , n} tal que
xio −1 < x∗ < xio ,
xio −2 = x∗
io −2 xio −1 = x∗
io −1 x∗ = x∗
io xio = x∗
io +1 xio +1 = x∗
io +2
2.2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES 21
e
se j ∈ {1 , 2 , · · · , io − 1} ou j ∈ {io + 2 , io + 3 , · · · , n}
∆αj ,
∆α∗j = α (x ) − α (xio −1 ) , se j = io
∗ . (2.44)
α (x ) − α (x∗ ) , se j = i + 1
io o
m io = inf f(x)
x∈[xio −1 ,xio ]
m io = inf f(x)
x∈[xio −1 ,xio ]
Logo
∑
n+1 ∑
n
∗
L(P , f , α) − L(P , f , α) = m∗j ∆α∗j − mi ∆αi
j=1 i=1
∑
n+1 ∑
n
= m∗j ∆α∗j + m∗io ∆α∗io + m∗io +1 ∆α∗io +1 − mi ∆αi
j=1,j̸=io ,io +1
|{z} i=1
(2.43)
= mj ou mj−1
ou seja,
L(P ∗ , f , α) − L(P , f , α) ≥ 0 ,
completando a demonstrac~ao de (2.35).
Se a partic~ao P ∗ possui mais pontos (no maximo, sera um numero nito de pontos a mais
que a partic~ao P ) repetimos o argumento acima um numero nito de vezes para obter (2.35).
A demonstrac~ao da desigualdade (2.36) e analoga e sua elaborac~ao sera deixada como
exerccio para o leitor.
Como consequ^encia segue o:
Teorema 2.2.1 Seja f : [a , b] → R uma func~ao limitada em [a , b]. Ent~ao
∫b ∫b
f dα ≤ f dα . (2.47)
a a
Demonstração:
Sejam P1 e P2 duas partico~es do intervalo [a , b] e consideremos a partic~ao P ∗ , o rena-
mento comum a estas duas partico~es, isto e,
P ∗ = P1 ∪ P 2 .
ou seja,
L(P1 , f , α) ≤ U(P2 , f , α) .
Portanto, o numero real U(P2 , f , α) e um limitante superior para o conjunto
{L(P1 , f , α) ; P1 ∈ P} .
Da desigualdade acima, segue que o numero real sup L(P1 , f , α) e um limitante inferior
P1 ∈P
do conjunto
{U(P2 , f , α) ; P2 ∈ P} .
Logo, existe inf U(P2 , f , α) e, alem disso, teremos:
P2 ∈P
ou seja,
∫b ∫b
f dα ≤ f dα ,
a a
= inf
′
U(P ′ , f , α) ≤ U(P , f , α) . (2.49)
P ∈P
Logo, dado ε > 0, por hipotese, existe uma partic~ao P ∈ P tal que
∫b ∫b
0≤ f dα − f dα
a a
(2.49) Hipotese (2.48)
≤ U(P, f, α) − L(P, f, α) < ε, (2.50)
ou seja,
∫b ∫b
0≤ f dα − f dα < ε ,
a a
e
∫b
Teor. (2.1.2) ε
L(P1 , f , α) > f dα −
a 2
∫b ∫b ∫b
a f dα= a f dα ε
= f dα − ,
a 2
o que implicar~ao em:
∫b
ε
0 ≤ U(P2 , f , α) < f dα + , (2.51)
a 2
∫b
ε
0 ≤ f dα < + L(P1 , f , α) . (2.52)
a 2
Consideremos a partic~ao P do intervalo [a , b], que e o renamento comum das partico~es
P1 e P2 , isto e,
P = P1 ∪ P2 .
Com isto teremos:
(2.36)
U(P , f , α) ≤ U(P2 , f , α)
∫
(2.51) b ε
< f dα +
a 2
(2.52) [ ε ] ε
< + L(P1 , f , α) +
2 2
= L(P1 , f , α) + ε
(2.35)
≤ L(P , f , α) + ε ,
ou seja,
U(P, f, α) − L(P, f, α) < ε ,
isto e, (2.48), completando a demonstrac~ao do resultado.
Temos alguns outros resultados semelhantes que s~ao dados pelo:
Teorema 2.2.2 Temos que:
1. Se (2.48) ocorrer para uma partic~ao P ∈ P do intervalo [a , b] e, para ε > 0,
ent~ao (2.48) tambem ocorrera trocando-se a partic~ao P do intervalo [a , b], por
uma outra partic~ao do intervalo [a , b], que seja um renamento da mesma (com
o mesmo ε > 0).
2. Se (2.48) ocorrer para a partic~ao
.
P = {a = xo , x1 , · · · , xn−1 , xn }
ent~ao
∑
n
|f (si ) − f (ti )| ∆αi < ε . (2.53)
i=1
ent~ao teremos n ∫b
∑
f(ti ) ∆αi − f dα < ε . (2.54)
a
i=1
Demonstração:
Suponhamos que vale (2.48) para a partic~ao P do intervalo [a , b].
De 1.:
Se a partic~ao P ∗ do intervalo [a , b] e um renamento da partic~ao P ent~ao, de (2.35) e
(2.36), segue que
o que implicara em
(2.48)
U(P ∗ , f , α) − L(P ∗ , f , α) ≤ U(P , f , α) − L(P , f , α) < ε ,
si , ti ∈ [xi−1 , xi ] ,
teremos
f (si ) , f (ti ) ∈ [mi , Mi ] ,
o que implicara em
|f (si ) − f (ti )| ≤ Mi − mi . (2.55)
Portanto
∑
n
(2.55) ∑
n
|f(si ) − f(ti )| ∆αi ≤ (Mi − mi ) ∆αi
i=1 i=1
∑
n ∑
n
= Mi ∆αi − mi ∆αi
i=1 i=1
(2.21) e (2.22) (2.48)
= U(P , f , α) − L(P , f , α) < ε , (2.56)
Como f ∈ R(α), do Corolario (2.2.1) segue que, dado ε > 0, existe uma partic~ao P do
intervalo [a , b] tal que
ε
U(P , f , α) − L(P , f , α) < . (2.57)
2
Sabemos que, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, escolhendo-se
ti ∈ [xi−1 , xi ] ,
teremos
f(ti ) ∈ [mi , Mi ] ,
o que implicara em
(2.21) ∑
n
L(P, f, α) = mi ∆αi
i=1
mi ≤f(ti ) ∑
n
≤ f(ti ) ∆αi
i=1
f(ti )≤Mi ∑n
≤ Mi ∆αi
i=1
(2.22) (2.57) ε
= U(P , f , α) < L(P , f , α) + ,
2
em particular,
ε ∑ n
ε
L(P , f , α) − < L(P , f , α) ≤ f(ti ) ∆αi < L(P , f , α) + ,
2 i=1
2
ou seja,
∑ n ε
f(ti ) ∆αi − L(P , f , α)< . (2.58)
2
i=1
ou seja, ∫b
L(P, f, α) − f dα < ε . (2.59)
2
a
Portanto
∫b ∫b
∑ n ∑ n
f(ti )∆αi − f dα ≤ f(ti )∆αi − L(P , f , α) + L(P , f , α) − f dα
} | {z a }
a
i=1
| i=1 {z
(2.59)
(2.58) ε
< ε < 2
2
ε ε
< + = ε, (2.60)
2 2
completando a demonstrac~ao do item 3. .
Com estes resultados podemos demonstrar o:
Teorema 2.2.3 C([a , b] ; R) ⊆ R(α) em [a , b].
Demonstração:
Lembremos que estamos supondo que
Como f ∈ C([a , b]; R), segue que a func~ao f sera uniformemente continua em [a , b] (pois
[a , b] e um subconjunto compacto de R).
Logo, existira δ = δ(ε) > 0, de modo que
Assim, teremos
∑
n ∑
n
U(P , f , α) − L(P , f , α) = Mi ∆αi − mi ∆αi
i=1 i=1
∑
n
= (Mi − mi ) ∆αi
| {z }
i=1 (2.65)
=|Mi −mi | < η
∑
n
<η ∆αi
i=1
= η
|{z}
[α(b) − α(a)] < ε . (2.66)
(2.61)
ε
< α(b)−α(a)
Portanto, pelo Corolario (2.2.1), segue que f ∈ R(α) em [a , b], completando a demons-
trac~ao do resultado.
Temos tambem o:
Teorema 2.2.4 Suponhamos que a func~ ao f : [a , b] → R e monotona em [a , b] e que a
func~ao α : [a , b] → R seja monotona crescente e contnua em [a , b].
Ent~ao f ∈ R(α), em [a , b].
Demonstração:
Lembremos, uma vez mais, que estamos supondo
Vamos exibir a demonstrac~ao para o caso em que a func~ao f ser monotona crescente em
[a , b].
A demonstrac~ao para o caso em que a func~ao f e monotona decrescente em [a , b] e
semelhante e sera deixada como exerccio para o leitor.
Podemos supor, sem perda de generalidade, que
caso contrario a func~ao f sera constante (logo contnua em [a , b]) e, do Teorema (2.2.3) acima,
teremos que f ∈ R(α) em [a , b].
Dado ε > 0, para cada N ∈ N, escolhamos uma partic~ao
.
PN = {a = xo , x1 , · · · , xN = b}
2.2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES 29
Se
α(b) − α(a)
α(x1 ) + ≥ α(b) , (2.72)
N
consideraremos
.
x2 = b
e com isto, de (2.72), teremos
α(x2 ) − α(x1 ) = α(b) − α(x1 )
(2.72) α(b) − α(a)
≤ ,
N
30 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
a = xo < x 1 < x 2 ≤ b .
∑
N
= [f(xi ) − f(xi−1 )] ∆αi
|{z}
i=1 (2.68) α(b)−α(a)
≤ N
α(b) − α(a) ∑
N
≤ [f(xi ) − f(xi−1 )]
N
|i=1 {z }
=f(b)−f(a)
Teorema 2.2.5 Sejam f : [a.b] → R uma func~ao limitada em [a , b], que possui somente
um numero nito de pontos de descontinuidade e α : [a , b] → R uma func~ao monotona
crescente que e contnua em todos os pontos onde a func~ao f e descontnua.
Ent~ao f ∈ R(α) em [a , b].
Demonstração:
Seja E ⊆ [a , b] o conjunto formado por todos os pontos onde a func~ao f e descontnua (o
conjunto E e nito, por hipotese).
Como a func~ao f e limitada em [a , b], segue que existe
.
M = sup |f(x)| .
x∈[a ,b]
com
yj−1 < yj , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m} .
a uj yj vj b
a func~ao f e desconnua
Seja
{ }
. δj yj − yj−1 y1 − a b − ym
δ = min , , , ; para j ∈ {1 , 2 , · · · , m} > 0 . (2.79)
2 4 2 2
Para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m}, consideremos
. .
uj = yj − δ e vj = yj + δ . (2.80)
Notemos que
(2.79) y
δ ≤ 2 −y1
4 y2 − y1
y1 + 2 δ ≤ y1 +
2
y1 + y2
=
2
y1 <y2 y2 + y2
< = y2 ,
2
ou seja,
(2.80)
v1 = y1 + δ
+δ−δ
= (y1 + 2 δ) − δ
| {z }
<y2
(2.80)
< y2 − δ = u2 .
De modo analogo, podemos mostrar (por induc~ao sobre j ∈ {1 , 2 , · · · , m − 1}) que, para
cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m − 1}, teremos
(2.80) (2.80)
vj < uj+1 , ou seja, a < uj < vj < uj+1 < vj+1 < b . (2.81)
Deixaremos a demonstracao deste fato como exerccio para o leitor.
Logo, das desigualdades (2.81) acima, para j ∈ {1 , 2 , · · · , m − 1}, segue que os intervalos
[uj , vj ] ⊆ [a , b]
s~ao disjuntos.
Notemos tambem que, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m}, teremos:
(2.80) (2.79) δj
|vj − yj | = |uj − yj | = δ ≤ < δj ,
2
o que implicara, por (2.78), que
∑
m ∑
m ∑
m
[α (vj ) − α (uj )] = [α(v ) − α(yj )] + [α(y ) − α(uj )]
| j {z } | j {z }
j=1 j=1 j=1
α e mon. crescente (2.78) α e mon. crescente (2.78)
= |α(vj )−α(yj )|= < ε
8Mm
= |α(yj )−α(uj )|= < ε
8Mm
ε ε
<m +m
8Mm 8Mm
ε
= , (2.82)
4M
2.2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES 33
mostrando (2.77).
Observemos tambem que, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m}, por construc~ao, temos que:
(2.80)
yj ∈ (uj , vj )
e assim teremos:
∪
m
E⊆ (uj , vj )
j=1
. ∪ m
K = [a , b] \ (uj , vj ) (2.83)
j=1
vj − uj+1 < δ .
uj ∈ P ;
vj ∈ P ;
(uj , vj ) ∩ P = ∅ ;
(iv) se
xi−1 ̸= uj , para todo j ∈ {1 , 2 , · · · , m} ,
deveremos ter
∆xi < η .
34 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
6 -
<δ
a func~ao f e desconnua
Denotemos por
.
I = {i ∈ {1 , 2 , · · · , n} ; xi−1 ̸= uj , para todo j ∈ {1 , 2 , · · · , m}} .
Notemos que, se i ∈ I, devido a (i), (ii) e (iii), deveremos ter (veja (2.83)):
[xi−1 , xi ] ⊆ K . (2.85)
Como, para cada i ∈ I, a func~ao f e contnua em [xi−1 , xi ] (pois [xi−1 , xi ] ⊆ K, por (2.83)),
segue que existem si , ti ∈ [xi−1 , xi ], tais que
≤ 2 sup |f(x)| = 2 M ,
x∈[a ,b]
ou seja,
Mi − mi ≤ 2 M . (2.88)
Notemos tambem que, para i ∈ I, da continuidade uniforme da func~ao f em [xi−1 , xi ] ⊆ K
(isto e, de (2.84)), do fato que
∑ ε ∑n
≤ 2M [ α(x ) − α(x ) ]+ ∆αi
| i {z i−1} 2[α(b) − α(a)] i=1
i∈{1,··· ,m}\I xi−1 =uj
i
e xi =vji | {z }
= α(vji )−α(uji )
=α(b)−α(a)
∑ ε ∑
n
≤ 2M [α(vj ) − α(uj )] + ∆αi
2[α(b) − α(a)]
j∈{1,··· ,m}
| {z } |i=1{z }
(2.77) =α(b)−α(a)
ε
< 4M
ε ε
< 2M + [α(b) − α(a)]
4 M 2 [α(b) − α(a)]
ε ε
= + = ε. (2.91)
2 2
Portanto, pelo Corolario (2.2.1), segue que f ∈ R(α) em [a , b], completando a demons-
trac~ao do resultado.
Observação 2.2.6 Como consequ^ encia do Teorema (2.2.5) acima, temos que toda func~ao
f : [a , b] → R que
e seccionalmente contnua em [a , b], pertencera a R em [a , b].
De fato, pois neste caso temos que a func~ao α : [a , b] → R sera dada por
.
α(x) = x , para cada x ∈ [a , b] ,
que e uma func~ao monotona crescente e contnua em [a , b], em particular, sera contnua
nos pontos de descontinuidade da func~ao f em [a , b] (que s~ao em numero nito, pois
a func~ao f e seccionalmente contnua em [a , b]).
36 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
Temos tambem o:
Teorema 2.2.6 Suponhamos que f ∈ R(α) em [a , b], m , M ∈ R s~ao tais que
m ≤ f(x) ≤ M , para cada x ∈ [a , b] ,
e a func~ao ϕ : [m , M] → R e uma func~ao contnua em [m , M].
Consideremos h : [a , b] → R a func~ao dada por
.
h(x) = (ϕ ◦ f)(x) , para cada x ∈ [a , b] .
Ent~ao h ∈ R(α) em [a , b].
Demonstração:
Se a func~ao ϕ for identidamente nula, nada teremos a fazer.
Logo podemos supor, sem perda de generalidade, que a func~ao ϕ n~ao e identicamente
nula em [m , M].
Dado ε > 0, como a func~ao ϕ e contnua em [m , M], que e um subconjunto compacto
em R, segue que ela sera uma func~ao limitada e uniformemente contnua em [m , M], ou seja,
existira
.
K = sup |ϕ(y)| > 0 (2.92)
y∈[m ,M]
de modo que
δ2
U(P , f , α) − L(P , f , α) < . (2.95)
2K
Para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, denotemos por:
. .
mi = inf f(x) e Mi = sup f(x) ,
x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]
. .
m∗i = inf h(x) e M∗i = sup h(x) ,
x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]
.
A = {i ∈ {1 , 2 , · · · , n} ; 0 ≤ Mi − mi < δ} , (2.96)
.
B = {i ∈ {1 , 2 , · · · , n} ; Mi − mi ≥ δ} . (2.97)
Observemos que
A ∩ B = ∅.
2.2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES 37
= sup ϕ[f(x)]
x∈[xi−1 ,xi ]
mi ≤f(x)≤Mi , para x∈[xi−1 ,xi ]
≤ sup ϕ(y) (2.98)
y∈[mi ,Mi ]
= inf ϕ[f(x)]
x∈[xi−1 ,xi ]
mi ≤f(x)≤Mi , para x∈[xi−1 ,xi ]
≥ inf ϕ(y) . (2.99)
y∈[mi ,Mi ]
Portanto
∑
n ∑
n
U(P , h , α) − L(P , h , α) = M∗i ∆αi − m∗i ∆ αi
i=1 i=1
∑n
= (M∗i − m∗i ) ∆αi
i=1
∑ ∑
= (M∗ − m∗ ) ∆αi + (M∗i − m∗i ) ∆αi
| i {z i } | {z }
i∈A (2.100)
i∈B (2.101)
ε
< α(b)−α(a)+1 ≤ 2K
ε ∑ ∑
< ∆αi +2 K ∆αi
α(b) − α(a) + 1 i∈A
|∑ {z } | {z }
i∈B
n
≤ i=1 ∆αi (2.102)
δ
< 2K
ε ∑n
δ
≤ ∆αi +2 K
α(b) − α(a) + 1 i=1 2K
| {z }
=α(b)−α(a)
ε [α(b) − α(a)]
= + δ
|{z}
α(b) − α(a) + 1
(2.93)
ε
< α(b)−α(a)+1
= ε.
Portanto, pelo Corolario (2.2.1), segue que h ∈ R(α) em [a , b], completando a demons-
trac~ao do resultado.
Alem disso ∫b ∫b
(c f) dα = c f dα .
a a
5. Se f ∈ R(α) em [a , b] e
|f(x)| ≤ M , para cada x ∈ [a , b] ,
ent~ao ∫ b
f dα ≤ M [α(b) − α(a)] .
a
Demonstração:
De 1.:
Se
.
P = {a = xo , x1 , · · · , xn−1 , xn = b}
e uma partic~ao do intervalo [a , b], denotaremos por:
. .
mi = inf f(x) , Mi = sup f(x) ,
x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]
. .
ni = inf g(x) , Ni = sup g(x) ,
x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]
. .
m∗i = inf (f + g)(x) , M∗i = sup (f + g)(x) .
x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]
40 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
Observemos que
= mi + n i , (2.103)
M∗i = sup (f + g)(x)
x∈[xi−1 ,xi ]
= M i + Ni . (2.104)
Observemos que, dado ε > 0, como f , g ∈ R(α) em [a , b], pelo Corolario (2.2.1), segue
que existem partico~es Pf , Pg ∈ P, do intervalo [a , b], tais que
ε
U(Pf , f , α) − L(Pf , f , α) < , (2.105)
2
ε
U(Pg , g , α) − L(Pg , g , α) < . (2.106)
2
∑
n ∑
n
L(P , f , α) + L(P , g , α) = mi ∆αi + ni ∆αi
i=1 i=1
∑n
= (mi + ni ) ∆αi
i=1
(2.103) ∑
n
≤ m∗i ∆αi
i=1
= L(P , f + g , α) , (2.107)
∑n ∑ n
U(P , f , α) + U(P , g , α) = Mi ∆αi + Ni ∆αi
i=1 i=1
∑
n
= (Mi + Ni ) ∆αi
i=1
(2.104) ∑
n
≥ M∗i ∆αi
i=1
= U(P , f + g , α) (2.108)
Logo
(2.108) e (2.107)
U(P ∗ , f + g , α) − L(P ∗ , f + g , α) ≤ [U(P ∗ , f , α) + U(P ∗ , g , α)]
− [L(P ∗ , f , α) + L(P ∗ , g , α)]
= [U(P ∗ , f , α) − L(P ∗ , f , α)] + [U(P ∗ , g , α) − L(P ∗ , g , α)]
Pf ,Pg ⊆P ∗ , (2.35) e (2.36)
≤ [U(Pf , f , α) − L(Pf , f , α)] + [U(Pg , g , α) − L(Pg , g , α)]
| {z } | {z }
(2.105) (2.106)
ε ε
< 2 < 2
ε ε
= + = ε.
2 2
Portanto, pelo Corolario (2.2.1), segue que
(f + g) ∈ R(α) em [a , b] .
Notemos tambem que, como f , g ∈ R(α) em [a , b], segue da denic~ao de nmo que,
podemos encontrar duas partico~es Pf , Pg ∈ P tais que
∫b
ε
U(Pf , f , α) < f dα + , (2.109)
2
|a {z }
=inf P∈P U(P ,f ,α)
∫b
ε
U(Pg , g , α) < g dα + . (2.110)
2
|a {z }
=inf P∈P U(P ,g ,α)
Por outro lado, como f , g ∈ R(α) em [a , b], segue da denic~ao de supremo que, podemos
encontrar duas partico~es Pf , Pg ∈ P tais que
∫b ∫b
ε ε
L(Pf , f , α) > f dα − e L(Pg , g , α) > g dα − . (2.114)
2 2
| {z }
a
| {z }
a
=supP∈P L(P ,f ,α) =supP∈P L(P ,g ,α)
teremos
(2.35)
L(P ∗ , f , α) ≥ L(Pf , f , α)
∫
(2.114) b ε
> f dα − , (2.115)
a 2
(2.35)
L(P ∗ , g , α) ≥ L(Pg , g, α)
∫
(2.114) b ε
> g dα − . (2.116)
a 2
Logo
∫b
(f + g) dα ≥ L(P ∗ , (f + g) , α)
a
(2.107)
≥ L(P ∗ , f , α) + L(P ∗ , g , α)
(∫ b ) (∫ b )
(2.115) e (2.116) ε ε
> f dα − + g dα −
a 2 a 2
∫b ∫b
= f dα + g dα − ε .
a a
Demonstração:
De 1.:
Consideremos ϕ : R → R a func~ao dada por
.
ϕ(t) = t2 , para cada t ∈ R .
f 2 ∈ R(α) em [a , b] . (2.119)
(f + g) , (f − g) ∈ R(α) em [a , b] .
f g ∈ R(α) em [a , b] ,
De 2.:
Consideremos ϕ : R → R a func~ao dada por
.
ϕ(t) = |t| , para cada t ∈ R .
|f| ∈ R(α) em [a , b] .
c=1 ou c = −1 ,
de modo que
∫b
c f dα ≥ 0 ,
a
segue que
∫ b ∫b ∫b
f dα = c f dα Prop. (2.3.1) item 2.
= (c f) dα
a a a
c f≤|f| e Prop. (2.3.1) item 3.
∫b
≤ |f| dα ,
a
1 -
-
x
Demonstração:
A gura abaixo nos fornece a representac~ao geometrica do graco da func~ao α:
6
1 -
-
s x
-
xo = a x1 = s x2 x3 = b
. .
mi = inf f(x) e Mi = sup f(x) .
x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]
∑
3
U(Po , f , α) = Mi ∆αi
i=1
= M1 [α(|{z}
x1 ) − α(|{z}
xo )] + M2 [α(x2 ) − α(|{z}
x1 )] + M3 [α(|{z}
x3 ) − α(x2 )]
=s =a =s =b
∑
3
L(Po , f , α) = mi ∆αi
i=1
= m1 [α(|{z}
x1 ) − α(|{z}
xo )] + m2 [α(x2 ) − α(|{z}
x1 )] + m3 [α(|{z}
x3 ) − α(x2 )]
=s =a =s =b
x2 → s = x1 ,
segue que
M2 = sup f(x) e m2 = inf f(x) → f(s) . (2.125)
x∈[x1 ,x ] x∈[x1,x ]
| {z 2} | {z 2}
=[s ,x2 ] =[s ,x2 ]
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
2.3. PROPRIEDADES DA INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES 47
Logo
m2 = L(Po , f , α)
| {z }
(2.124)
= m2
≤ sup L(P , f , α)
P∈P
| {z }
∫b
= a f dα
(2.23)
≤ inf U(P , f , α)
P∈P
| {z }
∫b
= a f dα
≤ U(Po , f , α) = M2 , (2.126)
| {z }
(2.123)
= M2
ou ainda,
inf f(x) = m2
x∈[x1,x ]
| {z 2}
=[s ,x2 ]
∫b
≤ f dα
a
(2.126)
∫b
≤ f dα
a
(2.126)
≤ M2 = sup f(x) , (2.127)
x∈[x1 ,x ]
| {z 2}
=[s ,x2 ]
para cada
x2 ∈ (x1 , x3 ) = (s , b) .
Fazendo
x2 → s+ ,
isto e, considerando partico~es
P = {xo = a , x1 = s , x2 , · · · , xn = b} ,
assim,
∫b ∫b
f(s) = f dα = f dα ,
a a
48 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
. ∑
N
α(x) = cn I(x − sn ) , para cada x ∈ R . (2.128)
n=1
Demonstração:
Observemos que a func~ao α e monotona crescente em R, pois se
x1 ≤ x2
I(x1 − sn ) ≤ I(x2 − sn ) ,
logo
∑
N
α(x1 ) = cn I(x1 − sn )
n=1
0≤cn ∑
N
≤ cn I(x2 − sn )
n=1
= α(x2 ) .
segue que
∫b ∫ b (∑
N
)
f dα = f cn dαn
a a n=1
∑
N ∫b
Prop. (2.3.1) itens 1., 2. e 6.
= cn f dαn
n=1 | {z }
a
(2.122)
= f(sn )
∑
N
= cn f(sn ) , (2.130)
n=1
Demonstração:
Podemos supor, sem perda de generalidade, que
f ̸= 0 ,
logo
∑
∞
α(x1 ) = cn I(x1 − sn )
n=1
0≤cn ∑
∞
≤ cn I(x2 − sn )
n=1
= α(x2 ) .
Seja
. f
e cont. em[a ,b] f̸≡0
M = sup |f(x)| = max |f(x)| > 0 . (2.133)
x∈[a ,b] x∈[a ,b]
∑
∞
Logo, dado ε > 0, como a serie numerica cn e convergente em R, podemos encontrar
n=1
No ∈ N, de modo que
∑
∞
ε
cn < . (2.134)
n=No +1
M
Denamos as funco~es α1 , α2 : R → R, dadas por:
. ∑ . ∑
No ∞
α1 (x) = cn I(x − sn ) e α2 = cn I(x − sn ) , para cada x ∈ R . (2.135)
n=1 n=No +1
Notemos que:
∑
∞
α(a) = cn I(a − s ) = 0,
| {z n}
n=1 =0, pois a<sn , para n∈N
∑
∞ ∑
∞
α(b) = cn I(b − sn ) = cn . (2.136)
| {z }
n=1 =1, pois sn <b, para n∈N n=1
Notemos que
Por outro lado, como f ∈ R(α2 ) segue, da Proposic~ao (2.3.1) item 5., que
∫ b
f dα2 ≤ sup |f(x)| [α2 (b) − α2 (a)]
a x∈[a ,b]
| {z }
=M
(2.138) ε
< M = ε. (2.139)
M
Mas
α = α1 + α2 ,
(2.139)
= f dα2 < ε , (2.140)
a
∑
∞
mostrando que a serie numerica cn f(sn ) e convergente em R, e sua soma sera igual a
∫b n=1
Teorema 2.3.1 Sejam f , α : [a , b] func~oes denidas em [a , b], tais que a func~ao f e uma
func~ao limitada em [a , b] e a func~ao α e monotona crescente, diferenciavel em [a , b] e
alem disso α ′ e uma func~ao Riemann integravel em [a , b] (ou seja, α ′ ∈ R em [a , b]).
Ent~ao f ∈ R(α) em [a , b] se, e somente se, f α ′ ∈ R em [a , b].
Neste caso teremos: ∫ ∫
b b
f dα = f(x) α ′ (x) dx . (2.141)
a a
Demonstração:
Seja
.
M = sup |f(x)| , (2.142)
x∈[a ,b]
Observemos que a func~ao α ′ esta denida em [a , b], logo a func~ao α devera ser contnua
em [a , b].
Assim, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, aplicando-se o Teorema do Valor Medio a func~ao α no
intervalo [xi−1 , xi ], obteremos ti ∈ (xi−1 , xi ), de modo que
Teor. Valor Medio
∆αi = α(xi ) − α(xi−1 ) = α ′ (ti ) (xi − xi−1 ) = α ′ (ti ) ∆xi . (2.146)
si ∈ [xi−1 , xi ] ,
.
segue, de (2.143) e do Teorema (2.2.2) item 2. (tomando-se naquele α(x) = x, para cada
x ∈ [a , b]), que
∑
n
ε
|α ′ (si ) − α ′ (ti )| ∆xi < . (2.147)
i=1
M
2.3. PROPRIEDADES DA INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES 53
Portanto
∑ n ∑n ∑ n
f(si ) ∆αi − ′
f(si ) α (si ) ∆xi = f(si ) ∆αi
|{z} −α (si ) ∆xi
′
i=1 i=1
i=1 (2.146)
= α ′ (ti ) ∆xi
∑ n
′ ′
= f(si ) [α (ti ) − α (si )] ∆xi
i=1
∑
n
≤ |f(si )| |α ′ (ti ) − α ′ (si )| ∆xi
| {z }
i=1 (2.142)
≤ M
∑
n
≤M |α ′ (ti ) − α ′ (si )| ∆xi
|i=1 {z }
(2.147)
ε
< M
ε
<M = ε.
M
Em particular, teremos:
∑
n ∑
n
f(si ) ∆αi < f(si ) α ′ (si ) ∆xi + ε
| {z }
i=1 i=1 (2.145)
≤supx∈[x (f α ′ )(x) = M∗i
i−1 ,xi ]
∑
n
≤ M∗i ∆xi + ε
i=1
= U(P , f α ′ ) + ε , (2.148)
e
∑
n ∑
n
f(si ) α ′ (si ) ∆xi < f(si ) ∆αi + ε
|{z}
i=1 i=1 (2.144)
≤supx∈[x f(x) = Mi
i−1 ,xi ]
∑
n
≤ Mi ∆αi + ε
i=1
= U(P , f , α) + ε . (2.149)
ou seja,
U(P , f , α) ≤ U(P , f α ′ ) + ε . (2.150)
54 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
ou seja,
U(P , f α ′ ) ≤ U(P , f , α) + ε . (2.151)
Portanto, de (2.150) e (2.151), segue que
Notemos tambem que, (2.143) ocorrera se trocarmos a partic~ao P , do intervalo [a , b], por
uma partic~ao que e um renamento da mesma, implicando que (2.152), tambem ocorrera se
trocarmos a partic~ao P , do intervalo [a , b], por uma outra partic~ao que e um renamento da
mesma.
Logo, tomando-se o nmo em (2.152), sobre todas as partico~es P do intervalo [a , b],
obteremos: ∫ ∫ ∫
b b b
f(x) α ′ (x) dx − ε ≤ f dα ≤ f(x) α ′ (x) dx + ε , (2.153)
a a a
ou seja, para todo ε > 0 teremos
∫ ∫b
b
f dα − f(x) α ′ (x) dx < ε ,
a a
mostrando que
∫b ∫b
f dα = f(x) α ′ (x) dx . (2.154)
a a
De modo semelhante, mostra-se que
∫b ∫b
f dα = f(x) α ′ (x) dx . (2.155)
a a
f ∈ R(α) em [a , b]
∫b ∫b
se, e somente se f dα = f dα
a a
∫b ∫b
de (2.154) e (2.155), se, e somente se ′
f(x) α (x) dx = f(x) α ′ (x) dx
a a
se, e somente se (f α ) ∈ R em [a , b] .
′
(2.156)
2.3. PROPRIEDADES DA INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES 55
Demonstração:
Notemos que a func~ao ϕ sera bijetora e assim, do Teorema da continuidade da func~ao
inversa (visto em Analise I), segue que a func~ao ϕ admitira func~ao inversa ϕ−1 : [a , b] →
[A , B], que tambem sera uma func~ao estritamente crescente e contnua em [a , b].
Como a func~ao α e monotona crescente em [a , b] e a func~ao ϕ e monotona crescente em
[A , B], segue que a func~ao
β=α◦ϕ
tambem sera monotona crescente em [A , B].
Alem disso, como a func~ao f e limitada em [a , b] e a func~ao ϕ e contnua em [A , B], que
e um subcojunto compacto de R (logo o conjunto ϕ([A , B]) e um subconjunto compacto em
R), segue que a func~ao g sera limitada em [A , B].
Notemos que se
.
P = {xo = a , x1 , · · · , xn−1 , xn = b}
e uma partic~ao do intervalo [a , b], como a func~ao ϕ e estritamente crescente em [A , B],
teremos que
. { . . . . }
Q = yo = ϕ−1 (a) = A , y1 = ϕ−1 (x1 ) , · · · , yn−1 = ϕ−1 (xn−1 ) , yn = ϕ−1 (b) = B
⊆ [A , B] , (2.159)
sera uma partic~ao do intervalo [A , B] e reciprocamente, ou seja, a cada partic~ao do inter-
valo [a , b], correspondera uma partic~ao do intervalo [A , B], por meio da func~ao (bijetora e
estritamente crescente em [a , b]) ϕ, e reciprocamente.
Notemos que, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, teremos:
s ∈ [yi−1 , yi ] se, e somente, se t = ϕ(s) ∈ [xi−1 , xi ] .
56 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
Logo, dado ε > 0, como f ∈ R(α) em [a , b], pelo Corolario (2.2.1), segue que existe uma
partic~ao P , do intervalo [a , b], tal que
que e um resultado importante do Calculo 1 e nos diz como fazer para mudar de
variaveis na integral denida (ou seja, na integral de Riemann em intervalos fechados
e limitados de R).
2.4. RELAC ~
OES ENTRE INTEGRAC ~ E DIFERENCIAC
AO ~
AO 57
De fato,
∫b . ∫b ∫B
Teor. (2.3.1), com α(x)=x (2.158)
f(x) dx = f dα = g dβ
a a A
∫ ϕ−1 (b)
g=ϕ◦f ,β=ϕ ,A=ϕ−1 (a) e B=ϕ−1 (b)
= (f ◦ ϕ) dϕ
ϕ−1 (a)
. ∫ ϕ−1 (b)
Teor. (2.3.1), com α(x)=ϕ(x)
= (f ◦ ϕ)(x)ϕ ′ (x) dx ,
ϕ−1 (a)
≤ |f(t)| dt
x | {z }
≤M
Prop. (2.3.1) item 5.
≤ M |y − x| . (2.166)
58 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
= Mδ
(2.167) ε
= M = ε,
M
mostrando que a func~ao F e uniformemente contnua em [a , b].
Se a func~ao f for contnua em xo ∈ [a , b] ent~ao, dado ε > 0, poderemos encontrar
δ = δ(xo , ε) > 0, de modo que
1
< ε (t − xo ) = ε ,
t − xo
ou seja,
F(t) − F(xo )
lim+ = f(xo ) , (2.169)
t→xo t − xo
2.4. RELAC ~
OES ENTRE INTEGRAC ~ E DIFERENCIAC
AO ~
AO 59
Demonstração:
Dado ε > 0, como f ∈ R em [a , b], do Teorema (2.2.2) item 3. (e da Observac~ao (2.2.4)
item 3.), segue que existe uma partic~ao
.
P = {a = xo , x1 , · · · , xn = b} ,
do intervalo [a , b] tal que se, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, escolhendo-se ti ∈ [xi−1 , xi ], teremos
∫b
∑n
f(t i ) ∆x i − f(x) dx < ε. (2.173)
a
i=1
Por outro lado, como a func~ao F e diferenciavel em [a , b], segue que ela sera uma func~ao
(uniformemente) contnua em [a , b].
Portanto, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, do Teorema do Valor Medio aplicado ao intervalo
[xi−1 , xi ], segue que existira ti ∈ (xi−1 , xi ), de modo
Logo
∫b ∫b
(2.175) ∑n (2.173)
[F(b) − F(a)] − f(x) dx = f(ti ) ∆xi − f(x) dx < ε , (2.176)
a i=1 a
ou seja, ∫b ∫b
′
F(x) G (x) dx = F(b) G(b) − F(a) G(a) − F ′ (x) G(x) dx . (2.178)
a a
2.5. INTEGRAC ~ DE FUNC
AO ~
OES VETORIAIS 61
Demonstração:
Como as funco~es F e G s~ao continuamente diferenciaveis em [a , b], segue que as funco~es
f e g ser~ao funco~es contnuas em [a , b].
Logo as funco~es F g e f G ser~ao funco~es contnuas em [a , b] e assim, pelo Teorema (2.2.3),
elas ser~ao funco~es Riemann integraveis em [a , b].
Consideremos a func~ao H : [a , b] → R dada por
.
H(x) = F(x) G(x) , para cada x ∈ [a , b] ,
Mas
∫b
(2.4)
F(b) G(b) − F(a) G(a) = H ′ (x) dx
a
∫b
= [F ′ (x) G(x) + F(x) G ′ (x)] dx
a | {z } | {z }
=f(x) =g(x)
∫b ∫b
= f(x)G(x) dx +
F(x)g(x) dx ,
a a
∫b ∫b
ou seja, F(b) G(b) − F(a) G(a) = f(x) G(x) dx + F(x) g(x) dx ,
a a
fj : [a , b] → R , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , k} ,
Observação 2.5.1
1. A Denic~ao (2.5.1) acima, nos diz que uma func~ao, denida no intervalo [a , b]
a valores vetoriais, sera Riemann-Stieltjes integravel em [a , b], relativamente a
func~ao α, se, e somente se, cada func~ao componente associada a mesma, for uma
func~ao Riemann-Stieltjes integravel em [a , b], relativamente a func~ao α.
Neste caso a integral de Riemann-Stieltjes da func~ao vetorial no intervalo [a , b]
sera obtida integrando-se, cada uma das func~oes componentes associadas a mesma
no intervalo [a , b].
2. Diremos que a func~ao vetorial f : [a , b] → Rk e uma função limitada em [a , b] se
existir M > 0, tal que
∥f(x)∥ ≤ M , para cada x ∈ [a , b] ,
onde ∥.∥ denota a norma usual de Rk , isto e,
√
.
∥(a1 , a2 , · · · , ak )∥ = a12 + a22 + · · · + ak2 .
Proposição 2.5.1
2.5. INTEGRAC ~ DE FUNC
AO ~
OES VETORIAIS 63
Ent~ao ∫b
f(x) dx = F(b) − F(a) .
a
Demonstração:
Para demonstrar os itens 1. ate 5., basta aplicar os itens 1., 2., 4., 6. e 7. da Proposic~ao
(2.3.1) a cada uma das componentes das funco~es vetoriais envolvidas e a Denic~ao (2.5.1).
Para demonstrar o item 6., basta aplicar o Teorema (2.3.1) a cada uma das componentes
das funco~es vetoriais envolvidas e a Denic~ao (2.5.1).
Para demonstrar os itens 7. e 8., basta aplicar, respectivamente, os Teoremas (2.4.1) e
(2.4.2), a cada uma das componentes das funco~es vetoriais envolvidas e a Denic~ao (2.5.1),
completando a demonstrac~ao do resultado.
Um outro resultado interessante e dado pela:
onde ∥.∥ denota a norma usual de Rk (veja Observac~ao (2.5.1) item 2).
Demonstração:
Observemos que se as funco~es componentes da func~ao vetorial f s~ao as funco~es
fj : [a , b] → R , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , k} ,
ent~ao √
∥f(x)∥ = [f1 (x)]2 + · · · + [fk (x)]2 , para cada x ∈ [a , b] . (2.181)
Como f ∈ R(α) em [a , b], da Denic~ao (2.5.1), para cada j ∈ {1, · · · , k}, temos que
fj ∈ R(α) em [a , b] .
Logo, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , k}, do Corolario (2.3.1) item 1., segue que
fj 2 ∈ R(α) em [a , b] .
. ∑ 2
k
F= fj ∈ R(α) em [a , b] . (2.182)
j=1
2.5. INTEGRAC ~ DE FUNC
AO ~
OES VETORIAIS 65
Notemos que
(2.181) e (2.182) √
∥f(x)∥ = F(x)
= (ϕ ◦ F)(x) , para cada x ∈ [a , b] .
Observemos que
∑
k
∥y∥ =2
yj 2
j=1
∑
k
= yj yj
|{z}
j=1 (2.183)∫b
= a fj dα
∑
k (∫ b )
= yj fj dα
j=1 a
∫ b (∑
k
)
Prop. (2.3.1) itens (1). e (2).
= yj fj dα . (2.184)
a j=1
segue que
v v
u k u k
∑
k
u∑ u∑
yj fj (t) ≤ t yj2 t [fj (t)]2
j=1 j=1 j=1
(2.181)
= ∥y∥ ∥f(t)∥ .
66 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
(ii) Por outro lado, se ∥y∥ ̸= 0, dividindo-se (2.185) por ∥y∥ > 0, obteremos
∫b
∫ b
∫b
∥y∥ ≤ ∥f∥ dα , ou seja,
f dα
≤ ∥f∥ dα ,
|{z}
∫b a a a
∥ a f dα∥
γ(a) = γ(b),
Observação 2.6.1 Duas curvas parametrizadas distintas[ podem ter o mesmo traco.
]
1
Para ilustrar, consideremos γ1 : [0 , 1] → R2 e γ2 : 0 , → R2 , dadas por
2
[
]
. . 1
γ1 (t) = (t , 0) , para t ∈ [0 , 1] e γ2 (s) = (2 s , 0) , para s ∈ 0, .
2
. ∑
n
Λ(P , γ) = ∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥ . (2.186)
i=1
∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥ ,
6 γ(t5 ) = γ(b)
γ(t1 )
γ(t2 )
γ(t4 )
γ(t3 )
γ(to ) = γ(a)
-
-
to = a t1 t2 t3 t4 t5 = b t
Em princpio, quanto maior o numero de pontos da partic~ao P , mais perto o numero real,
n~ao negativo, Λ(P , γ), cara do valor do comprimento do traco da curva γ (se este existir!).
Devido a este fato, emprico, introduziremos a:
68 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
Demonstração:
Notemos que a func~ao γ ′ : [a , b] → Rk e uma func~ao contnua em [a , b].
Logo a func~ao ∥γ ′ ∥ : [a , b] → R tambem sera uma func~ao contnua em [a , b] (pois a
norma e uma func~ao contnua).
Portanto a integral de Riemann, do lado direito de (2.188), existira.
Observemos tambem que se
.
P = {to = a , t1 , · · · , tn−1 , tn = b}
e uma partic~ao do intervalo [a , b], teremos
∫ ti
Prop. (2.5.1) item 8.
∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥ =
γ (s) ds
′
ti−1
Prop.
∫
(2.5.1) item 8. ti
≤ ∥γ ′ (s)∥ ds . (2.189)
ti−1
Assim teremos:
∑
n
Λ(P , γ) = ∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥
i=1
n ∫ ti
∑
(2.189)
≤ ∥γ ′ (s)∥ ds
i=1 ti−1
∫b
= ∥γ ′ (s)∥ ds . (2.190)
a
Por outro lado, dado ε > 0, como a func~ao γ ′ e contnua em [a , b], que e um subconjunto
compacto em R, segue que a func~ao γ ′ sera uniformemente contnua em [a , b].
Logo, podemos encontrar δ = δ(ε) > 0, de modo que se
s , t ∈ [a , b] , satisfaz |s − t| < δ ,
ε
deveremos ter: ∥γ ′ (s) − γ ′ (t)∥ < . (2.192)
2 (b − a)
Seja
.
P = {to = a , t1 , · · · , tn−1 , tn = b}
uma partic~ao do intervalo [a , b] (sempre existe !) de modo que
.
∆ti = ti − ti−1 < δ . (2.193)
Notemos que, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, se t ∈ [ti−1 , ti ], segue que
ε
∥γ ′ (t) − γ ′ (ti )∥ < ,
| {z } 2(b − a)
Des. triangular
≥ ∥γ ′ (t)∥−∥γ ′ (ti )∥
ou seja,
ε
∥γ ′ (t)∥ ≤ ∥γ ′ (ti )∥ + . (2.194)
2(b − a)
Logo, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, teremos
∫ ti ∫ ti (
(2.194)
)
′ ε
∥γ (t)∥ dt ≤ ∥γ ′ (ti )∥ + dt
ti−1 ti−1 2 (b − a)
ε
= ∥γ ′ (ti )∥ (ti − ti−1 ) + (ti − ti−1 )
| {z
}
2 (b − a) | {z }
∫ t
∆ti
∥γ ′ (ti ) (ti −ti−1 )∥=
ti γ ′ (ti ) dt
∫ ti
i−1
ε
=
{γ (t) + [γ (ti ) − γ (t)]} dt
′ ′ ′
+ 2 (b − a) ∆ti
t
∫ ti−1 ∫ ti
i
ε
=
γ ′
(t) dt − [γ ′
(t) − γ ′
(ti )] dt
+
2 (b − a) ∆ti
ti−1
ti−1
∫
∫
Des. triangular
ti
ti
ε
≤
′
γ (t) dt
+
[γ (t) − γ (ti )] dt
′ ′
+ ∆ti
2 (b − a)
|
ti−1
{z }
| ti−1
{z }
Prop. (2.5.1)
Prop. (2.5.2)
=
item 8.
γ(ti )−γ(ti−1 )
≤
∫ ti
′ ′
ti−1 ∥γ (t)+γ (ti )∥ dt
∫ ti
ε
≤ ∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥ + ∥γ ′ (t) − γ ′ (ti )∥ dt + ∆ti
ti−1 | {z } 2 (b − a)
ε
< 2 (b−a) , por (2.194), pois |ti −ti−1 |<δ
ε ε
< ∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥ + ∆ti + ∆ti
2 (b − a) 2 (b − a)
ε
= ∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥ + ∆ti . (2.195)
(b − a)
70 CAPITULO 2. A INTEGRAL DE RIEMANN-STIELTJES
Logo ∫b n ∫ ti
∑
′
∥γ (t)∥ dt = ∥γ ′ (t)∥ dt
a i=1 ti−1
n (
∑ )
(2.195) ε
< ∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥ + ∆ti
i=1
(b − a)
∑
n
ε ∑
n
= ∥γ(ti ) − γ(ti−1 )∥ + ∆ti
(b − a)
|
i=1
{z } | {z }
i=1
(2.187) soma telescopica
= Λ(P,γ) = b−a
ε
= Λ(P , γ) + (b − a)
| {z } (b − a)
≤supP∈P Λ(P ,γ)=Λ(γ)
≤ Λ(γ) + ε ,
que, juntamente com (2.191), mostram que (2.188) ocorrera, completando a prova do resul-
tado.
2.7 Exercı́cios
Capı́tulo 3
Neste captulo trataremos da converg^encia pontual e uniforme das sequ^encias e das series de
funco~es e algumas aplicaco~es.
Comecaremos com a converg^encia pontual das sequ^encias e das series de funco~es.
Definição 3.1.2 Sejam E ⊆ R n~ao vazio, f : E → A uma func~ao e (fn )n∈N uma sequ^encia
de func~oes, onde para cada n ∈ N temos que fn : E → A, onde A = R ou A = C..
∑
∞
Diremos que a serie de func~oes fn converge pontualmente (ou ponto a ponto)
n=1
∑
∞
para a função f em E se, para cada xo ∈ E xado, a serie numerica fn (xo ) for con-
n=1
vergente para f(xo ), ou seja, a sequ^encia das somas parcias (Sn )n∈N for convergente,
pontualmente, para a func~ao f em E, onde, para cada n ∈ N, temos que:
. ∑
n
Sn (x) = fi (x) , para cada x ∈ E . (3.3)
i=1
71
72 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
∑
∞
e diremos que a func~ao f e a soma da série de funções fn .
n=1
Observação 3.1.1
4. Sob este ponto de vista, a resposta para a quest~ao (a), do item 1. acima, pode ser
colocada da seguinte forma:
Por um lado teremos:
E ( )
f →f
lim f(x) n= lim lim fn (x) , (3.5)
x→xo x→xo n→∞
5. Veremos em alguns exemplos a seguir que isto, em geral, n~ao pode ser feito.
Resolução:
Notemos que, para cada m ∈ N xado, teremos:
m Exerccio
lim Sm ,n = lim = 0.
n→∞ n→∞ m + n
Logo ( )
lim lim Sm,n = 0 . (3.8)
m→∞ n→∞
∑
∞
e, com isto, podemos considerar a serie de func~oes fn .
n=1
∑
∞
Armamos que fn = f, pontualmente em R, onde a func~ao f : R → R e dada por
n=1
{
. 0 , para x = 0
f(x) = , para cada x ∈ R . (3.10)
1 + x2 , para x ̸= 0
Resolução:
Notemos que, para cada n ∈ N, teremos
( )n ∑
∞
02
fn (0) = = 0, ou seja, f(0) = fn (0) = 0 .
1 + 02 n=1
74 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
Exemplo 3.1.3 Notemos que, no Exemplo (3.1.2) acima, para cada n ∈ N xado, a
func~ao fn e contnua em R, mas a func~ao f não e contnua em x = 0, pois
x̸=0 e (3.10) ( ) (3.10)
lim f(x) = lim 1 + x2 = 1 ̸= 0 = f(0) ,
x→0 x→0
Um Exemplo, mais simples que o Exemplo (3.1.2) acima em que ocorre uma situac~ao
analoga e dado pelo:
Exemplo 3.1.4 Para cada n ∈ N xado, consideremos a func~ao fn : [0 , 1] → R dada por
.
fn (x) = xn , para cada x ∈ [0 , 1] .
Ent~ao
em
p
fm → f [0, 1] ,
onde a func~ao f : R → R e dada por
{
. 0, para x ∈ [0 , 1)
f(x) = .
1, para x = 1
Notemos que, para cada n ∈ N xado, a func~ao fn e contnua em [0 , 1], mas a func~ao
f não
e contnua em x = 1.
^
3.1. CONVERGENCIA ^
PONTUAL DE SEQUENCIAS
E SERIES DE FUNC ~
OES 75
Resolução:
Dexiaremos a resoluc~ao como exerccio para o leitor.
Temos tambem o:
Armamos que
E
fm → f ,
onde a func~ao f : [0 , 1] → R e dada por
{
. 0, para x ̸∈ I ∩ [0 , 1]
f(x) = .
1, para x ∈ Q ∩ [0 , 1]
Resolução:
Observemos que
(i) Se
m! x ∈ Z ,
teremos
cos (m! x π) = ±1 ,
ou seja, [cos(m! x π)]2 = 1 ,
isto e, fm (x) = lim [cos(m! π x)]2n = 1 .
n→∞
(i') Se
x ∈ Q, ent~ao, m! x ∈ Z ,
para cada m ∈ N, sucientemente grande.
De fato, se
p
x ∈ Q, ent~ao, x = ,
q
para p , q ∈ Z com q ̸= 0.
Seja
m ∈ N, de modo que, m > q .
Ent~ao
p
m! x = m!
q
p
= [m · (m − 1) · · · (q − 1) · q · (q + 1) · · · 2 · 1]
q
= [m · (m − 1) · · · (q − 1) · (q + 1) · · · 2 · 1] · p ∈ Z .
(ii') Se
x ∈ I, ent~ao, m! x ̸∈ Z .
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Logo, do item 2. acima, segue que
f(x) = 0 .
Resolução:
De fato, para cada x ∈ R xado, temos que
sen(nx) Exerccio
lim fn (x) = lim √ = 0 = f(x) .
n→∞ n→∞ n
Observemos que, para cada n ∈ N xado, a func~ao fn e diferenciavel em R e
cos(nx) √
fn ′ (x) = √ n= n cos(nx) , para cada x ∈ R .
n
Em particular, a sequ^encia de funco~es (fn ′ )n∈N não e convergente para a func~ao f ′ , pois,
por exemplo, √
fn (0) = n → ∞ , quando n → ∞ .
Logo, neste caso, temos que
[ ]
d d [ ]
lim fn (x) ̸= lim fn (x) .
n→∞ dx dx n→∞
Como ( )2n
0 < 1 − x2 < 1,
78 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
se mostrarmos que
n2
lim ( )n = 0 , (3.13)
n→∞ 1 − x2
Logo,
n
1< + 1 − r.
2
Com isto, podemos encontrar k ∈ N, de modo que
n( )
k ∈ r, + 1 .
2
De fato, pois
n
0<k< + 1,
2
ou seja, 0 < 2k < n + 2,
ou ainda, 0 < n − 2 k + 2 ,
equivalentemente, n < 2n − 2 k + 2
( n )k
ou seja, < n − k + 1.
2
^
3.1. CONVERGENCIA ^
PONTUAL DE SEQUENCIAS
E SERIES DE FUNC ~
OES 79
que:
n nk k
(1 + p) > k p
2 k!
nr 2k k!
isto e, 0< < nr−k → 0 , quando n → ∞ , (3.17)
(1 + p)n pk
| {z }
n.o real xado
pois
r − k < 0.
Alem disso
∫1 ∫1 ∫1
1
lim fn (x) dx = ≠ 0= f(x) dx = lim fn (x) dx ,
n→∞ 0 2 0 0 n→∞
ou seja, ∫1 ∫1
lim fn (x) dx ̸= lim fn (x) dx .
n→∞ 0 0 n→∞
em E , implicara em: fn → f em E
u p
fn → f
. ∑
n
Sn (x) = fi (x) , para cada x ∈ E . (3.19)
i=1
^
3.2. CONVERGENCIA ^
UNIFORME DE SEQUENCIAS
E SERIES DE FUNC ~
OES 81
seguira que
|f(x) − fn (x)| < ε , para cada x ∈ E ,
mostrando que a sequ^encia de funco~es (fn )n∈N converge uniformemente para a func~ao f em
E, completando a demonstrac~ao do resultado.
Observação 3.2.2
1. Quando (3.20) ocorre diremos que a sequ^encia de func~oes (fn )n∈N e uma sequência
uniformemente de Cauchy em E.
Ent~ao
u
fn → f , em E
se, e somente se,
n→∞
Mn → 0 .
Demonstração:
Notemos que
em E
u
fn → f ,
se, e somente se, dado ε > 0, podemos encontrar No = No (ε) ∈ N, de modo que, se
m
∑
ou seja, M
i < ε,
|{z}
i=n+1 ≥0
|∑ {z }
m
i=n+1 Mi
∑
m
ou ainda, Mi < ε . (3.24)
i=n+1
∑
∞
Armamos que a sequ^encia das somas parciais da serie de funco~es fn , isto e, a sequ^encia
n=1
de funco~es (Sn )n∈N (dada por (3.19)), e uma sequ^encia uniformemente de Cauchy em E.
De fato, se m > n ≥ No , teremos
∑ m ∑n
|Sm (x) − Sn (x)| = fi (x) − fi (x)
i=1 i=1
∑ m
= fi (x)
i=n+1
∑
m
≤ |fi (x)|
| {z }
i=n+1 (3.23)
≤ Mi
∑m
≤ Mi
i=n+1
(3.24)
< ε,
84 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
mostrando a armac~ao.
Logo, do Teorema (3.2.1) (ou seja, o criterio de Cauchy para a converg^encia uniforme),
segue que a sequ^encia de funco~es (Sn )n∈N e uniformemente convergente em E, ou ainda, a
∑
∞
serie de funco~es fn sera uniformemente convergente em E, para alguma func~ao f : E → A,
n=1
completando a demonstrac~ao do resultado.
Observação 3.2.3 O Teste M. de Weierstrass nos fornece uma condic~ao suficiente para
∑
∞
que uma serie de func~oes fn seja uniformemente convergente em E.
n=1
Pode-se mostrar que esta condic~ao não é necessária para que uma serie de func~oes
∑
∞
fn seja uniformemente convergente em E.
n=1
Deixaremos a cargo do leitor encontrar um exemplo para esta situac~ao.
ou seja, [ ]
[ ]
lim lim fn (x) = lim lim fn (x) .
x→xo n→∞ n→∞ x→xo
Demonstração:
Dado ε > 0, como a sequ^encia de funco~es (fn )n∈N converge uniformemente para a func~ao
f em E, do Teorema (3.2.1), segue que existe No = No (ε) ∈ N, tal que se
Fazendo
x → xo
na desigualdade acima, utilizando-se o fato que a func~ao | · | : R → R e contnua em A e que
lim fk (x) = Lk ,
x→xo
obteremos
|Lm − Ln | < ε ,
ou seja, a sequ^encia numerica (Ln )n∈N e uma sequ^encia numerica de Cauchy em A, que e um
espaco metrico completo (com a metrica induzida pela norma | · |).
Logo, existira L ∈ A, tal que
L = lim Ln . (3.29)
n→∞
isto e, [ ]
[ ]
lim lim fn (x) = lim lim fn (x) , (3.35)
x→xo n→∞ n→∞ x→xo
ou seja, o resultado acima nos fornece condic~oes suficientes para que possamos trocar
a ordem dos limites, no duplo limite que estamos interessados em calcular.
Demonstração:
Como, para cada n ∈ N, a func~ao fn e contnua em xo , teremos
= lim Ln
n→∞
= lim fn (xo )
n→∞
u
fn →f
= f(xo ) , (3.36)
Observação 3.2.5
Ent~ao
u
fn → f , em K .
Demonstração:
Para cada n ∈ N, consideremos a func~ao gn : K → R dada por
.
gn (x) = fn (x) − f(x) , para cada x ∈ K . (3.38)
Como a func~ao f e, para cada n ∈ N, a func~ao fn s~ao contnuas em K, segue que a func~ao
gn sera contnua em K.
Notemos tambem que, da hipotese (ii), segue que
p
gn → 0 , em K . (3.39)
Da hipotese (iv), segue que a sequ^encia de funco~es (gn )n∈N e uma sequ^encia monotona
decrescente em K.
Mostremos que
gn → 0, em K . (3.40)
u
88 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
n ([ε, ∞)) ,
Kn = g−1
Logo temos que, a sequ^encia de conjuntos (Kn )n∈N e uma sequ^encia decrescente de sub-
conjuntos compactos de (K , dR ), cuja intersecc~ao de todos e vazia.
^
3.2. CONVERGENCIA ^
UNIFORME DE SEQUENCIAS
E SERIES DE FUNC ~
OES 89
Utilizando-se o Corolario do Teorema 2.36 de [1], pagina 38, que nos diz:
"Suponhamos que uma sequ^encia decrescente de subconjuntos n~ao vazios e tal que cada
um dos subconjuntos da mesma e um subconjunto compacto de um espaco metrico.
Ent~ao a intersec~ao de todos os subconjuntos da sequ^encia devera ser n~ao vazia",
segue que existe N1 ∈ N tal que
KN1 = ∅ ,
em K ,
u
fn → f ,
6
1
f1 (x) = x
f2 (x) = x2
f3 (x) = x3
-
xo 1 x
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
A seguir estudaremos, de um modo mais profundo, o conjunto formado por todas as
funco~es, a valores reais, contnuas e limitadas denidas em um espaco (X , dX ).
Comecaremos introduzindo a:
Definição 3.2.3 Sejam (X , dX ) um espaco metrico e A = R (ou C) munido da metrica
usual (isto e, induzida pelo | · |).
Deniremos
.
Cb (X ; A) = {f : X → A ; a func~ao f e contnua e limitada em (X , dX )} .
Observação 3.2.7
1. Notemos que (Cb (X ; A) , + , ·) e um espaco vetorial sobre A, onde + indica a adic~ao
usual de func~oes e · denotara a multiplicac~ao de elementos de A por func~oes.
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
2. Com isto podemos denir a func~ao ∥ · ∥b : Cb (X ; A) → R dada por
.
∥f∥b = sup |f(x)| , para cada f ∈ Cb (X ; A) . (3.45)
x∈X
Notemos que:
(i) se f ∈ Cb (X ; A), ent~ao a func~ao f sera limitada em X, logo existe
sup |f(x)| ∈ [0 , ∞) ,
x∈X
= sup[|λ| |f(x)|]
x∈X
|λ|≥0
= |λ| sup |f(x)|
x∈X
(3.45)
= |λ| ∥f∥b ;
(v) se f , g ∈ Cb (X ; A) teremos
(3.45)
∥f + g∥b = sup |(f + g)(x)|
x∈X
= sup[|f(x) + g(x)|]
x∈X
|f(x)+g(x)|≤|f(x)|+|g(x)|
= sup[|f(x)| + |g(x)|]
x∈X
Demonstração:
Consideremos (fn )n∈N uma sequ^encia de Cauchy em ((Cb (X ; A) , + , ·) , db ), ou seja, dado
ε > 0, podemos encontrar No = No (ε) ∈ N tal que, se
m > n ≥ No ,
teremos: db (fm , fn ) < ε ,
| {z }
∥fm −fn ∥
Logo, do Teorema (3.2.1) (ou seja, o Criterio de Cauchy para a converg^encia uniforme de
uma sequ^encia de funco~es), juntamente com o Corolario (3.2.1), segue que existe uma func~ao
f : X → A, contnua em (X , dX ), tal que
em (X , dX )
u
fn → f ,
em X ,
u
fn → f ,
∥f − fN1 ∥ < ε = 1 ,
ou seja, |f(x) − fN1 (x)| < 1 , para cada x ∈ X ,
| {z }
≥|f(x)|−|fN1 (x)|
que implicara
Demonstração:
Podemos supor, sem perda de generalidade, que, para cada n ∈ N, tenhamos fn : [a , b] →
R, ou seja, e uma func~ao a valores reais.
Isto se deve ao fato que, se a func~ao fn for a valores complexos, podemos escrev^e-la como
fn = ℜ(fn ) + i ℑ(fn ) ,
e podemos aplicar as ideias da demonstrac~ao do caso real, a parte real e a parte imaginaria
da mesma (que s~ao funco~es a valores reais) e com isto obter a identidade (3.47), para o caso
em que a func~ao f e uma func~ao a valores complexos.
Deixaremos os detalhes da vericac~ao da situac~ao acima como exerccio para o leitor.
Notemos que as funco~es fn s~ao limitadas em [a , b] e que
em [a , b] ,
u
fn → f ,
assim a func~ao f tambem sera uma func~ao limitada em [a , b] (isso foi provado no nal da
demonstrac~ao do Teorema (3.2.5)).
Para cada n ∈ N, consideremos
.
εn = sup |f(x) − fn (x)| ≥ 0 . (3.48)
x∈[a ,b]
Logo
∫b ∫b ∫b
fn dα − εn [α(b) − α(a)] = fn dα − εn dα
a | {z } a a
∫b
= a dα
∫b
Prop. (2.3.1) itens 1. e 2.
= (fn − εn ) dα
a
∫b
= (fn − εn ) dα
a
(3.49)
fn −εn ≤ f , f
e limitada e Prop. (2.3.1) item 3.
∫b
≤ f dα (3.50)
a
∫b
≤ f dα
a
(3.49)
f ≤ fn +ε e Prop. (2.3.1) item 3.
∫b
≤ (fn + εn ) dα
a
∫b
fn ∈R(α)
= (fn + εn ) dα
a
∫b ∫b
Prop. (2.3.1) itens 1. e 2.
= fn dα + εn dα
a a
∫b
= fn dα + εn [α(b) − α(a)] , (3.51)
a
ou seja,
∫b ∫b
0≤ f dα − f dα
a a
(3.50) e (3.51)
(∫ b ) (∫ b )
≤ fn dα + εn [α(b) − α(a)] − fn dα − εn [α(b) − α(a)]
a a
= 2 εn [α(b) − α(a)]→0 , quando n → ∞ ,
pois
em [a , b] .
u
fn → f ,
Assim, (3.48) implicara que (veja a Proposic~ao (3.2.1))
εn → 0 , quando n → ∞ .
Logo
∫b ∫b
f dα = f dα , (3.52)
a a
ou seja, ∫ b
∫b
fn dα − f dα ≤ εn [α(b) − α(a)]→0 , quando n → ∞ ,
a a
pois
em [a , b] ,
u
fn → f ,
ou seja,
∫b ∫b
fn dα → f dα , quando n → ∞ ,
a a
Observação 3.2.8 Na situac~ao acima, a conclus~ao do resultado pode ser reescrita como:
∫b ∫b ∫b
lim fn dα = f
|{z} dα = lim fn dα .
n→∞ a a n→∞
a
lim fn
n→∞
Demonstração:
∑
∞
Como a serie de funco~es fn e uniformemente convergente para a func~ao f em [a , b],
n=1
∑
∞
temos que a sequ^encia das somas parciais da serie de funco~es fn , isto e, a sequ^encia de
n=1
funco~es (Sn )n∈N , e uniformemente convergente para a f em [a , b], onde, para cada n ∈ N,
temos:
. ∑
n
Sn (x) = fi (x) , para cada x ∈ [a , b] .
i=1
Como para cada n ∈ N, fn ∈ R(α) em [a , b], segue que que Sn ∈ R(α) em [a , b].
Como
em [a , b] ,
u
Sn → f ,
96 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
soma nita ∑ ∫b
n
= lim fi dα
n→∞ a
i=1
∞ ∫b
∑
= fn dα ,
n=1 a
Observação 3.2.9 Na situac~ao acima a conclus~ao do resultado acima pode ser reescrita
como: ∞ ∫b ∫b ∫ b∑
∑ ∞
fn dα = f
|{z} dα = fn dα .
n=1 a a
∑∞ a n=1
= fn
n=1
Ent~ao a sequ^encia de func~oes (fn )n∈N converge uniformente para uma func~ao f, onde
a func~ao f : [a , b] → A e diferenciavel em [a , b] e
f ′ (x) = g(x) , para cada x ∈ [a , b] .
Demonstração:
Dado ε > 0, como a sequ^encia numerica (fn (xo ))n∈N converge em (A, dA ), segue que ela
sera uma sequ^encia de Cauchy em (A , dA ).
Logo poderemos encontrar N1 = N1 (ε , xo ) ∈ N, tal que se
ε
m > n ≥ N1 , teremos |fm (xo ) − fn (xo )| < . (3.54)
2
Por outro lado, como a sequ^encia de funco~es (fn ′ )n∈N converge uniformemente para a
func~ao g em [a , b], segue, do Teorema (3.2.1), que ela sera uma sequ^encia de funco~es unifor-
mente de Cauchy em [a , b], ou seja, podemos encontrar N2 = N2 (ε) ∈ N, tal que se
ε
m > n ≥ N2 , teremos |fm ′ (t) − fn ′ (t)| < , (3.55)
2 (b − a)
^
3.2. CONVERGENCIA ^
UNIFORME DE SEQUENCIAS
E SERIES DE FUNC ~
OES 97
Com isto, se
ε ε
< (b − a) = . (3.57)
2(b − a) 2
|fm (x) − fn (x)| = |[fm (x) − fn (x)] − [fm (xo ) − fn (xo )] + [fm (xo ) − fn (xo )]|
≤ |[fm (x) − fn (x)] − [fm (xo ) − fn (xo )]| + |fn (xo ) − fm (xo )|
| {z } | {z }
(3.57) (3.54)
ε ε
< 2
< 2
< ε,
para cada x ∈ [a , b], ou seja, a sequ^encia de funco~es (fn )n∈N e uma sequ^encia de funco~es que
e uniformente de Cauchy em [a , b].
Logo segue, do Teorema (3.2.1), que a sequ^encia de funco~es (fn )n∈N e uma sequ^encia de
funco~es uniformemente convergente para uma func~ao f em [a , b].
Para cada x ∈ [a , b] e n ∈ N xados, consideremos as funco~es ϕ, ϕn : [a , b] \ {x} → R
dadas por
1 ε ε
< |t − x| = , (3.60)
|t − x| 2 (b − a) 2 (b − a)
ou seja, a sequ^encia de funco~es (ϕn )n∈N e uma sequ^encia de funco~es que e uniformente de
Cauchy em [a , b] \ {x}.
Logo segue, do Teorema (3.2.1), que a sequ^encia de funco~es (ϕn )n∈N e uma sequ^encia de
funco~es uniformemente convergente para uma func~ao em [a , b] \ {x}.
Como
em [a , b] ,
u
fn → f ,
Aplicando o Teorema (3.2.3) a sequ^encia de funco~es (ϕn )n∈N segue que, para cada x ∈
[a , b], xado, teremos:
.
Ln = lim ϕn (t) = fn ′ (x)
.
f ′ (t) = lim ϕ(t) lim Ln = lim fn ′ (t) ,
t→x
=
t→x n→∞ n→∞
f ′ = g, em [a , b] ,
Observação 3.2.10
Para cada n ∈ N, do fato que a func~ao fn for Riemann integravel em [a, b], segue,
do Teorema (2.4.2) (Teorema Fundamental do Calculo - II, aplicado ao intervalo
[xo , x] ou [x , xo ]), que ∫ x
fn (x) = fn (xo ) + fn′ (t) dt ,
xo
(Sn (xo ))n∈N converge em (A , dA ) e a sequ^encia de funco~es (Sn ′ )n∈N e uniformemente con-
vergente para uma g em [a , b], onde, para cada n ∈ N, temos:
. ∑
n
Sn (x) = fi (x) , para cada x ∈ [a , b] .
i=1
Observação 3.2.11 Na situac~ao acima a conclus~ao do resultado acima pode ser rees-
crita como:
∞ [ ] [∞ ]
∑ d d ∑
fn (x) = g(x) = f ′ (x) = fn (x) , para cada x ∈ [a , b] .
n=1
dx dx n=1
Demonstração:
Consideremos a func~ao ϕ : [−1 , 1] → R dada por
.
ϕ(t) = |t| , para cada t ∈ [−1 , 1] , (3.61)
satisfazendo
ϕ(x + 2) = ϕ(x) , para cada x ∈ R ,
-
−2 −1
1 2
para cada s , t ∈ R.
De fato, notemos que:
1. se
|t − s| ≤ 2 ,
existem k ∈ Z e s , t ∈ [−1, 1] tais que
.
s = s + 2 k e t = t + 2 k . (3.64)
2. se
|t − s| > 2 , (3.65)
existem k , m ∈ Z e s , t ∈ [−1 , 1] tais que
.
s = s + 2 k e t = t + 2 m . (3.66)
102 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
Logo,
(3.64)
|ϕ(s) − ϕ(t)| = |ϕ (s + 2k) − ϕ (t + 2m) |
ϕ
e 2-periodica
= |ϕ(s) − ϕ(t)|
s ,t∈[−1 ,1] e (3.62)
≤ |s − t|
s ,t∈[−1 ,1] (3.65)
≤ 2 < |s − t| ,
De (3.63), segue que a func~ao ϕ e uma func~ao contnua em (R , dR ) (na verdade ela e
uniformemente contnua em (R , dR )).
Podemos agora denir a func~ao f : R → R por
( )n
. ∑
∞
3
f(x) = ϕ (4n x) , para cada x ∈ R . (3.67)
n=0
4
4m x − 2
1
4m x 4m x + 2
1
-
<1
teremos
ϕ (4n x + 4n δm ) − ϕ (4n x)
|γn ,m | =
δm
1
= |ϕ (4n x + 4n δm ) − ϕ (4n x)|
|δm |
(3.63) 1
≤ |(4n x + 4n δm ) − 4n x|
|δm |
1 n
= 4 |δm |
|δm |
= 4n ,
mostrando (3.76).
Temos algo semelhante para o caso que δm < 0.
Deixaremos os detalhes como exerccio para o leitor.
Portanto
ϕ
e 2-periodica
|ϕ (4m x + 4m δm ) − ϕ (4m x)| = |ϕ (4m x + 4m δm − 2 k) − ϕ (4m x − 2 k)|
(3.76) e (3.61)
= |(4m x + 4m δm − 2 k) − (4m x − 2 k)|
= 4m |δm | . (3.78)
Logo, se (3.74) ocorre, teremos:
ϕ (4m x + 4m δm ) − ϕ (4m x)
|γm ,m | =
δm
(3.78) 1 m
= 4 |δm |
|δm |
= 4m . (3.79)
Portanto, para cada m ∈ N, teremos:
∞ ( ) ∞ ( )n
f(x + δm ) − f(x) (3.67) 1 ∑ 3
n ∑ 3
= n
ϕ[4 (x + δm )] − ϕ(4 x)
n
δm
|δm | n=0 4 4
n=0
∞ ( )n ( )
∑ 3 ϕ[4 (x + δm )] − ϕ(4 x)
n n
=
n=0 4 | δm
{z }
(3.69)
= γn ,m
∑ ∞ ( )n
3
= γn,m
4
n=0
m ( )n
de (3.73) γn =0 para n>m ∑ 3
= γn ,m
4
( ) n=0
3 m
∑ ( 3 )n
m−1
= γm,m + γn ,m
4 4
n=0( )n
m−1
3m ∑ 3
≥ m |γm ,m | − γn ,m
4 | {z } n=0
4
(3.79)
= 4m
3.3. FAMILIA DE FUNC ~
OES EQUICONTINUAS 107
m−1 ( )
∑ 3 n
∑ ( 3 )n
m−1
=3 −
m
γn ,m ≥ 3 −
m
|γn ,m |
4 n=0
4 | {z } n=0 (3.75)
≤ 4n
∑
m−1
≥3 −
m
3n
n=0
1 − 3m−1
= 3m −
1−3
1 − 3m
= 3m +
2
m
3 1
= 3m − +
| {z 2} 2
m
= 32
1 3m
= (3m + 1) ≥ . (3.80)
2 2
Portanto, quando
(3.68) 1
m → ∞, temos que δm = ± → 0,
2 4m
mas, de (3.80), teremos que
f(x + δm ) − f(x)
→ ∞,
δm
mostrando que a func~ao f n~ao e diferenciavel em x ∈ R, completando a demonstrac~ao do
resultado.
( Prosseguindo
) com as ideias acima, para cada j ∈ N, podemos encontrar uma( subsequ^ )encia
fnkj , da sequ^encia de funco~es (fn )n∈N , de modo que sequ^encia numerica fnkj (xj )
nkj ∈N nkj ∈N
que sera convergente para aj ∈ A, em (A , dA ), ou seja,
fnkj (xj ) → aj , quando nkj → ∞ . (3.86)
Em particular, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , j}, teremos
fnkj (xi ) → ai , quando nk2 → ∞ ,
3.3. FAMILIA DE FUNC ~
OES EQUICONTINUAS 109
Com isto mostramos que existe uma subsequ^encia (fnk )nk ∈N , da sequ^encia de funco~es
(fn )n∈N , que e pontualmente convergente em E1 , completando a demonstrac~ao do resultado.
Resolução:
Notemos que o conjunto
.
K = [0 , 2 π]
ou seja,
lim [ sen(nk x) − sen(nk+1 x)]2 = 0 . (3.87)
k→∞
= 0. (3.88)
Notemos que
∫ . ∫
1
sen (nk x) dx sen2 (u)
2 u=nk x⇒du=nk dx
= du
nk
[ ]
Exerccio 1 sen(2u)
= u−
2nk 2
[ ]
1 sen (2 nk x)
= nk x − ,
2 nk 2
logo
∫2π [ ]
1 sen(2 nk x) x=2 π
sen (nk mx) dx =
2
nk x −
0 2 nk 2 x=0
nk 2 π
= = π.
2 nk
Logo ∫2π
sen2 ( nk x) dx = π . (3.89)
0
De modo semelhante teremos
∫2π
sen2 (nk+1 x) dx = π . (3.90)
0
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Finalmente
∫ ∫
sen(a) sen(b)= cos(a−b)2cos(a+b)
1
sen(nk x) sen(nk+1 x) dx = [cos(nk x − nk+1 x) − cos(nk x + nk+1 x)] dx
2
[ ]
1 sen(nk x − nk+1 x) sen(nk x + nk+1 x)
=− − , (3.91)
2 nk − nk+1 nk + nk+1
assim
∫2π [ ]
Teor. Fund. Calc. e (3.91) sen(nk x − nk+1 x) sen(nk x + nk+1 x) x=2 π
sen(nk x) sen(nk+1 x) dx = −
0 nk − nk+1 nk + nk+1 x=0
= 0. (3.92)
Portanto, (3.89), (3.90), (3.92) e (3.88) dar~ao origem a um absurdo, pois
∫2π
(3.89),(3.90),(3.92) (3.88)
2π = [ sen(nk x) − sen(nk+1 x)]2 dx = 0 .
0
Isto nos mostra que, não podera existir uma subsequ^encia da sequ^encia de funco~es (fn )n∈N ,
convegindo pontualmente, em [0 , 2 π], para alguma func~ao f, denida [0 , 2 π].
Observação 3.3.3 Uma outra quest~ ao importante e saber se uma sequ^encia de func~oes
(fn )n∈N , que
e pontualmente convergente em E, pode conter uma subsequ^encia que seja
uniformemente convergente E, onde E ⊆ R.
O Exemplo a seguir nos mostra que isto, em geral, pode não ocorrer, mesmo que, a
converg^encia pontual da sequ^encia de func~oes seja em um compacto de (R , dR ).
3.3. FAMILIA DE FUNC ~
OES EQUICONTINUAS 111
Assim
x2 + (1 − n x)2 > 0 , para cada x ∈ [0 , 1] .
Logo,
x2 + (1 − n x)2 ̸= 0
assim, para cada n ∈ N, a func~ao fn esta bem denida.
Alem disso
x2 x2 +(1−n x)2 ≥x2
|fn (x)| = ≤ 1, para cada x ∈ [0 , 1] ,
x2 + (1 − n x)2
ou seja, a sequ^encia de funco~es (fn )n∈N e uniformemente limitada em [0 , 1].
Notemos que, para cada x ∈ [0 , 1] xado, temos que
x2 + (1 − n x)2 → ∞ , quando n → ∞,
Em particular, teramos:
( )
1 1
→ 0, e por (3.93), deveria implicar que fn → 0, em (R , dR )
n n
| {z }
(3.94)
= 1
que sera convergente para ai , em (A , dA ), mostrando que existe uma subsequ^encia (fnk )nk k∈N ,
da sequ^encia de funco~es (fn )n∈N , que e pontualmente convergente em E, completando a de-
monstrac~ao do resultado.
podemos encontrar
i 1 , i 2 , · · · , iN ∈ N ,
de modo que
∪
N
K⊆ O ij ,
j=1
Demonstração:
Dado ε > 0, como
em K ,
u
fn → f ,
segue que existe No = No (ε) ∈ N, tal que se
ε
n ≥ No , deveremos ter ∥fn − fNo ∥ < , (3.96)
3
onde
.
∥g∥ = sup |g(x)| .
x∈K
d(x , y) < δo ,
|fn (x) − fn (y)| = |fn (x) − fn (y) − fNo (x) + fNo (x) − fNo (y) + fNo (y)|
≤ |fn (x) − fNo (x)| +|fNo (x) − fNo (y)| + |fNo (y) − fn (y)|
| {z } | {z }
≤supx∈K |fn (x)−fNo (x)| ≤supx∈K |fNo (x)−fn (x)|
Por outro lado, como a sequ^encia de funco~es (fn )n∈N e pontualmente limitada em (K , dX ),
segue que, para cada i ∈ {1, · · · , No }, existira Mi > 0, tal que
|fn (pi )| < Mi , para cada n ∈ N . (3.103)
116 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
Seja
.
M = max{Mi ; i ∈ {1 , 2 , · · · , No }} . (3.104)
Notemos que, para cada x ∈ K, segue de (3.102), que existira io ∈ {1 , 2 , · · · , No }, de modo
que
x ∈ B(pio ; δ) . (3.105)
Assim, para cada n ∈ N, teremos:
≤ 1 + M,
xi 1 , x i 2 , · · · , x i N m ∈ K ,
de modo que
∪
N m ( )
1
K⊆ B xi m ; . (3.106)
m=1
m
Consideremos, para cada m ∈ N, o conjunto nito:
.
Em = {xim ; m ∈ N} ⊆ K
xjo ∈ B(x ; η) ,
isto e,
E = K.
Notemos que, do Teorema (3.3.1), segue que existe uma subsequ^encia (fnk )nk ∈N , da sequ^encia
de funco~es (fn )n∈N , que converge pontualmente em E (pois E e enumeravel, a sequ^encia (fn )n∈N
e pontualmente limitada em K, e E ⊆ K), ou seja,
Portanto se
i,k ≥ N,
teremos
|gi (x) − gk (x)| = |[gi (x) − gk (x)] + [gi (xjo ) − gi (xjo )] + [gk (xio ) − gk (xio )]|
≤ |gi (x) − gi (xjo )| + |gi (xjo ) − gk (xio )| + |gk (xio ) − gk (x)|
| {z } | {z } | {z }
d(x,xj )<δ
o
e (3.116) i,k≥N e (3.115) ε d(x,xj )<δ
o
e (3.116)
ε < ε
< 3 3 < 3
ε ε ε
=
+ + = ε,
3 3 3
ou seja, a sequ^encia de funco~es (gn )n∈N sera uniformemente de Cauchy em (K , dX ).
Logo, do Teorema (3.2.1) (na verdade do item 2. da Observac~ao (3.2.2)), segue que
a sequ^encia (gn )n∈N sera uniformemente convergente em (K , dX ), ou seja, existe uma sub-
sequ^encia (fnk )nk ∈N , da sequ^encia de funco~es (fn )n∈N , que converge uniformemente em (K , dX ),
completando a demonstrac~ao do item 2. e portanto do resultado.
3.4. O TEOREMA DE STONE-WEIERSTRASS 119
exista uma sequ^encia de funco~es (qn )n∈N , formada por polin^omios (com coecientes
complexos), de modo que
qn → g , em [0 , 1] . (3.118)
u
Dada
f ∈ C[a , b] ; C) ,
consideremos g : [0 , 1] → C dada por
.
g(x) = f[a + x (b − a)] , para cada x ∈ [0 , 1] . (3.119)
Logo, de (3.118), existira uma sequ^encia de funco~es (qn )n∈N , formada por polin^omios
(com coecientes complexos), de modo que
em [0 , 1] . (3.120)
u
qn → g ,
Notemos que, para cada n ∈ N, a func~ao pn , dada por (3.120), sera uma func~ao polino-
mial denida em [a , b].
Com isto, de (3.120) e (3.121), segue que que
( ) ( )
· − a uniformemente quando n→∞ ·−a
pn (·) = qn → g
b−a b−a
[ ( ) ]
(3.119) ·−a
= f a+ (b − a) = f(·) ,
b−a
ou seja,
em [a , b],
u
pn → f,
mostrando que a armac~ao 1. e verdadeira.
2. Tambem podemos supor, sem perda de generalidade, que
f(0) = f(1) = 0 . (3.122)
exista uma sequ^encia de funcoes (qn )n∈N , formada por polin^omios (com coecientes
complexos), de modo que
qn → g , em [0 , 1] . (3.123)
u
Dada
f ∈ C([0 , 1] ; C) ,
se considerarmos a func~ao g : [0 , 1] → C dada por
.
g(x) = f(x) − f(0) − x [f(1) − f(0)] , para cada x ∈ [0 , 1] , (3.124)
segue que
g ∈ C([0 , 1] ; C)
e alem disso
g(0) = f(0) − f(0) − 0 [f(1) − f(0)] = 0 ,
g(1) = f(1) − f(0) − 1 [f(1) − f(0)] = 0 .
Logo, de (3.123), existe uma sequ^encia de funco~es (qn )n∈N , formada por polin^omios
(com coecientes complexos) de modo que
em [0 , 1] . (3.126)
u
qn → g ,
3.4. O TEOREMA DE STONE-WEIERSTRASS 121
≥ 1 − n x2 . (3.132)
4 1
= √ >√ , (3.133)
3 n n
o que implicara em
(3.131) 1
cn = ∫1
( )n
1 − x2 dx
−1
(3.133) √
< n, para cada n ∈ N . (3.134)
Mas
√ ( )n 1 ( )n
n 1 − δ2 = n 2 1 − δ2
[ 1 ( )]n
= n 2n 1 − δ2 →0 , quando n → ∞ , (3.138)
pois, n 2n = e 2n ln(n) →1 , quando n → ∞
1 1
e
( )n
1 − δ2 ∈ (0 , 1) ,
pois temos (3.135).
Logo, dado ε > 0, existe N ∈ N, de modo que se
√ ( )n ε
n ≥ N, segue que, 0 ≤ n 1 − δ2 < . (3.139)
2
Logo, para cada x ∈ R, satisfazendo
δ ≤ |x| ≤ 1 ,
de (3.130), (3.137) e (3.138), segue que
qn (x)→0 , quando n → ∞ . (3.140)
Para cada n ∈ N, consideremos a func~ao pn : [0 , 1] → C, dada por
∫1
.
pn (x) = f(x + t) qn (t) dt , para cada x ∈ [0 , 1] . (3.141)
−1
Como, para cada n ∈ N, as funco~es f e qn s~ao funco~es contnuas em [−1 , 1], segue que a
func~ao pn esta bem denida.
Notemos que, para cada x ∈ [0 , 1], como (ver (3.129))
f ≡ 0, em (−∞ , 0] ∪ [1 , ∞) , (3.142)
segue, que para
t ∈ [−1 , −x] , isto e, t + x ∈ [x − 1 , 0] ⊆ (−∞ , 0] ,
de (3.142), teremos f(x + t) = 0 (3.143)
t ∈ [1 − x , 1] , isto e, t + x ∈ [1 , 1 + x] ⊆ [1 , ∞) ,
de (3.142), teremos f(x + t) = 0 . (3.144)
Logo
∫1
pn (x) = f(x + t) qn (t) dt
−1
∫ −x ∫ 1−x ∫1
= f(x + t) qn (t) dt + f(x + t)qn (t) dt + f(x + t) q (t) dt
−1 | {z } −x 1−x | {z } n
(3.143) (3.144)
= 0 = 0
∫ 1−x
= f(x + t)qn (t) dt
−x
(u =. x + t , logo, )
du = dt
t = −x , logo, u = 0 ∫1
t = 1 − x , logo, u = 1
= f(u) qn (u − x) du .
0
124 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
De fato, dado ε > 0, como a func~ao f e uniformemente contnua, existe δ = δ(ε) > 0, tal
que se
ε
|y − x| < δ , teremos |f(y) − f(x)| < . (3.145)
2
Seja
. (3.129)
M = sup |f(x)| ( = sup |f(x)|). (3.146)
x∈[0 ,1] x∈R
∫ −δ ∫δ
= |f(x + t) − f(x)| qn (t) dt + |f(x + t) − f(x)| qn (t) dt
−1 | {z } −δ | {z }
(3.146) (3.145)
≤ 2M < ε
2
, pois |(x+t)−x|=|t|<δ
∫1
+ |f(x + t) − f(x)| qn (t) dt
δ | {z }
(3.146)
≤ 2M
∫ −δ ∫1 ε ∫δ
< 2M qn (t) dt + qn (t) dt + qn (t) dt
−1 | {z } | {z } 2
(3.137)√
δ
(3.137)√ |−δ
{z }
≤ n (1−δ2 )n ≤ n (1−δ2 )n ∫1 (3.131)
≤ −1 qn (t) dt = 1
[ √ ( )n ] ε
≤ 2 M 2 n 1 − δ2 δ +
|{z} 2
<1
√ ( )n ε
≤ 4 M n 1 − δ2 +
| {z } 2
de (3.139), se n ≥ N, segue que ε
< 2
ε ε
< + = ε.
2 2
3.4. O TEOREMA DE STONE-WEIERSTRASS 125
em [0 , 1] ,
u
pn → f ,
Corolário 3.4.1 Para cada a > 0 xado, consideremos a func~ao f : [−a , a] → R, dada
por
.
f(x) = |x| , para cada x ∈ [−a, a] .
Ent~ao existe uma sequ^encia de func~oes polinomiais (pn )n∈N , de modo que, para cada
n ∈ N tenhamos
pn (0) = 0 (3.147)
e
u
pn → f , em [−a , a] . (3.148)
Demonstração:
Como f ∈ C([−a , a] ; R) segue, do Teorema de Stone-Weierstrass (isto e, Teorema (3.4.1)),
que existe uma sequ^encia de funco~es polinomiais, que denotaremos por (p∗n )n∈N , tal que
Em particular, teremos
e
(3.151)
pn (0) = p∗n (0) − p∗n (0) = 0 ,
completando a demonstrac~ao do resultado.
Temos a
126 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
Temos trambem a:
Definição 3.4.3O conjunto formado por todas as func~oes de F(E ; C) que s~ao limites
uniformes de sequ^encias de func~oes (fn )n∈N de A, sera dito fecho uniforme de A, e
sera indicado por
A.
Para o proximo resultado precisaremos do seguinte exerccio, cuja resoluc~ao sera deixada
para o leitor:
3.4. O TEOREMA DE STONE-WEIERSTRASS 127
1. para f , g ∈ B, de (3.153), segue que existem sequ^encias (fn )n∈N e (gn )n∈N em A, tais
que
fn → f e gn → g em E . (3.154)
u u
fn , gn ∈ A , teremos (fn + gn ) ∈ A .
em E ,
u
(fn + gn ) → (f + g) ,
ou seja,
(f + g) ∈ B .
2. de modo semelhante, para c ∈ C e f ∈ B, de (3.153), segue que existe sequ^encia (fn )n∈N
em A, tal que
fn → f , em E . (3.155)
u
c∈C e fn ∈ A , teremos (c fn ) ∈ A .
em E ,
u
(c fn ) → (c f) ,
ou seja,
(c f) ∈ B ,
128 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
Seja
.
L = max{L1 , L2 , · · · , Ln−1 , R + 1} . (3.162)
(fn gn ) → (f g) em E .
u
|fn (x) gn (x) − f(x) g(x)| = |[fn (x) gn (x) − f(x) g(x)] + [fn (x) g(x) − fn (x) g(x)]|
≤ |fn (x) [gn (x) − g(x)] + [fn (x) − f(x)] g(x)|
(3.156)
≤ |fn (x)| |gn (x) − g(x)| + |fn (x) − f(x)| |g(x)| → 0,
| {z } | {z }
(3.163) g∈A e (3.158)
≤ L ≤ M
quando n → ∞ , para x ∈ E,
ou seja,
em E ,
u
(fn gn ) → (f g) ,
ou ainda,
(f g) ∈ B ,
Diremos que A ⊆ F(E ; A) e uma famlia que separa pontos de E se, para cada
x1 , x2 ∈ E, com
Por outro lado, diremos que a famlia A não se anula em nenhum ponto de E se,
para cada xo ∈ E,
existe g ∈ A , tal que g(xo ) = ̸ 0. (3.165)
Como exemplo destes duas famlias que t^em as propriedades acima, temos o:
Ent~ao o conjunto A e uma algebra em F(R ; R), que separa pontos e n~ao se anula
em nenhum ponto de R.
Resolução:
O Exerccio (3.4.2) garante que o conjunto A e uma algebra em F(E ; A).
Notemos que se
x1 , x2 ∈ R , com x1 ̸= x2 ,
segue que
p(x1 ) = x1 ̸= x2 = p(x2 ) ,
segue que
q(xo ) = 1 ̸= 0 ,
ou seja, a algebra A e uma algebra em F(R; R), que n~ao se anula em nenhum ponto de R.
O exemplo a seguir nos fornece uma algebra em F(R ; R), que não separa pontos de R e
n~ao se anula em nenhum ponto de R.
3.4. O TEOREMA DE STONE-WEIERSTRASS 131
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao que A e uma algebra em F(R ; R).
Notemos que se
x1 ∈ R , com x1 ̸= 0 ,
teremos que
.
x1 ̸= x2 = −x1
e assim, para todo p ∈ A, como a func~ao p e uma func~ao par, segue que
p
e func~ao par
p(x2 ) = p(−x1 ) = p(x1 ) ,
q(xo ) = 1 ̸= 0 ,
Demonstração:
Como
x1 ̸= x2 ,
a algebra A em F(E ; A), que separa pontos e n~ao se anula em nenhum ponto de E, segue
que existem g , h , k ∈ A, tais que
u,v ∈ A.
Demonstração:
Notemos que, como o conjunto K e um subconjunto compacto de (X , dX ), segue que a
algebra A ⊆ C(K ; A) e uma algebra de funco~es limitadas (pois toda func~ao contnua, a
valores reais ou complexos, denida em um subconjunto compacto de um espaco metrico, e
uma func~ao limitada nesse compacto).
Logo, do Teorema (3.4.2), segue que A sera uma algebra em F(K ; R), que e uniformemente
fechada e contem a algebra A.
Mostraremos que, se f ∈ C(K ; A), dado ε > 0, podemos encontrar h ∈ A, tal que
Desta forma podemos encontrar uma sequ^encia (fn )n∈N em A, que converge uniformemente
para a func~ao f em K.
. 1
Para isto bastara, para cada n ∈ N, tomar ε = , na denic~ao converg^encia uniforme.
n
Portanto, f ∈ A, ou ainda, vale (3.176).
Mostremos que (3.177) ocorrera.
Para isto, notemos que, como A e uma algebra em F(K ; A), se
Dado ε > 0, do Corolario (3.4.1), segue que existe uma sequ^encia de funco~es polinomiais
(pn )n∈N , de modo que, para cada n ∈ N tenhamos
e pn → | · | , em [−a , a] ,
u
pn (0) = 0
pn (x) = c1 y + c2 y2 + · · · + cn yn
∑n
= ci yi , para cada y ∈ [−a , a] , (3.181)
i=1
para cada n ≥ No .
Denamos, para cada n ∈ N, a func~ao gn : R → R, dada por
. ∑
n
gn (y) = ci [g(y)]i , para cada y ∈ K . (3.183)
i=1
gn ∈ A .
gn ∈ A ,
satisfazem
h,s ∈ A. (3.188)
De fato, pois, para cada x ∈ K, temos que:
(i) se
max{f(x) , g(x)} = f(x)
ent~ao
min{f(x) , g(x)} = g(x) .
Assim
f(x) + g(x) |f(x) − g(x)| f(x)≥g(x) f(x) + g(x) f(x) − g(x)
+ = +
2 2 2 2
= f(x)
= max{f(x) , g(x)}
e
f(x) + g(x) |f(x) − g(x)| f(x)≥g(x) f(x) + g(x) f(x) − g(x)
− = −
2 2 2 2
= g(x)
= min{f(x) , g(x)} ,
ou seja,
Assim
f(x) + g(x) |f(x) − g(x)| g(x)≥f(x) f(x) + g(x) f(x) − g(x)
+ = −
2 2 2 2
= g(x)
= max{f(x) , g(x)}
e
f(x) + g(x) |f(x) − g(x)| g(x)≥f(x) f(x) + g(x) f(x) − g(x)
− = −
2 2 2 2
= f(x)
= min{f(x) , g(x)} ,
ou seja,
Portanto, de (i) e (ii) (mais precisamente, (3.189), (3.190), (3.191) e (3.192)) segue que,
para x ∈ K, teremos:
gxo (xo ) = f(xo ) e f(t) − ε < gxo (t) , para cada t ∈ K . (3.193)
hy (y) = f(y) ,
Denido-se
.
Jy = B(y ; δy ) ∩ K ,
segue que
f(t) − ε < hy (t) , para cada t ∈ Jy . (3.195)
Notemos que, para cada t ∈ K, existe y ∈ K, de modo que t ∈ Jy , ou seja,
∪
K⊆ Jy .
y∈K
138 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
y1 , y2 , · · · , yNo ∈ K ,
tais que
∪
No
K⊆ Jyi . (3.196)
i=1
hyi ∈ A ,
io ∈ {1 , 2 , · · · , No } ,
de modo que
t ∈ Jio , que, de (3.195), implicara em: hyio (t) > f(t) − ε . (3.199)
Assim teremos:
(3.197)
gxo (xo ) = max hy1 (xo ) , hy2 (xo ) , · · · , hyNo (xo )
| {z } | {z }
(3.194) (3.194)
= f(xo ) = f(xo )
= f(xo ), (3.200)
(3.197) { }
gxo (t) = max hy1 (t) , hy2 (t) , · · · , hyNo (t)
(3.199)
≥ hyio (t) > f(t) − ε , (3.201)
Observação 3.4.2
1. O Teorema de Stone só é válido para algebras contidas nas func~oes contnuas,
denidas em compactos, a valores reais, isto e, o Teorema de Stone não é válido,
em geral, para algebras contidas nas func~oes contnuas, a valores complexos (veja
a Observac~ao (3.4.4)).
2. O Teorema de Stone sera valido para algebras contidas nas func~oes contnuas em
compactos, a valores complexos, se acrescentarmos a hipotese da algebra A ser
uma algebra auto-adjunta, isto e, se
f ∈ A, implicar f ∈ A , (3.206)
Demonstração:
Consideremos
.
AR = {f ∈ A ; f e uma func~ao a valores reais}.
Notemos que AR e uma algebra de funco~es, a valores real.
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Notemos que se f ∈ A, ent~ao podemos escrever
f ∈ A,
x1 ̸= x2 ,
como a algebra A, separa pontos de K, segue, da Proposic~ao (3.4.1), que existe f ∈ A, tal que
f(x1 ) = 1 e f(x2 ) = 0 .
g(xo ) ̸= 0 .
Seja
.
λ = g(xo ) .
Neste caso, teremos que
λ g(xo ) = | g(xo ) |2 > 0 .
| {z }
̸=0
f = u + iv.
u(xo ) = ℜ[f(xo )]
= ℜ[ λ g(xo ) ]
| {z }
=| g(xo ) |2
| {z }
̸=0
= | g(xo ) |2 > 0 ,
| {z }
̸=0
AR = C(K ; R) . (3.209)
f = u + iv,
142 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
onde
u , v ∈ C(K ; R) = AR ,
ou seja,
(3.209)
C(K ; C) = A ,
completando a demonstrac~ao.
A = AR + i AR .
Corolário 3.4.3 Toda func~ao contnua e 2 π-periodica, a valores reais, pode ser unifor-
memente aproximada por um polinômio trigonométrico denido R, isto e, por uma
func~ao g : R → R do tipo
∑
N
g(t) = [an cos(n t) + bn sen(n t)] , para cada t ∈ R .
n=0
Demonstração:
Denotemos por
.
C2 π (R ; R) = {f ; f : R → R , contnua e 2 π-periodica em R}
= {h ; h : [−π , π] → R , contnua em [−π , π] , tal que h(−π) = h(π)} .
Consideremos
{ }
. ∑
N
A= g ; g(t) = [an cos(nt) + bn sen(nt)] , com an , bn ∈ R , n ∈ {0 , 1 , · · · , N} e t ∈ R .
n=0
Pode-se mostrar que A e uma algebra, que separa pontos e que n~ao se anula em nenhum
ponto de [−π, π].
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo, do Teorema de Stone, segue que
A = C2 π (R ; R) ,
Observação 3.4.4
3.5. EXERCICIOS 143
1. (Exerccio 21, da pagina 169) O resultado acima NÃO permanece valido se con-
siderarmos func~oes contnuas e 2 π-periodicas, a valores complexos, mais preci-
samente, se denotarmos por
.
S1 = {ei θ ; θ ∈ R} ⊆ C ,
( ) . { }
C S1 ; C = f ; f e contnua, a valores complexos e denida em S1 .
e
{ }
. ∑
N
( )
A= g ; g(t) = cn ei n t , cn ∈ C , n ∈ {0 , 1 , · · · , N} e t ∈ S1 ⊆ C S1 ; C ,
n=0
pode-se mostrar que A e uma algebra, que separa pontos e n~ao se anula em nenhum
ponto de S1 .
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Porem ( )
A ̸= C S1 ; C . (3.210)
Para vericar a armac~ao acima, observamos que, para cada f ∈ A, temos que
∫2π
( )
f ei θ ei θ dθ = 0 ,
0
e assim ( )
~ = f~ ei θ =. f(θ) .
f(z)
Notemos que a func~ao f~ esta bem denida, pois a func~ao f e 2 π-periodica e tambem
sera contnua em S1 se a func~ao f for contnua em R.
3.5 Exercı́cios
144 CAPITULO 3. SEQUENCIA
^
E SERIES DE FUNC ~
OES
Capı́tulo 4
Comecaremos este captulo tratando das series de pot^encias e mais adiante trataremos das
series de Fourier.
∑
∞
cn xn , para cada x ∈ (−δ , δ) , (4.1)
n=0
Observação 4.1.1
3. De modo semelhante, se existe R ∈ (0 , ∞], tal que a serie de func~oes (4.2) con-
verge, pontualmente em (a − R , a + R), para a func~ao f, diremos que a func~ao f
possui uma expansão em série de potências em torno de x = a.
145
146 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
x ∈ (−|xo | , |xo |) .
∑
∞
2. se a serie numerica cn x1n for divergente em (R , dR ), ent~ao a serie de func~oes
n=0
∑
∞
cn xn sera divergente para
n=0
Demonstração:
De 1.:
∑
∞
Sabemos que a serie numerica cn xon e convergente em (R , dR ) e xo ̸= 0.
n=0
Logo, do Criterio da Diverg^encia para series numericas, segue que
lim cn xon = 0 .
n→∞
Assim a sequ^encia numerica (cn xon )n∈N e limitada em R, ou seja, existe M ∈ R, tal que
|cn xon | ≤ M , para cada n ∈ N . (4.3)
Notemos que, se x ∈ (−|xo | , |xo |), ou seja,
|x| < |xo | , (4.4)
teremos
n
n xo ̸=0
x
|cn x | =
|cn xon |
| {z } xon
(4.3)
≤ M
n
x
≤ M
xo
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 147
= M rn , (4.5)
para cada n ∈ N, onde
. x (4.4)
r = < 1.
xo
Como
0 ≤ r < 1,
segue que a serie numerica
∑
∞ ∑
∞
n
Mr = M rn
n=0 n=0
∑
∞
sera convergente em (R , dR ), portanto a serie de pot^encias cn xn sera absolutamente
n=0
convergente, para cada x ∈ (−|xo | , |xo |).
De 2.:
∑
∞
Sabemos que a serie numerica cn x1n e divergente em (R , dR ).
n=0
Suponhamos, por absurdo, que para algum
x2 ∈ (−∞ , −|x1 |) ∪ (|x1 | , ∞) ,
a serie numerica
∑
∞
cn x2n
n=0
seja convergente em (R , dR ).
∑
∞
Ent~ao, do item 1. acima, seguira que a serie numerica cn xn sera convergente para
n=0
cada
x ∈ (−|x2 | , |x2 |) ,
∑
∞
o que e um absurdo, pois x1 pertence a esse intervalo (pois |x2 | > |x1 |), mas a serie cn x1n
n=0
e divergente em (R , dR ).
∑
∞
Portanto a serie de pot^encias cn xn sera divergente, para cada
n=0
converge em x = 1
-
−1 0 1
| {z }
convergira se |x| < 1
∑
∞
Exemplo 4.1.2 A serie de pot^encias (−1)n x2n e convergente para cada x ∈ (−1 , 1)
n=0
∑
∞
pois, para cada xo ∈ (0 , 1), a serie numerica (−1)n x2n
o sera convergente em (R , dR ).
n=0
De fato,
.
(−1)n xo2 ≤ xo2 = r<1
∑
∞
e a serie numerica rn e convergente em (R , dR ), pois e uma serie geometrica de
n=0
raz~ao r menor que 1.
Logo, do Teorema da Comparac~ao para series numerica (cujos termos s~ao n~ao-
∑
∞
negativos) segue que a serie numerica (−1)n xo2n e convergente em (R , dR ).
n=0
∑
∞
Assim, da Proposic~ao (4.1.1) item 1., segue que a serie de pot^encias (−1)n x2n
n=0
sera absolutamente convergente, para
x ∈ (−xo , xo ) ,
para cada xo ∈ (0 , 1) xado, isto e, sera absolutamente convergente (veja a gura
abaixo) para cada
x ∈ (−1 , 1) .
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 149
-
−1 0 1
| {z }
convergira se |x| < 1
∑
∞
Por outro lado a serie de pot^encias (−1)n x2n e divergente em x1 = 1, pois a serie
n=0
∑
∞
numerica (−1)n e divergente em (R , dR ) (Criterio da diverg^encia).
n=0
∑
∞
Logo, da Proposic~ao (4.1.1) item 2., segue que a a serie de pot^encias (−1)n x2n e
n=0
divergente para cada x ∈ (−∞ , −1) ∪ (1 , ∞) (veja a gura abaixo).
∑
∞
Alem disso e facil de ver que a serie de pot^encias (−1)n x2n e divergente em
n=0
(R , dR ),
para x1 = −1.
Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao deste fato.
diverge em x = 1
-
−1 0 1
| {z } | {z }
I >
z }| {
-
0
| {z } −1
| {z }
1
I >
3. existe R > 0, tal que a serie de pot^encias e absolutamente convergente para cada
x ∈ (−R , R)
Demonstração:
Se o item 1. ocorrer, 2. e 3. n~ao ocorrer~ao.
Vamos super que o item 1. n~ao ocorre, ou seja, existe
xo ̸= 0 ,
∑
∞
tal que a serie numerica cn xon seja convergente em (R , dR ).
n=0
∑
∞
Logo do item 1. da Proposic~ao (4.1.1), segue que a serie de pot^encias cn xn convergira
n=0
absolutamente em (R , dR ), para cada
onde
.
r = |xo | > 0 .
Denotemos por S, o conjunto formado por todos os r > 0, que t^em a propriedade acima,
∑
∞
isto e, de modo que a serie de pot^encias cn xn , converge absolutamente em (R , dR ), para
n=0
cada x ∈ (−r , r).
O conjunto S e n~ao vazio (pois r = |xo | > 0 pertence a S).
Se o conjunto S n~ao for limitado superiomente, ent~ao o item 2. ocorrera, ou seja, a serie
de pot^encias convergira em todo R.
Se o conjunto S for limitado superiormente, armamos que o item 3. ocorrera.
De fato, se o conjunto S e limitado superiormente, como ele e n~ao vazio, ent~ao existe
.
0 < R = sup(S) .
Como
r∈S e |xo | < r ,
∑
∞
temos que a serie numerica cn xon converge em (R , dR ).
n=0
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 151
∑
∞
Logo, da Proposic~ao (4.1.1) item 1., a serie de pot^encias cn xn converge absolutamente
n=0
para cada
x ∈ (−r , r) .
Se
x1 ∈ R , satisfaz |x1 | > R , (4.7)
∑
∞
armamos que a serie numerica cn x1n e divergente em (R , dR ).
n=0
∑
∞
De fato, suponhamos, por absurdo, que a serie numerica cn x1n seja convergente em
n=0
(R , dR ).
∑
∞
Ent~ao, pela Proposic~ao (4.1.1) item 1., a serie de pot^encias cn xn sera convergente para
n=0
cada
x ∈ (−|x1 | , |x1 |) , ou seja, |x1 | ∈ S ,
o que seria um absurdo, pois teramos
(4.7)
|x1 | > R = sup(S) e |x1 | ∈ S .
∑
∞
Portanto a serie de pot^encia cn xn diverge, para cada
n=0
x ∈ (−∞ , −R) ∪ (R , ∞) ,
mostrando que
.
R = sup(S) ,
satisfaz o item 2., completando a demonstrac~ao do resultado.
Observação 4.1.2
1. O Teorema acima nos diz que uma, e somente uma, das possibilidades abaixo,
∑
∞
para uma serie de pot^encias cn xn , ocorrera:
n=0
(i) R=0 :
so converge em x = 0
-
0
(ii) R=∞ :
152 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
(iii) 0<R<∞ :
converge para cada |x| < R
z }| {
-
0
| {z }
−R
| {z }
R
I >
Neste ultimo caso, podera ocorrer todo tipo de situac~ao em relac~ao a con-
verg^encia da serie de pot^encias nos pontos
x = −R e x = R,
Observação 4.1.3
1. Segue do Teorema (4.1.1) acima que toda serie de pot^encias tem um (unico) raio
de converg^encia e portanto um (unico) intervalo de converg^encia.
2. O raio de converg^encia de uma serie de pot^encias pode ser 0, isto e, podemos ter
R = 0.
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 153
isto e, o conjunto formado por um ponto, que na verdade n~ao e um intervalo,
como mostra o seguinte exemplo:
Consideremos a serie de pot^encias
∑
∞
nn xn . (4.8)
n=0
so converge em x = 0
-
0
∑
∞
xon
Observemos que, para cada xo > 0 xado, a serie numerica e convergente
n=0
n!
em (R , dR ).
De fato, como
xon+1
(n + 1)! xo
lim n = lim = 0 < 1,
n→∞ xo n→∞ n + 1
n!
do Criterio da Raz~ao para Series Numericas (cujos termos s~ao n~ao-negativso),
∑
∞
xon
segue que a serie numerica e convergente em (R , dR ).
n=0
n!
∑
∞
xon
Assim, da Proposic~ao (4.1.1) item 1., segue que a serie de pot^encias con-
n=0
n!
verge em R, isto e,
R=∞
e o intervalo de converg^encia da serie de pot^encias sera
I = R.
converge em toda a reta R
-
0
4. Se o raio de converg^encia de uma serie de pot^encias for maior que zero e nito,
isto e,
R ∈ (0 , ∞) ,
a priori, nenhuma conclus~ao podemos tirar sobre o comportamento da serie de
∑
∞
pot^encia cn xn , relativamente a converg^encia ou diverg^encia, nos pontos
n=1
x = −R e x = R.
∑
∞
Podemos ter situac~oes, como veremos a seguir, que a serie de pot^encias cn xn
n=1
converge em um dos pontos acima e diverge no outro, ou diverge nos dois ou
ainda converge nos dois.
Um exemplo de um desses casos e a serie de pot^encias
∑
∞
(−1)n
xn . (4.10)
n=0
n
∑
∞
(−1)n
pois a serie numerica e convergente em (R , dR ) (serie harm^onica alter-
n=0
n
nada).
∑
∞
(−1)n
Logo, da Proposic~ao (4.1.1) item 1., segue que a serie de pot^encias xn
n=0
n
sera convergente, para caca
|x| < 1 .
∑
∞
(−1)n
Por outro lado, a serie de pot^encias xn e divergente, para
n=0
n
x = −1 ,
∑∞
1
pois a serie numerica e divergente em (R , dR ) (serie harm^onica).
n=0
n
∑
∞
(−1)n
Logo, da Proposic~ao (4.1.1) item 2., segue que a serie de pot^encias xn
n=0
n
sera divergente, para cada
|x| > 1 .
∑
∞
(−1)n
Com isto temos que o raio de converg^encia da serie de pot^encias xn sera
n=0
n
R=1
x=R=1
e diverge em
x = −R = −1 .
converge se x ∈ (−1, 1]
z }| {
-
0
| {z }
−1
| {z }
1
I >
diverge se x ≤ −1 ou x > 1
Podemos demonstrar o:
156 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
x ∈ (−R , R)
Ent~ao para
ε ∈ (0 , R) ,
∑
∞
a serie de func~oes cn xn sera uniformemente em
n=0
[−R + ε , R − ε] .
∑
∞
ou seja, a serie de pot^encias cn xn pode ser derivada, termo a termos, em (−R , R)
n=0
(veja a gura abaixo).
Converg^encia pontual
-
-
−R −R + ε 0 R−ε R
-
Converg^encia uniforme
Demonstração:
Dado ε ∈ (0 , R), para cada
|x| < R − ε , isxo e, − R + ε < x < R − ε,
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 157
teremos
Como
R − ε ∈ (−R , R) , pois ε ∈ (0 , R) ,
∑
∞
segue, por hipotese, que a serie numerica |cn | (R − ε)n e convergente em (R , dR ).
n=0
Logo, do Teste M de Weierstrass (isto e, Teorema (3.2.2)), segue que a serie de funco~es
∑
∞
cn xn sera uniformemente em
n=0
[−R + ε , R − ε] .
Na Observac~ao (4.1.4) a seguir (veja a conclus~ao no item 2.), mostraremos que a serie de
pot^encia do lado direito de (4.12) converge uniformemente em [−R + ε , R − ε] , para cada
ε ∈ (0 , R).
Notemos que, do Corolario (3.2.3), segue que a func~ao f sera diferenciavel em (−R , R) e
vale (4.12), completando a demonstrac~ao do resultado.
Observação 4.1.4
1. Notemos que:
√
lim n = lim e n ln(n)
1
n
n→∞ n→∞
Exerc
cio
= 1,
( )( )
√ √ √
assim, lim sup n |cn | = lim sup n lim sup |cn |
n n n
n→∞
√
= lim sup n |cn | |xo |
n→∞
√
= lim sup n |cn xo |n . (4.15)
n→∞
158 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Em particular, teremos
√ √
lim sup n
|n cn | |xo| = lim sup n |n cn xon−1 |
n→∞ n→∞
(4.15) √
= lim sup n |cn xon |
n→∞
√
= lim sup n |cn | |xo | .
n→∞
Logo, do Criterio da Raiz para Series Numericas (veja o Teorema 3.33 , pagina
54 de [1]), segue que,
√ √
lim sup n
|n cn xon−1 | < 1 se, e somente se, lim sup n
|cn xo |n < 1 , (4.16)
n→∞ n→∞
ou seja,
f(k) (0)
ck = . (4.18)
k!
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 159
Demonstração:
Observemos que a identidade (4.17), segue da aplicac~ao do Teorema (4.1.2) e da Ob-
servac~ao (4.1.4) acima, por induc~ao sobre k ∈ N.
Por outro lado, fazendo x = 0 em (4.17), obteremos
∑
∞
(k)
f (0) = n (n − 1) · · · (n − k + 1) ck n−k
0|{z}
n=k
0 , para n>k
1 , para n=k
= ck k (k − 1) · · · 1 = ck k ! ,
Observação 4.1.5
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Assim, se x ̸= 0 teremos
(4.20)
= 0
z }| {
(4.19) ∑∞
f(n) (0) n
f(x) ̸= 0 = x
n=0
n!
∑
∞
Teorema 4.1.3 Suponhamos que a serie numerica cn e convergente em R , dR ) e
n=0
consideremos f : (−1 , 1] → R a func~ao dada por
. ∑
∞
f(x) = c n xn , para cada x ∈ (−1 , 1] . (4.21)
n=0
Ent~ao
∑
∞
lim− f(x) = cn = f(1) , (4.22)
x→1
n=0
f ∈ C((−1 , 1] ; R) .
Demonstração:
Consideremos a sequ^encia numerica (sn )n∈N∪{−1,0} onde, para cada n ∈ N ∪ {−1 , 0}, temos
que
.
s−1 = 0,
. ∑
n
sn = ck , para cada n ∈ N . (4.23)
k=0
xados, teremos:
∑
m ∑
m
n
cn x = (sn − sn−1 ) xn .
n=0 n=0
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 161
Assim, teremos
.
k=n+1
z }| {
∑
m−1 ∑
m−1 ∑
m−1
n m n
(1 − x) sn x + sm x = sn x − sn xn+1 +sm xm
n=0 n=0 n=0
∑m ∑m
= sn xn − sk−1 xk
n=0
|k=1 {z }
s−1 =0∑m
= n
n=0 sn−1 x
∑
m
= (sn − sn−1 ) xn
| {z }
n=0 =cn
∑
m
= c n xn ,
n=0
ou seja,
∑
m ∑
m−1
cn xn = (1 − x) sn xn + sm xm , (4.25)
n=0 n=0
para cada, x ∈ R e m ∈ N .
Logo, para cada
|x| < 1 ,
tomando-se o limite, quando m → ∞, na identidade acima obteremos
∑
∞
f(x) = cn xn
n=0
(4.25) ∑
∞ ( ) ( )
= (1 − x) sn xn + lim sm lim xm
n=0 {z
| m→∞ } | m→∞
{z }
(4.22)∑∞ |x|<1
= n=0 cn ∈R = 0
∑
∞
= (1 − x) sn xn . (4.26)
n=0
Denido-se
. ∑ ∞
s = lim sm = cn ∈ R ,
m→∞
n=0
∑
∞
= (1 − x) |sn − s| |x|n
n=0
∑No ∑∞
= (1 − x) |sn − s| |x|n + |sn − s| |x|n
n=0 |{z} | {z }
n=N +1
|x|<1 o (4.27)
ε
< 1 < 2
∑No ∑∞
ε
< (1 − x) |sn − s| + |x|n
2
|n=0 {z } n=N +1
| o{z }
. ∑∞
=M n ≤ 1
n=0 |x| ≤ 1−|x|
1−x ε
≤ M (1 − x) + . (4.29)
1 − |x| 2
Notemos que se
M = 0,
a desigualdade acima implicara que
1−x ε
|f(x) − s| < .
1 − |x| 2
Logo, fazendo
x → 1−
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 163
podemos supor, sem perda de generalidade que, 0 < x < 1, o que implicaria
1 − |x| = 1 − x ,
assim
1−x ε
|f(x) − s| <
1 − |x| 2
1−x ε ε
= = ,
1−x 2 2
para cada ε > 0, ou seja,
portanto teramos:
lim f(x) = s = f(1) ,
x→1−
Ent~ao
C = AB.
Demonstração:
Consideremos as funco~es f , g , h : [0 , 1] → R dadas por
. ∑
∞
f(x) = an xn , (4.32)
n=0
. ∑
∞
g(x) = bn xn , (4.33)
n=0
. ∑∞
h(x) = cn xn , para cada x ∈ [0 , 1] . (4.34)
n=0
Notemos que as funco~es acima est~ao bem denidas pois, para cada
xo ∈ [0 , 1) ,
s~ao absolutamente convergentes, ja que as correspondentes series numericas (4.30), s~ao con-
vergentes, por hipotese.
Lembremos do seguinte resultado (veja o Teorema 3.50, pagina 74, de [1]):
∑
∞
Suponhamos que a serie numerica an e absolutamente convergente em (R , dR ), com
n=0
∑
∞
soma A, a serie numerica bn e convergente (R , dR ), como soma B e denamos, para
n=0
. ∑ ∑
n ∞
cada n ∈ N, cn = ak bn−k . Ent~ao, a serie numerica cn e convergente em (R , dR )
k=0 n=0
e sua soma e igual a A , B ."
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 165
Logo, aplicando o resultado acima, temos que, para cada, para cada xo ∈ [0 , 1), as series
numericas
∑
∞ ∑
∞
an xon , bn xon ,
n=0 n=0
Pelo Teorema de Abel (isto e, o Teorema (4.1.3)), as funco~es f, g e h s~ao contnuas a
esquerda de x = 1, ou seja, para
x → 1− ,
teremos
f(x) → A, g(x) →B e h(x) → C.
|{z} |{z} |{z}
(4.32)∑∞ n
(4.33)∑∞ (4.34)∑∞
= n=0 cn x = n=0 bn xn = n=0 cn x
n
xo → 1 − ,
Observemos que, do criterio de Leibnitz para series alternadas, que a serie numerica
e convergente em (R , dR ).
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Da denic~ao de produto de series numericas teremos que a serie produto
∑
∞ ∑
∞
an · an ,
k=0 k=0
166 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
∑
∞
sera dada pela serie numerica cn , onde:
k=0
co = ao ao = 1 ,
c1 = ao a1 + a1 ao
= 2 ao a1
( )
1 1
=− √ +√ ,
2 2
c2 = ao a2 + a1 a1 + a2 ao
= 2 ao a2 + a12
1 1 1
=√ +√ √ +√ ,
3 2 2 3
c3 = ao a3 + a1 a2 + a2 a1 + a3 ao
= 2 ao a3 + 2 a1 a2
( )
1 1 1 1
=− √ +√ √ +√ √ +√ ,
4 3 2 2 3 4
em geral teremos:
∑
n
1
cn = (−1) n
√ , para cada n ∈ Z+ .
k=0
(n − k + 1) (k + 1)
A vericac~ao deste fato sera deixado como exerccio para o leitor.
Observemos que
(n )2 ( n )2
Exerc
cio
(n − k + 1) (k + 1) = +1 − −k
2 | 2{z }
≤0
(n)2
≤ +1
2
( )2
n+2
= , para cada n ∈ N .
2
Logo ( )2
1 2
≥ , para cada n ∈ N .
(n − k + 1) (k + 1) n+2
Assim, para cada n ∈ N, teremos:
∑n
1
|cn | = (−1)n √
(n − k + 1) (k + 1)
k=0
∑
n
1
= √
k=0
(n − k + 1) (k + 1)
∑n
2 2
≥ = (n + 1) .
k=0
n+2 n+2
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 167
Logo, a sequ^encia numerica (|cn |)n∈N não converge para zero em (R , dR ), pois
2 (n + 1)
lim = 2.
n→∞ n + 2
∑
∞
ou seja, a serie numerica aij e absolutamente convergente em (R , dR ), para cada
j=1
i ∈ N.
∑
∞
Suponhamos que a serie numerica bi seja convergente em (R , dR ).
i=1
Ent~ao
∑
∞ ∑
∞ ∑
∞ ∑
∞
aij = aij . (4.37)
j=1 i=1 i=1 j=1
Demonstração:
Seja
.
E = {xo , x1 , x2 , · · · }
um subconjuto enumeravel, de modo que
xn → xo , quando n → ∞ .
Para cada i ∈ N, denamos a func~ao fi : E → R dada por
. ∑
∞
fi (xo ) = aij , (4.38)
j=1
. ∑
n
fi (xn ) = aij , para cada n ∈ N . (4.39)
j=1
168 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
∑
∞
Como a serie numerica bi e convergente em (R , dR ), segue que,
i=1
∑
∞
(4.40) ∑
∞
(4.36)
|fi (xo )| ≤ bi < ∞ .
i=1 i=1
∑
∞
Como a serie numerica bi e convergente em (R , dR ), do Criterio da Comparac~ao para
i=1
Series Numericas (cujos termos s~ao n~ao-negativos), segue que
∑
∞ ∑
∞
(4.36)
|fi (xn )| ≤ bi < ∞ .
i=1 i=1
segue que
(4.39) ∑
n
lim fi (xn ) = lim aij
n→∞ n→∞
j=1
∑
∞
= aij
j=1
(4.38)
= fi (xo ) ,
. ∑
∞
g(x) = fi (x) , para cada x ∈ E . (4.42)
i=1
(4.41) ∑
∞
(4.36)
|fi (xk )| ≤ bi e bi < ∞ .
i=1
(4.42) ∑
∞
Logo, do Teste M de Weierstrass, segue que a serie de funco~es g = fi converge
i=1
uniformemente em (E , dR ).
Como, para cada i ∈ N, a func~ao fi e contnua em xo , do Corolario (3.2.1), segue que a
func~ao g sera contnua em xo .
∑
∞
Por hipotese, temos que a serie numerica bi e absolutamente convergente em (R , dR )
i=1
e, assim, do Criterio da Comparac~ao para series numericas, para cada n ∈ N, temos que
( n ) (∞ )
∑
∞ ∑ ∑
∞ ∑ (4.36) ∑
∞
|aij | ≤ |aij | = bi ,
i=1 j=1 i=1 j=1 i=1
( n )
∑
∞ ∑
ou seja, para cada n ∈ N, a serie numerica |aij | sera convergente em (R , dR ).
i=1 j=1
Notemos tambem que, para cada n ∈ N, teremos:
( n ) (∞ )
∑
∞ ∑ soma nita ∑
n ∑
aij = aij . (4.43)
i=1 j=1 j=1 i=1
170 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Portanto
(4.38)
= fi (xo )
z }| {
∑
∞ ∑∞ ∑
∞
aij = fi (xo )
i=1 j=1 i=1
(4.42)
= g(xo )
g
e cont. emxo
= lim g(xn )
[ n→∞
]
(4.42) ∑
∞
= lim fi (xn )
n→∞
[ i=1 ( n )]
(4.39) ∑ ∞ ∑
= lim aij
n→∞
i=1 j=1
[ (∞ )]
(4.43) ∑
n ∑
= lim aij
n→∞
j=1 i=1
∑
∞ ∑
∞
= aij ,
j=1 i=1
∑
∞
Teorema 4.1.5 Sejam R ∈ (0 , ∞] o raio de converg^encia da serie de pot^encias cn xn
n=0
e denamos a func~ao f : (−R , R) → R dada por
. ∑
∞
f(x) = c n xn , para cada x ∈ (−R , R) .
n=0
Se
a ∈ (−R , R) ,
Alem disso
∑
∞
f(n) (a)
f(x) = (x − a)n , para cada x ∈ Ia . (4.44)
n=0
n!
Demonstração:
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 171
∑
∞
f(x) = c n xn
n=0
∑
∞
= cn [(x − a) − a]n
n=0
( ) [ ]
Bin^omio de Newton ∑
∞
n ∑
n
= cn an−m (x − a)m
m
n=0 m=0
[ ∞ ( ) ]
∑∞ ∑n gura abaixo∑∞ ∑∞
= ∑∞ ∑ n
n=0 m=0
= m=0 n=m
cn an−m (x − a)m ,
m=0 n=m
m
onde, na ultima identidade utilizamos o Teorema (4.1.4) e assim, obtemos uma expans~ao da
func~ao f em serie de pot^encias em torno de x = a.
n
6
5
′
-
0 2 3 4 5 m
− R < x < R,
ou seja, − R − a < x − a < R − a,
ou ainda, − R − |a| < x − a < R − |a| .
e absolutamente convergente em (R , dR ).
172 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
De fato, pois
( ) ( )
∑∞ ∑ n ∑ ∞ ∑ n
n n
cn an−m (xo − a)m = |cn | |a|n−m |xo − a|m
m m
n=0 m=0 n=0 m=0
( )
∑∞ ∑ n
n
= |cn | |a|n−m |xo − a|m
m
n=0
|
m=0
{z }
Bin^omio de Newton
= (|xo −a|+|a|)n
∑
∞
= |cn | (|xo − a| + |a|)n .
n=0
teremos que
g(n) (0) = n! dn , para cada n ∈ N ∪ {0} . (4.48)
Logo, de (4.46) e (4.47), segue que
g(n) (0) = f(n) (a) , para cada n ∈ N ∪ {0} . (4.49)
Deixaremos como exerccio para o leitor vericac~ao deste fato.
Logo, de (4.48) e (4.49), segue que
f(n) (a)
dn = , para cada n ∈ N ∪ {0} . (4.50)
n!
Assim
f(x) = g(x − a)
(4.47) e (4.50) ∑ f
∞ (n)
(a)
= (x − a)n , para cada x ∈ Ia ,
n=0
n!
4.1. SERIES ^
DE POTENCIAS 173
que esta bem denida, pois as series de pot^encias (4.51) s~ao convergentes em (−R , R).
Observemos que
xo ∈ E
se, e somente se,
∑
∞ ∑
∞
an xon = bn xno ,
n=0 n=0
∑
∞ ∑
∞
ou seja, 0 = an xon − bn xon
n=0 n=0
series convergentes ∑
∞
= (an − bn )xon
n=0
(4.52) ∑
∞
= cn xno
n=0
(4.53)
= f(xo ) ,
isto e, f(xo ) = 0 , (4.54)
174 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Portanto
xo ∈ E se, e somente se, f(xo ) = 0 . (4.55)
Seja
A ⊆ (−R , R) (4.56)
o conjunto formado por todos os pontos de acumulac~ao de E e
.
B = (−R , R) \ A . (4.57)
f(xo ) = 0 ,
ou seja, xo ∈ E, ou ainda,
A ⊆ E. (4.58)
De fato, notemos que se xo ∈ A, como xo e ponto de acumulac~ao de E (em (R , dR )),
devera existir uma sequ^encia numerica (xn )n∈N , que pertence ao conjunto E, de modo que
xn → xo .
Portanto teremos:
( )
xn →xo
f(xo ) = f lim xn
n→∞
f
e contnua em xo
= lim f (xn )
n→∞
xn ∈E de (4.55), segue que f(xn )=0
= 0.
Notemos que, o conjunto A contem todos os seus pontos de acumulac~ao, ou seja, o con-
junto A e um subconjunto fechado em ((−R , R) , dR ).
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor (visto no curso de Analise
I).
Como consequ^encia temos que o conjunto B, dado por (4.57), sera um subconjunto aberto
de ((−R , R) , dR ).
Armamos que o conjunto A e um subconjunto aberto em ((−R , R) , dR ).
Para mostrar isto consideremos
xo ∈ A ⊆ (−R , R) . (4.59)
Armamos que:
dn = 0 , para todo n ∈ N ∪ {0} .
De fato, caso contrario, como xo ∈ A teremos
f(xo ) = 0
. ∑
∞
g(x) = dm+ko (x − xo )m , para cada x ∈ Ixo , (4.63)
m=0
onde
.
Ixo = {x ∈ (−R , R) ; |x − xo | < R − |xo |} , (4.64)
segue que
(4.62) e (4.63)
f(x) = (x − xo )ko g(x) , (4.65)
para cada x ∈ R que satisfaz
|x − xo | < R − |xo | .
Observemos que a func~ao g e contnua em xo .
Na verdade g ∈ C∞ (Ixo ; R), pois e dada por uma serie de pot^encias convergente.
Alem disso temos que
(4.63)
g(xo ) = dko ̸= 0 ,
pela escolha que zemos em (4.61).
Logo, da continuidade da func~ao g em xo , segue que podemos encontrar
ε > 0,
de modo que se
x ∈ B(xo ; ε) ⊆ Ixo , teremos g(x) ̸= 0 .
176 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Assim para
x ∈ B(xo ; ε) \ {xo } ,
teremos
(4.65)
f(x) = (x − xo )ko g(x) ̸= 0 . (4.66)
| {z } |{z}
̸=0 ̸=0
xo ∈ A ,
xn → xo , quando n → ∞ .
f(xn ) = 0 ,
ou seja,
(4.60)
f(x) = 0 , para cada x ∈ Ixo ,
que, de (4.64), e uma vizinhanca de xo , que esta contida em (−R , R).
Logo
Ixo ⊆ E ,
ou seja, se
xo ∈ A e x ∈ Ixo
segue que
x ∈ E,
em particular, x sera ponto de acumulac~ao de E em (R , dR ), ou ainda, que
Ixo ⊆ A ,
A ̸= ∅ ,
B = ∅,
ou seja,
A = (−R , R) ⊆ E ⊆ (−R , R) ,
portanto
E = (−R , R) .
Logo, teremos
f(x) = 0 , para cada x ∈ (−R , R) ,
o que implicara que
f(n) (0) = 0 , para cada n ∈ N ∪ {0}
e assim, do Teorema (4.1.5), segue que
Observação 4.2.1
178 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
sera convergente em (C , dC ).
De fato, notemos que se
zo = 0
nada temos a demonstrar.
Por outro lado, se
zo ̸= 0 ,
notamos que
zon+1
(n + 1)! |zo |
lim n = lim = 0 < 1. (4.68)
n→∞
zo n→∞ n + 1
n!
Assim, do Criterio da Raz~ao para series numericas (cujos termos s~ao n~ao-negativos)
segue que a serie numerica
∑∞
1
|zo |n
n=0
n!
sera convergente, o que implicara que a serie numerica complexa
∑∞
1 n
zo
n=0
n!
De fato, pois
∑∞
(4.67) 1 n
E(z) = z
n=0
n!
Exerc
cio
∑∞
1 n
= (z )
n=0
n!
∑∞
1
= (z)n
n=0
n!
(4.67)
= E(z) .
4.2. AS FUNC ~
OES EXPONENCIAL E LOGARITMO 179
3. Se z , w ∈ C, teremos
E(z + w) = E(z) · E(w) . (4.70)
De fato,
(∞ ) (∞ )
∑ 1
(4.67) ∑ 1
E(z) · E(w) = zn · wm
n! m!
n=0 m=0
( )
n
Def. de produto de duas s
eries (ver Def. 3.48 de [1], p
agina 73)
∑∑ k
∞ n
= zm wn−m
n=0 m=0
n!
Bin^
omio de Newton
∑∞
1
= (z + w)n
n=0
n!
(4.67)
= E(z + w) .
E(zo ) · E(−zo )
(4.70)
= E[zo + (−zo )]
= E(0)
(4.67) ∑ 1 n
∞
= 0 = 1,
n=0
n!
ou seja, o numero complexo E(zo ) e inversvel e seu inverso sera E(−zo ), isto e,
assim
E(x) > 0 , para cada x ∈ R . (4.72)
180 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
1
= lim
y→∞ E(y)
limy→∞ E(y)=∞
= 0.
e assim
E(−y) < E(−x) ,
| {z } | {z }
1 1
= E(y) = E(x)
De fato, como a func~ao E e dada por uma serie de pot^encias que converge em C
segue, do Corolario (4.1.1), que ela sera uma func~ao que pertencera a C∞ (C ; C).
4.2. AS FUNC ~
OES EXPONENCIAL E LOGARITMO 181
Alem disso, a serie de pot^encias que dene a func~ao E podera ser derivada, termo
a termo, em C, ou seja, para cada z ∈ C, teremos:
[∞ ]
′ d ∑ 1 n
(4.67)
E (z) = z
dz n=0 n!
∑∞ [ ]
d 1 n
= z
n=1
dz n!
∑∞
n n−1
= z
n=1
n!
∑
∞
1
= zn−1
n=1
(n − 1)!
.
m=n−1
∑∞
1 m
= z
m=0
m!
(4.67)
= E(z) .
. ∑ 1
∞
e= ∈ (0 , ∞) . (4.74)
n=0
n!
en = E(n) . (4.75)
De fato, pois
en = E(1)n
= E(1) · · · E(1)
| {z }
n fatores
item 2.
= E(1| + ·{z
· · + 1})
n parcelas
= E(n) .
De fato,
[ ( )]q ( ) ( )
p p p
E =E ···E
q q q
| {z }
q fatores
p p
E
item 2.
=q + · · · +
q
| {z }
q parcelas
( )
p
=E q
q
= E(p)
(4.75) p
= e ,
onde
.
P = {p ∈ Q ; p < x} .
4.2. AS FUNC ~
OES EXPONENCIAL E LOGARITMO 183
De fato, seja (pn )n∈N uma sequ^encia monotona crescente, formada por numeros
racionais, tais que
pn < x e pn → x , quando n → ∞ ,
ent~ao, como a func~ao E e contnua em R, segue que
E(pn ) → E(x) ,
| {z }
que, de (4.79), implicara que: epn → E(x) ,
(4.76)
= e pn
quando n → ∞.
Como a func~ao E e monotona crescente em R, segue que
pn <x
E(pn ) < E(pn+1 ) ≤ E(x) ,
| {z } | {z }
(4.76) (4.76)
= epn = epn+1
Por outro lado, se (qn )n∈N uma sequ^encia monotona decrescente, formada por
numeros racionais, tais que
x < qn e qn → x , quando n → ∞,
segue, da continuidade da func~ao E em R, que
E(qn ) → E(x) ,
| {z }
ou seja, eqn → E(x) , quando n → ∞ .
(4.76)
= e qn
como armamos.
184 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Podemos resumir algumas das propriedades acima bem como outras, no seguinte resul-
tado:
Proposição 4.2.1
4. Se
x → ∞,segue que ex → ∞ , (4.86)
y → −∞ , segue que ey → 0 . (4.87)
Demonstração:
Deixaremos a demonstrac~ao dos itens n~ao tratados na Observac~ao (4.2.3) acima, como
exerccio para o leitor.
Notemos que a propriedade 5. segue do fato que, se x > 0, teremos
∑∞
1 k xn+1
e =x
x > . (4.89)
k=0
k! (n + 1)!
Observação 4.2.4
1. Do item (7) da Observac~ao (4.2.1), temos que a func~ao E : R → R e estritamente
crescente em R.
Alem disso, valem (4.86) e (4.87), assim, teremos
E(R) = (0 , ∞) . (4.90)
Do item (8) da Observac~ao (4.2.1), temos que a func~ao E e uma func~ao dife-
renciavel em R e
(4.72)
E ′ (x) = E(x) > 0 , para cada x ∈ R.
Do Teorema da Func~ao Inversa (visto em Analise I), segue que existe sua func~ao
inversa L : (0 , ∞) → R e esta sera estritamente crescente, diferenciavel em (0 , ∞).
Em particular, teremos
E[L(y)] = y , para cada y ∈ (0, ∞) (4.91)
e L[E(x)] = x , para cada x ∈ R . (4.92)
Notemos que
(4.67) (4.92)
1 = E(0) L[E(x)] = x
L(1) = L[E(0)] = 0. (4.94)
2. Integrando-se a identidade (4.93), em relac~ao a y, de 1 a y obteremos, pelo Teo-
rema Fundamental do Calculo, que
∫y
1
L(y) − L(1) =
|{z}
dt , para cada y ∈ (−0 , ∞) ,
1 t
(4.94)
= 0
5. Observemos que se u , v ∈ (0, ∞), de (4.90), segue que existem x , y ∈ R, tais que
e v = E(y) ,
u = E(x) (4.97)
ou ainda, L(u) = x e L(v) = y . (4.98)
Em particular, teremos
yn = E[L(yn )] , para cada y ∈ (0 , ∞) .
4.2. AS FUNC ~
OES EXPONENCIAL E LOGARITMO 187
7. Como consequ^encia do item acima, segue que, para y ∈ (0, ∞), m ∈ N, se consi-
derarmos
.
x = ym ∈ (0 , ∞) , (4.99)
e assim, segue que
(4.99)
L[x] = L(ym )
item (6) acima
= m · L(y)
(4.99) 1 ( 1)
y = xm
= m · L xm ,
ou seja, ( 1) 1
L x m = L(x) ,
m
ou ainda: [ ]
1
(4.100)
1
xm = E L(x) .
m
8. Dos itens (5) e (6) acima, segue que, para x ∈ (0 , ∞) e m , n ∈ Z, m ̸= 0, teremos
[n ]
(4.101)
n
xm = E L(x) .
m
9. Baseado nos itens acima, para x ∈ (0 , ∞) e y ∈ R, e natural denirmos:
.
xy = E [y · L(x)] . (4.102)
10. Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao de que este modo de denir
xy , coincide com a maneira que introduzimos anteriormente na Denic~ ao (4.2.2),
quando x > 0.
11. Notemos que, da diferenciabilidade das func~oes E e Ln em R e (0 , ∞), respectiva-
mente, temos que, para y ∈ R, a func~ao f : (0 , ∞) → R, dada por
.
f(x) = xy , para cada x ∈ (0 , ∞) , (4.103)
sera diferenciavel em (0 , ∞) e alem disso,para cada x ∈ (0 , ∞), teremos
d y (4.102) d
[x ] = {E [y · L(x)]}
dx dx
E ′ [y · L(x)] · y · L ′ (x)
Regar da Cadeia
=
(4.73) e (4.93) 1
= E [y · L(x)] ·y ·
| {z } x
(4.102)
= xy
=y·x y−1
,
ou seja
d y
[x ] = y · xy−1 , (4.104)
dx
para x ∈ (0 , ∞).
188 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
ε ∈ (0 , y) e x ∈ (1 , ∞) ,
teremos
∫x
(4.95) 1
x −y
· L(x) = x −y
· dt
t
1
∫x
t>1 logo, t1−ε <t
< x −y
· tε−1 dt
[
t=x ]
1
t ε
= x−y ·
ε t=1
xε − 1
= x−y ·
ε
z }|
<0
{
xε − y
< → 0, quando x → ∞ ,
ε
ou seja,
lim x−y · L(x) = 0 . (4.105)
x→∞
. 1
C(z) = [E(i z) + E(−i z)] , (4.106)
2
. 1
S(z) = [E(i z) − E(−i z)] , para cada z ∈ C , (4.107)
2i
Observação 4.3.1
ou seja,
C(x) ∈ R , para cada x ∈ R .
ou seja,
S(x) ∈ R , para cada x ∈ R .
= E(i x) ,
ou seja,
onde a parte real do numero complexo z sera indicada por ℜ(z) e a parte inamgiaria
do numero complexo z sera indicada por ℑ(z).
190 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
= E(i x) · E(−i x)
= E(i x − i x)
= E(0) = 1 ,
ou seja,
C ′ (z) = −S(z) , para cada z ∈ C . (4.110)
ou seja,
S ′ (z) = C(z) , para cada z ∈ C . (4.111)
~
4.3. FUNCOES
TRIGONOMETRICAS COMPLEXAS 191
5. Notemos que
=1 =1
(4.106) 1 z }| { z }| {
C(0) = E(i · 0) + E(−i · 0)
2
=1 (4.112)
(4.107) 1
S(0) = E(i · 0) − E(−i · 0)
2 i | {z } | {z }
=1 =1
= 0. (4.113)
C(x) ̸= 0 .
segue que
C(x) > 0 , para cada x ∈ (0 , ∞) . (4.114)
Mas
(4.111) (4.114)
S ′ (x) = C(x) > 0 , para cada x ∈ R ,
assim a func~ao S seria estritamente crescente em (0 , ∞).
Isto, juntamente com o fato que a func~ao S e contnua em C e
(4.113)
S(0) = 0 ,
implicaria que
S(x) > 0 , para cada x ∈ (0 , ∞) . (4.115)
192 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
= [−C ′ (t)] dt
x
Teor. Fund. C
alculo
= −[C(y) − C(x)]
≤ |C(y)| + |C(x)|
C(x)≤|C(x)|=|ℜ[E(ix)]|≤|E(ix)|=1
≤ 2,
Mas, se
y → ∞,
de (4.115), temos que S(x) > 0, para cada x ∈ (0 , ∞) assim, segue que
S(x)(y − x) → ∞ ,
contrariando (4.116).
Logo podemos concluir que, existe xo ∈ (0 , ∞) tal que
C(xo ) = 0 .
Como Z ⊆ [0, ∞) e
C(0) = 1 ̸= 0 ,
segue que
Z R
xo = inf Z min Z > 0 .
e fechado em
=
assim teremos
[S(xo )]2 = 1, ou seja, S(xo ) = ±1 .
Como
C(x) > 0 e S ′ (x) = C(x) > 0 , para cada x ∈ (0 , xo ) ,
segue que a func~ao S sera estritamente crescente em (0 , xo ).
Mas
S(0) = 0 ,
e portanto
=1
z }| {
E(z + 2 π i) = E(z) · E(2 π i) = E(z) , par cada z ∈ C , (4.120)
ou seja, a func~ao E e uma func~ao 2 π i-periodica.
12. Dos itens (4) e (5) acima teremos, para cada x ∈ R, que
C ′ (x) = −S(x) , S ′ (x) = C(x) , C(0) = 1 e S(0) = 0 .
Demonstração:
Do item 1.:
Foi mostrado na Observac~ao acima item (8).
Do item 2.:
Foi mostrado na Observac~ao acima item (9).
Do item 3.:
Para cada x ∈ R, teremos:
1
C(x + 2 π) = {E[i(x + 2 π)] + E[−i(x + 2 π)]}
2
1
= E[i x + 2 π i] + E[−i x − 2 π i]
2| {z } | {z }
=E(i x) =E(−i x)
1
= {E(i x) + E(−i x)}
2
= C(x) , (4.122)
e
1
S(x + 2 π) = {E[i(x + 2 π)] − E[−i(x + 2 π)]}
2i
1
= E[i x + 2 π i] − E[−i x − 2 π i]
|
2i {z } | {z }
=E(i x) =E(−i x)
1
= {E(i x) − E(−i x)}
2i
= S(x) , (4.123)
mostrando que as restrico~es das funco~es C, S, dadas por (4.106) e (4.107), a R s~ao funco~es
reais 2 π-periodicas.
Do item 4.:
Se ( π)
s ∈ 0, e E(i s) = x + i y ,
2
com x , y ∈ R, como
|E(i t)| = 1 ,
da Observac~ao (4.3.1) acima item 8., teremos que
x = C(s) e y = S(s) ∈ (0 , 1) , ou seja, x , y ∈ (0 , 1) .
Notemos tambem que
E(4 s i) = [E(i s)]4
= (x + i y)4
Exerccio ( )
= x4 − 6 x2 y2 + y4 + 4 i x y x2 − y2 . (4.124)
196 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Logo,
E(4 s i) ∈ R
se, e somente se,
( )
x y x2 − y2 = 0 ,
como x , y ∈ (0 , 1), teremos: x2 − y2 = 0 ,
isto e, x2 = y2 = 0 ,
ou ainda, x = ±y . (4.125)
Mas
x2 + y2 = |E(i s)| = 1 ,
assim teremos
1 = x2 + y2
(4.125)
= (±y)2 + y2 ,
1
isto e, x2 = y2 = , (4.126)
2
ou seja,
E(4 s i) ∈ R
se, e somente se,
2 2
(4.124) e (4.125) 2 2
E(4s i) = x − 6 |{z}
|{z} x2 · y2 + y
|{z} |{z}
(4.126) 1 (4.126) 1 (4.126) 1 (4.126) 1
= 2
= 2 = =
2 2
1 1 1 1
= − 6 · · = = −1 ,
4 2 2 4
ou seja, E(4s i) = −1 .
Portanto, se
( π)
s ∈ 0, , e tal que E(4 s i) ∈ R , deveremos ter: E(4 s i) = −1 . (4.127)
2
Suponhamos, por absurdo, que existe to ∈ (0 , 2 π) tal que
E(i to ) = 1 .
Como ( π)
. to
s= ∈ 0, ,
4 2
segue que,
E(4 s i) = E(i to ) = 1 , ou seja, E(4 s i) ∈ R . (4.128)
Logo, de (4.127), segue que
E(4 s i) = −1 ,
~
4.3. FUNCOES
TRIGONOMETRICAS COMPLEXAS 197
E(i t) = 1 ,
t1 , t2 ∈ [0 , 2 π) ,
E(i t1 ) = E(i t2 ) = zo
E(i t1 )
teremos, =1
E(i t2 )
ent~ao, E(i t1 ) · [E(i t2 )]−1 = 1
| {z }
=E(−i t2 )
| {z }
=E[i (t1 −t2 )]
t2 < t1 .
Logo
t2 − t1 ∈ (0 , 2 π) ,
o que contraria o item 4. (pois E[i (t2 − t1 )] ̸= 1).
Para mostrar a exist^encia de
escrevemos
zo = xo + i yo , onde xo , yo ∈ R .
Notemos que
|xo | , |yo | ≤ 1 , pois xo2 + yo2 = |zo |2 = 1 .
A seguir consideraremos os seguintes casos:
Como[ ela e] uma func~ao contnua segue, do Teorema do Valor Intermediario, que existe
π
to ∈ 0 , tal que
2
C(to ) = xo .
Assim
.
zo = xo + i yo = C(to ) + i S(to ) = E(i to ) ,
completando a demonstrac~ao para o caso que xo , yo ∈ [0 , 1].
−i zo = −i(xo + i yo ) = yo − i xo = yo +i(−x
|{z}o )
|{z}
≥0 >0
Portanto
1 ( )
zo = · E i ~to
−i
( )
= i · E i ~to
(π ) ( )
=E i · E i ~to
(π2 )
=E i + i ~to
2
π
= E + ~to i .
2
| {z }
.
=to ∈[ π ,π ⊆[0,2 π)
2 ]
~
4.3. FUNCOES
TRIGONOMETRICAS COMPLEXAS 199
−xo +i(−yo ),
−zo = −(xo + i yo ) = |{z}
|{z}
∈(−1,1) ∈(0,1)
e assim podemos aplicar a situac~ao acima para obter ~to ∈ [0 , π) tal que
( )
− zo = E i ~to ,
( )
ent~ao, zo = −1 · E i ~to
( )
= E(i π) · E i ~to
( )
= E i π + i ~to
~
= E π {z t}o i ,
|+
.
=to ∈[0 ,2 π)
Temos tambem as seguintes observaco~es:
Observação 4.3.2
t
-
γ(0) = γ(2 π)
x
200 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
2. Como
d
γ ′ (t) = E ′ (i t) · i = i · E(i t) , para cada t ∈ [0 , 2 π] ,
Regra da Cadeia
[E(i t)] =
dt
segue que
∫2π ∫2π ∫2π
′
|γ (t)| dt = |i · E(i t)| dt = dt = 2 π ,
0 0 | {z } 0
=|i| |E(i t)|=1
3. Para cada to ∈ (0 , 2 π], quando t varia de 0 ate to , γ(t) descrevera uma arco da
circunfer^encia percorrido no sentido anti-horario do ponto γ(0) ate o ponto γ(to )
(veja a gura abaixo).
y
6
γ(to )
to
γ(0) -
x
to
z1
-
z3 x
ou seja, todo polin^omio de grau n ≥ 1, com coecientes complexos possui, pelo menos,
uma raiz complexa.
Demonstração:
Sem perda de generalidade, podemo supor que
an = 1 .
Q(zo ) = 0 ,
ent~ao:
n
∑
|P(z)| = ak zk
k=0
∑
n−1
an =1 n
= z + ak zk
k=0
∑
n−1
≥ |z|n − ak zk
k=0
∑
n−1
= |z| n
− |ak | |z| k
|{z} |{z}
(4.131) k=0 (4.131)
= R = R
∑
n−1
= Rn − |ak | Rk
k=0
( )
=R n
1 − |ao | R−n − |a1 | R−n+1 − · · · − |an−1 | R−1 .
onde
.
Bo = {z ∈ C ; |z| ≤ Ro } .
Como a func~ao
z 7→ |P(z)|
( )
e uma func~ao contnua na bola fechada Bo (que e compacta em R2 , dR2 ), segue que ela
assume seu valor mnimo em Bo , ou seja,
Armac~ao:
µ = 0.
Suponhamos, por absurdo, que
P(zo ) = µ ̸= 0 .
Consideremos a func~ao Q : C → C, dada por
. 1
Q(z) = P(z + zo ) , para cada z ∈ C . (4.135)
P(zo )
Notemos que a func~ao Q e uma func~ao polinomial, n~ao-constante (pois a func~ao P e uma
func~ao polinomial, n~ao-constante, ja que an = 1 e n ≥ 1), que satisfaz:
1
Q(0) = P(0 + zo ) = 1 , (4.136)
P(zo )
|P(z + zo )|
e |Q(z)| =
|P(zo )|
inf |P(z + zo )|
z∈C
≥
|P(zo )|
(4.133) (4.134)
= µ = P(zo )
z }| {
inf |P(w)|
w∈C
=
|P(zo )|
|P(zo )|
= = 1,
|P(zo )|
isto e, |Q(z)| ≥ 1 , para cada z ∈ C . (4.137)
(4.136)
Logo podemos escrever (|Q(0)| = 1)
Q(z) = 1 + bk zk + · · · + bn zn , para cada z ∈ C , (4.138)
onde
k ∈ {1 , 2 , · · · , n}
e o menor natural tal que
bk ̸= 0 , (4.139)
que existe, pois func~ao polinomial Q e n~ao constante.
Notemos que se considerarmos
. bk
z=− , teremos que |z| = 1 .
|bk |
Logo, pelo item (5) da Proposicao (4.3.1) , segue que existe θ ∈ R, tal que
e−i kθ = E(−i k θ)
Prop.(4.3.1)
= z
bk
=− ,
|bk |
ou seja, ei k θ bk = −|bk | . (4.140)
204 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Assim, teremos:
( i θ )
Q r e = 1 + bk rk ei k θ + bk+1 rk+1 ei (k+1) θ + · · · + bn rn ei n θ
≤ 1 + bk rk ei k θ + bk+1 rk+1 ei (k+1)θ + · · · + bn rn ei n θ
≤ 1 + bk rk ei k θ + |bk+1 | rk+1 ei (k+1) θ + · · · + |bn | rn ei n θ
| {z } | {z }
=1 =1
k i k θ
≤ 1 + bk r e +|bk+1 | r + · · · + |bn | r
k+1 n
| {z }
(4.142)
= 1−rk |bk |
(4.142)
= 1 − |bk | rk + |bk+1 | rk+1 + · · · + |bn | rn
[ ]
= 1 − rk |bk | − r |bk+1 | − · · · − rn−k |bn | . (4.143)
Notemos que se
r ∈ (0 , ∞) , e sucientemente pequeno ,
a express~ao dentro do colchete acima sera maior que zero, pois
(4.139)
|bk | − r |bk+1 | − · · · − rn−k |bn | ↑ |bk | > 0 , quando r → 0+ .
onde
. ao . an − i bn an + i bn
co = , cn = e c−n =. , para cada n ∈ N , (4.146)
2 2 2
Para mostrar as identidades acima, basta, para n ∈ Z, substituir
ei n x + e−i n x ei n x − e−i n x
cos(n x) = e sen(n x) =
2 2i
em (4.144).
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
2. Notemos que, para cada x ∈ R, temos que:
∑
N ∑
−1
( )−n ∑N
( )n
cn ei n x = cn e−i x + cn ei x
n=−N n=−N n=0
∑
N
( ) ∑
N
( )n
n=−m na 1.a soma −i x m
= c−m e + cn ei x
m=1 n=0
( −i x
) ( i x)
=Q e +R e ,
. ∑ . ∑
N N
Q(z) = c−m zm e R(z) = cn zn ,
m=1 n=0
ou seja, a func~ao [ ]
d ei n x
x 7→ ,
dx in
tambem sera uma func~ao 2 π-periodica.
∑
N [ ∫π ]
inx −i m x
= cn e e dx
n=−N −π
∑
N ∫π
= cn ei (n−m) x dx (4.148)
n=−N
|−π {z }
(4.147)
0 , para m ̸= n
=
2 π , para m = n
= 2 π cm , (4.149)
ou seja,
∫π
1
cm = f(x) e−i m x dx , para cada m ∈ {−N , · · · , N} .
2π −π
4.5. SERIES DE FOURIER 207
7. Notemos tambem que, de (4.149), se func~ao f e dada por (4.145) e |m| > N ent~ao
∫π
(4.148) 1
cm = 0 = f(x) e−i m x dx ,
2π −π
ou seja, ∫π
1
cm = f(x) e−i m x dx , para cada m ∈ Z . (4.150)
2π −π
8. Neste caso, os coecientes de (4.144) poder~ao ser obtidos da seguinte forma:
Para cada n ∈ Z+ e k ∈ N, teremos
∫π ∫π
1 1
an = f(x) cos(n x) dx e bk = f(x) sen(k x) dx . (4.151)
π −π π −π
Definição 4.5.2Uma série trigonométrica (ou de Fourier), sera uma serie de func~oes
que pode ser colocada na seguinte forma:
∑
∞
cn ei n x , para cada x ∈ R , (4.152)
n=−∞
onde a N-esima soma parcial desta serie de func~oes e dada por (4.145), ou seja
∑
∞
. ∑
N
cn e inx
= lim cn ei n x , para cada x ∈ R . (4.153)
N→∞
n=−∞ n=−N
Para comecar a responder a essas quest~oes precisaremos de alguns resultados que ser~ao
tratados a seguir.
Antes porem temos a:
Definição 4.5.3 Consideremos a sequ^ encia de func~oes (ϕn )n∈N onde, para cada n ∈ N,
a func~ao ϕn : [a , b] → C e, para cada n , m ∈ N temos que
∫b
ϕm (x) ϕn (x) dx = 0 , se m ̸= n . (4.154)
a
Resolução:
A demonstrac~ao segue da contas feitas em (4.149) e por isto os detalhes ser~ao deixados
como exerccio para o leitor.
Temos tambem o
Resolução:
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
. ∑
N
sN (x) = ci ϕi (x) , (4.160)
i=0
. ∑N
tN (x) = dk ϕk (x) , para cada x ∈ [a , b] , (4.161)
k=0
onde (4.160) e a N-esima soma parcial da serie de Fourier associada a func~ao f (ou
seja, para cada n ∈ Z+ , o coeciente cn e dado por (4.158)).
Ent~ao, teremos
∫b ∫b
|f(x) − sN (x)| dx ≤
2
|f(x) − tN (x)|2 dx . (4.162)
a a
Demonstração:
Observemos que, para cada N ∈ Z+ , teremos:
∑N
= dk ϕk (x)
z k=0
}| {
∫b ∫b ( )
(4.161) ∑
N
f(x) tN (x) dx = f(x) dk ϕk (x) dx
a a k=0
N ∫b
∑
= f(x) dk ϕk (x) dx
k=0 a
∑N ∫b
= dk f(x) ϕk (x) dx
k=0 |a
{z }
(4.158)
= ck
∑
N
= dk ck . (4.164)
k=0
4.5. SERIES DE FOURIER 211
Mas,
∑N
∫b ∫ b = k=0 dk ϕk (x)
z }| {
|tN (x)|2 dx = tN (x) tN (x) dx
a a
∑
= Nj=0 dj ϕj (x)
z }| {
∫ b (∑
N
)(
∑
N
)
(4.161)
= dk ϕk (x) dj ϕj (x) dx
a k=0 j=0
∑
N ∑
N ∫b
= dk dj ϕk (x) ϕj (x) dx
k=0 j=0 |a
{z }
Conj. ortonormal1 ,
para j = k
=
0 , para j ̸= k
∑
N
= dk dk
k=0
∑N
= |dk |2 . (4.165)
k=0
Logo,
∫b ∫b
|f(x) − tN (x)| dx =
2
[f(x) − tN (x)] · [f(x) − tN (x)] dx
a a
∫b [ ]
= [f(x) − tN (x)] · f(x) − tN (x) dx
a
∫b
[ ]
= f(x) f(x) − f(x) tN (x) − tN (x) f(x) + tN (x) tN (x) dx
a
∫b ∫b ∫b ∫b
= |f(x)| dx − f(x) tN (x) dx − tN (x) f(x) dx + |tN (x)|2 dx
2
a a
|a {z } |a {z }
∫b (4.165)∑N
= a f(x)tN (x) dx = k=0 |dk |2
∫b ∫b ∫b ∑
N
= |f(x)| dx −
2
f(x) tN (x) dx − f(x) tN (x) dx + |dk |2
a
|a {z } |a {z } k=0
(4.164)∑N (4.164)∑N
= k=0 dk ck = k=0 dk ck
∫b ∑
N ∑
N ∑
N
= |f(x)| dx −
2
dk ck − dk ck + |dk |2
a k=0
|k=0 {z } k=0
∑N
= k=0 dk ck
∫b ∑
N ∑
N ∑
N
= |f(x)|2 dx − dk ck − dk c k + |dk |2
a k=0 k=0 k=0
∫b ∑ ∑
N
( ) N
= |f(x)|2 dx − dk ck + dk ck + |dk |2 . (4.166)
a k=0 k=0
212 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Notemos que
=(dk −ck )
∑
N ∑
N z }| {
|dk − ck |2 = (dk − ck ) · (dk − ck )
k=0 k=0
∑
N
( )
= dk dk − dk ck − ck dk + ck ck
k=0
∑N ∑
n
( ) ∑N
= |dk |2 − dk ck + ck dk + |ck |2 ,
k=0 k=1 k=0
ou seja,
∑
N ∑
N
( ) ∑
N ∑
N
|dk | −
2
dk ck + ck dk = |dk − ck | − 2
|ck |2 .
k=0 k=0 k=0 k=0
∑
N ∑
N ∫b
= ci cj ϕi (x) ϕj (x) dx
i=0 j=0 | a
{z
}
(ϕk )k∈N
e ortonromal1 , para i = j
=
0 , para i ̸= j
∑
N ∑
N ∑
N
= ci ci = |ci |2 (4.168)
i=0 j=1 i=0
4.5. SERIES DE FOURIER 213
e
∫b ∫b
|f(x) − sN (x)| dx =
2
[f(x) − sN (x)] · [f(x) − sN (x)] dx
a a
∫b [ ]
= [f(x) − sN (x)] · f(x) − sN (x) dx
a
∫b [ ]
= f(x) f(x) − f(x) sN (x) − sN (x)f(x) + sN (x)sN (x) dx
a
∫b ∫b ∫b ∫b
= |f(x)| dx − f(x) sN (x) dx − sN (x) f(x) dx + |sN (x)|2 dx
2
a a a
|a {z }
(4.168)∑N
= k=0 |ck |2
∫b ∫b ∫b ∑
N
= |f(x)| dx −
2
f(x)sN (x) dx − f(x) sN (x) dx + |ck |2 . (4.169)
a a
|a {z } k=0
∫b
= a f(x) sN (x) dx
Notemos que
∫b ∫b ( N )
(4.160) ∑
f(x) sN (x) dx = f(x) ci ϕi (x) dx
a a i=0
∑
N ∫b
= ci f(x) ϕi (x) dx
i=0 |a
{z }
(4.158)
= ci
ci ci =|ci |2 ∑
N ∑
N
= ci ci = |ci |2 (4.170)
i=0 i=0
e que
∫b [∫ b ]
f(x)sN (x) dx = f(x) sN (x) dx
a
| a
{z }
(4.170)∑N
= i=0 |ci |2
( N )
∑
= |ci |2
i=0
∑
N
= |ci |2 .
i=0
Portanto
∫b (4.167)
∫b ∑
N
|f(x) − tN (x)| dx ≥ |f(x)| dx −
2
|ck |2
a a k=0
∫b
(4.171)
= |f(x) − sN (x)|2 dx ,
a
mostrando (4.162).
Alem disso, de (4.167), notamos que valera a igualdade na desigualdade acima ocorrera
se, e somente se,
dk = ck , para cada k ∈ {0 , 1 , · · · , n} ,
completando a demonstrac~ao do resultado.
Observação 4.5.4
do tipo polin^omio trigonometrico (isto e, dadas por (4.161)), que utilizarmos para
a aproximar a func~ao f, as func~oes
sn = sn (x) ,
dadas por (4.160), s~ao aquelas que nos fornecer~ao as melhores aproximac~oes (na
norma acima).
2. Notemos que (4.168) nos diz que, para cada N ∈ N, teremos
∫b ∑
N
|sN (f ; x)| dx ≤
2
|ci |2 . (4.172)
a i=0
Em particular,
lim cn = 0 , (4.174)
n→∞
Demonstração:
Para cada N ∈ N segue, de (4.171), que
∫b
0 ≤ |f(x) − sN (x)|2 dx
a
∫b ∑
N
= |f(x)|2 dx − |cn |2 ,
a n=0
∑
N ∫b
ou seja, 0 ≤ |cn |2 ≤ |f(x)|2 dx . (4.175)
n=0 a
Logo fazendo
N→∞
∑
∞
na desigualdade acima, segue que a serie numerica |cn |2 e convergente em (R , dR ), pois a
n=0
sequ^encia das somas parciais sera monotona crescente e limitada em (R , dR ).
Alem disso, teremos ∫
∑
∞ b
0≤ |cn |2 ≤ |f(x)|2 dx ,
n=0 a
mostrando (4.173).
∑
∞
Como a serie numerica |cn |2 e convergente (R , dR ), do Criterio da Diverg^encia, segue
n=0
que
lim |cn |2 = 0 ,
n→∞
o que implicara que
lim cn = 0 ,
n→∞
completando a demonstrac~ao do resultado.
Como consequ^encia da demonstrac~ao do Teorema (4.5.2), temos um resultado analogo
para as sequ^encias
(cn )n∈Z ,
dados por (4.150), a saber, tambem conhecido como desigualdade de Bessel (na forma
complexa):
Demonstração:
Tambem como consequ^encia da demonstrac~ao do Teorema (4.5.2), temos um resultado
analogo para as sequ^encias
(an )n∈Z+ e (bk )k∈N ,
dados por (4.151), a saber, tambem conhecido como desigualdade de Bessel (na forma real):
onde, para cada n ∈ Z+ , os coecientes an , bn ser~ao dados por (4.146) ou (4.151).
Em particular,
lim an = lim bn = 0 (4.179)
n→∞ n→∞
∑
∞ ∑
∞
Como as series numericas an2 e bn2 s~ao convergentes em (R , dR ), do Criterio da
n=0 n=0
Diverg^encia, segue que
lim an2 = lim bn2 = 0 ,
n→∞ n→∞
4.6. ALGUMAS SERIES
TRIGONOMETRICAS 217
1
Observação 4.5.5Observemos que o fator aparece na desigualdade acima esta rela-
π
cionado com o fato que
∥ein · ∥ = 2 π
Observação 4.6.1 Seja f : R → C uma func~ao 2 π-periodica, tal que f ∈ R em [−π , π].
. ∑
N
SN (x) = SN (f ; x) = cn ei n x , para cada x ∈ R , (4.183)
n=−N
2. Logo, utilizando-se de (4.168), temos que (4.175) pode ser reescrita na seguinte
forma:
∫π ∑
N
1 (4.168)
|SN (x)| dx = 2
|cn |2
2π −π n=−N
(4.175)
∫π
1
≤ |f(x)|2 dx . (4.186)
2π −π
1
O fator aparece devido a
2π
∫π
|ei n x |2 dx = 2 π .
−π
. ∑ inx
N
DN (x) = e , para cada x ∈ R , (4.187)
n=−N
∑
N ∑
N
i (n+1) x
= e − ei n x
n=−N n=−N
| {z } | {z }
. ∑N
k=n+1∑N+1 = i k x −e−i N x
= ikx k=−N+1 e
k=−N+1 e
∑
N+1 ∑
N
= ei k x − ei k x − e−i N x
k=−N+1 n=−N+1
| {z }
∑N
= k=−N+1 ei k x +ei (N+1) x
= ei (N+1) x − e−i N x .
x ( ) x ( )
e−i 2 ei x − 1 DN (x) = e−i 2 ei (N+1) x − e−i N x
| {z }
i x2 −i x2
| −
=e
{ze }
=2 i sen( x2 )
1 1
= |ei (N+ 2 ) x −
{ze
−i (N+ 2 ) x
},
=2 i sen[(N+ 21 ) x]
4.6. ALGUMAS SERIES
TRIGONOMETRICAS 219
ou seja,
[( ) ]
1
sen N+ x
2
DN (x) = (x) , para cada N ∈ N e x ∈ R \ {k π ; k ∈ Z} . (4.188)
sen
2
5. Observemos tambem que, para N ∈ N e x ∈ R, teremos:
∑
N
Sn (x) = cn ei n x
n=−N
∑N ( ∫ )
1 π −i n t
= f(t) e dt ei n x
n=−N
2 π −π
∫π N
1 ∑ i n (x−t)
= f(t)
e dt
2π −π n=−N
| {z }
=DN (x−t)
∫π
1
= f(t) DN (x − t) dt
2π −π
.
s = x − t ⇒ ds = −dt
t = −π
⇒ s=x+π
t=π ⇒ s=x−π
∫
1 x−π
= f(x − s) DN (s) (−ds)
2 π x+π
∫
f,DN s~
ao 2 π-peri
odicas 1 −π
= − f(x − s) DN (s) ds
2π π
∫
1 π
= f(x − s) DN (s) ds . (4.189)
2 π −π
isto e, a serie de Fourier (4.184) associada a func~ao f convergira, em xo , para f(xo ),
ou ainda,
∑
∞
f(xo ) = cn ei n xo . (4.192)
n=−∞
220 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Demonstração:
Consideremos a func~ao g : R → C, dada por
f(xo − t) − f(xo )
( ) , para 0 < |t| < π
. t
g(t) = sen , (4.193)
2
0 , para t = 0
e
g(t + 2 π) = g(t) , para cada t ∈ R .
Assim:
(4.194)
= 1
∫π z ∫ }| {
(4.189) 1 1 π
SN (xo ) − f(xo ) = f(xo − s) DN (s) ds − f(xo ) DN (s) ds
2 π −π 2 π −π
∫
1 π
= [f(xo − s) − f(xo )] DN (s) ds
2 π −π | {z } | {z }
(4.188) sen[(N+ 2 )s]
(4.193) 1
= g(s) sen( 2s ) =
sen( 2 )
s
[( ) ]
1
1 π
∫ ( s ) sen N + 2 s
= g(s) sen (s) ds
2 π −π 2 sen
∫π [( ) ] 2
1 1
= g(s) sen N + s ds
2 π −π 2
∫π [ ( s )]
sen[(N+ 12 )s]= sen(N s)·cos( 2s )+ sen( 2s )·cos(N s) 1
= g(s) cos sen(N s) ds
2 π −π 2
∫
1 π [ ( s )]
+ g(s) sen cos(N s) ds . (4.195)
2 π −π 2
4.6. ALGUMAS SERIES
TRIGONOMETRICAS 221
Mas
( s ) |f(x + s) − f(x )| ( s )
( s ) o cos
g(s) cos
o
=
2 sen | {z 2 }
2 ≤1
(4.190) M |s|
≤ ( s )
sen
2
1
( s ) ≤ L ,
= 2M (4.196)
sen
2
s
2
para algum L > 0, se |s| < δ, pois (s)
sen
lim 2 =1
s→0 s
2
e
( s ) |f(x + s) − f(x )| ( s )
o
g(s) sen ( ) sen
o
= s
2 sen 2
2
= |f(xo + s) − f(xo )|
(4.190)
≤ M |s|
|s|<δ<π
≤ Mπ, (4.197)
ou seja, as funco~es 2 π-periodicas
(s) (s)
g1 : s 7→ g(s) cos e g2 : s 7→ g(t) sen (4.198)
2 2
s~ao funco~es limitadas em (R , dR ) e, juntamente com o fato que f ∈ R em [−π , π], implicar~ao
que as funco~es g1 e g2 dadas por (4.198) acima, pertencem a R em [−π , π].
Deixaremos os detalhes dessa armac~ao como exerccio para o leitor.
Com isto, podemos considerar os coecientes de Fourier associados a func~ao g1 , que ser~ao
indicados por
an , bn , para cada n ∈ Z+ ,
dados por (4.151), trocando-se func~ao f pela func~ao g1 .
Tambem podemos considerar os coecientes de Fourier associados a func~ao g2 , que ser~ao
indicados por
An , Bn , para cada n ∈ Z+ ,
dados por (4.151), trocando-se func~ao f pela func~ao g2 .
222 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
aN , bN , AN , BN → ∞ , quando N → ∞ ,
em particular:
(4.151)
= π bN
∫π [ z∫ }| {
( s )] π
g(s) cos sen(N s) ds = g1 (s) sen(N s) ds → 0
2
∫−π
π [ ( s )] ∫π
−π
Observação 4.6.2 Uma func~ao f que satisfaz a condic~ao (4.190) sera denominada
func~ao localmente Lipschitiziana em x = xo .
Do Teorema (4.6.1) acima, segue que, para cada x ∈ I, teremos que (4.191) sera valido,
implicando que
SN (x) → f(x) = 0 , para cada x ∈ I ,
ou seja, vale (4.200).
Se existir δ > 0 tal que
f(x) = g(x) , para cada x ∈ (xo − δ , xo + δ) ,
ent~ao teremos
.
(f − g)(x) = 0 , para cada x ∈ I = (xo − δ , xo + δ) .
Vale observar que
SN (f ; x) − SN (g ; x) = SN (f − g ; x) , para cada x ∈ R . (4.202)
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo da primeira parte deste resultado e de (4.202), segue (4.201), completando a de-
monstrac~ao do resultado.
Demonstração:
Se "identicarmos" x como x + 2 π, (por meio de uma relac~ao de equival^encia) poderemos
identicar uma func~ao 2 π-periodicas denida em R, com uma func~ao denida na circun-
fer^encia unitaria centrada na origem, que denotaremos por S1 .
Para isto basta considerar a aplicac~ao
x 7→ ei x ,
Observação 4.6.4 O resultado acima nos diz que toda func~ao contnua complexa, 2 π-
periodica denida em R, pode ser uniformemente aproximada por uma polin^omio tri-
gonometrico (complexo) denido em R.
Com isto podemos enunciar e demonstrar a, assim denominada, Identidada de Parseval,
a saber:
Corolário 4.6.2 Sejam f , g : R → C func~ oes 2 π-periodicas em R tal que f , g ∈ R em
[−π , π], cujos coecientes de Fourier s~
ao dados pelas sequ^encias numericas (complexas)
(cn )n∈Z e (dn )n∈Z , respectivamente.
Para cada N ∈ Z+ , consideremos a N-esima soma parcial da serie de Fourier (na
forma complexa) associada a func~ao f e a func~ao f, ou seja,:
. ∑ . ∑
N N
SN (f ; x) = cn ei n x e SN (g ; x) = dn ei n x , para cada x ∈ R , (4.204)
n=−N n=−N
Ent~ao
∫π
lim |f(x) − SN (f ; x)|2 dx = 0 , (4.206)
N→∞ −π
∫π ∑
∞
f(x) g(x) dx = cN dN , (4.207)
−π N=−∞
∫π ∑∞
|f(x)|2 dx = |cN |2 . (4.208)
−π N=−∞
Demonstração:
Lembremos que se t ∈ R em [−π , π] segue, do Corolario (2.3.1), que |t|2 ∈ R em [−π , π].
Neste caso, denotaremos por
[ ∫π ] 12
. 1
∥t∥2 = |t(x)| dx
2
2π −π
4.6. ALGUMAS SERIES
TRIGONOMETRICAS 225
Como f ∈ R em [−π , π], segue, do Exerccio 12, pagina 140, que dado ε > 0 existe
h ∈ C(R ; C), tal que a func~ao h seja 2 π-periodica em R e
ε
∥f − h∥2 < . (4.209)
3
o que implicara em
12
1 ∫π
∥h − P∥2 = |h(x) − P(x)|2 dx
2 π −π | {z }
(4.210) 2
≤ ε9
[ ∫π ] 12
(4.210) 1 ε2
< dx
2π −π 9
ε
= . (4.211)
3
∑
No
P(x) = Cn e−i n x , para cada x ∈ R , (4.212)
n=−No
onde
C−No ̸= 0 ou CNo ̸= 0 .
Ent~ao, aplicando-se o Teorema (4.5.1), a famlia do Exemplo (4.5.1), com (tN )N∈N , como
sendo
.
tN (x) = P(x) , para cada x ∈ R
e (sN )N∈N , como sendo
.
sN (x) = SN (f ; x) , para cada x ∈ R ,
1
segue que (multiplicando-se ambos o membros da desigualdade (4.162) por > 0)
2π
(4.162)
∥h − SN (h)∥2 ≤ ∥h − P∥2
(4.211) ε
< , para cada N ≥ No . (4.213)
3
226 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
Assim, se (en )n∈N denotam os coecientes associados a func~ao h, da Observac~ao (4.5.4)
item 2. e do Teorema (4.5.2), segue que
Logo, se N ≥ No , teremos:
ou seja,
∫π
1
lim |f(x) − SN (f ; x)|2 dx = 0 ,
N→∞ 2 π −π
mostrando (4.206).
Com isto, para cada N ∈ N, teremos
∫π ∫π [ ∑
N
]
1 (4.205) 1
SN (f ; x) g(x) dx = cn ei n x g(x) dx
2π −π 2π −π n=−N
∑
N ∫π
1
= cn ei n x g(x) dx
2π
n=−N |−π {z }
∫π inx
= −π g(x) e|{z} dx
=e−i n x
∑
N ∫π
1
= cn g(x) e−i n x dx
2π
n=−N | −π
{z }
(4.205)
= dN
∑
N
= cn dn . (4.215)
n=−N
4.6. ALGUMAS SERIES
TRIGONOMETRICAS 227
Mas
∫ π ∫π ∫ π
f(x) g(x) dx − S (f ; x) g(x) dx = [f(x) − S (f ; x)] g(x) dx
N N
−π
∫−π
π
−π
(4.215) ∑
N
= lim c n dn
N→∞
n=−N
∑
∞
= cn dn ,
n=−∞
mostrando (4.207).
Fazendo
g=f
em (4.207), obteremos (4.208), completando a demonstrac~ao do resultado.
Observação 4.6.5 Podemos fazer um estudo semelhante ao feito acima para func~oes,
a valores complexos, qeu s~ao 2 L-periodicas, bastando, para cada n ∈ Z+ , substituir, nas
considerac~oes acima, a func~ao
1
x 7→ √ ei n x
2π
pela func~ao
1 inπx
x 7→ √ e L
2L
e, de modo semelhante, substituir as func~oes
1 1
x 7→ √ cos(nx) e x 7→ √ sen(nx)
π π
228 CAPITULO 4. SERIES
^
DE POTENCIAS E DE FOURIER
pelas func~oes
1 (n π x) 1 (n π x)
x 7→ √ cos e x 7→ √ sen ,
L L L L
respectivamente.
1. d'Alambert (1747) e Euler (1748) encontraram a soluc~ao geral para a equac~ao da onda
a saber:
.
u(t , x) = F(x + t) + G(x − t) , para cada (t , x) ∈ R2 ,
onde F , G ∈ C2 (R ; R).
2. D.Bernoulli (1753) armou que a soluc~ao da equac~ao da onda deveria ter a seguinte
forma:
∑
∞
u(t , x) = an cos(n t) sen(n x) ,
n=1
3. Lagrange (1759) armou que a equac~ao da onda em [0 , 1] (isto e, para L = 1), com dado
inicial dado pela func~ao f e velocidade inicial dada pela func~ao g, deveria ser dada por:
∫1 ∑
∞
u(t , x) = 2 [cos(n π t) sen(n π y) sen(n π x)] f(y) dy
0 n=1
∫1 ∑∞ [ ]
1
+2 sen(n π t) sen(n π y) sen(n π x) g(y) dy , (4.216)
0 n=1 n
funco~es, obteremos:
∫1 ∑
∞
f(x) = u(0 , x) = 2 f(y) cos(n π 0) sen(nπy) sen(n π x) dy
| {z }
0 n=1
=1
∫1 ∑
∞
1
+2 g(y) sen(n π 0) sen(n π y) sen(n π x) dy ,
0 n=1
n | {z }
=0
∫1 ∑
∞
=2 [f(y) sen(n π y) sen(n π x)] dy
0 n=1
∫ 1 ∑∞ ∑∞ ∫ 1 ∑∞ ∫
1
0 n=1 = n=1 0 !?
= 2 f(y) sen(n π y) dy sen(n π x) ,
n=1 |0 {z }
Coef. de Fourier
4. Fourier (1811) obteve os coecientes de Fourier e escreveu as series de senos e cossenos
de varias funco~es.
Segundo consta, ele dizia que qualquer func~ao periodica poderia ser expressa por uma
tal serie.
Mais tarde foi mostrado que isso, em geral, n~ao e verdade.
5. Dirichlet (1829 e 1837) foi um dos primeiros a reconhecer que nem toda func~ao periodica
poderia ser representada por uma serie de Fourier.
Produziu os primeiros criterios de converg^encia da serie de Fourier.
6. Riemann (seculo XIX) prop^os encontrar condico~es necessarias e sucientes para que
uma func~ao periodica pudesse ser representada por uma serie de Fourier.
Como estas quest~oes estavam ligadas a integrac~ao de funco~es, neste instante, comeca a
teoria de integrac~ao de Riemann.
7. de Bois e Reymond (1876) construiram uma func~ao contnua e periodica cuja serie de
Fourier divergia em um ponto.
Mais tarde, construiram uma outra para o qual a serie de Fourier divergia num conjunto
denso.
Fejer (1909) exibiu exemplos mais simples.
8. Dini (1880) conseguiu criterios para a converg^encia da serie de Fourier (Teste ou Criterio
de Dini).
10. Todos estes trabalhos, e muitos outros, conduziram a uma melhor compreens~ao das
funco~es descontnuas e propiciaram os trabalhos de Harnack, Hankel, Borel e Lebesgue,
culminando com a introduc~ao de um novo conceito de integrac~ao, a saber, a integral de
Lebesgue.
Aqui comeca a teoria moderna das series de Fourier.
11. Riesz e Fischer (1907) mostraram a converg^encia da serie de Fourier na norma ∥.∥L2 ([0a,,L] ; R)
para funco~es cujo modulo ao quadrado s~ao integraveis (segundo Lebesgue) em um in-
tervalo [0, L].
12. Carleson (1966) mostrou que para uma func~ao, cujo modulo ao quadrado e integravel
(segundo Lebesgue) em um intervalo [0 , L], a serie de Fourier converge, exceto num
conjunto de medida de Lebesgue zero, para a propria func~ao.
4.8 Exercı́cios
Capı́tulo 5
Neste captulo trataremos das funco~es de varias variaveis reais a valores reais (ou complexos).
Ser~ao abordados assuntos relacionados com a continuidade e a diferenciabilidade de tais
funco~es.
2. Notemos que (L(X ; Y) , +, ·) sera um espaco vetorial sobre R (ou C), onde + denota
a soma de func~oes e · denota a multiplicac~ao de uma func~ao por numero real (ou
complexo).
3. Lembremos tambem que se
T ∈ L(X ; Y) e S ∈ L(Y ; Z) , ent~ao S ◦ T ∈ L(X ; Z) .
231
232 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
Em particular, existe
.
∥A∥L = sup ∥A(y)∥ < ∞ (5.3)
∥y∥≤1
Demonstração:
De 1.:
Seja
.
β = {⃗e1 , ⃗e2 , · · · , ⃗en }
a base can^onica de (Rn , +, ·), isto e,
⃗ei = (0, · · · , 0, 1
|{z} , 0, · · · 0) , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n} .
i-
esima entrada
Consideremos
. ∑
n
y= yi · ⃗ei , tal que ∥y∥ ≤ 1 . (5.5)
i=1
(5.1) (5.5)
= ∥y∥ ≤ 1 ,
ou seja, |yi | ≤ 1 . (5.6)
Consideremos
. ∑
n
λ= ∥A (⃗ei )∥ . (5.7)
i=1
5.1. UM POUCO DE ALGEBRA LINEAR 233
Propriedade de norma ∑
n
= |yi | ∥A(⃗ei )∥
|{z}
i=1 (5.6)
≤ 1
∑
n
≤ ∥A(⃗ei )∥
i=1
(5.7)
= λ. (5.8)
Assim o conjunto
{∥A(y)∥ ; ∥y∥ ≤ 1}
e limitado superiormente em R, pelo numero real n~ao negativo λ.
Portando este conjunto admitira supremo em R e, alem disso, teremos:
sup ∥A(y)∥ ≤ λ ,
∥y∥≤1
mostrando (5.3).
Notemos que, se
x = 0, ent~ao ∥x∥ = 0 ,
e como A e uma transformac~ao linear, segue que
A(x) = 0 .
Neste caso, (5.2) ocorrera trivialmente (pois ambos os lados da desigualdade ser~ao zero e
assim a igualdade ocorrera).
Por outro lado, se
x ̸= 0 ,
considerando-se
. x
y= , segue que ∥y∥ = 1 .
∥x∥
Assim, de (5.8) obteremos
∥A(y)∥ ≤ λ ,
( )
x
x
como y = , sera equivalente a:
A
≤ λ,
∥x∥
∥x∥
| {z }
A
e trans. linear 1 Propriedade de norma 1
= ∥ ∥x∥ A(x)∥ = ∥x∥
∥A(x)∥
mostrando (5.2).
Notemos que, se
λ=0
Se A ∈ L(Rn ; Rm ) ent~ao
∥A∥L ≥ 0 .
Alem disso
∥A∥L = 0 ,
se, e somente se, sup ∥A(x)∥ = 0 ,
∥x∥≤1
A vericac~ao da ultima equival^encia sera deixada como exerccio para o leitor.
= |α| ∥A∥L ;
5.1. UM POUCO DE ALGEBRA LINEAR 235
Se A , B ∈ L(Rn ; Rm ), ent~ao
= ∥A∥L + ∥B∥L ,
Observação 5.1.2
236 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
ou seja,
m = n,
como armamos.
2. Por simplicidade, denotaremos L (Rn ; Rn ) por L (Rn ) e um elemento de L (Rn ) sera
denominado operador linear em Rn .
Para nalizar esta sec~ao temos o:
Teorema 5.1.1 Seja
.
Ω = {A ∈ L(Rn ) ; A e inversvel } .
Ent~ao
1. Se A ∈ Ω e B ∈ L(Rn ) satisfaz:
∥B − A∥L
A−1
L < 1 , (5.10)
segue que B ∈ Ω.
2. Ω e um subconjunto aberto de L (Rn ) (munido da norma ∥ · ∥L ).
3. A aplicac~ao T : Ω → Ω dada por
.
T (A) = A−1 , para cada A ∈ Ω , (5.11)
e uma func~ao contnua e bijetora em Ω.
5.1. UM POUCO DE ALGEBRA LINEAR 237
Demonstração:
De 1.:
Notemos que se C ∈ Ω, segue que
∥C∥L ̸= 0 ,
Sejam
. 1 .
α= e β = ∥B − A∥L . (5.12)
∥A−1 ∥L
Notemos que
β = ∥B − A∥L
(5.10) 1
< = α,
∥A−1 ∥L
isto e, β < α . (5.13)
≤ α∥A−1 ∥L ∥A(x)∥
| {z }
(5.12)
= 1
= ∥A(x)∥
= ∥(A − B)(x) + B(x)∥
des. triangular
≤ ∥(A − B)(x)∥ +∥B(x)∥
| {z }
(5.9)
≤ ∥A−B∥L ∥x∥
= β ∥x∥ + ∥B(x)∥ ,
ou seja,
(α − β) ∥x∥ ≤ ∥B(x)∥ , para cada x ∈ Rn . (5.14)
Como
β<α
(veja (5.13)), segue que
∥B(x)∥ ̸= 0 , para cada x ̸= 0 ,
238 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
ou seja, o operador linear B e injetor e como o domnio e o contra-domnio s~ao iguais (logo
t^eem a mesma dimens~ao), implicara que o operador linear B sera sobrejetor, ou ainda, bijetor.
Assim teremos que
B ∈ Ω,
completando a demonstrac~ao de 1. .
De 2.:
Dado A ∈ Ω, notemos que se B ∈ L(Rn ) e tal que
∥B − A∥L < α ,
de (5.13) e do item 1., segue que B ∈ Ω.
Portanto, a bola aberta B(A ; α) ⊆ Ω, ou seja, Ω e um subconjunto aberto de L(Rn )
(munido da norma ∥ · ∥L ), completando a demonstrac~ao de 2. .
De 3.:
Sejam A , B ∈ Ω, y ∈ Rn e α, β com em (5.12).
Trocando-se x por B−1 y em (5.14), obteremos
[ ]
(α − β)
B−1 (y)
≤
B B−1 (y)
= ∥y∥ ,
−1
1
ou seja,
B (y)
≤ ∥y∥ ,
α−β
−1
tomando-se o sup , obteremos:
B
≤ 1 . (5.15)
L α−β
∥y∥≤1
1 1
≤ β ,
α−β α
−1
β
ou seja,
B − A−1
≤ . (5.16)
L α (α − β)
Portanto, se
∥·∥L (5.12)
B → A, teremos: β = ∥B − A∥L → 0 ,
e assim, de (5.16), segue que
−1
∥·∥
B − A−1
→ 0 , ou ainda B−1 →L A−1 ,
L
ou seja, a aplicac~ao T , dada por (5.11), sera contnua em Ω, munido da norma ∥ · ∥L , com-
pletando a demonstrac~ao do item 3. e do resultado.
5.2. DIFERENCIABILIDADE 239
Observação 5.2.1
f(xo + h) − f(xo )
lim ∈ R. (5.17)
h→0 h
onde
r(h)
lim = 0. (5.19)
h→0 h
5. Por sua vez, a express~ao (5.18) pode ser lida da seguinte forma: a diferenca entre
os vetores
f(xo + h) − f(xo )
e "aproximadamente igual" a func~ao linear,
h 7→ f ′ (xo ) h ,
6. Deste modo f ′ (xo ) pode ser visto, n~ao como um numero real, mas como associado
a um operador linear denido em R, a saber, o operador linear
h 7→ f ′ (xo ) h .
Observação 5.2.2
deveremos ter
f(xo + h) − f(xo )
− y
< ε. (5.22)
h
Rm
4. Notemos tambem que no caso acima, podemos interpretar o vetor f ′ (xo ) como
sendo associada a uma transformac~ao linear de (R , + , ·) em (Rm + , ·), a saber, a
transformac~ao linear
h 7→ f ′ (xo ) h ,
pois o espaco vetorial real (Rm , + , ·) e isomorfo ao espaco vetorial real (L(R ; Rm ) , + , ·)
(pois ambos t^eem dimens~ao m).
5. Na situac~ao acima, se
.
βm = {⃗u1 , u⃗2 , · · · , ⃗um }
e uma base can^onica de (Rm , + , ·), temos que para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , m}, existe
uma func~ao fi : E → Rm tal que
f(x) = (f1 (x) , f2 (x) , · · · , fm (x)) , para cada x ∈ (a , b) , (5.26)
ou seja,
∑
m
f(x) = fi (x) · ⃗ui , para cada x ∈ (a , b) . (5.27)
i=1
A caracterizac~ao (5.25) pode ser estendida para funco~es que t^em varias variaveis reais, a
valores reais, ou seja, temos a:
Sejam E ⊆ Rn aberto em Rn , xo ∈ E e f : E → R uma func~ao.
Definição 5.2.2
Diremos que a func~ao f e diferenciável em xo , se existir y ∈ Rn de modo que
f(xo + h) − f(xo ) − y • h
lim = 0, (5.32)
⃗
h→O ∥h∥Rn
onde • denota o produto interno usual de (Rn , + , ·).
Neste caso diremos que o vetor y sera dito derivada da função f no ponto xo , que
sera indicada por f ′ (xo ), ou seja
.
f ′ (xo ) = y . (5.33)
Diremos que a func~ao f e diferenciável em E se ela a func~ao f for diferenciavel em
cada ponto de E.
Com isto podemos considerar a func~ao f ′ : E → R, denominada função derivada
associada à função f.
Observação 5.2.3
1. Observemos que (5.32) e equivalente a
|f(xo + h) − f(xo ) − y • h|
lim = 0. (5.34)
⃗
h→O ∥h∥Rn
onde
.
r(h) = f(xo + h) − f(xo ) − y • h , para h ∈ Rn , (5.37)
satisfazendo
∥h∥Rn < δ .
4. Notemos tambem que, no caso acima, podemos interpretar f ′ (xo ) como sendo
uma transformac~ao linear do espaco vetorial real (Rn , + , ·) no espaco vetorial real
(R , + , ·), a saber,
h 7→ f ′ (xo ) h ,
| {z }
=y•h
Demonstração:
Seja
.
C = A − B.
Ent~ao, para
h ∈ Rn , com h ̸= O
⃗, de modo que xo + h ∈ A ,
teremos
∥C(h)∥Rm = ∥(A − B)(h)∥Rm
= ∥ − {[f(xo + h) − f(xo )] − A(h)} + {[f(xo + h) − f(xo )] − B(h)} ∥Rm
≤ ∥f(xo + h) − f(xo ) − A(h)∥Rm + ∥f(xo + h) − f(xo ) − B(h)∥Rm . (5.42)
Como func~ao f e diferenciavel em xo , de (5.42), segue que
∥C(h)∥Rm
0≤
∥h∥Rn
(5.42) ∥f(x + h) − f(x ) − A(h)∥ ∥f(xo + h) − f(xo ) − B(h)∥Rm
≤
o o Rm
+ → 0, (5.43)
∥h∥Rn ∥h∥Rn
quando h → O
⃗ , ou seja,
∥C(h)∥Rm
lim =0 ,
h→O⃗ ∥h∥Rn
∥C(tx)∥Rm { }
em particular, lim = 0, para cada x ∈ Rn \ O
⃗ . (5.44)
t→0 ∥tx∥Rn
5.2. DIFERENCIABILIDADE 245
{ }
Notemos que para t ∈ R e x ∈ R \ O
∗ ⃗ teremos
n
∥C(t x)∥Rm C
e linear ∥t C(x)∥Rm
=
∥t x∥Rn ∥t x∥Rn
propriedade de norma |t| ∥C(x)∥Rm
=
|t| ∥x∥Rn
t̸=0 ∥C(x)∥Rm
= .
∥x∥Rn
Isto, juntamente com (5.44), implicar~ao que
∥C(x)∥Rm { }
= 0, para cada x ∈ Rn \ O
⃗ .
∥x∥Rn
Como x ̸= O
⃗ , segue que
{ }
⃗,
C(x) = O para cada ⃗ ,
x∈R \ O
n
Observação 5.2.5
1. A express~ao (5.38) na Denic~ao (5.2.3) acima, pode ser reescrita da seguinte
forma:
Se a func~ao f for diferenciavel em xo ∈ E, ent~ao a func~ao
( ) { }
. ⃗ ⃗ ⊆ Rn → Rm ,
r : V = B O; η \ O
dada por
.
r(h) = f(xo + h) − f(xo ) − A(h) , para cada h ∈ V , (5.45)
devera satisfazer
∥r(h)∥Rm
lim = 0. (5.46)
⃗
h→O ∥h∥Rn
2. Notemos que se a func~ao f e diferenciavel em xo ∈ E, segue que ela sera uma
func~ao contnua em xo .
De fato, pois
(5.45), f ′ (xo )=A
lim [f(xo + h) − f(xo )] = lim [f ′ (xo )h + r(h)] .
⃗
h→O ⃗
h→O
246 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
Da Proposic~ao (5.1.1) temos que a func~ao f ′ (xo ) e contnua (pois f ′ (xo ) ∈ L(Rn ; Rm )),
logo sera contnua em O⃗.
Logo, segue que
lim f ′ (xo )h = 0 .
⃗
h→O
Em cada caso o leitor e convidado a vericar que a norma que estaremos utilizando
e a norma usual do correspondente espaco euclideano.
A seguir exibiremos um resultado muito importante, a saber:
Proposição 5.2.2 Seja A ∈ L(Rn ; Rm ).
Ent~ao a func~ao A e diferenciavel em Rn e
A ′ (xo ) = A , para cada xo ∈ Rn . (5.47)
Demonstração:
Notemos que, para cada xo ∈ R xado, teremos:
=0
z }| {
∥A(xo + h) − A(xo ) − A(h)∥ A e linear ∥ A(xo ) + A(h) − A(xo ) − A(h) ∥
lim = lim
h→O⃗ ∥h∥ h→O⃗ ∥h∥
= 0,
Demonstração:
As demonstraco~es dos itens acima ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
Temos tambem o seguinte importante resultado, conhecido como regra da cadeia:
Teorema 5.2.1 Sejam E ⊆ Rn e U ⊆ Rm subsconjuntos abertos de (Rn , dRn ) e (Rm , dRm ),
respectivamente, xo ∈ Rn , f : E → Rm func~ao diferenciavel em xo , yo =. f(xo ) ∈ U e
ao diferenciavel em yo .
g : U → Rj func~
Ent~ao a func~ao (g ◦ f) sera diferenciavel em xo e alem disso
(g ◦ f) ′ (xo ) = g ′ [f(xo )] ◦ f ′ (xo ) . (5.50)
Demonstração:
Como xo ∈ E, yo ∈ U, estes s~ao subconjuntos abertos de (Rn , dRn ) e (Rm , dRm ), respec-
tivamente, e a func~ao f e contnua em xo , segue que existem η1 , η2 > 0 , de modo que
BRn (xo ; η1 ) ⊆ E
e se
x ∈ BRn (xo ; η1 ) , teremos f(x) ∈ BRm (yo ; η2 ) ⊆ U , (5.51)
onde BRl (zo ; η), denota a bola aberta de centro em zo ∈ Rl e raio η, em (Rl , dRl ).
Consideremos as funco~es
dadas por
.
u(h) = f(xo + h) − f(xo ) − f ′ (xo ) h , para cada h ∈ BRn (xo ; η1 ) , (5.52)
.
v(k) = g(yo + k) − g(yo ) − g ′ (yo ) k , para cada k ∈ BRm (yo ; η2 ) . (5.53)
(5.51) ( )
.
+ h} ) − f(xo ) ∈ BRm O
k = f( |xo {z ⃗ ; η2 , (5.55)
| {z }
∈B(xo ;η1 ) =yo
em particular,
Ent~ao
(5.55)
∥k∥ = ∥f(xo + h) − f(xo )∥
(5.52)
= ∥f ′ (xo )h − u(h)∥
≤ ∥f ′ (xo )h∥ + ∥u(h)∥
f ′ (xo )
e transf. linear ∥u(h)∥
≤ ∥f ′ (xo )∥L ∥h∥ + ∥h∥
∥h∥
[ ]
∥u(h)∥
′
= ∥f (xo )∥L + ∥h∥ . (5.57)
∥h∥
Notemos que
(5.55)
= yo +k =yo
z }| { z }| {
(g ◦ f)(xo + h) − (g ◦ f)(xo ) − [g ′ [f(xo )] ◦ f ′ (xo )] (h) = g[f(xo + h)] − g[f(xo )]
=yo
z }| {
− g [f(xo )][f ′ (xo )h]
′
Logo
≤∥v(k)∥+∥g ′ (yo )[u(h)]∥
z }| {
′ ′ ′
∥(g ◦ f)(xo + h) − (g ◦ f)(xo ) − g (yo )[f (xo ) h]∥ ∥v(k) + g (yo )[u(h)]∥
=
∥h∥ ∥h∥
g ′ (yo ) e transf. linear
≤ ∥g ′ (yo )∥L ∥u(h)∥
z }| {
∥v(k)∥ ∥g ′ (yo )[u(h)]∥
≤ +
∥h∥ ∥h∥
(5.57)
[∥f ′ (xo )∥L + ∥u(h)∥
≤ ∥h∥ ]
∥h∥
z}|{
∥v(k)∥ ∥k∥ ∥u(h)∥
≤ + ∥g ′ (yo )∥L
∥k∥ ∥h∥ ∥h∥
{[ ] }
∥v(k)∥ ∥u(h)∥ 1 ∥u(h)∥
≤ ∥f ′ (xo )∥L + ∥h∥ + ∥g ′ (yo )∥L
∥k∥ ∥h∥ ∥h∥ ∥h∥
{ }
∥v(k)∥ ∥u(h)∥ ∥u(h)∥
= ∥f ′ (xo )∥L + + ∥g ′ (yo )∥L . (5.58)
∥k∥ ∥h∥ ∥h∥
Notemos que, da diferenciabilidade da func~ao f em xo , se
Portanto, fazendo h → O
⃗ , em (Rn , dRn ), das conclus~oes acima e de (5.58), segue que
Antes porem introduziremos alguns conceitos que ser~ao utilizados no estudo acima.
Para isto sejam E ⊆ Rn subsconjunto aberto de Rn , xo ∈ E e f : E → R uma func~ao.
Seja
.
β = {⃗e1 , ⃗e2 , · · · , ⃗en }
a base can^onica de (Rn , +, ·).
Com isto podemos introduzir a:
Observação 5.3.1
1. Podem ocorrer situac~oes em que uma func~ao possui todas as derivadas parciais
de 1.a ordem em um ponto, mas ela não ser diferenciavel nesse ponto.
Na verdade, podem existir todas as derivadas parciais de 1.a ordem de uma func~ao
em um ponto do seu domnio e ela não ser, nem mesmo, contnua nesse ponto,
como mostra o seguinte exemplo:
Consideremos a func~ao f : R2 → R dada por
2
xy ,
. para (x , y) ̸= (0, 0)
f(x , y) = x2 + y2 . (5.60)
0 , para (x , y) = (0, 0)
= 0,
( ) t̸=0 e (5.60) t2 · t2
por outro lado, lim f t2 , t = lim ( 2 )2 ( 2 )2
t→0 t→0
t + t
t4 1
= lim 4 = ̸= 0 .
t→0 2 t 2
as bases can^onicas dos espacos vetoriais reais (Rn , + , ·) e (Rm , + , ·), respectiva-
mente.
Para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , m}, denamos a func~ao fi : E → R (a i-esima componete
da func~ao f) onde:
∑
m
f(x) = (f1 (x) , f2 (x) , · · · , fm (x)) = fi (x) · ⃗ui , para cada x ∈ E .
i=1
∑m
∂fi
′
f (xo ) ⃗ej = (xo ) · ⃗ui . (5.66)
i=1
∂xj
Demonstração:
Como a func~ao f e diferenciavel em xo , da Observac~ao (5.2.4) item 3., segue que, para
cada i ∈ {1 , 2 , · · · , m}, as funco~es componentes fi s~ao diferenciaveis em xo , ou seja, para cada
i ∈ {1 , 2 , · · · , m}, ou seja, teremos:
sera equivalente a :
fi (xo + t · k) − fi (xo ) − fi′ (xo )(t · k) { }
lim = 0, onde k ∈ Rn \ O
⃗ . (5.67)
t→0 ∥t · k∥
| {z }
propriedade de norma
= |t| ∥k∥
.
Com isto teremos (escolhendo k = ⃗ej ) existe o limite:
fi (xo + t · ⃗ej ) − fi (xo ) fi (xo + t · ⃗ej ) − fi (xo ) − fi′ (xo )(t · ⃗ej ) + fi′ (xo )(t · ⃗ej )
lim = lim
|t→0 {z t } t→0 t
=fi′ ⃗ej
fi′ (xo ) e linear
= t·fi′ (xo )(⃗ej )
z }| {
fi (xo + t⃗ej ) − fi (xo ) − fi′ (xo )(t · ⃗ej ) fi′ (xo )(t · ⃗ej )
= lim + lim
t→0 t t→0 t
.
k=⃗ej em (5.67)
′
t [fi (xo ) ⃗ej ]
= 0 + lim
t→0 t
′
= fi (xo ) ⃗ej ,
∂fi
ou seja, existe a derivada parcial de 1.a ordem (xo ) e, alem disso, vale a seguinte igualdade:
∂xj
∂fi
(xo ) = fi′ (xo ) ⃗ej , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , m} e j ∈ {1 , 2 , · · · , n} . (5.68)
∂xj
Como
∑
n
f(x) = fi (x) · ⃗ui , para cada x ∈ E
i=1
e existem as derivadas parciais de cada parcela, da Proposic~ao (5.2.3) itens 1. e 2., segue que:
f(x)=
∑m
⃗i
i=1 fi (x) u
∑
n
′
f (xo ) ⃗ej = [fi′ (x) ⃗ej ] · ⃗ui
i=1
(5.68) ∑ ∂fi
m
= (xo ) · ⃗ui ,
i=1
∂xj
Observação 5.3.2
as bases can^onicas dos espacos vetoriais reais (Rn , + , ·) e (Rm , + , ·), respectiva-
mente.
254 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
ou seja, a j-esima coluna da matriz [f ′ (xo )]βn ,βm sera dada por:
∂f1
(xo )
∂xj
..
. ,
∂fm
(xo )
∂xj
Do Teorema (5.2.1) (isto e, da regra da cadeia), segue que a func~ao g e dife-
renciavel em [a , b] e
g ′ (t) = f ′ [γ(t)] ◦ [γ ′ (t)] , para cada t ∈ [a , b] . (5.74)
Como
γ ′ (t) ∈ L(R ; Rn ) e f ′ [γ(t)] ∈ L(Rn ; R) ,
segue, de (5.74), que
g ′ (t) ∈ L(R ; R) ,
para cada t ∈ [a , b].
Notemos que o espaco vetorial real (L(R ; R) , + , ·) e isomorfo ao espaco vetorial
real (R , + , ·) (pois ambos t^eem dimens~ao 1), assim podemos identicar g ′ (t) com
um numero real.
4. Na situac~ao acima, se
. .
β1 = {1} e βn = {⃗e1 , ⃗e2 , · · · , ⃗en }
s~ao as bases can^onicas dos espacos vetoriais reais (R , + , ·) e (Rn , + , ·), respectiva-
mente, temos que a matriz da transformac~ao linear γ ′ (t) ∈ L(R ; Rn ), em relac~ao
as bases β1 e βn , sera uma matriz coluna n × 1 onde, a i-esima linha da mesma,
sera dada por γi′ (t), ou seja
γ1′ (t)
[γ ′ (t)]β1 ,βn = ... ,
(5.72))
para cada t ∈ [a , b] . (5.75)
γn′ (t)
Por outro lado, para cada x ∈ E, a matriz da transformac~ao linear f ′ (x) ∈ L(Rn ; R),
em relac~ao as bases βn e β1 , sera uma matriz linha 1 × n, dada por (ver item 1.
desta Observac~ao)
( )
∂f ∂f
′
[f (x)]βn ,β1 = (x) · · · (x) , para cada x ∈ E . (5.76)
∂x1 ∂xn
256 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
onde βn =. {⃗e1 , ⃗e2 , · · · , ⃗en } e a base can^onica do espaco vetorial real (Rn , + , ·).
Observação 5.3.3
1. Notemos que o vetor ⃗u, na Denic~ao (5.3.3) acima, deve ser untiario.
2. Se existirem todas as derivadas parciais de 1.a ordem da func~ao f em xo , de (5.83)
e (5.84), segue que existira a derivada direcional da func~ao f em xo , na direc~ao
de qualquer vetor unitario ⃗u, e alem disso
∂f (5.84)
(xo ) = g ′ (0)
∂⃗u
(5.83)
= ∇f(xo ) • ⃗u . (5.86)
258 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
3. Na situac~ao acima, se
⃗
∇f(xo ) ̸= O
e considerarmos vetores unitarios ⃗u ∈ Rn , teremos que o numero real
∂f
(xo )
∂⃗u
por (5.86), atingira seu valor maximo quando o vetor ⃗u for multiplo positivo do
vetor ∇f(xo ), mais precisamente se
∇f(xo )
⃗u = .
∥∇f(xo )∥
∂f
ou seja, (5.87) nos diz que o numero real (xo ) atingir
a seu valor maximo quando
∂⃗u
θ = 0,
isto e, quando o vetor ⃗u for um multiplo positivo do vetor ∇f(xo ), ou seja,
⃗u = λ · ∇f(xo ) , para algum λ > 0 . (5.88)
Como
1 = ∥⃗u∥
(5.88)
= ∥λ · ∇f(xo )∥
̸=0
z }| {
= λ ∥∇f(xo )∥ ,
1
segue que, λ= ,
∥∇f(xo )∥
∇f(xo )
que, de (5.88), implicara em: ⃗u = .
∥∇f(xo )∥
como armamos,
∂f
Neste caso (xo ) sera igual a ∥∇f(xo )∥.
∂⃗u
5.3. DERIVADAS PARCIAIS 259
∂f
4. Por outro lado, o numero real (xo ) atingira seu valor mnimo quando
∂⃗u
∇f(xo )
⃗u = − ,
∥∇f(xo )∥
pois, neste caso
θ=π
∂f
e assim (xo ) sera igual a −∥∇f(xo )∥.
∂⃗u
A vericac~ao deste fato e semelhante ao que zemos no item acima e sua ela-
borac~ao sera deixada como exerccio para o leitor.
5. Se ⃗u ∈ Rn e um vetor unitario tal que
∑
n
⃗u = ui · ⃗ei , (5.89)
i=1
onde
.
β = {⃗e1 , ⃗e2 , · · · , ⃗en }
e a base can^onica do espaco vetorial real (Rn , + , ·) segue, de (5.79), que
∂f (5.86)
(xo ) = ∇f(xo ) • ⃗u
∂⃗u ( n )
(5.88) ∑
= ∇f(xo ) • ui · ⃗ei
i=1
∑
n
Prop. Produto interno
= ui ∇f(xo ) • ⃗ei
i=1
| {z }
(5.79) ∂f
= ∂x (xo )
i
∑
n
∂f
= ui (xo ),
i=1
∂xi
ou seja, a derivada direcional da func~ao f no ponto xo , na direc~ao do vetor unitario
⃗u,pode ser obtida por meio das derivadas parciais de 1.a ordem da mesma no
mesmo ponto, isto e:
∂f ∑ ∂f n
(xo ) = (xo ) ui . (5.90)
∂⃗u i=1
∂x i
Demonstração:
Seja
.
z = f(b) − f(a) ∈ Rn (5.92)
e consideremos a func~ao ϕ : [a , b] → R dada por
.
ϕ(t) = z • f(t) , para cada t ∈ [a , b] . (5.93)
x 7→ z • x
e uma func~ao diferenciavel em Rn , cuja vericac~ao sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo pelo Teorema do Valor Medio para funco~es dem uma variavel real, a valores reais
(visto em Analise I), segue que existe to ∈ (a , b), tal que
ϕ ′ (t) = z • f ′ (t) .
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo (5.94), tornar-se-a
=z•z
= ∥z∥2 ≥ 0 . (5.96)
Assim
(5.96)
∥z∥2 = |ϕ(b) − ϕ(a)|
(5.95)
= |z • f ′ (to )| (b − a)
Des. Cauchy-Schwarz
≤ ∥z∥ ∥f ′ (to )∥ (b − a) . (5.97)
Se
⃗,
z=O isto e, f(b) = f(a) ,
5.3. DERIVADAS PARCIAIS 261
nada temos a fazer, pois o lado direito de (5.91) sera igual a zero.
Se
⃗,
z ̸= O teremos ∥z∥ > 0
e (5.97) implicara em
∥z∥ ≤ ∥f ′ (to )∥ (b − a) ,
e de (5.92), segue que ∥f(b) − f(a)∥ ≤ ∥f ′ (to )∥ (b − a) ,
ou seja, vale (5.91), completando a demonstrac~ao do resultado.
Para o proximo resultado precisaremos da:
t · x + (1 − t) · y
x
Notemos que
(5.101)
= y
z}|{
g(1) = f
γ(1) = f(y) , (5.102)
g(0) = f γ(0) = f(x) . (5.103)
|{z}
(5.101)
= x
Logo
(5.104)
∥g ′ (t)∥ = ∥f ′ [γ(t)] (y − x)∥
≤ ∥f ′ [γ(t)] ∥L(Rn ;Rm ) ||y − x∥
| {z }
Hipotese
≤M
≤ M ∥y − x∥ . (5.105)
Portanto, aplicando a Desigualdade do Valor Medio (isto e, o Teorema (5.3.2)) a func~ao
g, segue que existe to ∈ (0 , 1) tal que
(5.102),(5.103)
∥f(y) − f(x)∥ = ∥g(1) − g(0)∥
Teorema (5.3.2)
≤ ∥g ′ (to )∥ |1 − 0|
= ∥g ′ (to )∥
(5.105)
≤ M∥y − x∥ ,
Observação 5.3.5 O resultado acima nos diz que se a func~ao f tem derivada uniforme-
mente limitada em um subconjunto aberto e convexo do espaco vetorial real (Rn , + , ·),
ent~ao ela sera uma func~ao Lipschitziana em E.
5.3. DERIVADAS PARCIAIS 263
Demonstração:
Como
f ′ (x) = 0 , para cada x ∈ E ,
segue que
.
M = ∥f ′ (x)∥L(Rn ;Rm ) = 0 , para cada x ∈ E . (5.108)
Logo, do Corolario (5.3.1), segue que
0 ≤ ∥f(x) − f(xo )∥
(5.108)
≤ M∥x − xo ∥ = 0 , para cada x ∈ E ,
ou seja, ∥f(x) − f(xo )∥ = 0 , para cada x ∈ E ,
ou ainda, f(x) = f(xo ) , para cada x ∈ E ,
Observação 5.3.6 Sera deixado como exerccio para o leitor mostrar que
( )
C1 (E ; Rm ) , + , ·
Demonstração:
Suponhamos que
f ∈ C1 (E ; Rm ) e xo ∈ E .
. .
βn = {⃗e1 , ⃗e2 , · · · , ⃗en } e βm = {⃗u1 , ⃗u2 , · · · , ⃗um }
s~ao as bases can^onicas dos espacos vetoriais reais (Rn , + , ·) e (Rm , + , ·), respectivamente,
para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , n}, k ∈ {1 , 2 , · · · , m} e x ∈ E, de (5.66), segue que
[ m ]
∑ ∂fi
(5.66)
[f ′ (x) ⃗ej ] • ⃗uk = (x) · ⃗ui • ⃗uk
i=1
∂x j
assim
∂fk ∂f (5.111) ′
(x) −
k
(x ) = |[f (x) ⃗ej − f ′ (xo ) ⃗ej )] • ⃗uk |
∂xj ∂xj
o
Des. Cauchy Schwarz
≤ ∥f ′ (x) ⃗ej − f ′ (xo ) ⃗ej ∥ ∥⃗uk ∥
| {z }
=1
′ ′
≤ ∥ [f (x) − f (xo )] ⃗ej ∥
≤ ∥f ′ (x) − f ′ (xo )∥L(Rn ;Rm ) ∥⃗ej ∥
|{z}
=1
′ ′
= ∥f (x) − f (xo )∥L(Rn ;Rm ) .
m = 1.
δj ∈ (0 , δ) ,
tal que, se
∂f ∂f
x ∈ B(xo ; δj ) , teremos (x) − (x ) < ε. (5.112)
∂xj ∂xj
o n
Assim, considerando-se
.
δo = min {δ , δj ; para j ∈ {1 , 2 , · · · , n}} ,
onde
.
βn = {⃗e1 , ⃗e2 , · · · , ⃗en }
e base can^onica do espaco vetorial real (Rn , + , ·).
Notemos que
(5.114)
∥(xo + h) − xo ∥ = ∥h∥ < δo ,
assim
(xo + h) ∈ B(xo ; δo ) ⊆ E .
Consideremos, para cada k ∈ {1 , 2 , · · · , n}, o seguintes vetores de (Rn , + , ·):
. ⃗ .
⃗vo = O e ⃗vk = h1 · ⃗e1 + · · · + hk · ⃗ek = (h1 , h2 , · · · , hk , 0 , · · · , 0) ∈ Rn . (5.115)
Como a bola aberta B(xo ; δo ) e um conjunto convexo do espaco vetorial real (Rn , + , ·),
segue que o segmento de reta de extremos nos pontos
xo + ⃗vj−1 e xo + ⃗vj
⃗vj = (h1 , h2 , · · · , hj , 0 , · · · , 0)
= (h1 , h2 , · · · , hj−1 , 0 , · · · ) + (0 , · · · , 0 , hj , 0 , · · · , 0)
(5.115)
= ⃗vj−1 + hj · ⃗ej . (5.117)
5.3. DERIVADAS PARCIAIS 267
Suponhamos que
hj > 0 .
O caso
hj ≤ 0
∂f
gj′ (to ) = (xo + ⃗vj−1 + to · ⃗ej ) . (5.120)
∂xj
Como, por hipotese, as derivadas parciais de 1.a ordem da func~ao f s~ao contnuas em
E segue, de (5.120), que a func~ao gj sera continuamente diferenciavel em [0 , hj ], para cada
j ∈ {1 , 2 , · · · , n}.
Assim, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , n}, podemos aplicar o Teorema do Valor Medio a func~ao
gj no intervalo [0 , hj ] e assim obter
θj ∈ [0 , hj ] ,
268 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
tal que
(5.117) (5.117)
= ⃗vj = ⃗vj−1
(5.118) z }| { z }| {
= f(xo + ⃗vj−1 + hj · ⃗ej ) = f(xo + ⃗vj−1 + 0 · ⃗ej )
z }| { z }| {
gj (hj ) − gj (0) = gj′ (θj ) hj
(5.120) ∂f
= (xo + ⃗vj−1 + θj · ⃗ej ) hj ,
∂xj
∂f
ou seja, f(xo + ⃗vj ) − f(xo + ⃗vj−1 ) = (xo + ⃗vj−1 + θj · ⃗ej ) hj , (5.121)
∂xj
para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , n}
Logo,
∑ n
(5.116) ∑ ∑
n n
∂f ∂f
f(xo + h) − f(xo ) − hj (xo ) = [f(xo + ⃗vj ) − f(xo + ⃗vj−1 )] − (xo ) hj
∂xj ∂xj
j=1 j=1 j=1
n
(5.121) ∑ ∂f ∑ n
∂f
= (xo + ⃗vj−1 + θj · ⃗ej ) hj − hj (xo )
∂x j ∂x j
j=1 j=1
∑n
∂f ∂f
≤
∂xj (xo + ⃗vj−1 + θj · ⃗ej ) − ∂xj (xo ) |hj |
|{z}
j=1 | {z } ≤∥h∥
∥(xo +⃗
vj−1 +θj ·⃗
ej )−xo ∥=∥⃗ ej ∥≤∥h∥<δo ,
vj−1 +θj ⃗ logo (5.113)
ε
< n
∑n
ε
< ∥h∥
j=1
n
ε
= ∥h∥ n = ε∥h∥ , (5.122)
n
ou seja, se considerarmos a transformac~ao linear A : Rn → R dada por
. ∑ ∂f
n
A(h) = (xo ) hj ,
j=1
∂xj
onde
. ∑
n
h= hj · ⃗ej ,
i=1
onde
∑
n
h= hj · ⃗ej .
i=1
Se
to = 0 ou to = hj ,
teremos algo semelhante, trocando-se o limite (5.119), pelos respectivos limites laterais.
Deixaremos os detalhes destes dois casos como exerccio para o leitor.
Como, por hipotese, as derivadas parciais de 1.a ordem da func~ao f s~ao contnuas em E
segue, de (5.123), que a func~ao f ′ sera contnua em E, ou seja, f ∈ C1 (E ; R), completando a
demonstrac~ao.
f(xo ) = xo . (5.124)
Observação 5.4.1 Toda contrac~ao denida em um espaco metrico e uma func~ao contnua
denida nesse espaco metrico.
A vericac~ao deste fato e simples e sera deixada como exerccio para o leitor.
Demonstração:
Comecaremos provando a unicidade:
Para isto, suponhamos que x1 , x2 ∈ X s~ao pontos xos da func~ao f em X, ou seja,
f(x1 ) = x1 e f(x2 ) = x2 .
Ent~ao
f(x1 )=x1 , f(x2 =x2
dX (x1 , x2 ) = dX [f(x1 ) , f(x2 )]
f
e contrac~ao
≤ c dX (x1 , x2 ) ,
ou seja, 0 ≤ (1 − c) dX (x1 , x2 ) ≤ 0
| {z }
>0
1
≤ cn dX (x1 , xo ) . (5.129)
1−c
5.4. PONTO FIXO DE UMA FUNC ~
AO 271
Como c ∈ [0 , 1), segue que a sequ^encia numerica (cn )n∈N sera convergente para zero,
ou seja, (5.129) implicara que a sequ^encia (xn )n∈N sera um sequ^encia de Cauchy no espaco
metrico (X , dX ).
Mas o espaco metrico (X , dX ) e um espaco metrico completo, logo existe o limte
.
= lim xn ∈ X .
x (5.130)
n→∞
Como a func~ao f e uma contrac~ao em (X , dX ), segue que ela sera uma func~ao contnua em
(X , dX ), assim
(5.130)
( )
) = f lim xn
f(x
n→∞
f
e contnua
= lim f(xn )
n→∞ | {z }
=xn+1
= lim xn+1
n→∞
(5.130)
,
= x
ou seja,
) = x ,
f(x
portanto a func~ao f tem um unico ponto xo em (X , dX ), completando a demonstrac~ao do
resultado.
ou seja,
FM (x) → p , quando M → ∞ . (5.133)
Portanto,
(5.133) com x=F(p)
p = lim FM [F(p)]
M→∞
completando a demonstrac~ao
2. Alem disso,
f−1 ∈ C1 (V ; Rn )
5.5. O TEOREMA DA FUNC ~ INVERSA
AO 273
Demonstração:
De 1.:
Seja
.
A = f ′ (xo ) ∈ L(Rn ) .
Como f ′ (xo ) ∈ L(Rn ) e um operador linear inversvel, segue que
∥A∥L(Rn ) ̸= 0 .
Mostremos que
x1 = x2 .
Para isto, consideremos a func~ao φ : E → Rn dada por
.
φy (x) = x + A−1 [y − f(x)] , para cada x ∈ E . (5.136)
Notemos que:
existe unico x ∈ U , tal que y = f(x)
se, e somente se,
existe unico x ∈ U , tal que y − f(x) = O
⃗,
ou, e equivalente, a
ou ainda,
existe unico x ∈ U , tal que x + A−1 [y − f(x)] = x ,
ou, equivalentemente,
existe unico x ∈ U , tal que φy (x) = x ,
ou ainda,
existe unico x ∈ U , ponto xo da func~ao φy . (5.137)
Portanto a func~ao f e injetora em U se, e somente se, (5.137) ocorre.
Mostremos que (5.137) ocorre.
Para isto, observemos que φy ∈ C1 (E ; Rn ) (pois f , A ∈ C1 (E ; Rn )) e, alem disso, da Regra
da Cadeia (isto e, o Teorema (5.2.1)) e da Proposic~ao (5.2.2), segue que
(5.136)
φy′ (x) = In − A−1 ◦ f ′ (x) , para cada x ∈ E , (5.138)
onde In ∈ L(Rn ) denota o operador identidade em Rn .
Os detalhes da vericac~ao da identidade acima ser~ao deixados como exerccio para o leitor.
Logo, da Proposic~ao (5.1.1) item 3. (isto e (5.4)), se x ∈ B(xo ; r), segue que
(5.138)
∥φy′ (x)∥L(Rn ) = ∥I − A−1 ◦ [f ′ (x)]∥L(Rn )
= ∥A−1 ◦ [A − f ′ (x)] ∥L(Rn )
(5.4)
≤ ∥A−1 ∥L(Rn ) ∥ ∥A − f ′ (x)∥L(Rn )
| {z } | {z }
(5.134) 1 (5.135)
= 2λ < λ
1 1
= λ= ,
2λ 2
Logo se x1 , x2 ∈ B(xo ; r) (que e um subconjunto convexo de (Rn , + , ·)), do Corolario
(5.3.1), podemos concluir que
1
∥φy (x1 ) − φy (x2 )∥ ≤ ∥x1 − x2 ∥ . (5.139)
2
que garante que a func~ao φy tera, no maximo, um unico ponto xo em U.
De fato, pois se x1 , x2 ∈ U satisfazem
ϕy (x1 ) = x1 e x2 = ϕy (x2 ) ,
(5.139) 1
ent~ao, de (5.139), segue que ∥x1 − x2 ∥ = ∥ϕy (x1 ) − ϕy (x2 )∥ ≤ ∥x1 − x2 ∥ ,
2
implicando que: ∥x1 − x2 ∥ = 0 ,
ou seja, x1 = x2 . (5.140)
Assim, de (5.140), segue que a func~ao f sera injetora em U.
Com isto temos que a func~ao f : U → V sera um func~ao bijetora, onde
.
V = f(U) . (5.141)
5.5. O TEOREMA DA FUNC ~ INVERSA
AO 275
Para completar a demonstrac~ao do item 1., precisamos mostrar que o conjunto V , denido
por (5.141), e um subconjunto aberto em (Rn , dRn ).
Para isto, dado y1 ∈ V , de (5.141), segue que existe (um unico) x1 ∈ U tal que
y1 = f(x1 )
e, do fato que a bola aberta B(xo ; r) e um subconjunto aberto de (Rn , dRn ), segue que existe
ro ∈ (0 , r), tal que
B(x1 ; ro ) ⊆ U = B(xo ; r) .
Armamos que, se y ∈ Rn e tal que
∥y − y1 ∥ < λ ro , ent~ao deveremos ter y ∈ V . (5.142)
Em particular, teremos que o conjunto V sera um subconjunto aberto de (Rn , dRn ), pois
se y1 ∈ V , da desigualdade (5.142) acima, teremos que
B(y1 ; ro λ) ⊆ V .
1 1
< ro + ro = ro , (5.144)
2 2
276 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
φy : B(x1 ; ro ) → B(x1 ; ro ) .
Assim, uma vez mais, a func~ao φy sera uma contrac~ao em B(x1 ; ro ) que, como dissemos
anteriormente, e um espaco metrico completo.
Logo, do Teorema de Banach, existe um unico
mostrando que
y ∈ f(U) = V ,
completando a demonstrac~ao do item 1. .
De 2.:
Como o conjunto V e um subconjunto aberto em (Rn , dRn ), dado y ∈ V , existira
⃗ ,
k ∈ Rn \ {O} tal que (y + k) ∈ V .
Considerando-se
.
h = xk − x ,
da identidade (5.145) acima, segue que
Logo
z
=A−1 (y)+A−1 [f(x+h)]
}| {
=A−1 (y)+A−1 [f(x)]
z }| {
(5.136) −1 −1
φy (x + h) − φy (x) = (x + h) + A [y − f(x + h)] − x + A [y − f(x)]
= h + A−1 f(x) − f(x
|{z} | {z } + h)
(5.146)
= y = y+k
(5.146)
| {z }
=−k
−1
= h − A (k) ,
1
∥h∥ − ∥A−1 (k)∥ ≤ ∥h∥ ,
2
ou seja, ∥h∥ ≤ 2∥A−1 (k)∥ ≤ 2∥A−1 ∥L(Rn ) ∥k∥
| {z }
(5.134) 1
= λ
1
= ∥k∥ ,
λ
1
isto e, ∥h∥ ≤ ∥k∥ , (5.149)
λ
1 1 1
ou ainda, ≤ . (5.150)
∥k∥ λ ∥h∥
Notemos que
(5.135) 1 ′
1 > ∥f (x) − A∥L(Rn )
λ
(5.134)
= 2 ∥A−1 ∥L(Rn ) ∥f ′ (x) − A∥L(Rn )
1
ou seja, ∥A−1 ∥L(Rn ) ∥f ′ (x) − A∥L(Rn ) ≤ .
2
Logo, para cada x ∈ U, do Teorema (5.1.1) item 1., segue que, o operador linear f ′ (x), ad-
mite inversa (ou seja, sera um operador linear inversvel) que, por simplicidade, denotaremos
por T , ou seja:
.
T = [f ′ (x)] .
−1
Logo, se k ̸= O
⃗ , segue que
(5.150)
≤ 1 1
λ ∥h∥
z}|{
∥g(y + k) − g(y) − T (k)∥ (5.151) 1
≤ ∥−T [f(x + h) − f(x) − f ′ (x)(h)]∥
∥k∥ ∥k∥
∥T (z)∥≤∥T ∥L(Rn ) ∥z∥
1 ∥f(x + h) − f(x) − f ′ (x)(h)∥
≤ ∥T ∥L(Rn ) . (5.152)
λ ∥h∥
Portanto quando
⃗,
k→O de (5.149), segue que h → O
⃗.
Assim, quando k → O ⃗ , o lado direito de (5.152) vai para zero, pois a func~ao f e dife-
renciavel em x, implicando que a func~ao g = f−1 sera diferenciavel em y = f(x) ∈ V .
Alem disso, de (5.152), segue que
( )′
f−1 (y) = g ′ (y) = T = [f ′ (x)] ,
−1
para cada y = f(x) ∈ V .
.
y ∈ V = f(U) ⊆ f(W) ,
em particular,
B(y ; δ) ⊆ f(W) ,
mostrando que o conjunto f(W) e um subconjunto aberto em (Rn , dRn ), completando a
demonstrac~ao do resultado.
Observação 5.6.1
( )
1. Sejam E um subconjunto aberto de R2 , dR2 e f : E → R uma func~ao diferenciavel
em E.
Suponhamos que (xo , yo ) ∈ E e tal que
∂f
f(xo , yo ) = 0 e (xo , yo ) ̸= 0 .
∂y
(1, 0)
-
x x
dadas por
.
Ax (h) = A(h , Om ) , para cada h ∈ Rn , (5.156)
.
Ay (k) = A(On , k) , para cada k ∈ Rm , (5.157)
onde
.
On = (0 , 0 , · · · , 0) ∈ Rn e Om =. (0 , 0 , · · · , 0) ∈ Rm . (5.158)
De fato, para h ∈ Rn e k ∈ Rm , teremos:
(5.154),(5.155) e (5.158)
A(h , k) = A [(h , Om ) + (On , k)]
A
e transf. linear
= A(h , Om ) + A(On , k)
(5.156) e (5.157)
= Ax (h) + Ay (k) . (5.159)
Com isto podemos enunciar e demonstrar um Teorema da função implı́cita para trans-
formaco~es lineares, mais precisamente:
Proposição 5.6.1 Seja A ∈ L(Rn+m ; Rn ), tal que Ax ∈ L(Rn ) e um operador linear in-
versvel.
Ent~ao, para cada k ∈ Rm , existe um unico h ∈ Rn tal que
A(h , k) = On . (5.160)
Alem disso, temos que
h = −A−1
x [Ay (k)] . (5.161)
Demonstração:
Observemos que, para cada k ∈ Rm , temos que
A(h, k) = On
que, de (5.159), e equivalente a: Ax (h) + Ay (k) = On ,
existe A−1
x ∈ L(Rn ), segue que, existe um unico: h = −A−1x [Ay (k)] ,
completando a demonstrac~ao.
Observação 5.6.2 O resultado acima nos diz que, para cada k ∈ Rm , na equac~ao
A(h , k) = On ,
contendo yo , tal que para todo y ∈ W existe um, unico, x ∈ Rn de modo que
(x , y) ∈ U e f(x , y) = On , (5.162)
ou seja, existe uma func~ao g : W → Rn satisfazendo:
1. g(yo ) = xo ;
2. para y ∈ W , temos
(g(y) , y) ∈ U ;
Alem disso, g ∈ C1 (W ; Rn ) e
g ′ (yo ) = −A−1
x ◦ Ay . (5.163)
Demonstração:
Denamos a func~ao F : E → Rn+m , dada por
.
F(x , y) = (f(x , y) , y) , para cada (x , y) ∈ E . (5.164)
Notemos que
=O
z }|n {
F(xo , yo ) = (f(xo , yo ) , yo )
= (On , yo ) . (5.165)
Como f ∈ C1 (E ; Rn ), segue que
F ∈ C1 (E ; Rn+m ) ,
onde
r(h , k)
lim = 0. (5.168)
(h ,k)→(0,0) ∥(h , k)∥
Logo
=O
(5.164) z }| n
{
F(xo + h , yo + k) − F(xo , yo ) = (f(xo + h , yo + k)) , yo + k) − f(xo , yo ) , yo
= (f(xo + h , yo + k) , k)
(5.167)
= (A(h , k) + r(h , k) , k)
= (A(h , k) , k) + (r(h , k) , Om ) . (5.169)
Assim
∥F(xo + h , yo + k) − F(xo , yo ) − (A(h , k) , k)∥Rn+m ∥(r(h , k) , Om )∥Rn+m
(5.169)
=
∥(h , k)∥ ∥(h , k)∥
∥r(h , k)∥Rn (5.168)
= → 0,
∥(h , k)∥
quando (h , k) → (0 , 0).
Portanto vale (5.166).
Notemos tambem, que se
=(On ,Om )
z}|{
O = F ′ (xo , yo )(h , k) = (A(h , k) , k) ,
{
k = Om
ent~ao, .
On = A(h , Om ) = Ax (h)
h = On ,
ou ainda, (h , k) = (On , Om ) = O ,
ou seja, o operador linear F ′ (xo , yo ) e injetor e portanto bijetor (pois e um operador linear).
Portanto
F ′ (xo , yo ) ∈ L (Rn+m )
sera um operador linear inversvel.
Logo podemos aplicar o Teorema da func~ao inversa a func~ao F (ou seja, o Teorema (5.5.1))
e com isto poderemos obter um subconjunto aberto de (Rn+m , dRn+m ), que indicaremos por
.
U = U(xo , yo ) ⊆ E
F(x , y) = (On , y) ,
(x , y) ∈ W e f(x , y) = On .
f(x , y) = On = f(x ′ , y) .
Logo
F(x ′ , y) = (f(x ′ , y) , y)
= (f(x , y) , y)
= F(x , y) .
x ′ = x.
286 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
Com isto podemos concluir que, para cada y ∈ W , existe um unico x = g(y), ou ainda,
uma func~ao g : W → Rn , tal que
f(g(y) , y) = On ,
completando a demonstrac~ao dos itens 1., 2. e parte do item 3., faltando mostrar que g ∈
C1 (W ; Rn ) e vale a identidade (5.163).
Para isto, consideremos a func~ao g : W → Rn dada por
.
g(y) = x , para cada y∈W, (5.170)
(x , y) ∈ U e f(x , y) = On ,
Denindo-se a func~ao
.
G = F−1 : V → U
ent~ao, do Teorema da func~ao inversa (ver Teorema (5.5.1)), segue que G ∈ C1 (V ; U).
Mas
(5.172)
F(g(y) , y) = (On , y)
G=F−1
= F[G(On , y)] , para cada y ∈ W .
Logo se considerarmos as funco~es Π1 : Rn+m → Rn dada por (e uma transformac~ao linear,
logo pertence a C1 (Rn+m ; Rn ))
.
Π1 (x , y) = x , para cada (x , y) ∈ Rn+m ,
e H : Rn+m → Rn+m dada por (e uma transformac~ao linear, logo pertence a C1 (Rn+m ; Rn+m ))
.
H(x , y) = (On , y) , para cada (x , y) ∈ Rn+m ,
5.6. TEOREMA DA FUNC ~ IMPLICITA
AO 287
segue que
g(y) = [Π1 ◦ G ◦ H](x , y) , para cada (x , y) ∈ V .
Como
G ∈ C1 (V ; W) , Π1 ∈ C1 (Rn+m ; Rn ) e H ∈ C1 (Rn+m ; Rn ) ,
segue que g ∈ C1 (W; Rn ) .
= (xo , yo ) . (5.175)
Como
(5.173)
f[φ(y)] = f(g(y) , y)
(5.171)
= On , para cada y ∈ W ,
segue, da Regra da cadeia, que
{f ′ [φ(y)] ◦ φ ′ (y)} (k) = On , para cada k ∈ Rm . (5.176)
Mas
(5.175)
f ′ [φ(yo )] = f ′ (xo , yo ) = A ,
e assim, de (5.176), teremos
[A ◦ φ ′ (yo )](k) = On , para cada k ∈ Rm ,
ou seja,
On = A
φ ′ (yo ) k
| {z }
(5.174)
= (g ′ (yo )(k) ,k)=(g ′ (yo )(k) ,Om )+(On ,k)
A
e oper. linear
= A [g ′ (yo )(k) , Om ) + (On , k)]
= A [g ′ (yo )(k) , Om )] + A [(On , k)]
(5.156) e (5.157)
= Ax [g ′ (yo )k] + Ay (k)
288 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
ou seja,
[Ax ◦ g ′ (yo )] (k) + Ay (k) = On ,
ou ainda, [Ax ◦ g ′ (yo )] (k) = −Ay (k) .
Aplicando A−1
x a identidade acima, obteremos:
[ ]
g ′ (yo )(k) = − A−1
x ◦ Ay (k) ,
onde
z = (x , y) ∈ Rn+m .
Para ver isto, basta notar que
( )
∂fi
[Ax ] = (xo , yo ) ,
∂xj
( )
n×n
′ ∂gj
[g (xo , yo )] = (xo , yo ),
∂yk
( )
n×m
∂fi
[Ay ] = (xo , yo ) ,
∂zn+k n×m
e assim
[Ax ] [g ′ (yo )] = −[Ay ] ,
que nos fornecera a express~ao acima.
Para nalizar consideremos o seguinte exerccio resolvido:
Exercı́cio 5.6.1 Seja f : R5 → R2 a func~ao dada por
f = (f1 , f2 ), (5.177)
onde f1 , f2 : R5 → R s~ao dadas por
.
f1 (x1 , x2 , y1 , y2 , y3 ) = 2 ex1 + x2 y1 − 4 y2 + 3 , (5.178)
.
f2 (x1 , x2 , y1 , y2 , y3 ) = x2 cos(x1 ) − 6 x1 + 2 y1 − y3 , (5.179)
para (x1 , x2 , y1 , y2 , y3 ) ∈ R5 .
Aplique o Teorema da func~ao implcita a equac~ao
f(x , y) = (0 , 0) , para (x , y) ∈ R2 × R3 ,
em uma vizinhanca do ponto
.
Po = (0 , 1 , 3 , 2 , 7) . (5.180)
5.6. TEOREMA DA FUNC ~ IMPLICITA
AO 289
Resolução:
Observemos que se
. .
Xo = (0 , 1) e Yo = (3 , 2 , 7) ∈ R3 , (5.181)
ent~ao
Po = (Xo , Yo ) (5.182)
f1 (Xo , Yo ) = f1 (0 , 1 , 3 , 2 , 7)
(5.178)
= 2 e0 + 1 · 3 − 4 · 2 + 3 = 0 , (5.183)
f2 (Xo , Yo ) = f2 (0 , 1 , 3 , 2 , 7)
(5.179)
= 1 · cos(0) − 6 · 0 + 2 · 3 − 7
= 0, (5.184)
ou seja,
(5.182)
f(Po ) = f(Xo , Yo )
(5.177)
= (f1 (Xo , Yo ) , f2 (Xo , Yo ))
(5.183) e (5.184)
= (0 , 0) ∈ R2 .
assim,
( ) ( )
2 3 1 −4 0
[Ax ] = e [Ay ] = .
−6 1 2 0 −1
(
Logo,) pelo
( 3
Teorema
)
da func~ao implcita, existem vizinhancas dos pontos Xo e Yo , em
R , dR2 e R , dR3 , respectivamente, que denotaremos por
2
. .
U = U(Xo ) e V = V(Yo ) ,
[g ′ (Yo )] = −A−1 x Ay
( )( )
Exerccio 1 1 −3 1 −4 0
=
20 6 2 2 0 −1
1 1 3
4 5 − 20
= .
1 6 1
−
2 5 10
Observação 5.7.1
aberto
1. Uma func~ao f : E ⊆ Rn → Rm sera uma func~ao de classe C2 em E, se cada uma
das suas func~oes componentes pertencer C2 (E ; R).
Assim, o conjunto
C2 (E ; Rm )
e formado por todas as func~oes, a valores em Rm , de classe C2 em E.
5.7. TEOREMA DE SCHWARZ 291
Resolução:
1.:
Continuidade da func~ao f:
De fato, a func~ao f e contnua em (xo , yo ) ̸= (0 , 0), pois e uma func~ao racional cujo
denominador, so se anula em (x , y) = (0 , 0).
Notemos que, para cada (x , y) ∈ R2 \ {(0 , 0)}, teremos
x y3 |x y3 |≤|x y| y2 ≤|x y| (x2 +y2 ) x2 + y2
≤ |x y|
x2 + y2 x2 + y2
= |x y| ,
Como
lim |x y| = 0 ,
(x y)→(0 ,0)
3
( 2 2
) 3
∂f Exerccio y x + y − x y 2 x
(x , y) = ( 2 )2
∂x x + y2
y5 − x2 y3
=( )2 , (5.188)
x2 + y2
2
( 2 2
) 3
∂f Exerccio 3 x y x + y − x y 2 y
(x , y) = ( 2 )2
∂y x + y2
x y4 + 3 x3 y2
= ( )2 . (5.189)
x2 + y2
h · 03
−0
f(h , 0) − f(0 , 0) h̸=0 e (5.187) 2 2
lim = lim h + 0
h→0 h h→0 h
=0 (5.190)
0 · k3
−0
f(0 , k) − f(0 , 0) k̸=0 e (5.187) 0 2
+ k 2
lim = lim
k→0 k k→0 k
= 0, (5.191)
∂f (5.190)
(0 , 0) = 0 (5.192)
∂x
∂f (5.191)
(0 , 0) = 0 . (5.193)
∂y
5.7. TEOREMA DE SCHWARZ 293
∂f ∂f
Logo, de (5.188), (5.189), (5.192) e (5.193), segue que as funco~es , : R2 → R ser~ao
∂x ∂y
dadas por
5
2 3
y − x y , para (x , y) ̸= (0 , 0)
∂f ( 2 )
(x , y) = x + y2 2 , (5.194)
∂x
0, para (x , y) = (0 , 0)
4 3 2
x y + 3 x y , para (x , y) ̸= (0 , 0)
∂f ( 2 )
(x , y) = x + y2 2 . (5.195)
∂y
0, para (x , y) = (0 , 0)
∂f ∂f
Observemos que as funco~es e s~ao funco~es contnuas em R2 .
∂x ∂y
De fato, elas s~ao funco~es contnuas em R2 \ {(0 , 0)}, pois s~ao funco~es racionais e portanto
contnuas em seus domnios, a saber, em R2 \ {(0 , 0)}.
∂f ∂f
Para vericar a continuidade das funco~es e no ponto (0 , 0) observamos que, para
∂x ∂y
(x , y) ̸= (0, 0), teremos
∂f (5.194) y5 − x2 y3
0 ≤ (x , y) = (
∂x x2 + y2 )2
(
y3 y2 − x2 )
= (
x2 + y2 )2
=y2 |y| ≤x2 +y2
z}|{
3 z 2 }| 2{
y y − x
= ( )2
x2 + y2
≤x2 +y2
z}|{ ( )
y2 |y| x2 + y2
≤ ( 2 )2
x + y2
( 2 )2
x + y2 |y|
≤ ( )2
x2 + y2
= |y| ,
ou seja, para cada (x , y) ̸= (0 , 0), temos que
∂f
− |y| ≤ (x , y) ≤ |y| . (5.196)
∂x
Como
lim |y| = 0 ,
(x ,y)→(0 ,0)
≤x2 +y2
z( }| ){
1 2
3 |x| y2 y + x2
3
= ( 2 )2
x + y2
≤x2 +y2
z}|{ ( )2
|x| y2 x2 + y2
≤3 ( 2 )2
x + y2
( )
|x| x2 + y2
≤
x2 + y2
= |x|
∂f
− |x| ≤ (x , y) ≤ |x| . (5.197)
∂y
Como
lim |x| = 0 ,
(x ,y)→(0 ,0)
∂f ∂f
Portanto as funco~es e s~ao funco~es contnuas em (0, 0) e assim ser~ao funco~es
∂x ∂y
contnuas em R2 .
( )
Portanto a func~ao f e de classe C1 em R2 , isto e, f ∈ C1 R2 ; R .
5.7. TEOREMA DE SCHWARZ 295
e
[ ]
∂2 f ∂ ∂f
(0 , 0) = (0 , 0)
∂y ∂x ∂y ∂x
(5.194)
= 0
z }| {
∂f ∂f
(0 , k) − (0 , 0)
= lim ∂x ∂x
k→0 k
k5 − 02 · k3
( 2 )2 − 0
k̸=0 e (5.194) 0 + k2
= lim
k→0 k
=1 (5.199)
ou seja,
∂2 f (5.198) (5.199) ∂2 f
(0 , 0) = 0 ̸= 1 = (0 , 0) ,
∂x ∂y ∂y ∂x
como armamos.
∂2 f
Observação 5.7.2 Notemos que a func~ao não
e contnua em (0, 0), em particular,
∂x ∂y
a func~ao f não e de classe C2 em R2 .
∂f
Notemos que, derivando parcialmente a func~ao , relativamente a x, no ponto
∂y
(x , y) ̸= (0 , 0), obteremos:
[ ]
∂2 f ∂ ∂f
(x , y) = (x , y)
∂x ∂y ∂x ∂y
( )( )2 ( )( )
(5.195) com (x , y) ̸= (0 , 0) y4 + 9 x2 y2 x2 + y2 − 4 x x y4 + 3 x3 y2 x2 + y2
= ( 2 )4 .
x + y2
296 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
∂2 f
Logo da identidade acima e de (5.198), segue que a func~ao : R2 → R ser
a dada
∂x ∂y
por
( 4 )( )2 ( )( )
y + 9 x2 y2 x2 + y2 − 4 x x y4 + 3 x3 y2 x2 + y2
( 2 )4 , se (x , y) ̸= (0 , 0)
∂2 f x + y2
(x , y) = .
∂x ∂y
0, se (x , y) = (0 , 0)
(5.200)
∂2 f
Mostremos que a func~ao não e contnua em (x , y) = (0 , 0), ou seja,
∂x ∂y
∂2 f (5.198) ∂2 f
lim (x , y) ̸= 0 = (0 , 0). (5.201)
(x ,y)→(0 ,0) ∂x ∂y ∂x ∂y
Nosso objetivo e encontrar condico~es sucientes para que a indentidade (5.202) acima
venha a ocorrer.
Para isto, precisaremos do:
5.7. TEOREMA DE SCHWARZ 297
( )
Lema 5.7.1 Sejam E, um subconjunto aberto de R2 , dR2 , f : E → R uma func~ao
∂f
contnua em E, tal que a derivada parcial de 1.a ordem e a derivada parcial de
∂x
2
∂f
2.a ordem existam em E, ou seja, est~ao bem denidas as func~oes
∂y ∂x
∂f ∂2 f
:E→R e : E → R.
∂x ∂y ∂x
Denotemos por Q, um ret^angulo fechado, cujos lados s~ao paralelos aos eixos coor-
denados, inteiramente contido em E, tendo os pontos
(xo , yo ) e (xo + h , yo + k) ,
como seus vertices opostos, com h , k ̸= 0 (veja a gura abaixo) e denamos
.
∆(f , Q) = f(xo + h , yo + k) − f(xo + h , yo ) − f(xo , yo + k) + f(xo , yo ) . (5.203)
y
6
(xo , yo + k) (xo + h , yo + k)
(xo , yo ) (xo + h , yo )
-
x
◦
Ent~ao, existe (x , y ) ∈Q de modo que
∂2 f
∆(f , Q) = , y ) h k .
(x (5.204)
∂y ∂x
Demonstração:
Consideraremos o caso que
h,k > 0.
Os outros casos s~ao semelhantes e suas demonstraco~es car~ao a cargo do leitor.
Consideremos uk : [xo , xo + h] → R a func~ao dada por
.
uk (t) = f(t , yo + k) − f(t , yo ) , para t ∈ [xo , xo + h] . (5.205)
Observemos que, por hipotese, a func~ao f tem derivada parcial de 1.a ordem, em relac~ao
∂f
a x (isto e, ) em E.
∂x
Em particular, isto implicara que as funco~es
t 7→ f(t , yo + k) e t 7→ f(t , yo )
298 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
y
6
I
(xo , yo + k) (xo + h , yo + k)
δ
Q
(xo , yo ) (xo + h , yo )
-
x
de modo que
∆(f , Q) ∂ 2
f (5.210) ∆(f , Q)
h k − ∂y ∂x (xo , yo ) = h k − A
(5.204) ∂2 f
= , y ) − A
(x
∂y ∂x
(5.214),(5.212) e (5.211)
< ε. (5.215)
Logo, de (5.203) e (5.215), para cada h , k > 0, tal que Q ⊂ B((xo , yo ) ; δ), teremos
f(xo + h , yo + k) − f(xo + h , yo ) − f(xo , yo + k) + f(xo , yo )
ε > − A
hk
[ ]
1 f(xo + h , yo + k) − f(xo + h , yo ) f(xo , yo + k) + f(xo , yo )
= − − A . (5.216)
h k k
300 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
∂f
Notemos que, da exist^encia da derivada parcial de 1.a ordem em E, segue que, para
∂y
cada h ̸= 0 xado, temos que
f(xo + h , yo + k) − f(xo + h , yo ) f(xo , yo + k) + f(xo , yo ) ∂f ∂f
− → (xo + h , yo ) − (xo , yo ) .
k k ∂y ∂y
quando k → 0+ .
Logo fazendo, para cada h > 0 xado, de modo que (h , k) ∈ Q, fazendo k → 0+ em
(5.216) (e utilizando o fato que a | · | e contnua em R), obteremos:
∂f ∂f
(xo + h , yo ) − (x , y )
∂y ∂y
o o
− A < ε. (5.217)
|{z}
h
(5.210)
= ∂y
2
∂ f
(x ,y )
∂x o o
∂f ∂f
(xo + h , yo ) − (xo , yo )
∂y ∂y
Donde segue que existira o limite lim+ e, alem disso, valera
h→0 h
a igualdade
∂f ∂f
2 Def. de ∂2 f (x o + h , y o ) − (xo , yo )
∂f (x
∂x ∂y o
, yo ) ∂y ∂y
(xo , yo ) = lim
∂x ∂y h→0+ h
(5.217)
= A
(5.210) ∂2 f
= (xo , yo )
∂y ∂x
completando a demonstrac~ao do resultado.
y
6
yo + k
φ(t) = (xo , yo ) + t · (h , k), t ∈ [0 , 1]
yo
-
xo xo + h x
Notemos que
φ(0) = (xo , yo ) = Po , g(0) = f(Po ) e g(1) = f(xo + h , yo + k) . (5.221)
Fazendo uso da Regra da Cadeia (isto e, o Teorema (5.2.1)) teremos:
∂f dx ∂f dy
g ′ (t) = [φ(t)] (t) + [φ(t)] (t)
∂x dt ∂y dt
(5.220) ∂f ∂f
= [(x(t) , y(t))] h + [(x(t) , y(t))] k , (5.222)
∂x ∂y
[ 2 ] [ 2 ]
′′ ∂f dx ∂2 f dy ∂f dx ∂2 f dy
g (t) = [φ(t)] (t) + [φ(t)] (t) h + [φ(t)] (t) + 2 [φ(t)] (t) k
∂x2 dt ∂y ∂x dt ∂x ∂y dt ∂y dt
[ 2 2
] [ 2 2
]
(5.220) ∂ f ∂f ∂f ∂f
= 2
[φ(t)] h + [φ(t)] k h + [φ(t)] h + 2 [φ(t)] k k
∂x ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y
2 2
Teor. Schwarz: ∂ f ∂f ∂2 f
= [(x(t) , y(t))] h 2
+ 2 ((x(t) , y(t)] k h + [(x(t) , y(t)] k2 (5.223)
∂x2 ∂y ∂x ∂y2
302 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
[ ]
′′′ ∂3 f dx ∂3 f dy
g (t) = 3
[φ(t)] (t) + 2
[φ(t)] (t) h2
∂x dt ∂y ∂x dt
[ 3
]
∂f dx ∂3 f dy
+2 [φ(t)] (t) + 2 [φ(t)] (t) k h
∂x ∂y ∂x dt ∂y ∂x dt
[ 3 3
]
∂f dx ∂f dy
+ [φ(t)] (t) + [φ(t)] (t) k2
∂x ∂y2 dt ∂y3 dt
[ ] [ ]
(5.220) ∂3 f ∂3 f 2 ∂3 f ∂3 f
= [φ(t)]h + [φ(t)]k h + 2 [φ(t)] h + 2 [φ(t)] k k h
∂x3 ∂y∂x2 ∂x ∂y ∂x ∂y ∂x
[ 3 3
]
∂f ∂f
+ 2
[φ(t)] h + 3 [φ(t)] k k2
∂x ∂y ∂y
3 3
T. Schwarz: ∂ f 3 ∂f 2 ∂3 f 2 ∂3 f
= [φ(t)] h + 3 [φ(t)] h k + 3 [φ(t)] h k + [φ(t)]k3
∂x3 ∂y ∂x2 ∂y2 ∂x ∂y3
(5.224)
..
.
para cada k ∈ {3 , 4 , · · · , n + 1} .
gk (t) = · · · ,
Fazendo-se t = 0 nas express~oes acima, obtemos (lembremos que φ(0) = Po ):
(5.222) ∂f ∂f
g ′ (0) = (Po ) h + (Po ) k,
∂x ∂y
(5.223) ∂2 f ∂2 f ∂2 f
g ′′ (0) = 2
(Po ) h2
+ 2 (P o ) h k + 2
(Po ) k2 ,
∂x ∂x ∂y ∂y
3 3
(5.224) ∂f ∂f ∂3 f ∂3 f
g ′′′ (0) = 3
(Po )h 3
+ 3 2
(P o ) h 2
k + 3 2
(P o ) h k 2
+ 3
(Po ) k3 . (5.225)
∂x ∂x ∂y ∂x ∂y ∂y
Em geral, teremos:
n ( )
∑ n∂n f
g (n)
(0) = n−j ∂yj
(Po ) hn−j kj (5.226)
j=0
j ∂x
∑ (n + 1) ∂n+1 f
n+1
g(n+1)
(c) = n+1−j ∂yj
(xo + c h , yo + c k) hn+1−j kj , (5.227)
j=0
j ∂x
onde
n+1 (
∑ )
. 1 n+1 ∂n+1 f
Rn+1 (h , k) = n+1−j j
(xo + c h , yo + c k) hn+1−j kj , (5.229)
(n + 1)! j=0 j ∂x ∂y
∂n+1 f
pois a func~ao f e de classe Cn+1 em A, logo a func~ao n+1−j j sera uma func~ao
∂x ∂y
contnua em (xo , yo ) ∈ A e c ∈ (0 , 1).
Alem do mais, para
j ∈ {0 , 1 , · · · n} ,
teremos :
|hn+1−j kj | hn+1−j kj
= n
∥(h , k)∥n (h2 + k2 ) 2
|h|n+1−j |k|j
=( ) n−j ( )j
h2 + k2 2 h2 + k2 2
h2 +k2 ≥h2 , k2 |h|n+1−j |k|j
≤ ( 2 ) n−j ( )j
h 2 k2 2
|h|n+1−j |k|j
= = |h| . (5.231)
|h|n−j |k|j
Para
j = n + 1,
teremos:
|hn+1−j
k| h
j n+1−j j
k
= ( n
∥(h , k)∥ n h + k )2
2 2
n+1=j |k|n+1
= ( ) n2
h2 + k2
h2 +k2 ≥k2 |k|n+1
≤ ( 2 ) n2
k
= |k|. (5.232)
Assim, do Teorema do Sanduiche, segue, de (5.231) e (5.232), que para cada j ∈
{0 , 1 , · · · , n + 1}, teremos:
hn+1−j kj
lim ( )n = 0 . (5.233)
(h ,k)→(0 ,0)
h2 + k2 2
304 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
Combinando as identidades (5.230) e (5.233), vemos que Rn+1 (h , k), devera satis-
fazer:
n+1 (
∑ )
1 n+1 ∂n+1 f
(xo + c h , yo + c k) hn+1−j kj
Rn+1 (h , k) (5.229)
(n + 1)! j=0 j ∂xn+1−j ∂yj
lim = lim ( 2 )n
(h ,k)→(0,0) ∥(h , k)∥
| {z }
(h,k)→(0,0)
h + k2 2
n
=(h2 +k2 ) 2
n+1 (
∑ )[ ]
1 n+1 ∂n+1 f hn+1−j kj
= lim (xo + c h , yo + c k) lim ( 2 )n
(n + 1)! j=0 j (h ,k)→(0 ,0) ∂xn+1−j ∂yj
| {z }|
(h ,k)→(0 ,0)
h + k2 2
continuidade n+1
{z }
= ∂ f
∂xn+1−j ∂yj
(xo ,yo ) (5.233)
= 0
n+1 (
∑ ) n+1
1 n+1 ∂ f
= (xo , yo ) · 0 = 0 .
(n + 1)! j=0
j ∂xn+1−j ∂yj
Portanto
Rn+1 (h , k)
lim = 0.
(h ,k)→(0,0) ∥(h , k)∥n
∂f ∂f
p1 (x , y) = f(Po ) + (Po ) (x − xo ) + (Po ) (y − yo ) (5.236)
∂x ∂y
∂f ∂f
p2 (x , y) = f(Po ) + (Po ) (x − xo ) + (Po ) (y − yo )
∂x ∂y
( )
1 ∂2 f 2 ∂2 f ∂2 f 2
+ (Po ) (x − xo ) + 2 (Po ) (x − xo ) (y − yo ) + 2 (Po ) (y − yo ) ,
2! ∂x2 ∂x ∂y ∂y
(5.237)
(d) Nos exemplos que seguem procuraremos identicar o comportamento da func~ao f,
proximo ao ponto Po = (xo , yo ), analisando a representac~ao geometrica o graco
do seu polin^omio de Taylor de grau 2, associado a func~ao f, no ponto Po = (xo , yo ).
(e) Podemos desenvolver um raciocnio analogo para func~oes de mais de duas variaveis
reais, a valores reais.
Deixaremos o desenvolvimento destas ideias como exerccio para o leitor.
(Rn , dRn ).
Para isto, lembremos que a matriz hessiana da função f no ponto P ∈ A, indicada
306 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
(i) se
λj > 0 , para todo j ∈ {1 , 2 , · · · , n} , (5.240)
ent~ao o ponto crtico Po , da func~ao f, sera um ponto de mnimo local da func~ao
f.
(ii) se
λj < 0 , para todo j ∈ {1 , 2 , · · · , n} , (5.241)
ent~ao o ponto crtico Po , da func~ao f, sera um ponto de maximo local da func~ao
f.
(iiii) se existirem dois autovalores λj1 e λj2 , para j1 , j2 ∈ {1 , 2 , · · · , n}, com sinais opostos,
por exemplo,
λj1 > 0 e λj2 < 0 ,
ent~ao o ponto crtico Po , da func~ao f, sera um ponto de sela da func~ao f.
(iv) nos demais casos, isto e,
(a) se λj ≥ 0, para todo j ∈ {1 , 2 , · · · , n} e existe, pelo menos, um autovalor
λi = 0 ,
ou
(b) se λj ≤ 0, para todo j ∈ {1 , 2 , · · · , n} e existe, pelo menos um, um autovalor
λi = 0 ,
Demonstração:
Daremos a seguir uma ideia da demonstrac~ao.
Ao inves de usarmos a base can^onica do espaco vetorial real (Rn , + ·), usaremos um
resultado de Algebra Linear, que nos garante a exist^encia uma base ortonormal
de (Rn , + ·), formada por autovetores associados a matriz hessiana da func~ao f, no ponto Po .
Alem disso, todos os seus autovalores s~ao reais.
Em particular, teremos
onde o vetor ⃗u e um vetor n~ao nulo e, com norma sucientemente pequena, para que o ponto
Po + t · ⃗u ∈ A , para todo t ∈ [0 , 1] .
completando a demonstrac~ao de (iii), isto e, que a func~ao f tem um ponto de sela no ponto
crtico Po .
O caso (iv) segue de exemplos semelhantes ao do Teorema do caso bidimensional.
Por exemplo, se considerarmos as funco~es f , g , h : Rn → R dadas por
. . .
f(x1 , x2 , · · · , xn ) = x14 +x24 , g(x1 , x2 , · · · , xn ) = −x14 −x24 e h(x1 , x2 , · · · , xn ) = x14 −x24 ,
sera um ponto de mnimo local (que tambem sera ponto mnimo global) para a func~ao f,
sera um ponto maximo local (que tambem sera ponto de maximo global) para a func~ao g e
tambem sera um ponto sela para a func~ao h.
A vericac~ao destes fatos sera deixado como exerccio para o leitor.
Note que nos tr^es casos, os autovalores associados as respectivas matrizes hessianas das
funco~es f, g e h, no ponto crtico Po , ser~ao todos nulos.
Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao destes fatos.
Apliquemos o resultado acima ao exemplo:
Resolução:
Observemos que a func~ao f e de classe C∞ em R3 e para (x , y , z) ∈ R3 temos:
∂f ∂f ∂f
(x , y , z) = 3 x2 − 3 , (x , y , z) = 2 y , (x , y , z) = 2 z − 2 , (5.252)
∂x ∂y ∂z
∂2 f ∂2 f ∂2 f
(x , y , z) = 6 x , (x , y , z) = 2 , (x , y , z) = 2 , (5.253)
∂x2 ∂y2 ∂z2
∂2 f Teor. Schwarz ∂ f
2
(x , y , z) = (x , y , z) = 0 , (5.254)
∂y ∂x ∂x ∂y
∂2 f 2
Teor. Schwarz ∂ f
(x , y , z) = (x , y , z) = 0 , (5.255)
∂z ∂x ∂x ∂z
∂2 f 2
Teor. Schwarz ∂ f
(x , y , z) = (x , y , z) = 0 . (5.256)
∂y ∂z ∂z ∂y
5.9. MAXIMO E MINIMOS LOCAIS 311
ou, equivalentemente,
. .
P1 = (1 , 0 , 1) ou P2 = (−1 , 0 , 1) , (5.257)
s~ao os unicos pontos crticos da func~ao f.
A matriz hessiana associada a func~ao f em P = (x , y , z) sera dada por:
∂2 f ∂2 f ∂2 f
∂x2 (x , y , z) (x , y , z) (x , y , z)
∂x ∂y ∂x ∂z
2
∂f ∂2 f 2
∂f
Hessf (x , y , z) = ∂y ∂x (x , y , z) (x , y , z) (x , y , z)
∂y2 ∂y ∂z
∂2 f ∂2 f 2
∂f
(x , y , z) (x , y , z) (x , y , z)
∂z ∂x ∂z ∂y ∂z2
6x 0 0
(5.253),(5.254),(5.255) e(5.256)
= 0 2 0 . (5.258)
0 0 2
Como a matriz acima e uma matriz diagonal, seus autovalores s~ao os elementos da diagonal
principal, isto e, os autovalores associados a matriz Hessf (P1 ) ser~ao:
λ1 = 6 e λ2 = λ3 = 2 . (5.259)
Logo todos os autovalores associados a matriz hessiana de f, no seu ponto crtico P1 , s~ao
positivos (isto e, maiores que zero).
Portanto, do Teorema (5.9.1) item (i), segue que o ponto crtico P1 = (1 , 0 , 1) e um ponto
de mnimo local da func~ao f.
312 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
Como a matriz acima e uma matriz diagonal, seus autovalores s~ao os elementos da diagonal
principal, isto e, os autovalores associados a matriz Hessf (P1 ) ser~ao:
λ1 = −6 e λ2 = λ3 = 2 . (5.260)
λ1 = −6 e λ2 = 2
Resolução:
Observemos que a func~ao f e de classe C∞ em R3 e, para P = (x , y , z , w) ∈ R4 , teremos:
∂f ∂f ∂f ∂f
(P) = 2 y , (P) = 2 x + 2 z − 2 y , (P) = 2 y + 2 z , (P) = −4 w , (5.262)
∂x ∂y ∂z ∂w
∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
(P) = 0 , (P) = −2 , (P) = 2 , (P) = −4 , (5.263)
∂x2 ∂y2 ∂z2 ∂w2
∂2 f 2
Teor. Schwarz ∂ f
(P) = (P) = 2 , (5.264)
∂y ∂x ∂x ∂y
∂2 f 2
Teor. Schwarz ∂ f
(P) = (P) = 0 , (5.265)
∂z ∂x ∂x ∂z
∂2 f 2
Teor. Schwarz ∂ f
(P) = (P) = 2 , (5.266)
∂y∂z ∂z ∂y
∂2 f 2
Teor. Schwarz ∂ f
(P) = (P) = 0 , (5.267)
∂x ∂w ∂w ∂x
∂2 f Teor. Schwarz ∂ f
2
(P) = (P) = 0 , (5.268)
∂y ∂w ∂w ∂y
∂2 f 2
Teor. Schwarz ∂ f
(P) = (P) = 0 . (5.269)
∂z ∂w ∂w ∂z
5.9. MAXIMO E MINIMOS LOCAIS 313
(5.262)
(0 , 0 , 0 , 0) = ∇f(x , y , z , w) = (2 y , 2 x + 2 y + 2 z , 2 y + 2 z , −4 w)
ou seja,
.
Po = (0 , 0 , 0 , 0) (5.270)
ent~ao
a ··· a1k
11 a12 a13
. a21 a22 a23 ··· a2k
mk (A) = .
· · · ··· ··· ··· · · ·
ak1 ak2 ak3 ··· akk
Exemplo 5.9.3 Suponhamos que a matriz quadrada A e dada por
1 −2 0 0
2 2 2 0
A= .
0 2 2 0
0 0 0 4
Encontre todos os menores principais da matriz A.
Resolução:
Temos que
m4 [A] = det(A)
1 −2 0 0
2 2 2 0 Exerccio
= = 32 , (5.273)
0 2 2 0
0 0 0 4
1 −2 0
Exerccio
m3 [A] = 2 2 2 = 8 , (5.274)
0 2 2
1 −2
m2 [A] = = 6, (5.275)
2 2
m1 [A] = 1 = 1 . (5.276)
Com isto temos o seguinte resultado:
Teorema 5.9.2 Seja A = (aij ) uma matriz (quadrada) simetrica de ordem n.
(i) Todos os autovalores associados a matriz A s~ao maiores que zero se, e somente
se,
mk (A) > 0 , para cada k ∈ {1 , 2 , · · · n} . (5.277)
(ii) Todos os autovalores associados a matriz A s~ao menores que zero se, e somente
se, mk (A) < 0, para cada k ∈ {1 , · · · , n} que e mpar, e mk (A) > 0, para cada
k ∈ {1 , · · · , n} que
e par, ou seja,
m2 k+1 (A) < 0 , de modo que 2 k + 1 ∈ {1 , 3 , · · · , n} (5.278)
e
m2 k (A) > 0 , 2 k ∈ {2 , 4 , · · · , n} . (5.279)
316 CAPITULO 5. FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS REAIS
Demonstração:
A demonstrac~ao deste resultado sera omitida.
Observação 5.9.1 A parte (ii) segue da parte (i) trocando-se a matriz A pela matriz
−A e notando-se que
mk (−A) = (−1)k mk (A) .
A demonstrac~ao da identidade acima sera deixada como exerccio para o leitor.
Com isto podemos tratar do seguinte exemplo :
Exemplo 5.9.4 Suponhamos que a matriz hessiana de uma func~ao f : A ⊆ R4 → R, de
classe C2 em A, no ponto crtico Po ∈ A, onde A e um subconjunto aberto em R4 , seja
dada por:
1 1 0 0
1 2 2 0
Hessf (Po ) = . (5.280)
0 2 5 0
0 0 0 4
Classique o ponto crtico Po da func~ao f.
Resolução:
Observemos que:
1 1 0 0
1 2 2 0 Exerccio
m4 [Hessf (Po )] = = 4 > 0,
0 2 5 0
0 0 0 4
1 1 0
Exerccio
m3 [Hessf (Po )] = 1 2 2 = 1 > 0 ,
0 2 5
1 1
m2 [Hessf (Po )] = = 1 > 0,
1 2
m1 [Hessf (Po )] = 1 = 1 > 0 .
Como
mk [Hessf (Po )] > 0 , para cada k ∈ {1 , 2 , 3 , 4} ,
segue, do Teorema (5.9.2) item (i), que todos os autovalores da matriz Hessf (Po ) s~ao maiores
que zero.
Logo, do Teorema (5.9.1) item (i), segue que a func~ao f tem um mnimo local no ponto
crtico Po .
5.10 Exercı́cios
Capı́tulo 6
Neste captulo estudaremos a exist^encia e unicidade de soluco~es do, assim denominado, PVI
associado a uma EDO de 1.a ordem.
Mais exlicitamente, consideremos to ∈ R, xo ∈ Rn , a, b > 0 e denotemos por
. .
Ia = [to − a , to + a] , Bb = {x ∈ Rn ; ∥x − xo ∥ ≤ b} ,
.
Ω = Ia × Bb ⊆ R × Rn .
e uma func~ao f : Ω → Rn que seja contnua em Ω.
Com isto podemos considerar o problema de encontar soluc~ao, x = x(t), do seguinte
problema:
317
318 CAPITULO 6. EXISTENCIA
^ E UNICIDADE DE SOLUC ~
OES
Observemos que:
1. F(X) ⊆ X isto e,
F : X → X; (6.10)
= Mα
(6.6)
= b, (6.11)
isto e,
F(ϕ)(t) ∈ Bb , para todo t ∈ Iα ,
ou ainda,
F(ϕ) ∈ C(Iα ; Bb ) = X ,
6.1. TEOREMA DE PICARD 319
mostrando o item 1.
Para mostrar o item 2., consideremos ϕ , ψ ∈ X e n ∈ Z+ .
Armamos que, para todo t ∈ Iα , teremos:
Kn |t − to |n
|Fn (ϕ)(t) − Fn (ψ)(t)| ≤ d∞ (ϕ , ψ) . (6.12)
n!
A demonstrac~ao da identidade (6.12) acima sera feita por induc~ao.
Notemos que (6.12) e valida para n = 0, pois
0
F (ϕ)(t) − F0 (ψ)(t) = |F(ϕ)(t) − F(ψ)(t)|
[ ∫t ] [ ∫t ]
(6.9)
= xo + f(s , ϕ(s)) ds − xo + f(s , ψ(s)) ds
∫ t to
∫t to
= f(s , ϕ(s)) ds − f(s , ψ(s)) ds
to to
∫
t
= [f(s , ϕ(s)) ds − f(s , ψ(s))] ds
to | {z }
(6.5)
≤ K |ϕ(s)−ψ(s)|
∫t
≤ K |ϕ(s) − ψ(s)| ds
to | {z }
≤sups∈Iα |ϕ(s)−ψ(s)|
∫t
≤ K d∞ (ϕ , ψ) , ds
to
= K |t − to | d∞ (ϕ , ψ) ,
∫ t to
∫t
to
m
= f(s , F (ϕ)(s)) ds − f(s , F (ψ)(s)) ds
m
∫tto to
≤ [f(s , F (ϕ)(s))f(s , F (ψ)(s))] ds
m m
t
∫t o
≤ |f(s , Fm (ϕ)(s)) − f(s , Fm (ψ)(s))| ds
to | {z }
(6.5)
≤ K |Fm (ϕ)(s))−Fm (ψ)(s)|
320 CAPITULO 6. EXISTENCIA
^ E UNICIDADE DE SOLUC ~
OES
Hip. de inducao
∫t
≤ K |Fm (ϕ)(s)) − Fm (ψ)(s)| ds
to | {z }
(6.13) Km |s−t
o |m
≤ d∞ (ϕ ,ψ)
∫t
m!
Km (s − to )m
≤K d∞ (ϕ , ψ) ds
to m!
∫t
Km+1
≤ d (ϕ , ψ) (s − to )m ds
m! ∞ to
[ ] s=t
Teor. Fund. Calc. K
m+1
(s − to )m+1
= d (ϕ , ψ)
m! ∞ m+1 s=to
Km+1 |t − to |m
= d∞ (ϕ , ψ)
(m + 1)!
com
0 < L < 1,
ou seja, FN : X → X e uma contrac~ao em (X , d∞ ).
Como consequ^encia do Teorema de ponto xo de Banach, segue que existe um unico ponto
xo da aplicac~ao FN em X.
6.2. TEOREMA DE PEANO 321
e ∫ to
(6.16)
x(to ) = xo + f(s , x(s)) ds = xo ,
to
isto e, a func~ao x = x(t), dada por (6.16), e a unica soluc~ao do do PVI (6.1)-(6.2)-(6.3), como
queramos demonstrar.
para todo k ≥ Ko .
Deixaremos os detalhes da demonstrac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Notemos que, para cada k ≥ Ko , a func~ao fk ira satisfazer as hipoteses do Teorema de
Picard (isto e, do Teorema (6.1.1)).
De fato, pois a func~ao fk sera contnua e limitada em Ω (se k ≥ Ko , por (6.19)), pois suas
componentes s~ao funco~es polinomiais denidas em Ω, logo contnuas em Ω.
Mostremos que a func~ao fk e Lipschitiziana em relac~ao a segunda variavel em Ω.
Armamos que, como as componentes da func~ao fk s~ao funco~es polinomiais denidas em
Ω segue, em particular, que as derivadas parciais em relac~ao a "segunda variavel", ser~ao
uniformemente limitadas no compacto Ω.
De fato, como Ω = Iα × Bb e um compacto de R × Rn e, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, as
derivadas parciais de 1.a ordem
∂fk
(t , x
|{z} )
∂xi
=(x1 ,x2 ,··· ,xn )
Logo, do Teorema do valor medio para funco~es de varias variaveis reais (isto e, o Corolario
(5.3.1)), segue que
onde { }
. b
α= a, .
M
Notemos que (6.21)-(6.22)-(6.23) e equivalente a:
∫t
xk (t) = xo + fk (s , xk (s)) ds , para t ∈ Iα . (6.24)
to
Observemos que:
6.2. TEOREMA DE PEANO 323
∫ t ∫s
= fk (r , xk (r)) dr − fk (r , xk (r)) dr
∫tto to
= fk (r , xk (r)) dr
s
∫ t
≤ |fk (r , xk (r))| dr
s| {z }
(6.17)
≤ M
≤ M |t − s| ,
implicando que a sequ^encia de funco~es (xk )k≥Ko e equicontnua em Iα .
Por outro lado,
∥xk (t)∥ − ∥xo ∥ ≤ ∥xk (t) − xo ∥
[ ∫t ]
(6.21) e (6.22)
=
fk (r , xk (r)) dr − xo
xo +
∫ t to
=
f k (r , x k (r)) dr
to
∫ t
≤ ∥fk (r , xk (r))∥ dr
to | {z }
(6.19)
≤ N
≤ N |t − to |
t∈Iα
≤ Nα
(6.6)
≤ b,
ou seja,
∥xk (t)∥ ≤ ∥xo ∥ + b , para todo t ∈ Iα e k ≥ Ko ,
mostrando que a sequ^encia de funco~es (xk )k≥Ko e uniformemente limitada em Iα .
Logo, do de Arzela-Ascoli (isto e, o Teorema (3.3.3)), segue que existe uma subsequ^encia
da sequ^encia de funco~es (xk )k≥Ko , que sera denotada como a mesma, isto e, (xk )k≥Ko , que e
uniformemente convergente em Iα , para uma func~ao x = x(t), denida em Iα , ou seja,
uniformemente
xk → x, em Iα . (6.25)
324 CAPITULO 6. EXISTENCIA
^ E UNICIDADE DE SOLUC ~
OES
∥fk (s , xk (s)) − f(s , x(s))∥ = ∥ [fk (s , xk (s)) − f(s , xk (s))] + [f(s , xk (s)) − f(s , x(s))] ∥
≤ ∥fk (s , xk (s)) − f(s , xk (s))∥ + ∥f(s , xk (s)) − f(s , x(s))∥
| {z } | {z }
uniformemente em Iα uniformemente em Iα
→ 0 , por (6.18) → 0 , por (6.25)
uniformemente em Iα
→ 0, quando k → ∞ . (6.26)
325
Índice Remissivo
326
INDICE REMISSIVO 327
inferior, 13
superior, 13
Teorema
de Abel, 160
de integrac~ao por partes, 60
de Taylor, 170
fundamental da Algebra, 201
da func~ao implcita, 279, 282
da func~ao inversa, 272
de Arzela-Ascoli, 115
de Stone (vers~ao complexa), 140
de Stone (vers~ao real), 133
de Stone-Weierstrass, 119, 223
de Taylor, 170
do ponto xo de Banach, 269
fundamental do Calculo (vers~ao I), 57
fundamental do Calculo (vers~ao II), 59
Peano, 321
Picard, 317
trigonometrica
serie, 208
trigonometrico
polin^omio, 205
Weierstrass
Teste M. de, 82