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CEOCONC C4 Biblioteca - agente si 7 Niimero especial de agente Revista da Bscola Brasileira de Psicanilise ~ Bahia Copyright (€) Jacques-Alain Miller j 8 Prsficios “0 osso de uma anise” t 19 Apresentacéo Seminirio profetido no j VIIL Encontro Brasileito do Campo Preudiano ¢ | If Congresso da Escola Brasileita de Psicandlise 1A cpemio-redugio Salvador - Bahia - 17421 de abril de 1998 29 Uma peda no caminho da andlise ‘Transcrigio dos videos 40 Amplificagdo e redugio 1 Seminavio « 18/04/98 - Ant6nio Carlos Caires Aaj I Seminério - 19/04/98 - Stnia Vicente TI Seminivio - 20/04/98 - Jato Gerbase i 46 Primeira operagio-redugio: a repeti¢io 48 — Segunda operacio-redugio: a convergéncia Revisio técnica - Jiro Gesbase Revisio vernacular - Véra Morea I —Articulagio e investimento 59 Terceita operasio-redugio: a evitacio 66 — Redusio ao real TI Redugio do fator quantitative 73 Conexao significante e go20 75 Sentido gozado Lusteagio da capa: 81 Conversio da perspectiva “Camino na Pei Feabira™ pinea/ 1978 «1,20 0,20 m TL —As duas formas do parceiro-sintoma Colegio: Seith Sakae / Matin Luiza Sampaio Skane Otro sens ae Autor MARCIO SAMPAIO Pintor, poeta, ritica de arte Professor da iscola de Belas-Artes da UPMG 107 0 parceito-sintoma do homem ¢ da mulher Belo Horizonte, MG i 98 — Conversao da perspectiva (continuagio) 102 O parceiro-sintoma 114 © parceiro-devastagio 116 0 parceiro-contemporinec a ty j ad Uma perspectiva clifuca Neste Seminario, que marca um momento historico. da psicandlise, Jacques-Alain Miller realiza uma Jeitura de Lacan, a partir de uma perspectiva que introduz um angulo novo em telagio aos fundamentos da pritica analitica. Apesar da surpresa que produz, sempre, uma leitura criativa e nova, na verdade, se trata da continuagio de um trabalho que Miller comegou desde © momento em que assumiu a condugdo da Orientacio Lacaniana do Campo Freudiano. Desde entéo, tem se orientado a partir da clinica analitica e seus fundamentos, como o demonstra sua primeira afirmagao, de “retorno 4 clinica” ¢, na mesma época, seu texto “Pour la Passe”, onde define sua posicio, pelo passe, como politica da Escola e da diteeio da cura, Com efeito, este Seminario que, sendo tesrica, é a0 mesmo tempo, eminentemente elinico, parte da afirma queem todo atament anal o hi obsti Hos, Hi pedras, no caminho de toca anilise. © obsticulo é também um tema 20 qual Miller tem dedicado suas reflexdes, em va oportunidades, Exeinplo disto éscu comentirio sobre “Anilise Finita ¢ Infinita”, de Creud, onde isola ¢ trabalha a nogio de resto, de modo revelador Este obstéculo que dificulta litico & Este obsticulo que dific -analitic ‘resultado ca propria estratura do falassere implica 0 que Mile, em vitias oportunidades, chamou de “O problema de Lacan,” ou Seja,a.questio da atticulagio cntre a vertente significante ¢ ado gozo. © problema de Lacan, mt verdade, transforma-se em unt problema de Miller, que tem tealizado, por sua vez, vétias tcituras das solugSes que Lacan tentoua respeito desta questio, cepecifica da psicanilise. Neste Sieminatio, retoma 2 questio desde uma perspectiva clinica, propondo um conceito novo para operar na Psicandlise{ a opeiaeto-redu Esta operacao compreende trés mecanismos: a Sepetisao ¢ a convergéncia, que trabalham para a estrutura simbdlica, ¢ a evitacio, forma di co e ad dusio ao real que se opée 808 outros dois, mas que é possivel pela propria reducio. Simbélica, A formula simbélica se isola aos registros do necessitio © do impossivel, O gore 0 registro do real, se situa na logica da contingéncia. A reducio simbdlica nto da conta do fator quantitative. A rediicio do fatgr quantitativo & da ordem do pi ivel, do “cessa de se escrever”. O coracao da leitura de Miller ‘S¢ sustenta em trés afirmagses. Na primeira, destaca que o gozo no é possi Soment: 0 corpo pode gozar, Na Segunda, sublinha que, se é verdadcito que existem dois efeitos do ificante no corpo -a mortficagio do corpo ea pracucio clo mais de gozar -0 essencial & que o significante é a causa de 7 ¥ €a conversio da perspectiva que esta leitura propo ozo. Acentuar a vertente da produgio de gozo pelo significante Aterceira afiemasio é que a incidéncia de gozo do significante sobre 0 corpo éo que Lacan chama o sintoma. © sintoma, assim, passa 4 set 0 ponto de partida e 0 ponto de detengio final da cura analitica. ‘A solucio que surge deste Seminatio é que 0 sintoma Ea interseso entre significante e gozo, do mesmo mado que, para Freud, a pulsio era 9 conceito limite entre o psiquico € 0 corporal. © sintoma, assim, ocupa em Lacan o lugar da pulsio lem Freud, Parceiro-sintoma € uma expresso de Lacan que permite a passa [falasser- paren & iller trabalhou em seu curso “Orientagio Lacaniana”, elevando-a a categoria de nogao fundamental A conversio de perspectiva que Miller propée implica dizer, também, que © poder do significante & tal que “nio apenas” mortifica o corpo e libera o mais-de-pozar, mas que SO Sop gers 0 mals-dle-gozar, mas qu cle determina o regime de gozo do falassct. A vertente do g020 € sta implicagio com o significante que esti contida na nogio de pareeito-sintoma, sio a vertente que, para Miller, nos orienta na diregao da cura A questio da sexualidade, desde a perspectiva do gozo, asticulagad sujeito- ute para ade Sadana intoma, Assim, 0 grande Outro € definido como meio de ozo, O regime de rr niio & como este se serve do Outro para gozat. Ainda que 0 goxo scja do um, produz-se através do corpo do Outro. Com efeito, se o sintoma é um modo de gozat, Como o significante vivitica 0 corpo? € um parceiro de gozo, no falasser masculiso toma a forma de fetiche, de trago perverso ¢,no feminino,a forma erotomantzea. falasser feminino se dirige ao parceito pela demand ilimitada de amor, retornando como forma de devastacéo. Assim, 0 A guisa de prefacio, vou desdobrar a pergunta que fiz, , Patcciro-sintoma da mulher torna-se 0 parceiro-devastagio. , a Jacques-Alain Miller, no curso desse Semindtio. Esta perspectiva teérica, necessariamente, implica novos ajustes na dirego da cura. © final da anilise, o passe, se *Parece-me que o enunciado “o significante vivifica 0 (Coxpo” é equivalente ao enunciado “alingua afeta o corpo”. orienta assim, pelo sintoma, Por isso Ihe perguntei se ra possfvel identificar esse significa de Jalangue, de Lacan, dado que fui, muitas veres, remetido OPE TATE Tn simples desinvestimento libidinal. & necessatio saber haver-se af com o sintoma. O final implica a 1uc vivifica o corpo, quando ele o faz, 20 conceito passagem do contingente ao possfvel, tinica forma de redugio | {) is Salalah alle cece a ada uantitativa. Este Seminitio seré, com certeva, tema de trabalho )® durante 0 seminirio, 20 Encore, ¢ sobretudo ao capitulo “O rato no labitinto”. Af se apresenta a “unidade do corpo”, intenso para os membros da AMP ¢ para os psicanalistas segundo a qual “alingua nos afeta primeiro por tudo que ela interessados no ensino de Lacan. comporta de efeitos que so afetos,” € que se encontra bem a0 i Tado da hipotese Jacaniana: “o individuo, 0 corpo afetado pelo “inconsciente € 0 mesmo que constitui o sujeito de um Bernatdino Horne significante”. ‘Também evoquei Jean-Pierre Changeur, no curso cle minha intervencio, porque me lembrei da entrevista que voce publicow em ORNICARPIT/18 (1979}, sob o titulo de “0 m2 SHE i homem neuronal” (1978), na qual vocé o contesta divendo que uma emogio é coisa diferente de um sinal quimica; que : essa é uma ficgao do biologista, a ficcio do homem sinaptica; que nio abordamos o sintoma por essa vertente, mas pela vertente proposta por Lacan, segundo a qual o inconsciente estruturado como uma linguagem. Referi-me a essa entrevista para mostrar que a Perspectiva de Changeux é inteiramente diferente da sua/No } curso de sua terceira conferéncia, voce introduz a obscrvacio de que ¢ gozo no € possivel sem a referéncia ao corpo, 0 | Seo vivificado pelo significance. Seu corpo vivo corresponde | 0 seu enunciado de que a incidéacia do significante sobre o CORPO Produz goz0 e, como voet disse, & esse 0, conceito de \sintoma em Lacan{ is ‘omo aprecio fSrmulas esquematicas, quis lembrar a mim mesmo que seu corpo vivo é o sintoma: Mas vocé me respondeu cle que forma o sigaificante vivifica © corpo, tomando emprestado um exemplo da expetiéncia analitica - 0 caso da menina, cujo momento erucial da anilise consistiu no sonho em que a cauda do lobo é associada aos tapinhas na bunda que seu pai the dava, para inciti-la a ir para a cama. Sua conclusio de que - tapinhas na bunda - é uma das ‘manciras como o significanté vivifica 0 corpo, me pareceu merecer alguma espécie de discussio, por excluit a dimensio da incidéncia do significante sobse © compo. Bu nao podia, entio, reconhecer, no ato de dar tapinhas, a incidéncia de um siginificante. Sua conclusio: me pareceu que se prestava & confusio com outra doutrina do aceto que nio a nossa, com tuma doutrina do afeto no telacionaila iarticulagao significante. Estive muito atento entretanto, a um outro momento de seu Seminario, em que vocé nos ensinava como entender a fantasia n “Bate-se suma crianca”, segundo essa conversio de perspectiva que voeé mesmo acabara de introduzit. Vocé afirmava que " devemos conceher essa fantasia como 0 sadismo do Sigoificante, aa medida em que 0 gozo do falsser supe sempre bater no corpo, para estragi-lo; mas isso nao significa anulagao | do go20, porém produgio do gozo pelo: significante. Eu | acrescentaria, isso nio significa a agio fisica, natural de bater, | mas un ato que instaura o sujeito e, portanto, um significante, \conforme a “Logica da fantasia” de Lacan. Nesse momento, foi-me necessério pedir mais esclarecimentos, mais detalhes, porque eu nfo conseguia localizar a articulagio significante ¢ o investimento libidinal juntos, nesse exemplo, Por isso lhe perguntei, em que sentido lum tapinha na bunda é uma articulagio significante Confesso que pretendia algo mais, pretendia introduzir a dimensio da voz a dimensfo d’alingua, no seu exemplo, para ficar cocrente com os enunciados dos quais cu partira - 0 Siaificante vvifiea 0 corpo é equivalent 3 alingua afers 0 cotpe. Como voce sabe, a dimensio da voz é uma dimensio fundamental & experiéaci analitica, porque a voz é, ao mesmo "tempo, um significante, dado que é fénica, audivel, mesmo quando se trata da voz afona, como no. didlogo do falasser ¢ do Outro, a que chamamos alucinasio verbal e um objeto, aliés, a espécie por exceléncia do objeto a. Vale lembrar que Lacan dizia ser embaracoso verificat a concorséncia cminente que © objeto escépico faz a0 objeto vocal, no momento em que define a pulsio como o eco no corpo, pelo fato de que ha 1a o dizer. Afirma ainda que ¢ preciso que esse corpo seja sensivel ao dizet, isto &, que seja corpo, assim chamado, humano, corpo vivificado pelo significante ou habitado pela linguagem, se se quiser uma formula classica, Naquele momento, eu queria, de fato, introduzir, ou melhor, exigir que, simultancamente ao clemento da contingéncia -tapinha na bunda, um elemento da convergéncia ~ um significante-mesire, um enunciado fandamental, um dito do Outro viesse completar ou, de preferéncia, suprit esse elemento da produgio do gozo no corpo - 0 tapinha na bunda, esse ato de incitar, tocando o corpo. E me pareceu, pela sua resposta, que vocé compreendia que eu fazia signo, se entendermos essa palavra, no sentido de Port Royal, no sentido em que Recanati introduziu no Encore, que cu fazia a disjungio entre a producio do gozo e a articulagio significante. Quando, entao, vocé toma o exemplo tirado de Lacan, @ encontro de Dante com Beatriz, o pisear de olhos de Beatriz, que funciona como objeto a que cai, para Dante, e 0 remete a0 Aporém identificado a0 yozo Nao-Todo de Beatriz, o que Ihe permite escrever sua firmula (> 2), eu compreendi melhor Mas niio, como voce diss , porque se trata de um exemplo de Lacan, ¢ sim, porque, neste exemplo - que se encontea na pergunta IV de “Televisio”, perguata que vocé mesmo formulou, e que é preciso que cu a relembre, pata os fins de minha argumentagio: “HA vinte anos, desde que o senhor langou sua formula o inconsciente ¢ esttuturado como una linguagem, ela vem provocando diversas formas de objegio: “isso nig passa de palavras, palaveas, palavras. F, com 0 que no se embaraca com palavras, o que o senhor faz? Quid da cenergia psiquica ou do afeto, ou da pulsio?” - opdem-se pulsio € significante, afeto ¢ significante. Pareceu-me muito importante como, em sua conversio da perspectiva, através do conceito de sintoma, vocé consegue anular essa oposigio, dado que o sintoma conjuga o afeto, ou, como eu preferitia dizer, 0 sintoma subsume a pulsio. Mas, restava esse impasse, porque Lacan lhe responde que 0 que deve ser julgado é se sua idéia, de que o inconsciente € estruturado como uma linguagem, permite verificar mais seriamente 0 afeto, do que a idéia de que 0 afeto seja um rebuligo, do qual resultaria uma melhor arramacio, a idéia de que o afeto seja uma adaequatio. Sua conclusio de que, para reconhecermos uma articulagio sigaificante, na nova perspectiva, é suficiente notar que se produziu 0 gozo no corpo, ¢ que, quando © goxo se inscreve em um corpo, entio, hé uma articulagio significante, di a por ser resolvida a necessidade de, em uma andlis procutar ess a atticulagao significance » standlo advertido de que, na conversio de perspectiva, que é uma generalizacio da teoria, a identificagio a0 sintoma uma solucio mais geral que a travessia da fantasia, r me indagar qual a funglio da operagio-redugio-repetigio ¢, sobretudo, da operagio-redugio-convergéncia, em uma anilise, para ficar coerente com sua conclusao de que, onde ha fumaga 15 hi fogo, onde hd gozo ha cépubi de significance, e que essa copula 56 € possivel através do siatoma, ‘Vocé nos aficmou que a o yeragio-reducio-repeticis € € que todo analista deve saber operar essa redugio que é, necessaria, cm uma anilise, em esséncia, uma tedugao Proposicional, uma redusdo a coastante? Disse também que essa reducio niio ¢ suficiente. 0 caso de Heitor. Estamos de acordo que & necessério operar wma segunda reducio, redugao & convergénci uma , uma redugio dos enunciados da existéncia de um sujcito a um entinciado fandamental;'c que esse enunciado primordial, esse significante-mestre, pode ser tim equfvoco, um malentendido, uma homofonia dalingua; em alguns casos, esse enunciado pode vir do. analista.sab a forma de uma interpretacio que se tornaré memorivel No entanto, segundo sua afirmasio, é necessavio operat ‘uma reducio ao real, uma redugac do fator quantitative, dos fermos que so evitados, do gozo particular de cada um, que Pertence a dimensio da contingéricia, e nfo a dimensio do necessétio € do impossivel, Existe, portanto, segundo voeé, uma redugio 4 contingéncia e nao & necessidade, uma tedugio a0 encontro, 20 traumatismo, que € 0 modo norraal de intrusio do gozo no ser humano; essa redugio da contingéneta, que & a propria redusao do fator quantitativo, nfo é nunca senao da ordem do possivel, do que para de se escrevey E ai que se escreve, de acoro com suns macdes, 6 ato analitico, exatamente na matgem entre a redusio . Significante ea sedugio do gozo; é ai que se escreve o passe, a titulo de possibilidade i E necessirio, ainda, para vocé, situat 0 termo telagio em fungio do que se estabelece no nivel sexual; nesse nivel, a sclagio passa pelo gozo do corpo e pelo gozo d’alingua, passa pelo sintoma. Tive necessidade, naquele momento, de saber ‘como incluir 20 lado de um tapinha na bunda - que me parecia ser-um gozo que passava apenas pelo corpo - 0 goz0 que se passava ao nivel d'alingua, Quero crer que, agora, compteendo que 0 goz0 do sintoma, que passa, ao mesmo tempo, pelo corpo e pela alingua, € que pesmite essa juncio de significante e gozo, é 0 que permite que o conceito de sintoma va além do conceito de fantasia. A fantasia, segundo voe, supde 0 corpo mortificado pelo significante, enquanto que o sintoma se refere 20 corpo vivificado pelo significante. Quero crex, enfim, que entendo por que vocé disse que nio se deve exigir todo um grafo para se teconhecer uma articulagao significante, B no momento em que ha gozo, que se insereve cm um corpo, que se deve procurar o signifi ante que o produziu. O significante refere-se ao corpo sob a modalidade do sintoma; o sintoma € 0 conceit que permite pensar a relagio da atticulaco significante com corpo. iro Gerbase Ww 40 Apresetn Os Seminarios de Jacques-Alain Miller se inscrevem ar no quadro dos Encontros Brasileitos do Campo Freudiano, Nessas ocasides, sua funcio € verificar, comparar os resultados - las pesquisa realizadas por toda a comunidade do Campo < Freudiano, no Brasil, que neste iltimo ano se centrou no tema: : “Rumo ao dmago da cura psicanalitica — estudos ‘élinicos”. © Seminario que ora comega deverd reordénar essas pesquis: s, Na medida em que a teflexio de Miller tern, como de habito, introduz ( ido uma marca de transmissio inédita que, sem diivida, advém do rigor ¢ da precisdo com que ele efetua a leitura do ensino de Lacan. A logica do Seminario do Campo Freudiano, tal como . Miller a orienta, consiste, como primeito passo, numa releitura critiea de Freud, a pattir das contribuigdes clinicas singulares introduzidas por Lacan, como também uma releitura critica : do proprio Lacan, desta vez, acrescentande contribuigces : clinicas tiradas da experiéncia do proprio Miller. i > O tema desse Seminivio “O oss de uma anilise?” que sera desdobrado em trés intervengdes, se apresenta como um momento fundamental, uma vez que vai nos permitir enftentar © desafio de precisar a que se deve reduzir, em iltimo termo, a a experiéncia de uma anilise, Miller utilizou expressio similar na “Liminaire™ d Ornica® 17/18, dizendo que & preciso ifestituir_o feito di “UjEiG; sim — mas deixé-lo puro, ou seja, dividido” — a fim de introduzir 0 caso clinico, que deve sor entendide “nao c mo a _historia cle uma pessoa, mas como o rebotalho do discurso, a “ ptdptia queda (Finfill)”, Afirmou que gostatia de reromar a veia dos pequenos textos dos primdrdios da anilise, que telatam, pura c simplesmente, as ocasides em que se manifestou 4 divisio do sujcito, inclusive, em que o sintoma, por mais teal ‘que seja, se mostrou se sentido, “o osso de uma anilise - éum osso de significante” ao simbolo”. T, ainda, que, nesse Os diferentes significados do termo Kern, que aparece em Preud na expressio “Kem anscres Wesen” - osso, Amago, coragio, niicleo, carogo, rutanu - testemunhados nos trabalhos deste Encontty, nos causam enigma. Por isso, vou atraie a atengio de voeds para um comentitio de Jacques-Alain Miller em “Os eteéteras do sinrona”, onde Freud, a verdaceirs Parte da perda estrtural dum crescimento da tensio de necessidacle: um ph e. objeto a isso, o Kern, o excesso libidinal que o falasser tenta anular pelo principio do prazer. Desse modo, tudda que een recubri- lo ésemblante. O Kern, considerady como niicieo da exigéncia pulsional, indica que bi um real om jogo na perda, que denominamos pequeno 2, enquanto objeto da pulsio, . E com muito entusiasmo, portanto, que a Escola Brasileira de Psicandlise acolhe, mais uma vez, Jacques-Alsin Miller, na expectativa de ver comentado o dmago da cura psicanalitica que, na nossa opiniao, admite essas duas vertentes a vertente do significante-mestre (S)) e a vertente do mais-de- gozar (a), que, segundo Lacan, sio homélogas. Esperamos que Jacques-Alain Miller possa nos indicar como proceder sua conjungio ou sua disjungio. Sénia Vicente 23 A opetagio-redugiio © i © 0ss0 ve uses Ande + Diz-se, em francés, hé um oss0, quet dizer, hd um) [cbsticulo, ha uma dificuldade Pode-se dizer, por exemplo, eu acreditava que isso podia funcionar sozinho, mas cis que hi, af, um osso. - Essa expressio, hi um osso, acredito que niio seja usada no Brasil. O osso em portugués, nao é dotado do valor seméntico suplementar que, em francés, em certos contextos, pode-se fazer dele um significante do obsticulo, Talvex possamos procurar um equivalente rasileico poderia ser “tinha uma pedra”. H uma referéncia que me foi trazida por Jorge Forbes, de um poema de Carlos Drummond de Andrade - “No meio do eaminho tinha uma pedra’, que se encontra na coletanca: “Tentativa de exploragio © de interpretagio do estar no mundo”. O pocma comega com os seguintes versos: “No meio do caminho tinha uma pedra Tinka uma pedra no meio do eaminho ‘Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra” Desde que ouvi, que li esse poema, ou, mais or Jus Aus Mien © nemtc, alguns versos, ele roda em minha cabega. Hé uma espécie de encantamento que me retém junto a ¢: 8 versos, tuma certa satisfago, ou talvez, uma captura, Pensei que poderia me liberar deles, comentando-of, para introduzic este seminitio. (© poema é de uma alegotia muito exata daquilo que se (rata em relagio ao osso de uma/cura: Como este poema diz bem o que ele diz? O poema diz 0 que ele quer dizer, repetindo “tinha uma pedra” por quatro vezes, em quatro versos, ¢ “no meio do caminho”, trés vezes. Esta repeticao insistente tende, em seguida, a se repeti ne aparelho psiquico. Estas cepetigées sio sensiveis 20 obstéculo que a pedra representa. A sisténcia repetitiva manifesta a prépria presenga da pedra, em seu cardter incontornavel no meio do caminho. Se a linguagem servisse apenas para exprimic uma significagao, bastatia dizer uma s6 vez: “No meio do caminho tinha uma pedra”, Seria uma constatagao, aquilo que se poderia chamar, de mancita um pouco pedante, um enunciade denotativo, que assinala a existéncia de uma peda no meio do camino, Mas a repetigi 0 sipnificante por quatro veres, tres veres, com variagdes posicionais ¢ variagées sintéticas, com inversdes, enriquece Pesa peso da pedra, Podemos dizer que 0 autor eleva esta pedra a0 a significagio ¢, cu dita, torna-a mais la; a repeticio torna mais pesada a significagao de todo 0 nivel de um ebsticulo fundamental, o obsticulo que impede Ge Sa Proisica cameho.o ean 0.580 ne uses ANA lo obsticulo que entravaa minha intengo, aquele que hloqueia ‘meu movimento ¢ me obtiga a repetir o enunciado da evidéncia Esta evidéncia se impde a mim de tal forma que fico reduvido a salmodiar a infelicidade daquilo que encontro no mew caminbo. Mas, atengio! Para me fazer entender, acabei de dizer eu, Disse “meu caminho'/mas o primeiro verso do poema nao diz eu, nto diz meucaminho: “No meio do camino tinha uma Pedra”; nao tem eu, nfo tem meucaminho. Pelo contratio, esses primeiros versos cnunciam, de maneita completamente impessoal, o fato de que hé uma pedra no meio do caminho, e ¢ justamente a repeticao significante que atrai o sujeito,o leitor, © narrador, que o atrai para vir se colocar no caminho, como se fosse seu caminho, aquilo que 0 convoca a ser afetado por esta pedra, como um obsticulo & sua progressio neste caminho. Um obstaculo intranspontvel, que obtiga o sujcito da eounciacao a repetir, de maneita inconsolavel, que ha essa pedra, a repetir a evidéncia dessa presenga, contra a qual nada pode fazer. aot Una pedra no caminho da anise Kis do que vou falar hoje: da pedra que existe no meio do caminho de uma anilise e que obriga, aquele que percorre 29 Tacaves-Auan Mave este caminho, a uma repetigdo inconsolavel; Qual & este obsticulo? Podemos ultrapassé-lo? Como? Inttoduziremos aqui um pouco de dialética entre a pedra e 0 caminho. Inicialmente, é porque existe 0 obstéculo que existe a repetigio. Mas é porque existe «. repeticio que se " percebe € se isola o obsticulo. Em seguida, existe uma pedra no caminho, todo mundo, sabe, mas ela 66 € um obsticulo porque me pus a caminho. Allis, € por isso que o poeta diz que ela se encontra no meio do caminho, _. ./ Bm si mesma, a pedra est onde deve estas, ela ocupa seu lugar. O lugar € 0 seu, pelo fato de que ela o ocupa. Este | lugar, que é 0 seu, ela 0 ocupa sem intengio. A pedra no tem (a intengio malvada de atrapalhar 0 meu caminho. A pedra de Carlos Drummond de Andrade é como a rosa de Angelus Silesius; ela é sem porqué. Ela nfo esté lé para me incomodar ou me deter, mas ela me incomoda e me detém porque me pus a caminho, porque estou no jneio do caminho, porque instaurei no mundo, neste mundo ny qual se encontea a pedra, um caminho que encontra esta pedras Esta pedra, nao fui eu que a criei, esta pedra existe. "Tina uma peda, ela jé estava lé antes que eu a encontrasse. |. Mas dependeu de mim, foi por minha causa que uma pedra que existe n0 mundo se tornou esta pedra qiie eu encontto no meio do caminho. Prestemos atengiio nisso, que o camiaho nio existe no 30 Oe: ne unin Anause ) mundo tal como existe esta pedra, O caminho s6 existe porque, | me pus a caminho, 0 caminho existe por minha causa, € a pedra’ no existe por catisa de mim. Mas ela se tora um obsticulo por causa do caminho que eu introduzi no mundo. (** segredo desse verso sublime ¢ misterioso é que 6}, |ecaminho cria'a pedra, que se encontra no seu meioyEsse meio ‘nio é uma metade geométrica, no €a metade de um segmento que vai de A a B. Se eu estivesse diante de um quadro, descnharia um segmento com um meio,¢ ditia que no é desse meio que se trata no poemafEsse meio quet dizer que a pedta se encontta no caminho, ¢ esse meio pode estar tanto_no, comeco como no fim.) .- ‘ © poemia diz da conexio entre o caminho a pedra {Nao ha obsticulo da pedra se nio hi caminho:Mas, sem divida,, » fo hé camifiho se-ndo houver a pedra,,Se ndo houvesse uma pedra no meio do caminho para me deter, para me obrigar a vé-la, para me obtigat a repetir aquilo que vejo com os meus olhos fatigados, sera que eu saberia que estou no caminho? 13 pelo caminho que-a pedea existe, mas & também pela peda que 0 caminho existe. Esta pedra, o poema’a evoca como um bloco de matéria sélida c pesada. Voeés conhecem as pedeas. A pedra é mais {que tm seixo; umm seixo se afasta do caminho com un pontapé, mas a pedra € também menos que uma montanha; a massa de uma montanha esmagaria 0 caminho. Além disso, sobre a propria montanha se traca o caminho. Logo, nio € um seixo, al EES Incas Auamy Mauer nao €uma montanha, é uma pedra. Quer dizer que é um pedaco de terra, um pedaso do proprio solo que eu percorro, um pedago destacado da terta, um pedago da terra que se elevou em minha direclo, para dizer nao, Vou continuar ainda em torno desse assunto, & a alegoria do nosso tema. A pedra e o caminho supdem a terri Mas 0 caminho € a terra que diz sim, & a terra que accita ser } | Percorrid, enquanto a pedra € a terra que diz no, Logo, ambos, ) a pedra e 0 caminho, é a terra que fala Se hd aqui um poems, nao é porque um sujeito fala, tum sujeito que diria o que quer, é porque a proptia terra fala, & Porque o poeta Ihe empresta sua voz © canta: “No meio do ‘caminho tinha uma pedra.” (_ Mas, sea terra fala, se ea diz sim quando eu caminho, se ela diz niio quando eu encontro.a pedra, se a terra fala é Porque no meio da terta tem um set falante que se pe a caminho, € encontra uma pedra. Néo havetia caminho, no haveria pedra, se nao houvesse ser falante; se nao houvesse ser falante, para quem a terra falaria? Qual o caminho do ser falante? O ser falante tem muitos caminhos; ele vai, ele vem, ele mao para num lugar, ou entio, para por muito pouco tempo; cle esté em easa, ele vai ao trabalho, ele volta, ele visita seus amigos, ele viaja de férias, cle vai a um congresso: muitos caminhos, inumerivcis caminhos, Mas todo ser falante tem tum caminho mais essencial, um caminho tnico que ele percorre 32 (©.080 ve unin ANAUSE ‘enquanto continua set falante, € 0 caminho da sua fala. Maso + caminho que fica,invisivel, inaudivel, desconhecide, é também 4 pedra desse caminho da sua fala, ¢ é someite naquilo que se chara de cura psicanalitica que ele se apercebe estar na rota do caminho de sua fala, ¢ que nesse caminho tein uma pedta. Acura analitica é a experiéncia daquilo que'significa estar-na- fala. carlos Drummond de Andrade situa sua obra poética sob 0 titulo de “Tentativa de exploracio ¢ interpretagio do estar-no-mundo”, Digamos que a psicanilise é uma tentativa de exploragio e de interpretagio do estarna-fala. O caminho do qual se trata, para nés, é 0 caminho da fala, ¢ a pedra da qual sc trata € também a pedea da fala Observemos que, se sc introduz o significante no mundo, no | caminho, introduz-se 20 mesmo tempo a dificuldade, 0 _ obsticulo, a pedra, Esta éa pedra de Zenio, aquela que impede qualquer ser que se move de chegar 20 seu alvo, e mesmo de deixar seu ponto de pattida. Faco alusio, simplesmente, an raciocinio de Zenio de Eleia. Dado 0 segmento AvB ¢ um ponto M no meio; um mével o percorre mas, uma vez chegado ao meio do segmenta 33 Tacoues ALA Maen A~B, é preciso ainda que, no percusso, ele caegue ao meio do segmento M~-B ¢, em seguida, sera necessitio chegar 20 meio do segimento MB, e ainda ao meio do segmento BB, de tal sorte que o mével ficar4, para sempre, separado do seu ponto de chegada por uma metade inextinguivel, uma metade definitiva que poderd se tornar imperceptivel, infinitesimal, mas que continuaré, para sempre, impedido de chegar a B. Podemos fazer o raciocinio no senticio inverso e, nesse caso, torna-se mesino impossivel partir porque, para chegar a M, € necessario inicialmente fazer-sc a metade do caminho, e, para chegar a M’é preciso, primeiramente, que se faga ametade do caminho. Bis aia pedea de Zenio, que esta sempre no meio do ) caminho e que € introduzida pela superposiczo do significante | sobre 0 espaco! Vocés sabem que este problema suscitou a reflexo dos filésofos e mateméticos durante séculos, Ha muitas solugées ¢, a0 mesmo tempo, no hé nenhuma, porque tudo que se apresenta como solugio sio deslocamentos do problema. A pedra de Zeno esti sempre ne/meio do caminho. Quero dizer que 0 significante q “opera no mundo 34 (© Oss0 He ust Av morto torna o movimento possivel. O movimento, a vida, s6 € concebivel)se acrescentamos um elemento suplementar’e, propriamente falando, impensavel na metade indivisivel; portanto, um elemento que no é comparivel aos clementos divisiveis pelo significante. Essa pedta, é este elemento suplementar? Digamos que € 0 que Lacan chama de fobjeto 6 4 um objeto suplementar jem rclagio & ordem regulada pelo significante! Pequeno a € a pedza que existe em todo caminho da fala, Ex francés, este pequeno a € 0 0560; aliés0 oss0 € uma espécie) de pedra que hé no corpo. 2” i Desse osso podemos passar, aliés, 20 esqueleto, qué & uma coisa sélida, literalmente. O corpo, a pele ¢ a carte envolvem esta pedra dssea. Quando 0 corpo torna-se um cadaver, o colocamos, desde a origem dos tempos, dentro de uma pedra ou sob uma pedra. E como dizemos: para onde vai toda a carne? Esse € 0 caminho da carne ¢ vai em diregio a0 sso, em ditegio & pedra, © osso de uma cura analitica, sera que é a morte? Pensemos a matavilhosa sézie de ilustragées de Hans Holbein, onde'a morte € representada sob 2 forma de um esqueleto, vindo puxar pela manga os vivos agarrados as suas ocupagses, para chamé-los, paca lembri-los que a ilima verdade éa motte, € que todos os objetos de seus interesses, todas as suas ocupagdes, todos os seus investimentos - para empregar um termo de Freud - tudo isto que os apaixona, que mobiliza sua JncovesALaN Minter libido, nio € mais que ilusio em relagio 4 morte; tudo isto serve pata velar a realidade dltima que é a morte. Nessa série de Holbein, como em muitas outeas obras da Renascenga eda era Classica, morte aparece como fungio da verdade; 0 meio do caminho é a morte. Ha uma pedra que € aquela que te sepulta. B Precisamente porque a morte. nfo pode ser olhada de frente ‘que sua representagio, tio freqiientemente, tentou os artistas, © mesmo sob a forma de osso, Lembremos que é do préprio Holbein 0 quadro “Os Embaixadores”, onde a morte é tepresentada como crinio deformado pela anamorfose ¢ Parecendo um oss0 de choco - a forma do erinio do quadto de Holbein assemelha-se 4 forma deste osso. ‘Neste quadro, como vocés sabem, estio reunidos todos 98 prestigios do saber, com um pouco de vaidade em relagio & morte fazendo intrusio, como se ele estivesse deformado, Porque vem ce outta dimensio, Ocorreu-me fazer deste quadro © proprio emblema do passe. Notemos que o cranio s6 aparece jem sua forma no momento em que deixamos a sala onde esti / 0 quadro, e nos voltamos para dar uma ditima olhada na sala, Bu ditia que o passe & ssa titima olhada sobre sua anilise Entiio, a morte ¢ aqui a encarnagio da verdade. Ela seria o que esta sob as imagens, o que esti sob o prestigio, sob a fascinacio; seria a verdade imével e dura sob 0 movimento das ilusdes, como se pudéssemos dizer: eu, a verdade, eu sou a morte] Lacan disse, algum: ver S, coisas parecidas: que um osso de 36 0.0580 06 uv Anise uma cura é a morte, que se deve pteparar para a morte, que 6 fim da andlise €a assungio da motte, e que a anilise permitiria @ antecipagio da morte, abtindo caminho para uma outra maneira de viver a vida, Para isto, € necessitio que se ultrapasse © plano imaginario, que se ultrapasse o plano organizado pelo cue pelos seus conflitos com seus duplos, em dircgio 20 que cle chama de sujeito barrado, a fim de realizar-8e como sujeito do significante, jé motto pelo fato mesmo de ser um sujeito do sigaificante. Como tenho o habito de me referix ao prinieife TACaR nele, com efeito, 0 0880 da cura é a assungio da entanto, nao creio que essa seja a verdade siltima daquilo que se trata numa anilise. E nfo creio pelas melhores razées, porque [© PfSptio Lacan nos mostra uma outta Via: & Seré que a nosiio de uma anilise € tudo 0 que far 0 razer ser destinado a ser nada? Seri que a nocio de uma andlise € a desvalorizacio do prazer e dojpozd? IE no grande pénero classico, que desapareceu como géncro literdrio, o da oracivy finebre, que Boussuct tem especialmente brilhado, As oragdes fiinebres que 0s cardeais rezavam para Luis XIV so umas das inais belas partes da literatura francesa. Assistimos ai a um discutso onde osignificante ¢ mobilizado pela morte; afastamos a morte do movimento da fala e celebrarnos esta morte como momento essencial da vida. Nas oragdes nebres parece que a morte é a verdade do gozo. Pode parecer que Freud diz isto quando evoca o 37 i no Jacaurs-Atnny Mien Paradoxal Todestres, a palsio de morte, como se segredo da Pulsio fosse a morte, como se a verdade do gozo fosse a morte same £0. 6020 Fosse a morte Mas, se este fosse 0 caso, se fosse isto 0 que Freud afirmava, a Psicandlise ndo teria nenhuma outra nogao a liberar diferente Ga religido e tetia compartilhado das sabedorias. As sabedorias sabem manifestar 0 caraterilusério da vida, dos investimentos, da libido, destacando, para-além, uma verdade essencial, B verdade que, na psicanilise, existe algo como na teligido, como nas sabedorias, algo que eu denominaria de desnudamento do ser, de dinimica do desnudamento do set. Essa dindmica do desnudamento do ser é comum A psicanilise, a religio e as sabedorias, ¢ € exatamente por isso que é necessirio estabelecer P ise, essa dindinica) a diferenca] Digamos que, na ps comporta um duplo franqueamento: o primeiro franqueamento! can’ | € aquele que vai do imaginétio a0 simbdlico, e a assungio da | morte € 0 nome desse franqueamento, em Lacan;imas hé um, | segundo franqaeamento, do simbélico a0 teal, ¢ o nome dese | feanqueamento é por exemple, travessia da fantasia, ‘Vou comesar, agora, um estudo detalhado da estrutura ' desses franqueamentos. Bles se produzem num movimento em direcio a0 coracio, ¢ é nesse movimento em ditecio ao coragiio que se encontra 0 osso, a pedra, ou aquilo que Freud chamava de rochedo. Voces sabem que € 0 tetmo que ele emprega ao final de “Anilise finita e infinita”,justamente pata qualificar 0 obstéculo iltimo da cura analitica. Ele diz: no fim do caminho ha uma pedra, um rochedo. Para Freud, 0 0550, 0 38 ns 0 O80 De Urn Anais rochedo, tém a ver com a assungio do sexo, € nao da morte. No caminho analitico da.fala, hé uma peda de fala, que tem a ver com o sexo. Lacan acrescenta que esta pedra poile ser ama pedra preciosa, um diamante, algo que em grego chamamos de agalma. » No fim do caminho hé uma pedea preciosa. Alguéa [vem a uma anilise, 0 acolhemas sem preconceito, sem Pfessupostos, scm saber, sein meiiéria, o esquecemos, 0 acolhemos no inicio do Stu’ caiiinid! de fala conoseo. No entanto, cle veio poique épesoit hé Hu caminho, porque hé para ele um oss, uma pédra 0 Seti caminho. N&s o Fi convidamos a falar, ¢ 0 que ios orienta em' nossa escuta é que ‘AG caminho da sua fala, um 0880. “Katecipamos ~talvez seja_ inica antecipagio 2 que possamos nos permitir - que sua fala | | ha, I 24 vai \ \ ez mais perto, até, se posso dizer, esculpir esse osso.'De rem torno deste ossa}em espiral, crcunscrevendo cada qualquer maneira, é a metifora que se Ié nos textos de Lacan, quando se trata de cingir, de cernir, de citcunsccever mais de perto, a Ca ad \ Jas Man Ampliticagaoe redacio Tentemos passar da alegosia & légiea, ¢ digamos que hd, na anilise, a opergio-redugio,. A redugio analitica é alias bem conhecida. Nos Estados Unides, chama-se as andlises de “cedutoras-de-cabeca” (shriak head), Existe, entio, uma Pereepeio fenomenal de que iné uma operacio-reducio Presente em uma andlise, uma(dlugio a0 osta>) © que é de fato, essa redugio? Como seré que ela rocede? Quai sio seus mecanismos? E o que se obtém, como resultado? Pata se apreender aquilo de que se trata, nesta redugao como operasio analitica, pensei opé-la - é minha maneira habitual de sefletit, opondo termos - pensei opé-Ia 4 smplifcacto significante, B, na verdade, ha na linguagem um poder essencial de proliferagio, Entio, ponho amplificagio 2) (redugio, Da amplificasio, centos um exemplo paradigmético com o poema de Carlos Drummond de Andrade. Assistimos 2 mukiplicagao de sintagmas idénticos, ao incansével re-dizer sem variagio; aliés, eu proprio, no comego deste seminétio, Pratiquet a amplificacio significante; ¢ a escrita esti sempre chein desca possibilidade; a fal, igualmente; clas sé pedem 1 Pata proliferar como ecvas daninhas Deve-se também observar Aamplificacio no registro deySentidg; do som e da referéncia 40 © 05:0 De uma Annsuse ; A amplificagao no plano do sentido. Tudo que se diz é /susceptivel de se interrogar: 6 que isso quer dizer? De tal | Mancira que a fala que se explica é obrigada a ser prosseguida’ “sem cessar, ase complicar, se torcer em tomno dela propria A gente acredita que a palavra bebe sentido; ela se deleita | esse scnitido como a erta demasiado seca, ¢ jamais saciada E, se € 0 som que comanda a danga, a danca macabra, a fala se desenrola a0 sabor das assoniincias, dla homofonia, eo sentido © segue como pode: Encontramos isso na fuga de idéias catacteristice das manizs. Masa fala referencia esti igualmente sujeita & amplificaga fala que descreve, assith como a fala [Ne narra, estio animadas do movimento virtualmente infinito, « q © patecem estar sempre atrasadas em relago 20 que se tem a dizer. Os analistas sabem muito bem disto, de como a fala prolifera, se amplifica. Em andlise, existem pacientes que se Tembrarn de tudo, porque neles a fala esté a servigo da memdria © com freqiiéncia, ha uma hipermnésia, Este sujeito se lembra Pperfeitamente, com detalhes, 0 efeito que teve, a idade de dois anos, quando sua mie perdeu sua chupeta; e, para contar Pensamentos que teve na ocasiio, uma sessio é muito pouco. Elese lembra de tudo de sua vidae nunca tera tempo de contar, mem mesmo part uim analsta da IPA. E Fans, se se quer a referencia de um personagem de Borges. Ha pacientes que gostariam de contar tudo o que acontece; esta éa falaa servigo do evento, Eles gostariatn de contar os quatros sonhos da noite 4a Tacaves-Auuns Maen (0.086 oe usta ANAUSE Precedente, aquilo que lhes foi dito no trabalho, aquilo que j © €86 0 dizer abundante que demonstra a maestria do oradot, responderam, 0 acidente de carro no caminho, ¢ ai a sessio sua capacidade de extrait das palavras, de encontrar, no também nio basta, Bxistem aqueles que gostariam de explicar significante, 0 recurso do significante. tudo: éa fala a servigo da razio ou da racionalizagio, a fala que Procura © porqué ¢ que da o porqué, tentando reconstituir o tecido mais estreito da causalidade. Existem aqueles para quem a fala é a sua préptia opacidade, é a fala a servigo do mistério, 2 proptia fala como oriculo, dito por um Outro. Eles tentam Observem o poema de Carlos Drummond de Andrade: ele faz esse poema com sua pedra e seu caminho, quer dizer, ‘ com quase nada, mas com uma soberba amplificagao significante e, devo dizer, minimalista, Existe uma pedra que 6 | um obstaculo encontrado no caminho, mas esta pedra, uma | i Jer suas verdades, decompondo essas falas: meméria, evento, vex encontrada, torna-sc 0 proprio reeutso do dizer do poema, - taxi, mistério: sio os vetores da amplificacZo significante da Apedra se torna aFornucépial Jeane vhs | ae 4 E Le ONS ae cathe » anilise, Ai também Erasmio se distingue, por ser 0 autor do 1 Bu nao estou tentando fazer uma tipologia dos ‘manual intitulado: “Da dupla abundancia das palavtas ¢ das a analisantes, o que sctia de mau gosto; de qualquer forma, nao coisas”, destinado a cnsinar como escrever, em latim, de y | seria exato, Tratar-se-ia, antes, de enunciacdes, do modo de maneira abundante. B claro que haveria muitas coisas, cenuneiagzo que nutre a amplificagio significante. Também nao evidentemente, a dizer sobre a abundancia; eu me peemite | posso deixar de dizer que a amplificagio € bem conhecida na remetet a um livro muito itl sobre esta questio, de am erudito ret6rica clissica, onde cla é explorada com o fim de bem- inglés, Terence Cave, autor do livro que se intitala: “The dizer; € aquilo que sc chamava, aliés, precisamente, a copia, a Cornucopian Text”, publicado em 1979, Ti um estuclo, Palavta latina que deu 0 sentido em que utilizamos cépia, cuja sobretudo, da literatura francesa. Digamos simplesmente que, taiz & copis, abundancia. Bxistia uma deusa que se chamava para nds, a cGpia remete A exploracdo dos recursos acumulados j assim: Copia- Deusa da Abundancia - é uma virtude retéricas no lugar do significante. # copia & descendente da abundancia do dizer. O discurso | Alias, um dos sentidos particulares da c6pia é 6 tesour, clogiiente é sempre um discutso abundante para os clissicos; ; etal maneira quea e6pia, digamos, para nds, remete ao grande ‘mas hd uma pequena cotrente minoritéria que diz, ao contratio, Outro, que agora eu introduzi em contraste com a reduce. A que € preciso ser breve: € 0 estilo de Séneca, de Tacito. O sedugio, como operagio analitiea, dirige-se 4 sua versa | pequeno a, fundamental é que a elogiiéncia é a abundincia do significante, 42 43. as JecoUEs-ALAIN Mitten © bem-dizer analitico, na minha opiniio, visa ao) toverso da cOpia, visa & redugio. Bis o que quero dizer 2 essa altura do seminétio; que a psicanslise realiza um, reducio, ia operagio- is 0 que gostaria de tomar como tema, de estudat 0 Proceditmento seus resultados. Estes resultados so 0 oso de uma cura, 0 Kerase Nicleo,'aquilo que traz dificuldade, ‘aaullo que € preciso resolver, que talve seja concebido pelos psicanalistas de mancica diversa, Gomecemos tomando a palaviaffediGigy que & uma, Palavra empregada, por Freud, « respeito do Witz, do chiste; | | eperagio que consiste em explictas, decompot ¢ enumerar yf 05 componentes que entram na Produslo do efeito préprio | y | do chiste. Paradoxalmente, a opersgioneuco sesulia num | texto mais longo que o chiste, um texto que nao é 0 chiste, um | "texto pleno, no qual os elementos, condensados pelos mecanismos do chiste, sio isolados uns dos outros Aoperacio- redugao da qual falo, na cura, nfo é essa, e pode-se até mesmo dizer que é uma operagio inversi, De fato, 0 sujeito analisante traz a cura os elementos de sua histiria, ele os despeja, ele os enuimera, podendo conti- los Mas a operacio-teducio da qual lhes falo, somente se Produz sc, a pattit dos elementos dessa biografia, aparece alguma coisa que se parece com o Witz: Quando fala de um Wirz, de um chiste, o que Freud chama de reduio é a decomposicao dos elementos desse Witz. claro que isso vai 0.086 De Uma Avs resultar nam texto muito mais longo, que seria necessirio para ._ &plicar o chiste, que setia necessatio pata explicar as palavras que eventualmente estio condensadas {5 preciso, as veres, explicar 0 contexto histérico, social do chiste © 08 mecanismos ue 0 formaram. B a isso que Freud chamava de redugio. Digo que a operacio-reducio, em attilise, seria antes 0 { contrétio, ou seja, o material que o analisante traz sio elementos / um a um retirados da sua biografia, dos eventos dos seus Pensamentos; 2 operagio-reducio seria, antes, a condensagio | de tudo isso com 0 bem-dizer, como o do chiste, « é verdade |que Lacan compara o passe com o Witz, Bic identifica a \estrutura do passe com a estrutura do chiste. A palavea ‘tedugio também aplicada em légica matematica, digamos, para designar a operasio que permite reduzit 0 tamanho das formulas - é muito importante reduzir © tamanho das férmulas para se poder calcular mais rapidamente - reduzie o tamanho das férmulas para caleular, tnais facilmente, seu valor de verdade. Bsse emmprego légico da palavra redugio, sem divi a, € cheio cle ressonin naquile que se trata na operagio de redugio da cura analitica, : Sobre 0 que incicle a operacio-redugio em uma cura “ analitica? Digamos que ela incide sobre o'sujeito) é a redugio subjetiva, que se situa num plano além da tetificagio subjetiva; tas 0 sujcito do qual se trata nio & esse que no comeco do seminatio chamei de ser falante O ser falante éo pocta, que tens seu estatute eminente 45 Tacoues-ALan Minis (0.0580 ne unin ANIL pee | © sujeito é antes o poema que o poctal assim que Lacan 0 Ree a diverso. \y indica, 0 sujeito € antes fo ser faladg) A pricanilise efetua,’ List . lsso serve para retomar o tema desta manhi, do 28 sobre 0 poema subjetivo, um tipo de andlis: textual que tem: ie" Miltiplo ¢ do Uno - estou fazendo referéncia ao Congresso. L por efeito extsie dato elemento poético, a fim de destacar 0’) dos membros da cola Brasileira de Psicanilise. Tomemos, pot | LS || elemento logico, exemplo, um homem que se chama Heitor, que conta seu amor ie Minha intengio é entrar no detalhe dessa operacio- por Maria, que conta seu amor por Ana, ¢ que deitou Maria . reducio mas, para isso, é necessécio fazer distingdes bastantes por Ana, ¢ depois conta seu amor por Ester, Cada hist6ria é | ai i finas ¢ situar os diferentes mecanismos em jogo, us diferentes — entretanto, o que aparece € Que as trés apresentam 0. | bcd : resultados obtidos, € colocar tudo isso em s2u lugar. ‘mesmo tragn, as tés so superpontveis;os eventos obedecem, eee em definitivo, 4 mesma estrutura/Podemos dizer qué sf he ny conduz a uma operagio-tedugio que é wma) ad Primeita fo reducio:brepetic3\ formalizagigYP. feebemos qué todas as trés'sio mulheres, que wid o { : 7 se no eitle 9 iecpet alawimaia b vepcher® 10 camille muses enti certo da fdldae, ese devida aparece - ots ewrse mpre como determinante da sta escolha cle objeto, de sual P Esta é a primeira vez que tento fazer isto desta forma, ah espero que se sustente. O primeiro mecanismo em jogo na aa io de amor. Por mais diversas que sojam, essas mulheres, apresentam 0 mesmo trago, dizemos que elas ocupam dio-reduc fus é tigaoya liber jut a A aoe operagio-tedusio, no fundo, €a geperictova lberdade que se da para’o sujeito.o mesmo Jugar.’Temos.a idéia de um mesmo ue 40 sujeito analisante de dizer tudo que quer; a injungio que o / i lugar que é ocupado pot personagens diferentes, isso é a base, afeta, pela regea analitica, de nada dissimular do que vem & : © substrarunida expetiéncia analitica, ‘isso que Lacan explora, ~ mente, tanto mais manifesta quanto 0 sujeito € conduzido a dizendo que existem certos lugares, certos postos fisos.no - re-dizer, a repetir 0 mesmo. Damo-lhe toda liberdade de falar inconsciente, 0 que pode ser escrito sob a formula de uma = : a ncgnsciente;, i © constatamos 2 repeticio do mesmo, como um fato; isso no Tram : € fiesio, & aquilo de que é feito & experiencia no diva, e 0 que ‘o proporcional onde, no higar de x,se sueetlem dlifer tes, 7 petsonagens como variéveis da mesma propriedade, da mesma au assistimos quando estamos na poltcona. No fundo, esse € um fans pe saber que tém os analisantes ¢ os analistas; isso acontece dessa ‘ b | forma, em que o mesmo vai emergit a partic da produgio do’ f(x) A ~ 47 r k Jncoues ALAN Muse Podemos dizer que € essa, em esséncia, a operagio- redugio que procede da repeticio. Ea teducao proposicional. Faz. parte da formagio do analista saber operat essa Tedugio Proposicional, saber reduzi-a A constante, ou scja, captat 0 f fem relac20 ao qual existem as varidveis, Podemos dizer que essa reducdo & constante é a esséncia da construcio da anilise, © passo a mais consiste em encontrar 0 protétipo composto das vatiéveis, o personagem supostamente original, do qual detivam os outros personagens. No caso de Heitor, esté claro! que 0 personagem prototipico é a mie. Basta pensar nas anilises de Freud sobre a vida ‘amor0st, pois precisamente o que ele zessalta 0 ponto comum cntte ammde.¢ a prostituta em relagio ao menino - ela se ocupa dle um outro homem que no ele. No fundo, a condicio de amor de Heitor traz essa marca edipiana, ¢ eu acrescento, sem comentar, que dizer simplesmente que ele é um ciumento no resolve nada, O segundo mecanismo, apés a repeticio, vou chamar de convergéatn/A cara com efi parecer que os enunciados } do sujcito eonvergem para um enunciado essencia.‘Ealar eam um enunciado & uma simplificagio, pois hode haver vatios 74 Grunaads sie 050 16 unin Anus m uma analise. DDois casos podem « ‘ode acontecer que este enunciade essencial se destaque, na prdpria andlise, ¢ que o sujeity mencione alguna coisa que Ihe foi dita e que jamais esqueceu, que se inscrevew Para todo o sempre e que, em relacio a isso, ele se determinou em todos os desvios ¢ percalos de sua'existéncia. Foi uma coisa dita que, para le, pode ter tomado o valor de um oticulo, Seja porque dedicou toda a sua existéncia a verificd-la, para yf 7 ‘omnd-la verdadeira, seja porque o precipitou a desmenticla., B bastante claro como o sujcito tem a ver com a expectativa que os seus pais tém em relagio ao seu sexo, Se o ‘wjsto foi descjado como um menino, ese nasce menina,issy Se tem este enunciado, € a marca mais dolor 7 \ ~ Con certeza, tudo i ‘lise, de fato, os efeitos surpreendentes. } impressionantes da inscrigio de uma palavra dita na histéria _| do sujcito_Q analisante, por vezes, conhece este enunciades ‘maior desde sua entrada na andlise; descobre, poucn a pour, 9 nao se pode generalizar, mas vemes 2h \Fem ema an ME que ponto este €o enunciado mais verdacleire que ele pride saber, a tal ponto que teaz a marca dlesse enunciades descobre, | cntio, que os avatares de sua vida sio redutiveis ae efeito dt ‘marca signifiennte, Pode scr um enunciado dos perseagens que encarnaram © grande Outro para cle, seja solv a forma de um imperative - isso é verdade -, seja sob a forma de unit an eret 8 sob a forma de wnt afirmagio eternizada - voce sera sempre isso — €, pur wre 49 an Tacouss Aus Mies uma palavra inédita, que tomou para ele ressonancias excepcionais. Pode ser também um equivoci, uma homofonia feita pela alingua. Anunciei que havia outro caso sob essa rubrica./E 0) caso em que o enunciado sobre 0 qual se faz a convergéncia’ | do discurso nfo é produzido pelo analisiinte, exigindo do. | | analista produzilo sob a forma de umalfaiéepretacia) ele sef Linscreve no mesmo lugar do enunciado primordial ssa é uma interpretagio inesquectvel, por vezes tinica, que o analisante conserva de sua cura analitica. 7” O segundo mecanismo que eu isilo da operacio- redugio €, portanto, esse enunciado da convergéncia que, / | digamos, € o significante mestre, o significante mestre dol destino do sujeito. Carlos Eduardo Leal - EBP-RJ - Quetia, inicialmente, agradecer essa belissima exposicia, pincipalmente sobreo poema de Carlos Drummond de Andrade ¢, em seguida perguntar se podertamos colocaro passe como sendo aquilo que conceme 20 nico panto da resolugio do paradoso entre a peda eo caminko, entre o ewe o sex, se 0 passe é0 conseatincnt do eu ¢, 20 mesmo tempo, 2 continuagio do caminho, ou ainda. Mas € claro que a questio do passe ¢ esta: como deixar © analista da boa maneira. Precisar essa bon maneira exige ter uma idéia mais clara, mais complexa do onso da cura, Lacan 50 S 4 (©. ss0 De une Anus aptesentou varias formas, varias concepgées desse 0350 ¢ amanbi vou tratar de ordend-las, justamente para poder coloci- las em um attanjo diacrdnico ou sincrdnico ow, pelo menos, tratar de captar bem a légica do que se trata. Nao me parece, até agora, de nossa parte, que isso tenha sido posto luz. Pensei hav é-lo encontrado, precisamente, com a formula da convergéncia, ¢ essas distintas mancira de conceber 0 ubsticulo © o fraqueamento desse obstaculo. Vou apresentar isso amanha. Angelina Haraai-EBP-SP- Podealamos pensar em desdabrat ‘guaimente osmecanismos de regia cm relagio ao matcema? Patece-me que pudemos examinar e ressituar alguns, matemas de Lacan que dio testemunho da operagio-redugio, enio devemos esquecer, por exemplo, extrema complexidade que tem, na obra de Melanie Klein, a nogio de fantasia, que parece 20 mundo, as vezes terrorifica, regularmente terrorifica, extremamente complexa, ¢ sobre a qual Lacan tratou de apresentat, em uma formula dnica e muito simplificada, destacando seus di is clemeritos fundamentais. Certamente, isso testemunha bem a redugio. O matema é esta formalizagio redutiva. Porém, nfo direi que se trata de ir mais-além dos matemas, ¢ sim de entender a enunciaglio da logica que os sustenta, Trabalho que Lacan precisou de muito tempo para realizar, € que penso haver dado um pequeno passo a mais. 51 + Jacoues-ALans Mineen Dominique Fiagermann - EBP-SP- Em umanota de Lacan, 1n0 Semindtio °O ato psicanaltco” rem uma fase que di eeupenso que cle term eraio — “a aur, 80 fe algumacotse” cum pouco mis ‘ante, cle diz— “a poesia, isso faz alguma coisa”: Minka questio éa Propsitodesse “sso fz algama cots de dierenga entweees que voce subliahou hoje. Seré que podemos dizer que na aniliseesse “isso fi: alguna coisa’; éce orem do ate, do performativn quando o dizer é fazer 6 do lado da pocsta, éda ordem do fazer & diver Pasa retomar sua alegotia, seri que podemos dizer que a poesia fazer um caminho a Patticde uma pedea, ea anilise é fazer uma pedia a partic de um cuninhe? Sim. H4 em sua prdpria pergunta uma distingio interessante sobre 2 qual podia se pensar. O certo é que 0 analista - enfim, é a questo do seu ato e do seu fazer - ndo se move. Algo muito importante ¢fazera pedea, mas fazora peda € algo muito dificil, uma vex que o ser falante nio é ormalmente uma pedra mas, ao contritio, se move por toda parte. A Bscola de psicandlise seria uma Escola de pedtas, de como fazer belas pedras, ¢ assim as coisas que se movem sio as coisas que caminham, igo muito dificil estar em seu lugar, © isso trax alguns efeitos patogénicos nos analistas, depois de ficar horas ¢ horas fazendo as pedras, as vezes, necessitam se movimentar um pouco, mas perdem o costume, perdem a facilidade de fazer, ¢ isso & perigoso. O que me parece muito 52 ©0580 ve user Anise mais grave é a periculosidade da andlise para o analista, ¢ também, tratarei de dizé-| lo, para o analisante porque, com toca essa operacio de reducio, chegar até sua propria pedra e nie conseguir ulttapassé-la, viver corn sua pedra, é uma coisa pesacla para ele mesmo e para os demais também. Quer dizer que, Para fazer escolhas de pedras, tem que fazer uma distingao supostamente depois do passe, c isso, finalmente, parece @ alguns com a entrada dos jesuitas, quer dizer, com 0 que convém a cada um. Anibal Leseere - BOL-Argentina ~ Se segui seu dkseavaivimentn, podemospensaroceninhocoanaksantecomoocaminle) sumo a0 pass 6 no prio passe encantahmos uma redupiod temp Uma conexio entre tempo creat que nto strata de umn cimensio ck laagio linea; como adesccite entre nascimenen emerts nem tapos jum tempode ctemo toma nem um tempo de weacagiics Timponuco se stata do tempo de “Panes, elmemotioso”, que woe: tava, para uci) descteveruam sda kevava um diaintern enguanito nic hk esquccinncrn Querdizer que a redagio do tempo teria valor de constanes: mosencks em quea redigio do tempo dase soya cdo deatiamenm do inconscienaeigguca um perneockeckrern io implica a passibilidacde ce qu ‘quae todo decttfamenta 6m eifeamentes Tentase-ie cls anf ‘empa por ae danas, como conesio cnt octeuirydosiiticum co Gitewio pulbional? 53 Jacoues-Aunn Mie ‘Maria do Curmo Dias Batista -EBP SP- Trate-se, na verdad eum comentixia. Ein primeie lagas qucto agra tecer pelo semintrio de ‘hoje Ean segundo legato St filou em La copia liscente" a abuncdincia do dizer, aclogicncia, a ampliticacio do signitivantee sua remissiio20 grande Outta. Em italiana, coppiaé, também, casal, par, parcetia, Quinn evisa:em portugu’s usamos aexpressio “asso” pam designacalgo touito lato, muito dif wen “oso deo de roee”: Obrigado, Nao sabia. Manoel da Motta - EBP-Rj - Retomando a questio de Dominique, da releréacia de Lacan dizendo quea poesia faz alguna co, mika questio diz respeito ao efeito que prochuea poesia sobreo sujeto que escreve sto tomanio oexermplo de Lacan a respito de Sade “WaGnitpas dope deson fantasme”:A questio éa eguintese existe efeitos de tavessianaescata lec, principalm2nte ma escria posta, quepoden ser colocedos em comeligiocam a endlxee quenio vio apenas sna dltecio da redancincia da amplitcagio Se 2\p0esi pode camninbar ‘também na travessia que sigaitique redusia, se Spossivelpensaralgo desse género sea obra podtica, que éuma obra liter, como Lacat dlsse de Joyce, produ umn efeto equivalenteao tinal de urmaanilie, se ‘8so pode significar um posix além do.caso Joyce? Cettamente toda a literatura tem essa amplificacao , neste poema, havia um efeita de ampligcacto, ov meth Qoes? ise a ve 0.0580 we uma ANALSE amplificagio & um mecanismo, um procedimento da retirica, muito distinto da retérica de convencer 0 outro, o que é muito istinto da literatura como tal. Certamente, a literatura mobiliza muitos outros mecanismos além da amplificagao. Além disso, concordo como que voce disse... guise interrompe o video). 55 Il Articulagao e investimento (0.0520 ve Uw ANALSE Se fago um retorno aos tiltimos pasos que dei ontem * 4 noite vejo isto: parece que eu introduzi, aqui em Salvador, um novo Angulo, nem mais nem menos, um novo Angulo da pritica analitica.{Tento co: resultado em uma peropectiva inédita/Esta Perspect se apresent como uma cer{gceraliagig] Nao estou falando do fim da andlise ou, pelo menos, nio estou falando explicitamente, Nao falo porque jé temos solugses Prontas ¢ é exatamente isso que cu gostaria de colocar em uestio: nossas fErmulas, aossos slogans, que aliés nos guiam 1a pritica da andlisee na pritica do passe. Nao quero tampouco desvaloriza-los, completamente, mas{gostatia de repensé-tos}\ Bostaria de repensar a légica que nos conduz, ¢ foi por isso ue criei um conceito bem geral, que submeto A prova, o da operisio-redugao, e me pergunto quais sao seus procedimentos ¢ seus resultados, Terceita opera¢io-tedugio:'a evitagio Parece-me que esse conceito, bem geral, me permite reagrupar conceitos ¢ dados bem conhecidos, ¢ revelé-los sob gl » tuma nova luz, como soluges do problema que formulei. Nao 59 Jou ALAIN Di vou explicar de novo o que disse ontem a noite sobre a tepeticiio © aconvergencia. Vou tomar o terceiro mecanismo da operagac ‘edusio, que chamo aqui delevitagig De fato, ele vem ‘em oposicio”| | Atepeticio ea convergénciae, ao mesmo tempo, sio a repeticao./ | © @ convergéncia que tornam possivel esse mecanisme de| evitagio|Um exemplo bem simples e bem conhecido de varios de voets, que extraio dos “Escritos” de Lacan (felizmente traduzido integralmente, doravante, no Bras) a “Inttodagio” de “O seminatio sobre ‘A. carta roubada’ ”, a rede articulada pelos a, B, y, 5. E um esquema que coloca em evidéncia a ‘petisio, Talvez nao seja instil que eu tetome diante de vocés 4 sua construgio, simplificando-a. Pode-se representar 0 aparecimento dos sigaficantes, a astociagio livre, por uma sévie aleatria de simbolos (+) ¢ simbolos (.). Pensem, pot exemplo, no jogo da moeda que cai, om cara ou coroa. Nesse nivel, 0 (4) € 0 () aparecem, cade ‘im, 20 acaso. Se lango uma moeda, nio sei de que lado cla vai cat. Mesmo se tenho o resultado da ogada precedente, a jogada Seguinte € imprevisivel. E claro!‘ha a probabilidade, que nos ensina, gracas & matemética, mas também a uma experiencia obstinada que, quanto mais o ntimero de jogadas aumenta, a Proporgdo entre (+) ¢ (-) tenderé a se aproximar da metade. ‘Mas isso no equivalente & emergéncia de uma sintaxe que se Produz, desde que se reagrupem os simbolos (Hel, 0, © suponho que lango uma moeda que cai de um lado ou de Outto, 20 case, € marco umn lado (41 © um lado (9. Posse 0.0580 ve oven Anse obter, por exemplo, a seguinte suces Em seguida, vem a operagio de cifragio, ¢ af eu simplifico muito 0 raciocfnio de Lacan. A sucesso (FY) posso chamé-la de a; & sucessio (+ -) posso chamé-la de Ba sucessio ( +) posso chamé-la de 7 € 4 sucesso (--) eu chamo de 8. ta +. BG - +7 --8D Substituo, enti, uma combinagio de dois simbolos Pot um s6 simbolo que, de alguma forma, é 0 seu nome. Parto da seqiéneia aleatéria que venho escrevendo no quadro: para (4) eserevo 03 para (+ ») escrevo Bs para (- +) escreva Y; Para (+ -) devo ainda escrever B, e para (- -) escrevo & De alguma forma cu substitu uma primeira sétic aleatéria por uma segunda, que 2 nomeia. A segunda séric depende da Primeira. Sc o langamento da moeda é diferente, devo escrever * segunda série de maneira diferente; a série Bra segunda, depende da série A, que é escolhida puramente a0 acaso. 61 Sa a cere eenee peeaeeermmameseemeeennen———— Jacques Ata Maan S6 que, apesar da série B depender i série A, série B obedece a leis, enquanto que a primeira nio pbedece a uma lei. E © paradoxo de que a série dependent: tenha uma lei enquanto a primeira nio a tem. Alli sip segunda série € bem simples de escrev. : is aqui o ponto 0 se temos (++), a série pode prosseguir em (+) e ainda (+), de tal forma que escrevo um vetor que se fecha; essa série de (+) pode ser rompida por um (), ou seja, posso ir de ota B. B nfo pode se repetir a si mesmo porque, se apés um () temos um ‘outro (-), isso nos conduz a 8, ¢, se depois do (-) temos um (*), isso nos conduz ay - € 0 que escrevo aqui. B, se continuamos a estudar as ligagdes de a fi, ¥, 8, podemos completar esse grafo da seguinte maneiea: 62 0.080 vs unin Anus ‘Eis 0 prafo que determina todas as escritas possiveis da série 01, B, 7, 5 e que determina, por exemplo, que podemos ter uma longa série de , que pode continuar, infinitamente mas, se por acaso ela para, 86 pode parar num B, posque no ha um outro vetor que, partindo de ot, néo va. a B (G4, Ch, 4, B); niio pode haver dois B; depois de fi, nfo se pode ter senio y € 5. Entio, obtemos uma verdadeira sintaxe, que determina uma escrita, enquanto que, no ponto de partida, tinhamos uma série em que o (+) € 0 () podiam estar em qualquer ordem. Basta esse raciocinio para colocar em televo que existem escritas impossiveis, por exemplo que, depois de um 0, nio se encontraré nunca um 8, diretamente. © caminho mais curto entre Oe passa, necessariamente, por B. Podemos escrever o grafo inverso, que € 0 grato do impossivel da sucessio: vou escrevé-lo conservando os mesmos nomes nas diferentes posicdes; 0 grafo inverso muda o sentido de todos os vetores, ¢ igualmente sio 0s outros pontas que Petmitem uma reflexio; essa alternancia aqui é vertical, enquanto no primeiro grafo era horizontal | | ocquss- ALAN Mitten (O que Lacan quis demonstrar com um raciocinio desse tipo, a respeito do qual sublinho que ele é perfeitamente | clementar, é uma emergéncia do impossivel a partir do acaso. Por exemplo, vocés nio vao ter nunca 0-8 ou 8-01; vocés no podem passar de 0 a § senfio na condigio de que apareca, pelo menos, um B entre os dois termos. Vale a pena refletir um pouco sobre esse tipo de fenémeno. Por exemplo, se, por convengao, se reptesenta a relaglo sexual pela sucessio o~5, vocés so obrigados a concluir que um elemento significante deve se interpor entre os dois para que a relagio seja possivel. Bm um outro momento de seu ensino, Lacan determina esse significante como 0 falo (6), 20 qual Ihe di um valor diferente, segundo se trate da relacio entre homem e mulher, -8, ou da relagio da mulher ao homem, 8-0. ¢, nesse caso, é um Y que sc interpde. Portanto, € uma outra definicio do falo que entra cm questéo nese momento na construgio do ensino de-Lacan, S6 estou apresentando essa consteucio a titulo de gue. cxemplo da cvitagio. Bxistem sucess podem (.0ss0 pe unin Anse aparccer, como se a maquina significante as contornasse, ¢ é exatamente a isso que, nos “Bscritos”, Lacan chama de capuc morcuumdo significante, isto €, sua cabega de morto, sua caveira, © 0880 dessa maquina significante, o residuo impossivel do funcionamento da repetigio} B como se o gtafo inverso escrevesse aquilo que evita sempte a repeticio, como se aquilo \ | que se repetisse, de mais importante, fosse a evitagio. © grafo, tal como 0 escrevi, representa a Fepeticio, i soba forma de um saber; 0 que Lacan chama de saber éalguma coisa da ordem desse grafo. Podemos também dizer que esse grafo representa a,convergénclas podemos fazer desse grafo 0 (Sigiificante mesire de wn dujeitd, que prescreve 0 que um sujeito pode ou aio dizet. Esse grafo representa a repeticio, isto & 4 manifestacdo dos elementos que se repetem; ele representa a convergéncia, isto é, 0 proprio grafo como esse elemento nico que dé alleie o principio, que determina o que Lacan chama de uma frase, que modula a escolha de um sujeito, | sem que ele saiba e a longo prazo. Mas,'em terceiro lugar, ele representa a evitagio, isto é que em todos os casos ha elementos que niio aparecem, elementos cujacvitacio se repete. #, da mesma maneira, o que aparcce sob a forma de fassociagao livre em uma andlise. Nao se deve, simplesmente, se fascinar com a repeticio ¢ a convergéncia, nfo somente com a repeticio ¢ a constante da presenga, pois ha também-a repeticio da auséncia, da evitagio, do contorno, que para o sujeito, se constitui precisamente como uma pedra cle tropeso. Jacoues-Avs Miner E, situando, ao lado da repetigio e da convergéncia, a evitagio, comegamos a cntrever uma outra dimensio da questio. | Repeti¢fo e convergéncia designam, na experiéncia analitica, a} redugio a0 simbélico, a redugio do. diswurso do paciente | aleatéioconfuso abundant formas sities elements. | Mas ha algo mais, ha essa evitesio, que nip esti na presenga, | ‘mas que introduz uma outra redugdo, 2 que: chamatei aqui de \ redugio wo real. PIER OA a SO ADCO Re Redugioao real /Abordamos aqui um outto plano da tedugio {psicanalitica, além da redugio simbélica /alémn da evidéncia de {fSemulas comprimidad, da emergéacia desses oviculos anlicularesa Gata um, que a experiéncia analitica permite fazer wig Surgit. Béverdade que éada um é marcado por uma tal formula’ | tae" sitghdlica. Mas, hé outra coisa. Talvez possimos abordar esse Ve YWX'plano, colocando a seguinte questio: pot qué2/Por que tall ‘Palavra do Outto tal palawra do-pal, da mil de algumn Outro tomou tal valor determinante para o sujeite? Por que tal mal: fate entendido, tal homofonia na lingua, por que isso atingiu 0 alvo, i pata um sujeito? Esta questio se coloca et outro plano, em: Zum plano hem diferente daquele de nossas, iui Até 0 momento estévamos no plano da atticulagio 66 0.0500 ne inea Anise significante, onde podiamos formalizar os termos que se _fepetem, os termos que convergem, os termos que sio evitados; barraddi, subteaidos,/Mas,em todos os casos, trata-se da mesma | icoisa./Alids, aqui o impossivel aparece exatamente como 6 avesso da maquina repetitiva e convergente. Quer dizer que, ‘em todos 05 casos, tiata-se de uma reducio a0 necessirio, ou sedugio 20 necessiri seja, estamos em presenga de termos que no cessam de se gscrever, que é a versio dada por Lacan da necessidade; uma © redugio 20 necessirio ¢ a0 impossivel, cotrclativamente, isto g fio_cessa de no se escrever,.£ & 9 que nos da, em | Sa nko se.escreveh, &¢ 9 4 particular, o geafo inverso, primeito grafo nos dé 0 que no cesta de se escreves, enguanto 0 segundo nos do que nio’| Sasso © que no pode se escrever,Seja do “Tado do necessirio ou do impossivel, estamos na mesma dimensio légica e dedutivel:Se Romildo, por exemplo, escrever no papel, diante dele, 20 acaso, &, B,Y etc., posso colocar essa linha na miquina e a méquina me died se posso ou nfo posso escrever isso, se isso é legitimo ou nio, Entio, a maquina pode responder/E, justMeAE WH AAAISE, & miquina nao pode Fesponder. ‘Quando nos perguntamos por que tal teemo_x, tal significante, tal expresso, tal palavra ganhou tal valor para o sujeito, af se trata de outra coisa, Nao chegamos, de maneira alguma, ao necessirio € a0 impossivel. Por que, para tal sujcito, e on seu nome prdprio tem um valor fundamental em sua existéncia, © por que para um outro isso nfo tem nenhuma importincia? or Tacaues-Atans Mis Quer dizer que, quando nos Perguntamos por que tal termo’ ‘sm tal valor no psiquismo de um sujeito, somos sempre [ femetidos 2 contingéncia, & contingénci de uma historia) j Particular, justamente a alguma coisa qué nos termos de Lacan,! ‘essa de nao se escrever Desde que nos Perguntamos por que, para tal sujeito; Gl significante tem um valor fundamental, nio Podemos deduzit af estamos diante de uma contingéncit, isto 6, diante de alguma coisa que foi encontrada e que poderia ter | sido de outra mancira, enquanto nesse nivel s6 pde ser assim, Atengio! Tudo que concerne a andi ise, 20 GO2Z0~20- ) é modo de gozat, & cmergéncia de um modo particular de po70, ‘, f eo’ Pata um sujeito, tudo isso diz respeito & contingéncia, e niio.,/ @ justamente 20 necessério ¢ ao impossivel,/Enfim, chega a sr I bala? incxivelAté que ponto, no ser humano, tudo que diz respeito| } 20 seu gozo é verdadeicamente aberto ao encontro? Até que | Ponto isso no é programado? Hi verdadeieamente ‘uma falha/ de programasio no nivel de seu gozo, embora o sex humane” seja programado para se desenvolver no plano fisico; de uma erta mancita, por exemplo, ele € programado para usar, em tama certa idade, a linguagem, a tal ponto que Chomsky considera que a linguagem & um verdadeito drgio, que em dado momento desabrocha no corpo,/Ora, no que diz fespeito a0 gozo, no ha Programagao. [existem coisas que parecem programadas; podemos falar do désabrochar sexual na adolescéncia, por exemplo mas, no que diz respcito verdadeicamente, 20 gozo particular de cada um, isso pettence: >A 68 is pydivdds (0.0580 0s uses Anise a dimensio da contingéncia. Podemos dizer que isso € colocad em selevo especialmente na perversio, na qual o sujeito, de bom grado, alega um mau encontro primordial. Da mesma mancira, no neurético, na formacio dos tragos de perversio, vé-se a presen da fungao do encontzo comtingente Parece-me essencial aprecndet @ distinigio desses dois \ repistzos: 0 registro do necessitio e o do impossivel, no qual Se isola a fSrmula simbélica, esse registro da contingéncia, | no qual se situa 2 experiéncia do gozo/isso no era, de forma alguma, ignorado por Freud, era o que ele chamnava de fator quantitative (Das Quanaitetiv Moment JO fator quantitativo, dcsigna exatamente a quantidade de investimento libidinal que a estrutura de formagio neurética, clato - quando se trata de " neurose - € capaz de atraiz, No fundo, Freud distinguia a cstrutura, a formacio significante inconsciente ¢ a libido que cessas for ‘Ses significantes eram capazes de atrair, Eo que cle cham de investimento (Besetzung). Podemos formular,entio - porque é assim que se passa ‘na experiéncia analitica, ou pelo menos é assiin que chegamos - i f A conceituar essa experiéncia — que /entee)a aiticulagao 0 saber, fal como o representamos ha pouco, co investimento libidinal, existe um hiato, existe uma falha, uma fuptura de causalidade,| Uma articulagio € uma consteugio formal, ela nio pode jamais, por si mesma, nos indicar o valor de gozo que o sujeito the atribui. Digamos, ou pelo menos me arrisco a dizer, que hdo podemos deduzir de uma articulacio A o Tacoes Aun Maen © .0st0 be unt Anus significante 2 quantidade de investimento I bidinal que ca atai 7 dlurante muito tempo, 20 lado da vida pslquica normale sein. % ean Pata sy, eee perturbé-ta, porrapto, sem efeitos patogénicos, até o momento § 4 em que essas fantasiag tecebam um sobte-investimento - a (Oberbesetzung),causado pelo que ele chama de uma xevolugio a economia Hbidinal (Umschwang, Esta é uma palayra mito Jengracada de comentat, Vale a pena deter-se um pouco nese principio, na medida em que, justamente, com o sigaificante, fazemos cileulos. Podemos, seguindo Lacan, tentar calcular, a partie do significante, os cfeitos de significado. E.0 que Lacan apresentou como a metéfora ¢ a metonimia, que sio dois modos do significado que dependem de dois tipos distintos de articulagio significante. De tal maneira que, isso parece: mesmo aesséncia. Pode muito bem haver articulacio significante da fantasia na histeria, durante muitd tempo, e isso no impede pt dd ses ~ [de se viver muito bem, i880 nao piovoca nenhum distibigs : do lacanistno: quefee podia sitwar o significado. coma uma) Em um dado momento, estas fattatias si0 ) ativadas, so & funsdo,do sgnfcanse)Se vermos aqui cna combinagio ou investidas ¢ comesam a perturbar a existéricia do sujet Se oS tuma substituiglo, obteremos, do outro lado, uma emergéncia Fread fala de evi € Frend fala de revolucio, & para dizer que nfo ha uma telagao | : de causaldadeevidente, mas precsamente que enta ai ura | do significado ow uma passagem sob o significado, Foi isso que Lacan explicou como metifora ¢ metcnfmia. Lacan tinha comtingéneia., Nao & como @ pequena miquina que gita com Y ‘idéia de um célculo do sujeito ¢ que, em funcio da articulagzo seus sgucntes. Quer dizer que € de ua outa one, de ‘ significante, podia-se calcular o lugar do sijeito que se deduz wm out nivel, ana oa pti uo do carte VY i i [invacdvel da repetigio e converging / Beeeeeese ae a De hz ~ £ oe ee ; © Principio que eu estabcleso, a partir da experiéncia Ee a itor duaidiinnivo a 7 capoiado em Freud, € quefiiig he leulo dilibidgl Hi céleulo Rechugac ii significance, ba efleulo-do sujeito, mas nio hi cfleulo da 7 ido. B me parece seguro que, em Freud, hi uma disjuncio;, Espero estar sendo compreendido, porque. isso | = por exemplo, quando ele fala da histeri1, observa que as introduz uma nova problemética, Vimos, sem muita ~ dizer na andlise da reducio do fator quantitative? O que se ‘0 al fantasias derivadas de pulsoes recaleadas podem ser toleradas, dificuldade, o que pode ser a redugio simbélica, mas 0 que SS 7m Iacoues-ALaie Mists pode dizer do desinvestimento de articulagies significantes ok patogénicas? Essa é uma questio verdadeiramente dificil, mas © que € cetto é que no é da mesma ordem da reducio significante, 5m primeiro lugar, existe uma reduglo & contingéncia ‘no A necessidade, uma redugfo 20 encontro ou, até mesmo, | 20 taumatismo, que é 0 modo normal da intrusio do gozo no | Ser humano. E, em segundo lugar, a propria redugio dessa | contingéncia, isto é a redugio quantitativa propsiamente dita, | nao € senio da ordem do possivel, quer dizer que, em dado, | momento, cessa de se escrever. Parece-me que é a! que se escteve 0 ato analtico e que se joga o seu destino, exatamente na margem entre a reduso significante ¢ a teducio quantitativa. E ai que se inscreve 0 passe, a titulo de possibilidade ‘Tomemos a obs€3si0,-O-sujeits € retido por }determinadas formulas. A questo nao é tanto de isolivias. A) questio € saber como ele chega a ceder 0 gozo que estas formulas trazem fi, como diz Lacan, € necessatio que ele acabe por ceder, Mas niio podemos deduzir essa ce: 10. Introduz-se aqui um tempo que no é calculvel. E é 0 que se constata também nos relatos de passe. Hxistem sujeitos que elucidaram su repeticio, que cingiram seu significante do des 10, mas sua andlise nfo estd terminada, apesar disso, enquanto eles nao cederem 0 gozo que poderia restar fixado a essa repeticlo ¢ a [esse significante, 0.880 96 uma Aavuse Conexao significanite egozo Ha, aqui, algo a pensar teoricamente. Hi a pensar a | | atragio da libido pela articulagao significante, Ha a pensat 0 significante mais a libido, isto é,[0 investimento libidinal 4 1 | | Significante]e também a sepatagio do significante e da libido, | | 2 significanse menos a libido, o que Freud denomina de| \ desinvestimento, Portanto, o que é para ser pensado éatOnexio) \do significante e do goaey ~~~ Como Lacan pensou isso? Espero que 0 Angulo que abro permita reordenar os dados bem conhecidos do seu ensino/Primeiramente, Lacafi pensou que era suficiente jpostilar que era a imagem que atraia a libido, mas no 0 \significante. E é exatamente isso que o primeito Lacan se mata para explicar. Claro que é muito stil, na priticn analitica, distinguir o imaginatio e o simbélico. Mas, do ponto de vista {em que abordamos a pritica, aqui, podemos dizer que a libido Jatrapalha o significante, que a libido imaginétia bloqueia, pela |sua inércia, o bom funcionamento da méquina significante. Ei, Portanto, uma solucio totalmente rudimentar e nem um pouce, conforme a experiéncia. EE por isso que Lacan a abandonou Em segundo lugar, como Lacan abordou, em eguida, essa conexito do significante e do gozo, que encontram como 0 problema maior da operagio-reducao? Tacos ALN Minter i Procurou a solucio sob as espécies di: identificagio. A identifcagio € uma roupa mal cortada porque, de um lado, | esti a imagem e,do outro, o significante. .aian pensou resolver} | {© problema que colocamos, imaginanco que aquilo que atrai a libido € uma imagem significantizada,(um significant ~~ | imaginatio) que € isso que atrai ¢ fixa 6 sujeito em funcio do. | [92 que isso the permite. Eo que ele denominou de ee z uma bela solugio, deve-se dizer, Consist f cm responder 20 problema freudiano, dizendo que Este “a ‘Significante especial que, ao simbolice, alzai o investimento libidinal file o disse a partir do desejo, Sei o falo tem o valor’| de ser desejado pela mie, Depois, ele deiiominou o falo de | epee do gozo. Mas, @iié importa é que dle fer do falo lo significante investido, o significante eminente mais 0 fator [| | ‘quantitative que attai a libido, ¢ conduz, por isso mesmo, 9; 4 {gujeits a se colocar sob sua primazia.», Mas hi uma terceita solugio e, devo dizer, € até agora. 2% | { i | 4 solugio mais popular, a solu¢iio cléssica, aquela sobre a qual I } i q ¢ nds mesmos funcionamos’ i a solugao pela fantasia Quer dizer que a fantasia é 0 lugar, por exceléncia, onde se juntam.o 4 significante e 0 gozoy'f uma linda solu¢ao, porque ele junta o imaginatio, o simbdlico ¢ 0 feal) porque a far tasia,em si mesma, ginatio, D € uma representacio, uma cena da ordem di) imaginécio, é uma articulagio significante, onde esta presente o sujeito do | significante ¢ é, ainda, completada por uma jjuantidade libidinal] libidinal ae) ¥ marcada pelo|pequen ccrevo para aqueles que ainda nao 74 0.0820 nr uma Anise ouviram falar disso:(sujeito bartadoJem sua relagio com a inal Jacaniana, que se escrevel 0 doffator quantitative “TTREERAG] Podemos dizer que essa escrita, em si mesma, poe em relevo o caréter heterogéneo dos dois tezmos, que tem duas fontes distintas: 4¢ um lado, o significante, ¢, do outzo 0) @Oa)) Enumerando esses ttésmoméntos em Lacat - (indo, Mentticagio e fantasia dow 08 trés estatutos, as “tes formas do osso de uma cara, que Lacan nos deu e, 20 mesmo tempo, as trés formas de desinvestimento que ele articulou. Inicialmente, a redugio do imaginario, sob a forma | de ultrapassagem do plano imaginétio; a redugdo. das identificagdes, especialmente da identificagao falica, concebida como uma queda; ¢, em terceito lugar, a redugdo da fantasia; ! coneebida como uma travessia, Seatido gozado Mas, enfim, seta que isso dizleomo 0 sujeito pode a lesligar do gozo que o retém, no imagi que o retém na 75 ‘dentificasio fitica, que o retém na fantasia? Pelo simples fato Proquss ALAN Maen de que consteuo essa séric, que a construe a partir de minha questio, percebemos que é necessitio generalizé-la, que é preciso tomar, sobte exsas diferentes solugées, um novo Angulo, F € isso que me leva a dizer quejhd alguma coisa, um x, que 3¢ | {apresenta sob a forma de imagindrio a ultrapassar, sob a forma | de identificagio que deve cais, sob a forma de fantasia que | \deve ser atravessada.Sio tentativas de cingit esse x. Esse x tem um nome, um nome de Lacan, um nome que freqiientemente eu sublinhei, pontuei, sem chegar a colocé-lo fem seu lugar exatamentt, Esse x € 0 sentido gozadd. Iss0 ver de uma consideragao muito simples. O que sabemos, talvez, de mais certo, é que o significante tem um efeito semantico: B © que eu escrevi f de § maitisculo flecha s mintisculo: FS) A hipétese, para responder & questo freudiana, a observagio de Freud sobre a qual fiz uma questio, isto é, da ‘uptara de causalidade entre a acticulago significante eo goz0, € quela libido vem investir o efeito semintico do significantey que cla vern se associar a esse efeita semintico. [i isso que Lacan denomina de: sentido gozado. Ii 0 investimento da significagio. E isso € vilido tanto para o imaginario quanto pata a identificagio filica ea fantasia. Como pensat o investimento libidinal da significaclo? Algumas significagdes tém um valor excepcional © 76 (eletiva esse menos um. / the deram da boa maneira. 0.0580 ve una Anus determinante para um sujeito. Vou dar um exempio. Tomemos © mais comum, esta significagéo extraordinaria, original, diferente — ser excluido: E, vetdadeiramente, a significagio mais comum; nio podemos dizer que se trata de um investimento particular, porque é um investimento universal, ¢ € por isso que a tomo como exemplo, porque ela diz alguma coisaa todos, porque(a exclusio é o estatuto original do sujeito) € 0 que o matema de Lacan escreve ~ sujeito barrado (8). O sujeito se produz como menos um (-1), ¢/a libido investe de maneira Na histeria, é evidente. Constatamos 0 gozo de io estar nunca em seu lugar. O gozo é eventualmente doloroso, é | claro, o gozo de niio ter lugar.,, mesmo quando o tem, nio 30 gozo de ser nao localizavel. JVemos © sujeito, no simbélico, se esforcar em verificar, de todos os modos possiveis, que ele € rejeitado, que o separam de seu lugar. E essa exclusio, esse menos um (-1) pode se ‘encarnar no corpo, na vertigem ou na perda de sentido. O menos um (+1) nao esté menos investido na obsesstio. Ai toma a forma de retraimento voluntirio do sujeito, sua subtra em ielacio a todos os outros, seu autotrancafiamento em um lugar que se constréi como fortaleza, que Ihe protege da intrusio do Outro ao prego de aptisionar a si prdptio. fi nessa fortaleza, cle pode gozar sozinho de sua solidao, sob uma forma que pode comportar 0 gozo masturbatério, Apresento aqui a histeria ¢ a obsessio como dois modos de investimento do 7 Tacques-Auany Minter menos um (-1), 0 primeiro sob © modo inais facilmente do evanescimento, € 0 segundo sob © modo mais facilmente da densidade do setyDe um lado, mais 0 acento sobre'a falta-a- | sere, do outro lado, a énfase esté mais do ido do suplemento \\do ser E, se fosse nosso tema, poderiamos Heduzit duas conduias essenciais na histetia e na obsestioypor um lado, @ | intriga, que esta em todo lugas, ¢, do. outro, a 0 inacio malévola,Podemos incuir aqui a psicose pacandica, na qual a Base signifieagio de menos um (-1)°é investida como ser-a-pacte, ser excepcional, debatendo-se contra a hostilidade universal ‘mas, apesar disso, prometido a um destino iticomparavel. Estes. sio exemplos do investimento libidinal de\uma significagi Qual € a idéia de Lacan sobre jisso? B pensar a significagio libidinalmente investida sob 0 modelo do céleulo fS)> s Partindo de nossa formula acima, produzimos significado, 0 efeito de significasi » podeinos dizer, sob um modo calculével. Isso nos leva a dizer que o efeito de significado Ededuzido de uma articulagio significante. , como jé disse, a esséncia do que Lacan distingue como mevifora e metonimia, indicando que ha dois modos possiveis do significado, marcado por um (+) ou por um (), caso a significacéo emerja na ique abaiso.no caso dam 78 a (O.Ost0 we unta Ansuise De certo modo, Lacan distinguiu dois outros efeitos de significado, no mais em referéncia & retorica e’em relagio nao investido, libidinalmente efeltO que nos permite fazer funcionar nosso esqueminha de o , B, y, 5, livremente, sem A questo que nos colocamos, Eis ai o que proponhd) Lacan dee : \eeceon feito neutro do sigilficado, isto é um eftito ie a nos ocuparmos da libido, Esse efeto meutro do signiieddo 60 é0 Tera De fatol@ Sijeito barrad é concebido pot Lacan, como \orefeiro nap tibictinal do-significante|e, pela melhor raziio do mundo, € um sujeito morto, € um sujeito que esté presente no grafo do a, B, 7, 8, € um sujeito radicalmente separado de rigado-a-colocat contearioJum cfeito investido do significado, ¢ é precisamente todo gozo, Ei € por isso que Lacan ¢ obs © que ele chamou pequeno a at 9 Tacaves ALA Mien Isso néo € mais metéfora e metonimia, mas o efeko Reutto € o efeito investido do significante,(Bio dois efeitos que eStHO Feunidos no matema do discurso do mesire, onde, de fato, cncontramos 2 articulagao significante S,— S) e, na linha inferior, os dois efeitos antindmicos do significante, 0 efeito morte, 0 cfeito de mottificagio significante () e, do outro lado, a0 contritio, 0 efeito gozo (4), que supde a vida. | 7 ayn feast orhicd Spe |e § isunso de | v Egeihs desss 3] | perk | \ | mm EsTRE eels Smolin Teh, Fk Ta. E, alids, 0 que petmite perceber a nectibidade da fSrmula da fantasia que conjuga esses dois efeitos. 60a) | esrb > FO)? B € por isso que Lacan nos explicou, que é justamente na fantasia que a libido se atticula a0 efeito do significante: E 1 Por isso que ele nos explicou que a fantasia é o lugas, pot xceléncia, do investimento, ¢ que isso 0 o8s0 de uma cuta, a pedra do caminho analitico da fala. E é af que se desentola, na andlise, o destino do desinvestimento,do qual depende o fim cla anilise como passe. E esse desinvestimento que Lacan denominow de travessia da fantasia, 80 (0.010 ne use Areuse Conversio daperspectiva Proponho agora examinar o que essa solugio tem de figil, de insatisfatéria. Vou fazé-lo com-muita prudéncia, Porque o passe foi inicialmente formulado por Lacan a partir da fantasia.(O passe designa o momento de desitivestimento, {na medida em que a fantasia © lugar de sua efetuagio/ Vou com precaucio, em diresao 4 nogo que convémm mudas o lugar de efetuagao do passe. Esse lugar no por exceléncia, a fantasia, € 0 proprio termo travessia talvez no seja o mais adequado, Esclarego que me aventuro nessa ditesio, apenas “porque a li na prépria claboragio de Lacan, Como nao vou poder continuar por muito mais tempo esta noite, vou dar, apesar disso, o ponto de chegada, que explicitarei amanha No fundo, convido-os a uma éonversio da perspectivg, que consiste em postular que o significante nao tem um efeito & de mortificagao sobre 0 corpo, que € 0 que supde a tearia da te €eausa do 14670 & portanto, que o significante nao atrai a libido, mas 2 fantasia,lnias que 0 ewendial € Gj Produz sob a forma do mais-de-gozaryque o significante tem, idaméntalmente, uma incidéncia de gozo sobre o corpo. | © que Lacan chama de sintoma. Nesse sentido, o sintoma vai além da fantasia, porque a fantasia supde 0 compo montificad lo significante, enquanto que o sintoma se Fefere a0 corpo Siubomw 0 $k dimds, dumdamondelrnsnt e, cin ohne porns sncidicsn 470 sob » cop? Pale sinc eal Capo wuipited, muro IPI, Lacaw IncouesAuwn Musk eh SwnTomh G@iette oaboo ste vivificado pelo significante.| “are Senos ocupamos do sintoma hoje: porque Lacan roe demonstrou que o significante se refite 20 corpo sob a modalidade do sintoma, Isso quer dizer algo muito simples, ue, percebi na semana passada; é que'o lugar teériéo de sintoma, em Lacan, é exatamente o lugar em que Freud escreve 4 pulsio, ou sja, € 0 conceito que permit» pensar a relagdo da sediculasito significante com 0 corpo, Quet dizer que a pulsio, cm Freud, 6 interface entre 0 psiquico eo somitico, enquanto, em Lacan, sintoma é conexio entre o significant 0 corpo; a diferenca essencial € que, em Freud, + pulsio é um mito, enquanto Lacan nos mostra em que sentido o sintoma é real. Nio fagamos do.real-do sintoma uni slogan, sem nos apercebermos que isso responde, exatameiite, a0 carter mitieo da pulsio em Freud. Reinaldo Pumponce- EBP-BA A sua instigante conkeréncia sme fez formule algo, Quando na ‘Abertura ch segio elisa” Lacan vai ‘ilar da razio de Freud, ele diz que aresteui ae escritura da carte 52 Sabemos o teatameato que Lace acscritura primitva do sigaiticanteg justamen'e ase

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