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indice T parte (QUESTOES CONTEMPORANEAS QUE AFECTAM A ENFERMAGEM. PEDIATRICA, primeiro Introdugao A Enfermagem Pediattica, 3 segundo ‘As mudangas nos Cuidados de Satide e a Pritica da Enfermagem Pediatrica, 17 terceiro Implicagdes Familiares, Culturais e Religiosas nos Cuidados de Enfermagem Pedidtricas, 3 Wparte CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO quarto: Teorias do Crescimento e do Desenvolvimento e Rastreio do Desenvolvimento, 49 quinto Cuidar de Lactentes, 73 sexto Cuidar de Todalers, 103, sétimo Cuidar de Criangas em Idade Pré-Escolar, 129 oitavo Cuidar de Criangas em Idade Escolar, 151 nono Cuidar de Adolescentes, 173 I parte CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA OS HABITUAIS PROBLEMAS PEDIATRICOS décimo, Cuidados Gerais de Enfermagem Pediatrica, 197 décimo primeiro Sistema Cardiorespiratério, 231 décimo segundt décime quinto décimo sexto décimo sétimo décimo oitavo APENDICES: apéndice A apéndice B apéndice C GLOSSARIO, 549 10 Sistemas Hematolégico e Imunolégico, 281 Sistema Musculosquelético, 311 Sistema Nervoso, 339 Sistema Tegumentar, 383 Sistemas Gastrintestinal e Endécrino, 415 Sistemas Urinario e Reprodutor, 453 Problemas Psicossociais, 489 Medidas de Crescimento, 533 Avaliacéo do Desenvolvimento/Sensorial, 543 Calendarizagao das Imunizagées Recomendadas para a Infancia, 547 PLANOS DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM Plano de Cuidados Relative ao Desenvolvimento do Lactente, 98 Plano de Cuidados Relativo 20 Desenvolvimento do Toddler, 122 Plano de Cuidados Relative ao Desenvolvimento da Crianga em dade Pré-Escolar, 144 Plano de Cuidados Relativo ao Desenvolvimento da Crianga em Idade Escolar, 168, Plano de Cuidados Relative ao Desenwolvimento do Adolescente, 190 A Crianga com Asma, 260 A Crianga com Anomalia do Septo Auricular, 271 ‘A Crianga com Leucemia, 302 A Grianga com uma Fractura, 331 A Grianga com Doenga Convulsiva, 369 A Crianga com Lesbes por Queimadura, 408 ‘A Crianga com Apendicite, 440 A Crianga com Hipospadias, 474 A Crianga em Fase Terminal, 513 A Crianga com Défice de Atencio por Hiperactividade, 516 CAIXAS DE ENSINO AS FAMILIAS Alimentagdo do Lactente, 85 ‘Como lidar com um Lactente com Célicas, 95 Medicis Gerais de Seguranga, 139 Preparagio de uma Crianca para a Escola, 141 Criangas com Problemas da Fala, 142 riangas com a Chave de Case, 166 Linhas Orientadoras de Ensino Relativas: A Crianga Imunodeprimida, 294 ‘Aos cuidados a ter com a Hlemorragia, 298 A Crianga com Faringite, 259 Gcianga com Pneumonia, 257 A Grianga com Fibrose Quistica, 263 A Crianga com Apneia, 264 A Crianga com Fobre Reumética, 276 A Crianga com Molde de Gesso, 327 Acs primeieos Socorr0s na Crise Convulsiva, 372 A aplicagio de um Penso Ocular, 374 ‘As medidas Néo Farmacolégicas para 0 Alivio da Dor, 377 Ao estabelecimento de uma Rotina para ir Dormir para Criangas Pequenas, 378 Aplicagio Tépica de Medicamentos Cotticésteroides, 393 Prevenir a Dessiminagéo de Infestagées de Pediculos, 398 ‘Aos cuidados a Pele da Crianca com Acne Simples, 401 Dente que foi Sujeito a um Traumatismo, 430 ‘Técnicas de Alimentacéo para um Lactente com RGE, 434 Obtencio de uma Amostra para Despiste de Oxidzes, 4 Conceitos e Competéncias relatives a uma Crianga com DMID-1, 484 Cateterisio Vesical Intermitente, 466 Auto Exame do Testiculo, 479 AAs raparigas com vaginite, 480 A Morte dle um Irmo, 512 CAIXAS DE PROCEDIMENTOS Normas Gerais para todos os Procedimentos, 220 Norra de Controo de Infeccio, 20 Medidas Gerais de Segurance, 21 Iimobilizagbes Utiizadas om Criangas, 221 Banho dos lactentes, 222 Higiene Dentéria das Criangas, 222 Cotheita de Urina em Lactentes, 23 Golheita de Urina Asséptica, 25 Colheita de Fezes, 224 Colheta de Secrepbes Bronquicas, 224 Colheita de Sangue por Pungio do Calcanhae, 225 Administracio cle Terapéuticn Oral, 225 Adtninistragio de Terapéuticn Rectal, 26 Administragao de Terapéutica Tépica, 226 Administragdo de Terapéutica Oftélmica, 226 Administagao de Terapeutica Otoldgien, 226 Administragéo de Terapéutica por Sonda Nasogistria ou de Gastrostomia, 27 Addminisragdo de Injosbes Subcutineas, 228 Aministragdo de Injecgoes Intramusculares, 228 ‘Aspizaséo com uma Seringa em Bali, 249, Aspiragzo com am Cateter 249, | Petcussio Torécca e Drenagom Postural, 250 Aciministragio Correcta de Terapéutica por Aetossol, 250 Acdministiagao Covreta de Terapéutica stravés de un Inalador com Doseador, 251 ‘Administagio de Oxigénio, 251 Colheta de Espécimes para Pesquisa do Sanguc Oculto, 292 Execucio de Exercicios de Mobilidade Passiva, 324 Almofadat os Bordes de um Apareiho Gessado, 326 Exame Neurologico, 351 i ‘Administacio de um Enema, 438 Cateterieagto Vesial 468 | Lavagem do Coteter Vesicl, 469 PRECIOSIDADES PEDIATRICAS | 50 25 51 253 91 255 105 256 us 329 131 359 I 137 364 139 376 ut 395 i 201 396 232 461 | 237 526 240 ENFERMAGEM PEDIATRICA CONTEMPORANEA ig-083 05 2/7 EW ore USGS ENFERMAGEM PEDIATRICA CONTEMPORANEA CATHLEEN S. OPPERMAN, RN, MS, CPN Clinical Nurse Specialist, Children’s Hospital, Columbus, Ohio; Adjunct Faculty, Franklin University, Columbus, Ohio KATHLEEN A. CASSANDRA, RN, MS, CPN Education Nurse Specialist, Formerly Children’s Hospital, Columbus, Ohio com 260 ilustragdes Lusociincia Vt _ aaa ny * V OSes NA Mosby ie Aces anegle asoaiecn Editor: Sally Schrefer Editor Executivo: Susam R. Epstein Editor de Desenvolvimento: Bilt Carcheri Director do Projecto: Deborah L. Vogel Editor de Produgto: Jodi M. Willard Design: Pati Pye Director de Produgto: Linda lerardi Copyright © 1998, Mosby-Year Book, Inc. ‘Titulo original: CONTEMPORARY PEDIATRIC NURSING Titulo em Portugués: ENFERMAGEM PEDIATRICA CONTEMPORANEA Direitos reservados para a Lingua Portuguesa ©, 2001 LUSOCIENCIA - Eiigbes Técnicas e Cientificas, Lda, Coordenagio Editorial: Isabel Maria Albernaz de Carvalho e Santos Coelho das Neves Tradugio: Isabel Albernaz Maria Helena Bértolo ‘Margarida Quitério Katia Furtado Revisio Cientifica e Técnica: Isabel Albernaz. ‘Maria Helena Bértolo Margarida Quitério Fotolito e Montagem: ‘Tons & Imagens ~ Artes Grafica, Lda, Impressio e acabamento: SIG - Sociedade Industrial Grafica, Lda, 2685-466 CAMARATE LUSOCIENCIA ~ Edigdes Técnicas e Cientificas, Lda., Rua Dario Cannas, 5-A ~ 2670-427 LOURES ‘Telefone: 219 839 840 - Fax: 219 839 848 ISBN: 972-8383-19.3 Depésito Legal n.* 162212/01 Reservados todos os direitos para a Lingua Portuguesa E proibida a duplicagio ou reprodugio deste volume, ou de partes do mesmo, seb quaisquer formas ou por quaisquer meios (electric, mecinico, gravest, flocdpia ou out) sem permissao expressa do Editor. COLABORADORES Kathryn Black, RN, BSN, MSN Associate Professor Jowa Western Community College, Council Bluffs, lowa Gina Lynn Rawls Doyle, RN, MED Coordinator/Instructor, Mid-America Area Vocational Technical School, Wayne, Okllahoma RWMNCwAC LH CONSULTORES Anita Norton, RN, BSN, MSN Chairperson, Division of Health Sciences, Jefferson State Community College, Birmingham, Alabama Susan E. Parker, BSN, MSN Director, Nursing Program, Colorado Mountain College - Spring Valley Center, Glenwood Springs, Colorado Elaine T. Princevalli, RN, BSN Instructor, Practical Nurse Education Program, Eli Whitney Regional Vocational - Technical School Hamden, Connecticut TTL 0001111111111 111111 Para os meus pais Sue e Ed Conrad e ‘meus irmaos Mike, Jim, Doug, Carol e Jenny, que ajudaram a moldar ‘a pessoa que sou, a confianca que adquiri e 0 sucesso que alcancei. Eu gostei muito da minka infiincia Para os nossos lindos filhos, Ben e Tony, que desenvolverars uma tolerancia ao “trabatho” da Mite e que ‘me ensinaram a adorar todos os pequenos marcos de desenvolvimento das suas vidas. e Para o meu marido, Bill, que me fez rir, me deixou crescer, partilhou as minhas alegrias ¢ desafios, que merece a coautoria deste livro, por tudo o que {fez pela familia, a gestto doméstica e aperto financeiro pelo qual passou durante o tempo de elaboragio deste livro. Cathleen Opperman Para o meu mario, Sam, cuja paciéncia e apoio ‘me ajudaram durante esta experiencia, Para os meus filhos, Meghan, Meredith, Molly e Michel, que pousaram para fotografias e se levantaram com ume mie, constantemente, a dizer, “Procurem alguma coisa para jantar” e “Saiam do computador! Eu preciso dele” e Para os meus pais, Enio e Hazel Yacobozzi, que apoiaram ¢ estimularam sempre a minha educagiio e esforgos profissionais. Kathy Cassandra Ws PREFACIO Este livzo destina-se a estudantes da licenciatura em enfermagem. A informagio nele apresentada é de order prética e de facil aplicacéo a uma variedade de situagées clinicas. Questdes contemporaneas tais como, 05 instrumentos relativos & pratica, os registos, a tu- toria, as directivas prévies, os direitos do utente, a ética, as iniciativas reformistas dos cuidados de sat de, a alteracao de papéis dos enfermeizos, e 0s mode- los de prestagéo de cuidados, sfo analisados relativa- mente aos cuidados de enfermagem pedisitrica, A enfermagem pedistrica é uma especialidade da pritica de enfermagem, da qual fazem parte os cuida- dos a criangas com doengas comuns e raras, as altera- Ges normais ¢ previsiveis a nivel fisico e psicossocial e alteracdes multissistémicas e complexas ~ desde a infancia até a adolescéncia. A enfermagem peditrica engloba o cuidar relativo as necessidades das criangas ¢ respectivas familias. Neste livro, as exposigées con- cisas de numerosas doencas pediatricas, assim como 6s tratamentos e as intervengdes de enfermagem mais habituais, sdo apresentadas num formato de facil re- feréncia, constituindo, deste modo, um guia pratico e util para a prestacdo de cuidados, em qualquer insti- tuigdo de satide pediatrica. ‘A Enfermagem Pedidtrica Contemporinea foi elabo- rada para atingir os seguintes objectivos: 1. Identificar os problemas sociais, ambientais, econd- micos e culturais contemporéneos, que tém impacte na satide das criancas e respectivas familias 2. Descrever a alteragéo de papéis das enfermeiras pedisitricas e os desafios com que se debatem no Ambito dos cuidados de satide, actualmente em constante mudanga. 3. Explicar ao altino 08 instrumentos bésicos para os cuidades de enfermagem, a nivel dos sistemas orga- nicos ou dos padrdes funcionais de satide. 4, Identificar os parémetros normais relativos as tare- fas de crescimento e desenvolvimento dos lacten- tes, toddlers, criangas em idade pré-escolar, criangas em idade escolar e adolescentes. 5. Descrever os procedimentos, mais habituais, utili zados na prética de enfermagem pedidtrica 6. Descrever as diferencas pediatricas especificas, ana- témicas e fisiol6gicas, as caracteristicas que as de- finem, os tratamentos habituais e as intervengies de enfermagem relativos a determinados proble- mas de satide. Para alcangar estes objectivos tentémos basear-nos nos conhecimentos basicos de enfermagem adquiri- dos na parte inicial dos cutriculos, e apresentar 0 novo material num “formato simpatico’. intengao 6 de- senvolver uma compreensio dos cuidados de enfer- magem pediétrica, conjuntamente com um “gostar brincalhao” e respeito pelas criangas e pelo sew de- senvolvimento. ORGANIZACAO Este livro esté dividido em trés partes: tépicos introdutérios, consideragies de crescimento e desen- volvimento, ¢ 0s habituais problemas de satide ppediatricos e os cuidados de enfermagem inerentes cada um deles. Os titulos, os sub-titulos, as caixas, os quadies e as figuras facilitam o material de referén- Para facilidade de leitura, a frase a enyermeira usa- da ao longo do texto refere-se a enfermeira licenciada, ‘Todas as referéncias especificas no mbito da pratica de enfermeiras especialistas sé descritas usando EE. A parte I (Capftulos 1 a 3) introduz a enfermagem pediatrica e analisa muitos factores que inffuenciam a satide da crianca. Apresenta também os sistemas orga- niicos e os padrdes funcionais de satide como instru mentos de organizacéo dos cuidados de enfermagem. Apesar do texto ser exposto de acordo com o modelo dos sistemas organicos, a sequéncia e organizagao do capitulo dos cuidados de enfermagem pedidtricos psicossociais (Capitulo 18), torna-o facilmente adap- tavel a um curriculo orgenizado segundo os padrées funcionais de satide, Sa0 analisados os problemas contempordneos da enfermagem pedistrica, tais como, as directivas prévias, os direitos do utente e as inicia- tivas de reforma dos cuidados de satide. Esta também inclufda a descrigio dos papéis das enfermeiras espe- cialistas (EE) e das enfermeiras licenciadas, e as ques- tes legais ¢ éticas que afectam as enfermeiras peditricas. © Capitulo 3 € dedicado as descrigées culturais e influéncias étnicas, e aos cuidados de sati- de pediatricos A parte II (Capitulos 4 a 9) é consagrada aos pa- drdes normais do crescimento e desenvolvimento fir sico e as tarefas de desenvolvimento especificas de cada grupo etério. Os Capitulos § a 9 descrevem a singularidade de cada grupo etério - desde a lacténcia adi PREFACIO até a adolescéncia. Em cada capitulo s4o analisados ‘05 métodlos para a melhor abordagem clinica, de acor- do com os estédios de desenvolvimento, as tarefas de desenvolvimento esperadas e a promogao e orienta- ‘cdo anticipatoria de satide (incluindo o perfil fisico, a nutriggo, o brincar, a seguranca, as imunizagées e as preocupacées parentais). Cada capftulo da parte Il é concluido com um plano de cuidados, relative a0 desenvolvimento, aplicével a criangas com quaisquer problemas de satide e numa variedade de locais de prestagao de cuidados A parte Ill (Capftulo 10 ao 18) desereve os habitu- ais problemas de satide peditricos e os cuidados de enfermagem adequados a cada um. O Capitulo 10 centra-se nos procedimentos e nas variacées da prati- ca pedidtrica. Os procedimentos especificos para os cuidadas a criangas com problemas num determina- do sistema organico estéo reservados ao capitulo que apresenta esse sistema. Os problemas de cuidados de satide abrangidos nos Capitulos 11 a 17 incluem as doengas congénitas as doengas adquiridas, as doen- a5 agudas eas doencas crdnicas. Com a explicacéo de cada um dos problemas é incluida uma descricio do tratamento habitual e as respectivas intervengdes de enfermagem. Sao apresentados, em pormenor, nu- ‘merosos planos de cuidados com os diagnésticos de enfermagem, os objectivos, os resultados esperados, fervences de enfermagem e os parimetros de avaliac&o. O Capitulo 18, relativo aos Problemas Psicossociais utiliza uma modificagto dos padres funcionais de satide, apresentando uma variedade dos habituais problemas psicossociais observados nas criangas. CARACTERISTICAS '+Sio analisadas as questies contemporaneas tais como, os registos, as directivas prévias, os direitos dos utentes, a ética, as iniciativas de reforma dos cuidados de satide ¢ a mudanca do papel da enfer- meira, ‘+ Um capitulo sobre as consideragées culturais e reli- giosas estimula a sensibilidade do aluno para a po- pulaggo, em constante mudanga, dos Estados Uni- dos e os efeitos na prestagio dos cuidados de sate * Cada capitulo tem inicio com os objectivos de apren- dizagem e os termos chave, para ajudar 0 aluno a centrar-se na informacéo essencial. * Cada capitulo é concluido com conceitos chave para revisio dos aspects mais importantes. + Os exercicios de reflexao critica proporcionam opor- tunidades para aplicar 0s conceitos relativos 20 capitulo, estimular 0 debate, e desenvolver as técni- cas de resolugio de problemas. * Ao longo da parte III so incorporados os procedi- mentos, com as respectivas vatiagées para uma populacéo pedidtrica, que se encontram separados em caixas facilmente identificadas e de répida con- sulta +03 planos de cuidados de desenvolvimento séo incluidos nos Capftulos 5 a 9. Fazem parte dos Ca- pitulos 11 a 18 um grande niimero de estudos de caso, com planos de cuidados pormenorizados. + Ao longo do livro s4o englobadas linhas orientadoras de ensino, facilmente identificadas, ¢ informagoes importantes necessérias as criancas e aos pais. ‘+ No final do livro inclui-se um glossério para facili- tar 0 rapido acesso & terminologia de enfermagem mais importante, MATERAL PARA ENSINO Manual de recurso do professor com banco de testes, Guia de estudo do aluno. Conjunto de 48 transparéncias bicolores. AGRADECIMENTOS Gostariamos de dar um agradecimento especial as, seguintes pessoas: Mary Ann belt, RN; Jo Beth Burns, RN, CPN, BSN; Marilyn Geckler, RN Sheila Huffman, RN, CIC; Donna Rehm, Kegley, RN; Carol McGlone, RN, CIC; Donna Rehm, RN; a equipa OPS; e a muitas outras enfermei- ras da equipa do Children’s Hospital de Columbus, Ohio, que partilharam connosco um incrivel conhecimento sobre satide, no decorrer da elaboracao deste livro, A Regina Stefanik, RN Med, MS, que ndo s6 escre- ven a seccio de ética para o livro, mas que também nos apoiou emocionalmente ao longo dos momentos mais penosos deste processo. Ela € muito especial. A equipa da biblioteca do Children’s Hospital ~ Jeanette Brewer, Linda DeMuro, Sherry Hay, e Nancy Lamenta - que realizaram a interminével procura manual de referéncias, a pesquisa de literatura e as exigéncias de informacao dos iiltimos minutos. Apre- cidmos muito a eficiéncia e paciéncia que tiveram para connosco. A Jeanne Robertson pelas muitas ¢ maravilhosas ilustragdes que criou para este livro. A nossa familia ¢ amigos, sem os quais nao terfa- mos tido a energia para persistir na consecucdo deste projecto. E as milhares de criangas e familias de que tive ‘mos o privilégio de cuidar ao longo dos anos, ¢ que nos ajudaram a desenvolver o nosso amor pela enfer- magem pedidtrica Cathleert Opperman Kathy Cassandra i I parte primeiro. segundo a CONTEUDOS QUESTOES CONTEMPORANEAS QUE AFECTAM A ENFERMAGEM PEDIATRICA INTRODUGAO A ENFERMAGEM PEDIATRICA, 3 Ambito da pratica, 4 Matrizes conceptuais de trabalho para os cuidados de enfermagem pediatrica, 6 Padhées funcionais de sadide, 6 Sistemas orgéinioos, 6 Classificagao das situagées de sade das (© processo de enfermagem, 7 Cotheita de dados, 7 Plano de cuidados, 7 Presorigées/intervengées de enfermagem, 8 Avaliagéo, 8 ‘Questdes legais relacionadas com a enfermagem pedidtrica, 8 Registos, 8 Tutoria, 10 Direitos dos utentes, 11 Etica e questdes éticas relacionadas com a enfermagem pedistrica, 12 Tomada de decisées éticas, 12 Componentes ca tomada de decisao ética, 12 Consideragies éticas, 12 Codigo de ética para enfermeiras, 13 Dilemas éticos, 13 AS MUDANGAS NOS CUIDADOS DE SAUDE E A PRATICA DA ENFERMAGEM PEDIATRICA, 17 Questies sociais, 18 Questies ambientais, 18 ‘Mudangas no reembolso e iniciativas de reforma dos cuidados de satide, 20 Consideragées de desenvolvimento, 21 Lactentes, 21 Toddlers, 21 Criangas em idade pré-escolar, 21 Griangas em idade escolar, 22 ‘Adolescentes, 22 Papéis das enfermeiras e modelos de prestagio de cuicados, 23 Estabelecimentos de satide para os cuidados pediatricos, 26 Hospitals: estabelecimentos de satide para cuidados na fase agua, 26 Estabelocimentos de sade para cuidados intermédios, 26 Estabelecimentos de saide para cuidados em regime ambulatério, 26 Estabelecimento de sadde para cuidados de longa duragdo, 30 Cuidades domiciigrios, 31 Centros comunitarios, 31 xiv CONTEUDOS Estabelecimentos emergentes, 32 terceiro IMPLICACOES FAMILIARES, CULTURAIS E RELIGIOSAS NOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM PEDIATRICA, 35 Estruturas familiares, 36 Familia nuclear, 36 Familia reconstruida, 36 Familia monoparental, 38 Familia homossexualiésbica, 38 Familia alargada, 38 Questdes culturais, 39 Comunicagao, 40 Rastrelo, 41 CCrengas religiosas e tradigées, 41 Beptismo, 41 ‘Alimentagao, 41 Disciptina, 42 Morte © moray, 42 Praticas de cuidados de satde, 42 Implicagdes para cuidados de enfermagem dos grupos étnicos especitices, 43 Aito-americanos, 43 Vietneritas, 43 sJudeus, 44 Hisplinicos, 44 parte CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO quarto TEORIAS DO CRESCIMENTO E DO DESENVOLVIMENTO E RASTREIO DO DESENVOLVIMENTO, 49 Principios gerais do crescimento, 50 ‘Altura € paso, 50 Modelos de crescimento, 50 Pacrées de crescimento, 51 Factores que influenciam 0 crescimento e 0 desenvolvimento, 51 Principios gerais do desenvolvimento, 59 Rastreio do deservolvimonto, 59 Desenvolvimento psicolégico, 61 quinto CUIDAR DE LACTENTES, 73 Abordagem aos lactentes, 74 Btapas do desenvolvimento, 75 Desenvolvimento motor grosseiro, 76 Desenvolvimento mator fino, 78 Desenvolvimento da linguagem, 80 Desenvolvimento pessoal-social, 80 Promocéo da satide e orientacéo anticipada, 81 Peril isico dos lactentes, 81 tientagao nutricional, 83 Actividades tidieas, 86 ‘Seguranga e prevengto de acidentes, 89 Imunizagées, 91 ‘CONTEUDOS Preocupagdes parentais, 95 Plano de cuidados de desenvolvimento, 97 sexto CUIDAR DE TODDLERS, 108 Abordagem aos toddlers, 104 Etapas do desenvolvimento, 106 Desenvolvimento motor grosseito, 108 Desenvolvimento motor fino, 107 Desenvolvimento da linguagem, 107 Desenvolvimento pessoal-social, 108 Promogio da satide e orientagdo anticipada, 109 Peril fisico dos toddlers, 109 Orientagao nutrcional, 111 Actividades kidicas, 113 Seguranga e provengo de acidentes, 114 Imunizagées, 117, Preocupagtes parentais, 118 Plano de cuidados de desenvolvimento, 122 sétimo CUIDAR DE CRIANGAS EM IDADE PRE-ESCOLAR, 129 Abordagem a criangas em idade pré-escolar, 130 Etapas do desenvolvimento, 132 Desenvolvimento motor grosseiro, 182 Desenvolvimento motor fino, 193 Desenvolvimento da linguagem, 133 Desenvolvimento pessoal-social, 134 Promogéo da satide e orientagéo anticipada, 135 Pert fisico das criangas em idade pré-escolar, 135 COrientago nutricional, 137 Actividades \idicas, 187 ‘Seguranga e prevengao de acidentes, 139 Imunizagées, 140 Preocupaybes parentais, 140 Plano de cuidados de desenvolvimento, 144 citavo CUIDAR DE CRIANGAS EM IDADE ESCOLAR, 151 Abordagem a criangas em idade escolar, 152 Etapas do desenvolvimento, 153 Desenvolvimento motor groseeiro, 154 Desenvolvimento motor fino, 154 Desenvolvimento de linguagem, 154 Desenvolvimento pessoal-social, 155 Promogo da satide e orientagao anticipada, 156 Perfil fisico das criangas em idade escolar, 156 Orientagéo nutrcional, 188 Actividades Kidicas, 158 Seguranga @ prevencao de acidentes, 161 Imunizagées, 163 Preocupagées parentais, 163 Plano de cuidados de desenvolvimento, 168 nono CUIDAR DE ADOLESCENTES, 173 Abordagem aos adolescentes, 174 Btapas do desenvolvimento, 176 xv | as xvi CONTEUDOS AlteragGes fisicas, 176 Alteragdes cognitivas, 180 ‘Alteragées sociais, 180 Promogao da sade e orientagio anticipada, 180 Peat fsico dos adolescentes, 181 Orientagéo nutricional, 183 Actividades lidicas, 184 ‘Seguranga e prevengao de acidentes, 186 Imunizagées, 187 Preocupagies parentais, 187 Plano de cuidados de desenvolvimento, 190 Il parte | CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA OS HABITUAIS PROBLEMAS PEDIATRICOS écimo CUIDADOS GERAIS DE ENFERMAGEM PEDIATRICA, 197 Organizagio da colheita de dados do utente, 198 Enirevista a0 utente ¢ familia, 198 Observagao fisica de criangas, 199 Cuidados continuados, 203 Internamento hospitaler, 208 Cuidados em regime embulatério, 208 Cuidados domiciirios, 208 Procedimentos pediatricos comuns, 209 Cuidados gerais de enfermagem, 209 Procedimentos, 212 décimo SISTEMA CARDIORESPIRATORIO, 231 primeiro Anatomia e fisiologia, 232 Aparelho respiratério, 232 Apareino cardiovascular, 235 Processo de enfermagem, 238, Colneita de dacios, 238 Plano de cuidados, 246 Interveng6es de enfermagem, 247 Avallagao, 252 Cuidados de enfermagem a criangas com problemas cardiorespiratérios, 252 Problomas respirators, 252 Problemas eardiovasculares, 267 décimo SISTEMAS HEMATOLOGICO E IMUNITARIO, 281 segundo Anatomia ¢ fisiologia, 282 Estrutura e fungdes do sangue, vasos ¢ sangue, 262 strutura e fungdo do sistema imuritério, 285 Variagées anatémicas e fisiol6gicas pediétricas dos sistemas hematolégico ¢ imunitério, 286 Processo de enfermagem, 288, Cotneita de dados, 268 Plano de cuidados, 293 Intervengdes de enfermagem, 294 Avaliaga0, 205 Cuidados de enfermagem a criangas com problemas dos sistemas hematologico € imunitério, 295 Discrasias sanguiness, 295 CONTEUDOS xvii Cancros, 298 Doengas infecciosas, 307 décimo SISTEMA MUSCULOSQUELETICO, 311 terceiro Anatomia ¢ fisiologia, 312 Estrutura e fungao dos misculos, 312 Estrutura @ fungao do sistema esquelético, 312 Variagoes anatémicas e fsiolégicas pedidtricas do sistema musculosquelético, 316 Processo de enfermagem, 317 Colneita de dados, 317 Plano de cuidados, 320 Intervenges de enfermagem, 321 ‘Avaliagao, 821 Cuidados de enfermagem a criangas com problemas musculosqueléticos, 321 Pé equinovaro congénito (98 boto), $25 Displasla da anca (\uxagao congénita da anca), 325 Distrofia muscular de Duchenne, 227 Ostiomielite, 328 Entorses, distensies e fracturas, $28 Artrite reumatside juvenil, 883 Escoliose, 334 décimo SISTEMA NERVOSO, 339 quarto Anatomia ¢ fisiologia, 340 Estrutura e fungéo do sistema nervoso, 340 Vatiagbes anatémicas @ fisiologicas pedidtricas do sistema nervoso, 546 Padrées normais de sono e repouso @ a fungdo do sono, 347 Variagées anatémicas e fisiolégicas pedidtricas dos pad:Ses de sono e repouso, $47 Processo de enfermagem, 347 Colheita de dados, 347 Plano de cuidados, 354 Intervengdes de enfermagem, 256 Avaliagao, 356 Cuidados de enfermagem a eriancas com problemas neurol6gicos, 356 Doengas neurolégicas, 357 Problemas sensério-perceptuais, 269 Perturbages dos padroes de sono-repouso, 376 décimo SISTEMA TEGUMENTAR, 383 quinto Anatomia e fisiologia, 384 Estrutura e funcao da pele, cabelo ¢ unhas. 384 Varlagsies anatémicas @ fisiolégicas pediétricas do sistema tegumentar, 984 Processo de enfermagem, 386 Colneita de dados, 386 Plano de culdados, 390 Intervengdes de enfermagem, 301 Avaliagdo, 392 Cuidados de enfermagem a criangas com problemas tegumentares, 392 Doengas cutaneas intecciosas, 392 Infestagdes da pele, 397 Doengas inflamatérias da pele, 398 Outras disfungtes da pele, 401 décimo SISTEMAS GASTRINTESTINAL E ENDOCRINO, 415 sexto Anatomia e fisiologia, 416 a xviii © CONTEUDOS Estrutura e fungéo do sistema gastrintestinal, 416 Estrutura © fungao do sistema endcrino, 419 \Variagbes anatémicas e fisiolégicas peditricas, 420 Processo de enfermagem, 421 Colheita de dados, 421 Piano de cuidados, 427 Intervengdes do enfermagem, 428 Avaliagdo, 428 Cuidados de enfermagem a criancas com problemas gastrintestinais, 428 LLabio leporino e fenda palatina, 428 ‘Traumatismos dentarios, 430 lngestao acidental, 430 Estenose plérica, 432 lnvaginagéo intestinal, 483 Refluxo gastroesotagico, 434 Atraso de crescimento, 435 Sindroma dos vémitos ciclicos, 438 Diereia/gastioentite, 436 Obstipacao, 437 Dor abdorninel, 498 ‘Apencicite, 489 Doonga de Hirschsprung, 442 Sindroma do célon iritével, 442 Doenga intestinal inflamatéria crénica, 443 Infecgio por oxitros, 443 Doenga celiaca, 444 Atvésia blir, 445, Cuidados de enfermagem a criangas com problemas do sistema endécrino, 445 Feniicetonuria, 445 Diabetes melitus insulino-dependente, 446 décimo SISTEMAS URINARIO E REPRODUTOR, 453 sétimo Anatomia ¢ fisiologia, 454 Estrutura e fungo do sistema urinio, 454 Estrutura e fungao do sistema reprodutor, 455 Variagdes anatémicas e fisioligicas peditricas, 457 Processo de enfermagem, 459 Colheita de dados, 459 Piano de cuidedos, 463 Intervengées de enfermagem, 464 ‘Avallagao, 465 Cuidados de enfermagem a criangas com problemas dos sistemas urinario e teprodutor, 465 Problemas do sisterna urindrio, 465 Problemas do sistema reproduter, 472 décimo PROBLEMAS PsICOSsOCIAIS, 489 oitavo Auto-conceito, 490 Desenvolvimento do auto-concelto, 491 Processo de enfermagem relative a0 auto-conesito, 495 CONTEUDOS xix Stress e mecanismos de coping, 495 Reeacg6es fisicas a0 stress, 496 Proceso de enfermagem relativo ao stress e comportamentos de coping, 497 Papéis ¢ relagdes interpessoais, 499 Interpretagto de papéis, 500 Proceso de enfermagem relativo aos papéis e relagSes interpessoais, 500 Percepgio e manutengio da satide, 502 Interpretacao da percepgao e manutengao da sade, 502 Processo de enfermagem relativo A percepcéo e manutengao da saiide, 503 Valores e crengas, 506 Desenvolvimento dos valores © crengas, 607 Processo de enfermagem relative aos valores e crengas, S07 A crlanga e fase terminal, 509 Desenvolvimento de compreenséo da morte, 509 Cuidados a familia com uma crianga em fase terminal, 610, Cuidados de enfermagem relativos aos problemas psicossociais, 511 Esquizoftenia infenti, 512 Perturbagdes na aprendizagem, 512 Détice de atengao por hiperactividade, 612 Anorexia nervosa, 519 Bulimia, 520 Obesiade, 521 Depressao, 521 Consumo excessivo de drogas, 622 Suicidio, 623 Criangas maltratadas, 624 APENCICES APENDICE A MEDIDAS DE CrESCIMENTO, 533 APENDICE B_AVALIACAO DO DESENVOLVIMENTO/SENSORIAL, 543 APENDICE C CALENDARIZAGAO DAS: IMUNIZAGGES RECOMENDADAS PARA A INFANCIA, 547 GLOSSARIO, 549 OO _ Ae, QUESTOES CONTEMPORANEAS QUE AFECTAM A ENFERMAGEM PEDIATRICA primeiro INTRODUGAO A ENFERMAGEM PEDIATRICA segundo AS MUDANGAS NOs CUIDADOS DE SAUDE E A PRATICA DA ENFERMAGEM PEDIATRICA terceiro IMPLICACOES FAMILIARES, CULTURAIS E RELIGIOSAS Nos CUIDADOS DE ENFERMAGEM PEDIATRICA, SUR wom ean 10. 11. 12. 13. 14, 15. 16, 17. PEDIATRICA Definir pratica da especialidade. Estabelecer a diferenga entre doenga aguda e doenga crénica, Estabelecer a diferenga entre doenca congénita e doenca adquirida. Enunciar as quatro etapas do processo cle enfermagem. Enumerar, pelo menos, quatro padres funcionais de satide. Descrever o papel de enfermeira na avaliagdo inicial Descrever o papel da enfermeita no plano dos cuidados, Descrever o papel da enfermeira na fase de intervencSo. Descrever © papel da enfermeira na avaliacdo. Enumerer as caracteristicas clos registos eficazes. Definir um menor emancipsdo. Kentificar pelo menos, duas populacdes encontradas nos servicos de satide pedidticos com necessidade de informacéo sobre directiva prévia, [centificar dois direitos que todos os utentes pediétricos tém garantidos quando Ihes séo restados cuidados numa unidade de sade. Explicar a diferengs entre lei e ética, Indicar, pelo menos, quatro valores ou prit meiras. Enumerar os sete passos do proceso de tomada de decisto etica Enumerer Guas consideragoes éticas que podem afectar a enferneita na prética pedistrica, 10s Consagrados ao Codigo de Etica para Enfer a arteira profissional —_doeng congénita execerboagdes proceso de enfernagem directiva prévia doenga erénica menor emancipado registos por excepsgo doenga adquirida especialiciacle padres funcionais tutor doenca agucla ética de sade utente: peditrico he 4 QUESTOES CONTEMPORANEAS QUE AFECTAM A ENFERMAGEM PEDIATRICA parte 1 FIG. 1-1 A pediatria € uma especialidade da ppratica de enfermagem que envolve 0 culdar Ge criangas saudéveis € doentes. ‘0 sistemas de cuidados de satide contempo- raneos a tinica certeza é a de que a maioria das situagSes est4 em permanente mudanca. Acenfermagem pediatrica, como especialidade, nto é ‘excep. Uma especialidade define-se como um ramo da pratica de enfermagem que exige que a enfermeira possua conhecimentos e pericia especiais (Fig. 1-1), po- dendo também exigir algum tipo de formagio adicio- nal para além da formaggo bésica, Em todas as reas de enfermagem, incluindo a enfermagem pedidtrica, a en- fermeira tem de ser flexivel, adaptavel e pronta a acom- panhar as mudangas do sistema de cuidados de satide. Este capftulo aborda diversos temas relevantes para 0s cuidados de satide e para a pratica de enfermagem pedidtrica, incluindo 0 ambito legal da pratica, 0 pro- cesso de enfermagem ¢ as questdes éticas. Para além destes aspectos, este capitulo determina o formato de todo o livro. No seu decurso serdo distinguidos os pa- péis das enfermeiras especialistas e das enfermeiras licenciadas. A enfermeira especialista (EE) e 0 termo enfermeira englobam estes dois tipos de profissionais. (© presente capitulo esta dividido em virias sec- Ges. Inclui aspectos do Ambito da prética da BE e das enfermeiras licenciadas, dois instrumentos de trabalho utilizados para orgenizar os dados do utente e para prestar cuidados, ¢ as classificagies de situagées de satide que afectam criangas ¢ adolescentes. Para além estes aspectos é dada uma explicagao do processo de enfermagem € séo abordadas as questées legais e éti- cas relacionadas com a enfermagem pedidtrica. AMBITO DA PRATICA Cada Estado possui uma lei que define a enferma- ‘gem, regulamenta a licenciatura em enfermagem e di- rige a sua pratica, Esta lei define a enfermagem e 0 ‘Ambito da pratica para todas as categorias profissionais. © Board of Nursing de cada Estado € composto por enfermeiras e representantes dos utentes, Esta organiza- ‘glo tem como funcio assegurar o cumprimento da lei, cemitir licengas para enfermeiras (carteira profissional), proteger o pablico em termos de uma pratica segura de enfermagem, e estabelecer disciplina e revogar as li- congas sempre que necessério. A carteira profissional é a concessio de autorizagio dada por uma autoridade competente (neste caso, 0 Board of Nursing”, para que ‘um individuo assuma compromissos na pratica ou acti- vidade, que de outra forma seria ilegal. Esta é concedi- da com base na avaliagao do curriculo de formacéo realizado pela National ‘Council Licensure Examination (NCLEX) e nao tanto no desempenho ou na experiéncia. A lei de cada Estado contém semelhancas e algumas diferengas. Além disso, cada Estado possui um conjunto de regras e regulamentos que ajudam a interpretar a lei Ocasionalmente, 0 Board of Nursing de um Estado emite declaragies de tomada de posigéo para explicar certos aspectos ou particularidades da lei. Pode, por exemplo, emitir um documento escrito de delegaco de competén- cas. Este documento define a delegagio, enumera 03 cri- térios para uma delegacio apropriada e explica as situa- ‘Sesem que a delegacio se aplica. E da maior importancia que a enfermeira se familiarize com o funcionamento da prtica do seu Estado, Existem abpias do funcionamento da praca de enfermagem de cada Estado em cada Boar of Nursing; documentacio relativa ds questées especificas da prdtica existe nas associagdes de enfermeiras de cada Estado, INCE Em Portugal a entidade que emite esta cartetra €a Ordem dos Enfermelros, i spitole primeira A maior parte dos Estados também distingue en- tre a pratica de enfermagem geral e a priticn de enfer- magem de especiatidade. Algumas regras © regulamen- tos que se aplicam a pratica de enfermagem geral nao se aplicam & prética da especialidade. Por exemplo, ros servigos nao especializados qualquer enfermeira pode realizar a administragao de soros intravenosos. Contudo, num servico de especialidade como a pedia- ttia, a maior parte dos Estados requerem uma BE para iniciar e manter este procedimento, © Board of Nursing Estadual também define e ex- plica os termos relevantes a pratica de enfermagem, Incluindo a avaliagio inicial, 0 plano de cuidados, as in tervencdes ou preserigaes de enfermagent e a avaliagio. No seu conjunto estes termos descrevem os passos do processo de enfermagem, que é explicado, pormeno- Fizadamente, mais & frente neste capitulo. A avaliagio inicial & definida como a reuniéo de todas as pecas da cotheita de dados e a tomada de decisdes com base nos mesmos. Esta avaliagio est dentro do ambito da pratica da EE. Contudo, a enfer- -meira menos diferenciada colhe os dados e contribui para o desenvolvimento do plano, mas nao faz a avaliagao inicial. Os dados subjectivos e objectivos, incluindo a cultura da crianga e as dindmicas familiar res, fazem parte da colheita de dados da enfermeira, sendo 2 avaliacéo inicial feita pela EE. O Capitulo 3 analisa a influéncia da cultura na saide da crianca € ros cuidados de enfermagem. ‘Acenfermeita dé assisténcia com 0 desenvolvimento do plano de cuidados, dando sugestées ¢ fazendo reco- mendagdes a EB. Esta é responsével pela determinagéo dos diagnésticos de enfermagem, o formular os objec- tivos globais e os resultados esperados, decidindo ain- da sobre os pardmettos de avaliagio que o utente deve- 1é alcangar para progredir em direcgdo aos objectivos. O principal papel da enfermeira revela-se na fase de implementagao do plano de cuidados de enferma- gem, momento em que é responsével pela execucio de muitas das intervengoes (isto &, os cuidados direc tos a0 utente). A EE redige as prescri¢des de enferme- gem e delega-as no ambito da pratica da enfermeira Os tipos de intervengdes que as enfermeiras me- ros diferenciadas podem realizar no ambito da pré ca sao também distinguidos. A EE presta cuidados ¢ intervengdes de elevada diferenciacao, incluindo os que tequerem especificamente 0 diploma de EE. Eo caso da avaliagao inicial, alguns procedimentos alta- mente especializados, o desenvolvimento do plano de ensino, e a avaliacao do progresso do utente com vis~ ta aos objectivos e resultados esperados. A enfermeira presta cuidados terapéuticos através de intervencSes especificas. E 0 caso da colheita de dados, das compe- téncias psicomotoras (por exemplo, os cuidados & traqueostomia, determinadas mudangas de penso), e ‘© ensino de certos procedimentos aos utentes e fami- INTRODUGAO A ENFERMAGEM PEDIATRICA 5) FIG. 1-2 Na prética da enfermagem pediétrica so utilza- ‘das muites € diferentes competéncias psicomotores. lias (por exemplo, mudar um penso pés-operat6rio), acompanhado da avaliagio individual de cada inter- vencio realizada (Fig. 1-2). A enfermeira também é responsével por uma par- te da fase de avaliacéo, incluindo no ambito da sua pritica a avaliagao dos cuidados de enfermagem pres- tados, Por exemplo, a enfermeira avalia a eficécia da administragao de um medicamento por aerossol. Aus- culta os sons respiratsrios do utente antes da admi- nistragdo do aerossol, compara-os com os sons depois da administragio, comunicando e registando quais- quer alteragées (a eficdcia do medicamento por aerossol). O papel da EE na avaliagdo é mais vasto. ‘Neste mesmo exemplo esta é responsavel pela andlise de toda a informagao recebida acerca das interven- es relativas ao sistema respiratério, proporcionan do uma avaliacio do estado global deste sistema. Esta informagéo pode incluir a frequéncia e profundidade da respiracdo, a alteracdo dos sone respirat6rios apés a administragao do aerossol, a cor da pele e a tolerin- cia do utente & actividade, a leitura da saturacéo de oxigénio, os valores laboratoriais, e 0 estado geral do utente. O papel da EE é descrito como desempenhando, efectivamente, o processo de enfermagem e tendo a responsabilidade global. O papel da enfermeira licenciada é descrito como colaborando e partici- pando no processo de enfermagem. A EE é uma profissional independente, enquanto que as outras enfermeiras desempenham as suas fungdes sob a orientagao e supervisio da EE ou do médico. E extremamente importante que estas _enfermeiras estejam familiarizadas com os procedimentos glo- bais e com 0 Ambito da pratica pedidtrica do Esta- do em que exercem a sua actividade. Uma vez que a lei varia de Estado para Estado, a enfermeira deve também consultar as leis que regulam a pratica de enfermagem. MVD aa 6 — QUESTOES CONTEMPORANEAS QUE AFECTAM A ENFERMAGEM PEDIATRICA parte Matrizes Conceptuais para Cuidados de Enfermagem Padres Funcionais de Saiide Actividede/Exercicio Cogritivo/Perceptusl SonolRepouso NutvicionalMetabético EliminagSo SexuelidaderReprodugio Velores/Crencas Coping)Stress Auto-percepgSo/Auto-conceito Relacéo entre’ pants Manutengio da satide/Percepcéo da satide. MATRIZES CONCEPTUAIS DE TRABALHO PARA OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM PEDIATRICA HA dois principais instrumentos de trabalho que a enfermeira pode utilizar para organizar os dados do utente e prestar cuidados: os padrdes funcionais de satide e 0s sistemas organicos. Existem onze padres funcionais de satide e onze sistemas orgdnicos (Caixa 1-1). A enfermeira pode comparar estes dois esquemas na organizacéo dos cuidados & crianga, Por exemplo, uma crianga com uma doenga cardiaca vai ter problemas com a realiza- ‘sao de actividade e exercicio. Uma crianga com uma doenca gastrintestinal poderé ter problemas com a nutrigio e a eliminacdo. Quer a enfermeira prefira organizar e desenvolver 05 cuidados com base nos sistemas organicos ou nos padrées funcionais de sai- de, a organizagio deste livro vai ao encontro das duas matrizes. Padrées Funcionais de Satide ‘A matriz de trabalho contemporanea destinada & ‘observacéo do estado de satide de um individuo € conhecida por padrdes funcionais de satide. Estes foram identificados e desenvolvidos por Marjory Gordon (1995), ¢ ajudam a enfermeira a organizar 05 dados e 0 plano de cuidados com base na respos- ta da crianca/familia a um problema ou doenca, em relagao as fungdes orgénicas. Quando a capacidade Sistemas Orginicos Sistema respiratério (Capftulo 11) Sistema cardiovascular (Capitulo 11) Sistema hematolégico (Capitulo 12) Sistema Imunitério (Capitulo 12) Sistema musculosquelético (Capitulo 13) Sistema nervoso (Capitulo 14) Sistema tegumentar (Capitulo 15) Sistema gastrintestinal (Capitulo 16) Sistema endécrino (Capitulo 16) Sistema urinétio (Capitulo 17) Sistema reprodutor (Capitulo 17) Probblemas psicossocials (Capitulo 18) de funcionamento da crianga esta afectada, a enfer meira centra-se num plano para ajudar a crianga a lidar com o problema e a adaptar-se, quando neces- sério, a outras formas de funcionamento. Deste modo 08 padres funcionais de satide encaram o utente sob uma perspectiva mais ampla do que a dos sis- temas organicos. Os cuidados de enfermagem diti- gemse & resposta do utente & situagao de satide, ndo limitando a pratica de enfermagem a drea da doenca, A enfermeira centra-se no bem estar, na pre- vengao da doenca e na manutenco ou restabele- cimento da satide, e ndo apenas na presenca ou au- séacia de doenca Sistemas Organicos A organizagio da maior parte dos cuidados de enfermagem pedidtrica tem sido feita de acordo com 0s sistemas organicos ¢ as doencas que afectam esses, sistemas. Tradicionalmente, este tem sido 0 modelo diomédico utilizado para os cuidados, porque se centra no diagnéstico e tratamento da doenga. Os capitulos da parte IIT sto dedicados aos siste- mas organicos, mas foram agrupados numa sequén- cia. de modo a facilitar 0 estudo curricular dos pa- deSes funcionais de satide. Por exemplo, ao estudar a actividade-exercicio do padrao funcional de satide sio abrangidos os sistemas respiratorio, cardiovascular ¢ hematoldgico. Ao estudar a nutrigao e a eliminagao dos padroes funcionais de satide, so abrangicdos os sistemas tegumentar, gastrintestinal, endécrino e urindrio. De realgar que os sistemas organicos nao se capitulo: primeiro centram especificamente nos problemas psicossociais, os quais s4o mais evidentes nos padrées funcionais de satide. CLASSIFICACAO DAS SITUACOES DE SAUDE DAS CRIANCAS As sittagdes de doenga classificam-se com base em determinadas caracteristicas. Estas classificagées defi- nem ¢ descrevern as particularidades de determina- das situagdes de satide. Uma doenga congénita esti presente ao nascimento, Sto exemplos de doencas congénitas uma malformacao cardiaca ou 0 pé equine. ‘Uma doenga adquirida ocorre durante 0 normal pe- iodo de ctescimento ¢ desenvolvimento da crianga. Um exemplo de uma doenca adquirida é a febre reu- matica ou a diabetes. Uma doenga aguda tem um infcio stibito, uma progressdo especifica e cede apés ‘um periodo de tempo relativamente curto. Um exem- plo de uma doenca aguda é a faringite estreptocécica ou uma fractura do fémur. Uma doenga cronica pode comegar com um episédio agudo, mas permanece durante o resto da vida da crianga. Durante o ciclo de vida, as doencas crénicas reque- tem alguns cttidados continuos e de adaptacio. Sk0 exemplos de doenca cténica a anemia falciforme, a asma 2 fibrose quistica. A maioria das criangas com doenga crénica é tratada noutros Tocais que nao os hospitais, como por exemplo em casa ou em regime ambulatério, onde recebem cuidados de vigiléncia para manter 0 seu estado de satide e controlar a doenca. Nestes locais a enfermeira desempenha um papel importante na prevencéo de complicagses da doenga crénica, e no ensino As criancas e familias de como controlar o pro-

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