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HISTORIA GERAL HILARIO FRANCO JR. RUY DE 0. ANDRADE FILHO nanny | ASH HISTORIA GERA q Hilario Franco Jr. Ree Tee pe listoria — Universidade de Séo Paulo Oliveira Andrade Filho ia — Universidade de Sto Paulo paginas toda a Histéria Geral, é ne- cessariamente seletivo, tanto nos textos que introduzem ca. da capitulo quanto nos mapas e gréficos que apresenta. A selecao do material foi guiada por um critério basico: von templar a globalidade histérica de cada civilizagao, de ca- da época. Por isso, ao contrario do que se poderia esperar de um atlas hist6rico convencional, os mapas sobre fronteiras po- Iiticas constituem apenas uma parte dele. Procurou-se ea. rantir éspago também aos aspectos sociais, econémicos, de. ogréficos, culturais, religiosos, apresentados em fotos, ta. belas e gréficos. Dentro de suas propostas e limitacdes es. Peramos que este Atlas se revele um instrumento de pes. Guisa bastante dtil. E 0 que desejamos Os Autores. editora scipione juidade Média Sumario As civilizagdes do antigo Oriente Médio A Grécia arcaica e classica A civilizacio helenistica A formagao do mundo romano A fragmentacao do mundo romano A cultura cléssica A penetragao dos germanos As civilizagdes bizantina e mugulmana O Império Carolingio A Europa feudal: politica e economia ‘A Europa feudal: religiio ¢ cultura A sociedade medieval As crises do fim da Idade Média O Renascimento As reformas religiosas Os descobrimentos O mercantilismo A colonizagao ibérica ‘A colonizac&o anglo-saxdnica As monarquias absolutistas A erise do século XVIL ‘A sociedade do Antigo Regime ‘A cultura do Antigo Regime Os Estados Unidos no século XIX A América Latina no século XIX. A Revolugio Francesa e 0 perfodo napolednico A Europa da reagio ¢ da revolugio As unificagdes A Revolugio Industrial O imperialismo A Primeira Guerra Mundial As relagdes entre os Estados Unidos e a América Latina O perfodo entre-guerras: politica O perfodo entre-guerras: economia ¢ sociedade A Segunda Guerra Mundial A Guerra Fria Novas linhas de ramo 76,77 Indice remissivo Bibliografia utilizada BNSSSS88E as 2BSa8es 83 y o 3000) £006. Eros eyes my a (ERTS [1 A vida econémica do Antigo Egito As civilizagoes do antigo Oriente Médio O homem apareceu na Terra ha trés milhdes de anos, mas formou sociedades complexamente organizadas (com escrita, Es- tado, leis, cidades) hd somente cinco ou seis mil anos t=". Ou seja, sua vida “histérica”? € muito mais curta e recente que a “pré-histérica”, sobre a qual temos informagGes fragmentarias, dispersas ¢ polémicas. Sabemos, entretanto, que por volta de 4000 a.C. o homem descobriu a agricultura, com ela se seden- tarizou ¢ assim comegaram a se desenvolver as primeiras civili- zasies. Conhecidas como civilizagées hidrdulicas ou de regadio consti- tufram-se em torno e em funco de grandes rios t=. : a Meso- potémia estava ligada aos rios Tigre e Eufrates Us" , o Egito a0 Nilot , a India ao Indo t=, a China ao Amarelo. Foi no Oriente Médio, com as civilizagdes da Mesopotamia e do Egi- to, que teve inicio a Histéria. Tempos depois desenvolveram- se ali outras sociedades, que, sem contar com o poder fertiliza- dor de grandes rios, ganharam caracteristicas diversas: pastoris (hebreus, filisteus, cananeus, hititas) C3 C=) , mercantis (fe- nicios, Ifdios, cretenses)-~ , militares (assirios, hititas, per- sas) (== . Cada um desses povos teve, além de uma rica hist6ria interna, longas © muitas vezes conflituosas relagdes com os demais, As duas principais civilizagdes foram a Mesopotimia e o Egito. A Mesopotamia, planfeie aberta & constante movimentagio de diversos povos, conheceu quatro grandes periodos histéricos: 0 sumério, 0 babilénico, 0 assirio 0 caldeu tt» . Essa periodi- zacio cldssica baseia-se na complexa hist6ria polftico-militar da regido. Em todas as fases, hd uma clara continuidade social (elite, homens livres pobres, escravos) e econdmica (cerealicultura, pe- cuéria, artesanato e comércio). Também do ponto de vista cul- tural (escrita cuneiforme, cédigos juridicos, astronomia) e religioso (politefsmo antropomériico), os povos mesopotémicos mostraram suas semelhancas. © Egito (+5, por sua vez, mais isolado por mares e deser- tos, s6 passou a ter contatos freqiientes com outros povos numa época relativamente tardia, por volta do século XVIII a.C. O fato de o faraé ser considerado um deus (enquanto os gover- nantes mesopotmicos eram apenas representantes de deuses) contribuiu por muito tempo para a estabilidade da regio. Para reservar o corpo do fara6 falecido e assim perpetuar a socieda- de, construfram as pirAmides. Estruturalmente ligados ao Ni- Jo, 0s egipcios concebiam o mundo como reflexo da luta entre © tio (deus Osiris) € 0 deserto (deus Seth). A vida econdmica desse povo dependia do Nilo: agricultura em suas margens, trans- porte de pessoas e mercadorias em seu leito. ‘Observe a concentracao da populagao asltica no Orienta Préximo, fo subcontinente indiano (sobretudo no Yale do ro Indo) ena China (Gobretudo no vale do rio Amarelo). [20 mundo ao redor de 3000 a.C. ES Aorcatores =] Prinires impsrios | Cagacores _— Novimentos populacionals ankora see. vila. ste. MC. EEE COIs A Grécia arcaica e classica A peninsula BalcAnica, habitada pelos gregos, € pequena, tem poucas Areas férteis ¢ muitas montanhas. Sendo bastante recor- tada pelo mar, possui intimeros portos naturais. O grande niéi- mero de ilhas préximas permite a navegac%o com seguranca, quase sempre com terra 4 vista. Tal configuragao geogrdfica con- tribuiu para a formacao de algumas das caracterfsticas hist6ri- cas basicas dos antigos gregos =. Compartimentados em pequenos cantées cercados pelas mon- tanhas ¢ pelo mar, cada grupo humano da Grécia Antiga esta- va relativamente isolado dos demais. Os gregos organizavam-se, assim, em pequenas unidades politicas, as cidades-Estados ou poleis | = . Esse relevo acidentado, entretanto, dificultava as in- vasdes estrangeiras, como ficou claro nas Guerras Médicas (499-449 a.C.), quando o poderoso Império Persa foi derrota- do pelas pequenas poles. O litoral bastante recortado da Grécia apresentava uma es- capatéria ao solo pouco favordvel & agricultura, com excecdo da producao de azeitonas ¢ uvas. Azeite ¢ vinho eram exporta- dos possibilitando aos gregos a importagio de cereais, madeira Em funcao dessas necessidades econémicas, des- deo século XII a.C. os gregos fundaram intimeras col6nias por toda a bacia do mar Mediterraneo, sobretudo nas costas da Asia Menor 1 - |. E, fato extremamente importante, todas essas trocas comerciais cram acompanhadas por trocas culturais. Os gregos absorveram, selecionaram ¢ adaptaram elementos de outras ci- vilizagSes, proporcionando a elas sua prépria cultura. As colé- nias gregas do sul da Itélia, por exemplo, teriam mais tarde papel significativo na formagao da civilizaco romana. Na maior parte das cidades-Estados, a populacao reduzida © a participaco de todo cidadao na defesa da cidade foram.ge- rando um sentimento de certa igualdade que acabou por levar A democracia [= . Por outro lado, a autonomia de cada polis criava forte sentimento regionalista. Antes de se considerar grego, © individuo se via como ateniense, espartano ou tebano. Assim, nao surpreende que, embora unidos contia 0 estrangeiro, os gre- gos, com certa freqiiéncia, lutassem entre si. Alids, foi o maior desses conflitos, a Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.), opon- do a democratica Atenas & olig4rquica Esparta e sttas respecti- vas aliadas, que enfraqueceu definitivamente a Grécia Antiga. O auge da antiga civilizacdo grega foi o perfodo classico (sé- culos V-IV a.C.). A implantagao da democracia (2) em va- rias cidades e a produco de notaveis obras artisticas, literérias e carne C= (Ey rz 2 | Péricles e a democracia No inverno de 431-430 a.C., com a Guer- ado Peloponeso iniciada, Péricles fez a ‘sua oracao finebre. Em lugar de louvar ‘apenas os mortos, decidiu exaltar Atenas. ‘Seguem-se dois emocionantes trechos dessa oragao. “Nossa constituigao 6 chamada de demo- ‘cracia porque o poder esté nas maos nao de uma minoria mas de todo 0 povo. ‘Quando se trata de resolver quest6es pri- vadas, todos s4o iguals perante a lei, quando se trata de colocar uma pessoa diante de outra em posig6es de respon- sabilidade publica, o que vale nao é 0 fa- to de pertencer a’ determinada classe, mas a competéncia real que 0 homem possui”. “Agul, cada individuo se interessa nao s6 pelos'seus assuntos particulares, mas ‘também pelos assuntos do estado... ndo dizemos que um homem que nao se inte- ‘essa pela politica é um homem que tem ‘muito que fazer para si mesmo; dizemos {que ele ndo tem absolutamente nada que fazer aqu...E ha outro ponto em que nos distinguimos de outras pessoas: somos ‘capazes a0 mesmo tempo de assumir ris- (008 € de calculé-los previamente. Outros ‘so bravos por ignorancia e, quando pa- ram para pensar, comecam a ter medo. Mas 0 homem que pode em verdade ser ‘considerado bravo é aquele que mals sa- bbe avaliar tudo © que é doce na vida e tu. do o que 6 terrvel e sai, entdo, sem temor, para enfrentar 0 que vier.’ 5 | Comércio grego Yeates ar ae Til cose wen © Esome [i onic conse cartagineses S Fera TD rtio Pes cP Metais presosos eves 9 Pecaia & Caria Tigo ote + Vito 7 MAGNA dsron GRECIA [A Cronologia da Grécia Antiga [3] 0 mundo grego cristo ALEXANORE Penicues HoNERO Insitagso tos ss |= 1000 a.c. SSanices EE Morantas| ste. V6, se.106, A civilizagao helenistica O préspero perfodo classico no levou ao surgimento de um espfrito nacionalista e ao estabelecimento de uma unidade poli- tica entre as cidades-Estados gregas. Pelo contrario, a prosperi- dade geral de alguma forma acentuou as disputas internas e per- mitiu que, em 338 a.C., toda a Grécia fosse submetida por Fili- pe da Macedénia. Seu filho e sucessor, Alexandre Magno [45 , em poucos anos conquistou o vasto ¢ poderoso Império Persa e parte da india, constituindo o maior império conhecido até ent&o (3 . Mas esse vasto territéri unido & morte prematura do con- quistador: seus generais dividiram o império em trés reinos, que, enfraquecidos por lutas internas, foram submetidos por Roma nos séculos II ¢ I a.C C31, Portanto, a obra politica de Ale- xandre foi efémera, mas a fusio de elementos gregos e orientais propiciada por suas conquistas deu origem a um mundo novo, a civilizagao helenfstica C23 No plano econdmico, ela significou uma expansio das ativi- dades mercantis e artesanais, facilitadas pela unidade politica criada por Alexandre naqueles extensos territ6rios. Assim, desen- volveu-se uma economia internacional, com cada regiao se es- pecializando em determinadas atividades ¢ havendo intensa troca de mercadorias entre elas. Prenunciava-se a vida econdmica do Império Romano. Se até o final do século TTT a.C. a Gréeia beneficiou-se com as conquistas alexandrinas que abriram gran- des mercados aos seus produtos € proporcionaram grandes pilhagens aos seus soldados, depois desse perfodo ela passou a segundo plano. O eixo econdmico deslocou-se para as re- gides orientais, donas de recursos naturais e de populacdes bem maiores [= nao sobrevive No plano cultural, a fusio entre o dinamismo dos gregos € 0 tradicionalismo dos povos orientais egipcios, mesopotamicos € persas produziu resultados importantes. Nas artes predomi- naram a suntuosidade oriental, em obras como o Farol de Ale- xandria ¢ 0 Colosso de Rodes, e o equilfbrio grego, em obras, como a Vénus de Milo A filosofia grega, influenciada por certo fatalismo da visio de mundo dos orientais, levou a cor- rentes de pensamento mais adequadas aquele momento: o es- toicismo, que pregava a aceitacdo do destino, 0 ceticismo, que negava a possibilidade de se chegar & verdade, 0 cinismo, que defendia o desprezo as convengSes sociais. Nas ciéncias, 08 co- nhecimentos tedricos dos gregos ¢ o pragmatismo dos orientais permitiram o despontar de grandes nomes, como Euclides na Geometria, Arquimedes C23 na Fisica, Aristarco de Samos na Astronomia, [Yee else eyNe=Moro bean ene [| Oimpério de Alexandre Magno ae 2]0 mundo mediterréneo e iE DOWNS DE | Dseesce — fea econtmica dos gies ste. vita see1ac. JU TT DEDUOENENM EIIEKs EOYs A tormagao do mundo romano rE Jilio César Fundada no século VIII a.C., na regio central da Itélia, a pequena cidade de Roma acabaria por controlar todos os terri- t6rios da bacia mediterranea. No periodo inicial de sua hist6- ria, essa cidade foi uma monarquia (753-509 a.C.) e pouco se expandiu sobre seus vizinhos peninsulares. Mas com 0 estabe- Iecimento de uma teptiblica controlada pela oligarquia de grandes proprietarios agricolas, Roma passou a ter uma politica expan- sionista. Como resultado disso em 275 a.C. toda a peninsula Itdlica estava submetida C9 Cada conquista colocava os romanos em contato com outras poténcias ¢ tornava necessdrias novas conquistas para preser- var 08 territérios adquiridos anteriorm cem anos, foram conquistados a Sicilia, a peninsula Ibérica, o norte da Africa C2, a Grécia, a Asia Menor 3. No entanto, esse rapido crescimento territorial provocou al- c. Foi assim que, em [1 O inicio da expansao guns problemas socioecondmicos decisivos para o futuro do (maser Sree eT] mundo romano, Podemos dizer que o imperialismo aumentou as dist pequenos ¢ médios proprietirios rurais morreram ou viram-se endividados © que favoreceu a concentracao de terras nas maos dos latifun- didrios. Milhares de individuos foram ento obrigados a aban- incias sociais em Roma. Com as guerras os donar o campo e a migrar para as cidades. Ali, sem recursos econdmicos, essa populagio marginalizada tornava-se fator de tcusies sociais © de Instabilidade politica Diante disso, 0 Estado procurava proporcionar a ela alimen- toe diversio, ‘pao ¢ circo” C23 , o que aumentava as despe- sas governamentais. Tornava-se necessério, entéo, dar conti- nuidade as conquistas, que, por sua vez, introduziam cada vez mais escravos em Roma — no século II a.C. existiam dois mi- Ihdes deles. Assim, era cada vez menos provavel que um cida- TIRRENO cage dao romano pobre achasse emprego. Essa dificil e complexa si- tan tuacio abria caminho para experiéncias autoritérias, a mais co- sic 7-1 | nhecida delas, a de Juilio César (48-44 a.C.) = pron ome [4 "Pao e circo" Roma e o Mediterraneo: 0 mare nostrum cmakin Sadun aie onan es 208 | ido vee 4 Et so iti oman oo cone r omame powro euxivo [Roma e o Mediterrineo Ocidental: as Guerras Puinicas EXPANSAO| |CARTAGINESA apés a 1? guerra pinica cORSEG: (CONQUISTADAS: ANIBAL | MAURITANIA B® canago | Posessioscatagesas tess de Cargo Fore Conus omanas (2842 212.0) Ered onanas Cotes ages @OO© cvs mites dt, 216 guras pias thas ey . me m 146 [CONQUISTADA ) RETORNO DE ANIBAL \~ oto de sites eine we. Vee ESTES ESSE or Otévio Augusto | A fragmentagao do mundo romano A crise social decorrente da répida expansio romana levou a um perfodo conturbado de tentativas de reformas (irmios Graco) ¢ de ditaduras militares (Mario, Sila , César, Ot4vio), que abalou profundamente a Repiiblica. Dessa forma, quan- do Otavio t+, apés derrotar seus rivais e conquistar 0 Egi- to, reuniu todo poder em suas maos, na pratica inaugurou 0 perfodo imperial (27 a.C.). Todavia continuou a se ressentir dos problemas estruturais dos tiltimos tempos republicanos. A forte desigualdade sécio-politico-econémica, o escravismo, © gigantismo do Estado, a crise espiritual continuaram pre- sentes. A passagem do poder oligarquico (0 Senado republicano) ao pessoal (0 imperador) nao resolveu a questo politica. Se Oté- vio Augusto ¢ mais tarde alguns sucessores (Trajano, Adriano, Anténio) revelaram-se eficientes estadistas ¢ administrado- res =~, no conseguiram formular uma regra clara e indiscu- tivel de acesso ao trono, Em funcao disso, muitos militares ¢ aventureiros puderam tomar o poder, numa sucessio de gover- nos efémeros que aumentaram as dificuldades de Roma, No cur- to perfodo de 235-284, por exemplo, Roma conheceu vinte ¢ seis imperadores. E natural ento que muitas provincias tenham | buscado sua autonomia, mostrando a impossibilidade de se man- ter 0 vasto império unido t * . Tentativas de reformas politico- administrativas, como a de Diocleciano no final do século III, go tiveram sucessy dusadury. Nesse contexto é que se deve entender a politica de aproxi- magio entre o imperador Constantino ¢ o cristianismo (>). Essa religio, pouco importante no inicio, era uma seita judaica, sur- gida em uma distante e secundéria provincia do império. Sua mensagem de igualitarismo, pacifismo e sobretudo de esperan- ga dizia muito 3s populagées mais pobres e marginalizadas do império. As dificuldades desta vida eram suportiveis com a ex- pectativa do Céu. Por isso, a nova religido ganhara terreno em funco da crise romana. Apesar de tornar-se proibido por ne- gar o carter divino do imperador romano, o cristianismo t= continuou a fazer adeptos. Percebendo isso, Constantino | =, €m 313, revogou a proibigao ao culto cristo e Teodésio, em 380, transformou-o na religiio oficial do Estado, proibindo, em 392, os cultos pagios. Significativamente, nessa iltima data, reconhecendo 0 alcance da crise, Teodésio dividiu o império em duas partes auténomas, com duas capitais ¢ dois imperadores (=. Quebrava-se a ve~ ha unidade mediterranea, Paralelamente, a pressio dos povos germanicos desde o século ITI gerava enorme inseguranga ¢ acen- tuava as tendéncias separatistas de cada regiio. Caminhava-se claramente para a fragmentaco da Europa, que se estenderia por vérios séculos. (Ea e Cor rte de Coss August 14 26-14 8.) Teritrios muto cristianizados "Grandes comunidades crits viac. 14 Ls UU TT TES rr EES . [4] 0 fluxo sangiiineo segundo Galeno A cultura classica —a a ‘Como um poeta romano jé havia percebido, ‘a Grécia cati- va cativou Roma". Ou seja, os rudes romanos, agricultores ¢ guerreiros até ento, ao invadirem e conquistarem a Grécia (I a.C.), ficaram fascinados pela cultura. Na verdade, os ro- manos jé tinham contato com ela havia muito tempo, devido a presenga de coldnias gregas no sul italiano. Mas, sem diivida, a admiracio foi reforcada com a chegada dos romanos & terra helénica. Povo menos especulativo e mais pragmético, menos inovador e mais tradicionalista, menos criativo e mais discipli- nado, os romanos adotaram e adaptaram varios elementos da cultura helénica. ( sistema de Galeno entendia que a respiragdo tinha como funcao restriar ‘9 sangue @ 0 corago pela vela pulmonar. © coragao seria 0 centro iradiador do calor i @ 05 pulmées, os foles de restriamento, [2] Aarte da pintura grega Tal concepgao mesclava a idéia do ar como pneuma (espirito), donde surg 2 expressao popular "sopro de vida" Entre 0s gregos a pintura era sobretudo praticada nas antoras de argila que acondicionavam 0 azelte e 0 vinho muito ‘eonsumidos internamente € bastante exportados. O exemplar & direita. de principios do século VI ‘a.C,, mostra os herdis miticos Ajax e Aquiles Jogando. Os romanos, por Sua vez, apreciavam a arte aparentada do ‘mosaico, que com pequenas pedras de cores e formatos diversos compunham as mais variadas Imagens, como neste exemplar do século Il [] O teatro de Epidauro \ O teatro de Epidauro, : \ nna Grécia, podia receber < \\ até 14.000 espectadores. S Construldo ao ar live \ le tinha acdstica perfeta No efrculo da orquestra ; ficava o altar do y deus Dioniso, \ Jd que 0 teatro nasceu lorouestea como parte dos rituals dedicados aquela v ear, Na divindade, ESE ‘ato. A estatua da direita ‘mostra o motivo romano cristao do bom pastor 10 do proprio Cristo) “gue recuperou a ovelha “desgarrada (0 fiel que se perdera e retoma a __seguranea junto Divindade). ev se. vi Rees A penetragao dos germanos Os greco-romanos chamavam de barbaros os povos estranhos a sua cultura e a seu mundo. Dentre eles, os mais préximos eram ‘os germanos, divididos em duas grandes familias: a gética (vi- sigodos, ostrogodos, hérulos) ¢ a teut6nica (francos, anglos, vé dalos, lombardos) (=~ . Localizados nas fronteiras setentrionais do mundo romano, os germanos mantinham com ele contatos esporédicos. No século IV, com a crise do império, muitas tri- bos germénicas foram incorporadas ao exército para policiar as fronteiras romanas. No momento de recuo demografico da po- pulago romana [77 e de sua crescente cristianizacio, diminuiu a procura pela carreira militar, 0 que propiciou a germaniza- cao do exército imperial A posterior ocupacio dos territérios ramanos pelos germa- nos foi, assim, apenas o resultado de uma evolugo que os tor- nara a forca viva do império. Portanto, por cerca de dois sécu- los houve uma penetragao pacifica e apenas na primeira meta- de do século V aconteceram as verdadeiras invasdes germAni cas. Estas, na realidade, foram precipitadas pela pressio de um povo oriental, os hunos (= , que levaram os germanos em fu- ga a entrarem macicamente em territério romano (2 Colocavam-se, desta forma, frente a frente duas civilizagdes que ao longo dos séculos seguintes iriam se fundindo para for- mar a Europa, a romana e a germanica Cs) C22 . Socialmen- te, os germanos baseavam-se na familia patriarcal e monoga- mica e, politicamente, na tribo. Seu chefe era um rei eleito pela Assembléia dos Guerreiros, com a qual dividia as principais de- cisdes. Economicamente, os germanos eram agricultores ¢ pas- tores, com um artesanato pouco desenvolvido (com excecao da metalurgia) e trocas comerciais esporddicas. A literatura e o direito eram transmitidos de forma oral de geracio a geracio; as artes principais eram a ourivesaria € os trabalhos com outros metais, Os povos germanos eram politefs- tas, com deuses representativos de fendmenos naturais e sociais. Os principais deuses eram Thor, divindade da guerra, e Freya, da fecundidade. Apesar de representarem apenas 5% da populagao total do Império Romano, em poucos anos os germanos ocuparam pontos nevralgicos do Império. A cidade de Roma foi conquistada em 476 (5 ¢ 0 tiltimo imperador deposto. Quebrava-se a unida- de de polftica anterior. Surgiam vérios reinos germAnicos, pon- to de partida dos futuros pafses europeus (32 Ca) Ce] C=? Comecava a Idade Média. PEE la 0 reino merovingio (480-560) (i wri nes soa asc | et | ineAs courses | PeL08 cemusnicos ens Benew ene [o> ners de cio, do nbn (88°572) [EB ters zane rtrd 574 |= Foran sos Esato Pntcios [erste oars so oer de 618 Canpants de Pepi, Breve cana olombarios TZ Ategressio demogratica Evoueo degree da Crstandade cients (ons Rta) ye 20 cantébricos | AQUITANIA (eine dos visgodos em 887 | > conquists visigiticas Reino visigiico em 711 Temttobizantin ente $54 e 624 oceano atid \ 4 <== moe rat pe ew 8 [ar ean we ee contre | Fs somteae Canantas te 18 com As civilizagées bizantina e muguimana Ee ADE Enquanto os germanos partilhavam entre si o Ocidente, no Orien- te a outra metade do Império Romano sobrevivia e teria importante papel ao longo da Idade Média (= . Tendo como capital Constanti- nopla (+ , antiga cidade grega de Bizincio, o Império Romano do Oriente ficou conhecido como Império Bizantino. Tratava-se de um Estado multirracial, que aceitava como cidado todo aquele que falasse grego e seguisse 0 cristianismo ortodoxo t= A monarquia era teocratiea, sendo 0 imperador considerado um vice ‘Deus. Por isso, a Igreja ortodoxa (ao contrério do que ocorreria com a catdlica no Ocidente) era dependente do Estado. A religiosidade po- pular era muito exaltada, e ndo poucas vezes ocorreram revoltas e crises profundas por razdes religiosas. A cultura, embora sintetizasse as con- tribuigdes de varias provincias, tinha um inegavel carter grego. A economia era de base agraria, mas com um importante setor artesa- nal ¢ comercial = Os mesmos elementos que possibilitaram a vitalidade do Império Bizantino acabariam, contudo, por enfraquecé-lo. © poder do impe- rador despertava inveja, rivalidade e atentados. O forte sentimento religioso levava a desentendimentos e separatismos. A riqueza do co- mércio e da capital atrafam concorrentes ¢ invasores. Depois de uma hist6ria longa e conturbada, o Império caiu, em 1453, nas mios dos turcos, povo seguidor de uma religido nascida na Ardbia oito séculos antes € que se difundira por extensas areas. Depois de um comeco dificil, em 630 Maomé conseguiu unir os rabes em torno de sua proposta religiosa, o Isla. Seus seguidores, ‘conhecidos por muculmanos ('‘os que fizeram a paz com Deus”), acre- ditam na existéncia de um tinico Deus, Alé. Em nome dele devem rezar cinco vezes ao dia voltados para a cidade santa de Meca e pere- sgtinar pelo menos uma vez na vida até ela (2. Estavam obrigados ao jejum diurno durante o més sagrado de Ramadi, ¢ deveriam tam- ‘bém dar esmolas aos pobres ¢ ao Estado. Aqueles que morressem em nome dessa religigo ganhariam o Paraiso. Unidos por essa crenca, necessitados de terras mais férteis, em pou- cos anos os érabes conquistaram um imenso império e converteram imtimeras populaces ao Isla esse vasto mundo muculmano 60s problemas politicos nao foram raros, mas foi a vitalidade econémi- cae cultural que mais se sobressaiu, assim como ocorreu com 0 vizi- nho e inimigo Império Bizantino. Foram na verdade essas duas civilizagdes que preservaram ¢ ampliaram muito da cultura antiga, transmitindo-a A Europa (= Se até o século XI as civilizagdes orientais, bizantina e mugulma- na foram, em todos os sentidos, superiores & do Ocidente romano- germanico, depois desse periodo a situagao se inverteu, em parte gra- {gas & rica heranga cultural que elas legaram aos ocidentais 5 . ae | ESS [2 ACaaba, em Meca [antec AEA Nesta miniatura iraniana, vemos o ‘centro de Meca, onde esta um equeno templo cibico — a Caaba. Antes de Maomé, a Caaba (0 cubo) era ‘um lugar de culto e de peregrinacao. ‘Ainda hoje, durante o periodo anual de peregrinaggo a Meca, a Caaba Permanece recoberta com um pano Preto sobre os quais se escrevem vversos do Cordo. (1 Planta de Constantinopla Constantinopla, além de ser ‘um grande porto, é também capital religio sendo muito povoada. po Ages Seber ota Etapas e comércio do ao imp Bizantino = = = - * eee =e q 2 = g a é nner to ae ee 84 = a : Ob indigo ae erin 3 ew ee 2 cS Z 3 } . Mastin oe a $ | ; 2 =" | = ; = @ Pape 3 e Pere ° ie! 3 S ; e : . é S ies ae 3 - ¢ 4 = We . ‘Aexpansao muculmana (séculos Vile Vill) e as rotas comerciais (séculos Vill ao Xl) A ; go 2 a o\ ¢ © inn Pe oy \ rg Cobre OH Peles: BSE nn we ta rome : we, (2 Escraws Ly St ns are Sr Tet fs ‘ dD Marti . <2 > one SSN foe . og r el 2 ts bs Mea = at ans 2 sin ste sy seman fy Império Bizantino e 0 Isla Classico sas ae 5 Somers —s aoe —2 sc sico | 2000 se. etc. na (Eee ee 0 Império Carolingio A penetracio dos germanos alterara definitivamente o mapa politico da Europa, porém por muitos séculos 0 sonho de uma nova unidade politica permaneceu vivo. A primeira expresso concreta desse sonho coletivo foi o Império Garolingio, consti- tuido no ano de 800 C33 . Suas rafzes, no entanto, eram bem anteriores. A primeira delas é de 496, quando o rei Clévis, da tribo germanica dos francos, converteu-se ao cristianismo, per- mitindo uma primeira aproximacao com a Igreja3. A se- gunda deu-se em 732, quando 0 chefe franco Carlos Martel der rotow os muculmanos que tentavam invadir a Galia e passou a ser visto como uma espécie de defensor de todo 0 Ocidente cristo. A terceira ocorreu em 751, quando seu filho, Pepino, © Breve, foi coroado com apoio papal, inaugurando a dinastia carolingia. Em retribuigao, entregou ao papa (754) 08 territ6- rios italianos arrancados aos lombardos (33, Estava assim preparado o caminho para que o filho de Pepi- no, Carlos Magno, passasse a ser visto como senhor da Euro- pa. De fato, ele venceu definitivamente os lombardos, subme- teu os dvaros e saxdes, forcando sua cristianizacdio. Carlos Magno criou para seus vastos territ6rios um sistema administrativo que, apesar de muito personalista ¢ rudimentar, estava bem adequado as condigdes do momento C=) . Assim, conseguia-se certa esta- bilidade depois de trés séculos de vida conturbada para os oci- dentais 23 . Preocupado em ter clérigos e funciondrios reais mais capazes, Carlos promoveu um movimento cultural conhe- cido por Renascimento carolingio C23 . Esse perfodo foi mais de preservacao de elementos da cultura classica do que de cria- Ges originais. Contudo, mais uma vez, era o que no momento se podia fazer. Assim, verdadeiro patrono da Europa, nfo foi surpresa a co- roacao de Carlos Magno pelo papa em Roma, no natal de 800. ‘Teoricamente, renascia o velho Império Romano. Na pratica, tratava-se de algo bem diferente tanto que pouco sobreviveu a Carlos Magno. Seus netos assinaram em 843 o Tratado de Ver- dun, dividindo o império € desenhando a base do futuro mapa poll ses assolava a Europa Ocidental C23. . europewta3 . Paralelamente, uma nova onda de inva- O fracasso do Império Carolingio ¢ as invasdes dos vikings, muculmanos e hiingaros mostraram ao Ocidente que sua orga- nizacZo politico-econémica deveria ser reformulada. A respos- ta espontanea a essa necessidade foi o surgimento da sociedade feudal por volta do ano 1000 [7 1Esquema do mundo ——— [5]]0 cométcio do Império Caroiingio Can nt a oe] be nop eer mest — Pr an (EYER ea EVANGELIZADA o 598 9 715. OCEANO ATLANTICO EVANGELZADA par ota de 700 EVANGELZADA de 600 2 750, [6] As novas invasées (séculos IX e X) ta ie ve Branson 2000 a.C. One A Europa feudal: politica e economia A sociedade feudal reunia uma série de instituigées e prati cas anteriores ao perfodo, mas que s6 a partir do século XI pas- saram a formar um conjunto coerente ¢ predominante na Europa ocidental = Politicamente, era caracterizada pela fragmentacao do poder puiblico: cada grande detentor de terras exercia um papel quase monarquico em seus domfnios (+ [= . Os reis, sucessores dos monarcas germénicos, continuavam a existir, mas tinham po- deres efetivos somente sobre extensdes limitadas dos reinos | =. No aspecto econémico, estreitamente ligado ao politico, predo- minava a agricultura; assim, tinha poder econémico e politico quem tinha a posse de vastos territ6rios. ‘Quanto mais terra alguém possuisse, mais parcelas dessa terra (feudos) poderia ceder em troca de servico militar (vassalos) (= Gada uma dessas parcelas era habitada e cultivada por campo- neses dependentes (servos) {2 | que entregavam parte signifi- cativa de sua produgo ao nobre local 4. Essa organizacao social conseguiu impedir as invasdes estran- geiras ¢ alcancar certa estabilidade interna. As inovagées na téc- nica agricola | = |, o aumento da producao t= eo crescimento populacional tse) — no se sabe qual fenédmeno desencadeou ‘0 outro — passaram a fazer pressdo sobre os europeus. Por quase dois séculos, buscaram obter novas terras para o cultivo, para abrigar 0 excedente demografico e para ampliar o comércio. Junte-se a isso 0 forte desejo dos cristéos ocidentais de conti- nuar peregrinando a Jerusalém — o que os turcos os impediam de fazer desde 1078 — e teremos as condigdes que provocaram as Cruzadas (>). Por dois séculos (1096-1270) esses movimentos religiosos- militares tentaram conquistar para a cristandade latina o Oriente ‘Médio muculmano. Paralelamente, com 0 mesmo espirito, ocor- reram a Reconquista Crista da penfnsula Ibérica ¢ a Marcha para o Leste dos alemaes sobre a Europa Oriental eslava [= Em suma, a Europa feudal conhecia um momento de expansao territorial ¢ econdmica que teria profundas repercussdes. [410 orgamento de um senhorio Orgamento total (em tras), eee eee Dospesas é a = s Ase. ws (Pan [1] Um castelo medieval un . Q owes @ Tauae vane, @ rue esno @ Tore aig @ sesso G@ Pera pinc eaty © Comino spares GS) Poa toro acasa @ Comweseoe ——) Paeato cren @ twrane @ sere ceva @ koma @ roe leasin © Toresarorewnin — @ rorasentce @ reno @ toes mio @ cx, tore anes @ Eis [6] Exemplo de rotago trienal HE 790.2 memo Cereals primaver| (avea 0 ceva) ao —coninos [10) 0 crescimento demografico Paises “anos feogentetentehee oti) 1000_1900_ 12001300 iia 50 575 725 100 | Nemanha 5 40 60 Holanda 04 08 Bébjca e Luxenburgo 04 08 09 Suiga aa 08 Frange 775 105 Ingato © Gales 25 Espana Portugal Tota [7 Trabalhos camponeses B ae ——— i cys iti IB cis ase A Europa feudal: religiio e cultura O crescimento demogréfico-econdmico-territorial que a Eu- ropa conheceu desde meados do século XI influenciou a visio de mundo dos homens da época. No que diz respeito a religiéo, ‘ocorreram dois importantes fendmenos. O primeiro no plano institucional, com a Igreja, definindo de forma clara e indiscu- tivel sua organizagao interna (parocos, bispos, arcebispos, car- deais, papa), seus dogmas e suas crencas essenciais (Trindade, Encarnagao, Virgindade de Maria, sacramentos, etc.). A Re- forma Gregoriana (1073-1216), ao procurar purificar a Igreja [21 (=) , libertando-a das interferéncias da nobreza feudal, passou a dividir a sociedade em dois grandes grupos opostos, cléricos e leigos (21 © segundo fenémeno no plano religioso foi de certa forma uma reagiio a essa crescente institucionalizacao da Igreja. Mui- tos grupos que desejavam uma Igreja mais aberta, menos cor- porativa e nobilidrquica, formulavam interpretacdes do cristia- nismo que se opunham aquelas defendidas pelo clero. Eram as heresias C=. Outros grupos, embora também eriticos da Igreja excessiva- mente rica e poderosa, procuravam propor novas condutas sem se afastar da obediéncia ao Papado. O caso mais conhecido mais importante fot o das Ordens Mendicantes (Franciscanos € Dominicanos) (31 Essa trajet6ria religiosa da Europa feudal teve repercussbes. na concepcao e producao cultural. De um lado, a cultura erudi ta dos cléricos desenvolveu, sobretudo no século XIII, uma im- portante teologia-filosofia conhecida por Escoldstica (1 . De ou- tro, a cultura popular dos leigos produziu uma rica literatura em Iinguas locais (vernéculas) — cangées de gesta, ciclo artu- riano Ls . No entrecruzamento das duas culturas, a arte ro- ménica (=) (séculos XI-XIl) ea arte gética L=1 (séculos XII- XIV) aproveitavam elementos teolégicos e folcléricos, transmi- tindo valores que atingiam praticamente toda a populacio. [4] Arquitetura romanica e gética ssquema da arquitetura romanica (Rotar as paredes largas e 0s arcos redondos) e, 4 direita, da gética (notar a Paredes delgadas onde se colocavamn vitrais, os arcos ogivais e ‘08 poderosos contrafortes externos). eX! Ee ‘Um dominicano e um franciscano; desenho marginal de } um tratado inglés ‘sobre a pobreza ¢ 0 deménio cavalga 0 franciscano). [77 As universidades medic [FuNoag AS UNIVERSIDADES 1B Antes ce 1200 De 1200 a 1300 © De 1900 a 1350 © Papa Gregorio. A Quorela da (ela) 1789 (eVarhaaoa ee Heresias medievais (séculos Xle XII) [4 | O desenvolvimento do monasticismo (séculos X e XI) “Termels resulta 08 goles com (que ferem e aturdem.- vascaioe so langam nos bapes vastale oe lnpam 9s tim do outro” hrétien de Troyes (1185(7+1190(2). Pees A sociedade medieval Até 0 século XI, a sociedade medieval estava de certa forma polarizada: havia uma pequena elite, que detinha quase todos 0s poderes politicos e econdmicos, e uma grande massa de des- possufdos, No plano cultural, entretanto, a elite laica estava mais préxima dos camponeses do que da elite clerical, a tinica letra- da € herdeira da tradicao greco-romana Mas, a partir do ano 1000, comecou a haver diversas altera- Ges nesse quadro. Com o crescimento populacional ¢ agrico- lat , 0 comércio foi revigorado [2 22 € a vida urbana desenvolveu-se: entre 1100 e 1300, surgiram 140 novas cidades no Ocidente C2, além de terem crescido muitas das j4 exis tentes 3: . Aparecia assim uma nova sociedade ao lado da an- tiga. No campo a estrutura feudal classificava os individuos em trés ordens: dos clérigos, dos guerreiros e dos trabalhadores [= . A palavra ordem indicava uma origem divina para a condigio social de cada um. Nas cidades, ainda que teoricamente preva- lecesse 0 mesmo esquema, a prética social era outra. Ali os camponeses sem terra propria e sem liberdade pessoal (servos) esperavam encontrar um futuro melhor. © habitante das cidades ou burgos era conhecido como burgués, 0 que im- plicava uma situacio juridica espectfica, com obrigagbes bem definidas e direito de participar da vida polftica e administrati- va da cidadet2i . A maioria trabalhava em oficinas ou lojas de verdadeiros burgueses, detentores de poder politico e econd- mico na cidade. Os assalariados constitufam a maior parte da populacio urbana e, descontentes com a situacio, se revolta- ram varias vezes, sobretudo no contexto de crise dos iiltimos dois séculos medievais, Enquanto os burgueses enriqueciam, a nobreza feudal sen- tia crescentes dificuldades. Em alguns locais os dois segmentos sociais se opunham fortemente, mas em outros ocorria uma apro- ximagao. Para o nobre, uma alianca matrimonial com burgue- ses significava a possibilidade de manter um alto padrao de vi da, uma das caracterfsticas nobiliérquicas. Para o burgués, es- se casamento representava a superaco de suas origens campo- nesas ¢ humildes. Dessa forma, certos ramos da nobreza aos pou- cos se aburguesavam e certas parcelas da burguesia aos poucos se enobreciam. Caminhava-se para uma nova sociedade. [5] As viagens de Marco Polo Timpano da Abadia de Bourges se. XI PEE ‘| Tamanho e funcao da cidade medie 27 oa # te |S ran he _ Bl) man nteno me Z [EE] Expansio do século X10 XIN mmm Murana nova - século Xa XIV © consents © conta cnn atic 4 Pinca otitis Fetes comers ovens Feta coma heer 2 Fes iri da as = Cun 13 cra 2000 a.c. OES EEE ea 1.1 | Retragao e retomada demogratica As crises do fim da Idade Média__;; nits (ego tetas tua ‘0015 A Europa dos séculos XI-XIII vivera uma fase de expansio, Ml 2 Ao atingir seus limites, essa expansio provocou uma crise ge- ‘Holanda, 08 (Ow neralizada, que se estendeu por todo 0 século XIV e primeira _—iges*Luxentuge f metade do século XV. Expressando a lenta ¢ conturbada pas- Fava no sagem para a sociedade moderna, essa depressio teve varias ma-__ lta e Gales = @ nifestagdes, todas estreitamente relacionadas entre si (4_ [eee 08 A crise agraria, fundamental em sociedades baseadas nessa Tea, 738 atividade, comegou em 1315-1317, ligada a fatores climaticos, ao esgotamento das terras cultivaveis, ao excesso populacio: nal|+ . A producdo insuficiente | > elevou o preco dos ali mentos, provocando varias tensoes sociais | =. A subnutrigdo facilitou o aumento da mortalidade ¢ o surgimento de epidemias, sobretudo em locais superpovoados, como as cidades do norte europeu. A alta dos precos agricolas refletiu-se em outros seto- res da economia. Tudo isso era ainda agravado pela crise mone- tério-financeira de 1335-1345, decorrente do inicio da Guerra dos Gem Anos | 7 Nesse_contexto jé dificil, eclodiu a crise demogréfica de 1348-1350 com a peste negra t >, Introduzida na Europa por genoveses provenientes do Oriente, em pouco tempo ela mata- va um tergo da populacao, cerca de 20 milhdes de pessoas | + Foi, portanto, proporcionalmente, a maior catdstrofe demogréfica da Hist6ria. Mais ainda, duas instituigdes que poderiam tentar superar as dificuldades também estavam em crise. As monarquias sen- tiam 0 efeito da retragao econémica e, para fazer face a ela, au- mentavam os impostos € desvalorizavam a moeda, conseguindo dessa forma apenas aprofundar as dificuldades. A Guerra dos Gem Anos > , que opunha a Franca a Inglaterra, cada uma delas contando ainda com 0 apoio de outros paises, deixou as monarquias envolvidas com sérios problemas internos e exter- nos. A Igreja, por seu lado, conhecia uma situacao inédita e pe- rigosa: de 1309 a 1377 a sede do Papado foi a cidade de Avignon, endo Roma, como indicava a tradicao. A tentativa de superar ‘essa questo redundou num problema pior: de 1378 a 1417 exis- tiram dois (¢ as vezes mesmo trés) papas simultaneamente | =. ‘Tudo isso provocou uma forte crise espiritual. O atormenta- do homem do século XIV interpretava os problemas de entio como um castigo de Deus. Logo, passava a questionar a Igreja, que nao conseguia estabelecer a paz entre os homens e Deus. Nas artes tornaram-se comuns os chamados temas macabros, representagdes de cenas de morte, doencas, fome, guerra. Essa visio pessimista e fatalista do mundo, de certa forma, prolon- gava a crise do periodo | = Tais crises refletiam uma readaptagao. Passada a época vi- rulenta, 0 Ocidente europeu voltou a crescer. Mais que isso: sua moldura se tornou inadequada para a nova tela que se de- senhava. O Mediterraneo se tornava insuficiente para suas am- biges: a Europa descobre 0 Atlantico e busca nele novos horizontes. ‘Navegar é preciso...” LG | 0 cisma do Ocidente (1378-1417) Beg tne eCard tas ets Poms — , | 2 | Reducdo das terras cultivadas ‘AREAS CULTWADAS, es dP ag tts Psa eg oo MTSE ES te Igreja de Santa Maria Novella, Floreng O Renascimento Orgulhoso de seu momento hist6rico — a superag&o das cri- ses do final da Idade Média —, o homem do século XVI deno- minou sua época de Renascimento. Pretendia assim dar idéia de que o perfodo imediatamente anterior teria sido pouco im- portante — uma idade “‘média’’ colocada entre duas fases u- reas da humanidade. Para os renascentistas, os séculos XV e XVI assistiam ao ressurgimento da brilhante cultura greco- romana C2) . Tal pretensio é considerada hoje exagerada, pois a Idade Média nao desconhecera a cultura antiga, alids preser- vada em parte gragas aos medievais. Assim, nao houve uma quebra de continuidade entre um perfodo e outro. Por isso, atual- mente se prefere datar o Renascimento entre 1300 e 1600. Porém, se 0 homem renascentista nao tinha caracterfsticas absolutamente novas, sem diivida havia nele alguns elementos que o distinguiam de seus antecessores medievais: era profun- damente individualista, racionalista, eclético, hedonista, enfim, humanista [2 . O homem se autovalorizava, vendo sua exis- téncia como uma forma no apenas de louvar o Criador, mas também de louvar a si mesmo como criador C=. Esse perfil, contudo, nio se aplicava a toda a populagao eu- ropéia da época. A cultura renascentista, na verdade, foi um fendmeno de elite, um movimento urbano, tendo se manifesta- do desigualmente entre as vi regides (51. O centro-norte italiano, a parte mais urbanizada e rica da Europa de entio, foi o pélo dinamico desse movimento cultural (+. Nas zonas rurais que cobriam a maior parte da Europa, predominava uma cultura tradicional popular e oral. Nesse momento de intensificacdo das trocas comerciais e dos contatos possibilitados pelas peregrinacées, pela diplomacia e pelas guerras, cultura erudita e cultura popular naturalmente se interpenetravam, E 0 que se percebe claramente, por exemplo, nas obras do italiano Boccaccio, do francés Rabelais, do alemao Diirer e do espanhol Cervantes. [4] A Escola de Atenas, de Rafael Sanzio 32 UT TX YT) ATT] NTIGUIDADE EES) séc. XV As reformas religiosas er As modificagdes ocorridas no campo religioso no século XVI fA tom Kags foram produto das mesmas tendéncias individualistas, burgue- ia Te sas ¢ tradicionalistas que geraram 0 Renascimento. Esses ele- mentos, no entanto, foram processados de formas diversas nos movimentos reformistas. O individualismo renascentista, por exemplo, prendia-se & liberdade intelectual, enquanto o protestante dizia respeito a uma religido livre dos conceitos impostos pela Igreja Catélica. Jé 0 fortalecimento da burguesia, cuja visio de mundo e cujos re- cursos econdmicos contribufram para o que chamamos de Re- nascimento, também esteve ligado, em algumas regides, &s ori- gens da Reforma Protestante C21. De fato, muitos burgueses consideravam as restricdes as atividades mercantis uma postu- ra antiquada da Igreja e por isso se afastavam dela 9, Finalmente, 0 tradicionalismo integrou tanto 0 movimento renascentista quanto o reformista pois ambos baseavam-se em autoridades do passado: os autores classicos no caso do Renas- cimento, a Biblia no caso da Reforma Protestante G2 == , a Biblia e os tedlogos medievais no caso da Reforma Catélica Apesar desses pontos em comum, o espirito reformista era oposto ao renascentista. Enquanto este colocava 0 homem co- mo centro de tudo, aquele atribufa a Deus o papel fundamen- tal, O Renascimento era um fendmeno essencialmente otimis- ta, que chamava a atengJo para as qualidades criativas do ho- mem. As reformas religiosas, tanto as protestantes quanto a ca- télica, enfatizavam o lado pecador do homem, insistindo para que ele se entregasse totalmente a Deus. Nao foi por acaso que essas reformas surgiram em um contexto de angustia coletiva, com a Europa abalada pela Guerra dos Cem Anos, pela peste negra, pelo Cisma Papal, pela ameaca turca. Como tais dificul- dades eram interpretadas como castigos divinos, pensava-se au: tomaticamente em alteragées purificadoras (‘“reformas”’) na vida religiosa, As mudangas feitas & revelia da Igreja foram as Re- formas Protestantes (Lutero Cau, Calvino a3 ); as realizadas dentro da Igreja (Concflio de Trento, Companhia de Jesus) cons- Pane An pets De titufram a Reforma Catélica C3 A Luteranismo © cabinismo EY Angicanisma @ dBiingianismo @ outros cents 1534 Adeséo oficial dos Estados 0 protestantismo BF Princpais uiversidades protestantes se. xv UU (EES iz (eYeeRoe naa 3 | A difusdo das Reformas: a Europa no século XVI Btites Bien | ’ 5 BB acs \ 3 Bem | gare 2 WW ar, WS ‘sacRO SN BS | ee és pdvoni PRUSSIA IMPERIO ROMANO- GERMANICO se By Matoug ' POLONIA Heiaberg a TRANSILVANIA | HUNGRIA IMPERIO OTOMANO 34 JU EL Os descobrimentos Desde a Antiguidade, o homem ja cruzava os mares em bus- cade novas terras e mais riquezas. Os fenicios haviam atraves- sado 0 estreito de Gibraltar, entrado no oceano Atlantico e al- cancado as ilhas Brivanicas. Os vikings chegaram até a América do Norte, onde fundaram uma pequena e efémera col6nia. Ainda que nao esteja comprovado, é possivel que os chineses também tenham chegado até a América. Contudo, tais episédios foram relativamente isolados e nao tiveram maiores repercussdes. Como tentativa de resposta aos problemas colocados aos europeus pe- la crise do século XIV, é que se entrou efetivamente no periodo chamado de Grandes Descobrimentos C3) C=) . De fato, no século XV os portugueses aleancavam 0 arqui- pélago da Madeira, as ilhas de Cabo Verde e o litoral atlantico da Africa, podendo assim contornar esse continente para che- gar a India C33 . Paralelamente, Golombo atingia a América, integrando-a de forma definitiva & civilizagao curopéia E31 . No século XVI os curopeus chegavam & China e ao Japao e atra- yessavam o istmo do Panamd, descobrindo 0 oceano Pacifico. Isso tornava possivel a circunavegacao do globo, realizada por Fernao de Magalhaes em 1519-1522 ¢ por Francis Drake em 1580. No infcio do século XVII descobria-se a Austrélia -=> . Rompiam-se assim os limites geograficos conhecidos ¢ 0 mun- do se ampliava para os europeus. Naturalmente, um processo como esse, que se estendeu pelo menos por dois séculos, respondia a uma série de fatores. Den- tre 0s econdmicos estava, sobretudo, a forte necessidade de tri 80, ouro ¢, ainda que de forma menos premente, especiarias. Como fator politico pesava a crescente centralizagio monérquica, que levava os reis a verem com bons olhos a descoberta e ocu- pacao de ricos territ6rios estrangeiros por parte de seus stidi- tos 23. Outro importante elemento motivador foi o espirito cruzadistico ainda existente em Portugal e Espanha, que iden- tificava a expansio territorial & expansao do cristianismo. Por fim, também significativo era 0 componente psicol6gico, 0 es- pirito de aventura que arrastava os homens de entiio em busca de locais paradisfacos, ut6picos, como o reino de Preste Joao, 0 Pafs da Gocanha e 0 Eldorado. Enfim, os descobrimentos mesclavam aspectos modernos medievais 5 . Nao se pode ver no fendmeno apenas uma ma- nifestago burguesa ¢ capitalista. Crist6vo Colombo, por exem- plo, era, em certo sentido, um homem mais da Idade Média do que do Renascimento. Ele queria cheyar ao Oriente para lo- calizar 0 Parafso Terreno; em alto-mar ele viu sereias. Sua men- talidade nao diferia em esséncia da dos séculos anteriores. Sl Cr [3] Os Grandes Descobrimentos Expedigbes inglesas Raleigh, J. Dans <= Cabot (14971 —> Drake (1577-1580) (1534 © 1541) holandesas — Barents (1594 ¢ 1596) > Yermak (1581-84) Pati eres Pig «Cpe 16 ‘g; Tratado de Tordesibas B (1494) sc, XM [eee aan Zo exmticesporugesas —_Expdesexpntls w= Primes expedgdes +12 wagem de Colombo Vasco da Gana (r4e2 489) (vas71496) > Wesco (1499) = Cabral (500) Mogahes (15191521) = Aboqerque son 6 Cao (1522 nsc3515) Jo Congustadares (sc. XV (Di Rapes desanecidas en 1600 Regie contadas pbs portuguese até 1600 DW dominio espanol ate 1600 Een ANTIGUIDADE yaa ra Precos e salérios na Europa Cent (dct a cada 25 anos paso om pra das somas monet) O mercantilismo A crise do século XIV desorganizou de tal forma aeconomia 300-4 ALEMANHA européia que abriu caminho & intervencio do Estado na tenta- tiva de superar as dificuldades. A politica econdmica que aos 200-4 poucos foi se formulando ficou conhecida como mercantilismo. Teve seu auge no século XVII, no por acaso momento de gran- 99 de forca do Estado absolutista (21. De fato, para completar 0 processo de centralizag&o iniciado séculos antes, 0 rei precisava a controlar todos os aspectos da vida nacional, inclusive 0 econd- 300-4 mico. Daf o recurso & pratica de intervengio estatal na econo- mia; sem Estado absolutista nao hé mercantilismo, sem mer- 200-4 cantilismo nao ha Estado absolutista. Essa politica tinha cinco caracteristicas essenciais das quais a 100 primeira, base das demais, era 0 metalismo [3 . Dentro dessa concepsio, a forma bfsica de riqueza eram os metais precio- sos [21: quanto maior fosse a quantidade de metais existente 4004 BéLoIca num pais, mais rico e poderoso ele seria considerado. Mas co- mo obter sempre mais metais se a produgdo das minas euro- —_ 300 péias estava praticamente esgotada? Tirando ouro de outros pai ses; daf 0 segundo elemento: balanca comercial favoravel. Ex- portando muito (e recebendo em metais) e importando pouco (portanto, pagando pouco metal), 0 pais conseguiria um saldo 4g que aumentaria seu estoque metélico G5 C33. Nao se tratava, porém, de apenas exportar, mas exportar mer cadorias caras que atrairiam maior quantidade de ouro. Daf— 400-4 terceira caracterfstica — a politica industrialista, 0 incentive do Estado & produgo de bens industriais. Para importar pouco, recorria-se A quarta caracterfstica, o protecionismo. Ou seja, a imposicao de altas taxas alfandegérias para a entrada no pais de produtos manufaturados estrangeiros. As matérias-primas, en- tretanto, eram quase isentas, para que pudessem ser industria- lizadas e depois exportadas. Todo esse jogo de forte defesa dos interesses nacionais torna- va as relagdes internacionais muito tensas, como provam asmui- —_399- tas guerras do perfodo. Mais ainda, criava um impasse econ6- mico, pois, no limite, todos pretendiam vender e ninguém com- prar C21. A safda para essa situagao, e na verdade o clemento- chave do mercantilismo, foi © colonialismo C33 — ditima ca- racterfstica da polftica mercantilista. Regides dependentes (co- Jonias) eram forcadas a vender barato seus produtos as regides dominadoras (metrépoles) e a comprar destas seus produtos in- dustrializados. Assim, a riqueza da América colonizada foi en- = caminhada para a Europa, ajudando a promover 0 progresso geral dessa regiao. a0 200-4 300 + 2004 100 100 100. 150171525 1 —cereais —— Manuiaturas —=ss 37 ay | Baas | | i Peay cro) (eV NeYeMoLoN na ee "cereals na Europa Central (1500-1670) [<3] A colonizagao européia Sper a ganas ce aap 10D) : Z Loa — ane een “ssoino Teoria iesorzo| oceano | PACIFICO ‘Oceano lt occayo “ssovio yeotrI0” desor70 4 | 0 comércio europeu no século XVI Es ae | Dy Sa a | Cae Chao Tid a a u le jf taro e ° D> Especiaias ‘Te © Estanho Feo 8 2 Foragens L 4 ° weyers i Ingres Matin Metis: Ser ESHeELs A colonizagao ibérica Ao ocuparem as 4reas tropicais € subtropicais da Améri- ca(=1 , Portugal e Espanha visavam obter metais preciosos ¢ géneros agricolas que alcangavam altos precos no mercado eu- ropeu C2. Assim, nessas regides formaram-se col6nias de ex- ploracao, ou seja, voltadas para as metrOpoles C32. Elas nao ‘existiam por si mesmas, mas em fungdo dos interesses externos € possufam quatro caracterfsticas basicas, Em primeiro lugar o domfnio metropolitano, isto é, 0 centro de decisiio sobre a vida das colénias estava na metrépole, que definia o sistema politico-administrativo [3 23 , as relacdes econdmicas, as questées religiosas e culturais. Em segundo lu- gar, 0 “exclusivo comercial””: somente os mercadores da me- trépole podiam comprar os produtos coloniais para revendé-los na Europa e somente eles podiam trazer mercadorias européias para o mercado colonial. Em terceiro lugar, a grande proprie- dade agricola, que produzia em larga escala determinado bem para o mercado europeu (por exemplo, nos séculos XVI-XVII © agiicar no nordeste brasileiro). Por fim, o escravismo africa- no, utilizado nao por causa de uma pretensa superioridade do trabalho negro sobre o indigena, mas para gerar outro comér- cio monopolizado pela metrépole. Em suma, as colénias de exploragio deveriam atender aos pressupostos mercantilistas. Assim, os espanhéis, por terem en- contrado de imediato metais preciosos em suas coldnias, nfo pre- cisaram se preocupar com o sistema produtivo para a exporta- ao. Bastava confiscar as riquezas acumuladas pelos astecas no México ¢ pelos incas no Peru e forcar os indigenas a extrair ainda mais metais das minas. Foi apenas quando a quantidade de ou- ro ede prata comecou a diminuir que a Espanha recorreu & agri- cultura de exportacao. No caso da coldnia portuguesa de exploraco, o Brasil, a cro- nologia foi oposta. Nao tendo ali encontrado metais preciosos, 0s portugueses implantaram atividade de extraco (pau-brasil), de agroindiistria (agticar) e de pecudria [= C=) . Finalmente, no século XVIII, quando a minerao espanhola ja estava em decadéncia, descobriu-se o ouro brasileiro C21. Em func de- Ie, 0 afluxo de portugueses para a colénia cresceu dez vezes ¢ 6 territério brasileiro alargou-se em dois milhdes de quiléme- tros quadrados. gado expulsa o homem Brancos (mthares) = Bovinos (dezenas de mithares) Indigenas (contonas de mihares) (vinos (centenas de mithares) ons ras = 100 sas) |Aconquista da América ev TeV ee st, [3 | Organizagéo economica da América em 1620 OCEANO. ATLANTICO OcEANO, i PaciFico bie ptm Ora bons occas Tatas pelos Sesetas WL Pavtrasi gy Plantes OMercivio hae tows gress % stinenicas i toons ee TE Aes a dniaas nee TTT ES [4 | Atocha da liberdade A colonizagaéo anglo-saxénica Tendo os espanhéis e portugueses ocupado as &reas mais in- teressantes do Novo Mundo, restou aos ingleses apenas porges da América do Norte. Em 1620, grupos de calvinistas ingleses, que fugiam do absolutismo mondrquico ¢ da decorrente falta de liberdade religiosa, ali se instalaram C= Ca. Como essa colonizaco nfo era de cardter oficial e no tinha motivacao es- sencialmente mercantil, mas de seguranca ¢ liberdade, escapa- va ao controle metropolitano Além disso, localizadas na zona temperada da América, es- sas Areas nao produziam os bens tropicais (agticar, fumo, espe ciarias) desejados pelos europeus (21. Em funcio disso, tais re gides tornaram-se colénias de povoamento voltadas, portanto, para si mesmas e no para a satisfago dos interesses da metr6- pole. Aliés, elas préprias passaram a exercer na prética a fun- 40 de metr6pole em relaco as coldnias inglesas que se desen- volveram mais ao sul, em zona tropical C= Essa situagio permitiu a acumulacao de riquezas nas cold- nias do nordeste da América do Norte e nao na Inglaterra. A partir do inicio do século XVII, entretanto, a Inglaterra fez va- ler sua condigao de metrépole de todos os colonos americanos de origem inglesa [= . Como estavam habituadas a um século de autonomia e de crescente prosperidade, essas regides se re~ voltaram C1, e em 1776 declarava-se a independéncia dos Es- tados Unidos da América. [5 ]0 comércio das treze colénias se. XV EES EG ITN $]As questées coloniais (inicio do século XVIll) F a a [1 JAs treze colénias Betas em Fans agate EEE exes enero 2 poco pee zy Ene Ses i Aunidade francesa (1440-1589) As monarquias absolutistas A centralizacio politica nas maos do monarca, que se inicia- ra na Idade Média, completou-se e atingiu seu grau maximo na Idade Moderna, estreitamente relacionada ao despontar do capitalismo, do Renascimento e das reformas religiosas 2 O absolutismo deveu muito aos novos e miiltiplos recursos que o capitalismo colocou a sua disposicao. O monarca absolu- tista, por sua vez, incentivava o desenvolvimento capitalista atra- vés da prética mercantilista C53 . O Renascimento recuperara para os monarcas varios exemplos de concentragao de poderes da Roma antiga, enquanto as monarquias estimularam a cul- tura renascentista, protegendo e financiando artistas e literatos. Ao enfraquecerem a Igreja Catélica em algumas éreas, as Re- formas Protestantes transferiram vastos poderes para os reis, fos- sem eles ainda catdlicos (caso: da Franca), fossem protestantes que se tornaram chefes de uma nova Igreja (caso rae re aah da Inglaterra). in A centralizagao completou-se quando o monarca ganhou ju- risdig&o sobre todo o pafs, quando a tributacao deixou de ser senhorial e tornou-se estatal, quando passou a existir uma forca armada verdadeiramente nacional. No momento em que 0 po- der central fortalecido excluiu do governo outros grupos, con- centrando todos os poderes da nacio C2) , a monarquia passou a ser absoluta. O rei tornou-se entao administrador supremo, chefe do exército e representante de Deus. Era o legislador, 0 Juiz ¢ 0 executor. Segundo a famosa expresso atribuida a Luts XIV (1643-1715), era o proprio Estado C23. Dessa forma, esperava-se encontrar a paz, a ordem e a segu- ranga que tinham faltado nos conturbados tempos finais da Idade Média. Jean Bodin, um dos teéricos do absolutismo, afirmava: © rei podia tudo, pois “a mais dura tirania’? é melhor que a anarquia, Contudo, a relativa estabilidade de cada reino absolutista ti- nha como contraponto a instabilidade das relacdes internacio- nais da época C=. Cada monarquia absolutista buscava a supremacia européia, que garantiria a unidade do pais em tor- no de seu rei para enfrentar as poténcias estrangeiras. Cada nagio 86 poderia enriquecer em prejuizo das demais, tirando-lhes ter- rit6rios, coldnias, populacdes, matérias-primas e técnicas C= As tenses eram constantes, pois, temerosas do fortalecimento desmedido de uma determinada nagao, as demais se uniam tem- porariamente contra ela. Cada uma procurava garantir sua pr6- pria seguranga ¢ esperava o momento de impor-se a todas as outras. As aliadas de hoje eram as inimigas de amanhi e vice- versa. As lutas pela hegemonia continental envolviam toda a Eu- ropa numa intrincada rede de aliancas, tratados e questdes di- nasticas C2) RMU A TAGE GG DUERUNEE OEE IDADE MODERNA 1789 IDADE _CONTEMPORANEA |império europeu de Carlos V ae spend) (A) Rel absolut: Luis XIV oe \ wn mn ae i ‘i MAR MEDITERRANEO pie . | aC 44 Pores Ses A crise do século XVII O século XVI aparentemente conseguira completar varios pro- ‘cessos hist6ricos iniciados na Idade Média (Renascimento, pro- testantismo, centralizacao politica, capitalismo). A primeira vista, poder-se-ia entdo pensar que o século XVII seria de estabilida- de. Em funcao de desdobramentos de certos aspectos daqueles fen6émenos, ocorreu, porém, o inverso. No plano cultural, a ampliagao do conhecimento sobre a Ter- ra, gracas as viagens ultramarinas, além da revalorizacao da cién- cia grega, permitiu que cafsse a velha idéia de que a Terra era o centro do Universo. Ao tornar-se consciente de que habitava um pequeno planeta em torno de uma estrela de tamanho ape- nas médio (heliocentrismo), o homem perdeu a autoconfianca. Aarte c a literatura da época, 0 Barroco C1, expressaram a introspecco ¢ a emotividade que predominavam. No plano politico, o poder mon4rquico fortaleceu-se surgin- do o Estado moderno absolutista. A grande concentracao de po- deres nas maos dos reis, entretanto, provocou revoltas, como ade Cromwell, na Inglaterra (1642-1649) [51 C25 , eas Fron- das, na Franca C39 , (1648-1652). As diferengas religiosas, nao aceitas por Estados autoritérios, causaram a fuga dos calvinis- tas ingleses para a América ¢ a submissio dos calvinistas fran- cceses & custa de violencia. Além disso, estimulando o espirito na- cionalista e pretendendo estender seus territ6rios para fortale- cer o reino, cada monarca arrastava seu pais a longas guerras. A mais importante envolveu quase toda a Europa e se estendeu de 1618 a 1648: a Guerra dos Trinta Anos C=. No plano econémico, a crise estava ligada a retraco da pro- dug%o metélica da América espanhola e as dificuldades demo- grAficas devido ao reaparecimento cfclico da peste. A tendéncia era de alta nos salérios e baixa nos precos, desestabilizando a economia. As dificuldades comerciais levavam os pafses a bus- car mercados, muitas vezes provocando guerras, como as lutas, anglo-holandesas (23 de 1652-1654, 1665-1667 ¢ 1672-1678 ‘As guerras, por sua vez, ocasionavam maior retra¢ao demogré- fica. Na Alemanha, por exemplo, houve uma diminuigao de cer- ca de 40% da populagao em funcio da Guerra dos Trinta Anos [= . O recuo do consumo desestimulava os investimen- tos e provocava desemprego. Tudo isso aumentava o sentimen- to de inseguranca e reforcava o absolutismo. EEE i 1 Ta Guera Civil (1642-1645) omaNDIA ner MANE AI | < porrou —A casconna ATLANTIC 45 OCEANO ATLANTICO “Ay qv So Petosbugo Er ks Eee A sociedade do Antigo Regime A designacao de Antigo Regime foi utilizada inicialmente para as formas de vida ¢ governo da Franca anteriores & revolucao de 1789. Na atualidade, de forma menos rigorosa, aplica-se essa expresso a outros paises europeus com caracterfsticas préximas as da Franca daquele momento hist6rico. Grosso modo, seus ele- mentos eram o absolutismo, a sociedade estamental, as priti- cas mercantilistas e o colonialismo. Apesar das incertezas com relagao aos ntimeros, estima-se que 4 populacio européia tenha saltado dos 100 milhdes, em 1650, para 187 milhdes, em 1750 C=, O meio rural as atividades agricolas absorviam aproximadamente 85% da populacio. Com excecao dos Pafses Baixos, a urbanizacio nao excedia aos 20% da populacio total das regides européias F-!. Cidades como Londres, Paris, Viena e Berlim apresentavam uma populagao média que variava de 120 mil a 500 mil habitantes. A posse da terra e 0 prestigio dai decorrente ainda marcavam 0 compasso da sociedade do Antigo Regime. No século XVIII, apesar de todos os progressos econdmicos, a sociedade permanccia vinculada A divisio estamental do final da Idade Média (~ , Nela, cada estado ou estamento refletia uma fungio: o clero orava, a nobreza guerreava ¢ 0 restante da populacao (Terceiro Estado) se encarregava de manter os dois primeiros. Todavia, essa estratificago por func&es jé havia per- dido a maior parte de suas justificativas, Também j4 nao exis- tia uma uniformidade econdmica, social ou politica dentro dos estamentos 5 Ca, Ao lado de um clero poderoso, composto por cardeais, bis- pos ¢ outras altas fungGes eclesisticas, havia um clero humil- de, de parcos recursos econdmicos e formacao intelectual pobre. Era a estes iltimos que cabia 0 contato com a maior parte da populagio, A nobreza, de forma geral se tripartia. Um de seus segmentos era poderoso, desempenhando cargos burocréticos junto & monarquia € recebendo pensées. Outro se encontrava marginalizado dessas funcdes junto ao Estado, tendo de viver as suas expensas. Um terceiro segmento nobilidrquico era cons- titufdo por burgueses que compravam titulos 1. Congregando a maioria da populagao, o Terceiro Estado apre- sentava uma composicao extremamente complexa. Era encabeca- do pela burguesia, que, a partir de diversas atividades econd- micas C32 , se encontrava fracionada em distintas condigdes ju- ridicase politics, Nas cidades, em funcio do desenvolvimento industrial, crescia um proletariado geralmente vitimado pela sa- turagio da oferta de mao-de-obra ¢ pelos baixos salarios. Nos campos, aflorava a servidao legal (nao apenas, econdmica) na Europa oriental, enquanto a ocidental assistia ao fim de seus iiltimos resquicios > . i Asociedade francesa EEE A scconsto svi 6 possi mas pouco reienle ‘cam Vineuos, sbretudo dos casamerios SP Bate se so xvi juropa: alimentacao e densidade demografica ES AIMENTARES _QUANTIDADE DE ams paxe—CALORIAS POR DIA ie a Lascic,zete sem potuers - é Biss — sca - ras — Ta ous TENSIDHOE DBIOGRIFICA oe — (i Araceae? We Det0e Stab? au ore ODA a q it oe ‘Atividades de comércio e industria na Europa (século XVIII) | \ so rewsouae j 0 E Lgl ekrigsberg rot hueelge Baa reyes ts Rouen ®. Lille’ oF ranktu ‘Degen S * SB ) ven! fp, coos oe yeu and je yen ; fates Ew P's cme cae | indistias metakirgicas | imitans lu B Linho QD Aigodio | oa SS ir 2000 a.C. ANTIGUIDADE A cultura do Antigo Regime Na primeira metade do século XVIII, apesar de a socicdade do Antigo Regime permanecer organizada em estamentos, no havia no plano cultural uma uniformidade que correspondesse Aquela estratificagdo aparentemente rigida. O ponto central da questo estava na dificil definigao do que deveria mudar e do que deveria ser mantido. O grande conflito cultural dentro de todos os grupos sociais, ¢ entre estes, era portanto entre tradi- cio e transformacio C=). A cultura clerical sentia 0 problema nos desacordos entre 0 clero que freqiientara os semindrios (criados pela Reforma Ca- tdlica do século XVI) ¢ 0 clero que nao recebera aquela forma- Go. Teoricamente constituindo um sé estamento, com uma mes- ma cultura (23 , 0 clero na pratica apresentava realidades bem distintas. E, isso se refletia nas outras camadas sociais através da educago transmitida pelo clero. Uma escola mantida pela Igreja em uma grande cidade era bastante diferente daquela di- rigida pelos pérocos rurais, Entre os nobres, a situagio era semelhante. A alta nobreza, apesar de favorecida pelo Estado, permanecia arraigada cultu- ralmente a seu passado de poder, n&io vendo com bons olhos as mudaneas culturais que acompanhavam a centralizac&o po- Iitica, Os nobres das provincias, menos favorecidos em todos 0s aspectos, oscilavam entre seus velhos ideais ( nisso se iden- tificavam com os nobres ligados & corte) € as propostas inova- doras vindas da burguesia urbana 21. No Terceiro Estado, as populagdes rurais, sempre mais con- servadoras, viviam basicamente como nos séculos feudais. As populagdes urbanas apresentavam grande diversidade, mas de forma geral maior dinamismo F= . Os pequenos artesdos ¢ co- merciantes, recém-vindos do campo, mantinham ainda muito do folclore e dos habitos de suas regides de origem. Aqueles que habitavam hé mais tempo as cidades j4 haviam absorvido da- dos culturais de diferentes procedéncias. As propostas de transformagGes partiam, pois, das cidades. Em meio as suas diversas atividades, ganhava destaque uma certa parcela da burguesia. Cheia de combatividade intelectual, ela tinha os olhos fixos mais no futuro do que no passado. Ela ex- pressava artfstica e literariamente as reivindicacdes de um seg- mento social que cobrava maior participago nas decisdes da so- ciedade. Ela valorizava os instrumentos racionais como meio de atuagao social do homem. Assim, o desenvolvimento intelectual laico, citadino, burgués ¢ racional, que despontara com o Re: nascimento, ganhava mais consisténcia e criava condi¢des para que 0 século XVIII fosse 0 Século das Luzes = eS Atividades, carreiras e profissbes NeDicINa| PROPRIETARIOS EXPLORADORE: E040 ss ews oars Soars emoves te Bas Bai des Savants © 0 Mémoires de Trévouxevelam do conhecimerto do conte que ra Franca do século XVII O grfco basea-se lament eetuado de suas notias,classiicades | | CIDADES pid seu conto. ‘© com mais de 100 000 hbitantes de Tévoux apesar de sua linha eclsiéstca, ‘© cam mais de 80 000 habitantes aentever 0 avanco dos assunos tcrcose cientices, 8 € mais claramente notado no Joumal des Savants. Pris ANTIGUIDADE Os Estados Unidos no século XIX A independéncia das 13 colénias consolidou liberdades e di- reitos preexistentes. A Constitui¢ao de 1787 implantava a re- publica presidencialista e consagrava o federalismo, A autono- mia dos Estados era enorme. O Norte expandia para o Oeste seu dinamismo C23, uma incipiente indistria © 0 urbanis- moC. , Também para o Oeste tentava correr 0 Sul, com sua sociedade agraria, aristocratica ¢ escravista C=) Um cotidliano mais igualitério entre os pioneiros permitia o fortalecimento democratico. Paralelamente, com 0 trafico de es- cravos abolido desde 1807, as.dificuldades de expansao do sis- tema sulista tornaram-se maiores. O ingresso de novos Estados- na Federagdo 2.) ampliava as divergéncias entre 0 Norte eo Sul a favor do primeiro, que necessitava de mercados para sua crescente indiistria. Crescia a tendéncia abolicionista, com miltiplos interesses € pouco humanismo. Mesmo que desejasse, 0 Sul no consegui- ria mudar sua estrutura econdmico-social sem grandes compro- metimentos. Por isso, sentia-se pressionado. Daf alguns resol- verem fazer valer seu direito de se separar da Unio, constituin- do uma nova unidade politica: os Estados Confederados [23 Era a Guerra de Secesso (1861-1865). O triunfo do Norte im- plantou a hegemonia da Unido, arruinou a economia tradicio- nal do Sul e deu infcio & questo negra. A corrida para 0 Oeste ampliou as Areas de cultivo, trouxe imensos recursos minerais C21 ¢ atraiu grandes massas de imi- grantes C=, A idéia do ‘Destino Manifesto’ roda nos leitos das estradas de ferro que unem 0 Atlintico ao Pactfico C=. O avanco dos pioneiros faz recuar as tribos indfgenas, nao sem re- sisténcias, para seu tiltimo reduto: as reservas federais (=. O término da Guerra de Secessio impulsionou decisivamente a re- voluc&o industrial norte-americana C21, gracas ao grande po- tencial do mercado interno AA livre concorréncia perdeu espaco para os monopélios, apesar das legislagdes em contrério. O trabalho procurou se defender diante dos abusos do capital: sindicatos se organizaram C=. O caréter local ¢ reformista dos primeiros sindicatos foi logo subs- titufdo por tendéncias politicas. O vertiginoso crescimento no encontrou termo nas frontei- ras do AtlAntico e do Pacffico: & corrida para o Oeste, juntou-se a que se dirigia para o Leste e para o Sul. Os Estados Unidos da América transbordavam... PEST tz Reservas indigenas (1840-1900) 1840 1900 [ipPeservas indigenas [Ei] Ocupagio eu [2 Aevolugao de salérios e pregos veo 185018601870 1880 Pres —saliis conquista do Oeste sto. x Iso territorial e Guerra de Secessao c a \ N A py me my —cotomia emitéMica fy =r : ( oa INGLATERRA al ee ma necow 7 E ) nave = -MgSsACHUsETTS S oa) ENSILV A NEVADA E st S) ono, a JOVA JERSE! Taw z elaware i s, InGiNI | ey LNA | et Novo INESSEE ORE | STA ues | mexico ee CcEANO | . Texas ATLANTICO | o Prova montana stata or 185 | —— | Principais industrias manufatureiras j Var Wio-de-abra mexico eos) 55° 2600 1157 gape | Independent en caer tio Ba eso" Jew oom teat go im amo Cito inscunas 67" 708 2 2009 ie ee one tle Bias eseraragits gn 4 Sn oeon ate) aoe ( emaneeram na Undo an je = SS SS TS TTR 7 Aimigracao estrangeira [57 Aeconomia norte-americana — th tie dees Foes utes Eres ANTIGUIDADE eS a Aindependéncia da América ibérica A América Latina no século XIX inicio do século XIX assistiu & emancipagdo da América ibérica 3. O movimento foi nitidamente aristocrético = Em geral, 0 antagonismo entre as elites econdmicas coloniai © 08 interesses metropolitanos foi a raiz da luta emancipacionis- ta, Diferentemente das coldnias hispanicas, o Brasil libertou-se quase sem incidentes e manteve sua integridade territorial, en- quanto a parcela espanhola das Américas esfacelou-se C21 , re- sultado das pressdes externas € internas, das diferencas econd- micas © dos particularismos regionais. © auxilio inglés na América Latina foi sem diivida definido por seus interesses: seria mais facil exercer sua preeminéncia num continente dividido C39. A heranga do centralismo colonial, se- guiram as tendéncias ao federalismo. O sonho de Bolivar de uma América unificada e forte se desmoronou oficialmente no Con- gresso do Panam, em 1826. No Brasil monérquico C5 , 0 café tomou a economia e per- petuou 0 escravismo 21. Nos vice-reinos e capitanias hispa- nicas, em geral triunfaram as repiblicas, Ali, 0 processo arma- do da libertagao colaborou para uma militarizagio das institui- bes, cuja fragilidade favoreceu o desenvolvimento dos poderes locais: os caudilhos C= . Apenas na segunda metade do século XIX € que se encaminham os Estados nacionais. A teoria indicava o caminho das democracias liberais, mas, na pratica, as lutas entre os caudilhos € que apontavam os ru- mos. Os ditadores, os golpes, as constituigdes se sucediam C23. O clero catdlico e uma aristocracia prepotente disputavam 0 co- mando das massas mesticas e fndias. Quase inexistiam os gru- pos intermediarios [251 . Pressdes internas e externas eram exer- cidas sobre o escravismo. Nao bastassem os problemas regio- nais, as guerras se sucediam entre os novos paises. As razdes dos conflitos cram miltiplas ¢ iam das questdes fronteiricas & disputa de desertos, como 0 Chaco C=. Por seu turno, a independéncia politica nio implicou a eco- némica. Um consércio de paises europeus, tendo a frente a In- glaterra, substituiu Portugal e Espanha C24. As matérias-primas da América Latina seguiam agora para as indistrias européias; em troca, recebia manufaturados, investimentos de capitais di- RENO UNO ESTADOS FRANCA ALB retos do Velho Mundo, imigrantes ¢ empréstimos. — A margem da revolugao industrial, a América ibérica pros- seguiu dependente, uma regido periférica do capitalismo inter- nacional. A chegada do século XX anunciou 0 inicio do deci nio europeu. Mas 0 recuo da Europa correspondeu a ascensiio dos Estados Unidos. O novo senhor que se avizinhava nao deu espago aos paises latino-americanos; nao houve a possibilidade de ‘‘cem anos de solidao’’. sso. xe (YN esa 1789 IDADE CONTEMPORANEA [5 Desenvolvimento politico da América Latina — fests ns (SShveas disputadas (oolsnias européias $$ Consttucionalismo Shemales tue Se lene a polos aera ® Movimenios evoluconaios Beene alte al) aes Ac Caudhismo (ditadura militar) mis @ zea ino [4 Composicéo racial e imigragao na América Latina YR aneeo evo Uw 1862 Equador 108 Verano 1850 ‘04 Nova Granada | teat Augentna 1810 ‘Gosia ea 198 Praga ait ElSahador 158 hi 131 ‘uaterala 1138 Mecca 12 1158 Pau vet Repitiea Domicana| 1644 } Bast |1ez2(188BRepibica)| Comba 186 Boina 2 ‘aba’ ‘98 Ug 1028 Panama 1993 c See A Revolugao Francesa e o period napoleénico Durante o século XVIII, novas circunstancias hist6ricas acen- tuaram as contradigdes do Antigo Regime. O absolutismo era criticado por sua exagerada concentragao de poderes ¢ interven- ‘des na economiaatravés da politica mercantilista. A sociedade estamental continuava existindo apenas juris lonias, por sua vez, comecavam a propor sua igualdade diante das metrépoles. A transi¢do rumo ao capitalismo comecava a chegar a seu termo. A Revolugio Francesa de 1789 foi um dos grandes marcos desse momento. jicamente € as co- Longamente articulada, a revolugio de 1789 acelerou as tran- formagSes das estruturas do Antigo Regime, permitindo a as- censao burguesa. Mesmo absorvendo ou incorporando alguns dos antigos elementos, ela thes conferiu uma nova roupagem, E certo que a revolugao nao pode ser entendida isoladamente, devendo ser vista como parte de um movimento mais am- plo C33, entre os anos de 1770 e 1850, época das chamadas re- volucGes liberais burguesas. A Revolucio Francesa, no entanto, possui caracteristicas espectficas, derivadas da situaco conere- tada sociedade francesa C=, Movimento extremamente com- plexo, deve-se considerar também que sua exportagao para outros cantos da Europa, devido as guerras napolednicas, constituiu a base de muitos movimentos revoluciondrios posteriores C20 . Caracterizado pela inconstdncia e pelo reformismo durante a Assembléia Nacional e a Monarquia Constitucional (1789- -1792), 0 movimento revolucionsrio se aprofundou e se radica- lizou durante a Repitblica da Convenco Nacional (1792-1795). A politica do Terror, sobrepés-se a instabilidade da Repiblica do Diretério (1795-1799) C5 Por fim, as ameagas de contra- revoluc&o so afastadas com a implantacio do Consulado (1799-1804), que marca a ascensio de Napole’o Bonaparte ao poder. Homem formado durante 0 processo revoluciondrio, Napo- ledo foi um de seus legitimos herdeiros. Por vezes, seu governo pareceu uma regressio politico-social em relagdo & Reptiblica pre- cedente. Todavia, foi nese momento que se consolidaram os resultados obtidos pela revolugdo, suas profundas alteragées, e, eS a A Franga revolucionéria Om sin 88 Cat india com as guerras externas, seus ideais foram propagados = Mesmo assumindo formas ditatoriais, 0 império napoleénico (1804-14) traduziu o compromisso entre as necessidades liga- das a construgao de uma nova sociedade e as exigéncias con- junturais, internas € externas, adversas a essa tendéncia. A Eu- ropa que 0 derrotou apés seus tiltimos cem dias de governo (1815) procurou, em vao, reestruturar 0 Antigo Regime. O recuo dos ponteiros do relégio nao faria o retorno do tempo... nce nn os ses ree x (EEE ey ee EMeen arse Orcamento do Estado francés (1774) | 4 | Difuso do co Civil (Codigo Napoleénico) [3] 0 conflito franco-britanico (1783-1815) =

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