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Direito Processual Civil
Direito Processual Civil
CIVIL
META 01
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
META 01
SUMÁRIO
SUMÁRIO .......................................................................................................................................................... 3
DIREITO PROCESSUAL CIVIL - META 01 ................................................................................................. 5
QUAL DEVE SER O FOCO? ....................................................................................................................................5
1. CONCEITO DE PROCESSO................................................................................................................................5
2. CONCEITO DE PROCESSO CIVIL ....................................................................................................................6
3. RELAÇÃO ENTRE DIREITO PROCESSUAL E DIREITO MATERIAL. INSTRUMENTALIDADE
DO PROCESSO ...........................................................................................................................................................7
3. PROCESSO CIVIL CONSTITUCIONAL ...........................................................................................................9
4. FONTES DA NORMA JURÍDICA PROCESSUAL ................................................................................ 13
5. INTERPRETAÇÃO DO PROCESSO CIVIL .................................................................................................. 16
5.1. Principais métodos de interpretação da norma ................................................................................ 16
6. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO TEMPO..................................................................................... 18
7. APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO .................................................................................. 20
8. NORMAS FUNDAMENTAIS ........................................................................................................................... 21
9. PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL .............................................................................................................. 22
9.1. Devido Processo Legal ............................................................................................................................. 22
9.2. Princípio da dignidade da pessoa humana ......................................................................................... 24
9.3. Contraditório ................................................................................................................................................ 24
9.4. Ordem cronológica de julgamento........................................................................................................ 42
QUESTÕES PROPOSTAS .................................................................................................................................... 45
TEMA DO DIA
2. Princípios Processuais
1. CONCEITO DE PROCESSO
perspectiva de análise realizada. Assim, pode ser, segundo Fredie Didier Jr.1,:
c) relação jurídica.
Processo como método de produção de normas jurídicas: sob o enfoque da Teoria da Norma
jurídicas. Lembrando que o poder normativo só pode ser exercido processualmente, seja pelo:
Administração Pública;
1
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador: Juspodivm,
2015. p. 33-34.
processo deve seguir o modelo previsto na Constituição Federal com todos seus institutos
e direitos fundamentais
Processo como ato jurídico complexo: Para essa acepção, o processo seria sinônimo de
procedimento. É considerado um ato jurídico complexo, formado por vários atos jurídicos, em que
temos o ato final que o caracteriza, mas também ato ou atos condicionantes do ato final, que se
relacionam entre si, ordenadamente no tempo, de modo que constituem partes integrantes de um
processo. É, assim, o conjunto ordenado de atos destinados a um fim; um “ato compexo de formação
Processo como relação jurídica: o processo é o conjunto das relações jurídicas que vão sendo
estabelecidas entre os sujeitos processuais, que envolvem o juiz, as partes, os auxiliares da justiça,
dentre outros. Assim, o conjunto de relações jurídicas formam uma relação jurídica maior,
denominada processo. Nesse sentido, processo é uma relação jurídica complexa, composta por um
De acordo com Marcus Vinicius Rios Gonçalves2, o Processo Civil pode ser conceituado como
“o ramo do direito que contém as regras e os princípios que tratam da jurisdição civil, isto é, da
aplicação da lei aos casos concretos, para a solução dos conflitos de interesses pelo Estado-juiz. O
conflito entre sujeitos é condição necessária, mas não suficiente para que incidam as normas de
2
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 84.
jurisdicional civil – visto como ato-jurídico complexo ou como feixe de relações jurídicas. Compõe-se
das normas que determinam o modo como o processo deve estruturar-se e as situações jurídicas
Em resumo, o Processo Civil é o ramo do Direito que disciplina as normas da jurisdição civil,
Para a doutrina4, há diferenças entre direito material e processual e uma relação íntima entre
eles (“relação circular entre o direito material e o processo”), o que, em última análise, leva, como
A) Direito Material: são normas que indicam os direitos das pessoas. Corresponde a uma
normas de direito material, permitindo que seu titular possa recorrer ao Poder Judiciário
para fazer cumprir seu direito. O Processo não é um fim em si mesmo, mas um meio para
3
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador: Juspodivm,
2015. p. 34.
4
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 86.
instrumento da jurisdição, o meio de que se vale o juiz para aplica a lei ao caso concreto. Não é um
fim em si, já que ninguém deseja a instauração do processo por si só, mas meio de conseguir
conflito.”5
Em resumo: “O direito material sonha, projeta; ao direito processual cabe a concretização tão
jurídico autônomo, mas também um instrumento específico de atuação a serviço do direito material,
haja vista que seus institutos básicos são concebidos e se justificam para garantir a efetividade do
direito substancial ou material, na hipótese de uma determinada controvérsia jurídica ser sujeita à
O processo, enfim, realiza o direito material, e o direito material confere sentido ao processo,
5
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 86.
6
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador: Juspodivm,
2015. p. 39.
de Direito, todo e qualquer ato estatal de poder deve ser construído através de processos, sob pena
de não ter legitimidade democrática, e, por conseguinte, ser incompatível com o Estado
Constitucional.
Sob essa perspectiva, o processo civil brasileiro é construído – e deve ser entendido - a partir
formado pelos princípios do devido processo legal, da isonomia, do juiz natural, da inafastabilidade
7
Outros princípios que são expressamente referidos como normas fundamentais do processo civil são os da dignidade
da pessoa humana, proporcionalidade, razoabilidade, legalidade, publicidade e eficiência (art. 8º, CPC).
Constituição Federal, que serve ao processo como fonte de validade, influenciando a interpretação
de seus dispositivos.
As normas processuais não podem conflitar com as normas constitucionais, sobretudo no que
tange ao devido processo legal. Em resumo, todas as normas processuais devem ser interpretadas
Destaque-se que “O que hoje parece uma obviedade, era quase revolucionário numa época
em que a nossa cultura jurídica hegemônica não tratava a Constituição como norma, mas como pouco
que é conduzido por diversos sujeitos (partes, juiz, MP), todos igualmente importantes na construção
art. 6º do CPC.
8
[...] a atividade de aplicação do ordenamento jurídico passa a exigir um recinto de procedimentalidade discursiva,
marcado pela efetiva atuação das partes na construção do ato estatal, de forma que elas se identifiquem não apenas
como destinatárias, mas, também, como coautoras das decisões judiciais. (FARIA, Gustavo. Jurisprudencialização do
Direito: reflexões no contexto da processualidade democrática. Arraes. 2012, p. 61)
comunidade de trabalho, na qual se potencializa o franco diálogo entre todos os sujeitos processuais
[...] fazendo com que o contraditório, como direito de informação/reação, ceda espaço a um direito
deliberativa no campo do processo, reforçando, assim, o papel das partes na formação da decisão
Dito por outras palavras, [...] a atividade de aplicação do ordenamento jurídico passa a exigir
um recinto de procedimentalidade discursiva, marcado pela efetiva atuação das partes na construção
do ato estatal, de forma que elas se identifiquem não apenas como destinatárias, mas, também,
como coautoras das decisões judiciais. (FARIA, Gustavo. Jurisprudencialização do Direito: reflexões
Todos os sujeitos processuais devem agir de modo a alcançar uma solução (de mérito) tão
justa e rápida quanto possível, inclusive o juiz.9 Esse novo princípio processual ganha autonomia em
face do princípio da boa-fé. Nesse contexto, a doutrina disciplina a existência de alguns deveres de
● Dever de esclarecimento: que se divide em dois aspectos: 1) O juiz tem o dever de esclarecer
decisões equivocadas;
● Dever de consulta: o juiz tem o dever de consultar as partes acerca de qualquer ponto de fato
ou de direito relevante para sua decisão, mesmo que este ponto possa ser conhecido de ofício
pelo juiz. A decisão do juiz não pode estar lastreada em ponto em que as partes não tiveram
oportunidade de se manifestar. (busca evitar que a parte seja surpreendida); Sobre o tema,
9
“Observação importante que merece ser feita é que a cooperação prevista no dispositivo em comento deve ser
praticada por todos os sujeitos do processo. Não se trata, portanto, de envolvimento apenas entre as partes (autor e
réu), mas também de eventuais terceiros intervenientes (em qualquer uma das diversas modalidades de intervenção de
terceiros), do próprio magistrado, de auxiliares da Justiça e, evidentemente, do próprio Ministério Público quando atue
na qualidade de fiscal da ordem jurídica”. (BUENO, Celso Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo:
Editora Saraiva. pág. 45).
a falha processual e o modo como ela deve ser corrigida, evitando o proferimento de decisões
● Dever de auxílio: deve o juiz colaborar com as partes para a superação de dificuldades que
da análise dos artigos 256, § 3º, 319, § 1º, 321, caput, entre outros.
A) O dever de o juiz, antes de proferir decisão sem resolução de mérito, conceder à parte
oportunidade para, se possível, corrigir o vício processual.
B) O dever de o juiz diligenciar, a pedido do autor, a fim de que se obtenham informações
capazes de individualizar o demandado e viabilizar a sua citação.
C) O dever de as partes celebrarem convenções processuais.
D) O dever de o juiz, em sendo o caso, distribuir de forma dinâmica o ônus da prova.
E) O dever de o juiz dialogar com a parte mediante fundamentação concreta, estruturada
e completa.
Parte da doutrina divide as normas jurídicas processuais em formais e não formais, embora
São fontes formais as que expressam o direito positivo, as formas pelas quais ele se manifesta.
A fonte formal por excelência é a lei (fonte formal primária). Além dela, podem ser
ordenamento jurídico não pode conter lacunas, cumprindo-lhes fornecer os elementos para supri-
las. Podem ser citadas também as súmulas do Supremo Tribunal Federal (STF), com efeito
vinculante, bem como as decisões definitivas de mérito, proferidas também pelo STF, em controle
10
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 100.
Fonte formal primária – Lei: decorrência do sistema romano germânico que prevalece no
ordenamento jurídico brasileiro. É importante ressaltar que o CPC/15 será a principal lei em direito
processual civil. No entanto, existem outras leis esparsas que serão abordadas ao longo das
rodadas. Ex.: Lei do Mandado de Segurança, Lei da Ação Civil Pública etc.
Fontes formais acessórias – i) analogia, costume e princípios gerais do direito (art. 4º da Lei de
Introdução às Normas do Direito brasileiro); ii) Súmula vinculante do STF nos termos do art. 103-A
da Constituição Federal: são criadas pelo Supremo Tribuna Federal, mediante votação por quórum
qualificado e, vinculam as decisões judiciais e a Administração Pública. Essa súmula deve versar
sobre matéria constitucional e deve existir controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica
e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão; iii) Decisões definitivas de mérito
proferidas pelo STF em controle direto de constitucionalidade (art. 102, § 2º, da Constituição
Federal); iv) os demais precedentes vinculantes, enumerados no art. 927, III, IV e V do CPC
determinada matéria sem que se enquadre nas hipóteses do art. 927 do CPC.
processual:
a. Constituição Federal;
b. Lei federal. Nesse particular, vale lembrar que compete privativamente à União legislar
sobre direito processual,12 cabendo aos estados legislar sobre procedimento em matéria
processuais, como, por exemplo, sobre “algum tema que permitiria o ajuste do procedimento a uma
peculiaridade circunscrita a uma dada região (por exemplo, sobre lugar onde a petição pode ser
d. Medidas provisórias editadas antes da EC 32/2001 (que proibiu a edição de MPs em matéria
processual);
e. Precedentes;
g. Regimentos Internos;
parte e a sua representação processual será feita pelo seu respectivo cacique; a fonte normativa
11
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 24. ed. Salvador: Juspodivm,
2022. p. 85.
12
CF, art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
13
CF, art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...] XI -
procedimentos em matéria processual.
Interpretação: consiste na técnica de analisar as normas, que são gerais e abstratas, e buscar
o seu sentido e alcance para posterior aplicação ao caso concreto. A interpretação envolve a tarefa
de alcançar a finalidade pela qual a norma foi editada e compreendê-la no conjunto do ordenamento
jurídico14.
processual deve ser pautada pelos princípios fundamentais do processo previstos no texto
constitucional.
Art. 8º, CPC/15: “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins
a) Autêntica: é aquela realizada pelo próprio legislador que criou a norma e que, diante da
dificuldade de sua compreensão, edita outra, que lhe aclara o sentido. Ex.: Norma que traz os
14
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 109.
15
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 110-
111.
operadores do direito para fundamentar suas posições quanto ao alcance e sentido de uma norma.
questão e é fundamental para o aprofundamento das discussões. Podem servir para embasar
norma, buscando seu sentido por meio de análise gramatical e linguística. O intérprete deve
normativos. É, portanto, tarefa do intérprete, examinar a norma em seu conjunto e não apenas
obtenção do bem comum e respeitando os objetivos sociais a que se destina. Cabe ao intérprete
estar atento ao texto constitucional, no qual são indicadas as finalidades últimas do Estado e da
d) Histórica: busca interpretar a norma de acordo com a sua evolução histórica, o que inclui o
norma jurídica.
a) Extensiva: concluindo que a norma disse menos do que deveria, o intérprete estende a sua
b) Restritiva: atribui à norma um alcance menor do que aquele que emanava originariamente do
texto.
c) Declarativa: não é nem restritiva, nem ampliativa. Dá à norma uma extensão que coincide
exatamente com o seu texto, nem estendendo nem reduzindo a sua aplicação.
Vigência: A vigência é o lapso temporal em que a norma tem força obrigatória. O início da
vigência marca o começo de sua exigibilidade. A lei passa por três fases fundamentais para que
tenha validade e eficácia: elaboração, promulgação e publicação. Depois vem o prazo de vacância,
“Vacatio legis”: É o período entre a publicação e o início de vigência da norma. Pode ser
definido como o tempo necessário para que o texto normativo se torne efetivamente conhecido, e
variará de acordo com a repercussão social da matéria. O CPC de 2015 teve “vacatio legis” de 1 ano
por previsão expressa em seu art. 1.045 nas Disposições Finais e Transitória.
processual não retroage e é aplicada aos processos em curso (princípio do “tempus regit actum”).
Além disso, devem ser respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas
consolidadas sob a vigência da norma revogada anterior (“isolamento dos atos processuais”).
Regra: normas de processo têm incidência imediata, atingindo os processos em curso. Nenhum
litigante tem direito adquirido a que o processo iniciado na vigência da lei antiga continue sendo por
Nesse contexto, vale lembrar que o art. 1.046/CPC estabelece que, quando da entrada em
vigor do código, suas disposições se aplicam desde logo aos processos pendentes, ficando revogado
procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações propostas e não sentenciadas
No mesmo sentido, vide enunciado 568 do Fórum Permanente dos Processualistas Civis
(FPPC): As disposições do CPC-1973 relativas aos procedimentos cautelares que forem revogadas
Atos jurídicos perfeitos: atos já praticados devem ser respeitados na forma realizada pela lei
anterior. Exemplo: recurso que tiver sido impetrado na vigência da lei anterior, quando ainda era
cabível, deve ser recebido e processado, mesmo que a lei posterior o tenha excluído ou restringindo
Teoria do isolamento dos atos processuais17: os atos processuais são sucessivos e ordenados
no tempo. Assim, há a necessidade de ser verificar a fase em que se encontra cada ato: a) já
16
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 112.
17
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 112.
lei anterior deve perdurar até o fim do processo, não sendo atingido pela nova legislação;
b) Atos que serão ainda realizados: serão completamente regidos pela lei nova;
c) Situações pendentes: é o ponto mais complexo na análise. Prevalece que a lei nova não
Exemplo: se, no curso de um prazo recursal, sobrevém lei nova que extingue o recurso, ou
modifica o prazo, os litigantes que pretendiam recorrer ficarão prejudicados? Não, pois a
lei não pode prejudicar o direito adquirido processual. Desde o momento em que a decisão
foi publicada, adveio para as partes o direito de interpor o recurso que, então, estava
Por fim, uma observação em relação ao princípio do “tempus regit actum” e o direito probatório:
dispõe o art. 1.047/CPC que as disposições de direito probatório adotadas no Código de 2015
aplicam-se apenas às provas requeridas ou determinadas de ofício a partir da data de início de sua
vigência.
Em complemento à citada regra, vale lembrar que o enunciado 366 do FPPC dispõe que o protesto
genérico por provas, realizado na petição inicial ou na contestação ofertada antes da vigência do
E, ainda, ressalte-se que há quem defenda que “o que define a aplicação do CPC 1.047 é o momento
do deferimento ou determinação da prova (visto que o direito à prova surge com seu deferimento).
Se a prova foi requerida na vigência do CPC/73, mas deferida na vigência do CPC/15, será regida
pelo procedimento previsto neste último.” (NERY JR, Nelson. Ob. cit., p. 2.241)
Aplicação espacial: versa sobre o espaço territorial que serão aplicadas as normas
processuais. De acordo com o art. 16, do CPC/15, as normas de Processo Civil têm aplicação em
ATENÇÃO! Não confunda aplicação das normas de Direito Material e de Direito Processual. Um
juiz brasileiro pode aplicar normas de direito material estrangeiro, mas as normas processuais
Sentença e processos estrangeiros: como regra, não tem eficácia no território nacional, salvo
8. NORMAS FUNDAMENTAIS
estrutura do modelo do processo civil brasileiro e orienta a interpretação das demais normas
texto constitucional.
para o Capítulo I do Título Único do CPC/15 que versa sobre Normas Fundamentais do Processo
Atenção! Caro(a) aluno(a), é fundamental e indispensável para seu concurso, a leitura atenta aos
dispositivos previstos nos art. 1º a 12 do CPC, pois orientam todo o processo civil e serão abordados
18
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 111.
19
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador: Juspodivm,
2015. p. 61-62.
Com inspiração na Carta Magna Inglesa, de 1.215,20 o due processo of law funciona como um
justo com ampla participação das partes e a efetiva proteção de seus direitos21. Por exemplo, os
devido processo legal. A Carta Magna dispõe, em seu art. 5º, LIV, da CF/88 que “ninguém será
É importante destacar que o processo deve se conformar com o Direito considerado em seu
● Devido processo legal substancial (ou material): Forma de controle de conteúdo das
20
Carta Magna (Inglaterra, 1215), art. 39. Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade,
ou tornado fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém
contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra.
21
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 176-177.
22
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 63.
O “substantive due processo of law” também pode ser visto sob a perspectiva de limites ao
Sobre o tema, a propósito, já destacou o Supremo Tribunal Federal que "a essência do
das pessoas contra qualquer modalidade de legislação que se revele opressiva ou, como no
caso, destituída do necessário coeficiente de razoabilidade. Isso significa que o Estado não
e, até mesmo, de subversão dos fins que regem o desempenho da função estatal". (STF, ADI
1.158-8/AM/1994)
processuais mínimas. É voltado ao processo, especialmente ao juiz para que observe os princípios
processuais na condução dos atos processuais. De caráter instrumental, o “procedural due processo
of law” significa o direito a um processo regular e justo, que legitima a atividade estatal (pela via do
Assinale a opção que apresenta ato atentatório à dignidade da justiça, que enseja
aplicação de multa, de acordo com o CPC.
formado pelo conjunto de todos os direitos fundamentais, previstos ou não no texto constitucional.23”
Note-se, portanto, que a dignidade humana não é princípio exclusivo do Processo Civil, mas permeia
todos os ramos do direito invariavelmente e deve ser observado entre Estado e indivíduo e entre os
orientativo dos direitos e garantias fundamentais. No âmbito do Processo Civil, o art. 8º do CPC/15
medidas de ofício que resguardem a dignidade da pessoa humana, como exemplo, a prioridade de
tramitação processual de pessoa com doença grave não elencada no rol do art. 1.048 do CPC.
9.3. Contraditório
É princípio que encontra previsão constitucional no art. 5º, LV, da CF/88: “aos litigantes, em
23
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 75.
CONTRADITÓRIO TRADICIONAL
Reação: o contraditório é assegurado ainda que a parte não reaja efetivamente, desde que tenha
tido oportunidade para fazê-l o. Nos processos envolvendo direitos indisponíveis a reação é
obrigatória.
possibilidade de informação + reação, prevê que para sua real efetividade seria necessário exigir que
a reação no caso concreto tenha real poder de influenciar o juiz em seu convencimento24. Voltado
para a concepção democrática atual do processo justo, entende-se que reagir sem obter a “atenção”
do juiz não é suficiente para o respeito à garantia fundamental do contraditório. É necessário que o
convencimento.
surpresa25, de acordo com o qual, nos termos do art. 10/CPC, o juiz não pode decidir, em grau
algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes
oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
A decisão que desrespeita a citada norma é conhecida como decisão surpresa (ou decisão de terceira
via), como se vê, inclusive, da orientação do STJ, ao dispor que “a proibição de decisão surpresa -
24
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 179.
25
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 180.
assegura às partes o direito de serem ouvidas de maneira antecipada sobre todas as questões
relevantes do processo, ainda que passíveis de conhecimento de ofício pelo magistrado.” (STJ,
REsp 1.676.027/2017)
for proferida a seu favor, que se manifesta como a dispensa do contraditório inútil. Está
indiretamente previsto no art. 9º do CPC, pois somente há vedação para que as decisões sejam
proferidas contra uma das partes sem que ela seja ouvida. Não há proibição para decisões favoráveis
à parte:
Art. 9º do CPC/15: Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que
ATENÇÃO:
Embora a regra seja o contraditório prévio (art. 9º, caput), em algumas hipóteses, o contraditório
pode ser diferido, a exemplo do que ocorre nas tutelas de urgência, situações de extrema
necessidade, nas quais a decisão judicial precede informação e possibilidade de reação da parte
adversa. Um exemplo para ilustrar diz respeito à concessão de tutela antecipada para cobertura de
planos de saúde.
O contraditório diferido somente deve ser aplicado quando o contraditório prévio representar risco
grave à tutela jurisdicional pleiteada27. É o caso, por exemplo, do réu que, tomando ciência do pedido,
pode efetuar atos para impedir que a tutela ocorra como o esvaziamento de contas bancárias etc.
OBSERVAÇÃO: Para parcela da doutrina28, o princípio da ampla defesa está inserido na necessidade
26
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 182-183.
27
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 185.
28
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 87.
direito de defesa, ou seja, esta se realiza através do contraditório. (MENDONÇA Jr. Delosmar.
Sistema inquisitivo: o juiz é a figura central do processo e cabe a ele a condução sem a
Sistema dispositivo: o juiz tem participação condicionada à vontade das partes, que vão definir
desde a existência até a extensão do processo. Depende para seu prosseguimento da manifestação
das partes.
Sistema misto: adotado pelo sistema processual brasileiro e prevê uma mistura entre sistema
com toques de inquisitoriedade”. Juiz está vinculado à causa de pedir (dispositivo), mas poderá
Previsão no CPC/15 (art. 2º): “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por
Previsão constitucional: Dispõe o art. 93, IX, da CF/88 a necessidade de motivação das
29
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 186.
1) Sucumbente: deve ter conhecimento das razões da decisão para poder elaborar seu
2) Órgão jurisdicional recursal: deve ter conhecimento das razões da decisão para apreciar e
Decisões que não são consideradas fundamentadas (art. 489, § 1º, CPC/15): o CPC/15
Comentário: não basta ao julgador indicar o ato normativo, mas deve ser
30
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 189.
“Em obra clássica enfrentando o tema, bem ensina Karl Engisch ser conceito
agosto de 2018);
[...] a significar algo que pode se usar em diferentes situações, sem risco de
Todavia, vale lembrar, o STJ, por decisão da Corte Especial, já consignou que
concreto.;
overruling.
A propósito: “A regra do art. 489, §1º, VI, do CPC, segundo a qual o juiz, para
31
Na verdade, a ratio será o que a Corte afirma como como interpretação correta da lei. [...] É a tese jurídica ou
interpretação da norma consagrada na decisão. [...] Regra cuja ausência o caso seria decidido de outra forma. (In
MARINONI, Luiz Guilherme. Uma nova realidade diante do projeto de CPC: a ratio decidendi ou os fundamentos
determinantes da decisão).
No concurso da PGM São José do Rio Preto - SP (VUNESP - 2019), o tema foi cobrado
da seguinte forma:
OBSERVAÇÃO!
outra decisão anterior ou a parecer do Ministério Público, incorporando esses textos em sua própria
motivação. O STJ admite essa forma de fundamentação. Há, entretanto, posicionamento doutrinário
que entende que essa fundamentação não preenche os requisitos de decisão devidamente
fundamentada32.
Sobre o tema: Não há falar em nulidade do aresto monocrático por ausência de fundamentação, pois
o STJ possui jurisprudência no sentido de que a fundamentação per relationem, por referência ou
remissão, na qual são utilizadas pelo julgado, como razões de decidir, motivações contidas em
32
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 195-196.
Previsão constitucional (art. 5º, LX, CF/88): “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;” Note-se, portanto, que
pela legislação.
Previsão no CPC/15 (art. 8º e 11): infere-se dos dispositivos legais que todos os julgamentos
dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, o que, também, é confirmado pelo art. 189, caput, do
CPC.
a) Proteção das partes: evita que sejam praticados atos arbitrários e secretos em desfavor
Atenção! O princípio NÃO é absoluto, pois é possível a limitação da publicidade, nas hipóteses de
exigência do interesse público ou de respeito ao princípio da intimidade. Nesse sentido, o art. 189
33
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015. p. 86.
34
A publicidade é instrumento de eficácia da garantia da motivação (DIDER, Fredie. Ob. cit., p. 88)
interesse público];
Terceiro com interesse jurídico: pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem
como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação (art. 189, § 2º, do CPC/15).
equilibrada a disputa judicial entre as partes. Nesse sentido, serve também para reafirmar a
Previsão na Constituição: art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à
Previsão no art. 139/CPC: O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
Aspecto material do princípio: Não basta tão somente a garantia formal da isonomia, em que
disparidades no plano do direito material ou processual. Nesses casos, alguns sujeitos processuais
possuem tratamento diferenciado no processo, seja pela qualidade de parte ou pela natureza do
da prova do consumidor (art. 6º, VIII, CDC), da representação processual do incapaz, entre outros.
Em outras palavras, o princípio da isonomia processual não deve ser entendido abstrata e sim
concretamente, garantindo às partes manter paridade de armas, como forma de manter equilibrada
a disputa judicial entre elas; assim, a isonomia entre partes desiguais só pode ser atingida por meio
ATENÇÃO
processo civil, a exemplo do prazo em dobro para se manifestar36, remessa necessária, isenção do
35
Fundação Carlos Chagas. Concurso da Magistratura – 2020, prova objetiva.
36
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito
público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da
intimação pessoal.
37
Vide, p.ex., lei nº 8.437/92.
máximo de um fim com o mínimo de recursos”38). Encontra previsão expressa no art. 8º do CPC/15:
Art. 8º, CPC/15: Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins
3) Eficácia vinculante dos entendimentos dos Tribunais Superiores previstas no art. 927 do
CPC/15;
4) Conexão ou continência;
5) Prova emprestada;
OBSERVAÇÃO: Há, ainda, o entendimento de que esse princípio abrange a tentativa de tornar o
processo o mais barato possível para as partes. É o caso da Assistência Judiciária Gratuita e dos
Juizados Especiais39.
38
DIDIER, Fredie. Ob. cit., p. 151.
39
NEVES, Daniel Amorim Assunção. Manual de Direito Processual Civil. 13. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. p. 204.
Busca preservar a celeridade processual. No entanto, deve haver uma harmonização, haja vista
que o operador do Direito NÃO pode sacrificar direitos fundamentais das partes com o escopo de
obter a celeridade processual, "assegurando-se que o processo demore todo o tempo necessário
Em outras palavras, “Duração razoável tanto pode significar aceleração da marcha processual,
contraditório e a ampla defesa.” (SOUSA, José Augusto Garcia de. A tríade constitucional da
Previsão constitucional (art. 5º, LXXVIII, CF/88) – “a todos, no âmbito judicial e administrativo,
são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua
tramitação.”
Previsão no CPC/15 (art. 4º e 6º): No âmbito do Código de Processo Civil, a duração razoável
do processo é associada à necessidade de se buscar uma decisão justa e efetiva em tempo razoável.
Há também determinação para que haja a solução integral do mérito, inclusive em âmbito da
atividade satisfativa. Note-se, portanto, que há relação intrínseca entre esse princípio e o princípio
da primazia do julgamento de mérito que será abordado nos próximos tópicos. Instrumentos para
2) Mandado de segurança contra omissão judicial com ordem para se proferir a decisão;
Vale lembrar, por fim, que antes mesmo da EC 45/2004 introduzir a garantia fundamental no
rol do art. 5º da CF, já havia previsão do princípio no Pacto de São José da Costa Rica (do qual o
Brasil é signatário), nos termos do artigo 8º - Garantias judiciais. 1. Toda pessoa terá o direito de ser
acusação penal formulada contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter
Dispõe sobre a possibilidade de sanar eventuais falhas processuais que não maculem o
processo, para buscar, sempre que possível, o julgamento do mérito. Nesse sentido, os arts. 4º e 6º
do CPC:
Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
processuais;
Art. 282. [...] § 2º Quando puder decidir o mérito a favor da parte a quem aproveite a
decretação da nulidade, o juiz não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta.
Art. 317. Antes de proferir decisão sem resolução de mérito, o juiz deverá conceder à parte
Art. 488. Desde que possível, o juiz resolverá o mérito sempre que a decisão for favorável à
ocasião em que se fala do “princípio da primazia do julgamento do mérito recursal”. Como exemplo,
é possível citar a concessão de prazo para o recorrente trazer peças eventualmente ausentes no
(.)
concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício
Segundo o STF (ARE 953221 AgR/SP, Rel. Min. Luiz Fux, j. 7/6/2016), o prazo de 5 dias
previsto no parágrafo único do art. 932 do CPC/2015 só se aplica aos casos em que seja necessário
fundamentação. Assim, esse dispositivo não incide nos casos em que o recorrente não ataca todos
Forma do ato: Como regra geral, os atos e os termos processuais independem de forma
determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir (art. 188/CPC). Se houver forma prevista
em lei para a realização do ato, é necessário que ela seja observada, sob pena de nulidade.
Finalidade do princípio: Busca aproveitar o ato viciado, ainda que praticado em desrespeito à
essencial.
finalidade.
Art. 283. [...] Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados
Nas palavras do STJ, “Segundo o princípio da instrumentalidade das formas, não se deve decretar a
nulidade do ato quando este não houver gerado prejuízo para as partes e tiver alcançado sua
Ou, ainda, segundo as lições do professor Humberto Theodoro Jr.: “A preocupação maior do
aplicador das regras e técnicas do processo civil deve privilegiar, de maneira predominante, o papel
da jurisdição no campo da realização do direito material, já que é por meio dele que, afinal, se
compõem os litígios e se concretiza a paz social sob comando da ordem jurídica” (THEODORO JR.,
Humberto. Curso de Direito Processual Civil, Vol. I, 55ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 33)
A boa-fé é regra de conduta que deve nortear o comportamento das partes, bem como a
interpretação da postulação e da sentença. Sua previsão consta do art. 5º do CPC, segundo o qual
aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
de conduta, arquétipo social pelo qual impõe o poder-dever de que cada pessoa ajuste a própria
conduta a esse modelo, agindo como agiria uma pessoa honesta, escorreita e leal.” (STJ, REsp
803.481/2007).
Destaque-se que a boa-fé a que se refere o CPC é a boa-fé objetiva, ou seja, aquela em que
não se analisa a intenção do sujeito ao praticar certo ato, sendo relevante, apenas, o seu
comportamento.
Além disso, são aplicadas ao processo civil algumas figuras parcelares da boa-fé objetiva
qualificada de uma das partes em exercer um direito ou uma faculdade, criando para a outra parte
a legítima expectativa de ter havido a renúncia àquela prerrogativa. (STJ, AgInt no AREsp
296.214/2018).
entendida como “aquela que, podendo ser sanada pela insurgência imediata da defesa após ciência
do vício, não é alegada, como estratégia, numa perspectiva de melhor conveniência futura. Observe-
se que tal atitude não encontra ressonância no sistema jurídico vigente, pautado no princípio da boa-
fé processual, que exige lealdade de todos os agentes processuais. (STJ, Informativo 741, AgRg no
HC 732.642/2022)
Judiciário: “Situação em que se cria expectativa por uma das partes, em razão de conduta indicativa
do princípio da boa-fé, quando vier a ser praticado ato contrário ao previsto, com surpresa e prejuízo
da boa-fé objetiva:
contra factum proprium -, pelo que, tendo o recorrente atuado em juízo efetuando o pagamento das
Diante da prática de ato que macule o processo, o NCPC tutela mecanismos para coibir a
serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por
lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de
exequente.
lançamos explicações sobre o assunto. Prevê que todos os sujeitos processuais devem cooperar
entre si para obter, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva (art. 6º).
Ordem cronológica de julgamento: O CPC/15 estabelece em seu art. 12 uma ordem que deve
ser observada pelo juiz para conclusão do processo destinado a proferir a decisão final. É a
pessoas tenham seus processos julgados de forma mais rápida de maneira indevida”. (MARINONI,
computadores.
demandas repetitivas;
40
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil. 17. ed. Salvador:
Juspodivm, 2015.
de Justiça;
competência penal;
fundamentada.
formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto
diligência.
Ordem preferencial: A Lei nº 13.256/2016 modificou o art. 12 do CPC para prever que a ordem
cronológica deve ser seguida preferencialmente pelos juízes. Ainda assim, a ordem prevista
estabelece, como regra, a necessidade dos julgadores de decidirem os processos mais antigos.
41
Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma: II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o
processo de competência originária, a remessa necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão recorrido
contrariar a orientação do tribunal superior;
1) Processos que devem ocupar o primeiro lugar da fila (art. 12, § 6º, CPC):
a) tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de
especial ou extraordinário que tiver fixado entendimento contrário ao do tribunal de segundo grau.
Convém destacar, ainda, que o art. 153 trata de assunto conexo, indicando que o escrivão ou
publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais, excluídos da regra geral os atos urgentes,
assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser efetivado e as preferências legais.42
Referências Bibliográficas:
Fredie Didier Júnior. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil.
42
Art. 153, § 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem cronológica de recebimento entre os atos
urgentes e as preferências legais.
§ 4º A parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo,
que requisitará informações ao servidor, a serem prestadas no prazo de 2 (dois) dias.
§ 5º Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato cumprimento do ato e a instauração de processo
administrativo disciplinar contra o servidor.
QUESTÕES PROPOSTAS
Com base no Código de Processo Civil (CPC) e na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), julgue o item seguinte, acerca das normas processuais civis, dos deveres das partes e dos
COMENTÁRIOS
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em
CERTO
Acerca dos princípios que orientam o processo civil brasileiro, julgue o item a seguir.
mas não o juiz, já que sua atuação se encontra revestida do livre convencimento motivado.
COMENTÁRIOS
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
Acerca dos princípios que orientam o processo civil brasileiro, julgue o item a seguir.
COMENTÁRIOS
Art. 6º Todos os sujeitos do processo DEVEM cooperar entre si para que se obtenha, em tempo
CERTO
Acerca dos princípios que orientam o processo civil brasileiro, julgue o item a seguir.
Em uma acepção moderna, o devido processo legal é reconhecido como o processo justo, cuja
COMENTÁRIOS
Art. 5, LIV, da CF - LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal
CERTO
Julgue o item a seguir, referentes aos princípios constitucionais e às diversas espécies de atos
De acordo com o princípio do juiz natural, o magistrado que presidir a instrução do processo deve
obrigatoriamente prolatar sentença, salvo se estiver licenciado ou afastado por motivo legítimo.
COMENTÁRIOS
O princípio do juiz natural está previsto no art. 5.º, incisos XXXVII e LIII, da Constituição Federal
ERRADO