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TEXTE AULA 1 Treinamento de Força
TEXTE AULA 1 Treinamento de Força
TREINAMENTO DA
FORÇA E DA VELOCIDADE
Existem fatores que determinam a força muscular, os quais podem ser alvo
do treinador ou profissional do movimento. Vamos abordar brevemente alguns
deles.
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desenvolvemos com exercícios de equilíbrio, de força e funcionais
(Prentice, 2002; Silverthorn, 2003; Cingolani; Houssay, 2004).
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Figura 1 – Área de secção transversa e o efeito da hipotrofia
Créditos: rumruay/Shutterstock.
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Figura 2 – Curva comprimento tensão
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o músculo, pode haver estímulo para hipertrofia em série. Entretanto, o que mais
desenvolve hipertrofia em série são os exercícios de alongamento. O ganho de
flexibilidade pode estar relacionado ao aprimoramento da coordenação
intramuscular, com a alteração de limiar de excitabilidade do órgão tendinoso de
golgi e do fuso muscular (Powers; Howley, 2016; Cingolani; Houssay, 2004;
Silverthorn, 2003), bem como com a hipertrofia em série (músculo mais comprido).
A hipertrofia muscular se refere ao aumento da massa muscular, seja em
paralelo, seja em série. Entretanto, para que isso ocorra, dois fenômenos
celulares podem acontecer:
• Hipertrofia celular: aumento do tamanho das células musculares; ela pode
ser de dois tipos (Bacurau et al., 2009):
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a hipertrofia será mínima (Gentil, 2014; Beachle; Earle, 2010; Bacurau et
al., 2009; Bompa; Cornacchia, 2000).
• Recuperação: é fundamental para um treino eficiente e consequentemente
hipertrofia muscular. Sem a recuperação adequada, o organismo pode
sofrer com estímulos subsequentes, sem a adaptação ideal, podendo
chegar, dessa maneira, a overtraining e causar perda de massa muscular
(ACSM, 2014; Beachle; Earle, 2010; Bacurau et al., 2009; Bompa;
Cornacchia, 2000).
O treinamento pode causar microtraumas, e o processo de reparo deles
está diretamente relacionado com o mecanismo de hipertrofia muscular.
Entretanto, tais microtraumas podem provocar a dor muscular de início
tardia (DMIT), que pode ser causada por:
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aporte energético e proteico ideal (Powers; Howley, 2016; Beachle; Earle,
2010; Bacurau et al., 2009).
• Frequência: manter uma rotina de exercícios é crucial para conservar as
adaptações conquistadas e continuar evoluindo. O descanso ideal é
necessário para evitar overtraining, entretanto se tal descanso for muito
longo e demorar para haver novo estímulo, as adaptações adquiridas
podem ser perdidas (Fleck; Kraemer, 2017; Beachle; Earle, 2010).
• Metabolismo: como a hipertrofia é o resultado do processo de reparo das
microlesões, é importante a participação do sistema imunitário, bem como
da secreção hormonal. Ter uma produção e liberação hormonal
adequadas, além das células do sistema imunitário em bom funcionamento,
é crucial para o desenvolvimento de hipertrofia. A alimentação e o
descanso são fundamentais para manter um bom funcionamento endócrino
e imunitário (Powers; Howley, 2016; Beachle; Earle, 2010).
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Figura 3 – Vias de sinalização intracelular hipertróficas
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Figura 4 – Vias de sinalização intracelular do IGF-I
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melhor resposta hipertrófica com métodos de sobrecarga tensional, entretanto
outros alcançarão resultados mais satisfatórios com métodos de sobrecarga
metabólica. Cabe ao treinador testar e identificar o melhor tipo de treino para cada
indivíduo.
Entretanto, segundo o American College of Sports Medicine (ACSM)
(2014), os treinos que objetivam a hipertrofia devem ser executados em séries
múltiplas com repetições de 8 a 12 (Smilios et al., 2003). Vale ressaltar que
quando estipulado o número de repetições (entre 8 e 12), o praticante deve
executar o exercício até a falha e ao final permanecer dentro do limite de
repetições estipulado. De nada adiantará realizar 3 séries de 12 repetições com
uma carga que o praticante realizaria facilmente 15 repetições. Portanto, é
fundamental o controle da carga (intensidade) antes de iniciar um programa de
treinamento.
Sabe-se que um treinamento contínuo desenvolve adaptações físicas e
fisiológicas no organismo, mas tudo indica que uma única sessão de exercício
físico tem o potencial de proporcionar respostas agudas, podendo, por exemplo,
alterar a liberação hormonal, a qual tem se demonstrado um importante marcador
de anabolismo e catabolismo (Araújo, 2008; Bompa; Cornacchia, 2000)
Para controlar a carga são utilizados testes visando encontrar a repetição
máxima, como o próprio teste de 1RM; entretanto, outros também são comumente
empregados para evitar risco de lesões em praticantes não tão experientes.
Os testes mais comuns para determinação da carga são o de previsão de
RM e o de fator por repetição. Determinando-se a carga, será possível construir
um planejamento, um programa periodizado que traga resultados realmente
eficientes (Baehcle; Groves, 2000).
A utilização de métodos de treino pode potencializar a hipertrofia muscular.
Estes são formas de aplicar o treinamento de força com objetivos mais específicos
e aprimorar os ganhos de modo mais eficiente. Há hoje diversos métodos, e
alguns são utilizados quando se preconiza ganho de massa muscular.
A interrupção do treinamento pode acarretar perda de força muscular e
desempenho. Levantadores de potência que ficaram sem treinar por duas
semanas perderam 12% de força muscular excêntrica e 6,4% da área muscular
de fibras do tipo II. Não foi possível observar perda de fibras do tipo I (Mujika;
Padilla, 2001). Essas perdas ocorrem, provavelmente, pela falta de estímulo. O
organismo humano segue a lei do uso e desuso, que significa que perdemos o
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que não usamos. Esse fenômeno é importante para a economia de energia. Não
há motivos em manter uma estrutura se não a usamos e simplesmente ficar
gastando energia à toa.
Por outro lado, quando estamos constantemente fornecendo estímulos, o
tecido muscular se mantém ou ainda se aprimora. Conforme citado anteriormente,
esses estímulos podem ser de várias ordens, mas, quando cessados, não há por
que o organismo manter as estruturas. O interessante é que ao reduzir a
frequência do treinamento para duas ou apenas uma vez por semana, consegue-
se estímulo suficiente para manter os ganhos de força adquiridos com o
treinamento.
Ainda podem ser citados como efeitos do destreinamento a diminuição da
capilarização, da força muscular e da potência muscular, a alteração do tipo de
fibra muscular, bem como a redução da sua área e consequentemente da área de
secção transversal do músculo. Alguns outros fatores são elencados, entretanto
não há uma clareza se realmente ocorrem com o destreinamento, como a redução
das concentrações de mioglobina e a diferença arteriovenosa.
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REFERÊNCIAS
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MUJIKA, I.; PADILLA, S. Muscular characteristics of detraining in humans. Med
Sci Sports Exerc, v. 33, n. 8, p. 1297-1303, ago. 2001.
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