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feneelue) pec ATES || tad OS ool We WS TEUE NAN ae O HABITAR EM RUY BELO: POETICA DA ALEGRIA EM FUGA. © poeta portugués Ruy Belo, precocemente falecido em 1978, publicou em 1962 um livro com o surpreendente titulo O Problema da Habi- tagao — Alguns Aspectos'. O problema que ai é questao nao é social, mas existencial. A habitagdo de que ai fala é 0 espago-tempo ontolégico do sentir-se acolhido, ou scja, a alegria de poder viver. Porque se, por caso, esta faltar, o mundo converte-se em mero lugar de transito ¢ de gestdo da tristeza, que o acompanha e se espraia até ao final esgota- mento. Os alguns aspects matizam esta abordagem, reduzindo o seu aparente absolutismo ¢ permitindo ao autor ir ao que lhe interessa, na sua radicalidade, sem excluir o universo de possibilidades no desen- volvidas. Na verdade, voltara ao tema e a algumas dessas possibilidades em 1977 com Despero-me da Terra da Alegria. Entretanto, publica varias colectincas, em que a ideia da terra habitada felizmente, porque sentida em poema, enche ¢ atravessa um tempo de palavra(s): Boca Bilingue (1966), Homem de Patavra[s] (1969), Transporte no Tempo (1973), Pais Possfvel (1973), A Margem da Alegria (1974), Toda a Terra (1976). Gastao Cruz, numa breve evocagio, resume bem a figura literiria de Ruy Belo como uma «sintese poderosa, que congrega caracteristicas aparentemente tao demarcadas ¢ raramente conciliadas, como um dis- curso torrencial, por vezes proximo da prosa, [...] ¢ uma extrema aten- 40 a0 pormenor do verso, nomeadamente ao nivel fonico>, ao mesmo tempo que realiza «uma permanente dissecagio da vida e da realidade quotidianas, em contraponto com uma antevisio, ora angustiada ora irénica da morte» (Cruz, 2008: 212). Os dois temas — 0 quotidiano € 0 seu fim — constituem, enquanto tal, a matéria poética que, no seu transcurso e chegada temporais, se traduz no habitar, cuja procura, como afirma Paula Morao (2011: 474), se pode considerar disseminada por toda a obra de Ruy Belo, (O texto que nos interessa aqui mais especialmente é 0 de um longo Poema, em dez fracgdes, ou andamentos sinfénicos. Comeca com um verso, que sera repetido estrategicamente, quase a ponto de terminar © ditado poético, podendo dizer-se que constitui, circularmente, o seu «A morte é a verdade e a verdade é a morte» (137 ¢ 164). O trinsito do principio ao fim ¢ 0 fio da vida breve, em que a existéncia se condensa na busca de habitar a terra, a terra propria, 0 proprio nas margens do que se mostra enquanto falta: as cidades sem Deus — 0 tempo que Hélderlin, tao préximo, caracterizou como 0 dos deuses ausentes, Esse tempo transcorre na angustura do efémero, que nao da descanso, mas apenas meméria, anelo, saudade. E acaba jazente, como que & beira-mar, quando 0 sol declina no horizonte, para reaparecer, talvez, do outro lado. alfa e 0 seu mega: O livro, nos seus dez, momentos, deve ler-se como um todo, como uma tinica indagagio, em que se manifesta a histéria de um coragao fra- gil em busca do lugar para habitar. © préprio autor refere-se-lhe como sendo «todo ele um longo poema> (Belo, 1984: 21), Compreendemos, desde as primeciras linhas, que esse lugar, ao longo da vida, é, na verdade, © poema: a terra que sc enche de palavras. As folhas das arvores, numa belissima metifora, logo ao inicio da caminhada poética, tornam-se folhas de papel, em que a palavra floresce: «Quasi Flos> — titulo do primeito andamento do pocma (137). Na folha de papel, a palavra é a casa «e uma casa é a coisa mais séria da vida». Anos mais tarde, now: two texto em que revisita o tema, ¢ que leva por titulo «Oh as Casas as Casas as Casas», interroga-se: «Onde estarei aliés eu dos versos dagui @ pouco? / Terei eu casa onde reter tudo isto / ou serei sempre somente esta instabilidade?» (Belo, 1997: 71). E nas palavras que mora o poeta, 14 onde tudo vem repousar. Decerto, Ruy Belo conhecia a Carta sobre 0 Humanismo de Hei- degger, publicada em francés num periddico de 1957, amplamente divulgado no meio cultural portugués*, A ideia de que «a linguagem, €a casa do ser’, que constitui a tese basica do filésofo alemao nessa esa tardia da sua obra, subjaz também na deambulagio poética, que femos estado a acompanhar, quer na procura do morar em um lugar, quer em encontrar esse lugar na palavra, no poema. Mas a indagagao do Pocta portugués vai ainda mais além na proximidade a essa concep¢io do habitar poético, que Heidegger havia herdado de Hélderlin. Porque hd uma tentativa de levar até ao comego da vida propria a necessidade do sentir-se acolhido em algum lugar, pelo que ao sentido ontoldgico da linguagem se une o seu caraicter existencial, guardando a vinculagio afectiva. Aquele sentimento de abrigo é, na yerdade, traduzido como alegria — a (164). Desde aquele inicio — na casa «tecém-construida» (137) da alegria — até ao final, em que o sol declina no horizonte e jé sé 0 lugar jazente pode acolher © corpo cansado de tristeza, o «problema da habitagio>> resume a tra- vessia, a inquieta busca de sentido no que, com Saint-Exupéry, podemos chamar a «terra dos homens‘, na qual a natureza se transmuta em palayras, mas em que os deuses, afinal, se retiram da cidade, No principio, era a casa recém-construida: «Tao contente de vento, 6 folha que nomcio / como quem a passagem te colhesse, / palavra de ue tu, 6 drvore, dispoes para vir até mim / do alto da tua inatingivel condigao, //[...]sais / do Angulo dos olhos, acolhes-te a0 poema/ como no alto més de maio a flor imével do jacarandé // Nao ha outro lugar para habitar / além dessa, talvez. nem essa, época do ano / ¢ uma casa &a coisa mais séria da vida» (137). A folha é a palavra que a arvore envia ao poeta, para que, recebida e detida no poema, se deixe habitar, se faga casa. Nessa dadiva, em que se percebe uma continuidade ou contiguidade entre o natural ¢ 0 simbélico, em cujo seio surge 0 poema, a metéfora da drvore ¢ da folha abre um plano de sentido, que sé se desyelara, circularmente, no momento final. Uma passagem do autor, extraida de um texto ensaistico breve, permite-nos antecipar a riqueza semintica da evocagao: Quando o poeta, no seio de um poema, profere a palavra drvore, fo que faz nao é utilizar um conceito a que houvesse sacrificado todas as, opulentas drvores de passaros que diariamente encontra no seu caminho. Em vezde se sujeitar a abstraccao que o conhecimento pelos meios légicos impoe, é como se utilizasse uma verdadeira drvore, com os seus passaros, as suas folhas, a sua sombra, a sua tristeza ou alegtia, Apenas se limita a dar a essa arvore uma nova vizinhanga: ou Deus, ou @ inflincia, ou — que sei cu? — talvez 0 pressentimento da morte. Como ¢ que ele conseguira criar assim uma arvore tio viva? Pegando na palavra em si, rompendo talver as suas relagées habituais com outras palavras, dando-lhe ousras novas, que, através do choque, da surpresa, do inaudito, acerquem ea i minem de determinada maneira e a rodeiem de siléncio. (Belo, 1984: 74) Para la da autoconsciéncia critica da tarefa criativa do poeta, importa registar o investimento ontolégico da palavra, a qual se mani- jade ou objectividade, coagulada em conceito, mas como um nomear da coisa ela mesma, com tudo o que a téncia humana’. O arbéreo da drvore de nada interessa & experiéncia do que uma arvore & © «arbérco» no ‘tem passaros, nem sentimento, nem Deus ronda a sua volta, nem tem meméria de infincia. Mas, no poema, com o dizer da palavra, faz-se festa como suporte nio da reali constitui na relagao com a ex sitio & conjuntura de vida, pela qual as coisas ocupam o seu lugar na morada humana e, nesta, se pressente também o seu cardcter provis6rio. O Heidegger tardio, inspirado por Hélderlin, nomeou esse todo quadripartido como Geviert: o entrecruzar-se do terreno e do celestial, dos mortais do divino, na fandacdo do sitio para ser®. Seria uma in til ousadia pensar que Ruy Belo conhecia esses textos heideggerianos. Mas, decerto, nao precisava de os conhecer para seguir 0 seu caminho pottico, Este prossegue, no pocma que nos Ocupa, com o passo que se segue ao da alegria de encontrar o seu sitio. $6 depois, na verdade, se edifica «a cidade». Ela constréi-se pouco a pouco: «dos gestos emerge [...] / € é confiada a noite pelo as dia / {..] para poder entao ser transmitida ao sol mais proximo do dia .] 4 onde a vida multiplica a paisagem / e a natureza aceita muda humanos movimentos» (138). © mais longo dos andamentos do poema, o segundo, leva por titulo «Rua do Sola Sant’Ana» e narra esse des-envolver-se do «tempo das grandes descobertas>, que é «a cidade em construgio>, onde «[nJascemos € morremos € € sempre o mesmo sol fora» e onde «[i}ntimeras possibilidades hé nesta ou em qualquer manha>> (139). Mas se a natureza aceita que essa cidade da infancia se construa, nos risos e nas vores € nos rostos, também nela «as farmcias comegam a fazer negécio / e crescem muitas vezes nalgum patio assus tadoras vozes> (141). A doenga, ameaga de morte, confunde-se nestes vyersos com 0 anelo religioso, com uma «proviséria morte», mas em que a esperanga «que 0 tempo para sempre haja mudado> fecha ainda «uma tarde ¢ uma manhi primeiro tiltimo dia» (141). £ como uma primeira morte, adiada mas vivida, pela primeira vez. Na incerta leitura dessa longa meditagao, tortuosa e torturada, que faz pensar na preco- cidade da doenga do poeta, na experiéncia profunda ¢ alargada da sua finitude, esta travessia, em que evoca Paulo de Tarso ¢ a passagem pela f, conduz & diivida. Esta aparece no que constitui o seu primeiro tal- vez, que inundara, depois, 0 terceiro momento: «talve7. vos nao receba © coragao / de uma grande cidade em construgio~. A crise religiosa — «Nao é tao agradavel ser catdlico» (139) — nao anula, porém, a ligacao ao Deus ausente, «senhor indescritivel da palavra capaz de des- truir / arrancar arruinar eassolar / ¢ levantar e plantar e edificar> (145). Esse talvez cresce, porém, em intensidade na esperanga: «Talvez ainda agora haja criangas» (142); «Talvez na minha tarde tudo caiba ainda»; «Talver eu espere o més possivel»; «Talvez além dos mon- tes haja a tnica cidade» (143); «Talvez nos reste uma janela sobre a madrugadays «Talvez eu reconquiste ainda a minha tao perdida aldeia»... Nessa imaginatio locorum (142) de alegria, também cresce, contudo, a vacilagao, o desengano: «E talvez esse o dia em que recolho os olhos / ¢ molho de maresia a mais vazia dor da minha auséncia. / Como encontrar-me?» (144). Patmos, a cidadela «setenta vezes vista blasfemada e admirada / sempre deserta e sempre povoada / aonde vale a pena o por do sol» (144), também, afinal, aonde «a palavra é mais que nunca proviséria, deixando em suspenso o habitar verdadeiro. Essa provisoriedade deixa, decerto, portas abertas: «talvez. [a] habite ainda / a esperanga de que os deuses encham tudo» e «[tJalver seja de Deus 0 nosso tempo» (144). Mas esse taluez desemboca em ruina: «Ea alegria é uma casa demolida>. ‘A perda da esperanca nao anula o tempo, a espera, mas a casa do comego j nao ¢ a do comeso, ¢ a alegria que a institufa desmorona- -se. © mundo sem Deus nao abriga, fere, pesa, nada deixa comegar ou 216 acabar: «s (146). Nessa confianga, agora perdida, a terra © a vida estavam garantidas, a natureza e os humanos guardavam o vinculo indelével, em que repousava o dia-a-dia. Agora, pelo contrario, tudo © que acontece poe em questio o poeta, abala a sua fragil presenga terrena: «ha fogo alguém morreu / mas sempre em todos mais que todos o morto sou eu / Ha em mim um castelo a derruir / alguma operagio de coragdo a promover» (149). Mas na descoberta da poesia, o mundo ergue-se outra vez ¢ recompée-se, «: 0 sentir do vinculo vivo, © 0 cultivo dos gestos que tragam 0 Amigo «a nossa forma de hoje aceitar ou recusar a vida>, pois «[ulm verdadeiro amigo repovoa uma cidade / um templo 0 coragao o tiltimo jardim>» (150). A casa é pois, lugar de acolhimento do Amigo, o lugar do regresso «da certeza de seres outra pessoa que nao eu» (151), possivel repovoacio do deserto, mas também, por isso, a reconstrugao do iiltimo horto, em que se pode repousar, dando ao Amigo uma dimensio além do humano. A esse horto chama-lhe um «patio de sombra», onde esti a «primavera Jevemente reclinada / as vozes ¢ as luzes ¢ as ondas / ¢ 0s ralos um paul / um cheiro a malva ou malmequer & tua espera. Finalmente, a travessia entrevé o tempo préprio, o espaco para o auténtico habitar, com a serenidade de quem apenas espera. «Que calma nessa alma ouvir cair ahora / que como outrora nela tem lugar / Arrastas pata casa o sol atrés de ti / ¢ entre as tuas coisas est Deus, / 6 cidadao de longe e de ninguém> (151). Mas também € efémero 0 mundo reconstruido pela poesia. No equador do poema, no seu quinto andamento, a certeza da morte volta a pairar sobre quem se havia erguido: «nem nos seria licito pousar / na palavra inventada a cabega cansada> (153). E «{allgum pais ruin algum pais / ou folha ou casa ou alegria»>, «agora é impossivel regres- sar» (154), «[n]éo ha tempo ou lugar onde habitar», «[nJao ha mais folha ou casa ow alegria onde habitar>. O que resta, entio, é a tristeza, de que fala 0 oitavo andamento do pocma, «A Méono Atado»: «Feliz as rise aquele que administra sabiamente / a tristeza ¢ aprende a reparti-la pelos dias / Podlem passar os meses € os anos nunca lhe faltaré»> (159). ‘Mas essa atmosfera ja nao ¢ habitavel. Fora da poesia, o mundo desfaz- -se, perde-se a ligagao & terra, ao deus reencontrado na palavra ¢ pela palavra poética. (160). E entao sé na verdade a morte — «O Ultimo Inimigo»? (IX, 161) — é certa, como «um vizinho que se ama». Na sua inequivoca proximidade, o Deus ausente reaparece como resposta a uma chamada em que a tristeza, por fim, se esgota, «Volto-me para a morte e chamo como sé Deus se chama> (162), Reinventada, a «morte é a verdade ea verdade éa morte» (164). Acesperanga de um repousar em casa transfere-se, pois, para o lugar definitivo, onde 0 rosto, coberto de todo 0 cansago, jaz «em condigéo horizontal», na proximidade de Deus, «tio acessivel como 0 mar nas praias, mas também to verticalmente perto «como uma arvore>. Assim acaba 0 poema, nos versos de «Figura Jacente». A arvore do primeiro momento — «os Alamos nocturnos ¢ antigos» (137) — que «do alto da [s]ua inatingivel condigao» dispusera que a folha, «con- tente de vento», viesse até ao poeta, levanta-se agora, vertical, & beira da «morte mais rasa» (165), Na morte, entio, cumpre-se por fim -omo o desenho de um leito, no ponto de encontro das linhas de horizonte e zenital, que tudo unem em espago aberto. © problema da habitagao dissolve-se, pois, na plenitude do ser o habitar mais auténtic: mortal em que a alegria, enfim, se aquieta. No final desta travessia, que fizemos nas palavras de Ruy Belo, a existéncia humana expés-se na procura incessante de uma morada, de tum espaco-tempo de alegria, once repousar, a beira do divino sempre em fuga. Mas esse espaco-tempo revelou-se nao ser outro senao 0 que 36 se habita poeticamente: no fiat que a palavra transporta em si. Pois, embora cheio de mérito, é poeticamente que ohomem reside nesta terra. Irene Borges-Duarte [A Autora segue a antiga ortografia.] As citagSes serio indicadas apenas pelo niimero de pigina da edigio de 2004. Publicada pela primeira vez em 1957, na revista Cahiers du Sud, a Lettre sur THuumanisme, em tradugio de André Préau, sera posteriormente revista ¢ editada cm livro, em versio bilingue, na Anbier-Montaigne, em 1964, ° Heidegger, 1976: 313: «Die Sprache ist das Haus des Seins, In ihrer Behausung, wwohnt der Mensch» 3 A-expressio exa cata a Ruy Belo, que conhecia bem tanto Terre des hommes (1939), como a obra de Antoine de Saint-Fxupéry no seu todo, de que traduziu Pifote de 218 _guerre (1942), em 1959, ¢ Un sensi la vie (1956), em 1966, além de Citadelle (1948) No prefécio & tradugéo desta tikima obra diz dela que «é e haveria de ser s: tum grande poema», e define-a como «um grande empreendimento de li ‘gem>> € «uma das obras-primas do nosso tempo» (Belo, 1984: 360, 363 ¢ 364) Esta proximidade da poesia de Ruy Belo & fenomenologia foi jé detectada em dois interessantes trabalhos de mestrado sobre a questo do habitar poético ne poema que nos ocupa. Veja-se Palmeiro, 2016; Santos, 2008. Embora pautados pelo contexto de investigaco dos estudos literivios, com particular énfase dada © quests de estilo de corrente literirias, ambos 0s trabalhos procuram apoio em “Heidegger ¢ em Hélderlin, sublinhando o fundo ontolégico e fenomenologico d= cexploragéo pottica da experigncia do tempo, da Finitude, da vida ¢ da moree ‘mundo sem Deus. © Vejacse Heidegger, 2000: 179-181 (em «Das Ding») ¢ 194-201 (em «Dichterisch ‘wohner der Mensch»). Podemos encontrar uum importante paralelismo deste verso com uma passagem de > (Holderlin, 1953: 372-373): «So lange die Freundlich: noch am Herzen, dic Reine, dauert, misset nicht ungliiklich der Mensch sich mit der Gortheit». Aqui, 0 poeta alemao introduz. a Amizade como Pureza de coragio (destaque meu) para mostrar que no € impossvel que o homem nao se sinta infeliz a0 comparar-se aos deuses, «que tem, como 0s ricos, de uma vez s6 virmude ¢ alegriay, Heidegger, no seu texto «Dichterisch wohnet der Mensch», interpreta esta camizade> como a versio hélderliniana do que Séfocles em chamara dhéris ¢ cle proptio traduz, como Hudd: a gratuidade da graga, qui picia o morar ¢ demorar-se do humano na sua esséncia, Veja-se Heidegger, 200¢ 207-208; Borges-Duarte, 2017: 81-88, E notivel a sintonia de Ruy Belo com proximidade de amizade e alegria com 0 morar na vizinhanga de Deus, mesmo se este quase sempre se retira, REPERENCIAS BIRLIOGRAFICAS Bex, Ruy, Obra Poética, vol. 2, org. ¢ post. Joaquim Manuel Magalhaes, 1. Ealicoril Presenga, 1981 + Obra Poética, vol. 3, ong. ¢ notas de Joaquim Manuel Magalhiies ¢ Maria J Vilar de Figueiredo, Lisboa, Faitorial Presenga, 1984. ——, Homem de Patavrafs] (1969), Lisboa, Editorial Presenca, 1997 + Tadas 0s Poerrias, voles Lisboa, Assitio 8 Alvim, 2004 p. 131-165. Boaces-Duarre, Irene, «Mesura ¢ Desmesura em Heidegger. © Ponto de Visc2 Frico», Studia Heideggeriana, Buenos Aires, vol. VI, 2017, p. 65-102. (CRUZ, Gast, «Ruy Belo ea Preparagdo da Mortem, A Vida da Poesia. Textos Crit Reunides, Lisboa, Assitio 8 Alvim, 2008, p, 212-214. HEIDEGGER, Martin, Wegrnarken, Frankfurt, Klosterman, 1976. + Vortnige und Aufiitee, Frankfurt, Klostermann, 2000. Honperiin, Friedrich, Saimtliche Werke, vol. 2, ed. Friedrich Bei8ner, Esty Cotta, 1953, MonAo, Paula, «Ruy Belo — ‘Nio ha tempo ou lugar para habitar: Que: Poéticar, O Seereto eo Real. Ensaias sobre Literatura Portuguesa, Lisboa, Can dda Comunicagio, 2011, p. 457-474.

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