You are on page 1of 3
Teoria do Parigrafo~ Escrita Escolha wma ideia e desdobre-a completamente, como um tecido. Domine a lei da teoria do pardgrafo para entio, ultrapassala, + “Funda-se essa doutrina num principio claro e preciso, mas que depressa esquecemos no ato de expor: o cariter limitado e oscilante de toda atengiio.” + “Para nos fazermos compreenderé necessirio, pois, decompor tanto quanto possvel: dizer apenas uma coisa de cada vex. Mais ainda: é preciso repetir?” + “Em todos 0s casos, para exprimir um pensamento é necesstirio depuri-lo, discernindo quer 08 aspectos que 0 objeto desse pensamento comporta, quer os prinefpios que Ihe sio implicitos e que um tal pensamento pressupée. Tais aspectos ¢ tais principios, uma vez conhecidos, precisamos expd-los um a um.” + “A dificuldade em matéria de ensino, de exposigao ou de apologia, é a de se repetir sem dar a impressio de que se repete, porque tanto gostam 0 ouvido e o espitito de reencontrar sob ‘uma forma nova o que se lhes depara (tenha-se em vista 0 exemplo das rimas) quanto detestam eles 0 regresso ao idéntico.” + “Repetir diversamente, tornar a dizer a mesma coisa com outras palavras, essa ser sempre a regra da arte de falar aos homens. Dizia misteriosamente Pascal que a ordem da caridade, essa ordem sem aparéncia de ordem que ele admirava nos Evangdhos, consistia na digressaa sobre cada ponto que diga respeito ao fim, para que sempreo tenhamas & vista.” +O segredo de toda a arte da expressio esta em dizer a mesma coisa trés vezes: “Anunciamo-la; desenvolvemo-la; ¢, por fim, resumimo-la, de uma s6 vez.” Paréntese Pedagégico~ Parigrafo Um parigrafo o espago compreendido entre duas alineas!. Um parigrafo deve ter de quinze a vinte e cinco linhas. Onde se encontra a cabega do parigrafo, isto é, a parte diretriz e motora? Resposta: na cauda, © termo do parigrafo é também o seu final, e€ no fim que se deve colocar a frase que dele resume a ideia. + Bom método para se construir um bom parégrafo: “Tome uma folha de papel em branco e escreva nela, trés linhas antes do fim: E assim give. ou, alternativamente: Por af se vé que..; digamos que...; de onde se conclu que. portanto...; pode-se, portanta, dizer que..; em suma...; em resumo...; numa palavra.. em conclusio...; resumamas...: ninguém negaré que..; concordaremos que... Essa formula far apelo & conclusio do pardgrafo: frase concisa, saliente, simples, clara, por vezes brutal, as vezes também um pouco paradoxal. Em fungio dessa frase, construiremos 0 resto.” “A conclusio do parigrafo deve corresponder a introducao. A frase introdutora anuncia o que se segue: Como acabamos de ver...; vejamas agora se.” * Como fazer brotar ideias de um solo arido? Hi trés modos de argumentar: 1°: A priori; 20: A posterior’, 3e: contrariori. 12: A argumentagio a priori consiste em tirar a proposigio que se quer estabelecer de proposiges mais gerais, admitidas por todos e de onde ela deriva a titulo de consequéncia. E a argumentagao socratica. A argumentagio a priorié dificil, porque a escolha do primeiro principio é delicada, Allém disso, ela tem acima de tudo um valor légico. 1 Dérse 0 nome*alinea” linha que inicia um parigrafo 2°: A argumentagio a posteriori consiste em tomar exemplos, fatos, casos concretos € experimentados, fragmentos da realidade, experiéncias, anedotas. Aesse respeito, € preciso notar que nio é a guantidade mas a qualidade dos exemplos que prova. Os espiritos pequenos operam pela quantidade. Os grandes espiritos operam pela qualidade ¢ aprofundamento. Escolhem entre todos os exemplos possiveis um exemplo significativo e sondanrno até o fim. Contudo, depois de ter analisado um fato tipico, é conveniente mostrar que se conhecem muitos outros que Ihe sio conformes. Chama-se a essa figura retorica de alusio. Falando por alusio, economiza-se nossa ciéncia, mostra-se a nossa inteligéncia, abrenr-se perspectivas. Enfim, toda alusiio agrada ao leitor. Essa argumentagiio pelos fatos requer um esforgo de meméria e de anilise, e desperta sempre o interesse do leitor— como diz Sante-Beuve, ndo se pinta sendo por detalhes—, mas ela no o prende pelas entranhas. 30: A argumentagio a contrarioriconsiste em introduzir uma objegao, em desenvolvé- a.com animo e discernir em seguida: a) A parte de verdade que ela contém, que é uma verdade aparente ou secundaria; b) A parte de erro. A argumentagio a contrariori € ao mesmo tempo a mais cativante para o leitor ¢ a mais fecunda para 0 autor. Ela pée em jogo a finura do espirito e ajuda a tragar a linha delicada que separa 0 que nos parece justo do que nos parece falso. Ela permite até realgar 0 que no falso ha de justo, quer dizer, a parte de verdade contida, a nosso ver, na ideia denosso adversirio, Nao acreditemos, todavia, que devamos aplicar esses trés métodos a cada parigrafo. Eles sio comparaveis a andaimes necessarios que cumpre ter sempre no espirito e sempre esquecer.

You might also like