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‘FAC FACULDADE CANAA DOS CARAJAS - FAC ANDRESSA LIMA SILVA. DIREITOS DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE Uma Interpretagao & Luz do ECA Cana dos Carajas - PA ANDRESSA LIMA SILVA DIREITOS DA CRIANGA E DO ADOLESCENTE Uma Interpretacao a Luz do ECA Trabalho apresentado como requisito parcial para obtengdo de nota na disciplina “Direitos ~— Humanos’, ministrada pela Prof. Dra. Paola Dias, componente curricular. para a obtencao do titulo de Bacharel em Direito. Canaa dos Carajas/PA, 20 de outubro de 2022. EXAMINADORA Prof. Dra. Paola Dias 41. INTRODUGAO, Criangas e adolescentes tém um estatuto proprio, pois fazem parte de um grupo de pessoas destinatarias de politicas publicas especiais, bem como 0s idosos, os indigenas, os portadores de deficiéncias etc. Assim, todas as questées de infancia e juventude, com relevo especial para situagées irregulares ou de risco, s4o resolvidas pelo Estatuto da Crianga e do Adolescente (Lei n° 8.069/90). A luz do ECA, que estabelece um modelo garantista, e do art. 227 da Constituigao Federal, criangas e adolescentes, antes apenas objetos de protego, so estabelecidos como sujeitos de direitos. Dessa maneira, a Lei n° 8,069/90 tem seus pilares em uma série de principios que devem ser respeitados e, portanto, orientam as interpretagées e aplicagées da Lei. Nesse sentido, dispde Paulo Lucio Nogueira (1996, p. 15-16 apud MENDES, 2007) 0 Estatuto 6 regido por uma série de principios genéricos, que representam postulados fundamentais da nova politica estatutaria do direito da crianga e do adolescente. Em regra, 0 direito 6 dotado de principio gerais genéricos, que orientam a aplicagao pratica dos seus conceitos. Assim, 0 Estatuto contém principios gerais, em que se assentam conceitos que servirdo de orientagao ao intérprete no seu conjunto [...). Isto posto, sero examinados neste trabalho alguns dos principais principios que regem o Estatuto da Crianga e do Adolescente. 2. PRINCIPIOS 2.4 Principio da Protegao Integral Este principio esté expresso no art. 1°da Lei 8.069/90, que estabelece: “Art. 1° Esta Lei dispde sobre a protegao integral a crianga e ao adolescente” Conforme Nucci, este é um dos principios exclusives do ambito da tutela juridica da crianga e do adolescente. Significa que, além de todos os direitos assegurados aos adultos, afora todas as garantias colocadas a disposigao dos maiores de 18 anos, as criangas @ os adolescentes disporéo de um plus, simbolizado pela completa e indisponivel tutela estatal para hes afirmar a vida digna e préspera, ao menos durante a fase de seu amadurecimento. (NUCCI, 2015) O principio da protegdo integral, segundo 0 autor, “é principio da dignidade da pessoa humana (art. 1°, III, CF) levado ao extremo quando confrontado com idéntico cendrio em relagdo aos adultos” Importante ressaltar, inclusive, que este principio encontra respaldo na Constituigéo Federal, em seu art. 227, que prescreve: Art. 227. E dever da familia, da sociedade e do Estado assegurar 4 crianga, ao adolescente @ ao jovem, com absoluta prioridade, o direito 4 vida, 4 satide. 4 alimentacéo, 4 educacao, ao lazer. a profissionalizacéo, é cultura, a dignidade, ao respeito, @ liberdade e convivéncia familiar e comunitaria, além de colocé-los a salvo de toda forma de negligéncia, discriminagao, exploragao, violéncia, crueldade © opresséio. Ao analisarmos tal dispositivo e suas interpretagdes, concluimos que, com tal princfpio do ECA, o que se pretende ¢ assegurar, prioritariamente, 08 direitos fundamentais do menor, que deve der protegido pela familia ¢ pelo Estado em cooperaco, da forma mais ampla possivel, bem como garantir que Ihes sejam oferecidos todos os meios para seu pleno desenvolvimento. 2.2 Principio da Prioridade Absoluta Tal como o principio anterior, o principio da prioridade absoluta também tem suas bases no artigo 227daCFe vem expressamente estabelecido no artigo 4° da Lei n® 8.069/90. Art. 4° E dever da famil ,, da comunidade, da sociedade em geral e do poder ptblico assegurar, com absoluta prioridade, a efetivacao dos direitos referentes a vida, 4 satide, alimentagao, 4 educagao, a0 esporte, ao lazer, a profissionalizago, 4 cultura, a dignidade, a0 respeito, @ liberdade e a convivéncia familiar comunitaria. Este principio estabelece a primazia em favor das criangas e adolescentes, em todos os aspectos dos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana. Para melhor entendimento, podemos por tela tal principio quando, por exemplo, ocorre uma catastrofe natural. Neste caso, deve-se atender, primeiramente, as necessidades das criangas e adolescentes, dado a maior fragilidade destes em situages de desamparo. Cabe ressaltar que o rol apresentado no paragrafo Unico do art. 4° do ECA meramente exemplificativo, ndo se limitando o principio da primazia a ele. 2.3 Principio do Melhor Interesse Este principio tornou-se um “orientador’, tanto para o legislador quanto para 0 aplicador da norma. Dado 0 principio da prioridade absoluta, deve-se também garantir que toda e qualquer decisao relacionada ao menor seja tomada visando melhor atender aos seus interesses, ndo analisando-os de forma singular, mas levando em conta 0 quadro geral. Assim, num cenario de disputa judicial pela guarda do menor, por exemplo, deve-se levar em conta nao apenas qual dos genitores apresenta melhor condigao financeira, mas também qual deles apresenta uma maior capacidade afetiva para com o menor, qual deles apresenta um ambiente de convivéncia mais harménico etc. Logo, deve haver um equilibrio entre os fatores influenciadores da decisdo, a fim de proporcionar ao menor nao apenas uma seguranga econémica, mas também uma seguranga emocional e psicolégica, por exemplo. 2.4 Principio da Municipalizagao A lei n° 8069/90 seguiu a ldgica estabelecida pelos arts. 204, 1 227,§ 7°daCF, que reservam a execugao das politicas assistenciais aos Estados e Municipios, bem como a entidades beneficentes e de assisténcia social. Estabelece, portanto, em seu art. 88: Art. 88. Sao diretrizes da politica de atendimento: |- municipalizagéo do atendimento; I~ criagéo de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da crianga e do adolescente, drgéos deliberativos controladores das agées em todos os niveis, assegurada a Participagéo popular paritaria. por meio de organizag6es representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais; II - criagéo e manutengao de programas especificos, observada a descentralizacdo politico-administrativa: IV - manutengo de fundos nacional, estaduais e municipais Vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da crianga e do adolescente; Esse principio foi adotado a fim de melhor atender as necessidades das criangas e adolescentes, uma vez que cada regido apresenta caracteristicas especificas. 2.5 Principio da Convivéncia Familiar Art. 19. E direito da crianga e do adolescente ser criado e educado no seio de sua familia e, excepcionalmente, em familia substituta, assegurada a convivéncia familiar e comunitéria, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral. Assegurado no artigo acima mencionado, este principio, pautado na dignidade da pessoa humana, busca assegurar crianga e ao adolescente um crescimento saudavel e, para que isso ocorra, é tido como essencial a convivéncia familiar, dado que a familia é reconhecida como base fundamental para formacao de individuos. Nesse sentido, Nucci afirma: [..] um dos prineipios deste Estatuto assegurar 0 convivio da familia natural e da familia extensa com a crianga e o adolescente; por isso, uma das politicas, calcada, na pratica, em programas especificos do Estado, 6 harmonizar filhos e pais, dando-Ihes condi¢des de superar as adversidades. (NUCCI, 2015) Cabe ressaltar ainda a previsdo do artigo 19 acerca da familia substituta, ndo a excluindo, portanto, da protegdo deste principio. Assim, nos casos de familia substituta, seja decorrente de adogao, tutela ou guarda, fica ela responsvel por proporcionar a protego ao menor, antes responsal familia natural lade da Necessério, ainda, mencionar que, embora esteja expressa a importancia da convivéncia familiar para os menores, faz-se mister que o Estado ‘cumpra com sua fungao de garantidor de politicas publicas, oferecendo suporte basico as familias para que estas, por sua vez, possam cumprir de forma adequada suas fungdes. 4. CONCLUSAO Foram expostos no trabalho alguns dos considerados principais principios norteadores do Estatuto da Crianca e do Adolescente e, a partir de sua andlise, percebemos que 0 ECA foi concebido a fim de proporcionar aos menores condigées basicas para um bom desenvolvimento fisico, psiquico e moral HA, portanto, uma preocupagao da Lei em garantir que sejam proporcionades ao menor acesso a educagao, satide, alimentagao, lazer, convivéncia familiar sadia etc. E, quando em situacées de privacdo destes, procura estabelecer meios para que a deficiéncia seja suprida. E nesta ultima situagao exposta, apesar de nao estar presente apenas nela, que melhor percebemos a vitalidade dos principios na Lei n® 8.069, pois é a partir deles e procurando respeita-los ao maximo que se examina formas de suprir as necessidades do menor desamparado. Por fim, a0 verificarmos que 0 ECA possui fontes e principios préprios, podemos concluir que se trata de um ramo juridico auténomo. 5. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS NUCCI, Guilherme Souza. Estatuto da Crianga e do Adolescente Comentado, 2° edicdo. Forense, 07/2015. VitalSource Bookshelf Online. VILLAS-BOAS, Renata Malta. A doutrina da protegdo integral e os Principios Norteadores do Direito da Infancia e Juventude. Disponivel em: . Acesso em out 2022 FONSECA, Julia Brito. Principios Norteadores do ECA. Disponivel em:. Acesso em abr 2016

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