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ICMS SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇO DE

COMUNICAÇÕES E TRANSPORTE

Edison Aurélio Corazza


edisoncorazza@corazzaadv.com
ICMS SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇO DE COMUNICAÇÕES
E TRANSPORTE
Edison Aurélio Corazza
• Mais de 30 anos de experiência na área Jurídica Contenciosa e Consultiva Tributária e na área de Negócios, com
Bacharelado em Direito e Mestrado em Direito do Estado pela Pontifica Universidade Católica de São Paulo – PUC,
psicanalista pelo SEDES-SP e especialização pela FAAP, especialista em Ciências Sociais pela PUC-RS;

• Responsável por consultoria tributária, diligências nas áreas Fiscal, Previdenciária e Societária, bem como suporte
estratégico em auditorias e corporate finance, planejamento tributário, reorganizações societárias e assessoramento jurídico
integral em M&A e Family Business;

• Docente assistente do curso de Especialização em Direito Constitucional Tributário e docente convidado do curso de Pós-
Graduação em Direito Tributário II pela PUC/SP; Docente na Especialização em Direito Tributário pela Associação Paulista
de Estudos Tributários (APET), pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo e Docente no IBGC – Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa e no Instituto Family Business, ministrando aulas de Governança Corporativa, Direito
Societário e Sucessão Familiar. Atualmente Docente pela Universidade Presbiteriana Mackenzie – Campinas, ministrando o
módulo II – Elementos Materiais e Processuais dos Crimes Contra a Ordem Tributária, no Curso de Especialização em
Direito Tributário; na Live University e no Instituto Brasileiro de Estudos Tributários – IBET.

• Vice-Presidente do Instituto de Pesquisas Tributárias; Conselheiro do Movimento de Defesa da Advocacia (MDA); e Juiz-
Contribuinte na Câmara Superior do Tribunal de Impostos e Taxas de São Paulo (TIT);

• Autor de importantes publicações na área Jurídica Tributária, contabilizando mais de 20 temas abordados, entre as quais
destacamos “ICMS sobre Prestações de Serviço de Comunicação”, uma das pioneiras no assunto, publicada em 2006, pela
Quartier Latin;
ICMS-comunicação

Necessidade de um novo Direito

... este setor é dos que apresentam maior velocidade de


mudança a ponto de, em poucos meses, novos serviços
surgirem ou desaparecerem, em quem tecnologias distintas
convergem para desembocar em atividades ou mesmo
objetos mais complexos e multifuncionais, em que a precisão
da tipicidade tributária se esfumaça e nem mesmo um critério
abstrato como o da preponderância consegue solucionar
certas perplexidades. (Marco Aurélio Greco)
ICMS-comunicação

Necessidade de um novo Direito


• O direito acoberta todas as relações comportamentais,
independente de terem sido modernamente incorporadas aos
costumes sociais.

• Um comportamento sempre será vedado, permitido ou


obrigatório.

• Um fato sempre será tributado ou não tributado


ICMS-comunicação

Conhecimento de informática – desnecessidade

... A convivência com os problemas ligados à informática


mostra que o exame das respectivas questões jurídicas não
deve estar focado exclusivamente nos textos escritos que
veiculam normas jurídicas regulando para cada um dos
fenômenos em que o uso da informática assume relevância.
Essencial é conhecer a realidade subjacente consistente no
funcionamento do próprio computador. (Marco Aurélio Greco)
ICMS-comunicação

Conhecimento de informática – desnecessidade

• A informática e o computador são meros instrumentos.

• A categoria jurídica da operação é determinada pela intenção do


uso dado ao instrumento – é resultado da manifestação de vontade
do usuário na definição do fim pretendido – não pelo modo de
operar a a máquina.

• Todos nós usamos aparelhos cujo mecanismos de funcionamento


nos é completamente desconhecido.
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Conhecimento de informática – desnecessidade

• Ponto partida e de chegada: Constituição Federal.

• Norma jurídica que determina a incidência do ICMS-


comunicação.

• Objeto do negócio jurídico firmado entre prestador e tomador


do serviço – a vontade das partes
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Impostos sobre a Prestação de Serviços


• Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir imposto sobre:
II -... prestações de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e
de comunicação, ainda que (...) as prestações se iniciem no exterior;

• Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,


definidos em lei complementar.
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Impostos sobre a Prestação de Serviços

Imposto Verbo Substantivo Qualificativo


ICMS Prestar Serviço de Transporte
transmunicipal
ICMS Prestar Serviço de Comunicação

ISS Prestar Serviço de qualquer outra


natureza
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Prestação de Serviços

Serviço é o produto resultante de uma obrigação de fazer, do


esforço humano, maior ou menor – em razão da tecnologia
utilizada na sua prestação – físico ou intelectual, em favor de
outro e tendente a produzir como resultado um bem material
ou imaterial, mediante contraprestação pecuniária
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Prestação

Prestação pressupõe obrigação ou dever jurídico, que


necessariamente exige a existência de um segundo sujeito no
outro pólo da relação, o titular do direito subjetivo de exigir o
cumprimento da prestação; por isso não há e nem pode haver
"prestação" de serviço a si mesmo.
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Prestação

Prestação de uma utilidade (material ou não) de qualquer


natureza, efetuada sob o regime de Direito Privado mas não
sob regime trabalhista, qualificável juridicamente como
execução de obrigação de fazer, decorrente de um contrato
bilateral. (Marçal Justen Filho)
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Prestação de Serviços - Caracterização

• Caracterização se dá através do querer do tomador e do


prestador de serviços.

Determinada pessoa (X) contrata outra (Y) para a prestação de


um serviço, que se realiza mediante o transporte de uma
carga de inseticida do ponto (A) para o ponto (B). Pergunta:
qual imposto incide sobre esta operação?
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Prestação de Serviços - Caracterização

1. Caso a obrigação de fazer se resolva com o simples transporte da carga do


ponto (A), situado em um Estado ou município diverso do seu destino, ponto
(B), caracterizado está o transporte, teremos então a incidência do ICMS-
transporte.

2. Se a obrigação de fazer for a de pulverização do inseticida em área específica,


que tenha por centro o ponto (B) a prestação do serviço é de outra natureza –
desinfecção, imunização, higienização, desratização e congêneres – sujeita ao
ISS.

3. Se a compra do inseticida, do estabelecimento comercial localizado no ponto


(A), foi efetuada com cláusula de entrega no ponto (B), tem-se a operação de
compra e venda de mercadoria, sujeita ao ICMS-mercadoria.
ICMS-comunicação

Prestação de Serviços – Caracterização

O fato tributário nem sempre se encontra no fato físico ocorrido, mas


decorre do próprio tipo de negócio realizado.

O fim pretendido pelas partes, como resultado da prestação do serviço,


é definitivo para precisar a incidência de um ou outro imposto (ICMS ou
ISS), não o meio ou a forma de sua realização. É a intenção e o
compromisso manifestados pelos contratantes que refletem o próprio
objeto do negócio jurídico e, via de conseqüência, a hipótese de
incidência do tributo.
ICMS-comunicação

Prestação de Serviços - Caracterização

• O transporte e a comunicação somente determinarão a incidência do


imposto estadual sobre a prestação de serviços se forem objeto do
negócio firmado pelas partes e consubstanciarem sua obrigação principal.

• Se outra for a obrigação de fazer, objetivamente pactuada, ainda que


transporte e comunicação lhe sejam meios para conclusão ou eventual
utilização, afastada está a incidência do ICMS, na medida em que o objeto
do negócio jurídico estará no universo de hipóteses constitucionalmente
reservadas aos Municípios.
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Comunicação – Conceito Constitucional


• O "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa" nos traz 14 diferentes acepções para o vocábulo comunicar
e 29 para comunicação, passando desde o ato de conversar até o ato de ensejar a passagem de, de deixar
passar.

1. O movimento do eixo comunica-se ao das rodas.


2. A tensão comunicou-se a toda a sala.
3. O barbeiro pode comunicar doença de Chagas.
4. Um breve corredor comunica as duas saletas.
5. O ferro comunica a eletricidade.
6. Não se comunicam os débitos anteriores ao casamento.
7. A canoa já vinha comunicando com a praia.
8. Resolveu comunicar, ainda em vida, o seu legado aos descendentes.
9. Acabou tendo de comunicar o cargo de diretor ao seu principal rival.
ICMS-comunicação

Comunicação – Conceito Constitucional

1) Há acepções de comunicação que se inserem no universo de competência tributária de


outra pessoa política ou de outro imposto atribuído aos Estados e ao Distrito Federal: "passar
algo de um possuidor ou detentor para outro, transferir“.

2) Há acepções de comunicação que não representam manifestação de capacidade


econômica:"pegar ou transmitir por contágio", "chegar próximo, avizinhar-se".

3) Há outros significados de "comunicação" expressamente utilizados no pela Constituição


em conjuntura diversa de "prestação de serviço de comunicação“, como “vias federais de
comunicação (art. 20, II): um breve corredor comunica as duas saletas"

4) Há conteúdos que empregam a comunicação não como resultado da prestação de serviço,


mas sim como meio, forma, de atingir resultado outro: "a exposição oral ou escrita, sobre um
determinado tema de teor científico, administrativo, político, jornalístico, religioso, etc."
ICMS-comunicação

Comunicação – Conceito Constitucional

5) Há o conceito de "transmitir uma mensagem a alguém".

Comunicação pressupõe um ato de vontade,


uma intenção, e capacidade de compreensão.
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Comunicação – Conceito Constitucional


• O ato de comunicação pressupõe no mínimo, a existência de duas
pessoas: um emissor, conhecedor e consciente do destinatário da
mensagem e de sua capacidade de assimilá-la, e um receptor, certo,
identificável e apto a figurar no pólo oposto do processo de comunicação.

• No processo de comunicação temos, necessariamente: (a) o emissor ou


remetente da mensagem; (b) a mensagem – codificável e apreensível; (c)
o canal ou meio; e (d) o destinatário ou receptor.
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Comunicação – Conceito Constitucional

CONTEXTO
CONTEXT
OO

REMETENTE CANAL DE COMUNICAÇÃO


DESTINATÁRIO
MENSAGEM

CÓDIGO
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Prestação de serviço de comunicação

Prestar um serviço de comunicação, é exercer, mediante


pagamento, uma atividade, em favor de terceiros, a qual
tenha por objeto a realização da comunicação: é envidar,
como fim e mediante remuneração, esforços para que a
mensagem do emissor seja transmitida ao receptor e por ele
recebida.
ICMS-comunicação

Prestação de serviço de comunicação


Contrato de prestação de serviços de comunicação

(1) Emissor da (2) Prestador do (3) Receptor da


mensagem serviço mensagem

Obrigação de fazer
(Transmitir a mensagem do emissor ao receptor)
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Internet

1. Conjunto de dispositivos ligados – os computadores, roteadores etc., que, uma


vez conectados, podem compartilhar dados, direta ou indiretamente, com
qualquer outro equipamento da rede;

2. meio físico – que conecta os dispositivos entre si; nesta categoria incluem-se os
cabos, os satélites, etc.;

3. linguagem – que permite aos equipamentos processarem, "entenderem", as


instruções e procedimentos a serem realizados; e

4. endereço lógico – que indica qual posição cada um dos equipamentos ocupa no
conjunto da rede como um todo, permitindo que ele seja encontrado e
reconhecido pelos demais.
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Provedor de Internet

• O provedor de acesso apresenta-se numa posição


intermediária entre o usuário e a rede propriamente dita, é
um facilitador não obrigatório da conexão.

• O negócio jurídico firmado entre usuário e provedor, não tem


por objeto a comunicação, mas tão somente o acesso à rede
mundial de computadores (Internet) que lhe permite o acesso
a dados armazenados previamente ou a que vierem a ser
inseridos no sistema
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Provedor de Internet
ICMS-comunicação

Provedor de Internet
• O núcleo do negócio jurídico firmado entre o usuário da Internet e o
provedor de acesso não é uma obrigação de fazer consistente na
transmissão de uma mensagem de um emissor para um receptor, ou em
outras palavras fazer a comunicação se realizar.

• É, sim, a obrigação de permitir ao usuário o acesso à rede da Internet, o


qual, uma vez conectado, poderá realizar as atividades ou operações que
bem desejar (comprar, vender, divertir-se, pesquisar...), inclusive – mas
não exclusivamente – comunicar-se.
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Provedor de Internet
• SÚMULA N. 334

• O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.

• Referências: Lei n. 9.472/1997, arts. 60 e 61, § 1º. LC n. 87/1996, art.


2º.

• Precedentes: EREsp REsp REsp REsp 456.650-PR 453.107-PR 456.650-PR


(1ª S, 11.05.2005 – DJ 20.03.2006) (1ª T, 14.02.2006 – DJ 13.03.2006) (2ª
T, 24.06.2003 – DJ 08.09.2003) 511.390-MG (1ª T, 19.05.2005 – DJ
19.12.2005) REsp REsp 736.607-PR 745.534-RS (1ª T, 25.10.2005 – DJ
19.12.2005) (1ª T, 09.03.2006 – DJ 27.03.2006) Primeira Seção, em
13.12.2006
ICMS-comunicação

Provedor de Internet
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 1.945 MATO GROSSO, 24 de fevereiro de 2021.

1. Consoante a jurisprudência da Corte, o ICMS-comunicação “apenas pode incidir


sobre a atividade-fim, que é o serviço de comunicação, e não sobre a atividade-meio
ou intermediária como são aquelas constantes na Cláusula Primeira do Convênio ICMS nº
69/98” (RE nº 570.020/DF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Luiz Fux).
... 7. Ação direta não conhecida no tocante aos arts. 2º, § 3º; 16, § 2º; e 22, parágrafo
único, da Lei nº 7.098/98 do Estado de Mato Grosso; julgada prejudicada em relação ao
art. 3º, § 3º, da mesma lei; e, no mérito, julgada parcialmente procedente, declarando-se
a inconstitucionalidade (i) das expressões “adesão, acesso, disponibilização, ativação,
habilitação, assinatura” e “ainda que preparatórios”, constantes do art. 2º, § 2º, I, da Lei
nº 7.098/98, com a redação dada pela Lei nº 9.226/09; (ii) da expressão “observados os
demais critérios determinados pelo regulamento”, presente no art. 13, § 4º, da Lei nº
7.098/98; (iii) dos arts. 2º, § 1º, VI; e 6º, § 6º, da mesma lei.
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Veiculação de Publicidade e Propaganda

• Trata-se da ação de difundir uma mensagem a um universo de


pessoas indeterminadas e não identificadas, dentre as quais,
mas não exclusivamente, potenciais consumidores de
produtos ou mercadorias cujas vendas se pretende
incrementar. Os receptores da mensagem captam a
informação divulgada de forma passiva, sem a possibilidade
de interagir com o seu emissor ou, em alguns casos, de negar-
se a recebê-la.
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Veiculação de Publicidade e Propaganda
ICMS-comunicação

Veiculação de Publicidade e Propaganda


• O objeto do negócio jurídico firmado pelo anunciante é o de que sua
mensagem publicitária seja difundida para ser captada pelo maior público
provável (formado por potenciais consumidores ou não) que a ela tiver
acesso.

• É irrelevante para a conclusão da prestação do serviço de veiculação de


publicidade ou propaganda que a mesma seja recebida somente por
possíveis consumidores, pretensão imediata do emissor-anunciante, posto
não ser este o objeto da contratação. Também carece de importância o
fato de terceiros, não eventuais consumidores capturarem, com seus
sentidos, o anúncio, ainda que não seja, novamente, essa a intenção
primeira do emissor.
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Veiculação de Publicidade e Propaganda

• O resultado buscado pelo tomador-anunciante e


prestador de serviço não é a comunicação
daquele com seus potenciais consumidores. Não
se trata da contratação do transporte de
informações com destino pré-especificado: o que
se busca com a prestação de serviço é a difusão,
divulgação da mensagem.
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Veiculação de Publicidade e Propaganda
O enquadramento da atividade de inserção de propaganda e publicidade
como serviço tributado pelo ISS estava na lista de serviços anexa ao Decreto-
lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968, com a redação dada pela Lei
Complementar nº 56, de 15 de dezembro de 1987, que, embora anterior à
Constituição de 1988, continua compatível com seus termos e, portanto,
repito, por ela recepcionado:

85. Propaganda e Publicidade, inclusive promoção de vendas, planejamento de


campanhas ou sistema de publicidade, elaboração de desenhos, textos e demais
materiais publicitários (exceto sua impressão, reprodução ou fabricação)

86. Veiculação e divulgação de textos, desenhos e outros materiais de publicidade, por


qualquer meio (exceto em jornais, periódicos, rádios e televisão).
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Veiculação de Publicidade e Propaganda
Conflito de competências, entre Estados e Municípios, cuja solução é
constitucionalmente atribuída à Lei Complementar, nos termos do artigo
146, I da Carta Magna:

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a


União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
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Veiculação de Publicidade e Propaganda
A Lei Complementar nº 157/2016 apresenta extrema relevância na
solução da lide, pois, em função de sua pertinência constitucional, põe fim
a um conflito nascido desde a Magna Carta de 1988, retroagindo,
portanto, seus efeitos.

17.25 - Inserção de textos, desenhos e outros materiais de propaganda e


publicidade, em qualquer meio (exceto em livros, jornais, periódicos e nas
modalidades de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens de
recepção livre e gratuita).
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Veiculação de Publicidade e Propaganda
O objetivo da Lei Complementar nº 157/2016, fica claro com a leitura do
Parecer da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado sobre o Projeto
de Lei do Senado nº 386, de 2012-Complementar, nos seguintes termos:

O subitem proposto reproduz quase que textualmente o item 86 constante


da lista de serviços anexa ao Decreto-Lei nº 406, de 1968, com a redação
da LCP nº 56, de 1987, vigente antes de a LCP nº 116, de 2003, vir a lume.
Esta LCP incorporou, no subitem 17.07, o texto do referido item 86,
diminuído da expressão final “exceto em jornais, periódicos, rádios e
televisão”, precipitando o veto presidencial por inconstitucionalidade, uma
vez que o dispositivo, por sua generalidade, permite a incidência do ISS
sobre, por exemplo, mídia impressa, que goza de imunidade constitucional
(CF, art. 150, VI, d). Assim, a reposição da cláusula final devolve
constitucionalidade ao texto.
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Veiculação de Publicidade e Propaganda
A iniciativa está amparada na Carta Magna. Embora o ISS seja de
competência municipal e distrital, a teor dos arts. 156, III e 147, parte final,
da CF, a autonomia dos Municípios e do DF para legislar a respeito
encontrasse limitada, de forma específica, pelo Constituinte originário e
derivado, nos seguintes dispositivos:

a) inciso III do art. 156, segundo o qual cabe à lei complementar definir os
serviços passíveis de imposição (pelos Municípios e pelo DF);

b) § 3º do art. 156, segundo o qual cabe à lei complementar: (I) fixar as


suas alíquotas máximas e mínimas; (II) excluir da sua incidência
exportações de serviços para o exterior; (III) regular a forma e as condições
como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e
revogados.
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Veiculação de Publicidade e Propaganda
A competência municipal e distrital em matéria tributária é também
limitada, genericamente – o que inclui o ISS –, pelo art. 146, que incumbe à
lei complementar: (i) dispor sobre conflitos de competência entre os entes
federados; (ii) regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
(iii) estabelecer normas gerais especialmente, entre outras, sobre definição
dos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos; (iv)
definir tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e
para as empresas de pequeno porte, facultada a instituição de um regime
único de arrecadação dos impostos e contribuições próprios dos três níveis
de governo.

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Veiculação de Publicidade e Propaganda
O Senador FRANCISCO DORNELLES apresentou emenda ao subitem 17.25 proposto,
alegando que haveria maior precisão conceitual se fosse empregado o termo
“inserção” no lugar de “veiculação” do material publicitário, porque “veicular”
seria ato próprio de divulgação de conteúdos por meio de comunicação social
(rádio, televisão, livros, jornais e revistas), nos quais a incidência do tributo é
afastada.

Decerto que parte da receita dos provedores de conteúdos e aplicativos na internet


provém da venda de espaço publicitário em suas páginas eletrônicas, de forma
que, sem a previsão contida no subitem 17.25, a atividade econômica desses
agentes não estaria sendo homogeneamente tributada.

Sugerimos, portanto, que se acate a emenda proposta pelo Senador DORNELLES,


sem excluir o termo “propaganda” originalmente incluído no projeto, para evitar
dúbias interpretações sobre a diferença conceitual entre propaganda e publicidade
que possam resultar em não incidência do ISS sobre parcela dos serviços de
natureza comercial.
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Veiculação de Publicidade e Propaganda
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Radiodifusão Sonora e de Sons e Imagens


A relação que se estabelece, entre emissora aberta e ouvinte ou
telespectador, não corresponde a uma prestação de serviço, a um negócio
jurídico, dado o fato de que:

i) inexiste contratação, vinculo jurídico entre a primeira e os últimos,


bastando para tanto o uso de um receptor de rádio ou um aparelho de
televisão para que qualquer pessoa receba os sons e imagens
transmitidas, e ;
ii) a emissora fornece gratuitamente a sua programação ao público em geral.
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Radiodifusão Sonora e de Sons e Imagens


A Constituição Federal considera telecomunicação e radiodifusão institutos
distintos.

• Art. 21. Compete à União:


XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação
de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

• Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...)


IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
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Radiodifusão Sonora e de Sons e Imagens

Ao diferenciar os conceitos de telecomunicação (subclasse de


comunicação, que se serve de meios eletromagnéticos para a
transmissão de mensagens) e de radiodifusão (classe ou
subclasse diversa de telecomunicação, que entretanto
também se utiliza de meios eletromagnéticos para a difusão
de sinais), a Carta Magna retirou esta última da classe
comunicação.
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Radiodifusão Sonora e de Sons e Imagens

A radiodifusão sonora e de sons e imagens utiliza-se de meios


eletromagnéticos como meio de transmissão; entretanto, por
definição constitucional, não é telecomunicação, não
pertence, juridicamente, à subclasse telecomunicação. Da
mesma forma, não pertence a radiodifusão à subclasse não-
telecomunicação, pois apresenta característica própria que a
exclui por definição desta última subclasse, qual seja a
utilização de meios eletromagnéticos.
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Radiodifusão Sonora e de Sons e Imagens


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TVs por Assinatura

• O serviço denominado de TV por assinatura ou TV fechada apresenta duas


grandes semelhanças com a radiodifusão de sons e imagens: i) trata-se de
atividade que tem por objeto o fornecimento de uma programação pré-
determinada; e ii) trata-se de um veículo de difusão de propaganda ou
publicidade.

• Diferencia-se o serviço por assinatura do de radiodifusão por este


caracterizar-se em um "sistema fechado", que, mediante a codificação dos
sinais que contêm a programação, somente permite sua recepção por
aparelhos específicos, cedidos a terceiros, denominados assinantes ou
usuários.
ICMS-comunicação
TVs por Assinatura

O objeto da contratação: o usuário, não pretende


se comunicar com o prestador de serviço ou com
terceiros, muito menos deles receber mensagens
através do canal de fornecimento da
programação. Quer ele entreter-se, divertir-se,
informar-se, assistindo a filmes e a programas
variados.
ICMS-comunicação
TVs por Assinatura

Ainda que se pudesse caracterizar programação fornecida como objeto de


comunicação entre o titular do direito e o usuário, não teríamos,
prestação de serviço, dada a ausência de terceiro, do prestador,
intermediando o processo comunicativo.

Se considerarmos que a programação cedida configura-se como


mensagem, transmitida aos assinantes, são os seus próprios titulares que
se encarregam de fazê-lo, utilizando-se de meios de sua propriedade, e,
portanto não prestam serviço a si mesmos.
ICMS-comunicação
Streaming
Streaming é uma forma de
distribuição digital, em
oposição à descarga de dados.
A difusão de dados,
geralmente em uma rede
através de pacotes, é
frequentemente utilizada para
distribuir conteúdo multimídia
através da Internet. Nesta
forma, as informações não
são armazenadas pelo usuário
em seu próprio computador
ICMS-comunicação
Streaming

1.09 – Disponibilização, sem cessão definitiva, de


conteúdos de áudio, vídeo, imagem e texto por
meio da internet, respeitada a imunidade de livros,
jornais e periódicos (exceto a distribuição de
conteúdos pelas prestadoras de Serviço de Acesso
Condicionado, de que trata a Lei nº 12.485, de 12
de setembro de 2011, sujeita ao ICMS) - acrescido
pela Lei Complementar n. 157/2016
Tributação Digital
Conceito de mercadoria digital
Natureza jurídica - bem destinado à mercancia (tangível ou não)
- transferência de titularidade
- obrigação de dar
- novo direito?
- objeto do negócio jurídico

Jornal digital
Livro digital Provedor de conteúdo

Software – Cessão de direito


ICMS-transporte

Contribuinte

Art. 4º da LC 87/96 – Contribuinte é qualquer pessoa, física ou


jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que
caracterize intuito comercial, operações de circulação de
mercadoria ou prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior.
ICMS-transporte

Contribuinte

Parágrafo único: É também contribuinte a pessoa física ou


jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial:

I-importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a


sua finalidade;

II-seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja


prestação se tenha iniciado no exterior;
ICMS-transporte
Sujeito Ativo
Art. 11 da Lei Complementar 87/96
O local da operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança do imposto e
definição do estabelecimento responsável:

II - tratando-se de prestação de serviço de transporte:


a) onde tenha início a prestação;
b) onde se encontre o transportador, quando em situação irregular pela falta de
documentação fiscal ou quando acompanhada de documentação inidônea, como
dispuser a legislação tributária;
c) o do estabelecimento destinatário do serviço, na hipótese do inciso XIII do art.
12 e para os efeitos do §3º do art. 13.
Art. 12, XIII – Ocorre o FG no momento da utilização, por contribuinte, de serviço cuja
prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou
prestação subsequente.
Art. 13, §3º - BC é o valor da prestação no Estado de origem X diferencial de alíquota
(interna – interestadual)
ICMS-transporte
Alíquotas
• 12% nas operações ou prestações interestaduais que destinarem
mercadorias ou serviços a contribuintes localizados nos Estados das
regiões Sul e Sudeste
• 7% nas operações ou prestações interestaduais que destinarem
mercadorias ou serviços a contribuintes localizados nos Estados das
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e no Estado do Espírito Santo
• 4% nas prestações interestaduais de transporte aéreo de passageiro
(ADIN), carga e mala postal, em que o destinatário do serviço seja
contribuinte do imposto
• 12% nas prestações de serviços de transporte internas, (também as
iniciadas no exterior)
ICMS-transporte
Alíquotas
NOTA: A Resolução do Senado Federal nº 95, de
13.12.96 - D.O.U. de 16.12.96, fixou a alíquota de 4%
(quatro por cento) na prestação de transporte aéreo
interestadual de passageiros, carga e mala postal, com
efeitos a partir de 01.01.97.
– ADI 1600-B, D.J.U. de 20/06/2003
– NÃO INCIDÊNCIA SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO,
DE PASSAGEIROS – INTERMUNICIPAL, INTERESTADUAL E INTERNACIONAL.

– INCONSTITUCIONALIDADE DA EXIGÊNCIA DO ICMS NA PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS DE TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL DE CARGAS PELAS
EMPRESAS AÉREAS NACIONAIS, ENQUANTO PERSISTIREM OS CONVÊNIOS DE
ISENÇÃO DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS.
ICMS-transporte
Não incidência
Sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços
prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento
do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

Art. 3º O imposto não incide sobre:


I - operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;
II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos
primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços;
Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata o inciso II a saída de
mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada a:
• I - empresa comercial exportadora, inclusive tradings ou outro estabelecimento da
mesma empresa;
• II - armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.
ICMS-transporte
Não incidência

Só ocorre o fato gerador “prestação de serviço


de transporte” quando um TERCEIRO, diferente
do REMETENTE ou do DESTINATÁRIO da
mercadoria é contratado para transportá-la.
ICMS-transporte
Não incidência

Frete cobrado como “despesa acessória”, na


nota fiscal, pelo vendedor da mercadoria,
configura parte do preço da mercadoria e terá o
mesmo tratamento tributário.
Não configura fato gerador de prestação de
serviço
ICMS-transporte
Critérios da hipótese de incidência
- Material => Prestar serviço de transporte ONEROSO
E EFETIVO por qualquer via de pessoas, bens,
mercadorias ou valores
- Temporal => Início da prestação
- Espacial => Território do Estado/DF do início da
prestação
- Quantitativo => Preço combinado da prestação X
alíquota
- Sujeito Ativo => Estado/DF do início da prestação
- Sujeito Passivo => Prestador do serviço/ tomador
ICMS SOBRE PRESTAÇÕES DE SERVIÇO DE
COMUNICAÇÕES E TRANSPORTE

Edison Aurélio Corazza


edisoncorazza@corazzaadv.com

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