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A CADEIA DO ALGODão brasileirO:

desafios e estratÉGIAS
ABRAPA
Biênio 2011 / 2012

ENTIDADES APOIADORAS DIRETORIA


Presidente
Presidentes
das estaDuais
Ampasul
Titular
Darci Boff
Sérgio De Marco Suplente
Almir Montecelli – Acopar
Arlindo Moura – Amapa Walter Schlatter
Darci Agostinho Boff – Ampasul
Vice-presidentes
Gregory Sanders – Apipa Acopar
Gilson Ferrúcio Pinesso
Carlos Ernesto Augustin – Ampa Titular
João Carlos Jacobsen Rodrigues
Inácio Carlos Urban – Amipa Almir Montecelli
Eduardo Silva Logemann
Isabel da Cunha – Abapa
Marcelo Jony Swart – Agopa Suplente
Ronaldo Spirlandelli – Appa Sérgio Otaguiri
1º Secretário
Walter Yukio Horita Amapa
Titular
2º Secretário REPRESENTANTES Arlindo Moura
Paulo Henrique Piaia
na assembleia Suplente
1º Tesoureiro geraL Eduardo Silva Logemann
Paulo Kenji Shimohira
Ampa Agopa
2º Tesoureiro Titulares Titulares
Mário Maeda Ide Pedro Valente Marcelo Jony Swart
Gilson Ferrúcio Pinesso José Fava Neto

ENTIDADES EXECUTORAS
Carlos Ernesto Augustin Suplentes
Conselho Fiscal Paulo Aguiar Luiz Renato Zaparolli
Titulares Suplentes Paulo Kenji Shimohira
Ângelo Munari Milton Garbúgio
Luiz Renato Zaparolli Elizeu Scheffer Amipa
Milton Garbúgio Celso Griesang
Titular
Guilherme Scheffer
Suplentes Inácio Urban
Celito Breda Suplente
Abapa
Renato Burgel Ângelo Munari
Rudy Scholten Titulares
Isabel da Cunha
Appa
João Carlos Jacobsen Rodrigues
Celito Missio Titular
conselho Paulo Mota Ronaldo Spirlandelli
consultivo Suplentes Suplente
Paulo Mizote Luiz Augusto B. do Carmo
João Luiz Ribas Pessa Celito Breda
Jorge Maeda Walter Horita Apipa
Haroldo Rodrigues da Cunha Marcos Busato Gregory Sanders
ÍNDICE

1- M
 apeamento e Quantificação
3 - a Produção Algodoeira pág. 57
da Cadeia Brasileira do Algodão
Safra 2010/2011 pág. 13

26 2 - O MERCADO
E A Economia Algodoeira pág. 35

4 - o Consumo INDUSTRIAL
dos Produtos de Algodão pág. 73
Algodão em números:
compromisso e credibilidade da cotonicultura brasileira

A credibilidade de um setor está em ser transparente e compromissado com


seus interessados. A Abrapa quer, com esta obra, transmitir esses valores a
toda a cadeia do algodão brasileiro. Esta publicação representa, para o setor
da cotonicultura brasileira, um enorme avanço e a responsabilidade de trazer
a público – de forma didática – números reais, sólidos e confirmadores da
realidade do trabalho desenvolvido pelos muitos cotonicultores de norte a sul
do país e por toda a cadeia, que vai do plantio da fibra ao produto final que
chega às mãos do consumidor.

A transparência pode ser vista na completa e inédita pesquisa. Ela traz, com
a credibilidade de números colhidos diretamente com cada elo da cadeia,
dados que confirmam nossa importância para a economia nacional, como a
alta geração de empregos, os valores de exportação que sustentam a balança
comercial e a representatividade do setor no Produto Interno Bruto (PIB) do
país. Também reforça o posicionamento da nossa cotonicultura no cenário
internacional - tendo o Brasil como quarto maior exportador do mundo,
sustenta a alta produtividade média e a alta qualidade da fibra brasileira que
já é reconhecida por tecelagens de quase todos os continentes.

Fica a cargo da Abrapa o compromisso de, manter informações atualizadas


sobre a cadeia do algodão em novas e breves edições desta obra, trazendo
mais força e respeito para a cotonicultura. Esperamos que os números aqui
retratados possam, ainda, contribuir para o estabelecimento de políticas
públicas e estimular novas pesquisas do meio acadêmico sobre o setor.

Sérgio De Marco
Presidente da Abrapa
Associação Brasileira dos Produtores de Algodão
a renovação da cotonicultura
brasileira e seu retrato atual

“Nossa maior glória não é nunca haver caído, e Na segunda metade da década de 1980, o
sim ter levantado depois de cada queda.” Essa cenário começou a mudar. Inicialmente, chegou
frase é atribuída ao pensador chinês Confúcio, ao Brasil a praga do bicudo, que literalmente
que viveu no século VI a.C. e foi criador do destruiu plantações inteiras, sendo esta uma das
confucionismo, filosofia ética, social e política principais responsáveis pela contínua redução
que se tornou doutrina oficial do império chinês da área plantada entre as décadas de 1980 e
entre os séculos III a.C e III d.C. Para Confúcio, 1990. O golpe final, que levou à maior crise
as pessoas de sua época haviam perdido valores vivenciada pelo setor em seus mais de quatro
essenciais que precisavam ser retomados para séculos de existência, foi a reviravolta da política
a construção de uma nova sociedade, baseada econômica e comercial do Brasil. No início
no humanismo, na cortesia, na sabedoria, na dos anos 1990, a abertura comercial expôs os
integridade, na lealdade e na honradez. produtores de algodão e a indústria têxtil nacional
Queda e reconstrução: foi do que precisou o setor à concorrência dos importados.
algodoeiro para que se reinventasse como um Definitivamente, o setor produtivo não estava
dos mais modernos, organizados e competitivos preparado. Não houve planejamento do governo
do agronegócio brasileiro. No início da década para a transição. Assim, dois dos principais
de 1980, o Brasil era um dos grandes produtores setores geradores de emprego e renda do país, o
e exportadores mundiais de fibra de algodão. À cotonicultor e o têxtil, foram duramente atingidos,
época, a cultura era amplamente regulada pelo resultando em quebras de produção, demissões
Estado, cuja política agrícola garantia ao produtor em massa e enorme mortalidade de empresas.
acesso ao crédito subsidiado, preços mínimos de Apenas para ilustrar, a produção de algodão caiu
comercialização e compras governamentais para de cerca de 970 mil toneladas em 1984 para 420
a formação de estoques reguladores. No campo mil toneladas em 1992. As exportações, que em
comercial, alíquotas de importação criavam uma 1982 chegaram a mais de 200 mil toneladas, em
grande reserva de mercado para os produtores 1993 foram de apenas mil toneladas. Naquele
nacionais. Com isso, o setor algodoeiro se mesmo ano, o país importou 407 mil toneladas,
sustentava, alheio à competição internacional. volume que em 1984 havia sido de quatro milhões
de toneladas. A redução da área plantada entre de cerrado do Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste cotonicultura internacional. Na safra 2010/11, o línter, US$ 11 milhões em fios de algodão,
1981 e 1995 foi de 68% e quase 800 mil postos do país. Brasil ocupou o posto de quarto maior produtor US$ 12 milhões em malhas de algodão e
de trabalho no campo foram extintos. Para dar continuidade ao desenvolvimento e exportador mundial de pluma de algodão. US$ 164 milhões em tecidos planos de algodão.
Além das enormes perdas econômicas e sociais, no campo, os produtores se organizaram em Ademais, entre os maiores produtores, o país • Em 2010, a massa salarial da cadeia,
esta situação expôs graves deficiências da associações estaduais por meio das quais é o que apresenta a mais alta produtividade considerando o cultivo, a preparação, a fiação
estrutura produtiva brasileira, que passaram a angariar apoio governamental, a média, um pouco à frente da China e muito e a tecelagem de algodão foi de US$ 787
evidentemente não estava preparada para gerir fundos de apoio à cultura do algodão e a além dos EUA, segundo e terceiro colocados em milhões, distribuídos por 79 mil empregados.
enfrentar a economia globalizada do século XXI. investir no desenvolvimento e transferência de termos de produção por área. A qualidade da
• A arrecadação total de impostos foi de
Passado o choque, a cotonicultura começou a tecnologia. Atualmente, nove Estados contam com fibra brasileira não é mais um empecilho para
incríveis US$ 7,7 bilhões.
se reerguer, de forma gradativa, mais planejada, associações estaduais de produtores: Mato Grosso o acesso aos mercados internacionais e menos
sobre novas ideias e baseada em novas ainda uma desvantagem em relação aos maiores Finalmente, ao trazer esses e tantos outros
(Ampa), Mato Grosso do Sul (Ampasul), São Paulo
tecnologias. Estava claro que o modelo anterior exportadores mundiais que possa justificar a dados, esta pesquisa não somente detalha a
(Appa), Minas Gerais (Amipa), Paraná (Acopar),
era retrógrado e não competitivo. retomada das importações. atual contribuição da cadeia do algodão para
Goiás (Agopa), Bahia (Abapa), Maranhão
As sementes da cotonicultura moderna a economia do país como abre espaço para
(Amapa) e Piauí (Apipa). Em nível nacional, essas Entre as conquistas, não podemos deixar de
germinaram no cerrado da região Centro- novas reflexões sobre os caminhos que devem
entidades e seus associados são representados citar a histórica vitória do Brasil na OMC contra
Oeste, onde um conjunto de fatores propiciou ser tomados para que esse importante setor do
pela Associação Brasileira dos Produtores os subsídios norte-americanos e as melhorias
a renovação. Lá, as condições de clima e agronegócio brasileiro se desenvolva ainda mais.
de Algodão (Abrapa), criada em 1999 para nas condições de trabalho e na relação com o
topografia eram mais favoráveis, instituições de Assim, trata-se de uma leitura indispensável
atuar institucionalmente em defesa do setor e meio ambiente. O salário médio pago no cultivo
pesquisa trabalhavam no desenvolvimento de a todas as pessoas que atuam na cadeia e
estrategicamente na organização dos produtores, do algodão em 2010, de R$ 1.260,78, é 130%
variedades de maior produtividade e qualidade trabalham para a sua evolução, seja como agente
guiando-os na direção da produção sustentável e superior ao salário mínimo brasileiro e maior
e mais adaptadas à região, e produtores de soja produtivo, facilitador ou institucional.
do acesso ao mercado global. que o pago no cultivo da cana e da soja, duas
altamente tecnificados procuravam alternativas das maiores e mais tecnificadas culturas do
Os avanços institucionais foram acompanhados Boa leitura!
de diversificação que reduzissem sua exposição às país. Ademais, a cultura conta atualmente com
pelo desenvolvimento de novas tecnologias em
oscilações dos preços do grão. três sistemas de certificação socioambientais,
insumos, máquinas e equipamentos agrícolas;
Seria impossível citar os nomes das pessoas e implantados recentemente e que devem envolver
pelo surgimento de prestadores de serviços
organizações que participaram da construção um número crescente de produtores certificados.
especializados; pelo aprimoramento dos sistemas
da cotonicultura moderna do Brasil, uma vez
de produção e da gestão das propriedades Após todo esse caminho percorrido pela
que o desenvolvimento e a inovação acontecem
agrícolas; pelo surgimento de novas tecnologias cotonicultura brasileira, o momento atual da
apenas com as experiências, sucessos e fracassos
de beneficiamento; pela modernização das cadeia produtiva do algodão é ilustrado por este
acumulados ao longo de anos e mais anos de
técnicas de classificação da fibra e pela trabalho, desenvolvido por pesquisadores do
trabalho e dedicação, sendo esse um processo
formatação de mecanismos de comercialização Centro de Pesquisa e Projetos em Marketing e
que envolve várias pessoas, muitas das quais
que aproximaram o produtor do mercado Estratégia (Markestrat). Seu objetivo principal
anônimas, e cujas ideias se combinam em
consumidor e reduziram sua exposição às grandes é apresentar um retrato da cadeia, trazendo ao
um processo de renovação do conhecimento.
oscilações de preço, como o mercado futuro. leitor um entendimento maior desse negócio,
Mas geralmente existe um turning point, um
A própria estrutura da cadeia produtiva as variáveis que o impactam, suas tendências e
marco, onde o conhecimento acumulado é
passou por um processo de reordenação, com desafios.
sintetizado por indivíduos inovadores que criam
algo extraordinário. No caso da reinvenção da alterações nas relações entre os diferentes Logo no primeiro capítulo, são apresentados o
cotonicultura brasileira, esse marco é considerado agentes. Atualmente, a maioria dos produtores desenho da cadeia produtiva e os números de
a parceria entre a Fazenda Itamarati Norte, empresariais está associada a cooperativas de seus elos para a safra 2010/11. Entre os principais
localizada no oeste do Mato Grosso e de compra de insumos e venda da produção e possui e mais impressionantes resultados, vale adiantar:
propriedade do produtor Olacyr de Moraes, e a algodoeira própria para o beneficiamento do • O faturamento total da cadeia em 2010/11
Embrapa Algodão, sob coordenação do melhorista algodão. Em 2010, criou-se a Libero Commodities, foi de US$ 37 bilhões.
Eleusio Curvelo Freire. Dessa parceria iniciada em primeira trading company com ampla participação
• O PIB agregado pela cadeia foi de mais de
1989 surgiu, na safra 1992/93, a cultivar CNPA acionária de produtores agrícolas, cuja
US$ 19 bilhões, equivalente a toda a riqueza
ITA 90. Com alta resistência a pragas e doenças, representatividade chega a mais de 70% do
gerada por diversos países neste mesmo ano.
alta produtividade e rendimento de pluma, grande algodão produzido no país.
aceitação por parte da indústria têxtil e ótimo • As exportações totais somaram nada menos
Esse caminho que o setor percorre tem levado ao
retorno financeiro, a ITA 90 logo se espalhou pelo que US$ 947 milhões, sendo US$ 746 milhões
fortalecimento da cadeia produtiva e à retomada,
Mato Grosso e, em seguida, para as demais áreas em algodão em pluma, US$ 14 milhões em
pelo Brasil, de sua importância no cenário da
Mapeamento e
Quantificação da
Cadeia Brasileira
do Algodão
Safra 2010/2011
mapeamento e
quantificação da
cadeia brasileira
do algodão
um retrato atualizado
SAFRA 2010/2011

da cadeia produtiva do algodão no Brasil. do projeto, apenas essa etapa será realizada para
o SAG do Algodão. No entanto, vale ressaltar que,
Uma das expressões mais utilizadas a respeito do movimentações do algodão e de seus principais por se tratar de uma etapa inicial do método, a sua
Brasil, principalmente na imprensa especializada, subprodutos ao longo do processo de transformação execução serve como uma preparação para que, no
são as contribuições que o agronegócio proporciona da matéria-prima nos produtos finais agregados. futuro, a Abrapa possa realizar as demais etapas,
à riqueza gerada no país. No entanto, quando se Além da movimentação financeira, a pesquisa ampliando, assim, o enfoque para o desenvolvimento
observa a participação de cada cultura no montante também apresenta a quantificação dos empregos de estratégias coletivas.
final produzido, raramente são detalhadas as e dos impostos gerados, além de dimensionar quanto
contribuições de cada cadeia produtiva, ou Sistema de investimento governamental, por meio de políticas
Agroindustrial (SAG), com seus elos e atores. de crédito agrícola, estão presentes no setor.
Além da movimentação financeira, a pesquisa também apresenta a
Nos últimos anos, a Markestrat tem se ocupado, Para a realização desse estudo, foi utilizado o método
entre outras atividades, em compreender como estão
quantificação dos empregos e dos impostos gerados, além de dimensionar
de Planejamento e Gestão Estratégica de Sistemas
estruturados os diversos SAGs no Brasil, estimando, Agroindustriais (GESis), desenvolvido pelo professor quanto de investimento governamental, por meio de políticas de crédito
por meio do detalhamento dos atores econômicos Marcos Fava Neves, em 2004. Esse método já foi agrícola, estão presentes no setor.
e das particularidades presentes nos processos utilizado em outros Sistemas Agroindustriais no Brasil,
produtivos, quanto é gerado pelas diferentes cadeias. Argentina, Uruguai e África do Sul, principalmente
na compreensão do funcionamento de cada sistema
Como parte desses esforços, o SAG do Algodão foi produtivo pelos próprios atores que deles participam.
mapeado e sua quantificação estimada para
o ano safra 2010/2011. Por meio de coleta de dados O mapeamento e a quantificação de um SAG
secundários e entrevistas primárias com profissionais representam, na verdade, apenas uma das etapas
que atuam nos vários elos, buscou-se calcular as do Método GESis. Em função do escopo e objetivo

14 15
23
Método para planejamento de gestão Método para a descrição, mapeamento e
estratégica de sistemas Agroindustriais quantificação.
ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3 Fases da Etapa 2 Procedimentos
Iniciativa de líderes, Fase 1 Desenho do sistema agroindustrial por meio de caixas,
Criação de uma Descrição do sistema (cadeia) respeitando o fluxo dos produtos, indo desde os insumos
governo, institutos de Descrição, mapeamento
organização vertical agroindustrial do algodão até o consumidor final (desenho do sistema).
pesquisa e universidades e quantificação do
para o Sistema
em planejar o futuro Sistema Agroindustrial Fase 2 Com a primeira versão da descrição, são realizadas
Agroindustrial do Apresentação da descrição algumas entrevistas em profundidade com executivos
de um sistema do Algodão
Algodão para executivos e outros especialistas, de empresas atuantes no setor e outros especialistas
agroindustrial
visando a ajustes na estrutura (pesquisadores, lideranças setoriais, entre outros) com
vistas a ajustar o desenho proposto.

Fase 3 Algumas associações privadas disponibilizam para seus


ETAPA 4 ETAPA 5 Pesquisa de dados de vendas em associações, membros dados sobre vendas, às vezes até na internet.
instituições e publicações Uma cuidadosa revisão bibliográfica também é realizada
Administração em busca de dissertações/teses recentes, além de artigos
Elaboração do plano
dos projetos em revistas/jornais acadêmicos ou de grande circulação.
estratégico para o
estratégicos do Sistema Fase 4 Este é o ponto central da metodologia. São realizadas
Sistema Agroindustrial
Agroindustrial Entrevistas com especialistas entrevistas com gerentes, buscando levantar o montante
do Algodão
do Algodão e executivos de empresas financeiro vendido pelas empresas do setor em estudo.
Também são realizadas entrevistas com diretores de
Figura 1.1 – Método proposto para Planejamento e Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais compra, visando estimar o mercado a partir do lado
adaptado para o SAG do Algodão. oposto de um elo do sistema.
Fonte: Neves, (2008). Fase 5 Neste ponto, todos os dados obtidos são processados
Quantificação e inseridos na descrição logo abaixo do nome da
indústria. Os dados são, então, enviados às empresas que
A realização da etapa 2 do Método GESis consiste na execução das seis fases descritas no quadro 1.1, o qual
colaboraram e que analisarão os valores. Solicita-se que as
apresenta detalhadamente os procedimentos que foram realizados em cada fase.
empresas enviem de volta os dados com seus comentários
e contribuições.

Fase 6 Na fase final, são apresentados os resultados e discutidos


Validação os números.
Quadro 1.1 – Método para a descrição, mapeamento e quantificação.
Fonte: Neves, (2008).

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Entre as principais dificuldades de realização da Os resultados da quantificação do SAG do algodão apontam
quantificação, destaca-se o entrave existente na coleta
de dados específicos ao longo do SAG, o que ocorre, a movimentação financeira de aproximadamente US$ 38 bilhões
principalmente, pelo próprio receio dos atores em e um PIB de mais de US$ 19 bilhões.
fornecer informações que utilizam como elemento
estratégico. Esse processo, quando observado de Algumas informações até então inéditas que agora Já a movimentação financeira total, que consiste na
aparecem são surpreendentes e servirão de base soma dos faturamentos de cada elo, foi estimada em
maneira mais ampla, potencializa os próprios custos
para análises mais profundas de pesquisadores, US$ 37,94 bilhões.
de transação que permeiam o SAG, limitando, em
cotonicultores, empresários e outros interessados
alguns casos, o desenvolvimento de agentes produtivos
na cadeia produtiva e sua inserção no atual cenário Se fossem considerados apenas os produtos agrícolas
participantes.
mundial. Ressalta-se que tanto o material contido primários (pluma, caroço e fibrilha), esse valor seria de
nesta pesquisa como as novas coletas de dados US$ 7,05 bilhões (tabela 1.2), o que representa cerca
No entanto, esse tipo de dificuldade é comum aos que acontecerão no futuro terão como benefício de 2,3% do PIB do agronegócio brasileiro em 2010.
estudos de todas as cadeias produtivas. No caso o aperfeiçoamento do método desenvolvido e o Dividindo-se o valor bruto da produção agrícola pela
específico da cadeia do algodão, vale destacar, ainda, conhecimento das dificuldades metodológicas área de algodão no Brasil (Conab) chega-se ao valor
alguns outros desafios que foram encontrados ao encontradas nesta coleta inicial. de R$ 8,4 mil por hectare, que é duas vezes e meia
longo do trabalho: superior ao PIB do setor de cana-de-açúcar por
Chegou-se ao Produto Interno Bruto (PIB) do setor hectare cultivado (R$ 3,3 mil).
algodoeiro para o ano agrícola 2010/2011 em um
• O grande número de possibilidades de utilização
valor estimado de US$ 19,19 bilhões de dólares.
dos subprodutos do algodão, sobre os quais não Esse valor é superior ao PIB de muitos países.
se tem dados sistematizados.
PIB da cadeia PRODUTIVA do algodão
• A alta diversificação nas propriedades agrícolas, sendo que Mercado interno Exportação PIB
Produto
(US$ Milhões) (US$ Milhões) (US$ Milhões)
a maioria delas é também produtora de grãos, o que dificulta
Pluma de algodão Não se aplica 745,938 745,938
a caracterização de quais insumos são adquiridos para uso no Línter de algodão 113,712 14,004 127,716
cultivo específico do algodão. Fibrilha de algodão 26,512 Não se aplica 26,512
Fios de algodão Não se aplica 10,981 10,981
Tecidos de algodão 11.785,909 164,333 11.950,242
• O fato de os produtos de algodão serem comumente incorporados
Malhas de algodão 5.519,544 11,768 5531,312
a produtos com alto valor agregado, o que, por vezes, inviabiliza a Caroço de algodão 244,339 a
Não se aplica 244,339
identificação da participação do algodão no valor final. Torta e farelo de algodão 271,003 Não se aplica 271,003
Óleo bruto de algodão 228,844b Não se aplica 228,844
Biodiesel À base de algodão 56,076 Não se aplica 56,076
Total 17.772,756 947,024 19.192,963
Tabela 1.1 – Estimativa do Produto Interno Bruto da cadeia produtiva do algodão.
a
- Vendas realizadas pelas algodoeiras, considerando a produção total de caroço de algodão subtraída pelo montante
destinado às esmagadoras para a fabricação de óleo, torta e farelo.
b
- V endas realizadas pelas esmagadoras, considerando a produção total de óleo bruto subtraída pelo montante destinado
à fabricação de biodiesel.
Fonte: Elaborada pela Markestrat

VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO AGRícola DO ALGODÃO


VALOR DA PRODUÇÃO
Produto
(US$ Milhões)
Pluma de algodão 6.423,158
CAROÇO de algodão 608,110
Fibrilha de algodão 26,512
Total 7.057,780
Tabela 1.2 – Estimativa do valor bruto da produção agrícola.
Fonte: Elaborada pela Markestrat

18 19
Quando se observam as transformações da matéria-prima formas de remuneração resultantes acabam por interferir
nos mais diferentes produtos (pluma, fibrilha, caroço, desde o preço dos insumos até os tributos recolhidos. Para
farelo e torta, óleo vegetal, línter), o SAG do Algodão melhor exposição, o SAG do Algodão é detalhado nas
destaca diferentes atores com as mais variadas formas suas três divisões básicas: (1) antes da fazenda, (2)
de relacionamento, desde compras no mercado spot até na fazenda e (3) depois da fazenda.
a quase integração de atividades fins. Dessa maneira, as

CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO BRASILEIRO (US$ Milhões) VBP = US$ 37.196,19 PIB = US$ 19.192,97
ANTES DA FAZENDA NA FAZENDA DEPOIS DA FAZENDA TECELAGEM
US$ 1.930,47 US$ 7.460,81 US$ 27.666,10 US$ 11.950,24
MERC. INTERNO: 11.785,90 Atacado Varejo
MERC. EXTERNO: 164,33 Confecções
Produção na Fazenda Fiação confeccionados confeccionados
US$ 6.423,16 PLUMA US$ 8.710,77
MERC. INTERNO: 5.677,22 MERC. INTERNO: 8.699,79 Importação de Tecidos Planos
Sementes MERC. EXTERNO: 745,94 MERC. EXTERNO: 10,99
US$ 71,44 US$ 275,83 Atacado Varejo
Importação de Pluma Importação de Fios tecidos tecidos
Fertilizantes US$ 401,23 US$ 239,69 Malharia
US$ 582,40
US$ 5.531,31
Defensivos MERC. INTERNO: 5.519,54
ALGODÃO

CONSUMIDOR FINAL
US$ 767,44 MERC. EXTERNO: 11,77
EM CAROÇO PLUMA
Corretivos
US$ 57,23 Importação de Malhas
Algodoeira
US$ 636,42 US$ 12,20
Colhedoras FIBRILHA
US$ 44,80 FIBRILHA: 26,51
SERVIÇO: 1,78
CAROÇO: 608,11
Esmagadora
Tratores LÍNTER Fabricantes de
US$ 4,90 CAROÇO US$ 681,39
ÓLEO: 282,67 especialidades têxteis*
Peças para Reposição LÍNTER MER. INTERNO: US$ 113,71 LÍNTER
LÍNTER MERC. EXTERNO: US$ 14,00
Papel e celulose
US$ 51,24
TORTA/FARELO: 271,00 LÍNTER E ÓLEO
Indústria química
Implementos
US$ 94,07 LÍNTER Ind. de algodão
hidrófilo
Eq. Irrigação
US$ 6,97 ÓLEO Ind. de biodiesel
CAROÇO
US$ 56,08
Caminhões
US$ 1,65 ÓLEO
Ind. de alimentos
TORTA E FARELO
Carrocerias Ind. de adubos
US$ 11,03 TORTA E FARELO
Ind. de ração animal Pecuária
Combustível
US$ 236,31

EPI
US$ 0,95

Agentes facilitadores (milhões de US$)


* Tapetes, panos de chão, feltro, não tecidos, pavios, gaze, pelúcia, veludos, fitas, bordados, etc. Taxa média de câmbio: (R$ / US$)
Laboratórios de classificação da fibra: 11,10 Corretoras: 80,97 Linhas de crédito: 298,58
Fluxo não direto, podendo passar por diferentes indústrias de transformação e canais. 2010: R$ 1,78 2010/11 : R$ 1,66
Manutenção das algodoeiras: 21,48 Massa salarial: 786,79 Impostos: US$ 7.703,04

Figura 1.2 – Cadeia Produtiva do Algodão Brasileiro.


Fonte: Elaborada pela Markestrat a partir de dados agregados

20 21
Antes da fazenda
Os insumos que mais movimentaram a cadeia produtiva do algodão, na safra
2010/2011, foram os defensivos (40%), fertilizantes (30%) e lubrificantes (12%).

O elo dos insumos compreende os recursos necessários do algodão. A alta participação dessa cultura no
à produção agrícola. No total, as indústrias de insumos consumo de fertilizantes se justifica, sobretudo, pelo
movimentaram US$1,93 bilhão com as vendas fato de a produção estar concentrada nas regiões de
¡¡ SEMENTES ¡¡ COLHEDORAS
aos cotonicultores. Para estabelecer esse valor, as cerrado, onde as condições de solo exigem adubação.
Em sementes, foi considerada uma área de produção Já em colhedoras, segundo informações obtidas
informações obtidas junto aos atores participantes
de algodão de 1.391.740 hectares (Conab) e a taxa de junto a empresas do setor, foram comercializadas
foram convertidas de real (R$) para dólar (US$),
utilização de sementes certificadas de 51% (Abrasem), aproximadamente 90 unidades, de um universo de
utilizando-se a taxa de câmbio média do período,
o que resultou em uma área plantada com sementes 4.549 colhedoras vendidas no mercado brasileiro
conforme dados do Banco Central: R$ 1,78. Como
certificadas estimada em 709.787 ha, sendo 606.000 em 2010, segundo dados da Anfavea, ao preço
algumas das fontes de dados fornecem apenas
ha com transgênicas (CIB) e 103.257 ha com sementes unitário médio de R$ 875.625, estabelecido
informações para anos civis, por critério utilizaram-se
não transgênicas. No total, a indústria a partir de entrevistas com empresas do setor.
dados do ano 2010, visto que a maioria dos insumos
de sementes de algodão faturou US$ 71,4 milhões. Assim, o faturamento da indústria de máquinas
empregados na safra 2010/2011 foi adquirida no ano
Especialistas do setor entendem que a proporção agrícolas com a venda de colhedoras de algodão
de 2010.
¡¡ COMBUSTÍVEL E LUBRIFICANTES de sementes transgênicas deverá crescer nas foi de US$ 44,8 milhões.
Em combustível e lubrificantes, os custos de safras seguintes com o lançamento das sementes
cada fase da produção foram considerados nos transgênicas de segunda geração.
cálculos – plantio, trato, colheita e transporte interno
– divulgados pelo Agrianual e Esalq, posteriormente
multiplicados pelo preço médio do diesel (ANP) e do
lubrificante (ELF). Chegou-se ao valor de US$ 236,30
milhões.

¡¡ DEFENSIVOS
¡¡ EQUIPAMENTOS DE IRRIGAÇÃO
Em defensivos, a Sindag destacou que foi faturado Em equipamentos de irrigação, considerou-se
pela indústria de defensivos o total de US$ 7,24 ¡¡ CORRETIVOS a taxa anual de crescimento das áreas irrigadas de
bilhões, em 2010, sendo que o setor do algodão Para corretivos, foi vendido o volume total de 3,28% (IBGE). Essa taxa foi aplicada à área de algodão
participou com 10,6% desse montante (IEA), o que 22,32 milhões de toneladas no Brasil, em 2010 irrigada divulgada pelo IBGE, em 2006, sendo que o
resultou em um faturamento de US$ 767,44 milhões. (Abracal). Para o cálculo do faturamento da indústria incremento da área irrigada foi estimado pela diferença
A alta utilização de defensivos se deve à alta incidência com as vendas para produtores de algodão, utilizaram-se entre os anos de 2009 e 2010. Para mensurar os
de pragas e doenças de difícil controle que, se não ¡¡ IMPLEMENTOS o custo médio ponderado da aplicação por hectare que, valores, as modalidades de gotejamento
combatidas, causam grande prejuízo econômico ao Para implementos, utilizou-se a área destinada de acordo com o Agrianual, foi de R$ 72,30, e a área e pivô, foram consideradas ao custo médio de
produtor. à produção de algodão comparada com as demais plantada, fornecida pela Conab. As vendas da indústria R$ 5.650. Assim, o faturamento dessa indústria foi
culturas, que foi de 2,21%. Os cálculos foram de corretivos para a cultura foram de US$ 57,3 milhões de US$ 6,96 milhões.
realizados aplicando essa taxa ao faturamento total em 2010.
da indústria de implementos e máquinas agrícolas
no Brasil em 2010, que foi de R$ 7,48 bilhões (CSMIA).
Já em dólar, o faturamento da indústria com peças de
reposição junto ao setor foi de US$ 51,3 milhões.

¡¡ FERTILIZANTES
Quanto aos fertilizantes, o dado fornecido pela Anda
aponta a comercialização total de 24,52 milhões de ¡¡ PEÇAS DE REPOSIÇÃO
toneladas em 2010, sendo que, desse volume, 5,2% Em peças de reposição, o custo médio de manutenção e
foram destinados à cultura do algodão. peças de veículos motorizados por produtor foi de R$ 64,78
Como resultado, a indústria de fertilizantes faturou por hectare, segundo dados do Agrianual, e aplicados na
US$ 582,40 milhões com as vendas para a cultura área produtiva oficializada pela Conab.

22 23
Faturamento das indústrias de Insumos Agrícolas
obtido junto a empresas fornecedoras. Assim, o
faturamento dos fabricantes de EPI no setor de DEFENSIVOS
algodão foi de US$ 952 mil.
767,44

FERTILIZANTES
582,40

¡¡ TRATORES
COMBUSTÍVEL E LUBRIFICANTES
Com relação aos tratores, os dados da Anfavea de
236,31
comercialização, em 2010, foram de 56.420 unidades,
sendo que no Brasil, segundo o IBGE (2006), As indústrias de insumos IMPLEMENTOS
são 788.053 unidades em atividade nos campos
movimentaram US$1,93 bilhão com 94,07
do país. Das unidades vendidas em 2010, os cálculos
estimaram que 133 unidades foram adquiridas para as vendas aos cotonicultores.
aplicação direta no SAG do Algodão, ao preço médio SEMENTES
de R$ 64.664,70 (Agrianual). O faturamento das 71,44
vendas de tratores para a cultura do algodão, em
2010, foi de US$ 4,9 milhões. CORRETIVOS
57,28

PEÇAS DE REPOSIÇÃO
51,25

COLHEDORAS
44,80
¡¡ CAMINHÕES
Em caminhões, o faturamento da indústria de
CARROCERIAS E REBOQUES
caminhões leves e médios no setor do algodão, 11,03
em 2010, foi obtido pelo número de caminhões
vendidos no mesmo ano (pela renovação de frota)
multiplicado pelo preço médio ponderado de venda EQUIPAMENTOS DE IRRIGAÇÃO
de um caminhão médio e leve, em 2010, obtido com
6,97
entrevistas junto a empresários do setor. O resultado
foi de US$ 1,65 milhão em faturamento. TRATORES
4,89

CAMINHÕES
1,65

EPI
0,95
¡¡ EPI
Em EPI, os dados de empregados cadastrados no Rais -
2011 para cultivo de algodão herbáceo e outras fibras
de lavoura temporária foram aplicados à participação US$ mIlhõES
do algodão, segundo dados da Abit. O resultado foi
aplicado ao preço médio de um equipamento de
proteção individual nas operações de pulverização, Gráfico 1.1 – Faturamento do elo insumos agrícolas.
Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir das fontes pesquisadas

24 25
Dentro da fazenda A área total plantada na safra 2010/2011 foi de 1,39
milhão/ha (Conab), o que possibilitou 2,00 milhões
Como destacado, as algodoeiras são importantes
prestadoras de serviço. Em vários estados, o caroço
Os produtores de algodão movimentaram mais de US$ 6,4 bilhões de dólares em pluma de toneladas de pluma e 2,79 milhões de toneladas representa a principal forma de remuneração pela
na safra 2010/2011. de caroço nos rendimentos apresentados. No tocante atividade de beneficiamento. Nos cálculos,
à pluma, segundo dados da Secex, 435,40 mil considerou-se que 100% do caroço é de
Constituído principalmente pelas propriedades volume nacional. No fluxo a jusante da produção toneladas foram exportadas, o que representou o
propriedade das algodoeiras, sendo que o valor
agrícolas, no SAG do Algodão é comum encontrar agrícola, o beneficiamento do algodão para separar valor de US$ 745,94 milhões (FOB). Ademais, para
produtores que possuem unidades de beneficiamento da sua comercialização é destaque nesse elo.
a pluma do caroço é realizado pelas algodoeiras. Nos o mesmo período, foram importados US$ 401,23
(algodoeiras) instaladas na própria propriedade, Ao todo, as algodoeiras movimentaram US$ 608,11
empreendimentos agrícolas em que não há unidade milhões de algodão em pluma. Para o mercado
compondo assim um modelo integrado, sendo milhões em caroço, US$ 26,51 milhões em fibrilha
de beneficiamento instalada, ocorre a prestação de interno, foi destinado 1,57 milhão de toneladas, o que
portanto incluídas nos cálculos. No entanto, representou uma movimentação estimada de e somente US$ 1,80 milhão em serviços.
serviço entre os próprios produtores, sendo que, na
as informações apresentadas foram detalhadas US$ 5,68 bilhões.
maioria dos casos relatados, o pagamento é feito em
separadamente conforme o produto final gerado
sistema de “escambo”, na troca de parte do produto
do processo: pluma e caroço. A conversão para dólar Parque Instalado para Beneficiamento de Algodão
beneficiado, principalmente o caroço e pequena
foi efetuada considerando-se a média de cotação no SAFRA 2009/2010 SAFRA 2010/2011
período da safra 2010/2011, que foi de R$ 1,66/US$. porcentagem da pluma, pela remuneração do serviço.
algodoeiras Ativas algodoeiras inAtivas algodoeiras Ativas algodoeiras inAtivas
Somente no Estado de Minas Gerais as entrevistas
destacaram uma cobrança em moeda corrente por UF Nº de % Nº de % Nº de % Nº de %
Especificamente quando se observa a produção Usinas Usinas Usinas Usinas
agrícola, as entrevistas primárias destacaram arroba beneficiada. A partir dessas especificidades, é BA 48 23,80% 8 18,60% 54 22,60% 7 16,70%
especificidades na produção de algodão em caroço, possível apresentar as movimentações mostradas GO 24 11,90% 5 11,60% 28 11,70% 5 11,90%
principalmente em relação à produtividade/ha, que nos gráficos 1.2 e 1.3.
MA 4 2,00% 0 0,00% 4 1,70% 0 0,00%
variou entre 3.525 kg/ha, no estado do Tocantins, MG 7 3,50% 3 7,00% 8 3,30% 3 7,10%
e 4.045 kg/ha no estado de Goiás (Conab). MS 13 6,40% 2 4,70% 15 6,30% 2 4,80%
A produtividade encontrada em cada estado foi
As algodoeiras movimentaram
MT 99 49,00% 16 37,20% 122 51,00% 16 38,10%
aplicada na área plantada existente, possibilitando US$ 608,11 milhões em caroço PI 4 2,00% 1 2,30% 4 1,70% 1 2,40%
assim diferentes rendimentos e contribuições ao e US$ 26,51 milhões em fibrilha. PR 0 0,00% 6 14,00% 0 0,00% 6 14,30%
SP 3 1,50% 2 4,70% 3 1,30% 2 4,80%
TO 0 0,00% 0 0,00% 1 0,40% 0 0,00%
Faturamento com a Venda de Pluma de Algodão Total 202 100% 43 100% 239 100% 42 100%
Tabela 1.3 – Levantamento de usinas beneficiadoras de algodão ativas e inativas - Safras 2009/2010 e 2010/2011.
Fonte: Sistema Abrapa de Identificação (SAI)

Gráfico 1.2 – Faturamento da produção de pluma.


Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir de fontes pesquisadas

Faturamento das Algodoeiras

Gráfico 1.3 – Faturamento das algodoeiras.


Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir de fontes pesquisadas

26 27
DEPOIS DA FAZENDA A esmagadora processa os caroços obtidos no
beneficiamento e é responsável por transformá-los em
Com relação aos produtos gerados nas esmagadoras,
o óleo vegetal é comercializado, sobretudo, para a
A indústria têxtil movimentou em 2010 quase US$ 27 bilhões de dólares em produtos de algodão. óleo vegetal, farelo/torta e línter. Para a realização indústria de alimentos e para a indústria de energia,
Esse valor representa treze vezes o valor do elo insumo e quatro vezes o valor da produção de dos cálculos, foi considerado que 60% dos caroços sendo esta última utilizada no processamento e
algodão nas fazendas brasileiras. obtidos na produção agrícola são destinados às transformação em biodiesel (Gráfico 1.6).
esmagadoras, enquanto 40% são destinados ao
Na etapa a jusante da fazenda, a pluma é demais tipos de produtos têxteis. Baseados nos dados consumo animal. Essa divisão foi obtida por meio O próprio óleo vegetal passa por um processo
comercializada para a indústria têxtil. Formada por secundários do Iemi e da Secex para o ano civil de de entrevistas com agentes que atuam no setor e os de refino antes de ser conduzido à indústria de
dois diferentes elos (fiação e tecelagem/malharia), 2010, os resultados mostraram a movimentação total cenários apresentados respeitaram essa condição. alimentos. Na moagem, a torta/farelo obtida é
a indústria têxtil apresenta um alto nível de integração de US$ 26,38 bilhões (Gráfico 1.4). comercializada principalmente para nutrição animal.
vertical. Alguns trabalhos consideram as empresas Existem diferentes processos que as unidades Em outro importante produto gerado, o línter, foi
de beneficiamento como um elo da cadeia produtiva. esmagadoras podem adotar a fim de obter seus considerado somente o primeiro corte. Alguns agentes
Porém, segundo a metodologia utilizada neste O valor movimentado pela produtos. Dependendo do processo produtivo entrevistados comentaram que, dependendo, do
trabalho, essas empresas se inserem na categoria importação de produtos têxteis escolhido, os rendimentos de línter, óleo, torta e processo utilizado, é possível obter o línter pelo
“agentes facilitadores”, pois são prestadoras de
constituídos majoritariamente de farelo podem variar consideravelmente. Devido à segundo ou terceiro corte, mas estes não foram
serviço da indústria têxtil. Ademais, o faturamento das pouca disponibilidade de dados agregados sobre esse considerados no estudo apresentado.
empresas de beneficiamento não foi quantificado, pois algodão foi de US$ 527,72 milhões,
elo no Brasil, foram utilizados, como critérios para a
não foi possível desagregar o faturamento referente valor muito superior ao exportado, quantificação, os produtos e respectivos rendimentos
ao beneficiamento de tecidos e malhas de algodão
que foi de US$ 187,08 milhões. obtidos nas entrevistas junto a empresas esmagadoras.
do faturamento proveniente do beneficiamento dos
Faturamento das Esmagadoras e da Indústria de Biodiesel de Óleo de Algodão
ÓlEO vEgETAl 282,67
Faturamento da Indústria Têxtil
TORTA/FARElO 271,00
TECElAgEm 11.950,25
lINTER
Í 127,71
FIAçãO 8.710,77
bIODIESEl 56,08
mAlhARIA 5.531,31

US$ mIlhõES
US$ mIlhõES

Gráfico 1.6 – Faturamento nas esmagadoras e nas indústrias de biodiesel com produtos
Gráfico 1.4 – Faturamento da indústria têxtil com a venda de produtos de algodão. obtidos a partir do algodão.
Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir das fontes pesquisadas Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir das fontes pesquisadas

Importação de Produtos Têxteis de Algodão

TECElAgEm 275,83

FIAçãO 239,69
mAlhARIA 12,20

US$ mIlhõES

Gráfico 1.5 – Movimentação da indústria têxtil com a importação de produtos compostos


em mais de 80% de algodão.
Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir das fontes pesquisadas

28 29
AGENTES FACILITADORES TRIBUTOS
Formado por prestadores de serviços que não participam das atividades de transformação dos Altamente impactantes na cotonicultura, os tributos que incidem nas vendas ao longo da
produtos, o conjunto de agentes facilitadores movimentou o montante de US$ 1,2 bilhão. cadeia do algodão somam perto de US$ 8 bilhões.

Corretoras 2010/2011. Considerou-se o número de fardos de Os tributos movimentados pelo SAG do Algodão foram principalmente pela troca dos produtos como
Entre os agentes facilitadores que atuam no SAG do pluma de algodão produzidos no Brasil – uma vez que, obtidos a partir da movimentação bruta dos agentes caroço e pluma, bem como prestação de serviços,
Algodão, os corretores representam um importante de cada fardo é retirada uma amostra – e multiplicou- e de todos os possíveis produtos comercializáveis. foi considerado como se todo o faturamento
agente na comercialização, cobrando 1% de se pelo valor médio cobrado pelos laboratórios para É importante ressaltar que as taxas e tributos foram fosse tributado somente de ICMS, PIS e Cofins.
corretagem sobre o valor total movimentado pela fazer a classificação da fibra do algodão. aplicados conforme a atividade do agente e a sua Há consciência de que parte da remuneração
pluma ou R$ 5,00 a tonelada de caroço. Como posição com relação à transformação da matéria-prima é por serviço, portanto tributada de ISS, e outra
agentes facilitadores, os corretores movimentaram Crédito em produto. em caroço, tributada de ICMS, fazendo com que
US$ 80,96 milhões nas ações de corretagem. Em 2010, segundo dados do Bacen (2011), foram as bases de tributação sejam diferentes.
É importante destacar que:
disponibilizados US$ 298,58 milhões para custeio Contudo, devido à dificuldade de estimar quanto
• Em manutenção, uma parte é serviço e a outra
Manutenção das algodoeiras da lavoura, montante concedido a produtores e da participação ocorre em serviço e quanto em
são peças, de modo que não incide IPI em
Foram gastos com manutenção de algodoeiras, no ano cooperativas. Ao todo, foram 227.068 hectares caroço, foi considerado todo o faturamento como
serviços. Como não foi possível separar peças
2010, segundo dados de empresas do setor (2011), financiados. base do próprio processo de troca, conforme
e serviços, considerou-se tudo IPI. A venda foi
US$ 21,48 milhões. Nesse número considerou-se o relataram vários agentes entrevistados;
realizada diretamente para o consumidor final,
gasto médio anual em um período de cinco anos para Outros não quantificados
não havendo assim bitributação; • Na indústria têxtil, foi considerado o valor da
algodoeira de capacidade de beneficiamento definida A cadeia produtiva do algodão conta ainda com
produção à vista e sem impostos, conforme fonte
outros importantes agentes facilitadores, para os • Outro fator relevante, dada a pluralidade do ISS
e multiplicou-se pelo número de manutenções que Iemi. Para realização dos cálculos de tributação,
quais não foi possível estimar a movimentação conforme a cidade, é que fica inviável calcular
seriam necessárias para processar toda a produção a margem incluída foi de 10%.
financeira. Foi assim com as consultorias agronômicas o ISS médio, tornando impossível a ponderação
brasileira na safra 2010/2011.
e com os serviços de aplicação de defensivos, em dos cálculos. Por esse motivo, foi colocado o valor Para as importações de algodão e produtos têxteis
Laboratórios de classificação que a diversidade de serviços e a especificidade das máximo que seria recolhido (5%); de algodão, foram consideradas as alíquotas da TEC,
Os laboratórios de classificação somaram um soluções em cada propriedade tornaram inviável • As alíquotas de 1,65% para PIS e 7,60% para observando-se as diferenças para pluma (6%), fios
faturamento de US$ 11,10 milhões na safra realizar estimativas razoáveis. Cofins são válidas para empresas optantes por e linhas (18%), tecidos e malhas (26%).
Lucro Real, de modo que se considerou como se
Para o cálculo do imposto total, utilizou-se o somatório
Crédito e Faturamento dos Agentes Facilitadores todas optassem por essa tributação;
dos impostos gerados em cada elo do sistema
350 • Entre os produtores e as algodoeiras foi
agroindustrial (SAG), desde a venda dos insumos agrícolas
considerada a não interdependência, de forma
298,58 e industriais até a venda dos produtos finais.
300 a gerar créditos tributários, de maneira que os
créditos da plantação não fossem compensados
Para eliminar a dupla contagem e considerar os
250 nas atividades das algodoeiras para os tributos
impostos agregados no SAG, foram subtraídos
ICMS, PIS e Cofins;
os impostos gerados nos primeiros elos (insumos
• Na remuneração das algodoeiras, como há
US$ Milhões

200 agrícolas e industriais).


diferentes formas praticadas no mercado,
150

R$ US$
100 80,96 Impostos na cadeia produtiva do algodão
(Milhões) (Milhões)
50 Total de impostos sobre vendas na cadeia
14.750,806 8.881,5
21,48 produtiva do algodão em 2010/2011
11,1
0 Impostos recolhidos nos elos iniciais
Impostos recolhidos para insumos agrícolas
Crédito Corretoras Manutenção Laboratórios de 209,366 126,06
de algodoeiras Classificação da cadeia produtiva do algodão em 2010/2011
Impostos recolhidos para equip./insumos industriais
1.747,875 1.052,4
da cadeia produtiva do algodão em 2010/2011
Total de impostos nos elos iniciais 1.957,241 1.178,46
Impostos Agregados 12.793,565 7.703,04
Tabela 1.4 – Tributos sobre as vendas de produtos da cadeia produtiva do algodão.
Fonte: Elaborada por Markestrat
Gráfico 1.7 - Movimentação e faturamento dos agentes facilitadores.
Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir das fontes pesquisadas

30 31
Massa Salarial e Emprego Descrição do elo da total de massa salarial massa salarial
Segundo dados da Rais (2011), o número de empregados destaca que foram 27.481 empregados, passando
cadeia do algodão empregos (r$) (US$)
alocados no cultivo de algodão e outras fibras de lavoura a movimentar US$ 21,34 milhões. Na tecelagem, Cultivo de algodão herbáceo e de
14.241 233.412.499,19 132.227.062,15
temporária em 2010 foi de 14.241, sendo que 98% foram 37.755 empregados alocados, com salário outras fibras de lavoura temporária
do total dessas lavouras temporárias era total de US$ 32,18 milhões (Rais, 2011). Levando em Preparação e fiação de fibras de
27.481 460.818.191,47 261.051.296,97
exclusivamente de algodão (Abit). O salário conta que são 13 os meses considerados para cálculo algodão
total dos empregados no cultivo do algodão para da massa salarial (12 meses trabalhados acrescidos Tecelagem de fios de algodão 37.755 694.637.472,62 393.508.799,15
o período foi de US$ 10,81 milhões (Rais, 2011). de um 13º salário), o valor total estimado pela Total da cadeia do algodão 79.477 1.388.868.163,28 786.787.158,28
Quando se analisam os empregados alocados Markestrat foi de US$ 786,79 milhões. Tabela 1.5 - Levantamento do número de empregos e da massa salarial em reais (R$) e do dólar (US$) na cadeia do algodão
no Brasil/2010.
na preparação e fiação de fibras, a Rais (2011) Fonte: Rais, 2011

O número de empregados alocados O salário total dos empregados no


ConsideraçÕES finais sobre a quantificação
no cultivo de algodão e outras fibras cultivo de algodão em 2010 foi
Os estudos conduzidos pela Markestrat evidenciaram do biodiesel e importante concentrado proteico
de lavoura temporária em 2010 foi de us$ 10,81 milhões (Rais, 2011).
que o SAG do Algodão tem relevância não somente destinado à alimentação animal, fornecendo 32%
de 14.241, sendo que 98% do total na produção primária de pluma, mas principalmente de proteína bruta (Embrapa, 2005), impactando
dessas lavouras era exclusivamente em outros sistemas produtivos, como alimentação, diretamente o desenvolvimento de outras cadeias
farmacêutica e têxtil, especialmente quando se produtivas, como a bovinocultura.
de algodão (abit).
observam os vários subprodutos que são gerados
pela matéria-prima algodão. Esta pesquisa contribuiu por trazer um retrato atualizado
do SAG do Algodão no Brasil, de forma que agentes
Entre esses produtos, há de se destacar a produtivos e governo possam pautar suas tomadas de
recente valorização do óleo vegetal no setor decisão com movimentos certeiros e mais estratégicos.
de biocombustíveis, sendo, concomitantemente,
fonte natural de energia limpa para a indústria

32 33
O MERCADO E
A ECONOMIA
ALGODOEIRA
O MERCADO E
A ECONOMIA
ALGODOEIRA
Do nordeste para o centro-oeste, passando pelas começou a enfraquecer o algodão nordestino. 1978/1979, a produção de algodão em caroço
Na década de 1960, o algodão já havia se do Brasil se apresentava distribuída de
regiões sudeste e sul, a exploração econômica desenvolvido também na região Sul, mais maneira bastante equilibrada entre as regiões
do algodão sempre teve um papel importante na especificamente no Paraná. Na safra de Sul (30%), Sudeste (34%) e

interiorização do desenvolvimento do Brasil. Distribuição Regional da Produção Brasileira de Algodão em Caroço


100%
Por toda a história do Brasil, os negócios das vendas externas de café. Contudo, sua
relacionados à agricultura e à pecuária têm força foi principalmente regional. Devido 90%
sido um dos motores da economia do país. à sua resistência à seca, o cultivo do algodão 80%
No período colonial, destacaram-se, foi implantado em vários estados do Nordeste
70%
inicialmente, a cana-de-açúcar e a pecuária, a partir da segunda metade do século XVIII,
responsáveis, em grande parte, pela ocupação sendo cultivado principalmente por pequenos 60%
do território brasileiro. e médios lavradores, em conjunto com 50%
Já próximo à Independência, no início do a produção de alimentos voltados ao consumo
40%
século XIX, o café começou a ganhar espaço próprio (Fausto, 1995; Batalha, 2005).
na economia, eventualmente se tornando 30%
Com a crise do açúcar, por volta de 1880,
o principal produto da pauta de exportações 20%
a cultura do algodão cresceu ainda mais
do recém-formado império brasileiro.
em importância em vários estados da 10%
Também na era imperial, o algodão teve sua região. Entretanto, já nas primeiras décadas
0%
importância econômica. Durante a década de do século XX, a combinação entre fortes

1976/77
1977/78
1978/79
1979/80
1980/81
1981/82
1982/83
1983/84
1984/85
1985/86
1986/87
1987/88
1988/89
1989/90
1990/91
1991/92
1992/93
1993/94
1994/95
1995/96
1996/97
1997/98
1998/99
1999/00
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
2007/08
2008/09
2009/10
2010/11
1820, as exportações de algodão só perdiam secas na região e o desenvolvimento da
para as de açúcar, ficando à frente, inclusive, cotonicultura no Estado de São Paulo Gráfico 2.1 – Distribuição regional da produção brasileira do algodão em caroço - 1976/77 a 2010/11.
Fonte: Conab (2011)

36 37
Nordeste (29%). Naquela safra, apenas O setor algodoeiro é tido como um dos mais organizados
7% do algodão brasileiro era produzido A atual distribuição da produção e modernos do agronegócio brasileiro.
na região Centro-Oeste, percentual que
brasileira começou a ganhar forma O principal marco dessa nova fase é, sem (Apipa). Em alguns desses estados, surgiram
atualmente atinge quase 65% (Conab, 2011).
em meados da década de 1990. dúvida, a criação do Programa de Incentivo também programas de incentivo similares ao
A atual distribuição da produção brasileira à Cultura do Algodão (Proalmat), cuja base Proalmat e fundos de apoio à cultura do algodão
passou a ganhar forma em meados da década é a renúncia fiscal de ICMS sobre nos moldes do Facual.
de 1990. Dez anos antes, as plantações
a comercialização de algodão no Estado do
do Nordeste começaram a ser fortemente Outro fator que permitiu o crescimento
Mato Grosso. Instituído em 1997, passou
castigadas pela praga do bicudo, o que da cotonicultura no Centro-Oeste foi o
a apoiar, entre outras atividades, aquelas
resultou em uma redução de 60% da área desenvolvimento de cultivares adaptadas ao
ligadas à pesquisa, ao marketing,
plantada na região entre as safras de cerrado, iniciado pela Empresa Brasileira de
à comercialização, à conservação do meio
1985/1986 e 1989/1990. Além do bicudo, Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no início da
ambiente e à educação. Concomitantemente,
um conjunto de fatores econômicos, entre década de 1990, e seguido pela Fundação de
foi criada a Associação Matogrossense dos
eles, a queda dos preços internacionais da Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso
fibra, a elevação dos custos de produção, Produtores de Algodão (Ampa), com
(Fundação MT), pelo Instituto M atogrossense
o fraco desempenho da economia brasileira a finalidade de congregar as demandas e os
do Algodão, pela Cooperativa Central de
e a abertura às importações tanto de algodão esforços dos novos produtores de algodão do
Pesquisa Agrícola (Coodetec), pelo Instituto
quanto de produtos têxteis, contribuiu para Estado (Pessa, 2011). Não à toa, o Estado
Agronômico de Campinas (Iac), pela Empresa
que a cotonicultura em todo o Brasil entrasse do Mato Grosso responde hoje por pouco
de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
em uma forte crise, entre as metades das mais de 50% do algodão produzido no país
(Epamig), entre outras instituições públicas
décadas de 1980 e 1990. (Conab, 2011).
e privadas. Graças ao desenvolvimento de
Apenas na segunda metade da década de 1990, O sucesso da iniciativa matogrossense se variedades voltadas ao cultivo no cerrado, a
quando as medidas macroeconômicas adotadas espalhou rapidamente por diversos outros cotonicultura de alta tecnologia pôde se disseminar
pelo governo brasileiro começaram a surtir estados. Sob o guarda-chuva da Abrapa, criada não apenas nos Estados de Mato Grosso, Goiás
efeito, estabilizando a economia nacional, em 1999, associações estaduais de produtores e Mato Grosso do Sul, mas também nas regiões
e os produtores de soja do Centro-Oeste, surgiram no Mato Grosso do Sul (Ampasul), em Oeste dos Estados de Minas Gerais, Bahia e Piauí,
sobretudo do Mato Grosso, viram no algodão São Paulo (Appa), em Minas Gerais (Amipa), no além de Tocantins e Maranhão.
uma boa alternativa de diversificação, o setor Paraná (Acopar), em Goiás (Agopa), na Bahia
cotonicultor retomou o caminho do crescimento. (Abapa), no Maranhão (Amapa) e no Piauí

38 39
Com média mensal de R$ 1.260,78, o salário no cultivo do Além de melhores trabalhos no campo, o A força do cultivo no cerrado
algodão está entre os mais altos da agricultura brasileira. emprego de tecnologia fomenta a criação
de uma rede de negócios de apoio à Produção Nacional
Nas regiões de cerrado, o cultivo do algodão e colheita. Dados do Ministério do Trabalho cotonicultura que envolve profissionais
passou a ser feito por grandes produtores mostram que o salário mensal médio no dedicados à pesquisa, desenvolvimento
de grãos altamente tecnificados. Como cultivo do algodão está acima daqueles e fabricação de cultivares, agroquímicos,
resultado dessa mudança, transformações praticados nas demais culturas no Brasil, máquinas e equipamentos, além de
importantes na economia algodoeira inclusive em outras culturas altamente prestadores de serviços como consultores,
passaram a ocorrer. Algumas das principais tecnificadas, como nos casos da mecânicos, borracheiros, aplicadores de
transformações que aconteceram no campo cana-de-açúcar e da soja. Em relação à produtos, entre tantos outros. 97%
estão relacionadas ao emprego. Por um laranja e ao café, que ainda utilizam um
lado, o uso de tecnologia, sobretudo a grande contingente de trabalhadores braçais Outro impacto de ordem econômica
mecanização da colheita, resultou na redução na colheita, a diferença é ainda maior. igualmente importante tem ocorrido nas
do pessoal ocupado. Enquanto no cultivo do algodão, o ganho contas externas do setor. Atualmente, o
mensal médio do trabalhador, em 2010, foi cultivo praticado no cerrado responde por Exportação Nacional
de R$ 1.260,78, no café foi de R$ 698,63. cerca de 97% de toda a produção nacional
Em 1996, em plena crise do setor algodoeiro de algodão e por 100% das exportações
do Brasil, o Censo Agropecuário apontou de fibras de algodão do país, contribuindo
o número de 150.375 pessoas empregadas no
Em 1996, em plena crise do setor para o superávit da balança comercial do
cultivo do algodão. Dez anos mais tarde, em agronegócio brasileiro, que entre 1994 e
algodoeiro do Brasil, o censo
2006, a mesma pesquisa divulgou o número 2010 saltou de US$ 10 bilhões para mais de
agropecuário apontou o número de
de 40.553 empregados (Ferreira Filho et. US$ 60 bilhões. No mesmo período, o valor
al., 2011). Em compensação, a qualidade do 150.375 pessoas empregadas no 100%
financeiro das exportações do agronegócio
emprego subiu consideravelmente. cultivo do algodão. Dez anos mais
cresceu de aproximadamente US$ 20 bilhões
tarde, em 2006, a mesma pesquisa para quase US$ 90 bilhões em 2011.
Com a mecanização, o cultivo do algodão
passou a exigir a utilização de mão de obra
divulgou o número de 40.553
qualificada, necessária para a operação das empregados. Em compensação,
máquinas de plantio, aplicação de insumos a qualidade do emprego subiu
consideravelmente.

Remuneração mensal no cultivo de culturas agrícolas selecionadas

R$ 1.400,00
R$ 1.260,78 R$ 1.225,83
R$ 1.165,06
R$ 1.200,00

R$ 1.000,00 R$ 888,33

R$ 800,00 R$ 698,63

R$ 600,00

R$ 400,00

R$ 200,00

R$ 0,00
AlgODãO CANA-DE-AçúCAR SOjA lARANjA CAFé

Gráfico 2.2 – Remuneração mensal média no cultivo de algodão e outras culturas selecionadas - 2010.
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base em dados do Mte / Rais (2011)

40 41
O saldo do comércio brasileiro de algodão saiu de um déficit da Índia, Uzbequistão, Austrália, Zona Cfa australianas entre 2007 e 2012. No cômputo
de US$ 74 milhões para acumular, em uma década, o saldo e Brasil têm apresentado grandes variações. geral, os dados da Índia também mostram
positivo de US$ 3,2 bilhões, tornando o país o quarto maior Contudo, é possível notar que, entre todos crescimento (33,1% ao ano), porém com
exportador do mundo em 2011. esses países, Brasil e Austrália são os que grandes oscilações entre um ano e outro. Tal
vêm mostrando padrões mais sólidos de instabilidade se justifica pela estrutura
Historicamente, o Brasil já foi um dos maiores saldo. O valor exportado em 2010/2011, crescimento das exportações. Caso as produtiva indiana, formada por um
exportadores de fibra de algodão, chegando de US$ 745,94 milhões, quase atingiu a projeções do Icac para a safra 2011/12 se grande número de pequenos agricultores
a ter 10% do mercado mundial, em 1980. marca histórica de 2008/2009, quando confirmem, as exportações brasileiras irão familiares, pouco tecnificados, e pelos
No entanto, a forte redução das alíquotas as exportações acumularam US$ 782,89 contabilizar um crescimento anual médio constantes problemas de ordem climática
de importação em 1990, juntamente com os milhões. Em contrapartida, as importações de 25,5%, contra 23,0% das exportações enfrentados pelo país.
problemas na produção interna, contribuíram também foram grandes, acumulando alta de
para que o país deixasse de ser exportador 675% ante 2009/2010.
Evolução das Exportações mundiais de algodão em pluma
para se tornar um dos maiores importadores.
Nos últimos anos, segundo dados do Comitê OUTROS
Em 1993, o Brasil importou mais de 500 mil 1,59
Internacional Consultivo do Algodão (Icac), 1,37
toneladas de pluma, montante que representava
o Brasil tem se sustentado entre os 1,46
60% do algodão consumido no mercado 1,24
seis maiores exportadores do mundo, 1,81
interno. A retomada da importância no mercado 2,04
considerando as vendas externas dos países
internacional deu-se com a implantação da bRASIl
africanos da “Zona do Franco Cfa” somadas. 0,70
cotonicultura empresarial no cerrado. 0,44
Com exceção dos EUA, que nas últimas 0,43
0,60
A partir de 1999, o Brasil apresentou aumento cinco safras têm respondido por cerca de 0,49
0,28
das quantias de fibra de algodão exportada, 40% das exportações mundiais, as posições
zONA Cfa*
retomando, gradativamente, seu papel de 0,51
0,48
destaque no mercado internacional. 0,56
0,47
O último déficit no fluxo externo de O valor exportado em 0,60
0,93
algodão em pluma do Brasil ocorreu na 2010/2011, de US$ 745,94 AUSTRálIA
safra 2002/2003, quando as importações
Caso as projeções do Icac para a safra
milhões, quase atingiu a marca 0,55
0,90

superaram as exportações em pouco mais 0,46 2011/12 se confirmem, as exportações


histórica de 2008/2009, quando 0,26
de US$ 32 milhões. Desde então, entre 0,27 brasileiras irão contabilizar um
as safras 2003/2004 e 2010/2011, o país as exportações acumularam 0,47
UzbEqUISTãO crescimento anual médio de 25,5%.
tem logrado seguidos superávits, com uma US$ 782,89 milhões. 0,60
0,60
média anual de US$ 403,89 milhões de 0,82
0,63
0,90
saldo comercial brasileiro do algodÃO EM PLUMA 0,98
900,00 íNDIA
782,89 1,31
800,00 745,94 1,10
1,42
700,00 624,30 0,52
604,64 1,53
600,00 0,96
486,50
500,00 767,00 EUA
413,47
us$ MILHÕEs

401,23 2,51
400,00 3,14
546,46 572,56 2,62
300,00 237,80 315,50 2,89
404,31
2,97
200,00 151,08 142,78 358,90 2,82
129,28 139,87 344,71
100,00 176,20
175,63 58,18 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50
76,87 56,38 97,15 82,19 51,74
0,00 86,40 61,60
-32,12
54,56 15,90 MILHÕEs DE tOnELADAs
-100,00 -74,21

-200,00

Gráfico 2.4 – Evolução das exportações mundiais de algodão em pluma - 2006/2007 a 2011/2012.
p: projeção / e: estimativa
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base em dados do Icac (2011)
Gráfico 2.3 – Evolução do saldo comercial brasileiro do algodão em pluma - 2000/2001 a 2010/2011. * A Zona do Franco FCA inclui Camarões, Costa do Marfim, Burkina Fasso, Gabão, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Benin, Congo, Mali,
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base em dados da Secex (2011) República Centro Africana, Togo, Níger e Senegal.

42 43
Apesar dE a China consumir 35% de todo o MERCADo internacional de Aumento da produção na China e de suas importações deverÁ
algodão, apenas 3% de suas importações tÊm origem no Brasil. Está dar início à recomposição dos estoques do país, em 2011/2012.
aÍ uma grande oportunidade para o país.
De fato, os fundamentos do mercado chinês inicial 21,9% inferior ao do ano anterior e
Em 2010/2011, o Brasil exportou algodão para 1,52 milhão de toneladas pelo país, volume têm exercido grande influência não apenas uma leve retomada no aumento do consumo:
35 países, sendo que três destes concentraram correspondente a 23,4% das importações nas exportações brasileiras, mas sim no 1,6%. Contudo, como a expectativa é de
quase 60% do volume vendido: Indonésia, mundiais. Já em 2010/2011, o mercado chinês fluxo mundial de algodão, embora o país que a produção e as importações aumentem
com 22,4%, Coreia do Sul, com 19,0%, e foi destino de 34,3% das 7,61 milhões de seja também o maior produtor da fibra. respectivamente 13,3% e 34,9%, os estoques
China, com 18,2%. A Indonésia tem sido toneladas importadas em todo o mundo (2,61 Entre as safras 2006/2007 e 2010/2011, a do país deverão mostrar recuperação,
o principal comprador externo de pluma de milhões de toneladas). produção chinesa apresentou queda anual terminando o ano safra com volume 47%
algodão do Brasil, desde a safra 2007/2008, média de 5,2%. Nesse mesmo período, o acima dos níveis iniciais. Caso a produção
Em linha com tal crescimento, as exportações
embora sua participação nas importações consumo também caiu, porém de maneira se mantenha em crescimento nas safras
brasileiras para a China têm evoluído
mundiais seja de apenas 5,5%. A China, por menos acentuada: -2,1% ao ano. Com seguintes, a recomposição dos estoques
positivamente desde 2006/2007, ano em que
outro lado, tem uma participação de peso no isso, os chineses passaram a consumir chineses poderá contar mais fortemente com
a representatividade do país asiático nas
mercado internacional de fibras de algodão, seus estoques internos e a importar mais. a oferta interna. Seja como for, os estoques
vendas externas do Brasil foi de apenas 3,4%.
participação essa que tem crescido nas últimas Enquanto os estoques caíram 8,0% ao ano, estão bastante aquém daqueles registrados
três safras. Em 2008/2009, foi importado as importações apresentaram crescimento entre 2006 e 2009 e a relação estoque/uso
anual de 8,8%. Para o ano safra 2011/2012, projetada para 2011/2012, de 33%, ainda
os dados projetados pelo Icac, em setembro está abaixo da média observada entre 2001 e
de 2011, mostram um volume de estoque 2011, de 39%.

Para o ano safra 2011/2012, os dados projetados pelo ICAC, em setembro


Em 2010/2011, o mercado chinês foi destino de 34,3% das 7,61 milhões de
de 2011, mostram um volume de estoque inicial 21,9% inferior ao do ano
toneladas importadas em todo o mundo (2,61 milhões de toneladas).
anterior e uma leve retomada no aumento do consumo: 1,6%.

Principais destinos das Exportações Brasileiras de Algodão


140.000
123.340

109.306

104.588

120.000
97.490
94.073
93.513

87.815

100.000
83.500
tOnELADAs

82.561
79.208
74.140

80.000
52.067
47.604

60.000
42.583
41.164

27.460

41.338
23.094

32.171
28.788
27.461

28.159

40.000
25.173
23.094

19.746
14.708

13.461

20.000
9.268

8.551
1.829

-
2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11

Gráfico 2.5 – Principais destinos das exportações brasileiras de algodão em pluma - 2006/2007 a 2010/2011.
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base em dados da Secex (2011)

44 45
estoques chineses de algodão

4,50 80%
Necessidade de recomposição dos estoques mundiais contribuiu
3,99
para alta histórica dos preços em 2010/2011.
4,00 70,1% 70%
3,65 3,59
3,50
3,76
3,40
No mundo, consecutivas safras em que US$ 1,59/lb, ou seja, 103,3% acima do valor
3,32 60%
o consumo superou a produção resultaram na registrado em 2009/2010.
MILHÕEs DE tOnELADAs

57,1%
3,00 2,82
2,78
2,62 50% queda dos estoques globais. Entre 2006/2007
2,50
2,51 2,45 Contudo, segundo relatório de setembro de
42,2%
38,7% 2,21 40% e 2009/2010, a produção mundial sofreu
37%
33,7% 34,4%
2011 do Icac, os altos preços praticados têm
2,00 32,8% retração anual média de 6,1% e os
31,6% 30,4% 27,5% 30% levado ao aumento da substituição da fibra
1,50 estoques foram de 12,75 para 9,06 milhões
de algodão por fibras sintéticas, com reflexo
1,00
22,6% 20% de toneladas (queda de 28,9%). Como
negativo no consumo global de pluma, que
10% consequência, observou-se uma grande
0,50 caiu de 25,26 milhões de toneladas, em
valorização da pluma nos mercados
0,00 0% 2009/2010, para 24,37 milhões de toneladas
internacionais nos últimos dois anos.
em 2010/2011 (redução de 3,5%). Essa

2010/11e
2000/01

2001/02

2002/03

2003/04

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2011/12p
Um dos principais índices de preços do queda no consumo somada ao incremento da
mercado internacional é o Cotlook A, produção deve resultar no crescimento
divulgado pela Cotton Outlook, da Inglaterra. dos estoques finais globais de 8,64 para
Gráfico 2.6 – China: Estoques finais e relação estoque uso - 2006/2007 a 2011/2012.
e: estimativa / p: projeção Na safra 2008/2009, a média do referido 9,06 milhões de toneladas.
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base em dados do Icac (2011)
índice foi de 61,14 centavos de dólar por
Embora o enfraquecimento dos fundamentos
libra-peso (61,14 ¢/lb), sendo que a menor
de mercado tenha levado a fortes correções
média mensal no período chegou a 51,50 ¢/lb,
A influência da China nos fundamentos do 2010/2011. Portanto, pode-se dizer que o nos preços internacionais, após o pico de
em março de 2009. Na safra seguinte,
mercado mundial de algodão em pluma comportamento dos preços internacionais US$ 2,29, atingido em março de 2011 (o
a média do Cotlook A foi 28,3% superior,
é notória. Além da já citada participação tem sido, em grande parte, influenciado pelas Cotlook A mostrou recuo de 50,3% entre
alcançando 78,45 ¢/lb. Naquele mesmo ano,
nas importações mundiais (34,3%, em condições na China. Contudo, a compreensão março e agosto de 2011), as projeções
os estoques mundiais caíram 27,4%
2010/2011), o país respondeu por 25,7% desse comportamento exige um olhar sobre apontam para leves aumentos da produção,
e a relação estoque consumo foi de 34,2%,
da produção, 39,4% do consumo e 24,0% as condições globais e não apenas chinesas. das exportações e do consumo em 2011/2012,
contra 50,2% em 2008/2009. Em 2010/2011,
dos estoques finais na safra mundial de sobretudo graças às condições na China.
os preços continuaram subindo, levando o
índice ao valor médio de nada menos que

A China respondeu por 25,7% da produção, 39,4% do consumo e 24% dos Os altos preços praticados têm levado ao aumento da substituição da fibra
estoques finais na safra mundial de 2010/2011. de algodão por fibras sintéticas, com reflexo negativo no consumo global de
pluma, que caiu de 25,26 milhões de toneladas, em 2009/2010, para 24,37
milhões de toneladas em 2010/2011 (redução de 3,5%).

CHINA

46 47
oferta e demanda mundial de algodão A valorização da moeda brasileira penaliza os produtores do país.
O Brasil tem se consolidado como um A taxa de câmbio real, ajustada pela inflação
dos grandes exportadores de algodão do do Brasil e dos Estados Unidos, procura
mundo. Entretanto, sua posição poderia ser refletir o poder de compra da moeda nacional
ainda melhor e os cotonicultores brasileiros diante do dólar, bem como a competitividade
poderiam aproveitar mais os bons momentos do país no mercado internacional. Uma taxa
do mercado caso alguns antigos gargalos de câmbio nominal desvalorizada em relação
e conhecidas distorções não estivessem ao câmbio real, a exemplo do que ocorreu do
presentes. Um dos problemas enfrentados final de 1998 ao início de 2005, estimula as
pelos exportadores brasileiros de algodão é exportações.
a sobrevalorização cambial. O fortalecimento
do real diante do dólar, recentemente
agravado pela política de desvalorização
cambial norte-americana para enfrentamento
da indústria chinesa, reduz as receitas em
reais dos produtores brasileiros.

Câmbio nominal x câmbio real


4,0
3,5
Tabela 2.1 – Oferta e demanda mundial de algodão em pluma - 2006/2007 a 2011/2012.
3,0

COTAçãO DÓlAR - Em R$
e: estimativa / p: projeção
Fonte: Elaborada pela Markestrat com base em dados do Icac (2011)

2,5
2,0
Evolução de preços Internacionais de algodão 1,5
250
1,0
225
0,5
CEntAVOs DE DÓLAr LIbrA-PEsO

200
0
175

Ago/04
mar/98

mar/09
Nov/01
mai/96

mai/07
Out/02

Abr/08
Dez/00
Abr/97

jun/06
jun/95

Fev/99

jan/00

Fev/10
Set/03

jul/05
jul/94
150

125

100
Gráfico 2.8 – Comparação entre a taxa de câmbio nominal e a taxa de câmbio real - 1994 a 2010.
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base em dados do Banco Mundial
75

50

25 Em contrapartida, uma taxa de câmbio considerando o câmbio nominal (R$ 1,94/


nominal valorizada gera menos receita em US$). Caso fosse utilizado o câmbio real
0
reais ao país, como é possível observar (R$ 2,36/US$), o valor seria de R$ 7,17
Ago/08
Out/08
Dez/08
Fev/09
Abr/09
jun/09
Ago/09
Out/09
Dez/09
Fev/10
Abr/10
jun/10
Ago/10
Out/10
Dez/10
Fev/11
Abr/11
jun/11
Ago/11

nas exportações brasileiras de algodão em bilhões, uma diferença de R$ 1,37 bilhão a


pluma de 2006 a 2010. Nesse período, a mais de receita no período de 2006 a 2010,
receita obtida foi de aproximadamente, US$ aproximadamente R$ 274 milhões ao ano,
Gráfico 2.7 – Evolução mensal dos preços internacionais de algodão em pluma (Índice Cotlook A) - 2008/2009 a 2010/2011. 3 bilhões, o equivalente a R$ 5,8 bilhões, ou R$ 0,283 por libra-peso.
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base de dados do Banco Mundial

48 49
2,5
estimativa do efeito do câmbio real sobre as exportações As condições da infraestrutura logística elevam o custo de
produção e de distribuição do algodão brasileiro, reduzindo
r$ 0,37 sua competitividade e podendo, inclusive, prejudicar sua
2,0
imagem no exterior.
r$ 0,53
r$ 0,34
As exportações brasileiras enfrentam muitos mercadorias e demandam investimentos para
r$ bILHÕEs

1,5 problemas relacionados à logística de seus a modernização. Isso, somado ao ineficiente


r$ 0,16 produtos, o que afeta a rentabilidade dos processo burocrático de despacho aduaneiro
produtores, cooperativas e tradings. Entre e à baixa capacidade de escoamento, torna

r$ 1,64
1,0
r$ 0,02 as principais dificuldades se destacam as as exportações e importações lentas e

r$ 1,28

r$ 1,20
condições precárias das estradas e a baixa custosas.
0,5 r$ 0,99
r$ 0,65

capacidade dos modais de transportes


Esses problemas se agravam nos meses
alternativos, como o ferroviário e o
de pico das exportações de algodão, entre
0 hidroviário.
setembro e dezembro, quando a produção
No caso do algodão, em que a maior parte já foi colhida e beneficiada. Durante essa
2006 2007 2008 2009 2010
da produção exportada tem origem nos época, faltam espaços para armazenagem,
RECEITA R$ CÂmbIO NOmINAl RECEITA ADICIONAl R$ CÂmbIO REAl
estados do Centro-Oeste e no Oeste no a estadia dos produtos nos terminais é
Gráfico 2.9 – Estimativa de receita de exportação do setor do algodão: câmbio nominal e câmbio real - 2006 a 2010. Estado da Bahia, a situação se complica prolongada e atrasos nos carregamentos
Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir de dados do Bacen
ainda mais devido às longas distâncias. se tornam mais frequentes, tudo isso
Entre Rondonópolis, no Mato Grosso, e o repercutindo em aumento dos custos e riscos
Porto de Santos, por exemplo, são mais de não cumprimento dos prazos previstos
de 1.400 quilômetros. É bom lembrar que em contratos, podendo prejudicar inclusive a
Se por um lado, a desvalorização do dólar mundial. Outros setores, contudo, têm tais distâncias encarecem não apenas a imagem do produto brasileiro no exterior.
tem prejudicado a receita em reais do apresentado maiores dificuldades em resistir distribuição do algodão, mas também
produtor de algodão, por outro ela tem à pressão da valorização do real, como é a própria produção, uma vez que parte
beneficiado os importadores. E, apesar o caso da indústria têxtil. Enfim, a taxa de dos insumos é importada pelos mesmos
do câmbio desfavorável ao exportador, o câmbio hoje é um dos principais entraves das portos que escoam a produção, sobretudo
setor cotonicultor manteve-se firme nas cadeias produtivas brasileiras. fertilizantes, e outra parte é produzida nos
exportações de fibra como fornecedor grandes centros da região Sudeste. Assim,
o estabelecimento de vias mais eficientes
de escoamento de insumos e da produção
agrícola é de fundamental importância
para a manutenção da competitividade do
agronegócio brasileiro no futuro próximo.

Além disso tudo, as crescentes exportações


têm exposto outros dois graves gargalos no
país: a capacidade da infraestrutura portuária
e o excesso de burocracia. Além de poucos,
os portos existentes não estão estruturados
para atender aos crescentes fluxos de

As crescentes exportações têm


exposto dois graves gargalos
no país: a capacidade da
infraestrutura portuária
e o excesso de burocracia.

50 51
O Brasil obteve vitória histórica na OMC contra os subsídios do orçamento semestral do programa,
(período examinado pelo mecanismo de
norte-americanos, mas o país deve continuar na luta contra os EUA aumentarão o valor dos prêmios
solução de controvérsias da Omc).
as distorções no mercado internacional, não apenas para os de risco cobrados em pelo menos 11%.
produtos agrícolas, como também para a indústria têxtil. • consultas trimestrais, que se estenderão em certas circunstâncias, quando a
até a finalização dos termos da lei agrícola utilização do programa superar US$
As políticas protecionistas são uma fonte brasileiros questionaram sete tipos de subsídios 1,5 bilhão, cerca de 55% do orçamento
norte-americana de 2012, para determinar
de distorção que afeta não só os produtores que, segundo suas projeções, acarretariam semestral, o reajuste mínimo será de
como os programas daquela nova lei serão
de algodão, mas os produtores agrícolas prejuízos da ordem de US$ 3,2 bilhões à 15%.
contabilizados contra o limite anual.
como um todo, do Brasil e dos demais países cotonicultura brasileira entre os anos de 1999
onde a agricultura exerce papel relevante no a 2002 (período questionado no contencioso). 2. No que se refere ao programa de Garantias 3. N
 o que concerne à compensação para o
desenvolvimento econômico e social. Entre as Concluiu-se também que, se não fossem os de Crédito à Exportação (Gsm-102): setor:
medidas mais comuns estão os subsídios, as subsídios norte-americanos, no período citado, • além das consultas trimestrais regulares, • foi negociada a proposta de
sobretaxas, as excessivas leis antidumping e as os preços internacionais seriam 12,6% mais há um processo com revisões semestrais transferência do valor de US$ 147,3
barreiras técnicas sem fundamentação sólida. altos, as exportações dos EUA seriam 41,2% da operação do programa (“Revisões milhões anuais (em parcelas mensais de
menores e sua produção teria sido reduzida em Operacionais”), com especial foco nas duas US$ 12,27 milhões), para ser destinado
Talvez a mais nociva dessas práticas seja
28,7% (Costa e Bueno, 2004). características centrais das garantias de ao Instituto Brasileiro do Algodão (Iba),
o subsídio dado aos produtores em países
desenvolvidos. Os danos causados são Após quase sete anos, em agosto de 2009 a crédito: prazo e prêmios de risco. entidade criada para gerir o dinheiro
enormes, pois eles estimulam a superprodução, Omc autorizou o governo brasileiro a retaliar e financiar projetos de interesse do
• o programa sofrerá alterações com vistas
levam à depreciação dos preços nos mercados os EUA , liberando-o para colocar restrições setor, em função das mudanças nos
a reduzir o prazo de pagamento médio
internacionais e afetam a competitividade dos às importações de produtos e serviços norte- programas de subsídios condenados, por
ponderado para não mais que 16 meses
demais países não somente nos mercados que americanos, assim como quebrar patentes. dependerem da aprovação do congresso
até o final do período transitório que
adotam as ações protecionistas, mas em todo Finalmente, em abril de 2010, na iminência americano, somente poderem ocorrer
termina em 2012.
o mundo, inclusive nos próprios mercados da imposição de medidas de retaliação pelo com a promulgação da nova Farm Bill,
domésticos. governo brasileiro, representantes do governo • sempre que o valor das garantias em 2012.
americano se propuseram a celebrar um concedidas ultrapassar o patamar de
No caso do algodão, o Brasil conquistou US$ 1,3 bilhão, o que representa 48%
“acordo-quadro” bilateral – compensação para
uma importante vitória contra os subsídios
o setor. Entre as propostas negociadas estão:
ilegais norte-americanos. No final de 2002,
o Brasil, mais especificamente o Ministério 1. No que diz respeito aos programas de apoio
da Agricultura e o Ministério das Relações doméstico:
Se não fossem os subsídios norte- No que concerne à compensação
Exteriores, após consultar a Abrapa e buscar americanos, no período citado, os para o setor, foi negociada a
• estabelecimento de um limite anual para
apoio para bancar os custos da ação, decidiu
os programas de apoio que distorcem o preços internacionais seriam 12,6% proposta de transferência do valor
tomar iniciativa contra os subsídios ao algodão
comércio, em patamar significativamente mais altos, as exportações dos de US$ 147,3 milhões anuais (em
nos EUA , levando o caso à Organização
inferior à média dos anos de 1995-2005 EUA seriam 41,2% menores e sua parcelas mensais de US$ 12,27
Mundial do Comércio (Omc). Os representantes
produção teria sido reduzida em milhões), para ser destinado ao
28,7% (Costa e Bueno, 2004). Instituto Brasileiro do Algodão (Iba).

52 53
Sistema de classificação e rastreabilidade é parte importante na tem-se buscado melhorar a comunicação identificação (Sai). Consiste em um sistema
estratégia para ampliar o acesso aos mercados internacionais. entre ofertantes e demandantes, facilitando eletrônico de controle e identificação de fardos,
a recepção das informações relativas às por meio de código de barras, através do qual
Finalmente, é importante destacar outros ou no restante do mundo, tem demandado características da fibra brasileira ao aferimento é possível comprovar a procedência da pluma
dois desafios diante dos quais o setor tem maior qualidade e padrão de seus fornecedores da conformidade com padrões exigidos pelos produzida no Brasil. O sistema tem capacidade
se empenhado com o intuito de melhorar a de fibras. Nesse cenário, cabe à cotonicultura diferentes clientes. Nesse sentido, para cobrir 100% da produção nacional e hoje,
reputação e o acesso do algodão brasileiro ao brasileira não somente produzir uma fibra com o Brasil passou a adotar, em 2003, os garante a rastreabilidade de 100% dos fardos
exterior: a implantação de um sistema nacional as características desejadas, mas também padrões internacionais de classificação, com que são exportados.
de classificação de algodão reconhecido atestar a qualidade dessa fibra. a utilização dos chamados instrumentos de
internacionalmente e o crescimento do número A previsão é que, futuramente, para atender às
Desde os anos 90, o setor vem avançando alto volume (high volume instruments – Hvi),
de propriedades certificadas pelos programas exigências dos mercados compradores, o Sai
consideravelmente em termos de qualidade que rapidamente vêm substituindo o processo
socioambientais, este último discutido também disponibilize informações relacionadas
e padronização, sobretudo com desenvolvimento de classificação visual. Na safra 2003/2004,
no capítulo do mapeamento da produção à classificação de cada fardo comercializado.
de novas cultivares, com a introdução de instituiu-se também o Sistema Abrapa de
algodoeira.
novas tecnologias no plantio, no cultivo e na
Seguindo os crescentes níveis de exigência dos colheita e com investimentos na modernização
consumidores, a indústria têxtil, seja no Brasil das usinas de beneficiamento. Paralelamente,

beneficiamento de algodão - sai


SAFRA 2009/2010 SAFRA 2010/2011p *
UF Etiquetas Etiquetas
Toneladas % Toneladas %
Utilizadas Utilizadas
BA 1.689.305 337.861 31,10% 2.989.568 597.914 29,88%
GO 423.733 84.747 7,80% 819.187 163.837 8,19%
MA 87.430 17.486 1,60% 130.944 26.189 1,31%
MG 100.978 20.196 1,90% 253.314 50.663 2,53%
MS 287.054 57.411 5,30% 454.977 90.995 4,55%
MT 2.784.952 556.990 51,20% 5.108.823 1.021.765 51,06%
PI 35.641 7.128 0,70% 107.730 21.546 1,08%
PR 549 110 0,00% 0 0 0,00%
SP 29.431 5.886 0,50% 109.200 21.840 1,09%
TO 0 0 0,00% 31.200 6.240 0,31%
Total
SAI 5.439.073 1.087.815 100% 2.593.940 2.000.989 100%
Tabela 2.2 – Histórico de beneficiamento da produção pelo Sistema Abrapa de Identificação - Safras 2009/2010 e 2010/2011p.
p: projeção.
Fonte: Sistema Abrapa de Identificação (Sai)

54 55
a produção
algodoeira
a produção
algodoeira
Na safra 2010/2011, a produção brasileira
ultrapassou a do Paquistão e colocou o país
como o quarto maior produtor de pluma de
algodão do mundo. PRODUÇÃO DE ALGODÃO
30 (Principais países produtores)
O volume total da produção de algodão no mundo produção de algodão em pluma, com
tem apresentado flutuações históricas entre 6,4 milhões de toneladas em 2010, seguida pela 25
crescimento e declínio, destacando-se o aumento Índia, com 5,3 milhões de toneladas, Estados

milhões de Toneladas
20
consecutivo nas últimas duas safras (2009/2010 e Unidos, com 3,9 milhões de toneladas, e Brasil, com
2010/2011). Segundo dados do Comitê Internacional 2 milhões de toneladas. Essa produção brasileira 15
Consultivo do Algodão (Icac, 2011), na última inclusive possibilitou que, pela primeira vez em
década, o setor acumulou taxa de crescimento médio décadas, o país ultrapassasse o Paquistão, com 1,9 10
de 2% ao ano, embora tenha aferido, nos últimos milhão de toneladas de pluma.
5
cinco anos, taxa de crescimento negativa de -0,4%
ao ano. Na safra 2009/2010, a produção mundial 0
foi de aproximadamente 25 milhões de toneladas de 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11
Segundo dados do Icac, na
algodão em pluma.
última década, o setor acumulou UZbequistão
O Icac também revela dados que permitem taxa de crescimento médio de
classificar as principais regiões produtoras 2% ao ano. Gráfico 3.1 – Maiores países produtores de algodão em pluma - 2006/2007 a 2010/2011.
Fonte: Elaborado pela Markestrat a partir de dados do Icac (2011)
no mundo, colocando a China como líder na

58
22 59
23
Cotonicultores brasileiros sustentam a liderança do ranking Investimentos em cultivares de fibra longa fortalecem o algodão
da produtividade entre os principais países produtores. brasileiro na busca contínua pelo aumento da qualidade.
Apesar do incremento da produção de algodão no que ocorreram notadamente a partir da Um dos desafios da cotonicultura brasileira é se A principal vantagem em produzir esses tipos de
mundo, não se observou um aumento expressivo segunda metade da década de 1990. Desde tornar tão competitiva na qualidade quanto já é fibras é o incremento no valor pago pela pluma
da área destinada ao seu cultivo, que passou de então, o país passou a ostentar os maiores na produtividade da fibra. de algodão, que no caso de fibras longas, fica em
31 milhões de hectares, em 1965, para 33 milhões níveis de produtividade entre os principais torno de 15% e, em fibras extralongas, a mais
em 2010, ou seja, apenas 6,5% em 45 anos. Para países produtores de algodão no mundo. Na O Brasil, lamentavelmente, não aparece entre os de 100%. A partir de 2012, através de um forte
justificar o incremento da produção deve-se, no safra 2009/2010, o Brasil alcançou valores principais produtores de fibras de algodão que se programa de melhoramento vegetal, o Brasil se
entanto, observar a produtividade de algodão impressionantes de produtividade com uma destacaram pela qualidade de fibras longas prepara para disponibilizar aos produtores novas
em pluma, que saltou de 365 kg/ha, em 1965, média de 1.419 kg/ha, um rendimento por área e extralongas, que são o Egito, a China, os Estados cultivares de fibras longas para plantio nas regiões
para 732 kg/ha em 2010, significando mais de que foi quase o dobro da média mundial, de 733 Unidos, a Índia, o Turquemenistão e o Sudão. de cerrado, o que permitirá a melhor exploração
200% de aumento na quantidade de algodão kg/ha. Na safra 2010/2011, apesar de um leve Segundo dados do Icac, em 2009, esses 6 países de nichos de mercados mais bem remuneradores
produzida por unidade de área. Esse salto na declínio em função de condições climáticas, a produziram, respectivamente, 30%, 25%, 20%, ainda no curto prazo.
produtividade ocorreu principalmente devido aos produtividade brasileira (1.322 kg/ha) se manteve 18%, 4% e 1% da produção mundial de fibras
ótimos resultados alcançados pelos programas superior em relação aos demais países, inclusive longas em extralongas.
de melhoramento das espécies de algodão e ao da chinesa (1.289 kg/ha). Ademais, segundo
A cotonicultura moderna foi construída com amplos
aumento intensivo da utilização de fertilizantes, as projeções da Usda para a safra 2011/2012, investimentos em tecnologia.
defensivos e mecanização na cultura. a produtividade média brasileira deverá ser
ainda maior que em 2009/2010, passando para A alta produtividade média alcançada pela de produção predominante no Brasil, que ocorreu
O Brasil foi um dos países que mais se 1.457 kg/ha, quando a média mundial deverá cotonicultura brasileira permite que o país atinja com a migração das lavouras de subsistência das
beneficiaram com os grandes investimentos permanecer em 751,5 kg/ha. níveis históricos de produção, mesmo com uma regiões do sertão nordestino para as áreas de
realizados em tecnologia para a cotonicultura, fração bem menor da área plantada décadas produção empresarial no Cerrado do Centro-Oeste
atrás. Entre 1980 e 2010, a área plantada sofreu e oeste da Bahia. Além de apresentar condições
redução de 66%, passando de 4,1 milhões de climáticas e topografia favoráveis à cultura, o
Segundo as projeções da Usda para a safra 2011/2012, a produtividade média hectares para aproximadamente 1,4 milhão de Cerrado conta com a presença de produtores
hectares. Em compensação, a produção nacional agrícolas altamente tecnificados, que, apoiados
brasileira deverá ser ainda maior que em 2009/2010, passando para 1.457 kg/
de algodão em caroço saltou de 1,9 milhão de pelos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento,
ha, quando a média mundial deverá permanecer em 751,5 kg/ha.
toneladas para pouco mais de 5,0 milhões de financiados tanto pelos governos estaduais e pelo
toneladas (Conab, 2011). governo federal quanto pelo próprio setor privado,
PRODUTIVIDADE DE ALGODão Esses ganhos de produtividade e produção só alavancaram o desenvolvimento da cultura do
(principais produtores mundiais) algodão no país.
1.600 foram possíveis com fortes mudanças no sistema
1.400
1.200 PRODUÇÃO DE ALGODÃO
6.000 (em caroço/estado)
1.000
kg/ha

800 5.000
600
4.000

mil Toneladas
400
200 3.000
0
2.000
2009/2010 2010/2011 2011/2012p
1.000
brasil China EUA Uzbesquistão
Paquistão índia mundo -

1980/81
1982/83
1984/85
1986/87
1988/89

1990/91
1992/93
1994/95
1996/97
1998/99
2000/01
2002/03
2004/05
2006/07
2008/09
2010/11
Gráfico 3.2 – Comparativo de produtividade entre os principais países produtores - 2009/2010 a 2011/2012p.
p: projeção
Fonte: Usda (2011). Elaborado pela Markestrat com base em dados da Usda (2011).

Gráfico 3.3 – Produção brasileira de algodão em caroço por estado - 1980/1981 a 2010/2011.
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base em dados da Conab (2011)

60 61
O desenvolvimento de nichos de mercado tem sido essencial
para o pequeno produtor.
O sucesso do sistema empresarial implantado no forte atuação das tradings de commodities agrícolas
Cerrado está baseado, em grande parte, no uso e do profissionalismo com que cumprem prazos e leis.
intensivo de insumos modernos, na mecanização Para o mercado externo, especificamente, destaca-se
das operações, na utilização de mão de obra o trabalho desenvolvido pela Associação Nacional dos
especializada e no acesso aos grandes mercados Exportadores de Algodão (Anea).
compradores no Brasil e no exterior. Tal modelo
implica altos custos de produção e necessidade
de escala, favorecendo o cultivo em grandes Entre 1980 e 2010, a área
propriedades. Em razão disso, cerca de
plantada sofreu redução de 66%,
90% do algodão brasileiro é produzido em
passando de 4,1 milhões de
estabelecimentos com área maior ou igual a
1.000 hectares (IBGE, 2011). hectares para aproximadamente
1,4 milhão de hectares. Em
Contudo, existem sistemas de produção compensação, a produção
alternativos praticados por produtores familiares,
nacional de algodão em caroço
ou mesmo por pequenos e médios produtores, que
saltou de 1,9 milhão de toneladas
visam explorar nichos de mercado, entre os quais
se destacam: a produção de algodão colorido, para pouco mais de 5,0 milhões
algodão orgânico e algodão agroecológico. de toneladas (Conab, 2011).

Esses sistemas são de grande importância social


e têm recebido apoio crescente de políticas
governamentais e de empresas do segmento têxtil
e de confecção que atuam em nichos de mercado
em que esses tipos de produto são altamente 90% do algodão brasileiro sistemaS de produçÃO
valorizados. Isso se deve principalmente ao é produzido em estabelecimentos
fato de essas alternativas empregarem mão de EMPRESARIAL NO CERRADO
com área maior ou igual a 1.000
obra familiar e abrangerem um grande número
de pequenos estabelecimentos rurais. Vale
hectares (IBGE, 2011).
MÉDIA TECNOLOGIA
destacar que, assim como foi e continua sendo
de grande importância para o desenvolvimento
da cotonicultura empresarial, a Embrapa tem ALGODÃO FAMILIAR
exercido um papel fundamental no fortalecimento
desses outros sistemas de produção, através do Existem sistemas de produção ALGODÃO IRRIGADO
desenvolvimento e transferência de tecnologia em alternativos praticados por NO SEMIÁRIDO
cultivares e técnicas de manejo.
produtores familiares, ou mesmo
ALGODÃO AGROECOLÓGICO
No entanto, o acesso ao mercado é um grande por pequenos e médios
desafio para os pequenos e médios produtores que produtores, que visam explorar
ALGODÃO ECOLÓGICO
optam pelos sistemas “alternativos” supracitados. Já nichos de mercado, entre os
os cotonicultores do Cerrado desfrutam, de maneira quais se destacam: a produção
geral, boas condições de acesso ao mercado interno ALGODÃO COLORIDO
de algodão colorido, algodão
e externo, fruto da boa qualidade da fibra produzida,
da formação de cooperativas de comercialização, da orgânico e algodão agroecológico.

Figura 3.1 - Sistemas de produção de algodão no Brasil.


Fonte: Elaborada pela Markestrat com base em Freire (2011)

62 63
A redução dos custos de produção é parte fundamental da Nos anos recentes, o custo de produção de algodão
agenda que busca a sustentabilidade econômica do setor. sofreu uma variação maior do que o preço da Os aumentos de custos para
commodity no mercado internacional. Em Campo cultivar o algodão têm sido
Um dos principais desafios dos produtores esse custo total elevou-se para R$ 4.931,32 e o
Novo dos Parecis (MS), por exemplo, os custos
empresariais para manter a competitividade custo/@ de algodão em caroço para R$ 19,63. absorvidos no campo graças à
variaram de US$ 0,47/lb a US$ 0,76/lb entre as
conquistada é a busca pela redução dos custos Assim, o custo por arroba aumentou 21,3%, sem
safras 2003/04 e 2008/09, chegando a superar os evolução dos preços internacionais
de produção aliada à sustentabilidade da que, no entanto, um aumento de produtividade
preços internacionais em alguns anos (Ferreira et. al, da safra 2010/2011, que ficaram
eficiência no campo. Dados da Conab mostram pudesse compensar essa elevação de custos.
2011). acima de US$ 0,95/lb, chegando
que, na última década, os custos de produção no Já em Mato Grosso, o aumento dos custos de
Brasil têm avançado mais rapidamente do que produção da arroba tem sido menor (5,3% entre até a US$ 1,64/lb (Icac, 2011).
Nesse mesmo período, os preços internacionais
o crescimento da produtividade. Considerando 2006/2007 e 2010/2011), mas a direção se
aferidos pelo Índice A do Cotlook variaram de
como referência Barreiras - BA, verifica-se que, manteve: aumento dos custos aliado à estagnação
US$ 0,56 a US$ 0,70, com valor médio dos últimos
na safra 2006/2007, o custo total por hectare da produtividade (Conab, 2011).
dez anos em torno de US$ 0,60/lb, fator esse que
foi de R$ 4.050,61 e o custo/@ de algodão em
pode virar uma fragilidade no setor, uma vez que
caroço de R$ 16,18, enquanto na safra 2010/2011
a margem mais baixa pode ficar para o produtor
no Brasil.

Atualmente, os aumentos de custos para cultivar


o algodão têm sido absorvidos no campo graças
à evolução dos preços internacionais da safra
2010/2011, que ficaram acima de US$ 0,95/lb,
chegando até a US$ 1,64/lb (Icac, 2011).
Contudo, as cotações não deverão permanecer
nesses patamares a médio prazo, destacando-se
assim a necessidade de redução dos custos de
EVOLUÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO
(totais e por arroba de algodão em caroço) produção no Brasil.

Custo total-R$/ha

Produtividade - Kg/ha

Custo total-R$/ha

Produtividade - Kg/ha
Tabela 3.1 – Evolução dos custos de produção totais e por arroba de algodão em caroço na Bahia e Mato Grosso, nas safras
2006/07 a 2010/11.
Fonte: Conab (2011)

64 65
A competitividade do algodão brasileiro perpassa pelo uso Portanto, a busca pela redução dos custos com
racional dos fertilizantes e defensivos. fertilizantes deve passar por ações que visem:
reduzir os custos de importação e distribuição
O estudo da composição dos custos de produção Os gastos com fertilizantes e corretivos se
desses produtos, buscar alternativas para a
também mostra que os componentes de maior justificam, majoritariamente, pelas condições de
ampliação da produção nacional de adubos
peso são os defensivos e os fertilizantes/ solo das regiões de cerrado, pois este, apesar
químicos e orgânicos, utilizar as novas tecnologias
corretivos. Em Mato Grosso, estado responsável das boas características físicas, é extremamente
disponíveis atualmente, investir em novas técnicas
por 50,6% da produção de algodão em caroço pobre do ponto de vista químico, exigindo que a
em benefício da fertilização do solo e em busca
do Brasil, na safra 2010/2011, os gastos com sua acidez e teores de macro e micronutrientes
de cultivares mais aptas às condições naturais
fertilizantes e corretivos correspondem, em sejam corrigidos. O problema é que o Brasil
das regiões de cerrado. O quadro a seguir resume
média, a 30,0% dos custos totais, enquanto importa a maioria do fertilizante que consome, e
as principais iniciativas que tanto o Estado
os defensivos têm uma participação média nos esse insumo tem de percorrer grandes distâncias
quanto os produtores de algodão devem tomar
custos de 31,1% (Cotton Consultoria, 2011). por estrada até chegar às regiões produtoras. No
para que a elevação dos custos com fertilizantes
Esses percentuais são extremamente elevados fim, o valor do frete dos fertilizantes e corretivos
não prejudique a competitividade do algodão
quando comparados à média mundial, que fica indiretamente por conta do produtor, o que
brasileiro.
na safra de 2006/2007, foram de 14% para representa um grande peso no custo de produção.
fertilizantes e corretivos e de 16% para defensivos Ações Estratégicas para a Redução de Custos com Fertilizantes
(Chaudhry, 2008). Portanto, a economia nesses
produtos é um importante elemento da gestão
da propriedade, mas deve ser também foco das
políticas agrícolas do Brasil.

O valor do frete dos fertilizantes e corretivos fica indiretamente por conta do


produtor, o que representa um grande peso no custo de produção.

Evolução dos Componentes Principais dos Custos de Produção – Rondonópolis / MT


100%

90%

80%
70% Quadro 3.1 – Ações estratégicas para a redução dos custos com fertilizantes.
Fonte: Elaborado pela Markestrat
60%
50%

40%

30%

20%

10%

0%

Gráfico 3.4 – Evolução em termos percentuais dos componentes principais dos custos
de produção na região de Rondonópolis/MT.
Fonte: Informações consolidadas por Cotton Consultoria a partir de dados da Conab (2011)

66 67
No caso dos defensivos agrícolas, sua grande A redução dos custos com defensivos agrícolas A sustentabilidade tem um papel de destaque na agenda atual
demanda é causada pela alta incidência de pragas, depende ainda do desenvolvimento, transferência do setor do algodão brasileiro.
doenças e ervas daninhas. Estas encontram no clima e utilização de tecnologias mais eficientes no
A redução das aplicações de defensivos No sistema agroindustrial do algodão, essas
do Cerrado (quente e de altos índices pluviométricos combate a pragas, doenças e ervas daninhas.
e fertilizantes vai ao encontro de outro importante pressões têm surtido efeito em cascata,
entre novembro e abril), ótimas condições para sua Para a safra 2012/2013 espera-se, com o uso
desafio que a cotonicultura tem enfrentado: passando pela mobilização de agentes da
proliferação. Ao todo, existem no Brasil 20 pragas das cultivares transgênicas de segunda geração,
a busca pela sustentabilidade. Em primeiro lugar, indústria têxtil e do elo da produção agrícola
de importância econômica para o cotonicultor e 5 que o número de aplicações de inseticidas seja
a redução dos custos é fundamental para o em todo o mundo. Como exemplo, pode-se citar
pragas ocasionais, além de 15 doenças causadas por reduzido para 7/ha. Isso significa que é preciso
equilíbrio do pilar econômico da sustentabilidade. o caso da multinacional Adidas, que em seu
fungos, bactérias, vírus e nematoides (Freire , 2011a). um maior diálogo e cooperação entre a indústria
planejamento estratégico tem a meta de consumir
Para combatê-las, os produtores chegam a efetuar fornecedora de eventos biotecnológicos e os
Em segundo lugar, o menor uso de agroquímicos 40% de algodão certificado pela Better Cotton
30 aplicações de defensivos, das quais a maioria produtos de algodão, visando ao fortalecimento
e insumos não renováveis beneficiaria ainda mais Initiative até 2015 e 100% até 2018
é direcionada ao combate do pulgão, da lagarta da cadeia como um todo, de maneira a estimular
a imagem do algodão brasileiro. (Cunha; Freire, 2011).
e do bicudo, sendo este último um dos grandes o uso das novas tecnologias e a proteção dos
responsáveis pela queda da área produzida entre direitos de propriedade intelectual, que são
A preocupação com a temática da
as décadas de 1980 e 1990, quando chegou necessários para a manutenção e ampliação
sustentabilidade, em seus três pilares (econômico,
a dizimar plantações inteiras em regiões do dos investimentos, tanto no campo quanto nas
social e ambiental), cresceu bastante no século
nordeste, do sudeste e do sul do Brasil. unidades de pesquisa.
XXI, devido principalmente à crescente pressão O Programa Better Cotton
exercida por consumidores mais conscientes Initiative (BCI) foi criado em 2005
quanto ao legado que deixarão às gerações por um grupo de grandes empresas
futuras. Empresas, governos e organizações não multinacionais consumidoras de fibras
governamentais têm estudado e colocado em de algodão e organizações
prática estratégias para minimizar os impactos não governamentais de renome
Bicudo do algodoeiro
negativos e para potencializar os impactos (Adidas, Gap Inc., H&M, ICCO, IFAP, IFC,
positivos de suas ações sobre os ecossistemas IKEA, Organic Exchange, Oxfam, PAN
e sociedades do planeta. UK e WWF) com a missão de “melhorar
Para a safra 2012/2013 espera-se, com o uso das cultivares transgênicas de a produção mundial de algodão para
segunda geração, que o número de aplicações de inseticidas seja reduzido para 7/ha. aqueles que o produzem, o meio em
que é cultivado e o futuro do setor”.

Ações Estratégicas para a Redução de Custos com Defensivos

EstADO PrODutOrEs DE ALGODãO

• Investir, com o setor privado, • Adotar cultivares resistentes a múltiplas


em P&D para cultivares com resistência doenças e pragas.
a múltiplas doenças e pragas.
• Respeitar as leis de propriedade
• Agilizar o processo de liberação de novas intelectual para não desestimular
cultivares transgênicas. investimentos em P&D.

• Aplicar as penalidades previstas em lei • Ter maior rigor no manejo de pragas,


em defesa do direito de propriedade reduzindo as aplicações simultâneas de
intelectual. vários produtos, destruindo as soqueiras
e realizando a rotação de culturas.
• Reforçar as políticas públicas de
erradicação do bicudo.
Quadro 3.2 – Ações estratégicas para a redução dos custos com defensivos.
Fonte: Elaborado pela Markestrat
Regiões de implementação inicial da Bci

68 69
Inicialmente, a Bci tem atuado no Brasil, na Índia, No Brasil, existem também duas iniciativas: Trabalho, da Organização Internacional do
no Paquistão, em Mali, na China e no Tajiquistão, o Instituto Algodão Social (Ias), criado pela Trabalho (Oit) (Balaniuc, 2011).
onde avalia a conformidade da produção em Associação Matogrossense dos Produtores de Na safra 2010/2011, o Ias certificou 191 fazendas
relação a 6 princípios e 44 critérios de produção Algodão (Ampa), e o Programa Socioambiental no Mato Grosso. O segundo, de âmbito nacional,
sustentável e auxilia os produtores a atingir da Produção de Algodão (Psoal), encabeçado está totalmente alinhado com os princípios da
os índices estabelecidos por região e porte da pela Abrapa. O primeiro, de âmbito regional, é BCI, com o objetivo de facilitar o acesso do
propriedade. O objetivo é fornecer certificações, realizado em parceria com a Associação Brasileira produto brasileiro ao mercado global de algodão
ou selos, de conformidade para aqueles de Normas Técnicas (Abnt) e fornece selos sustentável. Na primeira safra de certificação, em
produtores que estiverem dentro dos parâmetros de conformidade social para as propriedades 2010/2011, foram certificadas 31 fazendas nos
estabelecidos e para as indústrias que utilizarem auditadas e que estejam em conformidade com estados da Bahia (12), Goiás (8), Mato Grosso
produtos certificados. A Abrapa ocupa um cargo um conjunto de 7 critérios sociais, embasados na do Sul (5), Minas Gerais (3), Maranhão (2) e São
no conselho da Bci como representante dos legislação trabalhista brasileira e na Declaração Paulo (1) (Abrapa, 2011). Atualmente, a Abrapa
produtores de algodão (Ward, 2011). dos Direitos e Princípios Fundamentais no e a Ampa estão estudando a melhor forma de
unificar as duas certificações.

70 71
o consumo
industrial
dos produtos
de algodão
o consumo
industrial
dos produtos
de algodão
Devido às inúmeras possibilidades de uso de seus UTILIZAÇões industriais da fibra de algodão
TECIDOS
produtos e subprodutos, tal como acontece com PlUmA FIOS
TECIDOS
o gado na indústria frigorífica, o algodão é TAPETES

considerado o “boi vegetal”. FIOS


PAvIOS E
bARbANTES
Em termos econômicos, a pluma é o principal Existem ainda outros tipos de fibra de algodão, ESTOFADOS
produto primário do algodão. Trata-se das fibras subprodutos dos processos de beneficiamento, COlChõES
mais longas do algodão em caroço. Virtualmente, fiação e tecelagem. A principal delas é a fibrilha, FElTRO ACOlChOADOS
toda pluma produzida se destina à fabricação um subproduto do processo de descaroçamento AbSORvENTES
FIbRAS DE
de fios, os quais são consumidos quase que comumente comercializado pelas algodoeiras. líNTER gASES E
AlgODãO
exclusivamente pela indústria têxtil. Outro tipo As demais, devido às baixas representatividades, ATADURAS
de fibra com grande aceitação no mercado é o tanto em termos de volume como de valor para a AlgODãO
COTONETES
línter, um conjunto de fibras curtas que envolvem cadeia, podem ser consideradas resíduos. hIDRÓFIlO vISCOSE
o caroço. Após o processo de descaroçamento, o ACETATO
Esses são os casos do carimã, do piolho e do
línter pode ter diversas destinações na indústria, POlPA DE éSTER E éTER
pó de canal, todos resíduos de processos de
como na fabricação do algodão de farmácia, CElUlOSE
beneficiamento do algodão em caroço. PAPEl
também conhecido como algodão hidrófilo, PANOS
tecidos rústicos, estofamentos, filtros e mesmo FIbRIlhA FIOS DE ChãO
TAPETES
pavios de pólvora (Beltrão et al., 2011).

Figura 4.1 – Principais utilizações industriais das fibras de algodão.


Fonte: Elaborada pela Markestrat com base em Unctad (2005) e Ferreira e Freire (1999)

74
22 75
23
Além dos diferentes tipos de fibra, o algodoeiro O aumento da demanda pela pecuária e novas perspectivas de
fornece um produto cujo valor tem sido cada vez utilização tÊm agregado valor ao caroço de algodão, que
mais reconhecido pelo mercado e que também de subproduto passou a ser moeda de troca na prestação de
apresenta uma diversificada gama de aplicações: serviço em muitas algodoeiras.
o caroço. Excelente fonte de óleo e proteínas,
Estima-se que cerca de 40% do caroço de algodão desenvolvidas variedades de algodão desprovidas
o caroço pode ser utilizado como suplemento na
produzido no país seja destinado in natura a desse composto, o que abriu novas possibilidades
alimentação humana e animal ou mesmo para
pecuaristas que servem o produto diretamente comerciais para os subprodutos do caroço, como
a fabricação de biodiesel.
aos animais, sem que haja nenhum tipo de a farinha e óleo cru (Beltrão et al., 2011).
beneficiamento ou processamento dos caroços.
Outra boa perspectiva de mercado se refere ao
A parte que é destinada à indústria segue para as
potencial para o aumento da utilização do óleo na
esmagadoras, onde são obtidos o óleo,
produção de biodiesel. No que tange à qualidade,
a torta e o farelo. Quando refinado, o óleo se
utilizações INDUSTRIAIS do caroço de algodão o óleo de algodão fornece uma excelente
torna comestível, podendo ser utilizado como óleo
matéria-prima devido à sua constituição
de cozinha ou aplicado na elaboração de outros
bIODIESEl equilibrada de ácidos graxos e baixa acidez.
produtos alimentares, como a margarina
No que se refere à oferta, o algodão é a segunda
e a maionese. Isso torna o óleo o segundo
ÓlEO DE oleaginosa em termos de volume de produção
COzINhA principal produto do algodoeiro, atrás somente
de óleo no país, atrás somente da soja. Em
da pluma. A torta e o farelo possuem grandes
termos de custo de produção, por se tratar de
ÓlEO quantidades de proteínas, sendo utilizados
REFINADO mARgARINA um subproduto, o óleo de algodão costuma
principalmente na alimentação animal.
apresentar custo inferior aos demais óleos
Um fator limitante para a utilização do caroço na vegetais (Beltrão et al., 2011). Contudo, apesar
mAIONESE
dieta humana e animal é a presença do gossipol, de apresentar qualidade, oferta e bons preços,
um alcaloide tóxico que confere proteção à planta cerca de 3% apenas do biodiesel produzido
ÓlEO CRU bORRA contra pragas. A presença dessa substância no país é oriundo do óleo de algodão. A soja,
limita consideravelmente as quantidades de responsável por quase 90% da produção de óleo
SAbãO torta, farelo, óleo ou caroço in natura podem ser vegetal e biodiesel no país, se beneficia da alta
ingeridas por animais poligástricos, como o gado, produtividade de óleo por hectare e da vasta área
RAçãO e impossibilitam a utilização desses produtos plantada (Anp, 2011).
glICERINA
na dieta de animais monogástricos, incluindo os
TORTA
seres humanos. Recentemente, entretanto, foram
RAçãO
ADUbO

CAROçO NU* áCIDOS


gRAXOS

FARINhA 40% do caroço de algodão Apesar de apresentar qualidade,


produzido no país é destinado oferta e bons preços, cerca
FARElO
in natura a pecuaristas que de 3% apenas do biodiesel
ADUbO servem o produto diretamente produzido no país é oriundo do
aos animais. óleo de algodão.

SEmENTES

Figura 4.2 – Principais utilizações industriais do caroço de algodão. *Não inclui línter.
Fonte: Elaborada pela Markestrat com base em Unctad (2005) e Ferreira e Freire (1999)

76 77
Aumentar o teor de óleo sem prejuízo à produção de fibra é um em 2000, esse percentual havia passado para toneladas anuais (crescimento de 33%), ao passo
dos desafios dos melhoristas. 58% (Iemi, 2011). que o consumo de fibras naturais recuou de 25,0
para 23,4 milhões de toneladas (Iemi, 2011).
O principal desafio visando ao aumento da voltado especificamente para essa finalidade, No Brasil, o avanço das fibras químicas sobre as
Durante o mesmo período, o consumo brasileiro
produção de óleo de algodão é o desenvolvimento devendo seguir as “Normas para Produção, fibras naturais não tem ocorrido de maneira tão
tanto de fibras naturais quanto de fibras químicas
de cultivares que apresentem maior teor de óleo Comercialização e Utilização de Sementes”, intensa quanto no mercado global. Em 2000,
manteve-se estável, permanecendo a proporção
no caroço sem que haja prejuízos à qualidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e enquanto as fibras químicas respondiam por
de quatro toneladas de fibras químicas para
e quantidade de fibra produzida. Atualmente, Abastecimento (Brunetta et al., 2011). quase 60% do consumo total de fibras têxteis
cada dez toneladas de fibras têxteis consumidas
existem diferentes cultivares que apresentam no mundo, no Brasil esse percentual era cerca
Os produtores de semente passam por rigorosos anualmente (Abit, 2011).
concentrações de óleo que variam entre 14% de 40%. Entre os anos de 2000 e 2009, o
processos de fiscalização que têm como intuito
e 26%, mas apenas aquelas com menor consumo mundial de fibras sintéticas passou de
garantir a qualidade do produto final. Inspeções
presença de óleo produzem ao menos 38% de 34,7 milhões de toneladas para 46,2 milhões de
são conduzidas em três fases distintas no
fibra, existindo uma correlação negativa entre
campo, durante a pré-floração, a floração e a
a porcentagem de fibra e o conteúdo de óleo O consumo brasileiro tanto de fibras naturais quanto de fibras químicas manteve-se
pré-colheita, e também após o beneficiamento
(Beltrão et al., 2011).
e ensaque, quando amostras de cada lote são
estável, permanecendo a proporção de quatro toneladas de fibras químicas para
Além da utilização in natura na pecuária e do retiradas e analisadas em laboratório para cada dez toneladas de fibras têxteis consumidas anualmente (Abit, 2011).
processamento na indústria esmagadora, o caroço conferência dos padrões de qualidade (Embrapa
de algodão pode ser destinado à produção de Algodão, 2003).
sementes. Nesse caso, o cultivo do algodão é 2,0
CONSUMO DE FIBRAS NATURAIS 1,8 CONSUMO DE FIBRAS NATURAIS
Atender à demanda da indústria Têxtil continua sendo o principal 80
E QUíMICAS NO MUNDO
1,6
E QUíMICAS NO BRASIL
objetivo dos cotonicultores. 0,7 0,7
70 1,4 0,7

Apesar de existirem inúmeras aplicações dos respeito ao comprimento, resistência, coesão,

milhões de Toneladas
60 1,2 0,6 0,6 0,6
diferentes tipos de fibra de algodão e do flexibilidade, elasticidade, resiliência, absorção, 45,5 46,2

milhões de Toneladas
47,7 1,1
50 44,3 1,0 1,0 1,0
42,5 0,3
desenvolvimento tecnológico viabilizar um número umidade, condutibilidade de calor, sensibilidade 34,7 0,3
40 0,8
cada vez maior de usos tanto para a fibra quanto ao calor, resistência à luz solar, brilho, resistência a
30 19,2 0,6
para o caroço, a indústria têxtil atualmente é o produtos químicos e resistência a microrganismos.
13,2 0,1 0,9 0,9 0,9
20 0,4 0,8
principal cliente dos cotonicultores. Essa é a cadeia Assim, o consumo de cada tipo de fibra depende, 8,6 25,7 27,1 27,7 24,8
23,4 0,7
25
10 20,8 0,2
responsável por fornecer ao mercado consumidor sobretudo, das propriedades que a indústria e 16,8 0,4
13,4
artigos de vestuário, como roupas e acessórios, artigos os consumidores buscam nos tecidos, além da 0 0,0
1970 1980 1990 2000 2005 2006 2007 2008 2009 1970 1980 1990 2000 2005 2006 2007 2008 2009
da linha lar, composta de cama, mesa e banho, e os disponibilidade e do custo relativo de cada fibra.
chamados produtos técnicos, como sacarias, encerados, Para que sejam alcançadas as propriedades Gráfico 4.1 – Evolução comparativa do consumo de fibras naturais e químicas no mundo e no Brasil. - 1970 a 2009.
fraldas, correias, tendas, entre outros. desejadas e os níveis de custo de produção Fonte: Elaborado pela Markestrat com base de dados do Iemi (2011) e Abit (2011)

compatíveis com os diferentes segmentos de


As matérias-primas utilizadas na produção dos
mercado dos produtos confeccionados, é bastante No Brasil, uma análise mais detalhada do sustentado desde então. Entre as fibras químicas,
artigos confeccionados são divididas em duas
usual que se misture diferentes tipos de fibra na consumo industrial de fibras, desde a década o principal destaque fica por conta do poliéster,
classes conforme a natureza das fibras: as fibras
composição dos tecidos. de 70, mostra que o algodão se fortaleceu cuja participação no consumo desse conjunto de
naturais e as fibras químicas. Cada tipo de fibra
como principal fibra natural entre as cinco mais fibras cresceu de forma mais acentuada a partir
tem suas características específicas no que diz
consumidas e manteve sua participação no de meados da década de 1990. Atualmente, o
Comparada ao mercado internacional, A indústria brasileira consumo total de fibras têxteis em torno de 55%. poliéster representa cerca de 60% do volume de
consome maior percentual de fibras de algodão. O consumo da fibra de algodão passou de 404,9 fibras e filamentos químicos e 65% do volume de
mil toneladas em 1970 para 719,2 mil toneladas fibras e filamentos sintéticos consumidos no Brasil.
Os padrões de consumo das diversas fibras processos e a redução dos custos de produção em 1980, 794,4 mil toneladas em 1990, 914,8
têxteis no Brasil e no mundo como um todo das fibras sintéticas. Em 1970, a participação mil toneladas em 2000 e 1.041,2 mil toneladas
são bastante distintos. O consumo mundial total das fibras químicas já representava 39% em 2010. Com isso, sua participação no consumo
de fibras químicas se intensificou a partir da do mercado de fibras têxteis. Em 1990, essa de fibras naturais passou de 72%, em 1970,
década de 1960, com o aperfeiçoamento dos participação já era 48%. Dez anos mais tarde, para 97% em 2000, porcentagem que tem-se

78 79
Pressionada pelos importados, a indústria têxtil brasileira
A participação do algodão no consumo de fibras naturais passou de 72% em não tem acompanhado o crescimento do consumo interno.
1970 para 97% em 2000, porcentagem que tem-se sustentado desde então. Alavancado pelo aumento de renda do brasileiro, o consumo
médio de têxteis por habitante cresceu 36,1% entre 2006 e 2010.
Após as baixas taxas de crescimento apresentadas crescente na balança comercial brasileira de
em 2009, o ano de 2010 foi de forte recuperação produtos têxteis, com o aumento da participação
da produção, tanto para têxteis quanto para dos tecidos importados no consumo das
confeccionados. No agregado entre 2006 e 2010, confecções nacionais. Entre 2006 e 2010,
vê-se que a fabricação nacional de produtos têxteis a representatividade dos tecidos importados
consumo industrial de fibras e filamentos têxteis no brasil cresceu 1,4% ao ano, em média, passando de 1,98 no consumo total de tecidos pela indústria de
1.800 para 2,09 mil toneladas. No mesmo período, confecção do Brasil passou de 6,7% para 15,3%
a produção de confeccionados cresceu a uma (Iemi, 2011).
1.600 média anual de 5,6%, ou seja, o mesmo percentual
de crescimento apresentado pelos têxteis nos
1.400 quatro anos. Entre 2006 e 2010,
1.200 a representatividade dos tecidos
Apesar dessa dinâmica, o país produz volumes
1.000 de tecidos planos e malhas superiores aos volumes
importados no consumo total
mil Toneladas

de tecidos consumidos pela confecção nacional. de tecidos pela indústria de


800 Esses excedentes têm dois principais destinos: confecção do Brasil passou de
o mercado varejista de tecidos e o mercado 6,7% para 15,3% (Iemi, 2011).
600
externo. Contudo, nos últimos anos, a valorização
400 do real e a concorrência externa, sobretudo
asiática, têm levado a um cenário de déficit
200

0
produção nacional de têxteis e confeccionados
1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2004

2006

2008

2010

SEgmENTOS 2006 2007 2008 2009 2010 var:


(06-10)
têxtEIs 1.978,87 2.041,09 2.072,41 2.048,07 2.090,27 5,6%

Gráfico 4.2 – Evolução do consumo industrial brasileiro de fibras e filamentos têxteis - 1970 a 2010.
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base de dados da Abit (2011) Fios 1.345,40 1.364,11 1.390,93 1.408,75 1.487,64 10,6%

Tecidos planos 1.369,39 1.362,12 1.393,36 1.376,11 1.451,80 6,0%

Malhas 609,49 678,97 679,05 671,96 638,46 4,8%

COnfECCIOnADOs 1.586,11 1.702,45 1.837,29 1.850,30 1.970,87 24,3%

vestuários 1.000,81 1.075,49 1.135,84 1.145,81 1.245,27 24,4%

meias e acessório s 20,00 21,559 23,77 23,62 25,94 29,7%

linha la r 313,93 343,72 368,48 384,84 380,57 21,2%

Outro s 251,34 261,67 316,19 296,03 319,10 27,0%

Tabela 4.1 – Produção nacional de têxteis e confeccionados, em mil toneladas - 2006 a 2010.
Nota: Produção de têxteis obtida pela soma entre a produção de tecidos planos e malhas.
Fonte: Adaptado do Iemi (2011)

80 81
Em 2008, o resultado DA balança comercial passou a ser
desfavorável também para os produtos têxteis de algodão. A produção brasileira de pluma tem superado o consumo safra após safra.
Com o aumento das importações, o déficit na balança comercial de produtos têxteis, excluindo as Na safra 2010/2011, a produção deverá atingir 2,05 milhões de toneladas,
especialidades, passou de US$ 128,9 milhões para quase US$ 1,8 bilhão, entre 2006 e 2010. Até 2007, enquanto o consumo será de 1,00 milhão.
os artigos de algodão vinham sendo exceções nos fluxos comerciais brasileiros de produtos têxteis,
apresentando superávits. Entretanto, a partir de 2008, suas importações passaram a superar os valores
oferta e demanda de fibras de algodão no brasil
exportados, deixando assim de contribuir para a redução do déficit total e passando a reforçar os resultados
negativos da balança. 2.500

2.052
balança comercial brasileira de têxteis 2.000

1.602
1.524
500,0

1.411
224,6 185,5 1.500

1.252

1.214
1.191

1.194
mil Toneladas

1.038

1.050

1.002
-

1.001

1.002
904

994
987
973
-128,9 -144,6 -89,6
1.000
-340,6

680
-500,0 -353,5
US$ milhões

-574,7
500
-760,2
-1.000,0 -893,9
-1.038,5 -1.027,2
-1.116,8 0
-1.500,0 -1.423,8
2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10e 2010/11p

-1.764,5
-2.000,0
2006 2007 2008 2009 2010 Gráfico 4.4 – Disponibilidade de fibras de algodão versus consumo no Brasil - 2005/2006 a 2010/2011.
e: estimativa / p: projeção.
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base em dados do Icac (2011)

Moeda nacional valorizada desfavorece a indústria nacional.


Gráfico 4.3 – Balança comercial de têxteis e algodão, outros têxteis e total - 2006 a 2010.
Nota: Não inclui especialidades.
Fonte: Elaborado pela markestrat com base em dados do Iemi/Secex (2011)
Portanto, a importação de produtos têxteis de têxteis de algodão: o desaquecimento da
de algodão não é causada por um déficit na produção de confeccionados, que cresceu apenas
A maior parte desse déficit (80,5% em 2010) O mesmo raciocínio não se aplica no caso produção de matéria-prima. O que tem ocorrido 0,7%, quando em 2008 havia crescido 7,8%, e
é causada pelas trocas comerciais de têxteis do algodão. Dados do Comitê Internacional é a exportação de matéria-prima e importação a desvalorização do real frente ao dólar, causada
químicos, o que se justifica pela grande Consultivo do Algodão (Icac) mostram que a de produtos manufaturados, como fios, tecidos pelo movimento de investidores que buscaram
representatividade desse conjunto de artigos produção brasileira de pluma tem superado o e malhas. Entre 2006 e 2010, o crescimento maior segurança na moeda americana durante
têxteis no consumo das confecções e pela lacuna consumo safra após safra. Na safra 2010/2011, anual médio das compras externas do conjunto o ápice da crise – a taxa média de câmbio para
entre o consumo interno e a produção nacional a produção deverá atingir 2,05 milhões de de produtos têxteis de algodão foi de 68,5%, compra em 2009, foi de R$ 1,9927 por dólar,
de fibras e filamentos químicos. Segundo dados toneladas, enquanto o consumo será de 1,00 chegando a alcançar 179,4% em 2008, e 109,6% valor 8,5% superior ao registrado pelo Banco
da Associação Brasileira de Produtores de Fibras milhão, ou seja, a produção deverá ser o dobro em 2010. Em 2009, ano em que os efeitos da Central em 2008. Em 2010, contudo, a taxa de
Artificiais e Sintéticas (Abrafas, 2011), em 2010, do consumo. Ademais, o país tem apresentado crise econômico financeira mundial foram mais câmbio voltou a cair, estimulando a retomada do
a indústria brasileira produziu cerca de 304 níveis estáveis de estoque que contribuem para a pronunciados, dois fatores principais contribuíram crescimento das importações, que em relação ao
milhões de toneladas de fibras e filamentos têxteis disponibilidade ainda maior de fibras, permitindo para a retração de 40,2% nas compras externas ano de 2009 foi de 109,6%.
químicos, enquanto o consumo interno foi de 543 inclusive, a exportação de grandes volumes.
milhões de toneladas. Assim, o país não produz
volume suficiente de matérias-primas para suprir Em 2010, a taxa de câmbio voltou a cair, estimulando a retomada do
as quantidades de têxteis químicos demandados crescimento das importações, que em relação ao ano de 2009, foi de 109,6%.
internamente.

82 83
TAXA DE Câmbio e importações de têxteis no brasil
600.000 2,50 O encarecimento dos fatores de produção no Brasil está
2,18 527,72 relacionado, principalmente, ao aumento dos custos de mão
1,99 de obra, à alta carga tributária, às elevadas taxas de juros, à
500.000 1,95
1,84 2,00 ineficiente infraestrutura logística e aos altos custos de energia.
1,76
Por outro lado, boa parte dos concorrentes Apesar dos altos investimentos realizados desde
400.000
421,08 1,50 tem desfrutado investimentos governamentais a abertura comercial, no início dos anos 90,
mil Toneladas

R$ por US$
em infraestrutura e educação, além de, muitas a indústria têxtil nacional não tem conseguido
300.000 vezes, contarem com políticas que distorcem competir com os artigos importados. Fatores
251,82
1,00 as condições de competição no mercado como a elevada carga tributária, o alto custo de
200.000 internacional. capital, os grandes gargalos de infraestrutura,
150,73
120,49 o pronunciado desequilíbrio cambial e a
Existe uma forte relação de interdependência
0,50 frágil defesa comercial brasileira têm levado
100.000 entre a cotonicultura e a indústria têxtil brasileira,
a um cenário desastroso para todo o sistema
apesar do crescimento recente da participação do
agroindustrial do algodão, do qual a industrial
0.000 0,00 mercado externo. Entre 2000 e 2010,
têxtil faz parte. Segundo projeções da Abit, o
as exportações de algodão absorveram cerca de
déficit da balança comercial do setor têxtil e
25% da produção nacional de algodão, ficando os
Gráfico 4.5 – Comportamento das importações de têxteis de algodão e da taxa de câmbio - 2006 a 2010. de confecção deve chegar a US$ 5,2 bilhões
Fonte: Elaborado pela Markestrat com base no Iemi (2011) e Bacen (2011) demais 75% no mercado interno.
em 2011 e, em função desse déficit, o país está
A existência de uma indústria têxtil nacional forte deixando de gerar cerca de 200 mil postos de
A China tem sido o principal país de origem dos por 14,2% do valor total importado, seguida pela e pujante poderia oferecer grandes benefícios trabalho (Abit, 2011).
produtos têxteis importados pelo Brasil. Em 2010, Indonésia com participação de 8,2%. Juntos, à cotonicultura. Primeiramente, a composição do
39% dos US$ 3,49 bilhões importados pelo país esses três países responderam por 61,3% das Portanto, é preciso que os diferentes setores
consumo de fibras e filamentos da indústria têxtil
em produtos manufaturados têxteis, incluindo importações brasileiras, o que reflete a perda de que formam esse sistema agroindustrial unam
nacional prioriza as fibras de algodão frente às
filamentos, fios fiados, linhas de costura, tecidos competitividade da indústria brasileira em relação forças para pleitear as mudanças estruturais
demais, enquanto no nível mundial o consumo
planos, tecidos de malha e especialidades, foram a países com baixo custo de produção, sobretudo necessárias e sejam mais integrados, coordenando
industrial de fibras e filamentos químicos
exportados pelos chineses. A Índia, segunda asiáticos. esforços planejados para que o sistema possa se
é superior ao de fibras naturais e deve se manter
principal origem dessas exportações, respondeu desenvolver, como um todo, de forma sustentável.
crescendo.
origem das importações brasileiras de têxteis Ademais, a indústria têxtil nacional responde por
IMPOrtAçÕEs DE PrODutOs uma importante parcela do emprego e do PIB
PAÍs MAnufAturADOs têxtEIs (EM MILHÕEs us$ ) PArtICIPAçãO %
nacional, contribuindo para o poder de compra
ChINA 1.363,13 39% das famílias e estimulando o crescimento do
íNDIA 494,46 14,2% consumo de fibras de algodão. Da mesma forma,
a competitividade da indústria têxtil passa pela
INDONéSIA 285,68 8,2%
existência de uma cotonicultura competitiva,
TAIWAN 162,63 4,7% capaz de ofertar seu principal insumo em níveis
ARgENTINA 152,87 4,4% desejáveis de volume, qualidade e preço.

COREIA DO SUl 146,36 4,2%

ESTADOS UNIDOS 138,61 4% Entre 2000 e 2010, as O déficit da balança comercial


TAIlÂNDIA 83,53 2,4% exportações de algodão do setor têxtil e de confecção
AlEmANhA 66,96 1,9%
absorveram cerca de 25% da deve chegar a US$ 5,2 bilhões
produção nacional de algodão, em 2011 e, em função desse
TURqUIA 66,96 1,9%
ficando os demais 75% no déficit, o país está deixando de
OUTROS 531,74 15,2%
mercado interno. gerar cerca de 200 mil postos de
TOTAl 3.429,25 100,0% trabalho (Abit, 2011).
Tabela 4.2 – Origem das importações brasileiras de têxteis.
Fonte: Iemi/Secex (2011)

84 85
uma agenda positiva
e propositiva para a
cotonicultura brasileira

Ao longo deste trabalho, mostrou-se como Em seu discurso a uma turma de formandos da
a cotonicultura brasileira evoluiu nos últimos Universidade de Stanford, em 2002, Steve Jobs
15 anos, o espaço que ela alcançou no cenário celebrizou a frase “stay hungry, stay foolish”, que
mundial e a que ponto chegou sua contribuição em português pode ser traduzida como “continue
para o agronegócio e para a economia brasileira faminto, continue tolo”. Ao desejar aquilo
como um todo. Contudo, ainda há muito que a ele mesmo e aos formandos de Stanford, Jobs
avançar. Mesmo após tanto trabalho, tantas reconhecia a importância da busca constante pelo
batalhas ganhas, não é hora de parar. aprimoramento, pela inovação, por novas ideias
Ainda hoje, parte da sociedade brasileira parece e por novos conhecimentos.
achar que é o destino, o carma do Brasil, ser A sociedade brasileira igualmente não pode deixar
uma grande potência. Geralmente se apoiam nos de aprimorar-se e ir em busca de novas soluções.
recursos naturais do país para defender essa tese No agronegócio, os entraves produtivos ficam
e, então, o agronegócio se destaca ainda mais ainda mais evidentes à medida que o país perde
no imaginário dessas pessoas, que criam bordões competitividade em relação a outros emergentes,
como “Brasil, celeiro do mundo” e “Brasil, com menores custos de produção. Em três anos,
a Arábia Saudita do etanol”. o preço médio da terra no país subiu 60%, os custos
Grandes extensões de terras aráveis, enormes trabalhistas crescem de maneira assustadora e a
reservas de água doce, sol constante e clima disponibilidade de mão de obra cai pela competição
relativamente estável são sim vantagens presentes com outros setores que demandam gente.
em nosso território. É também verdade que o Os custos de energia elétrica, do diesel, do
país soube explorar esses recursos, com pesquisa, transporte ineficiente e caro, de licenciamento
desenvolvimento e produção. Tanto que o Brasil ambiental, os altos e complexos tributos e a
sustenta a liderança mundial na produção de suco ineficiência burocrática sufocam, cada vez mais,
de laranja, café e cana-de-açúcar, é o segundo em as já apertadas margens do produtor brasileiro.
soja e carne bovina, o terceiro em carne de frango Os produtores de frutas relatam que produzir
e milho e o quarto em carne suína e algodão. no Peru representa 50% do custo no Brasil.
Mas não se pode achar que isso é o bastante Produtores de cana dizem que seus custos
e acomodar. saltaram 40%, desde 2005. Na laranja, pomares
das indústrias que tinham custo operacional de É preciso também reconhecer que existe ainda • À inestimável colaboração dos autores externos
pouco mais de R$ 4 por caixa chegaram a R$ 8, 6 muito “trabalho de casa” a ser feito. Nesse à Markestrat: Eleusio Curvelo Freire, Renato
em cinco anos. Idem para grãos e carnes. O Brasil Definição do novo Código Florestal. aspecto, destacam-se: (a) os desafios de controle Moraes Chamma e Alex Nery Caetité.
se tornou um país caro. do bicudo, com o qual lutamos desde os anos
7
Os altos preços internacionais compensam de 1980 e ainda representa uma ameaça real Resta parabenizar todos aqueles que trabalham
Implantação, em parceria
os custos crescentes e o impacto do câmbio, à cultura; (b) a ampliação e divulgação do para o crescimento do setor algodoeiro brasileiro
com o governo federal, do Programa Nacional
permitindo que diversas cadeias apresentem lucro. Sistema Brasileiro de Classificação do Algodão, por tudo o que já conseguiram realizar.
de Combate ao Bicudo.
Mas até quando essa situação perdurará? De que favorecerá a coordenação entre ofertantes
um lado, a demanda mundial por commodities 8 e compradores, reduzindo os custos de transação Sem dúvida, o setor é um exemplo para todos
agrícolas não mostra nenhum tipo de Implantação do Sistema Brasileiro de entre produtores e indústria nacional e produtores os demais do agronegócio brasileiro, sobretudo
arrefecimento nos próximos anos, mas o risco Classificação de Algodão, e mercado externo; (c) ampliação da cobertura por sua organização e profissionalismo.
é que os competidores do Brasil, estimulados com reconhecimento internacional. dos programas de certificação socioambientais,
garantindo a sustentabilidade do setor e a boa
por preços altos e menores custos de produção, 9 imagem do produto brasileiro no mercado externo.
implantem novos projetos em diversos produtos. Crescimento do número de propriedades
No caso do algodão, há ainda a ferrenha certificadas pelos programas socioambientais. Por fim, a equipe da Markestrat não poderia deixar
competição das fibras químicas, que promete se de agradecer a todas as pessoas e organizações
intensificar ainda mais com a descoberta de novas Os nove pontos listados acima refletem que foram fundamentais para a realização deste
reservas de petróleo e o desenvolvimento de o entendimento de que o consumidor não está trabalho. Nossos sinceros agradecimentos:
matérias-primas alternativas e renováveis. disposto a arcar com as ineficiências da cadeia de
suprimentos e que as exigências desta nova era • A todas as empresas privadas entrevistadas,
Não alheia às ameaças, a Abrapa e suas nove impõem desafios que não serão solucionados sob entre fornecedores de insumos, consultorias,
associadas têm trabalhado para implantar as o pressuposto de um sistema isolado e estático. produtores rurais, algodoeiras e seus
melhorias necessárias na cadeia produtiva e para fornecedores de bens de capital, corretores,
A importância do primeiro dos pontos reside
pleitear, junto ao setor público, as mudanças trading companies, entre outras. Sem os
no fato de que somente a coordenação da
estruturais de que o Brasil precisa a fim de se esclarecimentos e os dados fornecidos por essas
cadeia como um todo na busca incessante pela
tornar cada vez mais competitivo. Nesse sentido, empresas este trabalho não poderia sequer ter
eficiência poderá impulsionar o desempenho de
seu atual presidente, Sérgio De Marco, destaca começado.
todos os elos que a compõem. Entre todos os
nove pontos principais para uma agenda positiva
relacionamentos existentes ao longo da cadeia,
e propositiva para o setor: • Às associações de produtores que nos
aquele entre os produtores e a indústria têxtil
forneceram dados e, quando não os tinham,
merece especial atenção devido ao alto nível
fizeram a ponte entre nossos pesquisadores e as
1 de interdependência entre esses dois elos e às
fontes primárias de dados. O mesmo vale para a
Implantação de medidas de apoio incertezas impostas pela volatilidade dos preços
Anea e para as cooperativas de produtores que
à comercialização através de contratos do algodão.
se dispuseram a nos ajudar.
de opções que garantam preço
ao produtor e à indústria. Já os pontos de dois a seis devem ser prioridades
• Às diferentes organizações que, mesmo com
na busca pela melhoria da competitividade
2 os imensos entraves existentes, se dedicam
sistêmica do país, que influencia diretamente na
Investimento em infraestrutura a coletar, sistematizar e disponibilizar
capacidade de todas as suas cadeias produtivas
e logística nas regiões produtoras. informações e dados para a sociedade científica,
em atender às necessidades dos consumidores
o setor produtivo e a população em geral,
3 internos e externos. Apenas para citar um
contribuindo para a geração e disseminação do
Diminuição da carga tributária exemplo, vale a pena situar o patamar em que
conhecimento. Aqui vale citar a Conab, o Iea,
para redução do “Custo Brasil”. estamos em relação à estrutura logística. Apesar
o Cepea, a Fnp, o Iemi, a Abit e as divisões de
4 de o Brasil ocupar o posto de sétima maior
estatística do Mte, do Mdic e da Anp.
Desburocratização das exportações. economia do mundo, o país apareceu apenas
na 41ª colocação no ranking de desempenho
5 • Às valiosas contribuições da Abit e do Iemi
logístico de 2010, elaborado pelo Banco Mundial.
Rediscussão dos parâmetros da NR 31, que nos ajudaram a entender a estrutura e os
Quando o assunto é desempenho na alfândega,
que define as relações de trabalho no campo. desafios da indústria têxtil brasileira.
a figura é ainda pior: ficamos em 82º entre 155
países listados. No ranking de desempenho em
remessas internacionais, ficamos em 65º lugar.
REFERÊNCIAS
Abiove, Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais. Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Abiquim, Associação Brasileira da Indústria Química. Esalq, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”.
Abit, Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção. Fausto, B. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995.
Aboissa, Aboissa Óleos Vegetais. Ferreira Filho, J. B. s. Alves, L. R. A.; Gottardo, L. C. B. Aspectos Econômicos do Algodão no Cerrado: Ajustes
Abracal, Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola. Estruturais e Consolidação. IN: Freire, E. C. (Org.) Algodão no Cerrado. 2ª. Ed. rev. e ampl. Brasília: Abrapa,
Abrapa, Associação Brasileira dos Produtores de Algodão. 2011.
Abrasem, Associação Brasileira de Sementes e Mudas. Ferreira, I.L.; Freire, E.C. Industrialização In: Beltrão, N. E. de M. O Agronegócio do Algodão no Brasil.
Agrianual, Anuário da Agricultura Brasileira 2011. Campina Grande: Embrapa Algodão; Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999.
Anda, Associação Nacional para Difusão de Adubos. v. 2
Anea, Associação Nacional dos Exportadores de Algodão. Ferreira Filho, J. B. S et al. Aspectos Econômicos do Algodão no Cerrado: Ajustes Estruturais e Consolidação. In
Anfavea, Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores. Freire, E. C. (Org.). Algodão no Cerrado do Brasil. 2. ed. Brasília: Abrapa, 2011.
Anp, Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Fipe, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.
Antt, Agência Nacional de Transportes Terrestres. Freire, E. C. Algodão no Cerrado. 2ª. Ed. rev. e ampl. Brasília: Abrapa, 2011a.
Assiste, Assiste Engenharia de Softwares Técnicos. Freire, E. C. Historia do Algodão no Cerrado. in: Freire, E. C. Algodão no Cerrado. 2ª. Ed. rev. e ampl. Brasilia:
Bacen, Banco Central do Brasil. Abrapa, 2011b.
Balaniuc, F. Algodão Socialmente Correto. In: Congresso Brasileiro do Algodão, 8., 2011, São Paulo. Mesa Freire, E. C. Morello, C. L; Farias, F. J. C. Melhoramento do algodoeiro e cultivares obtidas para o cerrado. IN:
redonda 4 – Programas de Sustentabilidade. Freire, E. C. (Org.) Algodão no Cerrado. 2ª. Ed. rev. e ampl. Brasilia: Abrapa, 2011.
Banco Mundial, Commodity Markets. Prices: Pink Sheet. Historical data. Freire, E.C. Algodão no Cerrado do Brasil. 2007.
Bbm, Banco BBM. Ibge, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Beltrão, N. E. de M. et al. Industrialização do Caroço de Algodão. In: Freire, E. C. (Org.). Algodão no Cerrado Icac, International Cotton Advisory Committee. Cotton this Month, September 1, 2011.
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Secex, Secretaria de Comércio Exterior. Aliceweb. Set. 2011.
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Buainain, M.; Batalha, M. O. (Coord.). Cadeia produtiva do algodão. Brasília: Ministério da Agricultura, Iemi, Instituto de Estudos e Marketing Industrial. Relatório Setorial da Indústria Têxtil Brasileira. Instituto de
Pecuária e Abastecimento: Iica, 2005. (Mapa. Série agronegócios, v. 4) Estudos e Marketing Industrial. 2011.
Caged, Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Pessa, J. L. R. A Organização dos Produtores de Algodão. In: Freire, E. C. (Org.). Algodão no Cerrado do Brasil.
Cepea-esalq, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. 2. ed. Brasília: ABRAPA, 2011.
Chaudhry, M. R. Update of Costs of cotton production in the world. Bremen: ICAC. 2008. Rais, Relação Anual de Informações Sociais.
Cib, Conselho de Informações sobre Biotecnologia. Receita Federal do Brasil.
Conab, Companhia Nacional de Abastecimento. Secex, Serviço de Comércio Exterior.
Conab, Companhia Nacional de Abastecimento. Produtos e serviços, safras, séries históricas, algodão. Sindag, Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola.
Conab, Custos de produção estimados. Unctad, United Nations Conference on Trade and Development. Market Information in the Commodities
Costa, S. R.; Bueno, M. G. A saga do algodão: das primeiras lavouras à ação na OMC. Rio de Janeiro: Insight Area: Cotton. 2005.
Engenharia, 2004. Usda, United States Department of Agriculture. Foreign Agricultural Service.
Csmia, Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas. Ward, C. B. Apresentação da Better Cotton Initiative. In: Congresso Brasileiro do Algodão, 8., 2011, São
Elf, Lubrificantes do Brasil. Paulo. Mesa-redonda 4 – Programas de Sustentabilidade.
PREMISSAS E CÁLCULOS
AS FóRMULAS UTILIZADAS PARA OS CÁLCULOS SÃO DETALHAS A SEGUIR:

ANTES DA FAZENDA – INSUMOS


Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes
Valor total movimentado pelo elo semente VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO EQUIPAMENTOS DE IRRIGAÇÃO
FÓRMULA: ((D X F)+(E X G))/(TAXA DE CÂMBIO X 1.000.000) (A) Conab FÓRMULA: (C x D)/1.000.000
(A) Ibge
• (A) Área destinada ao cultivo safra 2010/2011 X (B) Taxa de utilização de sementes de algodão (B) Abrasem • (A) Área de algodão irrigada no Brasil em 2006 (ha)
Equipamentos (B) Ibge
certificada = (C) Área de algodão plantada com sementes certificadas safra 2010/2011 (C) Abrapa • (B) Taxa anual de crescimento da área irrigada no Brasil (%)
de Irrigação (C) Ibge/Cálculo Markestrat
Semente • (C) Área de algodão plantada com sementes certificadas safra 2010/2011 – (D) Área de algodão (D) Cib • (C) Previsão do incremento da área de algodão irrigado em 2010 (ha)
(D) Ibge/Cálculo Markestrat
plantada com sementes transgênicas certificadas na safra 2010/2011 (ha) =(E) Área de algodão (E) Abrasem, Cib • (D) Custo médio de equipamento da área de algodão irrigado em 2010 nas modalidades
plantada com sementes não transgênicas certificadas na safra 2010/2011 (F) Agrianual gotejamento e pivô (R$)
• (F) Valor médio ponderado de sementes transgênicas por hectare (em R$) (G) Agrianual
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO CAMINHÕES
• (G) Valor médio ponderado de sementes não transgênicas por hectare (em R$)
FÓRMULA: ((((D x E)/F)/G) x B)/1.000.000 (A) Anfavea 2011
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO FERTILIZANTE • (A) Caminhões médios e leves vendidos no Brasil em 2010 (unidades) (B) Fipe 2011
FÓRMULA: (B X C) (A) Anda • (B) Preço médio de venda ponderado de um caminhão médio e leve em 2010 (C) Cálculo Markestrat
Fertilizante • (A) Fertilizantes vendidos no mercado brasileiro em 2010 (toneladas) (B) Abiquim • (C) Faturamento da indústria de caminhões médios e leves no Brasil em 2010 (D) Conab
Caminhões
• (B) Faturamento total da indústria de fertilizantes no Brasil em 2010 (milhões R$) (C) Anda • (D) Área produzida e colhida de algodão no Brasil em 2009 (mil hectares) (E) Embrapa
• (C) Participação da venda de fertilizantes para o setor de algodão em 2010 • (E) Caminhões utilizados a cada 1.000 hectares (F) Cálculo Markestrat
• (F) Frota de caminhões leves e médios para atender a área de algodão em 2010 (G) Antt
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO DEFENSIVO
• (G) Idade média dos caminhões (anos) (H) Cálculo Markestrat
FÓRMULA: (A X B) (A) Sindag
Defensivo • (H) Caminhões vendidos para o setor de algodão em 2010 (unidades)
• (A) Faturamento total da indústria de defensivos no Brasil em 2010 (milhões R$) (B) Iea
• (B) Participação do setor de algodão no faturamento total da Indústria de Defensivos em 2010 (%) VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO CARROCERIAS E REBOQUES
(A) Conab
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO CORRETIVO FÓRMULA: (((A/C) X (1/B)) X E) x D
(B) Antt
FÓRMULA: (D x E)/1.000.000 (A)Abracal 2011 • (A) Área total de algodão (ha)
Carrocerias e (C) Embrapa/Empresas do setor
• (A) Volume de calcário agrícola FOB vendido no mercado brasileiro em 2010 (mil toneladas) (B) Abracal 2011 • (B) Taxa de renovação (anos)
Reboques (D) Embrapa/Empresas do setor
Corretivo • (B) Preço médio da tonelada de calcário FOB vendido no mercado brasileiro em 2010 (em R$) (C) Abracal 2011 • (C) Área de algodão (unidades)
(E) Estimativa Markestrat
• (C) Faturamento FOB de calcário agrícola vendido no mercado brasileiro em 2010 (em mil R$) (D) Conab • (D) Equipamentos utilizados no setor de algodão (valor)
• (D) Área destinada ao cultivo de algodão na safra 2010/2011 (ha) (E) Agrianual • (E) Equipamentos utilizados no setor de algodão (quantidades vendidas por ano)
• (E) Custo médio ponderado da aplicação de calcário por ha na safra de 2010/2011
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO COMBUSTÍVEL E LUBRIFICANTE
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO COLHEDORA FÓRMULA: ((A x B) x D)+((A x C x E)) (A) Conab 2011
FÓRMULA: (B x C)/1.000.000 (A) Anfavea • (A) Área de algodão considerada no cálculo da safra 2010/2011 (ha) (B) Agrianual/Cepea
Colhedora • (A) Colhedoras vendidas no mercado brasileiro em 2010 (unidades) (B) Empresas do setor Combustíveis e • (B) Consumo de diesel no setor de algodão, por fases de produção (plantio/trato/colheita/ (C) Esalq
• (B) Colhedoras vendidas ao setor de algodão brasileiro em 2010 (unidades) (C) Empresas do setor Lubrificantes transporte interno) (D) Anp 2011
• (C) Preço médio de venda de uma colhedora de algodão na safra de 2010/2011
• (C) Consumo de lubrificantes por hectare (litros) (E) Elf 2011
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO TRATORES • (D) Preço médio diesel (R$/litro)
FÓRMULA: (F/(B/D)/G) x H (A) Anfavea
• (E) Preço médio lubrificante (R$/litro)
• (A) Tratores vendidos no Brasil em 2010 (unidades) (B) Ibge
• (B) Total da área com estabelecimentos agropecuários em 2006 (ha) (C) Conab VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO EPI
• (C) Área com algodão no Brasil em 2010 (ha) (D) Ibge FÓRMULA: ((A x B) x C) (A) Caged
Tratores • (D) Número de tratores nos estabelecimentos agropecuários em 2006 (unidades) • (A) Número de empregados cadastrados para cultivo de algodão herbáceo e de outras fibras de (B) Abit
(E) Cálculo Markestrat
EPI
• (E) Índice de ha por trator nos estabelecimentos agropecuários em 2006 (unidades) (F) Cálculo Markestrat lavoura temporária (unitário) (C) Entrevistas com empresas
• (F) Total de unidades de tratores para algodão (unidades) (G) Cálculo Markestrat • (B) Participação do algodão nas culturas cultivadas de fibras em lavouras temporárias do setor
• (G) Unidades de tratores para algodão adquiridas na safra 2010/2011 para algodão (unidades) (H) Agrianual • (C) Preço médio do equipamento de proteção individual nas operações de pulverização (R$)
• (H) Preço médio do trator
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO PEÇAS DE REPOSIÇÃO
FÓRMULA: (A x B)
Peças de (A) Conab
• (A) Área com algodão no Brasil em 2010 (ha)
Reposição • (B) Custo médio de manutenção e peças de veículos motorizados por produtor em 2010 (R$)
(B) Assiste 2008/09, Agrianual

VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELO ELO IMPLEMENTOS


FÓRMULA: (A x (C/B) (A) Csmia
• (A) Faturamento total da Indústria de Implementos e Máquinas Agrícolas no Brasil em 2010
(B) Embrapa 2011
Implementos • (B) Área total cultivada no Brasil em 2010 com as culturas algodão, arroz, feijão, soja, trigo, café,
(C) Embrapa 2011
mandioca, batata, laranja, fumo e cana (milhões)
• (C) Área total cultivada com algodão no Brasil em 2010 (milhões) (D) Cálculo Markestrat
• (D) Participação do setor de algodão na área plantada no ano de 2010 (%) (B/C)
PREMISSAS E CÁLCULOS

Na Fazenda - Produção Agrícola DEPOIS DA FAZENDA – ESMAGADORA


Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes
VALOR TOTAL MOVIMENTADO NA PRODUÇÃO DE PLUMA VALOR TOTAL MOVIMENTADO NO PROCESSAMENTO DE FARELO DE ALGODÃO
(A) Conab
FÓRMULA: ((A x B)/15 x C) FÓRMULA: ((A x B) x C) x D (A) Conab
(B)Entrevista com empresas
Produção Pluma • (A) Área plantada (ha) • (A) Produção de caroço (ton) (B) Conab
do setor Farelo de Algodão
• (B) Rendimento da pluma (kg/ha) • (B) Rendimento no beneficiamento do caroço (59,82%) (C) Conab
(C) Esalq/Conab
• (C) Remuneração da pluma (R$/arroba) • (C) Rendimento no beneficiamento do farelo (64,4%) (D) Conab
• (D) Remuneração para farelo de algodão (R$/ton)
VALOR TOTAL MOVIMENTADO NA PRODUÇÃO DE CAROÇO
(A) Conab
FÓRMULA: ((A x B) x C) VALOR TOTAL MOVIMENTADO NO PROCESSAMENTO DE ÓLEO VEGETAL
(B) Entrevista com empresas
Produção Caroço • (A) Área plantada (ha) FÓRMULA: ((A x B) x C) x D (A) Conab
do setor
• (B) Rendimento do caroço (kg/ha) • (A) Produção de caroço (ton) (B) Conab
(C) Conab Óleo Vegetal
• (C) Remuneração do caroço (R$/kg) • (B) Rendimento no beneficiamento do caroço (59,82%) (C) Conab
(A) Conab • (C) Rendimento no beneficiamento do óleo vegetal (15,2%) (D) Aboissa
VALOR TOTAL MOVIMENTADO NA PRODUÇÃO DE TORTA
• (D) Remuneração para óleo vegetal de algodão (R$/ton)
FÓRMULA: ((A x B) x C ) x D (B) Entrevista com empresas
• (A) Área plantada (ha) do setor VALOR TOTAL MOVIMENTADO NO PROCESSAMENTO DE LÍNTER (A) Conab
Produção de Torta • (B) Rendimento do caroço (kg/ha) (C) E ntrevista com empresas FÓRMULA: ((A x B) x C) x D (B) Conab
• (C) Rendimento de torta (%) do setor • (A) Produção de caroço (ton) (C) Estimativa Markestrat a
• (D) Remuneração da torta (R$/kg) (D) Conab e ajustes entrevistas • (B) Rendimento no beneficiamento do caroço (59,82%) partir de entrevistas para
Línter
aaacom empresas do setor • (C) Rendimento na obtenção do línter (4%) línter de primeiro corte
(A) Conab • (D) Remuneração para o línter (R$/ton) (D) Estimativa Markestrat a
VALOR TOTAL MOVIMENTADO NA PRODUÇÃO DE ÓLEO
partir de entrevistas para
FÓRMULA: ((((A x B) x C)x D) x E) x F (B) Entrevista com empresas
do setor línter de primeiro corte
• (A) Área plantada (ha)
• (B) Rendimento do caroço (kg/ha) (C) E ntrevista com empresas VALOR TOTAL MOVIMENTADO NO PROCESSAMENTO DE BIODIESEL
(A) Conab
Produção de Óleo • (C) Rendimento do caroço esmagado (%) do setor FÓRMULA: ((((A x B) x C) x D)/E) x F
(B) Conab
• (D) Rendimento de óleo (%) (D) Entrevista com empresas Destinado à • (A) Produção de caroço (ton)
(C) Estimativa Markestrat a
• (E) Densidade do óleo (%) do setor Indústria de • (B) Rendimento no beneficiamento do caroço (59,82%)
partir de Anp
• (F) Remuneração do óleo (R$/kg) (E) Conab Energia • (C) Óleo vegetal destinado à produção de biodiesel (19,04%)
(D) Conab
(F) Aboissa (Biodiesel) • (D) Densidade do óleo vegetal (0,926)
(E) Empresas do setor
• (E) Taxa de conversão para obtenção do biodiesel (0,98)
(F) Anp
• (F) Remuneração para biodiesel

Na Fazenda - Algodoeiras DEPOIS DA FAZENDA – Indústria Têxtil


Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PELAS INDÚSTRIAS TÊXTEIS
Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes FÓRMULA: [(A + B + C)/(1-(PIS+COFINS+ICMS+LUCRO)] X (1+IPI) (A) Iemi/Secex
Indústria Têxtil • (A) Valor da produção dos produtos com algodão na indústria de fiação em 2010/2011 (milhões US$) (B) Iemi/Secex
VALOR TOTAL MOVIMENTADO NO PROCESSAMENTO DAS ALGODOEIRAS
• (B) Valor da produção dos produtos com algodão na indústria de tecelagem em 2010/2011 (milhões US$) (C) Iemi/Secex
FÓRMULA: ∑ (a x (A x Rendimento Pluma)) x Remuneração Pluma Conab; (b x (A x
• (C) Valor da produção dos produtos com algodão na indústria de malharia em 2010/2011 (milhões US$)
Rendimento caroço)) x Remuneração Caroço Conab; (c x (A x Rendimento pluma)) x
Remuneração Pluma Conab
Prestação de Serviço (A) Conab
e Comercialização (B) Entrevistas com empresas
• (A) Produção total de algodão (ton)
do Caroço do setor
• (B) Remuneração praticada nos estados, sendo:
a. R$ 0,35 por arroba de pluma processada (MG)
b. 100% do caroço (prática comum nos estados)
c. 3% pluma (alguns casos no MT)
PREMISSAS E CÁLCULOS

AGENTES FACILITADORES - CORRETAGEM TRIBUTOS QUE INCIDEM NO SAG DO ALGODÃO


Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes
VALOR TOTAL MOVIMENTADO NA CORRETAGEM VALOR TOTAL GERADO
FÓRMULA: ∑ (A x C) ; (B x D) (A) Conab FÓRMULA: Ib = [Aa x Be; Ac x Bf; Af x Bf; Ag x (Bb+Bc); Ah x (Ba+Bb+Bc); Ai x Bg; Aj x
• (A) Produção total de pluma (ton) (B) Conab Be]
Corretagem
• (B) Produção total de caroço (ton) (C) Empresas do setor/Freire I = ∑ [Aa’ x (Ba+ Bb+Bc); Ab’ x (Ba+Bb+Bc+Bd); Ac’ x (Ba+Bb+Bc+Bd); Ad’ x
• (C) Corretagem do valor movimentado pluma (1%) (D) Empresas do setor (Ba+Bb+Bc+Bd)+; Ae’ x (Ba+Bb+Bc); Af’ x (Bb+Bc); Ag’ x (Bb+Bc); Ah’ x (Ba+Bb+Bc);
• (D) Corretagem do valor movimentado caroço (R$ 5,00/ton) Ai’ x Bg; Aj’ x (Ba+Bb+Bc)]
IT = I + Ib
(A) Faturamento bruto nos elos da cadeia do algodão
a. Insumos
b. Produção agrícola
AGENTES FACILITADORES - MANUTENÇÃO DE USINAS c. Algodoeira
d. Esmagadora
Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes e. Fábrica de biodiesel
VALOR TOTAL MOVIMENTADO PARA A MANUTENÇÃO DE USINAS f. Corretoras
(A) Empresas do setor g. Classificação
FÓRMULA: A x B / C
Manutenção de (B) Conab h. Manutenção de usinas
• (A) Valor médio da manutenção de uma usina (R$)
usinas (C) Empresas do setor i. Importação
• (B) Valor da produção de algodão em pluma no Brasil em 2010/2011(kg) (A) Estimativas Markestrat a
• (C) Capacidade média de beneficiamento de uma usina (kg) j. Indústria têxtil
partir das fontes citadas
Tributos (B)Tributos existentes (com seleção dos tributos conforme elo produtivo)
(B) Freire e entrevistas com
a. ICMS
empresas do setor
b. PIS
c. COFINS

AGENTES FACILITADORES - LABORATórios d. CESSR


e. IPI

de classificação de pluma f. ISS


g. TEC
(A) Faturamento nos elos da cadeia do algodão
Cálculo Fórmula/Premissas utilizadas Fontes
a. Insumos – (IPI + ISS)
VALOR TOTAL MOVIMENTADO NOS LABORATÓRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DE PLUMA b. Produção agrícola – (IPI + ISS)
(A) Empresas do setor
Laboratórios de FÓRMULA: A x B / C c. Algodoeira – (IPI + ISS)
(B) Conab
classificação de • (A) Valor da classificação cobrado por amostra (R$/fardo) d. Esmagadora – (IPI + ISS)
(C) Freire
pluma • (B) Valor da produção de algodão em pluma no Brasil em 2010/2011(kg) e. Fábrica de biodiesel – (IPI + ISS)
• (C) Peso médio de um fardo de algodão (kg) f. Corretoras – (IPI + ISS)
g. Classificação – (IPI + ISS)
h. Manutenção de usinas – (IPI + ISS)
i. Importação – (IPI + ISS)
j. Indústria têxtil – (IPI + ISS)
Markestrat
A Markestrat, Centro de Pesquisa e Projetos em Marketing e Estratégia, é uma organização fundada • Pela Editora da África do Sul:
por doutores e mestres em Administração de Empresas, formados pela Faculdade de Economia, “The Future of Food: Messages to South Africa” (2010)
Administração e Contabilidade (Fea) da Universidade de São Paulo (USP). O grupo foi fundado em 2004
pelo professor Marcos Fava Neves, visando desenvolver estudos e projetos em Marketing • P ela Editora da Universidade de Buenos Aires (Argentina):
e Estratégia em diversos setores da economia. A Markestrat tem seu enfoque na análise, no “Agronegócios en Argentina y Brasil” (2007)
planejamento e na implementação de estratégias para empresas orientadas ao mercado com foco em
• Pela Editora Atlas (Brasil):
redes produtivas (networks).
“Comunicação Integrada de Marketing Baseada em Valor (2011)
“Agricultura Integrada” (2010)
A rede de relacionamento global do Centro de Pesquisa e Projetos é composta de profissionais, “Estratégias para a Cana no Brasil” (2010)
empresas, universidades e centros de pesquisa e projetos afins e oferece serviços direcionados “Planejamento Estratégico de Eventos” (2008)
a estudo e pesquisas, educação continuada e projetos de extensão. “Revenda Competitiva no Agronegócio” (2008)
“Agronegócios e Desenvolvimento Sustentável” (2007)
Conheça mais sobre a Markestrat em: www.markestrat.org “Caminhos para a Citricultura” (2007)
“Estratégias para o Leite no Brasil” (2006)
O coordenador da pesquisa: “Estratégias para a Laranja no Brasil” (2005)
“Planejamento e Gestão Estratégica de Marketing” (2005)
Marcos Fava Neves “Administração de Vendas” (2005)
“Estratégias para o Trigo no Brasil” (2004)
Engenheiro agrônomo formado pela Esalq/Usp em 1991, mestre em Administração (Estratégias de “Marketing e Estratégia em Agronegócios e Alimentos” (2002)
Arrendamento Industrial, Fea/Usp, 1995) e doutor em Administração (Planejamento de Canais de “Marketing & Exportação” (2001)
Distribuição, Fea/Usp, 1999). Pós-graduado em Agribusiness & Marketing Europeu na França (1995) “Marketing na Nova Economia” (2001)
e em Canais (Networks) de Distribuição na Holanda (1998/1999). Livre-docente (Planejamento e Gestão
Estratégica Dirigidos pela Demanda - 2004). Coordenador do Pensa – Programa de Agronegócios da USP • P ela Editora Makron Books (Brasil):
(planejamento estratégico para empresas e sistemas produtivos de 2005 a 2007) e criador da Markestrat “Planejamento de Vendas” (2007)
(Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia), realizando 70 projetos e 300 palestras no Brasil.
É autor/coautor e organizador de 29 livros no Brasil, Argentina, Estados Unidos, África do Sul, Uruguai • Pela Editora Saraiva (Brasil):
e União Europeia. Sua obra caracteriza-se pela proposta de métodos (frameworks) para solução de “Agronegócio do Brasil” (2005)
problemas empresariais e de cadeias produtivas e pela inserção internacional. Esteve em mais de 60
congressos no exterior e realizou mais de 120 palestras internacionais. Tem 70 artigos publicados em • P ela Editora Thomson Learning (Pioneira, Brasil):
periódicos internacionais e anais de reuniões científicas e 45 artigos publicados em revistas indexadas no “Economia e Gestão de Negócios Agroalimentares” (2000)
Brasil. Participou de mais de 150 bancas no Brasil e orientou 20 trabalhos de mestrado e doutorado na USP. “Alimentos, Novos Tempos e Conceitos na Gestão de Negócios” (2000)
É especializado em planejamento e gestão estratégica. Articulista do jornal China Daily, de Pequim, China, “Estudos de Caso em Agribusiness” (1998)
e da Folha de São Paulo. Escreveu também dois casos para a Universidade de Harvard em 2009 e 2010. “Agribusiness Europeu” (1996)

É autor/coautor e organizador de 29 livros: • P elo Editora do Sebrae – SP (Brasil)


“Planejamento e Gestão Estratégica do Sistema Agroindustrial do Leite” (2008)
• P ela Editora da Universidade de Wageningen (Holanda):
“Food and Fuel” (2011)
“The Orange Juice Business: a Brazilian Perspective” (2011)

• P ela Editora World Scientific Publishing Co. Pte. Ltd (EUA):


“The Future of Food Business – The Facts, The Impacts, The Acts” (2011)

• P ela Editora Routledge (EUA):


“Marketing Methods to Improve Company Strategy” (2010)
“Demand Driven Strategic Planning” (no prelo, 2011)

• P ela Editora Monteverde (Uruguai):


“El Futuro de Los Alimentos y Uruguay” (2010)
Principais projetos Mairun Junqueira Alves Pinto
Mairun é mestre em Administração de Organizações pela Fea-RP/Usp e graduado em Relações Internacionais
• Projeto de Análise de Atratividade para 10 Arranjos Produtivos Locais de MG, para o Sebrae MG, em 2010 pela Fdhss/Unesp. Sua dissertação de mestrado versou sobre as estratégias de entrada de empresas
• Projeto de Mapeamento da Cadeia de Laranja para a CitrusBR, em 2010 estrangeiras no setor sucroenergético. Como pesquisador da Markestrat, tem atuado em projetos e pesquisas
• Plano Estratégico para a Fruticultura Brasileira, para o Ibraf/Apex, em 2010 de inteligência de mercado, análise de competitividade e planejamento estratégico de clusters (APLs) e
• Plano Estratégico para o Brazilian Cattle, pela Abcz/Apex, em 2010 sistemas agroindustriais (SAGs), com especial ênfase em cadeias do agronegócio. Tem artigos publicados
• Planejamento para o Setor Lácteo no Uruguai (Inia – Cri Lechero), em 2010 em congressos nacionais e internacionais e periódicos indexados no Brasil. Ministra aulas de graduação e
• Projeto de Mapeamento da Cadeia da Cana de Açúcar para a Unica, em 2009 pós-graduação e palestras em temas relacionados com gestão de agronegócios. É coautor dos livros “Food
• Análise dos Investimentos Internacionais na Cadeia da Cana-de-Açúcar, para a Unctad/Onu, em 2009 and Fuel: the Example of Brazil”, publicado na Holanda pela Wageningen Academic Publishers, e “Agricultura
• Projeto Q-Pork Chains (Cadeias Produtivas Transnacionais de Suínos), da União Europeia (2006-2010) Integrada”, publicado no Brasil pela Editora Atlas. Escreve mensalmente na coluna de estratégia da Revista
• Planejamento para a Renk Zanini e outras empresas da família Biagi, em 2008 Canamix, voltada ao setor sucroenergético.
• Análise da Cadeia de Suprimentos para o Grupo Zilor (Zillo Lorenzetti), em 2008
• Análise da Cadeia Citrícola Brasileira para a Fao/Onu, em 2007
• Projeto de Nova Remuneração para o Fundecitrus, em 2007
• Projeto de Planejamento para a Mesa do Trigo no Uruguai, em 2007
• Planejamento e Gestão Estratégica para a Cadeia do Leite, em São Paulo, para o Sebrae, em 2007
• Plano Estratégico para a Cadeia da Laranja no Brasil, em 2007
• Planejamento para implantação de 10 negócios no Vale do São Francisco, contratado pela Codevasf, 2007-2008
• Visão Estratégica para o Grupo Branco Peres Açúcar e Álcool, em 2007
• Análise de cenários para o Grupo Açucareiro Zillo Lorenzetti, em 2005
• Planejamento para canais de distribuição da Basf, em 2004-2007
• Planejamento para implantação da citricultura no polo Petrolina Juazeiro, em 2006
• Planejamento e Gestão Estratégica para a Organização Laranja Brasil, em 2003
• Planejamento e Gestão Estratégica para a Cadeia do Trigo no Brasil, em 2003
• Planejamento e Gestão Estratégica para a Lagoa da Serra de 1999 a 2006
• Planejamento e Gestão Estratégica para a Netafim do Brasil de 2001 a 2004
• Planejamento e Gestão Estratégica para a Wolf Seeds/Naterra em 2004/05
• Projeto de joint venture para a Tigre, em 2004
• Planejamento de Canais de Distribuição para a Orsa Embalagens, em 2002
• Análise de captura de valor na cadeia da soja para a Monsanto, em 1998
• Projeto de criação/planejamento estratégico da Crystalsev, (sucroalcooleiro), em 1997
• Projetos também para as seguintes empresas: Vallée (produtos veterinários), Supermercados Big/Real
(Varejo), Arby’s (food service), Sanavita (alimentos funcionais), Boehringer (produtos veterinários),
Illycafé (café expresso – multinacional italiana), Fri-Ribe (alimentação animal), J. Macedo Alimentos
(Dona Benta), Nestlé (alimentos), Elanco (saúde animal)
• Projeto e coordenação de 14 turmas do Mba Marketing da Fundace desde 2000 (classificado pela
revista Você S.A. como o melhor do Brasil em 2003)
• Projeto e coordenação de 19 turmas do Mba aberto e in company em Agronegócios da Fundace
• Coordenador de projetos da Fundace desde 1996 e Presidente do Conselho Curador de 2005 a 2007
• Participou do projeto Global Food Network, para estabelecimento de cadeias transnacionais Mercosul/
União Europeia, da União Europeia (2002-2005)
• Teve projetos financiados pela Onu, Fao, Unctad e foi bolsista da Fapesp, Capes, Cnpq e Usp desde
1989.
Siglas e abreviações
Abapa - Associação Baiana dos Produtores de Algodão ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
Abit - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção Iea - Instituto de Economia Agrícola
Abnt - Associação Brasileira de Normas Técnicas Iemi - Instituto de Estudos e Marketing Industrial
Abracal - Associação Brasileira dos Produtores de Calcário IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados
Abrapa - Associação Brasileira dos Produtores de Algodão ISS médio - Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza
Abrasem - Associação Brasileira de Sementes e Mudas Mte/Rais - Ministério do Trabalho e Emprego/ Relação Anual de Informações Sociais
Acopar - Associação dos Cotonicultores Paranaenses Oit - Organização Internacional do Trabalho
Agopa - Asssociação Goiana dos Produtores de Algodão Omc - Organização Mundial do Comércio
Agrianual - Anuário da Agricultura PIB - Produto Interno Bruto
Amapa - Associação Maranhense dos Produtores de Algodão PIS - Programa de Integração Social
Amipa - Associação Mineira dos Produtores de Algodão Gesis - Planejamento e Gestão Estratégica de Sistemas Agroindustriais
AMPA - Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão Proalba - Programa de incentivo à cotonicultura
Ampasul - Associação Sul-Mato-Grossense dos Produtores de Algodão Proalmat - Programa de Incentivo à Cultura do Algodão
Anda - Associação Nacional para Difusão de Adubos Psoal - Programa Socioambiental da Produção de Algodão
Anea - Associação Nacional dos Exportadores de Algodão Rais 2011 - Relação Anual de Informações Sociais
Anfavea - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores SAG - Sistema Agroindustrial
Anp - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Sai - Sistema ABRAPA de identificação (SAI)
Antt - Agência Nacional de Transportes Terrestres Secex - Secretaria Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário
Apipa - Associação Piauiense dos Produtores de Algodão Sindag - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola
Appa - Associação Paulista dos Produtores de Algodão Tec - Tabela da tarifa Externa Comum
Abrafas, 2011 - Associação Brasileira de Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas Unctad - United Nations Conference on Trade and Development
Bacen - Banco Central do Brasil Usda - United States Department of Agriculture
Bci - Better Cotton Initiative
Caged - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
Cepea - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
Cfa – Comunidade Franco-Americana
Cib - Conselho de Informações sobre Biotecnologia
Cofins - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social
Conab - Companhia Nacional de Desenvolvimento
Coodetec - Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola
Csmia - Câmaras Setoriais de Máquinas e Implementos Agrícolas
Elf - Elf Lubrificantes do Brasil
Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Epamig - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
Epi - Equipamento de Proteção Individual
Esalq - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
EUA - Estados Unidos da América
Facual - Fundo de Apoio à Cultura do Algodão
Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
Fob - “Free on Board”
Fundação MT - Fundação de Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso
Hvi - high volume instruments
Iac - Instituto Agronômico de Campinas
Iba - Instituto Brasileiro do Algodão
Ibge - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Icac - International Cotton Advisory Committee
A CADEIA DO ALGODÃO BRASILEIRO:
DESAFIOS E ESTRATÉGIAS
Associação Brasileira dos Produtores de Algodão - Abrapa
Biênio 2011/2012

CRIAÇÃO / EDIÇÃO / DIAGRAMAÇÃO / PRODUÇÃO


Stap Comunicação & Marketing

FOTOGRAFIA
Carlos Rudiney
Divulgação

IMPRESSÃO
Cromosete Gráfica e Editora Ltda.

PESQUISA
Markestrat

REDAÇÃO
Fundace

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